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4 Me´todo da Antiderivada para o Ca´lculo de A´rea Newton e Leibniz sugeriram que, para encontrar a a´rea sob uma curva y = f(x), deve-se primeiro considerar o problema mais geral de encontrar a a´rea A(x), sob a curva de um ponto a ate´ um ponto arbitra´rio x no intervalo [a; b] Figura 4.1. Assim, A(x) = ∫ x a f(x)dx. Eles observaram que A′(x) e´ fa´cil de ser encontrada enta˜o, se a partir de A′(x) conseguimos encontrar A(x) o problema de a´rea esta´ resolvido. Lembrando que: A′(x) = lim h→0 A(x+ h)− A(x) h (4.1) Figura 4.2. Observe que A(x + h) − A(x) e´ a diferenc¸a de duas a´reas, onde A(x + h) e´ a a´rea sob a curva de a ate´ x+ h e A(x) e´ a a´rea sob a curva de a ate´ x. Supondo c o ponto me´dio entre x e x+ h, enta˜o esta diferenc¸a de a´reas (A(x+ h)− A(x)) pode ser aproximada pela a´rea de um retaˆngulo de altura f(c). Figura 4.3. O erro de aproximac¸a˜o tende a zero quando h→ 0, assim: A(x+ h)− A(x) h ≈ f(c) · h h = f(c) (4.2) Logo, por (4.1) e (4.2) temos: A′(x) = lim h→0 A(x+ h)− A(x) h = lim h→0 f(c) (4.3) 12 como c e´ ponto me´dio de x e x + h, temos que: c = (x+h)+x 2 = 2x+h 2 e, quando h → 0 teremos c→ x. Isto quer dizer que: lim h→0 f(c)⇔ lim c→x f(c). Supondo que f seja cont´ınua, sabemos que: lim c→x f(c) = f(x) (4.4) Por (4.3) e (4.4), conclu´ımos que: A′(x) = f(x). (4.5) Este resultado nos diz que a derivada da func¸a˜o a´rea A′(x) e´ a func¸a˜o f(x) cujo gra´fico constitui o limite superior da regia˜o. Vamos ilustrar como funciona o me´todo da antiderivada. Exemplo 4.1. Determine a a´rea da regia˜o R limitada por f(x) = x2, o eixo x e as retas x = 0 e x = 1. Figura 4.4. Pelo nosso resultado (equac¸a˜o 4.5) temos que A′(x) = f(x) e neste caso A′(x) = x2. Para encontrar A(x) precisamos procurar uma func¸a˜o cuja derivada seja x2. Podemos perceber que .−−−−−−−−−−−−−−−−−−−−− e´ uma soluc¸a˜o pois: Mas esta soluc¸a˜o na˜o e´ u´nica pois, para c, uma constante qualquer temos que: Logo, 13 Precisamos para determinar a a´rea, saber o valor desta constante, enta˜o, neste exemplo, observe que onde x = 0 o intervalo [0, x] se reduz a um u´nico ponto, como a a´rea acima de um u´nico ponto e´ zero, escrevemos: Assim, A(x) = 1 3 x3 e´ a fo´rmula para a a´rea sob y = x2 no intervalo [0, x]. Para o intervalo [0, 1] fazemos x = 1 e assim A(1) = 1 3 . Teorema 4.1. Se f for cont´ınua no intervalo [a, b]. Se f ′(x) = 0 em todo x ∈ (a, b), enta˜o exitira´ uma constante c tal que f(x) = c para todo x ∈ (a, b). Teorema 4.2. Sejam f e g func¸o˜es cont´ınuas no intervalo [a, b]. Se f ′(x) = g′(x) em todo x ∈ (a, b), enta˜o exitira´ uma constante c tal que: g(x) = f(x) + c para todo x ∈ (a, b). Definic¸a˜o 4.1. Antiderivada Seja f uma func¸a˜o definida num intervalo [a, b]. Uma antiderivada de f em [a, b] e´ uma func¸a˜o F definida em [a, b], tal que F ′(x) = f(x) para todo x ∈ [a, b]. Exemplo 4.2. Dada uma func¸a˜o f definida por f(x) = 12x2 + 2x, as func¸o˜es: . . . . . . . Sa˜o antiderivadas da func¸a˜o f , pois . 5 Integral Indefinida O processo de encontrar antiderivadas e´ chamado de antidiferencic¸a˜o ou integrac¸a˜o. Assim se d dx [Fx] = f(x) enta˜o, integrando-se (ou antidiferenciando-se) f(x), obtem-se as antiderivadas F (x) + C. Assim para enfatizar esse processo usamos a notac¸a˜o integral∫ f(x)dx = F (x) + C onde f(x) e´ o integrando, x e´ a varia´vel de integrac¸a˜o e C e´ a constante de integrac¸a˜o. 14 Os s´ımbolos dx nas operac¸o˜es diferenciac¸a˜o e antidiferenciac¸a˜o d dx [ ] e ∫ [ ]dx servem para indicar a varia´vel independente. Muitas fo´rmulas ba´sicas de integrac¸a˜o podem ser obtidas diretamente de suas fo´rmulas de diferenciac¸a˜o. Algumas das mais importantes esta˜o na tabela abaixo. Exemplo 5.1. Sabemos que d(sen x) dx = cos x assim teremos: ∫ cos x dx = sen x+ C. onde C e´ uma constante qualquer. Tabela 1: Tabela de Integrac¸a˜o. Fo´rmula de diferenciac¸a˜o Fo´rmula de Integrac¸a˜o 1 dx dx = 1 ∫ 1dx = x+ C 2 3 4 5 6 7 8 9 10 15 16 5.1 Propriedades ba´sicas das antiderivadas 1. Uma constante pode se mover atrave´s do sinal de integrac¸a˜o, isto e´: ∫ cf(x)dx = c ∫ f(x)dx 2. Uma antiderivada de uma soma e´ a soma das antiderivadas, isto e´: ∫ [f(x) + g(x)]dx = ∫ f(x)dx+ ∫ g(x)dx 3. Uma antiderivada de uma diferenc¸a e´ a diferenciac¸a˜o antiderivadas, isto e´: ∫ f(x)− g(x)dx = ∫ f(x)dx− ∫ g(x)dx Exemplo 5.2. 17 OBS: A natureza inversa da integrac¸a˜o e diferenciac¸a˜o pode ser verificada substituindo F ′(x) por f(x) na definic¸a˜o de integral indefinida para obter: ∫ F ′(x)dx = F (x) + C . A integrac¸a˜o e´ a “inversa” da diferenciac¸a˜o. d dx [ ∫ f(x)dx ] = f(x) . A diferenciac¸a˜oe´ a “inversa” da integrac¸a˜o. 6 Teorema Fundamental do Ca´lculo - Parte 1 As discuso˜es feitas ate´ enta˜o nos permite enunciar o Teorema Fundamental do Ca´lculo que estabelece uma conexa˜o entre o ca´lculo diferencial e o ca´lculo integral. O teorema fundamental do ca´lculo da´ a precisa relac¸a˜o inversa entre a derivada e a integral. A utilizac¸a˜o deste teorema nos permite computar as a´reas e integrais muito mais facilmente, sem ser necessa´rio calcula´-las como limites de somas. O teorema fundamental do ca´lculo e´ dividido em duas partes. Teorema 6.1. Teorema Fundamental do Ca´lculo - Parte 1 (TFC - 1) Se f for cont´ınua em [a, b], enta˜o f tem uma antiderivada em [a, b]. Enta˜o a func¸a˜o F definida por: F (x) = ∫ x a f(t)dt e´ uma antiderivada de f em [a, b]; isto e´, F ′(x) = f(x) para cada x ∈ [a, b], ou em uma notac¸a˜o diferente, temos: d dx [ ∫ x a f(t)dt ] = f(x). Ainda temos que F e´ cont´ınua em [a, b] e diferencia´vel em (a, b). PROVA: 18 . Exemplo 6.1. 19 7 Curvas integrais O gra´fico das antiderivadas de uma func¸a˜o f sa˜o denominadas curvas integrais de f ; na˜o e´ uma u´nica curva e sim uma famı´lia de curvas. Se y = F (x) for uma curva integral de f(x), as demais curvas integrais sa˜o translac¸o˜es desta curva, ja´ que y = F (x) + C. Exemplo 7.1. Se dy dx = x2, logo: y = ∫ x2dx = x3 3 + C Figura 6: Curvas Integrais. 8 Equac¸o˜es Diferenciais Vamos supor que f(x) seja conhecida e queiramos encontrar uma func¸a˜o F (x), tal que y = F (x) satisfac¸a a equac¸a˜o: dy dx = f(x) (8.1) Esta equac¸a˜o (8.1) e´ chamada de Equac¸a˜o Diferencial pois envolve a derivada de uma func¸a˜o desconhecida. A soluc¸a˜o desta equac¸a˜o diferencial sa˜o antiderivadas de f(x) e sabemos que elas podem ser obtidas integrando-se. Nas equac¸o˜es diferenciais as inco´gnitas sa˜o func¸o˜es e muitas vezes estamos interessados em encontrar uma func¸a˜o cuja curva integral passa por um ponto espec´ıficado (x0, y0), assim: dy dx = f(x) y(x0) = y0 (8.2) E´ denominado Problema de Valor Inicial e a exigeˆncia y(x0) = y0 e´ uma condic¸a˜o inicial para ele. 20 Exemplo 8.1. Resolver o problema de valor inicial: dy dx = cos(x) e y(0) = 1. . . . . . . . . . . . 9 Me´todo da Substituic¸a˜o Seja F uma antiderivada de f e seja uma func¸a˜o diferencial a derivada de F (g(x)), pela regra da cadeia, e´: ( F ( g(x) ))′ = F ′ ( g(x) ) · g′(x) na forma integral: ∫ F ′ ( g(x) ) · g′(x)dx = F ( g(x) ) + C Como F e´ antiderivada da f temos F ′(x) = f(x), enta˜o:∫ f ( g(x) ) · g′(x)dx = F ( g(x) ) + C (9.1) E´ muito u´til fazer a seguinte mudanc¸a de varia´vel: u = g(x) enta˜o u′ = g′(x) (A) ou g′(x) = du dx (B) Na forma diferencial temos: du = g′(x)dx ( por (B) ) ou du = u′dx ( por (A) ) . Assim, usandoesta notac¸a˜o reescrevemos (9.1):∫ f ( g(x)︸︷︷︸ u ) · g′(x)dx︸ ︷︷ ︸ du = F ( g(x)︸︷︷︸ u ) + C mudando para u = g(x): ∫ f(u)du = F (u) + C . (9.2) 21 Exemplo 9.1. . . . . . . . . . . . . . . OBS 1:Passos para utilizar o me´todo da substituic¸a˜o: 1. Escolher a func¸a˜o u e calcular du. 2. Reescrever a integral em termos de u. 3. Expressar a resposta em termos de x. OBS 2: O me´todo da substituic¸a˜o falha se ao escolher u e calcular du produzir um integrando no qual persistirem expresso˜es envolvendo x. Exemplo 9.2. Dada a integral ∫ 2x(x2 + 1)50 cos xdx e´ poss´ıvel calcula´-la utilizando o me´todo da substi- tuic¸a˜o? . . . . . . . . . . . 22 Exemplo 9.3. Calcule usando o me´todo da substituic¸a˜o as integrais indefinidas abaixo: 23 10 Teorema Fundamental do Ca´lculo - Parte 2 Ate´ o momento de nosso estudo computamos as integrais definidas a partir da definic¸a˜o como um limite de somas de Riemann e percebemos que esse procedimento e´ a`s vezes trabalhoso e dif´ıcil. A segunda parte so Teorema Fundamental do Ca´lculo que segue facilmente da primeira parte, nos fornece um me´todo muito mais simples para o ca´lculo das integrais o qual e´ a principal ferramenta para o ca´lculo das integrais definidas. Para motivar os resultados que estamos procurando, vamos pensar numa func¸a˜o f na˜o- negativa e cont´ınua em um intervalo [a, b], neste caso, a a´rea sob o gra´fico de f no intervalo [a, b] e´ representado pela integral definida. A = ∫ b a f(x)dx (1) Figura 10.1. Sabemos que, se A e´ a a´rea sob f de a ate´ x, enta˜o: . . .————————————————- (2) . .————————————————- (3) . .————————————————- (4) . Por (2) temos que A(x) e´ uma antiderivada da f ; isso significa que toda antiderivada da f(x) pode ser obtida acrescentando uma constante a A(x). Assim, seja: F (x) =−−−−−−−−−−−−−−−−−−−−−−− uma antiderivada qualquer da f . Subtraindo F (a) de F (b) temos: F (b)− F (a) = [A(b) + C]− [A(a) + C] = A(b) + C − A(a)− C = A(b)− A(a) = A− 0 = A Logo, (1) pode ser expressa como: . . . . . 24 Podemos observar que este resultado foi obtido considerando, por hipo´tese, que f e´ na˜o- negativa em [a, b], pore´m essa hipo´tese na˜o e´ essencial, como sera´ provado na parte 2 do teorema fundamental do ca´lculo. Teorema 10.1. Teorema Fundamental do Ca´lculo - Parte 2 (TFC - 2) Se f for cont´ınua em [a, b] e se F for uma antiderivada de f em (a, b), enta˜o: ∫ b a f(x)dx = F (b)− F (a). Podemos expressar: ∫ b a f(x)dx = F (x) ∣∣∣b a = F (b)− F (a). PROVA: 25 OBS: Exemplo 10.1. Calcule as seguintes integrais definidas aplicando o TFC - 2. 26 11 Integral Definida e Integral Indefinida A fo´rmula ∫ b a f(x)dx = F (x) ∣∣∣∣ b a = [∫ f(x)dx ]b a mostra que ha´ uma relac¸a˜o entre as inte- grais: ∫ b a f(x)dx e ∫ f(x)dx A integral definida e´ um nu´mero (a´rea com sinal entre o gra´fico de y = f(x), o eixo x e o intervalo [a, b].) A integral indefinida e´ uma func¸a˜o, ou melhor, um conjunto de func¸o˜es (antiderivadas de f). Neste caso, integrando uma func¸a˜o em x obtemos uma func¸a˜o de x ou integrando uma func¸a˜o de t, obtemos uma func¸a˜o de t. Exemplo 11.1.∫ x dx = e ∫ t dt = Ja´ nas integrais definidas, a varia´vel da integrac¸a˜o na˜o interfere no ca´lculo. Exemplo 11.2.∫ 2 1 x dx = e ∫ 2 1 t dt = Como a varia´vel de integrac¸a˜o em uma integral definida na˜o desempenha nenhum papel, ela e´ usualmente chamada de varia´vel muda. 12 A Integral da Velocidade Se um objeto em movimento retil´ıneo apresentar velocidade constante v, esta˜o a distaˆncia percorrida ao longo do intervalo [t1, t2] sera´ igual a v · (t2 − t1). Figura 12.1. Podemos interpretar essa fo´rmula em termos de a´rea, observando que o gra´fico e´ uma reta horizontal de altura v e v · (t2 − t1) e´ a a´rea da regia˜o retangular entre o gra´fico e o intervalo [t1, t2]. Assim: Distaˆncia percorrida ao longo de [t1, t2] e´ a a´rea abaixo do gra´fico da velocidade e acima de [t1, t2]. Figura 12.2. 27 Podemos verificar essa afirmac¸a˜o, entendendo que se a velocidade na˜o for positiva, enta˜o a integral calcula a variac¸a˜o l´ıquida da posic¸a˜o ou o deslocamento. De fato se s(t) for a posic¸a˜o no instante t, enta˜o v(t) = s′(t) e´ a velocidade e: ∫ t 2 t1 v(t)dt = ∫ t 2 t1 s′(t)dt =−−−−−−−−−−−−−−−−−−−−−−−−−−−−−−−−−− Exemplo 12.1. A velocidade de uma part´ıcula e´ v(t) = t3 − 10t2 + 24tm/s. Calcule o deslo- camento durante os primeiros 4s. . . . . . . . . . 13 Me´todo da Substituic¸a˜o para Integrais Definidas Para Calcular: ∫ f(g(x)).g′(x)dx fazemos u = g(x) e calcularmos du = g′(x)dx assim, reescrevemos a integral em termos de u = ∫ f(u)du e revolvemos. Para calcular ∫ b a f(g(x)g′(x))dx Fazemos a mesma substituic¸a˜o: u = g(x) e du = g′(x)dx e usamos a relac¸a˜o, u = g(x) para substituir os limites em x, x = a e x = b, pelos correspondentes limites em u, u = g(a) e u = g(b). Isso nos da´: Que e´ expressa inteiramente em u. Exemplo 13.1. . . . . . . . . . . . 28 Exemplo 13.2. . . . . . . . . . . . . 14 Integrais definidas de func¸o˜es sime´tricas O pro´ximo teorema usa a Regra da Substituic¸a˜o para as Integrais Definidas para simplificar o ca´lculo de integrais de func¸o˜es que possuam propriedades de simetria. Teorema 14.1. Suponha que f e´ cont´ınua em [−a, a]. (a) Se f for par [f(−x) = f(x)], enta˜o ∫ a −a f(x)dx = 2 ∫ a 0 f(x)dx. (b) Se f for ı´mpar [f(−x) = −f(x)], enta˜o ∫ a −a f(x)dx = 0. PROVA: 29
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