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O método biográfico em Sartre: Contribuições do existencialismo para a Psicologia

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Questionário: O método biográfico em Sartre: Contribuições do existencialismo para a Psicologia
 1- O que entende-se por:
1 - A) Concepção de infância e sua influência na vida adulta:
	Desde a infância a pessoa tenta entender o sistema social, com isso, um papel social é imposto a todos nós desde criança, a pessoa pode assimilar esse papel, rejeitar, ou então ser sufocado por ele. Não podemos dizer que uma criança sofre influências apenas de sua família (como antes citado), pois a criança tem "relações dialéticas" com todo o mundo que a circunda e com si mesma (escola, colegas, professores, amigos, programas que assiste, pensamentos que tem, entre outros), mudando o externo enquanto muda o interno "o homem faz a história, ao mesmo tempo em que é feito por ela".
	Sartre cita algo necessário para entendermos a influência da infância, que é a impossibilidade de controlarmos ou prevermos o rumo de nossa história, mas isso não significa que uma pessoa não faça a própria história (mas sim que outras pessoas também participam desse processo).
	Se fizermos uma analogia, é como se uma pessoa fizessem um script incrível para uma peça, mas não entregasse para os outros personagens que irão participar, ou seja, eles estarão improvisando. Esses outros personagens até sabem o tema e a trama principal, mas não as falas e nem como agir. Então, por mais que você tente seguir o seu roteiro, você não consegue, porque as outras pessoas não respondem como programado, no fim, não será mais a mesma peça da sua ideia inicial (e nem uma peça total e puramente sua), mas não significa que ela não tenha mantido alguma essência de como era no roteiro, afinal, tudo que você fez durante ela, afetou diretamente em seu desenrolar. Também não significa que será uma peça ruim, afinal você ainda pode aproveitar os "ganchos" e produzir algo novo e tão bom quanto.
(Exatamente por não se reconhecer totalmente em sua própria história e ela não ter se tornado aquela que você agiu no intuito de alcançar, muitas vezes as pessoas não entendem o que nisso tudo é parte de suas próprias ações e reconhecem apenas o que é do outro. Talvez ai entre a alienação).
	O homem sempre faz algo daquilo que fizeram dele (SARTRE, 1952) e o ser humano tende a "objetificar a subjetividade". Bom, vou tentar explicar essas duas frases. Desde criança iremos construindo nossa história, da forma que foi explicado nos parágrafos acima, conforme vamos passando por situações, objetificamos certas subjetividades, seja através de atos, paixões, ideologias, ou coisas do tipo. Tudo que transpomos para o mundo, carrega junto toda a influência de nossa história, agimos em direção de um futuro, entretanto, conforme aquilo que o passado nos fez e como lidamos com aquilo. Partindo dessa ideia de objetificação do subjetivo, não devemos portanto, no existencialismo, julgar uma pessoa pela intenção de um ato, mas sim por sua realização efetiva no mundo. Isso tudo leva ao projeto de um ser que é "engendrado historicamente" dando a ideia de uma vida que se desenvolve em espirais, ou seja, passando diversas vezes pelo mesmo ponto, entretanto, lidando com ele de maneiras diferentes, conforme as mudanças que sua história causa em você.
1 - B) Método biográfico/regressivo-progressivo.
	Sartre propôs o método biográfico, pois acreditava que o mundo interno não era o suficiente para compreensão do sujeito, pois este, era também produto do meio, vendo o sujeito como o "ser-no-mundo", afirmando a importância tanto da história do sujeito como do meio em que ele se encontra. Criticando, assim, tanto as teorias que afirmavam apenas a influência interna, como aquelas que afirmavam apenas a influência externa. Nesse método partia-se da investigação de aspectos concretos da vida do sujeito e caminhava por essas diferentes dimensões da vida, relatando acontecimentos e formulando assim uma biografia do sujeito.
	No método regressivo-progressivo, o sujeito é visto a partir de uma dialética história, entre individual e o coletivo, o universal e o singular. A biografia é essencial para a implantação desse método, podendo ver então, o sujeito como produto e produtor, ou seja, levando em consideração como ele influência no meio, como o meio influência nele e a forma como ele lida com essas influências. Partindo da significação das situação a partir dessa relação entre o objetivo e o subjetivo, mediando essa relação entre o individual e o contexto histórico ao qual ele pertence (vide o terceiro e o último parágrafo da questão "1 - A", eu fiz ela antes, então acabei entrando um pouco nessa, não vou citar toda explicação novamente para não ficar repetitivo). 
2 ) Discussão do projeto original de Saint Genet e suas metamorfoses:
	Com base dos livros do poeta Genet e até em conversas que Sartre teve com ele, decidiu fazer uma analise de todo esse material com as experiências concretas de Genet, pondo em prática suas concepções de compreensão do ser humano, tanto nas dimensões históricas como psicológicas. Tinha como objetivo uma compreensão existencialista de uma personalidade, utilizando dos modelos da psicanálise e do marxismo, mas assinalando os limites delas na analise do indivíduo. O livro mostra o processo de personalização e constituição de Genet no mundo, ainda que alienado. Esse método biográfico contribuiu muito na constituição de uma nova psicologia e sua forma de aplicação prática.
	Genet nasceu em Paris, 1970, foi abandonado pela mãe ainda bebê e cresceu em orfanatos, aos sete anos foi adotado por uma família de camponeses. Não tinha identidade própria, nem casa, nem pertences, nem nada. Sentia-se deslocado naquele contexto e em uma solidão absoluta. Não sentia que possuía algo, até quando ganhava um doce por exemplo, sentia-se endividado. No local onde vivia, as pessoas eram definidas conforme as terras que herdavam, ele, como filho adotado, jamais teria isso. Então, com pequenos furtos, sentia-se realmente proprietário de algo, de si. 
	A primeira metamorfose se deu quando Genet foi pego roubando, definitivamente excluído por todos, intuiu, então, que a única forma de seu ser existir seria na marginalidade. Mostrando a ligação direta entre o indivíduo o contexto em que se encontra, Genet, em um ambiente religioso e campesino, teve a reflexão de que estava destinado a ser algo específico.
	A segunda metamorfose se deu quando foi preso em uma colônia penal. Tornou-se homossexual, prostituiu-se, mendigou, viveu constantemente na exclusão social. Genet aceitou o ser que lhe foi imposto ser. Ele aceitou se fazer objeto para o outro e isso aparecia em seus gestos, pensamentos, ações, escolhas e por mais que fossem alienadas o mantinham na passividade de continuar sendo aquilo que esperava-se que ele fosse. Então, inverteu a situação, fazendo do outro objeto para ele mantendo sua lógica sado-masoquista. Assumiu então, uma posição mais ativa no mundo fazendo que os outros vejam como ele quer ser visto. Aos poucos ele vai se modificando, alterando seus gostos e ações o que nos leva a proxima metamorfose.
	A terceira metamorfose se dá quando Genet torna-se escritor, seus escritos vem como uma libertação, conseguindo produzir material autobiográfico, entendendo sua história e seu ser em um longo processo de catarse existencial, superando aquilo que ele pensava ser seu destino. É o momento que ele se expressa em outra direção, seja por gestos, desejos. Percebe que não é nem o santo e nem o marginal, transita pelos dois sem se deixar perder. Torna-se aquele que decide por sua própria vida.

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