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ARTIGO Estatuto da Igualdade Racial como prática Jurídica solidária II

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UNIRB - FACULDADE REGIONAL DA BAHIA – CAMPUS ALAGOINHAS
O ESTATUTO DA IGUALDADE RACIAL COMO PRÁTICA JURÍDICA SOLIDÁRIA
Edvanir Sampaio Pinheiro
 Rodrigo Pereira Soares
 Joalisson Silva Reinaldo
 Eric Gabriel Ferreira Santos
 Rivelino Santana
 Andre Rodrigues dos Santos
 Jânio Luis Souza Costa
 Avans Rodrigo 
 Wellington Santos Cardoso
 Luiz Rangel Santana
 Brenda Cerqueira 
Alagoinhas-BA
2015
Edvanir Sampaio Pinheiro
Rodrigo Pereira Soares
Joalisson Silva Reinaldo
Eric Gabriel Ferreira Santos
Rivelino Santana
Andre Rodrigues dos Santos
Jânio Luis Souza Costa
Avans Rodrigo
Wellington Santos Cardoso
Luiz Rangel Santana
Brenda Cerqueira
O ESTATUTO DA IGUALDADE RACIAL COMO PRÁTICA JURÍDICA SOLIDÁRIA
Trabalho apresentado à disciplina 
Historia da cultura afro-indígena brasileira, 
do Curso de Direito da Universidade 
Regional de Alagoinhas-UNIRB.
 Orientadora: Prof Ms. Aline Najara da Silva Gonçalves
Alagoinhas-BA
2015
O Estatuto da Igualdade Racial como prática Jurídica solidária
INTRODUÇÃO
Junto à descoberta do Novo Mundo veio a necessidade de colonização e exploração de riquezas. Colonizar não era algo difícil, bastava que os governantes descobridores oferecessem aos seus súditos vantagens políticas e financeiras estimuladoras o bastante para fazê-los saírem de seus países de origem e se fixarem no novo mundo. E, assim, foi feito. Já o processo de exploração era algo mais complicado de resolver, visto que o aparato tecnológico de exploração de riquezas se restringia às operações e intervenções do ser humano sobre o meio ambiente. O trabalho remunerado para alcance do objetivo não contava com capital disponível, assim, a única solução economicamente viável, era a captura e subjugação de seres humanos belicamente primitivos, com fins de escravização. No que diz respeito ao Brasil, segundo OLIVEIRA JUNIOR (2009), em trezentos e cinqüenta anos de prática de trabalho escravagista, quatro milhões de seres humanos foi retirados da África para solidificar nossa colônia. No mesmo período, além do Brasil, países como Estados Unidos também receberam grande quantidade de indivíduos africanos, na mesma condição subjugada de escravo e, ainda, na Oceania, países como a Nova Zelândia, foram estabelecidos através da dizimação de mais da metade dos nativos e, os que sobraram, tinham seus filhos seqüestrados e colocados em orfanatos cristãos com o fim de serem dês-educados ou despojados de sua cultura.
	Tendo como marco histórico a Revolução Francesa, no fim do século XVIII, resultado da luta e indisposição de seres humanos (revoltados a ponto de não mais se submeterem a qualquer ordem política que vilipendiasse seus direitos básicos), nasceu o Estado baseado nos ideais de Igualdade, fraternidade e Liberdade. No Século XX, sobretudo depois da Segunda Guerra Mundial, nos países colonizados, as minorias antes sufocadas por séculos de dominação, começaram se organizar, cobrar e buscar reconhecimento de direitos, identidade e políticas de reparo (SANTOS, 2011). Dessa organização de caráter global, resultou o Estado que, pressionado, se obriga politicamente, através de leis, expandir o ideal de fraternidade para ações de caráter solidário inclusivo. Assim, no Brasil, ainda que tardiamente, nasceu em 2010 o Jurídico Solidário Estatuto da Igualdade Racial.
OLIVEIRA JUNIOR E O CONCEITO DE ESTADO CONSTITUCIONAL SOLIDARISTA 
	Para OLIVEIRA JUNIOR (2009), O Estado Constitucional Solidarista é aquele racionalmente organizado para realizar os objetivos e direitos fundamentais, protegendo os seus cidadãos de toda e qualquer lesão ou ameaça a tais direitos e objetivos inseridos em seu projeto político fundamental denominado Constituição. Desta forma, na concepção do autor, a eficácia da Carta Magna (Constituição) brasileira, depende, primordialmente, da aliança desta com o pensamento solidarista. Na secção entre ambos, “cessariam as possibilidades de construirmos uma sociedade livre, justa e solidária, objetivo fundamental da República Federativa do Brasil (art. 3º, I, CRFB)”. 
	Ao Estado Solidarista cabe atender direitos fundamentais, que asseguram dignidade humana, e, ainda, o dever de fixar as regras (legislação), difundir seu conhecimento (educação), evitar sua violação (segurança) e castigar seu descumprimento (justiça). É somente deste modo que as comunidades carentes da afirmação da sua cidadania solidária, obtêm efetivação dos direitos fundamentais e, ainda, ocorre a proteção às minorias.
3. O ESTATUTO DA IGUALDADE RACIAL E A GARANTIA DO MÍNIMO EXISTENCIAL
	O contexto histórico: SANTOS (2008), aponta que quatro milhões de escravos trazidos da África para o Brasil aqui se multiplicaram e hoje representam 47% da população, ou seja, somos noventa e quatro milhões de afro-decendentes. A abolição pôs centenas de milhares de homens, mulheres e crianças negras nas ruas dos grandes centro brasileiros. Estes, em sua grande maioria, ocuparam os morros. Livres e sem qualificação profissional, assistiram a chegada dos imigrantes e a ocupação de postos de trabalho disponíveis. Desde então, foram se atendo a postos de trabalho de menor valor social e neles, de certa forma, ainda permanecem nos dias atuais, onde, ainda se registra, grande evasão escolar, alto índice de analfabetismo. Eram escravos e marginalizados. A abolição os fez livres, entretanto, não mudou sua condição de marginal social. 
	É nesse contexto que no ano de 2010 é promulgado o O ESTATUTO DA IGUALDADE RACIAL, que no seu Art. 1º Declara como objetivo “o combate a discriminação racial e as desigualdades estruturais e de gênero que atingem os afrobrasileiros, incluindo a dimensão racial nas políticas públicas e outras ações desenvolvidas pelo Estado”. 
	O Estatuto se ocupa de esclarecer, na lei, o que deve ser considerado discriminação racial, desigualdade e ações afirmativas. 
	No seu Art. 4º , o Estatuto diz: Além das normas constitucionais relativas aos princípios fundamentais, aos direitos e garantias fundamentais, aos direitos sociais, econômicos e culturais, o Estatuto da Igualdade Racial adota como diretriz político-jurídica a reparação, compensação e inclusão das vítimas da desigualdade e a valorização da igualdade racial. Justamente nesse ponto, é que o conceito de mínimo existencial, apresentado por OLIVEIRA JUNIOR (2009), e juridicamente baseado na Lei nº 8.742, de 7 de dezembro de 1993, toma forma.
	O mínimo existencial pressupõe um conjunto integrado de ações de iniciativa pública e da sociedade, para garantir o atendimento às necessidades básicas de indivíduos historicamente excluídos de direito.
	A teoria do mínimo existencial encerra que o exercício de liberdade por parte dos seres humanos, é possível, apenas, quando estes dispõem de atendimento do mínimo necessário para assegurar sua existência. Logo, negar o mínimo existencial é negar o próprio direito à vida. A garantia do mínimo existencial deve ser compreendida também em relação a outros direitos fundamentais, a exemplo da moradia, lazer, educação, formação profissional, assistência médica, salário mínimo (este último já constitui mínimo existencial) etc.
	Sendo assim, o Estatuto representa a efetivação da conquista de aparato legal e reconhecimento, por parte do Estado, de prejuízos historicamente infringidos à população de origem negra. Ações afirmativas e de reparo, como as cotas em concursos públicos e educação, têm promovido acesso à educação e qualificação, consequentemente, gerando indivíduos afrodescendentes mais conscientes do lugar social que, por muitos anos, lhe fora negado. E, isso, fomenta e acirra a luta pela defesa de seus direitos e cidadania. 
CONCLUSÃO
	O Estatuto da Igualdade Racial, como prática Jurídica solidária, ainda é muito recente, tem apenas cinco anos. Por ser tão recente e ter ações difusase descentralizadas (cada Estado tem liberdade para promover suas políticas de combate ao racismo e promoção de igualdade racial), torna-se difícil estudos comparativos de dados existentes até 2010 e os dias atuais.
	Segundo o relatório do IBGE ( Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), referente a dados até 2011, o aumento da freqüência observada para os jovens pretos ou pardos no ensino superior, nível educacional adequado para faixa etária de 18 a 24 anos, ainda não foi suficiente para alcançar a mesma proporção apresentada pelos jovens brancos dez anos antes.
	Segundo Cristina Charão, do IPEA ( Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada), indicadores socioeconômicos de toda ordem mostram uma melhoria nas condições de vida da população negra, bem como no acesso a serviços e direitos. Entretanto, ainda não é possível vislumbrar a superação do abismo racial. Os dados disponíveis indicam um caminho: é preciso continuar apostando em políticas de ação afirmativa de forma consistente. É deste modo que deixaremos de tratar a problemática que envolve as questões da população negra como algo invisível, logo, não tratável, não solucionável.
REFERENCIAS
BRASIL. Estatuto da Igualdade Racial. 2010. Disponível em: < http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2007-2010/2010/Lei/L12288.htm>. Acessado em: >10.06.2015.
CHARÃO, CRISTINA. O longo combate às desigualdades raciais. Disponível em:<http://www.ipea.gov.br/igualdaderacial/index.phoption=com_content&view=article&id=711 > Acessado em: 10.06.2015.
IBGE, Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística – IBGE, Estudos e Pesquisas Informação Demográfica e Socioeconômica número 29. Síntese de Indicadores Sociais: Uma análise das condições de vida da população brasileira , 2012. Disponível em <ftp://ftp.ibge.gov.br/Indicadores_Sociais/Sintese_de_Indicadores_Sociais_2012/SIS_2012.pdf>, Acessado em 10.06.2015.
OLIVEIRA JUNIOR, Valdir Ferreira de. Teoria contemporânea do estado: estados constitucionais solidaristas e a garantia do mínimo existencial. Disponível em: < www.unifacs.com.br>. Acessado em: 10.06.2015.
SANTOS, Helio. Discriminação racial no brasil. Disponível em:<http://www2.tjce.jus.br:8080/esmec/wpcontent/uploads/2008/10/discriminacao_racial_no_brasil.pdf>. Acessado em: 10.06.2015.
WIKIPEDIA, Enciclopédia Livre. História da Nova Zelândia. Disponível em: < wikipedia.org/wiki/Hist%25C3%25B3ria_da_Nova_Zel%25C3%25A2ndia+&cd=1&hl=pt-BR&ct=clnk&gl=br> Acessado em: 10.06.2015.

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