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Marco Túlio Diniz Peixoto Introdução Sustentabilidade Rentabilidade Importância dos efeitos da qualidade do solo e da água. Perda do apetite; Crescimento lento; Susceptibilidade a doenças e parasitas; Aumento da mortalidade; Menor produção; Menor lucratividade. Introdução Conceito: Conjunto de variedades químicas físicas e biológicas que determinam o crescimento, reprodução e sobrevivência dos peixes. A água é o principal componente de todos os ecossistemas aquiculturais e cada característica da água é denominada de parâmetro de qualidade de água. LIMNOLOGIA Definida como o estudo da ecologia de todas as águas “interiores”, ou seja, águas não diretamente influenciadas pelo mar. A limnologia tem o objetivo, portanto, de estudar os ecossistemas aquáticos continentais. A importância da limnologia tem sido reconhecida nos últimos anos com o próprio crescimento da aquicultura e daí a preocupação com o regime e qualidade dos mananciais e também da manutenção da boa qualidade em tanques e viveiros como chave do sucesso da produção racional da aquicultura. Para conhecermos o sistema aquático como um todo, faz-se necessário o estudo das interações dos fatores físicos, químicos, biológicos, e a transformação das substâncias orgânicas e inorgânicas. Principais grupos funcionais do ecossistema de viveiro Plâncton - bactérias, fungos, protozoários, algas e invertebrados inferiores, como crustáceos inferiores e Rotatória; Necton - constituído principalmente por peixes e insetos, incluem também répteis e anfíbios; Neuston - comunidade associada ao filme superficial dos corpos d’água: algas, protozoários, bactérias; Pleuston - Macroorganismos que nadam na superfície ou andam na mesma: plantas flutuantes, bem como insetos e larvas de inseto; Bentos - está subdividido em Litoral: constituído de macrófitas e Profundal: animais que vivem no lodo e bactérias que participam da decomposição Psamon - habitam entre os grãos de areia: protozoários, copépodes e principalmente bactérias. GASES ABUNDANTES NA ÁGUA CONDIÇÕES NORMAIS -OXIGÊNIO -DIÓXIDO DE CARBONO -NITROGÊNIO CONDIÇÕES DE CULTIVO -OS MESMOS ACIMA -AMÔNIA NÃO IONIZADA -GÁS SULFÍDRICO -METANO PRINCIPAIS SUBSTÂNCIAS DISSOLVIDAS NA ÁGUA INORGÂNICAS: cloretos, sulfatos, bicarbonatos, carbonatos, cálcio, magnésio, potássio e sódio; ORGÂNICAS: amino ácidos, proteínas, açúcares, vitaminas, matéria orgânica (bactérias, fungos, fito e zooplancton, organismos em decomposição) Fertilização - Estimula o crescimento do fitoplancton e adiciona ao meio n, p, e k que são nutrientes primários do meio; - Também proporciona nutrientes secundários (Cu, Zn, B, Mn, Fe, e Mo); - Estimula os ciclos de nutrientes; - Atua nas comunidades devido ao acréscimo de nutrientes ma água; - Altas concentrações de adubo podem causar a diminuição do OD; FATORES QUE INTERFEREM NO MEIO AQUÁTICO Elementos abióticos da água - constantes alterações físicas per si - partículas e ligações orgânicas e inorgânicas - radiações como luz e calor - regime hídrico, geologia, topografia de uma bacia e etc. Elementos bióticos da água - vegetais autotróficos - bactérias e fungos - decompositores - animais, entre eles os peixes. A produção comercial de peixes é uma forma de intervenção do homem sobre um complexo ecossistema aquático na tentativa de torná-lo mais simples, desprezando as formas indesejáveis. A estabilidade de um ambiente é alcançada pelo equilíbrio entre respiração (trocas gasosas) e a produção primária: CO2 + 6H2O + energia solar = C6H12O6 + 6O2(luz) Bloom de Algas É uma super produção de algas em função do aporte excessivo de nutrientes e que com a morte em massa provoca quedas bruscas no oxigênio dissolvido, levando peixes à morte. As variações mais importantes que devem ser monitoradas em cultivo de peixes Oxigênio dissolvido; pH; CO2; Alcalinidade total (OH-, CO3 -, HCO3 -); Dureza Condutividade elétrica Temperatura Transparência Nutrientes Oxigênio O oxigênio dissolvido (OD) é a principal variável mais crítica na qualidade de água. Fatores que influenciam o OD Temperatura; Quantidade de matéria orgânica em decomposição; Quantidade de plâncton; Densidade de peixes; Movimentação de água; Luminosidade. 25 C 26 C 27 C 28 C 29 C 30 C PESO (g) mg/Kg/mi n mg/Kg/mi n mg/Kg/mi n mg/Kg/mi n mg/Kg/mi n mg/Kg/mi n 5 13,5 14,5 14,6 15,1 15,7 16,2 10 10,7 11,2 11,6 12 12,5 12,9 20 8,55 8,89 9,23 9,57 9,92 10,3 40 8,8 7,07 7,34 7,62 7,89 8,18 80 5,41 5,63 5,84 6,06 6,28 6,49 120 4,73 4,92 5,11 5,3 5,49 5,68 160 4,3 4,48 4,65 4,82 4,99 5,16 200 4 4,16 4,32 4,48 4,64 4,8 280 3,58 3,72 3,86 4,01 4,15 4,29 360 3,29 3,42 3,56 3,69 3,82 3,95 400 3,18 3,31 3,44 3,56 3,69 3,82 500 2,95 3,07 3,19 3,31 3,43 3,55 600 2,78 2,89 3,00 3,12 3,23 3,34 700 2,64 2,75 2,86 2,96 3,07 3,17 Oxigênio dissolvido: - concentração na água: cai com o aumento da temp.; e cai com a queda da pressão atmosférica -saturação de oxigênio: é a quantidade de O2 dissolvido na água em equilíbrio com a atmosfera. Por ex.: - 25 C e 760 mmHg 5 mg/l O2 - sub saturada (62%) 8,1 mg/l O2 - saturada (100%) 13 mg/l O2 - super saturada (160%) - baixos teores de O2 levam a uma baixa ingestão de alimentos; a um baixo ganho de peso; e alta predisposição a infecções bacterianas. Demanda Biológica de Oxigênio - é a quantidade de O2 necessário para realizar todas as reações orgânicas de um viveiro. Demanda Química de Oxigênio - representa a quantidade de O2 necessária para oxidar toda a MO - CO2 e H2O. Aeradores Tipo de aerador KgO²/KW.hora Aerador de pás 2,2 Bomba propulsora 1,6 Bomba vertical 1,4 Sistema de ar difuso 0,9 Efeitos de oxigênio dissolvido sobre os peixes O2 (mg/l) Efeito <1 letal se a exposição for por poucas horas 1-5 peixe sobrevive, mas a reprodução e crescimento são prejudicados se exposição for longa >5 reprodução e crescimento normais Tensão de O2 É a pressão parcial de oxigênio na atmosfera para manter uma certa concentração de oxigênio na água. Por ex.: 79,2 mm = 4,4 mg/l O2 a 20 C Peixes de água fria necessitam de uma maior tensão de oxigênio Obs.: se a tensão de O2 é mais baixa que a pressão sangüínea, não ocorre troca gasosa, ou seja, a respiração não ocorre. pH PH é um índice da concentração de hidrogênio na água. É usado para determinar se uma água é ácida (ph menor que 7) neutra (ph 7) ou básica (ph maior que 7) em uma escala de 1 a 14. Águas adequadas para piscicultura apresenta um ph entre 6.5 a 9,0. pH Fatores que afetam a variação do ph: Quantidade de dióxido de carbono dissolvido na água; Baixos índices de alcalinidade; Baixo poder tampão da água do viveiro; Quantidade de matéria orgânica em decomposição; pH Espelha o tipo se solo onde se é construído os viveiros; é influenciado pela fertilização Cuidado: em solos ferrosos a oxidação de pirita leva à produção de ácido sulfúrico. Significado do pH para o peixe não há não há reprodução reprodução Morte CrescimentoMorte fraco ótimo fraco 0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 pobre em CaCO3 rica em CaCO3 PH PH do solo Calcário agrícola (Kg/ha) 7,0 – 7,5 500 6,0 – 7,0 1.500 5,0 – 6,0 2.000 Menor que 5,0 4.000 Calagem Contribui com Ca e Mg para o meio; - Ajuda na liberação de íons, que contribuem para a alcalinidade total e dureza total; Atua no equilíbrio do ph da água; - Aumenta a disponibilidade de carbono para fotossíntese, devido ao seu efeito sobre alcalinidade; - Impede que o co2 seja perdido para a atmosfera pois reage com ele; - Reduz a turbidez (Ca e Mg). Alcalinidade Refere-se à concentração de bases totais na água expressa em mg/l ou equivalência em carbonato de cálcio. - equilíbrio entre carbonato e bicarbonato funciona como um tampão - acima de 20 mg/l de CaCO3 a água é considerada produtiva (a faixa ideal para organismos aquáticos está entre 20 e 150 mg/l) Dureza total Refere-se à concentração de íons metálicos divalentes, expressos em mg/l ou equivalência em carbonato de cálcio. - cálcio e magnésio são fundamentais para a piscicultura; são normalmente encontrados com alcalinidade acima de 20 mg/l - cerrado tem alumínio que pode ser precipitado com pH em torno de 7 Obs.: ALCALINIDADE = DUREZA dureza alta e alcalinidade baixa = situação desfavorável para piscicultura Alcalinidade Alcalinidade total (mg/l CaCO3) Calcário agrícola (Kg/ha) 0-5 4.000 5-10 3.000 10-15 2.000 15-50 1.000 Amônia, Nitrito e Nitrato Amônia é o produto do metabolismo de proteínas pelos peixes e decomposição da matéria orgânica pelas bactérias. A forma tóxica (NH3) é acompanhada do aumento do ph acima de 8. Como evitar: Diminuir alimentação; Aumentar a troca de água; Amônia Fontes: fertilização N; catabolismo dos peixes; decomposição microbiana da MO - Amônia não ionizada (NH3) é tóxica, amônia ionizada (NH4+) não é tóxica. A somatória = nitrogênio amoniacal total. - Aumento da temperatura e pH levam, inde-pendentemente, a um aumento de NH3 - O aumento de NH3 provoca leões branquiais e leva a uma queda na excreção de amônia pelos peixes, que leva a um aumento do pH do sangue, prejudicando os sistemas enzimáticos, que leva a um aumento do consumo de oxigênio. - Toxidez NH3 para exposições curtas = 0,6-2 mg/l - NH3 em concentração subletal (0,006-0,3 mg/l) durante uma exposição prolongada leva à alterações histológicas e baixo crescimento Nitrificação: NH3 -- NO3 Denitrificação: NO3 -- NO2 NO3 - baixa toxidade (nitrato) NO2 - muito tóxico (nitrito - acima de 0,5 mg/l)forma metahemoglobina Ionização de amônia em função do pH Enxofre No meio anaeróbico, bactérias usam sulfatos e excretam ácido sulfúrico H2S H2S -pH7- H+ + HS- (50%) H2S -pH5- H+ + HS- (99%) Forma não ionizada é tóxica: máximo aceitável - 0,02 mg/l É responsável pela inibição de desova - tóxica para ovos e larvas em baixas concentrações ex.: 0,006 mg/l Lembrar que em terrenos ferrosos a oxidação da pirita leva à produção de ácido sulfúrico. Devemos controlar bem o pH Fósforo É o mais importante nutriente relacionado com a produtividade de ecossistemas aquáticos Fontes: - ionização do ácido ortofosfórico (inorgânico) - catabolismo dos peixes alimentados com ração - matéria orgânica em decomposição - absorvidos quase que completamente por macrófitas, fitoplâncton, e bactérias Problemas com eutrofisação de corpos d’água. Atualmente pesquisadores desenvolvem pesqui-sas para reduzir a descarga de fósforo no meio. TEMPERATURA A ESTRATIFICAÇÃO TÉRMICA LEVA À FORMAÇÃO DE 3 ZONAS: -EPLÍMNIO - PORÇÃO SUPERIOR; -METALÍMNIO - PORÇÃO MEDIANA, ONDE A TEMPERATURA MUDA COM A PROFUNDIDADE; -HIPOLÍMINIO - PORÇÃO MAIS PROFUNDA AERAÇÃO, FERTILIZAÇÃO E CALAGEM EM VIVEIROS E SUA INFLUÊNCIA DIRETA NA COLUNA D'ÁGUA A) AERAÇÃO - AUMENTA A CONCENTRAÇÃO DE OD NA ÁGUA E IMPEDE A ESTRATIFICAÇÃO TÉRMICA; - EVITA OU AMENIZA A ANOXIA DO FUNDO DO VIVEIRO Transparência Modo indireto de se medir a quantidade de matéria orgânica no viveiro. Utiliza-se como referência o disco de Secchi. Relação entre transparência e abundância de plâncton. Transparência entre 40 cm e 60 cm apresenta uma boa margem de segurança. Representa a faixa penetrável de luz, não identifica o tipo de partícula em suspensão Distinção, em função da cor do fitoplâncton, dos tipo de adubação: * matéria inorgânica - cor barrenta (turbidez indesejável) < que 20 cm = produção excessiva; entre 20 e 40 cm = produção ideal; > 40 cm = adubação ruim Turbidez Desejável: plâncton - alimento para os peixes e impede o crescimento de macrófitas Indesejável: substâncias húmicas - diminuem a penetração de luz e inibem os bentos e até mesmo o plâncton; Fertilizantes inorgânicos P - N - K O método de aplicação preferido é líquido e o mais homogêneo possível. Em águas ácidas há a necessidade de corrigir o pH primeiro. Fertilizantes orgânicos - fonte direta para invertebrados e alguns peixes - decomposição libera nutrientes - maior eficiência sobre o zooplâncton Poluição Esporádicos: patógenos e produtos químicos diversos Constantes: produtos de catabolismo e matéria orgânica Poluentes no efluente em viveiros de catfish durante a despesca Poluente Drenagem c/Rede sólidos susp. (ppm) 0,08 28,5 DBO (ppm) 4,31 28,9 DQO (ppm) 30,2 342 OrtoP solúvel (ppm) 16 59 P total (ppm) 0,11 0,49 Amônia total (ppm) 0,98 2,34 Nitrato (ppm) 0,16 0,14 Tratamento de efluentes: represas ou tq de sedimentação - critérios: tempo de retenção (> 2h); densidade de resíduos; velocidade e fluxo de distribuição; profundidade (raso é melhor) QUAIS PARAMETROS DEVEMOS MONITORAR E EM QUE FREQUÊNCIA? Temperatura, O.D., pH, Transparência Amônia, Nitrato, Nitrito, Alcalinidade, Fósforo total; Eventualmente (mensalmente): outros Macro e Micro Minerais; Conclusão Adotar rotina de monitoramento de qualidade de água na piscicultura para assegurar a saúde dos peixes. Determinar metodologia de amostragem. Tomar sempre atitudes de acordo com orientação técnica. Monitorar sempre a qualidade de água do efluente.
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