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Guia Acadêmico FDCE UFMG

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Guia Acadêmico {0} 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Guia Acadêmico {1} 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Guia Acadêmico {2} 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Guia Acadêmico {3} 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Guia Acadêmico {4} 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Guia Acadêmico {5} 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Guia Acadêmico {6} 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Guia Acadêmico {7} 
Apresentação 
 
O Guia Acadêmico da Faculdade de Direito e Ciências do Estado da UFMG é uma 
expressão da concepção de centro acadêmico defendida pela chapa – agora gestão – Compasso 
ao longo do processo eleitoral de 2015: o CAAP tem por função facilitar e estimular que os 
alunos possam usufruir da faculdade e da universidade em sua plenitude, delas se apropriando 
e fazendo-as efetivamente suas; mas não num sentido de posse privatística e egocentrada, e sim 
como mecanismo libertador e voltado para a intervenção ativa e consciente na sociedade, 
orientada para a transformação democratizante do meio em que vivemos. 
Pensamos que o primeiro passo para que os alunos tenham a efetiva capacidade para se 
utilizar da profusão de possibilidades que a UFMG lhes coloca é pelo amplo acesso à 
informação; de fato, a democratização de qualquer instituição, sobretudo de uma tão vetusta 
quanto a nossa, só podera acontecer sob uma perspectiva emancipacionista, em que cada um, 
munido dos dados relevantes acerca do funcionamento das engrenagens administrativas, possa 
autonomamente nelas se inserir e transformá-las, independentemente da interferência quase 
mística dos detentores do saber hierarquisado, sejam professores, técnicos, outros estudantes, 
ou quem quer que seja. Se conhecimento é poder, a difusão dos saberes é a verdadeira liberdade. 
E é com esta que está comprometido o Centro Acadêmico Afonso Pena, em sua trajetória 
centenária. 
O objetivo deste trabalho é centralizar o conhecimento acerca dos diferentes vetores de 
promoção da pesquisa científica, da extensão e do ensino em uma única plataforma, 
possibilitanto aos interessados, em uma rápida consulta, o acesso aos dados mais relevantes, 
sem precisar passar por conversas incertas, ou procurar em sites mal-planejados informações 
que simplesmente não estão lá. Não temos pretensão de exaurir aqui o assunto, por si só infinito, 
mas dar as informações mais básicas, as quais possibilitem ao aluno adentrar nos debates mais 
recentes, compreender os sites relevantes e conseguir buscar por conta própria e com base em 
suas necessidades aquilo de que precisa; em uma única palavra, emancipar-se. 
A Diretoria de Ensino e Pesquisa do CAAP, de dezembro a março de 2016, se esforçou 
para construir esse projeto. Conseguimos respostas de nove grupos de extensão, elaboramos 
fichas de dados de todos os professores da faculdade, além de escrever informações a respeito 
da pesquisa científica e do funcionamento da Faculdade de Direito e Ciências do Estado e do 
Movimento Estudantil. O produto desse árduo esforço é o material que aqui se encontra. 
 
Guia Acadêmico {8} 
Unindo essa ampla gama de dados, concebemos um texto com três partes: uma primeira, 
apresentando as grandes questões relativas à pesquisa, seja no campo governamental, nos 
grandes debates mundiais, ou o próprio contexto da UFMG e da FDCE; uma segunda, com 
textos de apresentação dos projetos de extensão existentes na faculdade, com informações a 
respeito de entrada, objetivos e fundamentos teóricos; uma terceira, intitulada genericamente 
como “ensino”, que trabalha o funcionamento dos aspectos administrativos da faculdade, o 
movimento estudantil e outros correlatos; e uma quarta e última, com um breve catálogo das 
linhas de pesquisa dos professores da faculdade. Pensamos com isso ajudar o aluno a entender 
o que é pesquisa e o que é extensão, como fazê-las, quais as primeiras ações tomar, caso deseje 
construir um projeto, e indicações das pessoas a quem procurar, caso intente conseguir um 
orientador ou se integrar a algum projeto. 
Na parte mais descritiva do trabalho, buscamos apresentar as questões mais básicas e 
responder a algums dúvidas recorrentes, de modo que o iniciante não fique perdido com siglas, 
termos e outros componentes do jargão dos pesquisadores, podendo se mover no interior deles 
com relativa desenvoltura. Sempre que possível, foram colocadas indicações de sites para 
aprofundamento, e quando os havia, os debates e as divergências acerca dos modelos de 
administração da pesquisa, apresentação de dados, financiamento e comunicação da ciência 
foram apresentados. A despeito do natural foco no campo jurírico, procuramos não descurar 
das outras áreas, apresentando as questões genéricas e exemplificando com problemáticas das 
outras ciências sociais, ou mesmo das naturais, quando pertinente. 
Sobre o catálogo das linhas de pesquisa dos professores, buscamos fazer uma sítense 
mais direta e palatável do que o simples currículo lattes, em que os dados se encontram por 
vezes dispersos e exigem um certo tempo de indicação para a sua localização e interpretação. 
Além disso, acrescentamos alguns dados que nem sempre lá sé encontram, como o regime de 
trabalho do docente, seu e-mail, link para as últimas publicações on-line, dentre outras 
consideradas pertinentes. 
Queremos, com isso, que a pesquisa deixe de ocupar um lugar secundário no campo 
jurídico, e na nossa faculdade, inclusive. É a reflexão aprofundada e em diálogo com a prática 
que possibilita o apuramento da técnica, a compreensão dos institutos, a evolução do direito e, 
por último – o que deveria ser o objetivo precípuo de todo jurista – a transformação da 
sociedade. Mesmo o jurista prático só tem a ganhar ao fazer pesquisa: conhecerá melhor as 
questões metodológicas, aprenderá de que formas poderá fazer com que os argumentos 
apresentados conduzam à conclusão pretendida, operará de forma mais eficiente com os 
conceitos, entenderá melhor o funcionamento da dinâmica argumentativa, etc. 
 
Guia Acadêmico {9} 
Também queremos fazer que a extensão seja apartada de uma concepção reducionista 
de que ela seria uma simples ajuda caritativa da universidade para com grupos mais 
necessitados. Se pretendemos levar a sério a função da universidade e a pretensão à 
descolonização dos saberes, temos que assumir o dever incontornável de colocar em choque as 
nossas pre-concepções ao testá-las ante à realidade e face ao diálogo constante com os saberes 
não científicos, que se encontram nas ruas das cidades, nos campos, enfim, permeiam todas as 
esferas da sociedade que financia a UFMG e que dela espera um retorno à altura, em um 
posicionamento humanista e de vanguarda. 
Por fim, o ensino não pode ser encarado como uma mera reprodução mecânica de 
saberes postos de forma hierárquica por professoressobre os alunos. Cabe construir uma 
dimensão holística de ensino, que não seja meramente informativa, mas eminentemente 
formativa, com viés crítico e reflexivo. É imprescindível que seja promovida a autonomia dos 
estudantes, e que sua passagem pela universidade transcenda as quatro paredes da sala: 
transborde pelos corredores, desenvolva-se nas reuniões de projetos de pesquisa e extensão, se 
amplie nas atividades do movimento estudantil, revigore-se nas conversas cotidianas, enfim, 
que se volte para a construção de cidadãos conscientes de seu lugar no mundo, sonhadores na 
hercúlea tarefa de mudar o mundo e de defender os seus ideais. 
 Feitas essas considerações, queríamos agradecer àqueles que tornaram esse projeto 
possível. Primeiramente aos membros da Diretoria de Ensino e Pesquisa do CAAP, autores 
imediatos desse texto, sempre diligentes e extremamente bem dispostos a fazer o melhor pelos 
estudantes da faculdade: Ana Clara Abrantes Simões, Arley Fernandes Teixeira, Arthur 
Barretto de Almeida Costa, Carolina Amorim Fernandes, Clarice Zaidan, Débora Faria, Gabriel 
Brito, Gabriela Ruzzene, Henrique Gomes e Silva, Isabela Magalhães, Larissa de Seixas 
Ferreira Araújo, Luísa Cyrino, Raul Blasi e Robson Valadares. À gestão Compasso, que 
entendeu a importância dessa ideia, e a sua perfeita harmonia com o projeto político e a 
concepção de faculdade por nós defendida. 
 Todo texto é escrito secretamente a múltiplas mãos, silenciosamente infiltradas nas 
múltiplas influências de seus autores. No caso do guia acadêmico, essa observação é mais 
verdadeira ainda, já que várias vozes se juntaram para compor a sinfonia que agora 
apresentamos. Passemos a nomear os membros dessa orquestra que, juntos executaram a bela 
essa bela música. Muito obrigado, portanto, a todos aqueles que gentilmente responderam nosso 
chamado e enviaram suas contribuições. Ao PRUNART, na pessoa da Gabriela; ao RECAJ, na 
pessoa de Daniella Lima; Ao Diverso, na pessoa de João Felipe Zini; à Clínica de Direitos 
Humanos, nas pessoas de Júlia Vidal e Lucas Parreira Álvares; à Assessoria Jurídica 
 
Guia Acadêmico {10} 
Universitária Popular, nas pessoas de Mariana Lopes e de Luísa Carmem; ao Pólos de 
Cidadania, nas pessoas de Otávio Guimarães e de Sofia Castro; à Clínica de Diplomacia 
Federativa; à Clínica de Direito da Internet e Novas Tecnologias; à Clínica de Trabalho Escravo 
e Tráfico de Pessoas, na pessoa do prof. Carlos Henrique Borlido Haddad. Pelo CAAP, à 
diretoria de extensão, na pessoa de Igor Soares; e à diretoria de assistência, na pessoa de João 
Daniel. Na Diretoria de Ensino e Pesquisa, à Gabriela Ruzzene, à Larissa de Seixas Ferreira 
Araújo e ao Arthur Barretto de Almeida Costa, pela revisão e diagramação do texto. À Ana 
Clara Abrantes Simões e ao Arthur Barretto, pela escrita da parte referente à pesquisa. A Arley 
Fernandes Teixeira, Carolina Amorim Fernandes, Clarice Zaidan, Débora Faria, Gabriel Brito, 
Gabriela Ruzzene, Henrique Gomes e Silva, Isabela Magalhães, Larissa de Seixas Ferreira 
Araújo, Luísa Cyrino, Raul Blasi e Robson Valadares, pelo catálogo das linhas de pesquisa dos 
professores. Algumas das partes sob a rubrica “estrutura da faculdade” foi feita a partir do 
“manual dos calouros”, tradicional publicação do CAAP existente desde 2008; vai, portanto, 
nosso agradecimento a todos aqueles que, anonimamente, contribuiram ao longo dos anos com 
a escrita desse fantástico material. À Gabriela Ruzzene, pela parte sobre Intercâmbio; e ao 
Robson Valadares, pela parte de Reforma Curricular. 
 Por fim, aos estudantes da faculdade. O Centro Acadêmico Afonso Pena é feito por 
alunos e para alunos; vocês são os autores e destinatários privilegiados deste textos, e é para 
vocês que todos os projetos do CAAP se dirigem. Este projeto também é um convite a que todos 
tomem parte das iniciativas do nosso querido Centro Acadêmico e possam, em conjunto, como 
esse projeto – redigido por quase 20 pessoas – tornar mais humana nossa faculdade, nossa 
cidade e nosso país. 
 A todos, uma boa leitura! 
 Diretoria de Ensino e Pesquisa 
 Centro Acadêmico Afonso Pena 
 Gestão Compasso (2015/2016) 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Pesquisa {11} 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Pesquisa {12} 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Pesquisa {13} 
1 - O que é Pesquisa Científica? 
 
 Poderíamos dizer que a pesquisa científica é um conjunto de métodos e práticas 
orientados para a construção do conhecimento científico. No entanto, essa definição é ainda 
incompleta: o que conferiria cientificidade a um certo tipo de conhecimento? Mais: esses 
critérios poderiam ser aplicados também à pretensa ciência do direito? 
 Este trabalho é bastante introdutório e tem caráter informativo e didático; não é nossa 
intenção aqui, portanto, discutir em profundidade e com rigor filosófico alguns conceitos 
profundos e difíceis, como ciência, direito, senso comum, método, dentre outros, os quais 
seriam imprescindíveis para que pudéssimos nos aproximar de uma resposta satisfatória acerca 
de um conceito de pesquisa. Mas esta dificuldade que vem quando da busca de uma definição 
de cientificidade revela algo mais do que a mera incapacidade dos que escrevem, ou as 
limitações desse gênero textual: ciência é um conceito amplo, difícil, múltiplo e que mesmo 
aqueles que nela trabalham não conseguem delimitar. 
 Se há um critério aproximado simples, claro e objetivo para tentar separa a ciência de 
outras formas de conhecimento é a ideia de método. Este consiste em um conjunto de 
procedimentos de construção e validação de determinadas proposições sobre a realidade. A 
pesquisa, portanto, consistiria no exercício continuado da metodologia orientado para a 
construção de ideias, sistemas conceituais e proposições sobre um determinado objeto. Mas as 
metodologias não são unívocas, de modo que o que aqui se fez, de um modo ou de outro, foi 
reportar a questão a uma outra: o que seria um método adequado, efetivamente científico? 
 Trata-se, novamente, de uma pergunta difícil e sem resposta clara. Cada objeto que se 
elege, cada teoria de que se parte, tudo, enfim, enseja a utilização de um método distinto. Este 
é, portanto, definido contextual e relativamente, a partir das necessidades e objetivos da 
pesquisa que se busca conduzir. A partir da constatação da historicidade e da indefinição dessas 
categorias, que vão mudando ao longo do tempo, chega-se a um princípio de clarificação: quem 
define o que é um método correto são os pares, ou seja, a comunidade científica. É uma resposta 
aparentemente insatisfatória e subjetivista; contudo, por trás de uma aparente fuga do problema, 
ela trás algumas constatações profundas: em primeiro lugar, a já referida conexão entre 
metodologia e os contextos funcionais nos quais ela se insere; em segundo lugar, que aqueles 
que dela fazem uso são os mais aptos a, lançando mão de suas percepções, definirem 
dialogicamente o uso do instrumental teórico que o conehecimento nos disponibiliza; por fim, 
 
Pesquisa {14} 
que é impossível definir previamente os modos de escolha do método pois isso exigiria uma 
“metodologia da metodologia”, apenas reportando a questão a um nível superior. 
 Dessa forma, a resposta à pergunta colocada por esse capítulo não pode ser dada por 
uma frase ou expressão direta, mas deverá ser construída progressivamente, por meio de uma 
série de elementos. A constatação de que é a própria comunidade dos pesquisadores que tem o 
poder de delimitar as raias da cientificidade e, portanto, o que pode ser tratado, por exemplo, 
como direitoe o que é mera opinião, impõe uma outra conclusão: a de que, para se comrpeender 
o que é pesquisa, é preciso conhecer em profundidade a cultura da pesquisa e dos 
pesquisadores. Os seus instrumentos, o modo de circulação de suas ideias, as instituições nas 
quais a pesquisa é produzida, dentre outros, delimitam um campo discursivo e fornecem o 
ferramentário adequado para, a partir das conexões entre essas ideias, espaços e lugares, e dessa 
percepção de conjunto, montar um conceito de pesquisa. 
 Esta publicação, portanto, busca fornecer, de modo iniciático, esparso e um tanto quanto 
fragmentário, esses fudamentos para uma compreensão do universo do conhecimento por 
aqueles que ingressam na universidade, ou então que buscam entrar no campo da construção 
do(s) saber(es). Compreender quem, onde e como se faz pesquisa é o modo, ainda indireto, de 
perceber verdadeiramente e em profundidade o que ela é. 
 Antes de passar à próxima seção, um adendo. A supervalorização do saber científico em 
nossa sociedade nos conduz à ideia de que ele seria a única forma de conhecimento possível; 
entretanto, cumpre perceber que existem formas múltiplas e igualmente válidas de se perceber 
e de se perceber a realidade. Arte, religião, conhecimento tradicional são algumas das outras 
maneiras que a humanidade tem de agir no mundo; são meios diferentes, que atuam em âmbitos 
diversos do da ciência, e não em uma posição hierarquicamente superior ou inferior. Dialogar 
com eles é fundamental, inclusive, para a renovação e melhoria do saber científico. A 
humildade é atitude fundamental do pesquisador perante o seu objeto; não poderia deixar de sê-
lo também com relação aos saberes alternativos. Esperamos que essa mensagem esteja sempre 
presente durante a leitura desta obra. 
 
 1.1- A universidade e o tripé ensino, pesquisa e extensão. 
 
 A Constituição Federal, em seu artigo 207, afirma que as universidades deverão 
obedecer ao princípio da indissociabilidade entre ensino, pesquisa e extensão. Essa assertiva é 
bastante presente no discurso cotidiano da universidade, e deve informar todas as nossas 
 
Pesquisa {15} 
práticas, de modo que uma adequada compreensão da pesquisa não pode deixar de lado o 
significado do tripé universitário. 
 O ensino consiste nas atividades de transmissão direta do conhecimento. Por um 
esquema tradicional, pensaríamos nas aulas de graduação; contudo, as atividades de ensino são 
mais plúrimas. Há também as atividades da pós-graduação; as atividades extracurriculares 
desenvolvidas em ambos os níveis de estudo; as visitas técnicas e outras atividades 
diferenciadas promovidas pelos próprios professores, dentre outras. Também existe uma gama 
mais diversificada de personagens que intervêm nesse aspecto: podem ser citados os monitores 
e os estágiários docentes, por exemplo, que exercem atividades de apoio e, muitas vezes, de 
promoção ativa do processo de aquisição do conhecimento. 
 As imbricações entre ensino e pesquisa são também complexas: para começo de 
conversa, na universidade, todo professor deve ser pesquisador, e vice-versa. Isso garante que, 
desde o primeiro período da graduação, os estudantes tenham contato com a matéria por meio 
de pessoas atualizadas com os mais recentes avanços da área, e que sejam capazes de transmitir-
lhes as fronteiras do conhecimento científico, perimindo-lhes conhecer diretamente, ou adquirir 
os meios para acessar as mais atualizadas técnicas, conceitos, perspectivas e informações. Além 
disso, as atividades de ensino são um lugar de captação de pessoas para a pesquisa; de 
divulgação do conhecimento produzido, dentre outras. Há inclusive, instituições de fronteira, 
como os grupos de estudo, os quais conservam a função de ensino de uma determinada matéria, 
mas também têm o emprego precípuo de plataforma para a pesquisa. 
 A extensão é o elo entre a universidade e a sociedade; são atividades que levam o 
conhecimento aqui produzido para fora e trazem a comunidade externa para dentro da 
universidade. Algumas atividades nesse sentido que são desenvolvidas na Faculdade de Direito 
são a DAJ – Divisão de Assitência Judiciária; e o Programa Pólos de Cidadania. A transmissão 
e vulgarização do conhecimento jurídico para a população, portanto, é um exemplo de atividade 
de extensão, mas não o único. A assessoria na construção de políticas públicas, na elaboração 
de projetos de lei, na utilização do direito como mecanismo de transformação social e de auxílio 
aos movimentos sociais são outros exemplos. 
 É importante perceber que a extensão não é uma mera via de mão única, mas 
fundamenta-se na construção de pontes entre a comunidade e a academia; como já dito acima, 
todos os saberes são relevantes em sua própria esfera de atuação, e a extensão é justamente a 
oportunidade para que vários deles se coloquem em diálogo e possam se enriquecer 
mutuamente. A pesquisa se beneficia muito, portanto, dos aportes que vêm de fora dos muros 
da universidade; seja como objetos de pesquisa, seja como sujeitos de conhecimento. Não é 
 
Pesquisa {16} 
possível, portanto, que se pense a extensão a partir de um viés assistencialista: a universidade 
também ganha, e muito, com a realização desse tipo de empreendimento. 
 É importante que se reconheça, então, que a integração entre as três dimensões da 
academia é fundamental para que haja um incremento de qualidade em todas elas. A pesquisa 
pode fundamentar a pesquisa e a extensão, ao costruir os marcos teóricos que por elas serão 
usados; mas será indubitavelmente fencundada pelas outras duas: o contato com a realidade que 
uma proporciona, e com as dúvidas, anseios e perspectivas dos estudantes que a outra coloca, 
retroalimentam questões e inquietações que podem ser o motor para novas reflexões e 
descobertas. 
 
 1.2. Sites e páginas de facebook interessantes. 
 
 Aqui indicamos algumas páginas que consideramos importantes fontes de discussão e 
de informação, em um ambiente mais flexível do que o de um artígo científico ou de outros 
ambientes estritamente acadêmicos. 
 
 
 O Pósgraduando é um site de discussões a respeito de pesquisa científica, contendo 
dicas, informações sobre oportunidades de bolsas, debates a respeito de temas relevantes, dentre 
outros. Mas o seu forte mesmo é o humor: desde falar sobre os tipos de orientador até discorrer 
sobre alguns fatos pitorescos de congressos e laboratórios, esse site tem fortes chances de fazer 
o leitor rir. 
 Endereço eletrônico: http://posgraduando.com/ 
 
 
 SciELO – Sceientific Electronic Library Online, é uma base de dados de revistas 
científicas que será mais bem trabalhado mais à frente neste texto. Este é o blog do site; ele 
contém discussões mais aprofundadas sobre acesso à informação, difusão do conhecimento 
científico, recomendações de boas práticas, dentre outros. É ideal para quem quer se aprofundar 
um pouco nos temas de fronteira da pesquisa contemporânea, e discutir alguns gargalos que 
impedem o desenvolvimento na realidade específica da América Latina. 
 
Pesquisa {17} 
 Endereço eletrônico: http://blog.scielo.org/ 
 
 Sobrevivendo na Ciência 
 É um blog mantido por Marcos Mello, professor de ecologia da UFMG. É focado em 
temas da biologia, mas trabalha muito questões gerais relacionadas à pesquisa, congressos, o 
modo de se portar no ambiente acadêmico, relacionamento com o orientador, dentre outros. O 
viés é o das ciências naturais, mas muitas das discussões são extremamente proveitosas também 
para a área de humanas, além de sempre ser positivo conhecer como pessoas de tradições 
diferentes resolvem os mesmos problemas que nós enfrentamos, ainda que considerando suas 
próprias particularidades. 
 Endereço eletrônico: https://marcoarmello.wordpress.com/ 
 
 
 É o site da revista Pesquisa FAPESP. Esta última é a Fundação de Amparo à Pesquisa 
de São Paulo; a correspondentemineira é a FAPEMIG e é trabalhada mais à frente. O site trás 
as reportagens que são publicadas na versão impressa: notícias sobre política científica, ideias 
inovadoras adotadas em universidades e em institutos, as ações das grandes agências, do 
Ministério da Educação e da Ciência e Tecnologia, etc. Além disso, são trazidos resultados de 
pesquisas desenvolvidas no Brasil em linguagem fácil e acessivel, mas tratadas com 
profissionalismo e profundidade. Talvez seja a melhor fonte de informação a respeito de 
pesquisa disponível no Brasil. 
 Endereço eletrônico: http://revistapesquisa.fapesp.br/ 
 
 
 É uma das mais importantes e antigas revistas de divulgação científica do Brasil, 
trazendo informações sobre todas as áreas do conhecimento. Embora não discuta política 
científica com tanta frequência e profundidade, ainda assim é uma importante fonte. 
 Endereço eletrônico: http://cienciahoje.uol.com.br/instituto-ch 
 
Pesquisa {18} 
 
 Não é propriamente um site de pesquisa, e sim sobre direito. Trás notícias, dezenas de 
colunas semanais, dentre outras informações sobre o mundo jurídico. Além de os dados 
fornecidos e as discussões feitas poderem servir de inspiração para temas de pesquisa, há 
algumas colunas tratando de temas como ensino jurídico, a escrita do TCC, dentre outros temas 
afeitos ao universo da ciência. 
 Endereço eletrônico: http://www.conjur.com.br/ 
 
 
 É um blog americano que discute casos de retratação de artigos. A retratação ocorre 
quando o trabalho científico possui alguma falha que compromete os resultados, seja por 
descuido dos autores, como trocas em experimentos ou falhas de comunicação, seja por causa 
de fraudes. É interessante, pois discute a ética nas publicações científicas e os padrões de 
qualidade das revistas acadêmicas. 
 Endereço eletrônico: http://retractionwatch.com/ 
 
 
 É um site de um comitê que trata da ética em pesquisa científica. É importante pois trás 
casos, textos e discussões sobre os limites da pesquisa e suas interseções com a ética. As 
situações mais polêmicas costumam acontecer no campo das ciências médicas, mas a área das 
ciências sociais, nas quais o Direito se insere têm suscitado debates cada vez mais apurados e 
trazido à tona situações também bastante controversas. 
 Endereço eletrônico: http://publicationethics.org/ 
 
 1.3 Códigos de ética em pesquisa 
 
 
Pesquisa {19} 
 Algumas instâncias administrativas da pesquisa e Organizações Não Governamentais 
publicam códigos de ética em pesquisa, que são conjuntos de recomendações, com força 
vinculante ou não, que fornecem diretrizes para a prática científica adequada e moralmente 
consciente. Aqui disponibilizamos três: o do COPE (Comittee on Publication Ethics), uma 
organização americana voltada para a promoção das boas práticas de pesquisa, e, mais 
especificamente, em publicação científica; o da Pró-Reitoria de Pesquisa da Universidade 
Federal de Minas Gerais; e o da Fundação de Amparo à Pesquisa de São Paulo, que é bastante 
abrangente. 
 São tratadas algumas questões fundamentais, como: qual tipo de contribuição à pesquisa 
é suficiente para tornar alguém autor; o que configura plágio; como se devem tratar as pessoas 
que são objeto de uma pesquisa, dentre outras. A ciência não é uma atividade que deve ser 
desenvolvida a qualquer custo, mas, como todo empreendimento humano, se dá em um espaço 
social e tem finalidade coletiva, devendo ser conduzida do modo mais refletido e responsável 
possível. A leitura destes “códigos”, associados às discussões que lhes servem de substrato, são 
fundamentais para que se possa conduzir conscientemente uma boa pesquisa. 
 
 
http://publicationethics.org/files/Code_of_conduct_for_journal_editors_Mar11.pdf 
 
 
http://www.fapesp.br/boaspraticas/FAPESP-Codigo_de_Boas_Praticas_Cientificas_2014.pdf 
 
 
https://www.ufmg.br/prpq/images/guia.pdf 
 
 
 
Pesquisa {20} 
2 - Como Faço Para Pesquisar? 
 
Como já dito acima, a pesquisa científica é uma atividade complexa e variada, de modo 
que não é possível construir um manual que indique mecanicamente o que deve ou não ser feito; 
entretanto, é possível dar algumas indicações básicas a respeito do que pode ser feito, além de 
perguntas básicas que devem ser respondidas antes de se dar início a uma pesquisa. Essas 
orientações elementares são o objeto da presente seção. 
 
2.1. Encontrando um tema. 
 
A pesquisa científica é uma busca particular por compreender o modo de funcionamento 
do mundo, baseada em uma forma especifica de se tentar responder perguntas, a saber, o método 
científico, baseado no falseamento e na busca por evidências. Pesquisar, então, e colocar e 
responder perguntas. 
Para perguntar bem, é preciso conhecer, simultaneamente, o que já se sabe sobre a 
realidade, para que não se coloquem questionamentos repetidos, e o próprio universo que nos 
cerca, para que tenhamos noção dos instrumentos que existem para a análise (os conceitos) e 
até que ponto existem elementos os quais possibilitem respostas às nossas dúvidas. 
Portanto, para encontrar o tema de pesquisa, é preciso conhecer relativamente bem um 
determinado campo do saber, já que o que se busca é o preenchimento na bibliografia existente. 
Assim, é indispensável ter uma forte carga de leitura, que desça em profundidade nos 
problemas. O uso de manuais é, portanto, um bom trampolim para se situar no campo no interor 
do qual se movimenta, mas, justamente por sua natureza generalista, eles não são um bom 
parâmetro para indicar o que se sabe e o que se desconhece dentro de uma dada disciplina; eles 
só fornecem informações sobre o que há de mais consolidado, mas raramente possuem um 
tratamento satisfatório – ainda que a título introdutório – sobre os temas de fronteira. Assim, é 
preciso buscar artigos científicos e livros monográficos sobre uma esfera mais particularizada 
do conhecimento. 
Uma boa fonte de informação são teses e dissertações: como esse gênero literário está 
adstrito à necessidade de afunilamento das questões tratadas e de qualidade das respostas dadas, 
muitas vezes elas trazem, no começo, revisões bibliográficas relevantes sobre um determinado 
assunto, o que pode ser importante para que o iniciante se situe nos debates que o texto vai 
tratar, e tenha um volume grande de indicações de outros textos a serem analisados. 
 
Pesquisa {21} 
Conhecidas, ainda que de forma nebulosa, as mais candentes problemáticas da 
disciplina, naturalmente vão surgindo algumas dúvidas que não encontram resposta; pode ser 
um tema que ainda não foi tratado; ou um problema que foi trabalhado de forma insificiente; 
ou uma resposta considerada inadequada. Essas inquietudes são indicações de que se está na 
pista de um bom tema de pesquisa. Constatada a inadequação da bibliografia existente, é preciso 
investigar as condições para responder a essa inquietude. 
Assim, é necessário buscar de forma preliminar a realidade que vai ser analisada, de 
modo a ver se há condições para responder à pergunta almejada. No caso da pesquisa histórica, 
por exemplo, é preciso ter noção da existência e da disponibilidade das séries documentais 
existentes; para a investigação sociológica, se há abertura dos grupos pretendidos para 
entrevistas, ou uma etnografia, ou se será possível uma mera aplicação de questionário. Não é 
preciso ter amplos conhecimetos; do contrário, já se estaria levando a cabo a pesquisa 
propriamente dita, mas é indispensável uma análise de viabilidade. 
Nesse sentido, é preciso também ter noção das línguas que é necessário saber ler, afinal, 
em algumas áreas, parte importante da bibliografia está escrita em idiomas estrangeiros, e 
ignorar alguns textos canônicos, seja para adotá-los, seja para rejetá-los, torna a pesquisa de 
muito pouco valor. Em outros casos, é o próprio objeto de pesquisa queimpõe uma determinada 
leitura: uma pesquisa de direito comparado chinês impõe a leitura de textos em mandarim; uma 
análise de direito medieval exige conhecimentos de latim; e assim por diante. 
Para toda ciência, o inglês é indispensável; no campo das humanidades, há uma forte 
literatura em francês, inclusive de referências teóricas genéricas. Para além dessas duas línguas, 
é preciso ter conhecimentos acerca de seu campo de pesquisa, e da literatura a qual deverá ser 
buscada: a filosofia do direito, por exemplo, tem muitoas referências importantes em alemão; a 
história, em italiano, e assim por diante. Também é importante ter em mente o que é 
indispensável e o que é apenas acessório; até que ponto a falta de uma língua pode ser suprida 
pelo conhecimento de outras; e que há traduções decentes para algum idioma conhecida. 
Também há que se lembrar que os textos científicos costumam sem mais claros e precisos, não 
exigindo o mesmo nível de conhecimento necessário para ler outros tipos de literatura, como 
poesia, nem que é preciso saber ouvri e falar o idioma, nem ser um grande conhecedor: é preciso 
ter capacidade de entender, mesmo que com o auxílio de dicionário, as referências importantes 
de sua área de pesquisa. O que é certo é que saber idiomas estrangeiros não é apenas um 
diferencial, mas uma necessidade imperiosa para o pesquisador. 
Essa montanha de requisitos iniciais pode assustar um pouco o iniciante; mas não é 
preciso ser um grande conhecedor de bibliografia, mundo da vida e de línguas para começar 
 
Pesquisa {22} 
uma pesquisa: é justamente para ajudar nesse processo de formação e diferenciar o dispensável, 
o importante e o inarredável que existe a figura do orientador. 
 
2.2. Encontrando um orientador. 
 
O orientador é uma figura muito importante, por atuar como um condutor da pesquisa, 
fornecendo informações, dando indicações e propiciando um conhecimento básico dos 
caminhos existentes, para que o estudante execute da melhor forma possível os projetos iniciais, 
e para que as ideias nascidas ao longo do percurso possam crescer e frutificar. 
A escolha do orientador não é fácil, e exige um conhecimento prévio do currículo e do 
modo de trabalho do professor pretendido. A relação que com ele se desenvolve é bastante 
pessoal e vai durar pelo menos um ano de convivência, sendo preciso escolher alguém com 
temperamento pelo menos compatível com o do estudante e com as suas necessidades. Alguns 
professores possuem temas de pesquisa prévios, e dão indicação para que o aluno escolha algum 
que lhe agradar; outros preferem que o jovem traga ideias inicias que serão posteriormente 
desenvolvidas. Por isso, é interessante conversar com outros orientandos do mesmo professor 
para conhecer melhor o seu estilo, além de entrar em contato com o próprio docente, 
conhecendo melhor as suas exigências. Também há aqueles que só orientam em um campo de 
pesquisa restrito e afunilado, ao passo que outros aceitam estudantes que trabalham disciplinas 
afins: um professor de criminologia poderá não querer orientar um trabalho de dogmática penal, 
e, simultaneamente, um outro, de hermenêutica jurídica pode estar propenso a trabalhar com 
direito do trabalho, ainda que adaptando o projeto às suas possibilidades. O importante é ter um 
canal de comunicação e conhecer as possibilidades de cada um. 
O estilo de orientação de cada um também varia: alguns são mais rígidos, exigindo 
cumprimento de prazos e entrega de textos, ao passo que outros possibilitam maior liberdade 
ao aluno. É preciso, então, conhecer as próprias necessidades e objetivos, escolhendo um 
professor que se amolde, na medida do possível, a elas. 
O catálogo das linhas de pesquisa dos professores, presente no final desse texto, e a 
leitura do currículo lattes deles é uma importante fonte de informação sobre o que cada um 
trabalha, mas não substitui a conversa com o docente e com seus ex-orientandos. Via de regra, 
os professores estão dispostos a ouvir ideias e dar sugestão, especialmente aqueles com 
Dedicação Exclusiva e dedicados à pesquisa; boa parte deles podem atender em seus gabinetes 
alunos com disposição para trabalhar, afinal, trata-se de ajuda para desenvolver seu projetos. 
Os grupos de estudo também são um excelente espaço tanto para estabelecer um diálogo inicial 
 
Pesquisa {23} 
com um pretenso orientador, quanto para conhecer em maiorprofundidade a bibliografia e os 
debates sobre um tema e desenvolver um projeto de pesquisa futuro. 
 
2.3. O que é iniciação científica? 
 
A iniciação científica tem por objetivo introduzir o estudante de graduação na atividade 
de pesquisa acadêmica. Os estudantes terão, assim, o desenvolvimento dos seus estudos 
acompanhados por um professor orientador, durante um período de 1 ou 2 anos, e a 
oportunidade de lidar com questões técnicas e metodológicas comuns a atividade de pesquisa, 
como a elaboração de um projeto de pesquisa, com a delimitação de um problema e a busca por 
possíveis soluções, a coleta de dados e a escrita acadêmica. Além disso, a iniciação científica 
figura como uma das formas de preparar o estudante de graduação para a pós-graduação e a 
possiblidade de contato entre o estudante e professores que desenvolvem linhas de pesquisa 
que são de interesse do discente. 
Usualmente, a escolha do tema para a iniciação científica é livre, dependendo este do 
interesse do estudante e dos assuntos com os quais o professor-orientador comumente trabalha. 
Aconselha-se que o tema seja mais específico, de forma que seja possível desenvolvê-lo no 
espaço de tempo de 1 ano, prorrogável por mais 1, e que traga algum ineditismo, ou seja, que 
ofereça uma abordagem minimamente inovadora. Desse modo, não é necessário que o estudante 
já tenha um projeto de pesquisa pronto, mas é interessante que este tenha um tema específico 
em mente, de forma a facilitar o desenvolvimento da pesquisa. Algumas vezes, dentro do campo 
de interesse do aluno, o professor pode até sugerir o tema específico, de modo a que o estudante 
possa trabalhar com algo que seja efetivamente relevante para a comunidade acadêmica. A 
iniciação científica pode ser voluntária, na qual não se oferece bolsa, e a inciação científica 
remunerada, na qual é conferida uma bolsa ao estudante, a partir do aceite pelo professor 
orientador, por agências de fomento como a CNPq e a FAPEMIG. 
Como afirmou o Professor Paulo Sérgio Lacerda Beirão: “O desafio da universidade 
hoje é formar indivíduos capazes de buscar conhecimentos e de saber utilizá-los. Ao contrário 
de outrora, quando o importante era dominar o conhecimento, hoje penso que o importante é 
"dominar o desconhecimento", ou seja, estando diante de um problema para o qual ele não tem 
a resposta pronta, o profissional deve saber buscar o conhecimento pertinente e, quando não 
disponível, saber encontrar, ele próprio, as respostas por meio de pesquisa.”1 
 
1
 Disponível em: <https://www.ufmg.br/boletim/bol1208/pag2.html>. 
 
Pesquisa {24} 
 
2.4. Questões metodológicas básicas. 
 
Considerando o que foi apresentado sobre a iniciação científica, cabe apresentar 
algumas questões metodológicas fundamentamentais para o desenvolvimento de uma boa 
atividade de pesquisa. 
A metodologia é a apresentação de como ou o caminho que se vai percorrer durante a 
atividade de pesquisa. Como afirmam Silva e Menezes: “A elaboração de um projeto de 
pesquisa e o desenvolvimento da própria pesquisa, seja ela uma dissertação ou tese, necessitam, 
para que seus resultados sejam satisfatórios, estar baseados em planejamento cuidadoso, 
reflexões conceituais sólidas e alicerçados em conhecimentos já existentes.”2 Assim, a 
metodologia deve indicar pontos estruturais da pesquisa como o problema em si, as fontes de 
pesquisa a serem consultadas e osinstrumentos específicos que serão utilizados para coletar as 
informações necessárias para sua pesquisa. 
A metodologia é uma espécie de planejamento da pesquisa: uma estruturação do 
caminho que se vai percorrer ao longo da atividade acadêmica. Se a pesquisa é a busca pelo 
conhecimento, a pesquisa deve então compreender três coisas: a estruturação do saber que já se 
possui; a delimitação das respostas que se procura obter; e o planejamento do caminho que pode 
levar de um a outro. A metodologia é o que permite definir-se os melhores instrumentos para 
se percorrer a trajetória entre a dúvida e o encontro de alguns possíveis indicativos de resposta. 
Nessa seção, apresentamos de forma breve as etapas da pesquisa científica, e indicamos 
alguns possíveis métodos que podem ser utilizados. Entretanto, cada caso específico demanda 
uma abordagem diferente, de modo que abordagens apriorísticas, como essas, fornecem apenas 
indicações que se deve ter em mente ao elaborar um projeto de pesquisa e fornecer elementos 
para se definir, casuísticamente, o que melhor se adequa a cada caso. 
 
2.4.1. Problema de pesquisa. 
 
A definição de um tema de pesquisa é o ponto inicial e fundamental para o 
desenvolvimento de uma atividade de pesquisa, mas, na maioria das vezes, é a parte mais difícil 
 
2
 SILVA, E.L.; MENEZES, E. M. Metodologia de Pesquisa e Elaboração de Dissertação, 4ª ed. revisada e 
atualizada, Florianópolis: UFSC, 2005. Disponível em: 
<https://projetos.inf.ufsc.br/arquivos/Metodologia_de_pesquisa_e_elaboracao_de_teses_e_dissertacoes_4ed.pdf
>. 
 
Pesquisa {25} 
desta. Depois de definido o tema de pesquisa, mesmo que seja trabalhoso, o processo de 
investigação e construção da pesquisa flui com mais facilidade. Segundo Queiroz et al: “a 
pesquisa é um caminho que leva da dúvida ao conhecimento, e sem que se saiba de onde se 
parte e aonde se quer chegar, são enormes as chances de o pesquisador se perder no processo 
de redação de seu trabalho.”3 Assim, podemos nomear alguns requisitos do tema de pesquisa 
que devem ser observados. O primeiro é que este deve ser verdadeiro objeto de dúvida, ou seja, 
a pesquisa deve começar com algo que não se sabe, ou não se tem certeza, ou se quer testar uma 
certeza que já foi difundida, figurando, pois, um problema ou uma dúvida. Passamos, então, 
para o segundo requisito, o tema pesquisa ou o problema de pesquisa extraído deve ser relevante 
para a discussão acadêmica. Um bom indicativo dessa relevância é a presença frequente desse 
tema nas discussões de pesquisadores. E o terceiro requisito diz respeito a um mínimo de 
originalidade do tema de pesquisa. Cabe ressaltar que a originalidade, nesse caso não é no 
sentido de inovação teórica, mas no sentido de oferecer uma abordagem criativa e inovadora 
para o tema escolhido. Ou seja, deve-se fazer algo que nunca antes foi feito na comunidade 
acadêmica, mesmo que a diferença para com os outros trabalhos seja pequena: aplicar uma 
teoria já conhecida a um objeto novo; ajustar alguma observação teórica; verificar em novos 
casos a validade de uma teoria já aceita, dentre outras possibilidades. O importante é não repetir 
o que já foi feito; afinal de contas, os recursos públicos investidos na pesquisa e o espaço 
utilizado para a publicação devem ser aproveitados da melhor maneira possível, oferecendo 
algo que seja de fato relevante para as discussões acadêmicas. 
A partir desses requisitos, é interessante destacar que a partir do assunto escolhido é 
possível extrair diferentes problemas de pesquisas que devem ser trabalhados de forma 
particular e de maneira adequada. Nesse sentido, há pelo menos dois tipos de problemas que o 
pesquisador pode encontrar: um descritivo e um prescritivo. No caso do problema de pesquisa 
descritivo, citando novamente Queiroz et al: “Descrever de forma organizada uma parte de 
realidades tão complexas é uma possibilidade interessante para uma pesquisa científica. Esse 
tipo de problema é o que se chama aqui de problema descritivo: nele, o pesquisador quer 
oferecer um retrato compreensível de fenômenos complexos, que ajudam a entender melhor as 
particularidades neles envolvidos.”4 Em relação ao problema de pesquisa prescritivo, conforme 
 
3
 QUEIROZ, R. M. R. Como encontrar um bom tema dentro da minha área de interesse?. In: QUEIROZ, R.M.R; 
FEFERBAUM, M. Metodologia Jurídica: um roteiro prático para trabalhos de conclusão de curso. São Paulo: 
Saraiva, 2012. pp. 55-79. 
4
 QUEIROZ, R. M. R. Como encontrar um bom tema dentro da minha área de interesse?. In: QUEIROZ, R.M.R; 
FEFERBAUM, M. Metodologia Jurídica: um roteiro prático para trabalhos de conclusão de curso. São Paulo: 
Saraiva, 2012. pp. 55-79. 
 
Pesquisa {26} 
o mesmo autor: “há um outro tipo de tema-problema do qual trabalhos jurídicos normalmente 
se ocupam, que podemos chamar de problemas prescritivos: aqueles que em vez de meramente 
retratarem o seu objeto de pesquisa, esforçam-se em oferecer uma resposta, bem construída e 
bem fundamentada, sobre como o problema deve ser juridicamente considerado, ou tratado, ou 
classificado, ou respondido. Chamamos este tipo de resposta de normativa, pois ela não se 
limita à observação de fatos, mas sim pretende extrair de regras sociais de caráter prático (éticas, 
morais, jurídicas, econômicas) um comando acerca de como devemos agir – prescrevem a ação 
devida, portanto – em face da situação-problema abordada (COURTIS, 2006).”5 Independente 
do tipo de problema de pesquisa escolhido, este deve ser formulado na forma de pergunta, claro, 
preciso e nos limites relativos aos meios, ao tempo e ao alcance. 
Para facilitar a elaboração do problema de pesquisa, uma dica que comumente se dá é a 
de enunciá-lo na forma de uma pergunta. Afinal de contas, a atividade acadêmica é a busca de 
se conhecer algo que ainda não se sabe, de modo que, no fundo, ela é um constante indagar ao 
mundo e à sociedade sobre o seu modo de funcionamento e buscar encontrar as possíveis 
respostas que estejam escondidas de uma forma ou de outra na realidade. E, como é a pergunta 
que guiará o caminho que o pesquisador fará, tem-se que é mais importante fazê-la da forma 
correta do que propriamente dar a melhor reposta. Isso porque as perguntas é que abrem as 
nossas mentes para o desconhecimento que possuímos acerca do real e aguçam nossa 
curiosidade; as boas respostas só podem ser dadas às boas perguntas, e, mais que isso, sempre 
serão provisórias, já que a ciência é uma atividade em constante evolução. As melhores 
perguntas são perenes, e jamais serão respondidas de forma definitiva, mas apenas 
aproximativa. 
 
2.4.2. Revisão Bibliográfica e Bases de dados. 
 
Apresentado o tema-problema de pesquisa, passamos a revisão bibliográfica que é, de 
forma simplificada, “a leitura dos principais artigos e livros referentes ao tema e ao problema 
destacados, tendo em vista conhecer o estágio atual da questão.”6 Nesse sentido, cabe ao 
pesquisador selecionar, da maneira mais completa possível, a literatura que será, a princípio, 
utilizada para o desenvolvimento do tema escolhido. A revisão bibliográfica é fundamental para 
a delimitação do problema de pesquisa e auxilia na definição dos objetivos da pesquisa 
científica e nas construções teóricas desta. Isso porque é ela que permite conhecer o “estado da 
 
5
 Ibid, p. 71-72. 
6
 Disponível em: <http://master.fclar.unesp.br/Home/Departamentos/AdministracaoPublica/ic_instrucoes.pdf>. 
 
Pesquisa {27} 
arte” do campo do saber no qual se move, ou seja, o que os cientistas sabem e o que 
desconhecem, e, a partir disto, quais áreas podem ser exploradas para que coisas novas sejam 
descobertas. 
Na adaptação de JoséLuis Duarte Ribeiro do texto elaborado por Flavio Fogliatto e 
Giovani da Silveira, os autores oferecem cinco recomendações para desenvolver uma boa 
revisão bibliográfica.7 A primeira recomendação é estabelecer uma linha de raciocínio que 
perpasse a pesquisa, de forma a criar um roteiro claro que guie a revisão bibliográfica. A 
segunda recomendação é selecionar as fontes de referência. Os autores sugerem a seguinte 
ordem de consulta às fontes bibliográficas: 1) artigos publicados em periódicos internacionais; 
2) artigos publicados em periódicos nacionais reconhecidos; 3) livros publicados por editores 
renomados; 4) teses e dissertações; 5) anais de conferências internacionais; 6) anais de 
conferências nacionais. A terceira recomendação é que o pesquisador escreva uma revisão 
bibliográfica clara e objetiva. A quarta, por sua vez, é que o pesquisador organize os trabalhos 
consultados, uma vez que ao longo da revisão bilbiográfica são consultados uma grande 
quantidade de livros, artigos e resumos. E a quinta recomendação é que o pesquisador evite 
erros como uma revisão bibliográfica muito breve, que não inclua autores e obras essenciais 
para o tema escolhido; má organização do material coletado, com repetição de ideias ou sem 
uma estrutura lógica perceptível; e referências incompletas ou erradas. 
Para realizar uma revisão bibliográfica completa e precisa, existem diversas bases de 
dados que possibilitam ao pesquisador acesso a uma gama ampla e diversificada de materiais. 
São repositórios que contém artigos, livros e outros materiais, e que podem ser consultados para 
se ter acesso à literatura científica disponível. Dentre as variadas bases de dados que estão 
disponíveis, podemos destacar quatro bases que são frequentemente acessadas: SciELO; Portal 
de Periódicos, Hein Online e JStor. 
 
2.4.2.1. SciELO 
 
A SciELO (Scientific Electronic Library Online) é uma biblioteca eletrônica que 
disponibiliza uma coleção selecionada de periódicos de acesso aberto. A SciELO foi fundada 
no Brasil em 1997 e o principal objetivo é aumentar de forma eficiente a visibilidade e o acesso 
a literatura científica. Atualmente congrega diversos países latino-americanos, para além de 
Portugal e Espanha, sendo a mais importante para a divulgação de trabalhos dessa parte do 
 
7
 Disponível em: < http://posgraduando.com/como-fazer-uma-revisao-bibliografica/>. 
 
Pesquisa {28} 
mundo. A base de dados da SciELO, de acordo com os dados de 2015, disponibiliza 1.249 
periódicos, 39.651 edições de periódicos e 573.525 artigos científicos. 
De forma simplicada, para se pesquisar artigos científicos na SciELO basta: 
1) Acessar a página inicial da SciELO: <http://www.scielo.org/php/index.php>; 
2) Na caixa “Pesquisa Artigos”, defina as suas preferências (método; uma ou mais palavras; 
onde); 
3) Na página de resultados, os artigos podem ser filtrados por relevância, ano de publicação, 
idioma, área temática, e outros filtros; 
4) Selecione o artigo de interesse; 
5) Na página seguinte, há uma caixa na lateral da tela “Services on Demand”, na qual o primeiro 
item é para baixar o arquivo completo em PDF. 
 
2.4.2.2. Portal de Periódicos (CAPES/MEC) 
 
O Portal de Periódicos da CAPES/MEC é uma importante biblioteca virtual para 
pesquisas e consultas à artigos, dissertações e outros conteúdos. O Portal foi oficialmente 
lançado em 2000, com objetivo de “promover o fortalecimento dos programas de pós-
graduação no Brasil por meio da democratização do acesso online à informação científica 
internacional de alto nível.”8 O Portal de Periódicos conta com um acervo de mais de 38 mil 
títulos com texto completo, 126 bases referenciais, 11 bases dedicadas exclusivamente a 
patentes, além de livros, normas técnicas e conteúdo audiovisual. A comunidade acadêmica da 
UFMG possui acesso garantido ao conteúdo disponibilizado pelo Portal. 
Para ter acesso a todo o material disponibilizado pelo Portal: 
1) Entre no MinhaUFMG, com seu login e a senha; 
2) Na página inicial do MinhaUFMG, na “Caixa Serviços”, acesso o último item “Acesso ao 
Portal CAPES”; 
3) Aberta a página inicial do Portal, a busca pode ser realizada por assunto, periódico, livro ou 
base. 
4) Se você quiser realizar sua busca por assunto, selecione a opção “Buscar Assunto”e aa página 
de resultados, os artigos podem ser filtrados por relevância, ano de publicação, autor, acesso, 
título, e outros filtros; 
 
8
 Disponível em: <http://www-periodicos-capes-gov-
br.ez27.periodicos.capes.gov.br/index.php?option=com_pcontent&view=pcontent&alias=missao-
objetivos&Itemid=102>. 
 
Pesquisa {29} 
5) Selecione o artigo de interesse; 
6) Abrirá uma nova aba que dará acesso ao artigo escolhido. 
 
2.4.2.3. HeinOnline 
 
O HeinOnline é uma das bases de dados mais completas na área de Direito do mundo 
todo, contendo cerca de 1.600 títulos de periódicos, com mais de 38 mil volumes e mais de 23 
milhões de páginas. O acesso a base de dados se dá pelo site <www.heinonline.org>, utilizando-
se os computadores da UFMG ou por meio da rede wifi da Universidade. Assim, para acessar 
o HeinOnline externamente, tem que configurar o navegador conforme o manual 
disponibilizado pela Faculdade de Direito,9 inserindo o login e a senha do minhaUFMG quando 
solicitado. Depois de configurado o navegador, a utilização do HeinOnline é semelhante a 
utilização das demais bases de dados apresentadas. 
 
2.4.2.4. JStor 
 
O JStor é um sistema online de arquivamento de periódicos acadêmicos fundado nos 
Estados Unidos, em 1995. O Acesso ao JSTOR é licenciado principalmente a bibliotecas e 
universidades. As instituições licenciadas podem disponibilizar o JSTOR para seus membros 
através da internet. Apesar da UFMG não ser assinante da base de dados JStor, esta base permite 
o acesso por meio de um login pessoal a parte do conteúdo disponível. Para se registrar no JStor, 
gratuitamente, é só acessar o site no link 
<https://www.jstor.org/action/registration?redirectUri=/?&loginSuccess=true>. O acesso 
gratuito não permite baixar os arquivos disponibilizados, mas é possível deixá-los armazenados 
na sua conta JStor, por um tempo determinado, sendo limitado o número de artigos que podem 
ser armazenados simultaneamente. 
 
2.4.3. Metodologias específicas. 
 
Entendida a revisão bibliográfica, alguns projetos de pesquisa exigem a utilização de 
metodologias específicas, a fim de tornar a atividade de busca pelo conhecimento mais precisa 
 
9
 O Manual para a configuração do navegador para a utilização externa do HeinOnline está disponível em: < 
http://www.direito.ufmg.br/images/stories/informatica/proxyufmg.pdf>. 
 
Pesquisa {30} 
e completa. Nesse sentido, podemos destacar quatro possíveis ferramentas de trabalho: a 
pesquisa jurisprudencial; a etnografia; a entrevista e história. 
 
2.4.3.1. Pesquisa Jurisprudencial 
 
Segundo Palma, Feferbaum e Pinheiro: “Ao se realizar uma pesquisa acadêmica de 
jurisprudência, busca-se identificar de qual modo um ou mais tribunais compreendem um 
instituto jurídico, revelando-se eventuais posições consolidadas, divergências entre diferentes 
órgãos, incoerências nos julgamentos etc. Não se trata apenas de selecionar os casos 
considerados mais importantes que reforcem uma tese jurídica. Ainda que esse tipo de uso 
estratégico da jurisprudência possa ser considerado válido nas atividades diárias da prática 
jurídica, não podemos utilizá-lo em trabalhos acadêmicos.”10 
No geral, qualquer problema jurídico pode ser considerado a partir de uma perspectiva 
jurisprudencial, sendo utilizada na análise tanto de decisões judiciais quanto de decisões 
administrativas. Nesse sentido,a pergunta fundamental é: “tendo em vista os objetivos da minha 
pesquisa, é útil examinar a jurisprudência?”11 
Desse modo, para que seja feita um boa pesquisa jurisprudencial, o estudante deve estar 
familiarizado com os instrumentos para realizar esta pesquisa, sendo estes, basicamente, quatro: 
“1) recortes jurisprudencias; 2) composição da amostra (pesquisa de jurisprudência em sites 
eletrônicos); 3) variáveis de pesquisa; e 4) organização dos dados coletados.”12 Além disso, a 
fim de se chegar a uma conclusão, por meio da pesquisa jurisprudencial, “a atividade de 
pesquisa, portanto, envolve a interpretação de dados levantados, o que significa a depuração 
das informações obtidas e sua redução a um conhecimento sintético o suficiente para que seja 
útil e manipulável. (...) A pesquisa de jurisprudência no escopo de um trabalho é, em si, um 
microssistema, uma pesquisa dentro da pesquisa. Daí que a apresentação de seus resultados 
deve vir acompanhada do método utilizado.”13 Assim, para a apresentação da pesquisa de 
jurisprudência, a investigação desta pode ser decomposta em três elementos básicos: 1) o 
método de pesquisa; 2) dados levantados; e 3) resultados obtidos.14 
 
10
 PALMA, J. B.; FEFERBAUM, M.; PINHEIRO, V. M. Meu trabalho precisa de Jurisprudência? Como posso 
utilizá-la?.In: QUEIROZ, R.M.R; FEFERBAUM, M. Metodologia Jurídica: um roteiro prático para trabalhos de 
conclusão de curso. São Paulo: Saraiva, 2012. 
11
 Ibid., p. 142. 
12
 Ibid., p. 143. 
13
 Ibid., p. 155. 
14
 Idem. 
 
Pesquisa {31} 
Por fim, podemos destacar quatro tipos principais de pesquisa jurisprudencial: 1) a 
análise temática e apresentação de linha de entendimento (“consiste no exame de conjunto de 
julgados sobre um determinado tema, geralmente com a proposta de compreender o 
entendimento do órgão julgador sobre o instituto estudado”);15 2) a análise dos elementos de 
decisão (concentra na análise da argumentação utilizada pelo orgão julgador, ou determinado 
julgador, para a tomada de decisão);16 3) análise da dinâmica institucional do órgão julgador (a 
partir dessa análise é possível depreender constatações sobre o funcionamento institucional do 
órgão julgador);17 e 4) a análise processual da jurisprudência (concentra nos aspectos 
processuais dos casos analisados).18 
 
2.4.3.2. Etnografia 
 
De maneira geral, considera-se que a etnografia, enquanto metodologia, provém da 
Antropologia,19 sendo, relativamente, pouco utilizado, ainda, na pesquisa jurídico acadêmica 
brasileira. A etnografia trata, assim, “do estudo, da descrição e da interpretação de povos ou 
grupos sociais através de suas falas, de seus atos e de seus comportamentos sociais. (...) na 
pesquisa etnográfica, o pesquisador deve se inserir no âmbito do grupo social estudado, 
passando a fazer parte deste, de forma a poder experimentar os fatos estudados, e, também, 
colher o maior número possível de informações por meio das mais variadas ferramentas de 
pesquisa, sempre com o objetivo de buscar as respostas que melhor representam a realidade 
social estudada.”20 
Um exemplo de utilização da Etnografia na pesquisa jurídica é o mencionado por Oliva: 
“Sinhoretto (2007) utiliza-se da etnografia para investigar “serviços de justiça nos Centros de 
Integração da Cidadania”, tendo como objetivo a realização de uma análise dos “rituais 
informais e formais de resolução de conflitos praticados por Polícia Civil, Ministério Público e 
Judiciário”, de modo a investigar a efetividade dessa forma de solução de conflitos integrados, 
 
15
 Ibid., p. 162. 
16
 Ibid., p. 165. 
17
 Ibid., p. 166. 
18
 Ibid., p. 167. 
19
 OLIVA, A. C. O Uso da Etnografia como Ferramenta para a Pesquisa Científica no Direito: Uma Possibilidade 
para o futuro da produção jurídico-científica brasileira. Revista do Curso de Direito, Aracaju, v. 4, n. 1, pp. 1-11, 
set. 2014. Disponível em: < http://app.fanese.edu.br/rd_direito/wp-content/uploads/2014/10/13-ETNOGRAFIA-
VERSA_O-FINAL-003-09-09-2014.pdf>. 
20
 Ibid., p. 5. 
 
Pesquisa {32} 
observando a diferenciação existente entre os tratamentos dos diversos ramos de serviços 
públicos lá disponíveis.”21 
Um outro nome que se dá para essa metodologia, e que deixa transparecer com muita 
clareza seu sentido, é o de “observação participante”: o pesquisador deve sair de sua redoma e 
ir à realidade para conhecê-la por dentro. Insere-se em um círculo social de interesse e, 
conversando com as pessoas, observando a dinâmica social e presenciando seus 
comportamentos, será mais capaz de reconstruir os modos de ação das pessoas e como estes 
são influenciados por certos conjuntos de ideias. A etnografia é, portanto, uma boa maneira de 
entender como o direito funciona “na prática”, nos fóruns, na atividade policial, dentre outros 
locais. 
 
2.4.3.3. Entrevista 
 
Segundo Ribeiro e Vilarouca, “A entrevista é um técnica de pesquisa social que procura, 
a partir da interação mais ou menos formal entre duas pessoas, produzir informações sobre 
determinados tópicos de investigação.”22 Assim, o método de entrevista deve ser utilizado 
sempre que se queira ter um ponto de vista mais aprofundado sobre um tema ou quando o 
pesquisador tenha um conhecimento prévio sobre este, possibilitando, por exemplo, a 
reformulação ou formulação de teorias ou o a verificação de hipóteses. “Outras vezes, a 
pesquisa qualitativa pode ser utilizada como forma complementar em pesquisas de opinião, 
tanto na elaboração de questionários quanto na fase final de interpretação de dados quando, por 
exemplo, podemos observar uma alta correlação entre dois fenômenos sem necessariamente 
compreendermos os mecanismos causais em operação.”23 
“É importante salientar que as entrevistas não se destinam a coletar dados, mas a 
produzi-los.”24 Ou seja, o sujeito (entrevistado) interfere na construção da observação do objeto 
de estudo, bem como a interação entre entrevistador e entrevistado. Além disso, o método de 
entrevista pode ser, basicamente, dividido em quantitativo e qualitativo. Segundo Ribeiro e 
Vilarouca: “(...) o entendimento “moderno” do problema é que “quantitativo” e “qualitativo” 
designam técnicas de análise de dados que, embora diferentes, podem ser combinadas para 
 
21
 Ibid., p. 8. 
22
 RIBEIRO, L. M. L; VILAROUCA, M. G. Quando devo fazer pesquisa por meio de entrevista, e como fazer. In: 
QUEIROZ, R.M.R; FEFERBAUM, M. Metodologia Jurídica: um roteiro prático para trabalhos de conclusão de 
curso. São Paulo: Saraiva, 2012. 
23
 Ibid., p. 215. 
24
 Idem. 
 
Pesquisa {33} 
produzir respostas mais completas para nossas questões. Logo, o que dá caráter qualitativo ou 
quantitativo não é necessariamente o recurso de que se fará uso para a coleta de informações, 
mas o referencial teórico/metodológico utilizado para a análise do material coletado (DUARTE, 
2004).”25 
Desse modo, um tipo específico de entrevista que vale a menção são os surveys 
(entrevitas estruturadas), que são pesquisas que envolvem métodos de pesquisa e análise 
quantitativa, apresentando uma estruturação mais rígida e padronizada (questionários) e 
permitindo um grau de inferência e generalização dos resultados maior que do método de 
entrevista qualitativo. Segundo os autores: “A escolha entre métodos quantitativos e 
qualitativos, por sua vez, depende primordialmente da definição do objetivo da pesquisa e das 
questões que se procura responder.”26 
Outro tipo específico de entrevista é a semiestruturada que é caracterizada por perguntas 
abertas, organizadas em uma ordem específica, mas que não impedem que o entrevistador 
acrescente perguntas de “esclarecimento”, sendo mais flexíveisquanto as possibilidades de 
resposta que as entrevistas tipo survey. Além da entrevista semiestruturada, há a entrevista 
aberta. “Nesse caso, o pesquisador apenas introduz o tema e o entrevistado tem a liberdade de 
discorrer sobre ele. Por isso, diz-se que esta é a entrevista que amplia o papel do entrevistado, 
já que é ele quem “dirige” a entrevista.”27 Há, ainda, a entrevista de história de vida que 
“consiste em uma série de perguntas a partir das quais o pesquisador conduz o entrevistado a 
contar, de seu modo, sua vida ou um evento que presenciou ou participou.”28 
“Logo, para escolher que tipo de entrevista é a mais apropriada, deve-se levar em 
consideração o grau de conhecimento anterior do problema (entrevistas abertas são mais 
adequadas para temas ainda pouco explorados do que entrevistas estruturadas), os atores 
relevantes para a compreensão do problema (se vários, é sempre mais indicado utilizar as 
entrevistas semiestruturadas com perguntas fechadas e algumas abertas do que entrevistas 
semiestruturadas com perguntas fechadas e algumas abertas do que entrevistas de história de 
vida, em que o entrevistado discorre longamente sobre suas vivências) e quanto à necessidade 
de generalização dos resultados (entrevistas estruturadas são sempre mais adequadas para se 
 
25
 Ibid., p. 217. 
26
 Ibid., p. 214. 
27
 Ibid., p. 221. 
28
 Ibid., p. 223. 
 
Pesquisa {34} 
comparar a representatividade das opiniões dos diversos grupos socioeconômicos em relação à 
população estudada).”29 
 
2.4.3.4. História 
 
Como afirma Thiago dos Santos Acca, “a história é usada de forma pouco rigorosa nas 
pesquisas jurídicas no Brasil. No entanto, isso não significa que uma formação em história seja 
imprescindível para elaborar um trabalho com um bom diálogo entre direito e história. Alguns 
cuidados metodológicos básicos são suficientes para agregar qualidade na pesquisa”.30 Desse 
modo, nem todos os trabalhos acadêmicos necessitam de uma parte histórica e, mesmo aqueles 
que necessitam, não é necessário fazer um apanhado histórico muito geral, o ideal, na verdade, 
é que seja feito um recorte temporal adequado a seu tema e ao problema de pesquisa posto. As 
duas perguntas fundamentais que o pesquisador deve responder para uma boa utilização dessa 
metodologia específica são: “há algum ganho substancial para o meu trabalho caso fatos 
históricos sejam nele inseridos?”31 e “ao inserir uma visão histórica, o que pretendo agregar em 
meu trabalho?”.32 
As possibilidades mais comuns para a inclusão de uma parte histórica em um trabalho 
acadêmico são: “1) compreensão mais adequada do problema de pesquisa; 2) circunstâncias 
históricas que vão ilustrar ou reforçar a argumentação; e 3) contextualização do debate referente 
ao tema escolhido.”33 
Ao optar por uma abordagem histórica, para se ter uma interdisciplinariedade frutífera, 
é necessário ter uma noção básica de metodologia de história. Segundo o autor: “Assim, saliento 
que não se podem pesquisar fatos históricos sem compreendê-los minimamente a partir dos 
problemas enfrentados pela sociedade investigada. É importante que sejam estudados sem 
preconceitos, nostalgia, caricatura para basear-nos unicamente nas fontes e nas interpretações 
de autores que se voltam para o estudo aprofundado da história e da história do direito.”34 Outra 
preocupação que o pesquisador deve ter é em relação a utilização das fontes históricas. Caso o 
 
29
 Idem. Para mais informações sobre como se realiza e interpreta os dados coletados por meio de entrevistas, 
consulte: RIBEIRO, L. M. L; VILAROUCA, M. G. Quando devo fazer pesquisa por meio de entrevista, e como 
fazer. In: QUEIROZ, R.M.R; FEFERBAUM, M. Metodologia Jurídica: um roteiro prático para trabalhos de 
conclusão de curso. São Paulo: Saraiva, 2012. 
30
 ACCA, T. S. Como sei se um Trabalho Acadêmico precisa de uma Parte Histórica? Quando posso usá-la para 
auxiliar na construção do meu trabalho?.In: QUEIROZ, R.M.R; FEFERBAUM, M. Metodologia Jurídica: um 
roteiro prático para trabalhos de conclusão de curso. São Paulo: Saraiva, 2012. 
31
 Ibid, p. 120. 
32
 Ibid, p. 107. 
33
 Idem. 
34
 Ibid, p. 118. 
 
Pesquisa {35} 
pesquisador possua um conhecimento mínimo sobre o tema histórico ao qual pretende se 
dedicar, este deve começar a examinar obras mais gerais sobre história do direito ou mesmo 
obras mais gerais sobre um determinado tema de história do direito.35 Caso o pesquisador não 
possua nenhum conhecimento sobre o tema histórico ao qual pretende se dedicar, este deve 
adquirir primeiro um conhecimento básico de história, para depois passar a leitura de temas 
específicos ou gerais de história do direito.36 
Por fim, segundo Acca: “O desenvolvimento da leitura atenta e crítica dos textos é 
essencial para quem se possa progredir metodologicamente. Um fator importante de 
aprendizagem é a realização de uma leitura ativa da doutrina, da jurisprudência ou da legislação 
que servirá como alicerce para a produção de um trabalho acadêmico. Não basta ler os textos, 
é preciso efetivamente estudá-los.”37 
 
2.4.4. Algumas indicações bibliográficas. 
 
Além das bases de dados indicadas, há outros institutos, centros de pesquisa, bancos de 
dados e periódicos com publicações online, alguns de acesso gratuito, outros de acesso pago. 
Dentre eles podemos citar: 
- CPS/FGV: <cps.fgv.br/pt-br/banco-de-dados>; 
- CPDOC: <cpdoc.fgv.br>; 
- Revista Brasileira de Estudos Políticos: <www.pos.direito.ufmg.br/rbep/index.php/rbep>; 
- Revista da Faculdade de Direito UFMG: <www.direito.ufmg.br/revista/index.php/revista>; 
- CES (Universidade de Coimbra): <www.ces.uc.pt>; 
- IPEA: <www.ipea.gov.br/portal>; 
-IBGE: <www.ibge.gov.br/home>; 
- Sisgênero: <http://sisgenero.spmulheres.gov.br/web/>; 
- OMC: <https://www.wto.org/>; 
- OMS: <http://www.who.int/en/>; 
- OIT: <http://www.ilo.org/brasilia/lang--pt/index.htm>; 
- OCDE: <http://www.oecd.org/fr/>; 
- FMI: <http://www.imf.org>; 
- BID: <http://www.iadb.org>: 
 
35
 Ibid, p. 119. 
36
 Idem. 
37
 Ibid, p. 111. 
 
Pesquisa {36} 
- CIDH: <http://www.corteidh.or.cr/index.php/en>; 
- CIJ: <http://www.icj-cij.org/>; 
- Conselho Nacional de Justiça (CNJ): <www.cnj.jus.br>; 
- Supremo Tribunal Federal (STF): <www.stf.jus.br>; 
- Superior Tribunal de Justiça (STJ): <http://www.stj.jus.br/portal/site/STJ>; 
- Tribunal de Justiça de Minas Gerais: <http://www.tjmg.jus.br/portal/>; 
- Senado Federal: <www.senado.gov.br/biblioteca>; 
- Câmara dos Deputados: <www2.camara.gov.br/atividade-legislativa/legislacao>; 
- Presidência da República: <www4.planalto.gov.br/legislacao>; 
- Ministério da Justiça (SAL): <portal.mj.gov.br>; 
- Ministério das Relações Exteriores: <www2.mre.gov.br/dai/Home.htm>; 
- Nações Unidas: <www.un.org>; 
- Tribunal de Contas da União: <portal2.tcu.gov.br/portal>; 
- ANATEL: <www.anatel.gov.br>; 
- CADE: <www.cade.gov.br>; 
- Bibliotecas USP (Dedalus): <http://www.direito.usp.br/biblifd/>; 
- Bibliotaca UFMG: <https://www.bu.ufmg.br/bu/index.php/base-de-dados/catalogo-online>; 
- Bibliotecas FGV: <http://sistema.bibliotecas.fgv.br/>; 
- Biblioteca Digital FGV: <http://bibliotecadigital.fgv.br/dspace>; 
- UFRJ: <http://www.bibliotexas.ufrj.br/direito>; 
- UFRS: <http://sabi.ufrgs.br>; 
- Harvard Law Review (Pago): <http://www.harvardlawreview.org/index.php>; 
- Oxford Journal of Legal Studies (Pago): <http://ojls.oxfordjournals.org/>; 
- The Yale Law Journal (Pago): <http://www.yalelawjournal.org/>; 
- Revista de Informação Legislativa: <http://www2.senado.leg.br/bdsf/item/id/22>; 
- Revista Direito GV: <http://direitosp.fgv.br/publicacoes/revista/revista-direito-gv>; 
- Boston UniversityLaw Review (Pago): <http://www.bu.edu/law>; 
- Journal of International Economic Law: <http://jiel.oxfordjournals.org/>. 
 Por fim, para quem quiser se aprofundar mais em questão de metodologia da pesquisa, 
há algumas obras nacionais e estrangeitas de relevo que podem fornecer indicações preciosas. 
Entre elas, encontram-se Como se Faz uma Tese, de Umberto Eco, autor italiano recentemente 
falecido; Como (Não) Se Faz um Trabalho de Conclusão: Provocações Úteis para 
Orientadores e Estudantes de Direito, de Salo de Carvalho, professor gaúcho de direito penal; 
e Metodologia jurídica: um roteiro prático para trabalhos de conclusão de curso, de Rafael 
 
Pesquisa {37} 
Mafei Rabelo de Queiroz, historiador do direito paulista. Cabe, no entanto, ressaltar que esses 
livros fornecem algumas indicações, trazem provocações e apontam caminhos que podem ser 
seguidos. Mas jamais poderão ser tomados como manuais no sentido estrito, em cujo seio 
estariam instruções perfeitamente adequadas à vivência. O caminho da pesquisa é, sobretudo, 
o da resolução de problemas imprevistos, o que significa que a criatividade é imprescindível 
nesses momentos; e, se a ciência se pretende efetivamente um (re)pensar crítico do mundo, não 
é pelo caminho das formas prontas que se construirá um direito efetivamente capaz de 
transformar a realidade. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Pesquisa {38} 
3 - Como Faço Para Publicar? 
 
A ciência é, antes de mais nada, um empreendimento coletivo; o estereótipo popular do 
“cientista maluco”, identificado como um senhor idoso e isolado, não corresponde, de forma 
alguma, às mais monernas concepções e às necessidades prementdes da produção do 
conhecimento. Com o crescimento gigantesco dos dados produzidos e a ampliação do espectro 
de indivíduos dedicados à criação do saber, gesta-se uma hiperespecialização em todos os 
campos do conhecimento, de modo que ninguém é mais capaz de poder falar sobre todos os 
aspectos relevantes de uma determinada área com propriedade; de fato, a velocidade com que 
as informações são geradas e circulam impossibilitam que qualquer um esteja satisfatoriamente 
informado sobre o estado da arte de toda uma disciplina. 
Por si só, essa constatação já seria suficiente para que se percebesse a necessidade 
incontronável de colaboração cerrada entre aqueles que trabalham em um campo específico do 
saber, mas há mais: ao se pensar em equipe, é mais fácil testar e refinar as ideias, e a discussão 
é talvez o meio mais eficaz de se colocar a prova uma determinada ideia; e isso não só na fase 
de apresentação aos pares, mas mesmo na própria fase de produção mais básica do 
conhecimento e na construção das ideias. A pesquisa – principalmente nas ciências naturais, 
com suas grandes equipes de laboratório, mas também nas humanas – é produzida nos melhores 
centros sempre em uma perspectiva dialogada, coletiva, por meio de grandes equipes: 
orientadores, pós-graduandos, estudantes de iniciação científica, dentro de uma universidade; 
ou redes de colaboração, entre várias instituições. 
É imprescindível, então, que as ideias, opiniões e propostas circulem da forma mais 
rápida e ampla possível, possibilitando a crítica e, também, que as conclusões e métodos 
empregados por alguém sirvam de base ou mesmo de inspiração para que outra pessoa promova 
um projeto análogo, ou que avance nos resultados obtidos pela pesquisa anterior. 
O momento de comunicação dos trabalhos produzidos pelos cientistas é, então, uma das 
fases mais importantes no processo de construção – sempre e indispensavelmente coletiva – do 
saber. A seguir, apresentamos, de forma resumida, como os resultados de pesquisa costumam 
circular, e de que formas os estudantes iniciantes podem publicisar os seus trabalhos. 
Esperamos também que estas informações possam servir de base para a escolha do local 
de publicação de seu trabalho. Nesse momento, é importante conhecer bem tanto o seu trabalho 
como as revistas disponíveis, de modo a perceber em que medida o seu texto se amolda ao 
veículo no qual ela aparecerá. O importante aqui é perceber que, como mecanismo de 
 
Pesquisa {39} 
comunicação que é, o artigo científico deverá aparecer no lugar que melhor facilite o seu acesso 
ao público-alvo pretendido; desta forma, também é relevante a definição deste. 
Assim, revistas publicadas na internet têm mais divulgação que as impressas; as de 
acesso aberto, que as pagas; as indexadas em bases de dado, que as que não, e assim por diante. 
As com tema específico tendema atrair indivíduos com pré-disposição por aquela área, 
aumentando, também, a chance de se alcançar os especialistas. Todos esses fatores também 
devem ser levados em conta. Além disso, a boa avaliação por instituições, como a CAPES, 
pode contribuir para aumentar a fama e, portanto, o universo de pessoas atingidas por um 
periódico. 
Além disso, cada revista tem um tempo distitno para processamento dos manuscritos, 
publicação dos númerso, dentre outras questões administrativas. Todas essas questões, quando 
confrontadas com o objetivo almejado com o artigo (influir na prática forense; ampliar uma 
discussão acadêmica; fazer revisão de literatura; conseguir pontos para um processo seletivo, 
etc.) devem ser ser levadas em conta no momento de se escolher qual deve ser o periódico para 
o que se submeterá um manuscrito. A análise deve considerar tanto a revista em particular 
quanto o trabalho escrito, de modo que os dados aqui apresentados pretendem apenas dar 
noções gerais para que cada um senha possibilidade de, munido desses recursos, decidir quais 
revistas estão mais de acordo com as particularidades de seus textos. 
 
3.1. Revistas científicas. 
 
O principal meio de divulgação de pesquisas finalizadas são as revistas científicas. Estas 
são publicações periódicas, normalmente saindo com frequência semestral, mas podendo ser 
também anuais, ou então trimestrais, bimestrais, etc. Existe uma série de critérios desenvolvidos 
pela CAPES (Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior, do Ministério da 
Educação, que vai ser trabalhada com maior rigor mais à frente) para definir o que pode ser 
considerado uma revista científica. São eles: editor responsável; conselho editorial; número de 
ISSN; avaliação por pares; periodicidade mínima anual; dentre outros. 
É importante conhecer os periódicos acadêmicos, tendo-se em vista que boa parte dos 
resultados de pesquisa são divulgados por esse meio; eventualmente, aqueles trabalhos de maior 
fôlego e com duração mais alongada se transformam em livros, mas o trato de questões mais 
pontuais, e que constituem o gosso do conhecimento acaba indo para as revistas. Também há 
os capítulos de livros coletivos, os quais têm características mais próximas dos artigos; mas há 
 
Pesquisa {40} 
uma movimentação da CAPES no sentido de diminuir a importância desse veículo, haja visto 
que eles não costumam ser disponibilizados online e tem circulação bem mais restrita. 
Com o advento da internet, boa parte dos periódicos brasileiros passou a ser publicada 
por meio da rede, e a não ser impressa: isso economiza os custos, em um primeiro momento, e 
amplia a capacidade e velocidade de difusão da informação, já que qualquer pessoa com acesso 
ao mundo virtual passa a poder assinar a revista, e não se precisa mais esperar a impressão e 
envio por correio do periódico para que os pesquisadores tenham acesso a eles. Quando 
disponibilizados online, as revistas acadêmicas tanto podem ser acessadas por via de 
pagamento, quanto de modo gratuito, no que se convencionou chamar de modelo open access. 
Neste, qualquer leitor pode ler os trabalhos sem custo algum, democratizando-se, assim, o 
acesso à ciência, já que não existem mais restrições quanto a valores

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