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Resumo de Direito Penal - Parte Geral - Artigos 69 ao 120

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Direito Penal
Considerações sintéticas sobre os dispositivos do Código Penal brasileiro.
Da aplicação da pena
Art. 59 - Fixação da pena
Art. 60 - Critérios especiais da pena de multa
Art. 61 - Circunstâncias Agravantes
Art. 62 – Agravantes no caso de concurso de pessoas
Art. 63 – Reincidência
Art. 64 – Eficácia da reincidência
Art. 65 - Circunstâncias atenuantes
Art. 66 – Circunstâncias atenuantes genéricas
Art. 67 - Concurso entre circunstâncias atenuantes e agravantes
Art. 68 - Cálculo da pena
Art. 69 - Concurso material
Art. 70 - Concurso formal
Art. 71 - Crime continuado
CONCURSOS DE CRIMES
Sistemas de Aplicação da Pena:
Sistema do cúmulo material: O juiz individualiza a pena e soma no final. É o caso no concurso material (art. 69) e no concurso forma impróprio (art 70 “caput” 2ª parte)
Sistema de exasperação: O juiz aplica a pena mais grave e depois majora essa pena no quantum determinado pela lei. É o caso no concurso forma próprio (art. 70 “caput” 1ª parte) e na continuidade delitiva (art. 71).
Art. 69 - Concurso material
Art. 69 - Quando o agente, mediante mais de uma ação ou omissão, pratica dois ou mais crimes, idênticos ou não, aplicam-se cumulativamente as penas privativas de liberdade em que haja incorrido. No caso de aplicação cumulativa de penas de reclusão e de detenção, executa-se primeiro aquela.
§ 1º - Na hipótese deste artigo, quando ao agente tiver sido aplicada pena privativa de liberdade, não suspensa, por um dos crimes, para os demais será incabível a substituição de que trata o art. 44 deste Código.
§ 2º - Quando forem aplicadas penas restritivas de direitos, o condenado cumprirá simultaneamente as que forem compatíveis entre si e sucessivamente as demais.
O concurso material de crimes ocorre quando mais de uma conduta corresponde a mais de um crime, pouco importando existência, ou não, de identidade entre eles. Há uma correspondência entre a quantidade de condutas e a de crimes.
Nesta hipótese de concurso, após ter sido cominada individualmente cada uma das penas, elas serão somadas, havendo, assim, a aplicação cumulativa das sanções.
O cumprimento da pena, nestes casos, inicia-se pela mais severa.
Se uma das penas não puder ser suspensa, sobre as demais não será possível a substituição (§1.º do art. 69 do CP).
Se houver compatibilidade no cumprimento simultâneo das penas, elas serão cumpridas ao mesmo tempo. Contudo, se o cumprimento simultâneo das penas for incompatível, então, tal cumprimento se dará de modo sucessivo, preferindo-se, antes, a execução da mais severa.
- Mais de uma ação ou omissão;
- Prática de dois ou mais crimes, idênticos ou não;
- Consequência é a somatória das penas.
Requisitos para o concurso material:
1- Pluralidade de condutas (2ou +);
2- Pluralidade de crimes (2 ou +);
3- Haja uma relação de contexto.
O concurso material pode ser: 
1- Homogêneo: dois ou mais crimess idênticos;
2- Heterogênio: dois ou mais crimes não idênticos.
Art. 70 - Concurso formal
Art. 70 - Quando o agente, mediante uma só ação ou omissão, pratica dois ou mais crimes, idênticos ou não, aplica-se-lhe a mais grave das penas cabíveis ou, se iguais, somente uma delas, mas aumentada, em qualquer caso, de um sexto até metade. As penas aplicam-se, entretanto, cumulativamente, se a ação ou omissão é dolosa e os crimes concorrentes resultam de desígnios autônomos, consoante o disposto no artigo anterior.
Parágrafo único - Não poderá a pena exceder a que seria cabível pela regra do art. 69 deste Código.
O que destaca a incidência do concurso formal é o cometimento de dois ou mais crimes pela prática de apenas uma conduta comissiva ou omissiva.
Quanto não houver a presença de desígnios autônomos (o objetivo de praticar vários crimes mediante uma conduta apenas), estabelece-se apenas uma exasperação. A cominação da pena parte da mais grave entre as cabíveis sendo aumentada de um 1/6 até 1/2.
Esta modalidade de concurso é denominada concurso formal próprio ou perfeito, diferindo-se do concurso formal impróprio ou imperfeito porque aqui se vê a intenção do agente de praticar apenas um crime, lesando-se, contudo, mais de uma vez os bens jurídicos tutelados pela norma.
Na hipótese de concurso formal próprio ou perfeito, a exasperação da pena deve considerar o número de delitos configurados.
O concurso formal impróprio, ou imperfeito, configura-se quandohá na conduta do autor a presença de desígnios autônomos, onde, mediante uma conduta apenas se alcança a prática de mais de um delito, todos almejados pelo delinquente.
Esta modalidade de concurso se encontra previsto na segunda parte do caput, do artigo 70 do Código Penal. Nesta hipótese, contudo, o cálculo da pena segue a regra do concurso material, onde as penas devem ser consideradas isoladamente e, então, cumuladas.
Pode ocorrer situação em que a aplicação do concurso formal próprio ultrapassa o somatório das penas aplicáveis no concurso material.
Por exemplo: quando em concurso formal se verifica a prática dois delitos e a pena de um for muito severa em relação à outra, insignificante na hipótese. O acréscimo de 1/6 (o mínimo) sobre a mais grave ultrapassaria do resultado da soma das duas juntas. No entanto, não se admite um acréscimo além daquele que seria possível na hipótese do concurso material.
Nestes casos, como o cálculo do concurso formal não pode ultrapassar o somatório das penas que caberiam na hipótese de concurso material, incide a disciplina do parágrafo único do artigo 70 do Código Penal.
Obs: O concurso de crimes será homogêneo quanto se tratarem de delitos idênticos e heterogêneo quando diversos.
Requisitos
- Uma só ação ou omissão (unicidade de condutas);
- Prática de dois ou mais crimes (pluralidade de crimes).
Consequências 
- Aplicação da penas mais grave, aumentada de 1/6 até ½;
- Aplicação de somente uma das penas iguais aumentada de 1/6 até ½;
- Aplicação cumulativa das penas se a ação ou omissão é dolosa, e os crimes resultam de desígnios autônomos.
Classificação Doutrinária
- Homogêneos: dois ou mais crimes idênticos; exemplo: um motorista bêbado mata duas pessoas com uma só conduta;
- Heterogêneos: uma só conduta com dois ou mais crimes diferentes; exemplo: homicídio e lesão corporal;
- Próprio, imperfeito ou normal: não age com desígnios autônomos;
- Improprio, imperfeito ou anormal: age com desígnios autônomos.
Aplicação da pena
- Concurso formal perfeito: 1/6 até ½;
- Concurso formal imperfeito: soma (aplicação cumulativa das penas)
Concurso formal danoso ou concurso material benéfico (art. 70, § único)
Art. 71 - Crime continuado
Art. 71 - Quando o agente, mediante mais de uma ação ou omissão, pratica dois ou mais crimes da mesma espécie e, pelas condições de tempo, lugar, maneira de execução e outras semelhantes, devem os subseqüentes ser havidos como continuação do primeiro, aplica-se-lhe a pena de um só dos crimes, se idênticas, ou a mais grave, se diversas, aumentada, em qualquer caso, de um sexto a dois terços.
Parágrafo único - Nos crimes dolosos, contra vítimas diferentes, cometidos com violência ou grave ameaça à pessoa, poderá o juiz, considerando a culpabilidade, os antecedentes, a conduta social e a personalidade do agente, bem como os motivos e as circunstâncias, aumentar a pena de um só dos crimes, se idênticas, ou a mais grave, se diversas, até o triplo, observadas as regras do parágrafo único do art. 70 e do art. 75 deste Código.
A figura do crime continuado do caput do artigo 71 do Código penal constitui um favor legal ao delinquente que comete vários delitos. Cumpridas as condições do mencionado dispositivo, os fatos serão considerados crime único por razões de política criminal, sendo apenas agravada a pena de um deles, se idênticos, ou do mais grave, se diversos, à fração de 1/6 a 2/3.
O reconhecimento de tal modalidade exige uma pluralidade de condutas sucessivas no tempo, que ocorrem de forma periódica e se constituem em delitos da mesma espécie (ofendem o mesmo bem jurídico tuteladopela norma – não se exigindo a prática de crimes idênticos).
Nesses delitos as condições de tempo, lugar, maneira ou outras semelhantes, devem dar a entender que os delitos posteriores retratariam continuação do primeiro.
O parágrafo único destaca hipótese que a doutrina denomina como crime continuado específico, na qual a prática de crime doloso, contra vítimas diferentes, cometidos com violência ou grave ameaça à pessoa, autoriza o aumento da pena até o triplo, exigindo-se, para tanto, sejam consideradas a culpabilidade, os antecedentes, a conduta social e a personalidade do agente.
Crime continuado genérico (art. 71, “caput”)
Requisitos
- Pluralidades de condutas;
- Pluralidade de crimes da mesma espécie (crimes previstos no mesmo artigo penal ou dentro do mesmo objeto jurídico)
Elo de continuidade (devem ser analisados em conjunto)
Tempo; lugar; maneira de execução; outras circunstâncias semelhantes.
Homogeneidade subjetiva – unidade de desígnios – dolo global
Exemplo: João, 20 anos, reincidente, conduzindo seu veiculo em alta velocidade, com manifesta imprudência, atropela uma família com quatro pessoas, matando a todos. Faça o calculo da pena levando em consideração a existência de concurso formal do crime previsto no art. 302, CTB.
1ª fase (circunstâncias judiciais, art. 59)
Pena base: 2 a 4 anos
8 circunstâncias judiciais: 2 anos / 8 = 3 meses cada circunstância
- Consequencias (quatro pessoas) = 3 meses
- Alta velocidade = 3 meses
- Comportamento da vítima= 3 meses
 2 anos e 9 meses
2ª fase (circunstancias atenuantes e agravantes, art. 61/67)
- Agravantes: + quatro meses (reincidência)
- Atenuantes: - cinco meses (menoridade)
 2 anos e 8 meses
3ª fase (causas de aumento e diminuição)
- Pelo numero de vítimas (concurso formal - aumento de 1/6 a ½): aplica 1/2: 
 4 anos
Crime continuado específico (art. 71, § único)
Mesmos requisitos do crime continuad genérico + a exigência de crime doloso e vítimas diferentes, praticados com violência ou grave ameaça.
- Exasperação a partir de 1/6 até o triplo.
Correntes doutrinárias:
- Mesmo tipo penal
- Mesmo objeto jurídico
Crime único é a continuidade do mesmo crime
- semelhança de modo, estilo, prática do crime
Elo de continuidade –maneira de execução
- Variação de comparsas: cabe segundo parte da doutrina, desde de que presentes os outros elos;
- Variação entre autoria e participação: cabe segundo maior parte da doutrina.
Art. 72 - Multas no concurso de crimes
Art. 72 - No concurso de crimes, as penas de multa são aplicadas distinta e integralmente.
Nas hipóteses de concurso formal de crimes, as multas a eles cominadas devem ser simplesmente somadas, já que a lei determina uma aplicação distinta e integral delas, ainda que a cominação das penas privativas de liberdade, em tal modalidade delitiva, não tenha este tratamento.
Ao crime continuado, que por uma ficção jurídica se entende como um crime único, só se pode cogitar a incidência de uma pena de multa apenas.
Art. 73 – Erro na execução – aberratio ictus
Art. 73 - Quando, por acidente ou erro no uso dos meios de execução, o agente, ao invés de atingir a pessoa que pretendia ofender, atinge pessoa diversa, responde como se tivesse praticado o crime contra aquela, atendendo-se ao disposto no § 3º do art. 20 deste Código. No caso de ser também atingida a pessoa que o agente pretendia ofender, aplica-se a regra do art. 70 deste Código.
A hipótese em tela não configura o erro de tipo (art. 20, caput, do CP), tampouco o de proibição (art. 21 do CP), pois aqui o agente percebe a presença dos elementos constitutivos do delito e lhe é plenamente exigível a consciência da ilicitude, estando o equívoco apenas no meio de execução do crime, que resulta na ofensa de pessoa diversa daquela que ele realmente pretendia atingir.
Em tal situação, mesmo lesando apenas um terceiro, ele responde como se tivesse atingido a pessoa que, de fato, pretendia ofender.
No entanto, caso ele alcance seu objetivo e também atinja terceiro, responderá como incurso na hipótese de concurso formal, prevista na primeira parte do artigo 70 do Código Penal.
Art. 74 - Resultado diverso do pretendido – aberratio delicti
Art. 74 - Fora dos casos do artigo anterior, quando, por acidente ou erro na execução do crime, sobrevém resultado diverso do pretendido, o agente responde por culpa, se o fato é previsto como crime culposo; se ocorre também o resultado pretendido, aplica-se a regra do art. 70 deste Código.
Quando o erro do agente não incide sobre o equívoco quanto à pessoa que pretendia realmente ofender (excluindo a hipótese do artigo 73 do CP), mas ainda havendo erro, responde ele por culpa, se houver previsão legal de modalidade culposa para tal delito.
Contudo, se além de dar causa ao resultado não esperado, ele também alcança aquele efetivamente almejado, responderá, então, como incurso no concurso formal, na forma do artigo 70 do Código Penal. Neste caso, a solução é idêntica à prevista no artigo anterior.
Art. 75 – Limite das penas
Art. 75 - O tempo de cumprimento das penas privativas de liberdade não pode ser superior a 30 (trinta) anos. 
§ 1º - Quando o agente for condenado a penas privativas de liberdade cuja soma seja superior a 30 (trinta) anos, devem elas ser unificadas para atender ao limite máximo deste artigo.
§ 2º - Sobrevindo condenação por fato posterior ao início do cumprimento da pena, far-se-á nova unificação, desprezando-se, para esse fim, o período de pena já cumprido.
A justificativa ao limite de trinta anos para o cumprimento da pena está na exposição dos motivos do Código Penal (exposição n.º 61). De um lado em face da vedação à imposição de penas de caráter perpétuo, de outro a fim de alimentar “...no condenado a esperança da liberdade e a aceitação da disciplina, pressupostos essenciais da eficácia do tratamento penal.”
Havendo mais de uma pena elas serão somadas, sem, contudo, ultrapassarem o limite de trinta anos, o que exceder este marco é desprezado (§ 1.º).
A superveniência de nova condenação, posterior ao início do cumprimento da pena, determina nova unificação, desprezando-se no cálculo o período já cumprido (§ 2.º), sendo tal matéria prevista no parágrafo único, bem como no caput, do artigo 111 da Lei de Execuções Penais.
Art. 76 – Concurso de infrações
Art. 76 - No concurso de infrações, executar-se-á primeiramente a pena mais grave.
A execução da pena mais grave precede a da mais branda.
A gravidade da pena, contudo, não se afere apenas pelo regime carcerário previsto à espécie.
A natureza da pena, sua qualidade, e outras características aferíveis em cada caso, devem orientar o Juiz da execução no momento em que as penas estão em cumprimento.
Dos efeitos da condenação
Art. 91 - Efeitos genéricos e específicos
Art. 92 - Efeitos específicos
Art. 91 - Efeitos Genéricos e específicos
Art. 91 - São efeitos da condenação:
I - tornar certa a obrigação de indenizar o dano causado pelo crime;
II - a perda em favor da União, ressalvado o direito do lesado ou de terceiro de boa-fé:
a) dos instrumentos do crime, desde que consistam em coisas cujo fabrico, alienação, uso, porte ou detenção constitua fato ilícito;
b) do produto do crime ou de qualquer bem ou valor que constitua proveito auferido pelo agente com a prática do fato criminoso.
Os efeitos da sentença penal condenatória extrapolam o status libertatis do condenado, alterando também as relações jurídicas estabelecidas no âmbito civil. O Capítulo VI do Volume 1 do Código Penal delimita o alcance civil da condenação criminal, mas não o esgota, pois a legislação ordinária também pode estabelecer outros efeitos.
O artigo 91 trata dos efeitos genéricos da condenação, ditos assim porque todas as condenações criminais os contêm.
O primeiro efeito é a obrigação de reparar o dano, condito no inciso I do artigo em questão, assim como no inciso II do artigo 475-N do Código de Processo Civil. Tal dispositivo encerra salutar medida de economia processual, poislivra a vítima e/ou seus sucessores da obrigação de buscarem, na esfera civil, um novo reconhecimento do dever do condenado de indenizar o ilícito praticado.
Sem embargo ao reconhecimento dessa obrigação, para que ela se torne líquida contra o condenado, deve ser fixado ainda o valor do dano, em procedimento próprio de liquidação de sentença.
O inciso II do artigo 91 do Código Penal trata do confisco dos instrumentos do crime, já que resulta na perda de bens do condenado em favor do Estado.
Os bens passíveis de confisco são os instrumentos do crime, quando seu fabrico, alienação, uso, porte ou detenção constitua fato criminoso.
São também passíveis de apropriação pela União o produto do crime ou qualquer bem de valor, incluindo-se aí eventual vantagem pecuniária, obtida pelo autor do fato criminoso.
Contudo, a perda dos bens não pode resultar em prejuízo contra o lesado ou o terceiro de boa-fé.
Por fim, inexistindo restrição legal à incidência do confisco destes bens, compreende-se que esta medida prescinde manifestação do Juízo, operando-se automaticamente, por força de lei.
Art. 92 - Efeitos específicos
Art. 92 - São também efeitos da condenação:
I - a perda de cargo, função pública ou mandato eletivo:
a) quando aplicada pena privativa de liberdade por tempo igual ou superior a um ano, nos crimes praticados com abuso de poder ou violação de dever para com a Administração Pública;
b) quando for aplicada pena privativa de liberdade por tempo superior a 4 (quatro) anos nos demais casos.
II - a incapacidade para o exercício do pátrio poder, tutela ou curatela, nos crimes dolosos, sujeitos à pena de reclusão, cometidos contra filho, tutelado ou curatelado;
III - a inabilitação para dirigir veículo, quando utilizado como meio para a prática de crime doloso. 
Parágrafo único - Os efeitos de que trata este artigo não são automáticos, devendo ser motivadamente declarados na sentença.
Esses efeitos extrapenais não se operam automaticamente. Por força do parágrafo único do artigo em questão, eles devem ser declarados pelo Juiz na sentença, de modo fundamentado. No mais, sua imposição deve observar a relação entre o dever funcional, familiar e/ou legal violado e o delito praticado, assim como o alcance da responsabilidade do autor, da sua culpabilidade, da extensão do dano etc...
- Inciso I, “a” – A perda de cargo, função pública ou mandato eletivo pode ser imposta quando condenado o réu a pena privativa de liberdade igual ou superior a um ano e o delito for praticado com abuso do poder ou violação do dever para com a administração pública.
- Inciso I, “b” – Quando aplicada a pena privativa de liberdade superior a quatro anos, a perda do cargo, função pública ou mandato pode ser declarada independentemente de o fato conter abuso do poder ou violação do dever para com a administração pública.
- Inciso II – A incapacidade para o exercício do pátrio-poder (a partir do novo Código Civil designa-se poder familiar), tutela ou curatela, deve resultar da incompatibilidade de tal munus, tendo em conta a natureza do fato praticado contra a vítima. Destacam-se, entre outros, os casos de estupro, favorecimento à prostituição etc...
Pode ser imposta nos crimes dolosos, em que a pena cominada é a de reclusão, excluindo-se as hipóteses de crimes culposos e as com sanções mais brandas (ex. detenção).
Obs: O legislador penal não arrolou, entre as hipóteses de incapacidade do inciso II do artigo 92 do Código Penal, a relação jurídica decorrente da guarda, ainda que, de fato, trate-se de instituto jurídico muito semelhante ao poder familiar e à tutela.
Poder-se-ia argumentar, a partir de então, que nos casos em que a vítima está sob a guarda do autor do fato, o Juízo não poderia declarar sua inaptidão para o exercício da guarda, justamente pela ausência de previsão legal nesse sentido, ainda que presentes os demais requisitos para o reconhecimento de tal efeito.
Contudo, deve se ponderar que o objetivo da norma, neste ponto, é o de tutelar o interesse da vítima, e não do autor, mesmo que em razão da taxatividade da lei penal não se possa impor restrições não contidas nela.
No mais, é cediço que nosso ordenamento vem se orientando pelo princípio da proteção integral à criança e ao adolescente (artigo 3.º da Lei n.º 8.069/90), razão pela qual, neste caso, é de se compreender que o interesse do menor/vítima prevalece sobre o do autor do fato, impondo-se também, a partir de então, que se reconheça a inaptidão do guardião para manter a vítima sob os seus cuidados.
Assim, compreende-se que o Juiz também pode declarar, na sentença penal condenatória, a incapacidade do autor para o exercício da guarda da vítima, não obstante ausente previsão legal para esta hipótese específica.
De outro lado, caso não seja reconhecido na sentença penal tal impedimento, nada obsta que, em ação própria, junto ao Juizado da Infância e da Juventude, seja formulado pedido equivalente, justamente em face do interesse preponderante da vítima.
- Inciso III – A inabilitação para dirigir veículo utilizado em crime doloso é medida muito semelhante à restritiva de direitos prevista no artigo 47, inciso III, do Código Penal, consistente na suspensão da habilitação para dirigir veículo automotor.
Contudo, difere-se desta por só ser aplicável ao crime doloso em que o veículo é utilizado como meio para seu cometimento, perdurando-se a inabilitação até a reabilitação do réu.
- Parágrafo único = para aplicar os efeitos específicos (art. 92), não se aplicam automático. O juiz tem que motivar na sentença sob pena de não poder aplicar o dispositivo.
- Diferença entre o art. 47, III, CTB X art. 92, III, CP
 art. 47, III, CTB: já tem a CNH
 art. 92, III, CP: quando não tem a CNH. Inabilita de tirar a CNH
Da Reabilitação
Art. 93 - Reabilitação
Art. 94 - Requisios à reabilitação
Art. 95 - Revogaçao da reabilitação
Art. 93 - Reabilitação
  Art. 93 - A reabilitação alcança quaisquer penas aplicadas em sentença definitiva, assegurando ao condenado o sigilo dos registros sobre o seu processo e condenação. (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)
 Parágrafo único - A reabilitação poderá, também, atingir os efeitos da condenação, previstos no art. 92 deste Código, vedada reintegração na situação anterior, nos casos dos incisos I e II do mesmo artigo.
“A reabilitação é meio de suprimir os efeitos e assegurar o sigilo dos registros sobre o processo e a condenação, segundo art. 93 do Código Penal” (Superior Tribunal de Justiça – Recurso Especial n.º 43.799-7 – RJ, rel. Min. Pedro Acioli, j. em 18/10/1994).
Ela não extingue a punibilidade do apenado, apenas suspende alguns efeitos da condenação, assegurando o sigilo dos registros de ações em que processado o reabilitado, pretende-se assegurar uma “ficha limpa” ao condenado, como recompensa por sua conduta após a condenação.
O alcance da reabilitação é restringido, contudo, pelo parágrafo único do artigo 93 do Código Penal, já que a perda do cargo ou função pública e mandato eletivo, assim como a inaptidão para o exercício do poder familiar, da tutela e da curatela (e também da guarda) remanescem irreversíveis, por expressa previsão legal.
A inabilitação para dirigir veículo, por seu turno, é suprimida pela reabilitação.
A competência para apreciar pedido de reabilitação é do Juiz da condenação, por força do artigo 743, do Código de Processo Penal.
Art. 94 – Requisitos à reabilitação
Art. 94 - A reabilitação poderá ser requerida, decorridos 2 (dois) anos do dia em que for extinta, de qualquer modo, a pena ou terminar sua execução, computando-se o período de prova da suspensão e o do livramento condicional, se não sobrevier revogação, desde que o condenado:
I - tenha tido domicílio no País no prazo acima referido;
II - tenha dado, durante esse tempo, demonstração efetiva e constante de bom comportamento público e privado;
III - tenha ressarcido o dano causado pelo crime ou demonstre a absoluta impossibilidade de o fazer, até o dia do pedido, ou exiba documento que comprovea renúncia da vítima ou novação da dívida.
Parágrafo único - Negada a reabilitação, poderá ser requerida, a qualquer tempo, desde que o pedido seja instruído com novos elementos comprobatórios dos requisitos necessários.
De plano o artigo 94 do Código Penal já destaca o requisito temporal para o deferimento da reabilitação, que é o de dois anos, definindo, inclusive, o termo inicial da contagem do prazo, que se dá a partir da extinção da pena ou do término da sua execução.
Neste caso é considerado, inclusive, o tempo da suspensão condicional da pena e, também, o tempo do livramento condicional, caso estes não tenham sido revogados.
Obs: se o prazo de tais benefícios for superior a dois anos, não se cogita a reabilitação enquanto eles não forem esgotados.
O domicílio no país, no curso dos dois anos, a prova do bom comportamento público e privado, antes do pedido, e o ressarcimento do dano, salvo quando comprovada a absoluta impossibilidade de fazê-lo ou houver renúncia da vítima, são os requisitos elencados nos incisos I a III do mencionado dispositivo legal, sem os quais não é possível cogitar a reabilitação.
A jurisprudência entende, de outro lado, que o pedido de reabilitação ainda se submete à disciplina dos artigos 743 e 744, inciso I, do Código de Processo Penal, por compreender que estes não foram revogados com a reforma penal operada em 1984 (JUTACRIM 89/150).
No mais, pela dicção do parágrafo único do artigo em análise, a decisão judicial que indefere a reabilitação judicial não obsta um novo pedido, desde que restem satisfeitas as condições necessárias a tanto.
Art. 95 - Revogação da reabilitação
Art. 95 - A reabilitação será revogada, de ofício ou a requerimento do Ministério Público, se o reabilitado for condenado, como reincidente, por decisão definitiva, a pena que não seja de multa.
Duas condições, que são cumulativas, devem incidir na hipótese para que haja revogação da reabilitação. O reconhecimento da reincidência e a cominação de pena, que não a de multa.
Cogita-se, então, um limite temporal à revogação da reabilitação – a sentença em que se julga infração penal anterior a 05 anos não tem o condão de afetar o benefício, já que este é o limite temporal da reincidência.
A natureza da sanção cominada – de outro lado – também pode ser inócua à revogação, já que, pela pena de multa também não pode cogitar a revogação do benefício.
- A reabilitação deve ser pedida ao juízo que a sentenciou
Da ação penal
Art. 100 - Da ação pública e de iniciativa privada
Art. 101 - Ação penal no crime complexo
Art. 102 - Irretratabilidade da Representação
Art. 103 – Decadência do direito de queixa ou de representação
Art. 104 – Renúncia expressa ou tácita do direito de queixa
Art. 105 – Perdão do ofendido
Art. 106 – Efeitos do perdão
Art. 100 – Ação Pública e de iniciativa privada
Art. 100 - A ação penal é pública, salvo quando a lei expressamente a declara privativa do ofendido.
§ 1º - A ação pública é promovida pelo Ministério Público, dependendo, quando a lei o exige, de representação do ofendido ou de requisição do Ministro da Justiça.
§ 2º - A ação de iniciativa privada é promovida mediante queixa do ofendido ou de quem tenha qualidade para representá-lo.
§ 3º - A ação de iniciativa privada pode intentar-se nos crimes de ação pública, se o Ministério Público não oferece denúncia no prazo legal.
§ 4º - No caso de morte do ofendido ou de ter sido declarado ausente por decisão judicial, o direito de oferecer queixa ou de prosseguir na ação passa ao cônjuge, ascendente, descendente ou irmão.
“A ação penal é o direito de invocar-se o Poder Judiciário para aplicar o direito penal objetivo” (Frederico Marques, Tratado de Direito Penal, vol. 3/324, 1966).
Apesar de o Título VII da Parte Geral do Código Penal ser denominado “Da ação penal”, prepondera nele, em verdade, a disciplina acerca da legitimidade para ajuizá-la, por meio da apresentação da denúncia ou da queixa-crime, conforme o caso.
Nas hipóteses em que a ação é pública, ela será incondicionada, ou condicionada à representação do ofendido ou, ainda, à requisição do Ministro da Justiça. Nessas duas situações (condicionada ou incondicionada) compete exclusamente ao Ministério Público promover a denúncia contra delinquente, assim como atuar na ação penal como seu autor.
Esclarece-se que a ação penal pública será incondicionada quando, pela relevância do bem jurídico ofendido, o legislador determina que o Ministério Público, após ter conhecimento do fato, promova a respectiva ação penal, independentemente da manifestação da vítima ou de terceiros. Daí é que se diz incondicionada.
Na ação penal pública condicionada à representação, o Ministério Público só poderá ajuizá-la quando o ofendido manifestar interesse em ver o autor do fato processado criminalmente. Isso, em síntese, resume a figura da representação do ofendido.
A requisição do Ministro da Justiça segue os mesmos moldes.
O Ministério Público, contudo, não está obrigado a denunciar todos os fatos que lhe são noticiados e só promoverá a ação penal quando compreender existentes elementos de materiais para tanto. Se, da análise do inquérito policial, o agente ministerial não visualizar a possibilidade de responsabilizar criminalmente o autor do fato, deixará de promover a respectiva denúncia, havendo, então, o correspondente arquivamento do expediente investigatório, ainda que tenha havido representação da vítuma. Esta matéria, contudo, vai melhor aprofundada nas disciplinas de Processo Penal.
Quando a ação for privada, a propositura da ação competirá à vítima ou ao seu representante legal, conforme o caso, havendo, assim, a apresentação da peça processual denominada queixa-crime.
O próprio caput do artigo em análise facilita o trabalho do operador do direito na distinção de qual delito se processa mediante ação penal pública incondicionada ou condicionada à representação, assim como quando é a hipótese de atuação privativa do ofendido na persecução criminal.
Como regra geral, todo o delito se processa mediante ação penal pública incondicionada. Assim será quando a lei penal não fizer qualquer ressalva a respeito do processamento do delito. Em síntese, no silêncio da lei em face da forma de processamento do crime, a ação será pública incondicionada, cabendo ao Ministério Público agir de ofício.
A ação penal será condicionada à representação quando a lei disser expressamente que ele assim deve ser processado.
Ex: Artigo 130, §2.º, do Código Penal – o perigo de contágio venéreo só procede mediante representação.
A ação será privada, por sua vez, quando a lei diz que só se processa mediante queixa do ofendido ou de seu representante legal.
Obs: O Ministério Público não tem legitimidade para promover a ação penal privada. Mas a vítima tem legitimidade para ajuizar ação penal privada subsidiária da pública, se o Ministério Público não oferece denuncia dentro do prazo legal, que é de 5 dias, quando preso o réu, e de 15 dias quando solto.
Art. 101 – Ação penal no crime complexo
Art. 101 - Quando a lei considera como elemento ou circunstâncias do tipo legal fatos que, por si mesmos, constituem crimes, cabe ação pública em relação àquele, desde que, em relação a qualquer destes, se deva proceder por iniciativa do Ministério Público.
O crime complexo é aquele que agrega, em seus elementos constitutivos ou circunstâncias, fatos que, isoladamente considerados, por si só, já são crimes.
A norma quer dar a entender que só se processará mediante ação penal pública o crime que, contendo elementos típicos de crimes de ação penal privada, tenha também outros advindos de delitos que se processam mediante ação penal pública. A contrario sensu, se todos os elementos fossem correlatos apenas aos delitos de ação penal privada, o Ministério Público não poderia ajuizar a ação penal pública.
Contudo, é importante destacar a critica da doutrina à utilidade do dispositivo em análise, até para evitar dúvidas a respeito do que já foi dito sobre o artigo 100 do Código Penal.A doutrina afirma que a norma contida no artigo em análise não contém qualquer utilidade, pois a sistemática adotada a partir do artigo 100 do Código Penal é suficiente para resolver qualquer dúvida a respeito da natureza da ação penal, bastando uma análise objetiva do delito para que se conclua, na hipótese, se o processamento do delito demanda a atuação ativa da vítima no processo, como autor (nos casos de ação penal privada), ou sua representação (quando a ação pública é condicionada à representação), ou, ainda, a denúncia incondicional do Ministério Público.
Isso porque, como dito antes, se a norma nada disser, a ação será pública incondicionada.
Se ela disser que o processamento do crime depende de representação do ofendido, será condicionada à representação.
Se disser que o fato se processa mediante queixa, será, então, ação penal privada.
Veja-se que a simples omissão do legislador quanto à natureza da ação penal, ao descrever o crime, já é suficiente sepultar a dúvida que o artigo 101 pretende solucionar, daí a inutilidade do dispositivo.
Art. 102 - Irretratabilidade da Representação
Art. 102 - A representação será irretratável depois de oferecida a denúncia.
Depois que a vítima promove a representação, manifestando interesse na responsabilização criminal do autor do fato, a lei confere a ela a possibilidade de se retratar, para não ver ele processado. O marco final para tal arrependimento é até antes do oferecimento da denúncia pelo Ministério Público.
Oferecida a denúncia, não é há mais espaço à retratação.
Art. 103 – Decadência do direito de queixa ou de representação
Art. 103 - Salvo disposição expressa em contrário, o ofendido decai do direito de queixa ou de representação se não o exerce dentro do prazo de 6 (seis) meses, contado do dia em que veio a saber quem é o autor do crime, ou, no caso do § 3º do art. 100 deste Código, do dia em que se esgota o prazo para oferecimento da denúncia.
Com a fixação de um prazo certo à representação, queixa ou denúncia substitutiva (esta feita pelo ofendido diante da omissão do Parquet), o legislador homenageia a paz social em detrimento à perpetuação dos conflitos. Efetivamente, vencido o prazo de 6 meses, sem que a vítima ou seu representante tenham manifestado interesse na persecução criminal do autor do fato, não há mais espaço à persecução criminal contra este.
Diz-se do prazo decadencial que ele não se interrompe nem se suspende, o que o difere do prazo prescricional, destacando-se, ainda, que a decadência afeta uma norma de direito material, enquanto a prescrição afeta uma pretensão feita perante o Juiz, um direito de promover uma ação, no caso, uma ação penal. O prazo previsto no dispositivo em análise é decadencial.
O período de 6 meses previsto aqui, contudo, não é o único para a decadência, podendo a lei penal prever outros. Exemplo disso é o artigo 240, § 2.º, do Código Penal (na hipótese de adultério o prazo do ofendido para propor a ação penal é de um mês).
O termo inicial da contagem se inicia a partir do dia em que o ofendido conheceu a autoria do fato (nos casos de representação ou queixa-crime) ou do dia em que se esgotou o prazo do Ministério Público para oferecer a denúncia (na hipótese ação penal privada subsidiária da pública).
Art. 104 – Renúncia expressa ou tácita do direito de queixa
Art. 104 - O direito de queixa não pode ser exercido quando renunciado expressa ou tacitamente.
Parágrafo único - Importa renúncia tácita ao direito de queixa a prática de ato incompatível com a vontade de exercê-lo; não a implica, todavia, o fato de receber o ofendido a indenização do dano causado pelo crime.
A renúncia expressa ocorre quando o ofendido manifesta sua vontade em declaração escrita firmada por ele ou por seu representante legal ou, ainda, procurador com poderes suficientes para tanto, conforme determina do artigo 50 do Código de Processo Penal.
A renúncia tácita, por sua vez, decorre da prática de ato incompatível com o desejo de ver penalmente responsabilizado o autor do fato. Exemplo disso é a reconciliação.
Contudo, a disciplina do parágrafo único do artigo 104 destaca que o pagamento de indenização à vítima não é suficiente para se presumir a renúncia ao direito de representação.
Art. 105 – Perdão do ofendido
Art. 105 - O perdão do ofendido, nos crimes em que somente se procede mediante queixa, obsta ao prosseguimento da ação.
O perdão do ofendido é cabível apenas nos crimes de ação penal privada, que se processa mediante queixa.
Art. 106 – Efeitos do perdão
Art. 106 – Efeitos do perdão
Art. 106 - O perdão, no processo ou fora dele, expresso ou tácito:
I - se concedido a qualquer dos querelados, a todos aproveita;
II - se concedido por um dos ofendidos, não prejudica o direito dos outros;
III - se o querelado o recusa, não produz efeito;
§ 1º - Perdão tácito é o que resulta da prática de ato incompatível com a vontade de prosseguir na ação.
§ 2º - Não é admissível o perdão depois que passa em julgado a sentença condenatória.
O perdão expresso deve ser confeccionado em documento escrito firmado pela vítima ou seu representante legal. O tácito decorre da prática de ato incompatível com o desejo de ver o autor do fato processado.
Os incisos I e II do artigo 106 preservam a indivisibilidade da ação penal, pois a vítima não pode escolher qual réu pretende perdoar, agraciando apenas um dos autores com o perdão sem beneficiar os demais. Todos serão favorecidos com tal benesse.
Havendo mais de uma vítima, o perdão concedido por uma não prejudica o direito das outras.
O inciso III trata da ineficácia do perdão quando ele é recusado pelo querelado. Se aquele a quem é imputada a prática do delito recusa o perdão, este é ineficaz.
Esta ultima hipótese pode ensejar uma exceção à regra da indivisibilidade da ação penal: supondo a existência de vários réus, a vítima perdoa todos, mas um deles recusa o benefício, a ação vai extinta em face dos demais e prossegue apenas contra o que recusou.
Obs: Mas, afinal, que interesse o réu teria em recusar o perdão da vítima?
Pode lhe interessar, por exemplo, ver reconhecida a própria inocência, resolvendo tal controvérsia de modo definitivo, em sentença absolutória.
Encerrada a atividade jurisdicional com o trânsito em julgado da sentença condenatória, não se admite mais o perdão.
O perdão só ocorre no curso da ação penal, se efetuado antes haverá renúncia ao direito de queixa.
Ação penal pública	
Incondicionada
Condicionada
Representação do ofendido (prazo de 6 meses)
Requisição da autoridade
Ação penal privada
Subsidiaria da pública
Pura (prazo decadencial de 6 meses a partir de quando se sabe quem e o autor do ato
 Chama-se queixa (notícia criminis)
- Polo ativo: querelante
- Polo passivo: querelado
Ação penal pública é a regra. Ação penal privada somente quando a lei expressamente a declarar.
Da extinção da punibilidade
Art. 107 – Da extinção da punibilidade
Art. 108 – Extinção da punibilidade de pressupostos, elementos ou circunstâncias do crime, assim como de crimes conexos
Art. 109 - Prescrição antes de transitar em julgado a sentença
Art. 110 – Prescrição depois de transitar em julgado a sentença final condenatória
Art. 111 – Termo inicial da prescrição antes de transitar em julgado a sentença final
Art. 112 – Termo inicial da prescrição após a sentença condenatória irrecorrível
Art. 113 – Prescrição no caso de evasão do condenado ou de revogação do livramento condicional
Art. 114 – Prescrição da pena de multa
Art. 115 – Redução dos prazos de prescrição
Art. 116 – Causas impeditivas da prescrição
Art. 117 – Causas interruptivas da prescrição
Art. 118 – Prescrição das penas
Art. 119 – Extinção da punibilidade no concurso de crimes
Art. 120 – Perdão Judicial
Art. 107 – Da extinção da punibilidade
 Art. 107 - Extingue-se a punibilidade:
 I - pela morte do agente;
 II - pela anistia, graça ou indulto;
 III - pela retroatividade de lei que não mais considera o fato como criminoso;
 IV - pela prescrição, decadênciaou perempção;
 V - pela renúncia do direito de queixa ou pelo perdão aceito, nos crimes de ação privada;
 VI - pela retratação do agente, nos casos em que a lei a admite;
 VII – (Revogado pela Lei n.º 11.106, de 2005).
 VIII – (Revogado pela Lei n.º 11.106, de 2005).
 IX - pelo perdão judicial, nos casos previstos em lei.
A punibilidade vem como resultado da responsabilidade penal do réu pelo crime que cometeu, dela decorre o direito de o Estado fazer cumprir a pena. “A punição é a consequência natural da realização da ação típica, antijurídica e culpável. Porém, após a prática do fato delituoso podem ocorrer as chamadas causas extintivas, que impedem a aplicação ou execução da sanção respectiva.” (BITENCOURT, Cezar Roberto. Código Penal Anotado, 2.ª Ed., Editora Revista dos Tribunais, pág. 394, 1999).
Em corolário a isso, a extinção da punibilidade resulta na supressão do direito do Estado de impor a pena, não havendo como ele querer vê-la cumprida. As circunstâncias mais relevantes para tanto estão condensadas no artigo 107 do Código Penal, mas a legislação pode criar outras.
Inciso I – Morte do agente – a morte é causa extintiva da punibilidade porque a pena é personalíssima, não se transmitindo aos herdeiros do condenado. Falecendo o autor do fato, não há espaço à aplicação da pena.
É importante destacar que os efeitos civis da sentença condenatória (notadamente o dever de indenizar) não se extinguem com a morte do agente, alcançando limite das forças de seu espólio;
A prova da morte se dá mediante certidão de óbito.
Inciso II – Anistia, Graça ou indulto – A anistia é identificada pela doutrina como um esquecimento jurídico da infração penal, que se dá através de lei e extingue a punibilidade em face de determinados fatos. Contudo, ela não alcança o dever da indenização civil, por só abranger os efeitos penais.
Compete ao Congresso Nacional concedê-la (artigo 48, inciso VIII, da Constituição Federal);
– A graça é ato do Presidente da República, que tem o objetivo de favorecer pessoa determinada;
– O indulto também é atribuição do Presidente da República, mas se volta a um número interminado de pessoas, ele se difere da graça por sua impessoalidade. A graça e o indulto servem para extinguir ou comutar penas.
A graça e o indulto são prerrogativas do Presidente da República (artigo 84, inciso XII, da Constituição Federal).
Inciso III – Abolítio Criminis – Ao deixar de considerar criminosa uma conduta prevista em lei como tal, o delito já não existe mais no mundo jurídico. Assim também não haverá razão à punição do autor do fato.
Inciso IV – Prescrição, Decadência ou Perempção – A prescrição trata-se uma garantida do autor do fato, que não pode ser obrigado a aguardar indefinidamente uma resposta estatal ao delito que praticou. O dever de punir do estado (jus puniendi) tem um limite temporal, chamado de prescrição.
A decadência é a extinção do direito de promover a ação penal privada, a representação nos crimes de ação penal condicionada a ela ou a denúncia substitutiva da ação penal pública, como regra seu prazo é de 06 (seis) meses.
A perempção ocorre dentro da ação penal privada, quando a parte autora deixa de praticar determinado ato processual, em que sua desídia faz presumir o desinteresse na responsabilização do autor do fato
Inciso V – A renúncia ao direito de queixa e o perdão aceito –A renúncia ao direito de queixa vem antes de inaugurada a ação penal e demonstra o desinteresse da vítima em promovê-la. Já o perdão do ofendido ocorre no curso da ação penal e somente nesta hipótese se cogita possível que seja recusada pelo auto do fato.
Inciso VI – A retratação do agente - Nas hipóteses dos crimes de calúnia, difamação, falso testemunho e falsa perícia a retratação do autor do crime evita a imposição da pena, exime-o dela. Na injúria, contudo, não há espaço à retratação.
Inciso IX - O Perdão Judicial - É possível o delinquente ser perdoado do crime que cometeu quando, em determinadas hipóteses previstas em lei, o resultado de sua conduta lhe atingir de foma tão severa que a imposição da pena se mostra desnecessária e, até mesmo, demasiada.
Um bom exemplo de quando é possível o perdão judicial é o do homicídio culposo em que o autor do fato mata o próprio filho. Tal é o sofrimento que suporta por sua conduta desastrosa que o Juiz pode, neste caso, deixar de aplicar a pena (art.121, § 5.º, do CP).
Art. 108 – Extinção da punibilidade de pressupostos, elementos ou circunstâncias do crime, assim como de crimes conexos
Art. 108 – A extinção da punibilidade de crime que é pressuposto, elemento constitutivo ou circunstância agravante de outro não se estende a este. Nos crimes conexos, a extinção da punibilidade de um deles não impede, quanto aos outros, a agravação da pena resultante da conexão.
O artigo em análise disciplina duas situações distintas:
 1.ª – Quando uma conduta criminosa for pressuposto para outro crime ou quando alguns dos elementos ou circunstâncias agravantes dele, em sendo delitos autônomos, sofrerem extinção da punibilidade, preservam-se todos esses (pressupostos, elementos ou circunstâncias) no delito que os agrega.
 2.ª – Nos crimes conexos, a agravação da pena pela conexão não será afetada se for extinta a punibilidade em face de um dos delitos.
Art. 109 - Prescrição antes de transitar em julgado a sentença
Art. 109 – A prescrição, antes de transitar em julgado a sentença final, salvo o disposto no § 1o do art. 110 deste Código, regula-se pelo máximo da pena privativa de liberdade cominada ao crime, verificando-se:
 I - em vinte anos, se o máximo da pena é superior a doze;
 II - em dezesseis anos, se o máximo da pena é superior a oito anos e não excede a doze;
 III - em doze anos, se o máximo da pena é superior a quatro anos e não excede a oito;
 IV - em oito anos, se o máximo da pena é superior a dois anos e não excede a quatro;
 V - em quatro anos, se o máximo da pena é igual a um ano ou, sendo superior, não excede a dois;
 VI - em 3 (três) anos, se o máximo da pena é inferior a 1 (um) ano.
 Prescrição das penas restritivas de direito.
 Parágrafo único - Aplicam-se às penas restritivas de direito os mesmos prazos previstos para as privativas de liberdade.
A Prescrição é a perda do direito de punir o autor do fato pelo decurso do prazo em que o delito poderia ter sido conhecido, ou a pena executada, pelo Poder Judiciário. No direito penal, ela segue o escalonamento de prazos previsto no artigo 109 do Código Penal e será tanto maior quanto for a pena máxima para o crime ou a pena fixada na sentença condenatória transitada em julgado.
A exceção está nos crimes imprescritíveis. Previstos como tais na Constituição Federal de 1988 (art. 5.º, incisos XLII e XLIV), a punição pela prática do racismo e a ação de grupos armados, civis ou militares, contra a ordem constitucional e o Estado Democrático não se submete aos prazos previstos na Lei Penal.
À compreensão da prescrição no âmbito penal, contudo, recomenda-se uma análise conjunta dos artigos 109 e 110 do Código Penal, notadamente pela remissão que o primeiro faz ao segundo.
Da regra do caput do artigo 109 do Código Penal extrai-se como premissa maior que, no cálculo da prescrição, a pena a ser considerada é a máxima cominada ao crime pelo legislador.
Não será assim, contudo, quando após decurso da ação penal sobrevier sentença condenatória transitada em julgado, pois, nesta hipótese, usa-se como parâmetro a pena fixada pelo Juízo. Ainda, prazo prescricional pela pena fixada em definitivo só valerá a partir da data do recebimento da denuncia ou queixa, o que se verá no § 1.º do artigo 110.
Por fim, sem embargo à sua afetação processual, já que ontologicamente vinculada ao exercício do direito de ação, a doutrina tem a prescrição como direito material do autor, pois prevista no Código Penal. Daí é que se sustenta o início da sua contagem como sendo um prazo de direito material, que se conta, então, a partir do dia em que ocorrido o evento delituoso, sem qualquer prorrogaçãoquando de sua extinção.
Art. 110 – Prescrição depois de transitar em julgado a sentença final condenatória
Art. 110 - A prescrição depois de transitar em julgado a sentença condenatória regula-se pela pena aplicada e verifica-se nos prazos fixados no artigo anterior, os quais se aumentam de um terço, se o condenado é reincidente.
 § 1o  A prescrição, depois da sentença condenatória com trânsito em julgado para a acusação ou depois de improvido seu recurso, regula-se pela pena aplicada, não podendo, em nenhuma hipótese, ter por termo inicial data anterior à da denúncia ou queixa.
O artigo 110 e seu §1.º estabelecem um marco para aferição do prazo prescricional individualizado ao fato delituoso em concreto, que será a pena fixada na sentença condenatória transitada em julgado.
O caput disciplina o que a doutrina denomina prescrição da pretensão executória. Depois de transitada em julgado a sentença condenatória (a que se tornou definitiva por não haver mais recurso contra ela), não se fala mais em prescrição do direito de ação, porquanto este restou tempestivamente exercido, remanescendo, apenas, a pretensão quanto ao cumprimento da pena. O prazo para exigir o cumprimento dela, então, rege-se pela prescrição considerada a partir da pena fixada na decisão final.
O §1.º do artigo 110 do Código Penal, por seu turno, trata da prescrição retroativa. Sobre ela, contudo, é forçoso reconhecer inicialmente que, na recente alteração operada pela Lei n.º 12.234/10, o legislador não primou pela melhor redação ao editar a norma.
Efetivamente, apesar de, numa primeira vista do referido dispositivo legal, perceber-se que a prescrição retroativa entre o recebimento da denúncia e a publicação da sentença condenatória se mantém porque a contrario sensu foi vedada tal prescrição apenas para eventos anteriores à denúncia ou queixa, uma leitura mais acurada da lei mostrará que o legislador pecou pela falta de precisão quando da redação da norma. Isso, entretanto, será comentado no final do tópico.
A matéria da prescrição retroativa sofreu importante alteração com a publicação da Lei n.º 12.234/10, a partir da qual não mais se compreende possível computar tal modalidade para eventos anteriores ao oferecimento da denúncia ou da queixa, aplicando-se ela somente quando considerado o prazo entre o recebimento da peça acusatória e a publicação da sentença condenatória, pelas razões de interpretação já expostas.
Noutros termos, atualmente, a prescrição que corre entre a data do fato e a do recebimento da denúncia ou queixa só pode ter por base a pena máxima cominada ao delito, nada mais importando, para nesse fim, a pena cominada ao final do processo.
Disso não se pode concluir, contudo, que a prescrição não tem início antes de recebida a denúncia ou queixa. Aqui a prescrição corre sim, mas pela pena máxima cominada ao delito, seguindo fielmente a regra do artigo 109 e seus incisos.
Por seu turno, a prescrição pela pena projetada, em perspectiva ou virtual (aquela em que, pelas características do fato praticado e situação do autor, antes do início da ação já se imagina qual será a pena máxima aplicável ao caso, para então verificar se houve prescrição retroativa), que era rechaçada pelos Tribunais, por força da súmula 440 do Superior Tribunal de Justiça, mas usualmente acolhida na justiça de primeiro grau, restou completamente descartada com a revogação do §2.º do Código Penal.
Além disso, a alteração do tratamento dado à prescrição criou duas situações a serem notadas pelo operador jurídico, já que, em sendo norma mais gravosa, a Lei n.º 12.234/10 não regulamenta situações pretéritas, que seguem regidas pela antiga redação do art. 110 e § 1.º do Código Penal, assim como do seu revogado §2.º.
Tem-se então que, para os fatos praticados até 05 de maio de 2010 (um dia antes da entrada em vigor da nova regra), a prescrição pela pena fixada na sentença condenatória é aplicável ao período compreendido entre a data do fato e a do recebimento da denúncia ou queixa (prescrição retroativa). Visualizando-se possível em relação àqueles, também, a prescrição pela pena projetada.
A prescrição dos fatos praticados a partir de 06 de maio de 2010 (data da entrada em vigor da nova regra), por seu turno, segue pela pena máxima cominada ao delito, isso quando considerado o período entre a data do fato delituoso e a data do recebimento da denúncia ou queixa.
Sem embargo, mantém-se inalterado o tratamento dado à prescrição retroativa ocorrida entre a data do recebimento da denúncia ou queixa e a publicação da sentença condenatória, assim como a verificada a partir do trânsito em julgado (prescrição da pretensão executória), pois, nas duas situações, ela será regulada pela a pena fixada na sentença condenatória, e não mais pela pena máxima prevista no tipo penal.
Nas hipóteses dos artigos 109 e 110 do Código Penal, então, é possível imaginar um quadro resumido para melhor entendimento da prescrição retroativa, antes e depois da Lei n.º 12.234/10:
 Fatos praticados antes da Lei n.º 12.234/10: (05/05/2010)
	1.º Data do fato
	2.º Data do recebimento da denúncia ou queixa
	3.º Data do trânsito em julgado
	– Prescrição entre a data do fato e a do recebimento da denúncia ou queixa.
– Tem por base a pena fixada pelo Juízo quando do trânsito em julgado (extinto § 2.º do artigo 110 do Código Penal).
	– Prescrição entre o recebimento da denúncia ou queixa e a publicação da sentença condenatória:
– Tem por base a pena fixada pelo Juízo quando do trânsito em julgado (§ 1.º do artigo 110 do Código Penal).
	– Prescrição da pretensão executória: a que corre a partir do trânsito em julgado da sentença condenatória, sendo o prazo dentro do qual o Estado pode exigir o cumprimento da pena.
– Tem por base a pena fixada pelo Juízo quando do Trânsito em julgado (art. 110, caput, do Código Penal).
Fatos praticados depois da Lei n.º 12.234/10:
	1.º Data do fato
	2.º Data do recebimento da denúncia ou queixa
	3.º Data do trânsito em julgado
	– Prescrição entre a data do fato e a do recebimento da denúncia ou queixa.
– A possibilidade de retroagir a prescrição pela pena fixada no caso para antes do recebimento da denúncia ou queixa foi descartada pela Lei n.º 12.234/10, pois o § 1.º do art. 110 do Código Penal impede o uso de tal método nesta hipótese. Assim, neste caso, a prescrição corre pela pena máxima cominada ao delito.
	– Prescrição entre o recebimento da denúncia ou queixa e a publicação da sentença condenatória:
– Tem por base a pena fixada pelo Juízo quando do trânsito em julgado (§ 1.º do artigo 110 do Código Penal).
	– Prescrição da pretensão executória: a que corre a partir do trânsito em julgado da sentença condenatória, sendo o prazo dentro do qual o Estado pode exigir o cumprimento da pena.
- Tem por base a pena fixada pelo Juízo quando do Trânsito em julgado (art. 110, caput, do Código Penal).
Obs¹: Outras causas interruptivas da prescrição, notadamente as previstas no artigo 117 do Código Penal, podem ocorrer no curso do processo, não se podendo considerar as situações acima descritas como regra geral absoluta a todas as hipóteses de interrupção da prescrição.
Obs²: A prescrição intercorrente – a que corre perante os tribunais, considera a pena fixada no caso concreto, fluindo entre a data da publicação da sentença condenatória recorrível e a da sessão do julgamento pelo Tribunal.
Parte da doutrina sustenta que a inovação na matéria da prescrição não quis apenas extinguir a prescrição retroativa que se admitia entre a data do fato e a do recebimento da denúncia ou queixa, pois o texto atualmente em vigor permite o entendimento de que houve uma revogação total acerca da prescrição retroativa (incluída, também, aquela verificada entre o recebimento da denúncia/queixa e a publicação da sentença). De outro lado, a revogação parcial dessa modalidade de prescrição também violaria o princípio da proporcionalidade, por não haver justificativa para uma prescrição ser mais severa durante a investigaçãopolicial e mais branda quando do processamento da ação penal e da aplicação da pena[1].
Por fim, outra a crítica à redação do referido dispositivo legal:
Ao tentar restringir a incidência da prescrição retroativa, vedando-a em face de eventos anteriores à denúncia ou queixa, em uma exegese lógica/gramatical do dispositivo, a forma como foi redigida acaba por esvaziar tal objetivo.
Isso porque, como está escrita, ela recusa incidência da prescrição retroativa para eventos anteriores à denúncia ou queixa apenas quando estes não ocorrerem, ou seja, tão somente quando a hipótese for nenhuma. Explico.
Eis a redação atual do §1.º do artigo 110 do Código Penal:
 § 1o  A prescrição, depois da sentença condenatória com trânsito em julgado para a acusação ou depois de improvido seu recurso, regula-se pela pena aplicada, não podendo, em nenhuma hipótese, ter por termo inicial data anterior à da denúncia ou queixa.
O destaque em negrito foi proposital e dele se conclui que, como dito antes, em face de eventos anteriores à denúncia ou queixa (entre a data do fato e o recebimento da denúncia ou queixa), a prescrição retroativa pela pena aplicada não se opera quando não incidirem as hipóteses que a autorizam.
É que, tendo o legislador empregado a expressão nenhuma, que mantém relação antagônica, assim como de negação, comalguma, deve se reconhecer que, quando alguma hipótese de prescrição ocorrer, não se poderá opor a ela a proibição de incidência da prescrição retroativa contida no referido texto legal, justamente porque já não se trata de nenhuma hipótese, sendo, então, alguma hipótese específica.
Com efeito, a interpretação lógica/gramatical das premissas contidas no § 1.º do artigo 110 do Código Penal impede sua incidência nos moldes que, aparentemente, foi pretendido pelo legislador, já que ele acaba negando os efeitos da prescrição retroativa a partir do fato delituoso (diz que não pode) apenas quando não houver hipóteses de incidência, ou seja, em nenhuma hipótese.
Efetivamente, o legislador nega a eficácia da prescrição retroativa apenas em face de um campo vazio de hipóteses de prescrição, a contrario sensu, havendo uma hipótese, poderá esta ter por termo inicial data anterior à denúncia ou queixa.
Em mesmo sustentando que ao dizer “nenhuma” o legislador quis empregar o sentido de “nem uma hipótese” ou “sequer em uma hipótese”, ainda assim isso não impede a conclusão que a partícula anterior (“...não podendo...”) recusaria justamente vigor da conjunção “nem” ou do advérbio “sequer”, pelo que, também por esse aspecto, se afiguraria plenamente possível a incidência da prescrição retroativa a fatos anteriores à denúncia ou queixa, como é o delito em si mesmo considerado.
De outro lado, caso o legislador pretendesse, efetivamente, vedar a incidência da prescrição retroativa para eventos anteriores à denúncia ou queixa, andaria muito melhor se utilizasse e expressão “... não podendo, em qualquer hipótese...” ou “... não podendo, em hipótese alguma...”,dando ao texto legal a seguinte redação:
 § 1o  A prescrição, depois da sentença condenatória com trânsito em julgado para a acusação ou depois de improvido seu recurso, regula-se pela pena aplicada, não podendo, em qualquer hipótese (ou hipótese alguma), ter por termo inicial data anterior à da denúncia ou queixa.
Contudo, por não ser tão claro como parece que deveria ter sido, o legislador transfere-se ao jurista a árdua tarefa de encontrar o exato sentido da norma, assim como a medida adequada do direito de punir do Estado em face do direito de liberdade do cidadão.
Apesar de ainda não ter encontrado doutrina a respeito do tema em particular, compreendo que, por sua relevância, a crítica à redação da norma não poderia passar em branco.
Art. 111 – Termo inicial da prescrição antes de transitar em julgado a sentença final
Art. 111 - A prescrição, antes de transitar em julgado a sentença final, começa a correr:
 I - do dia em que o crime se consumou; 
 II - no caso de tentativa, do dia em que cessou a atividade criminosa;
 III - nos crimes permanentes, do dia em que cessou a permanência;
 IV - nos de bigamia e nos de falsificação ou alteração de assentamento do registro civil, da data em que o fato se tornou conhecido.
A contagem do prazo prescricional tem início quando o crime se consuma. Se não se consuma, a prescrição pela tentativa tem início quando exaurida a ação do autor.
Nos crimes permanentes, quando cessada a permanência do crime.
Nas hipóteses de crime de bigamia ou alteração do registro civil, contudo, a prescrição se inicia a partir da data em que o fato se tornou conhecido.
Art. 112 – Termo inicial da prescrição após a sentença condenatória irrecorrível
Art. 112 - No caso do art. 110 deste Código, a prescrição começa a correr:
 I - do dia em que transita em julgado a sentença condenatória, para a acusação, ou a que revoga a suspensão condicional da pena ou o livramento condicional;
 II - do dia em que se interrompe a execução, salvo quando o tempo da interrupção deva computar-se na pena.
Inciso I – A prescrição que se inicia após a sentença condenatória é a da pretensão executória (art. 110 do CP) e seu início se dá a partir do dia em que a sentença transitar em julgado para a acusação (já que a partir daí a pena não poderá ser agravada). Não se exigindo que a sentença transite em julgado para ambas as partes.
Assim, não cabendo mais recurso pela acusação, a prescrição começa a contar, tendo por base a pena aplicada ao caso.
Ela também se inicia quando revogada a suspensão condicional da pena ou o livramento condicional, hipótese em que se iniciará com base na pena restante (como se verá no artigo 113 do Código Penal).
Inciso II – Por último, fluirá a prescrição do dia em que interrompida a execução da pena, v. g. pela evasão (fuga) do apenado, quando a contagem daquela se iniciará pela pena restante.
Como exceção do inciso II, considera-se o tempo anterior da interrupção quando este deve ser computado na pena, v. g. na hipótese de internação do apenado (art. 41 do Código Penal).
Art. 113 – Prescrição no caso de evasão do condenado ou de revogação do livramento condicional
Art. 113 – No caso de evadir-se o condenado ou de revogar-se o livramento condicional, a prescrição é regulada pelo tempo que resta da pena.
Nas hipóteses de evasão do apenado e revogação do livramento condicional regula-se a prescrição pelo saldo de pena remanescente.
A prescrição do foragido se dará pelo saldo de pena restante.
Art. 114 – Prescrição da pena de multa
Art. 114 - A prescrição da pena de multa ocorrerá:
I - em 2 (dois) anos, quando a multa for a única cominada ou aplicada;
II - no mesmo prazo estabelecido para prescrição da pena privativa de liberdade, quando a multa for alternativa ou cumulativamente cominada ou cumulativamente aplicada.
Quando cominada apenas a pena de multa, a prescrição será de dois anos, também incidindo este prazo nas hipóteses de prescrição retroativa.
Caso reste cominada de forma alternativa ou cumulativa, assim como aplicada cumulativamente a uma pena privativa de liberdade, sua prescrição seguirá o prazo desta pena.
A prescrição retroativa também se aplica à pena de multa nesta hipótese, já que, sendo aplicável às sanções mais severas, não se justificaria a exclusão de tal sistemática às penas mais brandas, como é a de multa.
Art. 115 – Redução dos prazos de prescrição
Art. 115 - São reduzidos de metade os prazos de prescrição quando o criminoso era, ao tempo do crime, menor de 21 (vinte e um) anos, ou, na data da sentença, maior de 70 (setenta) anos.
A redução pela metade se regula pela idade do autor na época do crime ou pela idade dele na data da publicação da sentença. Se menor de 21 anos quando praticou o crime ou iniciou a conduta delitiva, terá ele os prazos reduzidos pela metade. De outro lado, os prazos serão igualmente reduzidos quando o autor do fato for maior de 70 anos na ocasião da prolação da sentença.
Art. 116 – Causas impeditivas da prescrição
Art. 116 - Antes de passarem julgado a sentença final, a prescrição não corre:
I - enquanto não resolvida, em outro processo, questão de que dependa o reconhecimento da existência do crime;
II - enquanto o agente cumpre pena no estrangeiro.
Parágrafo único - Depois de passada em julgado a sentença condenatória, a prescrição não corre durante o tempo em que o condenado está preso por outro motivo.
Trata o artigo 116 do Código Penal das causas impeditivas do curso da prescrição, ou seja, da suspensão da prescrição.
– Inciso I – A hipótese do inciso I determina a suspensão da prescrição por questão prejudicial, na qual a responsabilização pelo crime depende de pronunciamento de outro Juízo sobre algum elemento do fato delituoso processado.
– O cumprimento de pena no estrangeiro também suspende o prazo prescricional.
Por fim, a Constituição Federal também prevê uma hipótese de suspensão da prescrição quando for determinada a sustação de processo por crime praticado por Senador ou Deputado após sua diplomação, valendo ela enquanto durar o mandato (artigo 53, §§ 1.º a 5.º, da Constituição Federal).
Ainda, estando o apenado preso por outro motivo, não pode a prescrição correr, justamente pela absoluta impossibilidade de se executar simultaneamente duas penas privativas de liberdade. Daí a razão do parágrafo único do artigo 116 do Código Penal.
Art. 117 – Causas interruptivas da prescrição
Art. 117 - O curso da prescrição interrompe-se:
 I - pelo recebimento da denúncia ou da queixa;
 II - pela pronúncia;
 III - pela decisão confirmatória da pronúncia;
 IV - pela publicação da sentença ou acórdão condenatórios recorríveis;
 V - pelo início ou continuação do cumprimento da pena;
 VI - pela reincidência.
 § 1º - Excetuados os casos dos incisos V e VI deste artigo, a interrupção da prescrição produz efeitos relativamente a todos os autores do crime. Nos crimes conexos, que sejam objeto do mesmo processo, estende-se aos demais a interrupção relativa a qualquer deles.  
 § 2º - Interrompida a prescrição, salvo a hipótese do inciso V deste artigo, todo o prazo começa a correr, novamente, do dia da interrupção.
O artigo 117 enumera eventos que provocam o reinício da contagem do prazo prescricional, sendo essa, pois, a essência jurídica da interrupção.
Inciso I – O não recebimento ou a rejeição da denúncia pelo Juízo não produzem qualquer efeito sobre a prescrição, apenas quando ela é efetivamente recebida pelo magistrado o prazo prescricional se interrompe.
O recebimento de denúncia por Juízo incompetente também não interrompe a prescrição.
Nas hipóteses de aditamento da denúncia, o recebimento do aditamento só provocará a interrupção da prescrição quando narrar novos fatos típicos, que não descritos anteriormente na denúncia.
Inciso II e III – A sentença de pronúncia, por sua vez, também interrompe o prazo prescricional, assim como a decisão que a confirma.
Inciso IV – A publicação da sentença condenatória também é outro marco interruptivo da prescrição, assim como a do acórdão condenatório. Sobre este, conduto, houve alteração legislativa, já que antes a lei penal falava apenas sobre a sentença condenatória.
Pode se compreender, contudo, que o acórdão condenatório interromperá a prescrição apenas quando vier em reforma a uma sentença absolutória ou quando aplicar pena mais severa, não tendo esse efeito quando, ao confirmar uma condenação, acaba por manter ou reduzir a pena.
De outro lado, há entendimento no sentido de que basta o acórdão ser condenatório para que a interrupção da prescrição se opere, sendo indiferente se reformou, ou não, a sentença absolutória anterior, tampouco se aumentou, diminuiu ou apenas confirmou a pena.
Inciso V – O início do cumprimento da pena pelo recolhimento do condenado é também um marco interruptivo da prescrição, caso evadido da casa prisional, interrompe-se na data da fuga, interrompendo-se também quando novamente capturado, nesta hipótese, contudo, o cálculo se dá pela pena restante (artigos 112, inciso II e 113 do Código Penal).
Inciso VI – A reincidência interrompe apenas a prescrição da pretensão executória (Súmula 220 do Superior Tribunal de Justiça), não afetando a prescrição da pretensão punitiva. A condenação pela prática de fato anterior também não interromperá a prescrição.
Tal efeito pode incidir a partir da data da prática do fato novo.
Há, contudo, entendimento no sentido de que a prescrição se interrompe pela reincidência apenas a partir do trânsito em julgado da condenação pelo segundo fato.
Obs: A sentença que concede o perdão judicial não implica em reincidência nem interrompe o prazo prescricional – Súmula 18 do Superior Tribunal de Justiça e artigo 120 do Código Penal.
§1.º - O prazo da prescrição é comum a todos os coautores, salvo quando considerado na etapa de cumprimento da pena e, também, a qualidade individual da reincidência em face de cada réu.
Delitos conexos têm a prescrição interrompida do mesmo modo, desde que processados na mesma ação.
§2.º - Trata do modo como se opera a interrupção da prescrição, a contagem de todo o prazo começa a correr novamente a partir do dia em que interrompido, salvo na hipótese do inciso V, quando a contagem terá por base o cálculo da pena remanescente.
Art. 118 – Prescrição das penas
Art. 118 - As penas mais leves prescrevem com as mais graves.
Nas hipóteses em que, pela prática de um crime, o legislador prevê mais de uma pena ao autor do fato, as mais brandas prescrevem com as mais severas. Assim, prescrevendo a pena privativa de liberdade, certamente estará prescrita a pena de multa, nos crimes em que restarem cumuladas tais sanções.
O artigo em questão não trata das penas decorrentes do concurso de crimes, sendo tal matéria resolvida pela redação do artigo 119 do Código Penal
Art. 119 – Extinção da punibilidade no concurso de crimes
Art. 119 - No caso de concurso de crimes, a extinção da punibilidade incidirá sobre a pena de cada um, isoladamente.
A prescrição de um crime não afeta a de outro. Ainda que conexos, continuados, praticados em concurso formal ou material, a prescrição de cada um é computada individualmente.
A majoração decorrente da continuidade delitiva ou do concurso, por sua vez, não é considerada para definição do prazo prescricional.
Art. 120 – Perdão Judicial
Art. 120 - A sentença que conceder perdão judicial não será considerada para efeitos de reincidência.
A redação do artigo 120 do Código Penal é autoexplicativa quando refere que o perdão judicial não tem efeitos sobre a reincidência.
Já sobre a natureza da sentença que reconhece tal favor legal, mesmo que parte da doutrina mencione tratar-se de sentença condenatória, a leitura da Súmula 18 do STJ subtrai dela qualquer efeito condenatório:
 “A sentença concessiva do perdão judicial é declaratória da extinção da punibilidade, não subsistindo qualquer efeito condenatório.”

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