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NEOCLASSICISMO PORTUGUES

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UNIVERSIDADE ESTADUAL DE GOIÁS
CÂMPUS JUSSARA
LICENCIATURA EM LETRAS- PORTUGUÊS/INGLÊS E RESPECTIVAS
LITERATURAS
NEOCLASSICISMO PORTUGUÊS
ACADÊMICOS:
Miguel Angel Chaves Marin.
Valni Borges M. de Oliveira.
ORIENTADOR:
Professor Me. Evandro Rosa de Araujo
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NEOCLASSICISMO
 Foi um movimento cultural nascido na Europa em meados do século XVIII, que teve larga influência em toda a arte e cultura do ocidente até meados do século XIX. Teve como base os ideais do Iluminismo e seu objetivo principal era resgatar os valores estéticos e culturais das civilizações da Antiguidade Clássica (Grécia e Roma). Advogando os princípios da moderação, equilíbrio e idealismo como uma reacção contra os excessos decorativos e dramáticos do Barroco e Rococó. Nas duas últimas décadas do século XVIII e nas três primeiras do século XIX, uma nova tendência estética predominou nas criações dos artistas europeus. Trata-se do Neoclassicismo (neo = novo), que expressou os valores próprios de uma nova e fortalecida burguesia, que assumiu a direcção da Sociedade europeia após a Revolução Francesa e principalmente com o Império de Napoleão. 
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O APARECIMENTO DO NEOCLASSICISMO SE DEVE:
Pela descoberta das ruinas de Pompeia e Herculano (1719).
Pelas campanhas napoleónicas do Egito (1798-99), durante as quais recolheu espolio artístico e arqueológico que se encontram atualmente em museus de Paris, Londres e Berlim.
Pelo desenvolvimento das ciências – historia e arqueologia.
Artistas, eruditos, colecionadores e viajantes (desde o século XVII).
Países de início: França e Inglaterra alcançando apogeu por toda Europa.
Em Portugal iniciou se após o Grande Terremoto de 1775 que devastou Portugal.
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DEFINIÇÕES
Movimento cultural: É uma mudança ou ruptura no modo vigente de se produzir arte. A linha de transição entre os movimentos ao longo da história, raramente é perceptível. Normalmente, as mudanças se processam de forma suave e inconsciente. 
Iluminismo: Movimento intelectual do S.XVIII, caracterizado pela centralidade da ciência e da racionalidade crítica no questionamento filosófico, o que implica recusa a todas as formas de dogmatismo, esp. o das doutrinas políticas e religiosas tradicionais; Filosofia das Luzes, Ilustração, Esclarecimento, Século das Luzes.
Barroco: É o nome dado ao estilo artístico que floresceu entre o final do século XVI e meados do século XVIII, inicialmente na Itália, difundindo-se em seguida pelos países católicos da Europa e da América, antes de atingir, em uma forma modificada, as áreas protestantes e alguns pontos do Oriente. 
Rococó: É um estilo artístico que se desenvolveu na Europa no século XVIII. Surgiu em 1700, na cidade de Paris, buscando a sutileza em contraposição aos excessos e suntuosidades do Barroco. Espalhou-se pela Europa no século XVIII e chegou à América em meados deste século. 
Suntuosidade: Caráter daquilo que é suntuoso; luxo extraordinário, magnificência.
Pompeia: Foi outrora uma cidade do Império Romano situada a 22 km da cidade de Nápoles, na Itália, no território do atual município de Pompeia. A antiga cidade foi destruída durante uma grande erupção do vulcão Vesúvio em 79, que provocou uma intensa chuva de cinzas que sepultou completamente a cidade. 
Herculano: Era uma antiga cidade romana na região italiana da Campânia, província de Nápoles . Ficou muito conhecida por ter sido conservada, junto com a cidade de Pompeia, depois de ter sido soterrada pela cinzas da erupção do vulcão Vesúvio em79 d.C. 
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CARACTERÍSTICAS PRINCIPAIS
DO NEOCLASSICISMO
Valorização de temas e padrões estéticos da arte clássica antiga. Hérois e seres da mitología Grega, por exemplo, foram temas recorrentes nas pinturas e esculturas neoclássicas.
Forte influência das ideias filosóficas do Iluminismo, principalmente ligadas à razão.
Na pintura, o uso de cores frias e a valorização da perspectiva foram recursos muito utilizados.
Valorização da simplicidade e pureza estética ( principalmente na pintura) em contrastes com os rebuscamentos, dramaticidades e complexidades do Barroco e Rococó.
Na Literatura, os textos apresentam como características principais a síntese, clareza e perfeição gramática.
Na escultura, forte influência das formas clássica do Renascimento. Ao contrário dos escultores barrocos, que pintavam suas obras, os artistas neoclássicos optaram pela cor branca natural do mármore ( como os escultores gregos e romanos).
 
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INTRODUÇÃO AO NEOCLASSICISMO EM PORTUGAL (PORTUGUÊS)
O Neoclassicismo português surgiu em Portugal no último quartel do século XVIII.
Começou por ter uma maior expressão no Porto e só depois se estendeu para Lisboa.
Prolongou-se até metade do século XIX, tendo, em alguns casos, chegado até ao século XX. 
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Aspectos historicos neoclassicismo português
Devido ao fator de um surgimento numa época muito conturbada, o Neoclassicismo em Portugal desenvolve-se de modo muito próprio, debatendo-se com problemas de ordem artística e econômica, impondo uma periodização diferente do resto da Europa.
Assiste-se muito cedo ao desenvolvimento de uma arquitetura pré-clássica, que permanece durante todo o final do século XVIII.  
Na segunda metade do século, um pouco mais tarde que no resto da Europa, surge, principalmente em Lisboa e Porto, oNeoclassicismo, para, no início do século XIX, se assistir a uma quase paragem dos programas artísticos. 
Este facto deve-se à grande instabilidade provocada por uma sucessão de acontecimentos avassaladores para o país, nomeadamente a fuga da família real para o Brasil em 1807 (facto de importância fundamental para os dois países), invasões francesas, posterior/consequente domínio inglês, revolução liberal em 1820, regresso da família real em 1821, independência do Brasil  e a perda do comércio colonial em 1822.  
Pouco depois ocorre a contra revolução absolutista, originando as guerras liberais, o que mantém a instabilidade até 1834, permitindo o normal desenvolvimento artístico e econômico apenas quase a meio do século. Em face do exposto não é de admirar que o estilo permaneça, a par doRomantismo, até ao início do século XX. 
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Antecedentes - Pombalino
Enquanto a Europa assiste ao surgimento do gosto neoclássico, durante a segunda metade do século XVIII, Portugal tenta recuperar do catastróficoterramoto de 1755, durante o reinado de D. José , criando a arquitetura pombalina, o que condiciona, logo à partida, o normal desenvolvimento doNeoclassicismo em Portugal. 
A arquitetura pombalina é um sistema de construção pré-fabricado anti-sísmico, o primeiro utilizado em grande escala, que serve para reconstruir a arrasada cidade de Lisboa. Muito moderno para a época, segue a arquitecturaRococó, retirando toda a decoração, e impondo uma sobriedade claramente de influência clássica. 
Enquanto na Europa os edifícios perdem gradualmente decoração, até se começar a impor os modelos clássicos, em Portugal desenvolve-se uma arquitectura elegantemente sóbria, ainda sem ordens arquitectónicas clássicas, mas já com uma racionalidade pré-clássica, submetendo tudo à funcionalidade, fazendo um corte real com a fortíssima tradição do Barroco e mesmo do Rococó.  
O principal exemplo talvez seja a Igreja dos Mártires, em pleno centro de Lisboa, ainda com decoração Rococó nas portas e janelas, mas com um esquema clássico visível nas pilastras e frontão triangular que dominam os três corpos simulados. 
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 Basílica de Nossa Senhora dos Mártires 
Estilo dominante o Barroco e neoclassico.
Reinaldo Manuel dos Santos.
Cidade: Lisboa.
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ARTES NEOCLASSICAS PORTUGUESAS
Pintura.
Arquitetura.
Outras artes.
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PINTURA
O contraste claro escuro é acentuado, o desenho rigoroso e a cor pouco expressiva, sugerindo um ambiente austero, reforçando a ideia de simplicidade, por sua vez baseada numa composição com linhas dominantes horizontais e verticais, sem esquemas dinamicos, transmitindo a ideia de severidade pretendida.
De uma forma geral caracterizou-se pela exaltação de elementos mitológicos ou pela celebração de Napoleão. As figuras pareciam fazer parte de uma encenação teatral e eram desenhadas numa posição fixa, como que interrompidas no meio de uma solene representação. Na pureza das linhas e na simplificação da composição, buscava-se uma beleza deliberadamente estatuária. Os contornos eram claros e bem delineados, as cores, puras e realistas e a iluminação límpida.
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CARACTERÍSTICAS PINTURA DA NEOCLASSICA EM PORTUGAL
A pintura neoclássica em Portugal segue, como as outras formas artísticas, a corrente internacional. É, de novo, condicionada pelas particularidades da complicada situação nacional, dividindo-se entre vários artistas portugueses e estrangeiros. Utiliza temáticas variadas, desde a pintura de história até à paisagem, passando por cenas pitorescas, mitologia e religião. Entre outros destacam-se Vieira Portuense e Domingos António Sequeira, também conhecido por Domingos Sequeira, como figuras dominantes. Merecem, no entanto, referencia outros artistas: 
António Manuel da Fonseca (1796 - 1890)– conheceu algum destaque durante a sua vida, chegando a participar nas exposições universais do fim do século XIX. Pintor de história e mitologia é actualmente associado à monumental obraEneias salvando o seu pai do incêndio de Troia, sua obra-prima, e uma das grandes obras do classicismo português. Ensinou pintura de história durante cerca de 30 anos na Academia de Belas- Artes de Lisboa.
Nicolas Delerive (1755 - 1818)– Artista francês que se destacou na pintura pitoresca, de ascendência espanhola.
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Artistas destacados
Francisco Vieira de Matos: Mais conhecido por Vieira Portuense, por ser natural da cidade do Porto, filho de um comerciante que fazia pintura nos tempos livres, nasce em 1765. Pouco se sabe da sua juventude, mas é provavel que se tenha destacado logo desde o início dos seus estudos, ainda no Porto. Aprende com o pai os rudimentos da pintura, desenvolvendo posteriormente a técnica com João Glama Ströberle e Jean Pillement, quando este fez prolongada estadia na cidade cerca de 1782. A sua obra é muito interessante, participando no que de mais moderno se fazia na Europa e com a qualidade dos grandes pintores internacionais. Faz a transição entre o Rococó e Neoclassicismo, modernizando a pintura portuguesa e impulsionando a pintura de história em Portugal. 
Domingos António Sequeira: Nasceu em Lisboa em 1768, mostrando logo um talento invulgar, primeiro na Aula de Desenho da Casa Pia de Lisboa e depois com pintores locais. Em 1788 é enviado para Roma, onde termina os estudos de pintura, acabando por ser eleito "Académico de Mérito" em 1792. Viaja por Itália, pinta por encomenda e em 1795 regressa a Portugal. Em 1802 é nomeado Primeiro Pintor da Câmara e da Corte e Professor de desenho das princesas, um ano antes de Vieira Portuense. Em 1805 é nomeado Director da Aula de Desenho do Porto. Com a fuga da família real para o Brasil devido às invasões francesas, inicia-se um período de grande instabilidade, um pouco semelhante ao que Goya iria viver em Espanha, sendo obrigado a pintar sucessivamente para os invasores franceses e posteriormente para os ingleses, que supostamente vieram libertar o país. 
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ANTONIO MANUEL DA FANSECA
Eneias Salvando seu Pai Anquises do Incêndio de Tróia (1855). 
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Nicolas Delerive
Retrato equestre de D. João VI 
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Francisco Vieira de Matos
Cabeça de velho (assinada e datada (1793)
Óleo sobre tela - 44 x 31 cm
Colecção da "Galleria Nazionale" de Parma.
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Domingos António Sequeira
Junot Protegendo A Cidade De Lisboa
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ARQUITETURA
Considera-se que em termos internacionais o Neoclassicismo surge entre 1750 e 1760, enquanto em Portugal, pelas razões apresentadas em cima, se começa a desenvolver durante a década de 1770, com a construção do Picadeiro Real (actual Museu Nacional dos Coches), em Lisboa, e Hospital de Santo António no Porto. 
Enquanto a Europa assiste ao surgimento do gosto neoclássico, durante a segunda metade do século XVIII, Portugal tenta recuperar do catastróficoterramoto de 1755, durante o reinado de D. José , inventando a arquitectura pombalina, o que condiciona, logo à partida, o normal desenvolvimento doNeoclassicismo em Portugal. 
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CARACTERÍSTICAS DA ARQUITETURA
Na arquitetura percebemos melhor ideais que se desenvolveram por toda Europa. De uma forma geral, foi marcada pela simplicidade, sendo que, em alguns casos, observa-se uma nítida influência romana, com as obras marcadas pela severidade e monumentalidade, destacando-se características da antiga produção grega, fortemente revisitada neste período.
Harmonia e Equilíbrio;
Materiais nobres – pedra, mármore, granito, madeiras;
Sistemas construtivos simples;
Formas regulares, geométricas e simétricas;
Arcos arredondados e abóbadas;
Uso de cúpulas, com frequência marcadas pela monumentalidade;
Espaços interiores organizados segundo critérios geométricos e formais de grande racionalidade.
A decoração recorreu a elementos estruturais com formas clássicas, à pintura mural e ao relevo em estuque.
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 Nicola Salvie, Luigi Vanvitelli 
Capela de São João Batistana igreja de São Roque de Lisboa.
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Guilherme Elsden 
Museo da Universidade de coimbra , construído entre 1773 e 1774. 
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John Carr
Hospital de Santo António, no Porto, foi construído para ser o hospital da Misericórdia, nos terrenos vagos fora da cidade. 
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Fortunato lodi
Em Lisboa foi construído bem no centro de Lisboa, mais concretamente no Rossio (a segunda praça mais importante da cidade e seu coração).
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Outras artes(artes decorativas)
Talha: A talha é rara, porque foram construídas poucas igrejas nesta época, mas não deixa de ser interessante a sua adaptação a modelos clássicos de inspiração romana. Abandona a cobertura dourada dos estilos anteriores, assumindo a sobriedade e simplicidade através da cor branca, como na arquitectura clássica. A ausência de decoração e total sobriedade são, no mínimo, desconcertantes, essencialmente por estarmos habituados à sumptuosidade dourada barroca e rococò. 
Azulejo: O azulejo é mais abundante e desenvolve-se principalmente durante o reinado de D. Maria I, abrangendo essencialmente o primeiro Neoclassicismo, mas existem, ainda, alguns bons exemplos do início do século XIX. Apesar de ser uma forma decorativa tipicamente portuguesa, soube adaptar-se ao espírito da época e às formas decorativas de origem clássica. Esta facilidade de adaptação deve-se, principalmente, às semelhanças existentes entre a técnica do azulejo e a pintura mural de Herculano e Pompeia, principais fontes inspiradoras dos motivos utilizados, bem como a fácil adaptação dos motivos decorativos. 
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Talha
É um museu situado na freguesia portuguesa deSanta Maria de Belém no concelho de Lisboa, mais precisamente, na ala oeste do Mosteiro dos Jerónimos. É um dos mais importantes, reconhecidos e visitados de Portugal.
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Azulejo
A Poesia (Pompéia) Pintura mural.
Semelhanças existentes entre a técnica do azulejo e a pintura mural de Pompeia.
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Principais escritores do neoclassicismo português
Francisco José Freire (1719-1773) — pseudônimo arcádico: Cândido Lusitano. Foi o grande teórico do Arcadismo português. Obras: Arte poética, Reflexões sobre a língua portuguesa, Dicionário poético.
Antônio Dinis da Cruz e Silva (1731-1799) — pseudônimo arcádico: Elpino Nonacriense. Fundador da Arcádia Lusitana, esteve no Brasil como juiz no inquérito da Inconfidência Mineira. Obras: Poesias (6 volumes), que incluem as Metamorfoses e o poema herói-cômico O hissope. Nos poemas escritos no Brasil, o autor antecipa a mitificação romântica da natureza brasileira.
Antônio Correia Garção (1724-1772) — pseudônimo arcádico: Córidon Erimateu. Obras: Obras poéticas, Dis­cursos académicos, Assembleia ou partida (comédia).
Domingos dos Reis Quita (1728-1770) — pseudônimo arcádico: Alcino Micênio.
Considerado o melhor poeta lírico da Arcádia Lusitana. Obras: Obras poéticas. 
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Domingos Caldas Barbosa (1740-1800) — pseudônimo arcádico: Lereno Selinuntino. Brasileiro nascido no Rio de Janeiro, mudou-se para Portugal em 1770. Obra: Viola de Lereno. Suas quadrinhas, modinhas e lundus, de caráter popular, contrastam com o rigor formal e erudito da poesia neoclássica.
Marquesa de Alorna (1750-1839) — Aos 8 anos, seus pais e avós, envolvidos na tentativa de assassinato de D. José I, foram condenados à prisão. Desde então, por dezenove anos, foi encerrada com sua mãe no convento de Cheias. Posteriormente, casou-se com um nobre alemão e morou dez anos no estrangeiro. Retornando a Portugal em 1793, fundou a Sociedade da Rosa, com o objetivo de combater a ameaça napoleônica. Em consequência, foi exilada na Inglaterra, onde viveu de 1803 a 1814.0 último período de sua vida foi dedicado à divulgação das ideias estéticas do Romantismo.
Manuel Maria Barbosa du Bocage (Manuel Maria de Barbosa l'Hedois du Bocage) (Setúbal, 15 de Setembro de 1765 – Lisboa, 21 de Dezembro de 1805) foi um poeta português e, possivelmente, o maior representante do arcadismo lusitano. Embora ícone deste movimento literário, é uma figura inserida num período de transição do estilo clássico para o estilo romântico que terá forte presença na literatura portuguesa do século XIX. Era primo em segundo grau do zoólogo José Vicente Barbosa du Bocage.
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DIFINIÇÕES
Arcadismo: lit. corrente literária ou escola representada pelas arcádias; estilo ou modismo próprio dessas academias ou de seus imitadores; neoclassicismo. Na estética árcade, o artista idealizava a vida no campo e se imaginava pastor em contato com a natureza e somente dela vivendo.
Arcadia: Arcádia (em grego, Αρκαδία) era uma província da antiga Grécia. Com o tempo, se converteu no nome de um país imaginário, criado e descrito por diversos poetas e artistas, sobretudo do Renascimento e do Romantismo. Neste lugar imaginado reina a felicidade, a simplicidade e a paz em um ambiente idílico habitado por uma população de pastores que vivem em comunhão com a natureza como na lenda do nobre salvagem.  
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Manuel Maria Barbosa du Bocage
Manuel Maria de Barbosa l'Hedois du Bocage (Setúbal, 15 de Setembro de 1765 – Lisboa, 21 de Dezembro de 1805), foi um poeta português.
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Nascido em Setúbal às três horas da tarde de 15 de Setembro de 1765, falecido em Lisboa na manhã de 21 de Dezembro de 1805, era filho do bacharel José Luís Soares de Barbosa, juiz de fora, ouvidor, e depois advogad, e de D. Mariana Joaquina Xavier L'Hedois Lustoff du Bocage, cujo pai era o Almirante francês Gil Hedois du Bocage, que chegara a Lisboa em 1704, para reorganizar a Marinha de Guerra Portuguesa. Foi seu padrinho de baptismo Heytor Botelho de Moraes Sarmento,4º Guarda-Mor do Sal de Setúbal, Senhor da Quinta das Machadas, Fidalgo da Casa Real.
Teve cinco irmãos. O pai do poeta, José Luís Soares de Barbosa, nasceu em Setúbal, em 1728. Bacharel em Direito pela Universidade de Coimbra, foi juiz de fora em Castanheira e Povos, cargo que exercia durante o Sismo de Lisboa de 1755, que arrasou aquelas povoações. 
Foi o mais renomado poeta português do século XVIII. Adotou na Nova Arcádia o pseudônimo de Elmano Sadino (Elmano é o anagrama de Manoel e Sadino é uma alusão ao rio Sado, que passa na terra natal do poeta). 
Levou uma vida tumultuosa e intensa, na qual se incluem decepções amorosas, revolta contra as instituições da sua sociedade, prisões, vícios, doença e um fim de vida pobre. Devido a isso, em alguns de seus poemas, Bocage compara sua vida à do poeta Camões, como se vê no soneto abaixo:
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“Camões, grande Camões, quão semelhante
Acho teu fado ao meu, quando os cotejo!
Igual causa nos fez, perdendo o Tejo,
Arrostar co'o sacrílego gigante.
 
Como tu, junto ao Ganges sussurrante,
Da penúria cruel no horror me vejo.
Como tu, gostos vãos, que em vão desejo,
Também carpindo estou, saudoso amante.
 
Ludíbrio, como tu, da Sorte dura
Meu fim demando ao Céu, pela certeza
De que só terei paz na sepultura.
 
Modelo meu tu és, mas... oh, tristeza!...
Se te imito nos transes da Ventura,
Não te imito nos dons da Natureza.”
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A obra completa de Bocage, foi reunida em sete volumes pelo intelectual Daniel Pires, atual presidente do Centro de Estudos Bocageanos. Ele acredita que o Brasil, como país de língua portuguesa, participará desses comemorações com o envolvimento dos setores ligados à cultura e às artes, além dos acadêmicos e universitários, bem como das principais entidades literárias de todo o país, para as quais estarão sendo enviados os respectivos lembretes da tão nobre data a se dar em 15 de setembro. 
João Natale Netto, é um dos maiores especialistas brasileiros em Bocage, depois que se analisa a obra desse artista lusitano, se chega à conclusão que ele foi vítima de sua fama e dos preconceitos da época. “A forma despojada de escrever, o senso crítico e o conflito existencial que ele estabelece, entre o amor físico e a morte, formam o seu modo poético de ser de maneira indelével e hoje de profundas raízes fincadas na literatura portuguesa”, comenta Natale apresentando de exemplo os seguintes versos bocageanos, “... Já, Bocage não sou!… à cova escura meu estro vai parar desfeito em vento… eu aos céus ultrajei o meu tormento... Leve - me torne sempre a terra dura....”. 
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Obras de bocage
 Cantiga à Morte de D. Inêz de Castro O Triunfo da Religião A Virtude Laureada A Pavorosa Ilusão Poesias Elegia Mágoas Amorosas de Elmano Improvisos de Bocage Convite à Marília Pavorosa Ilusão da Eternidade Pena de Talião À Puríssima Conceição de Nossa Senhora À Morte de Leandro e Hero Queixumes do Pastor Elmano Contra a Falsidade da Pastora Urselina 
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Convite a Marília ( soneto)
Já se afestou de nós o inverno agreste 
Envolto nos seus úmidos vapores; 
Afértil primavera, a mãe das flores 
O prado ameno de boninas veste: 
Varrendo os ares o sutilnordeste 
Os torna azuis; as aves de mil cores 
Adejam entre Zéfiros e Amores 
E toma o fresco Tejo a cor celeste: 
Vem, ó Marília, vem lograr comigo
Destes alegres campos a beleza 
Destas copadas árvores o abrigo: 
Deixa louvar da corte a vã grandeza: 
Quanto me agrada mais estar contigo 
Notando as perfeições da Natureza! 
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OBRIGADO PELA SUA ATENÇÃO

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