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UNIVERSIDADE FEDERAL DE CAMPINA GRANDE CENTRO DE CIÊNCIAS E TECNOLOGIA UNIDADE ACADÊMICA DE ENGENHARIA QUÍMICA DISCIPLINA: CINÉTICA QUÍMICA PROFESSORA: MEIRY GLÁUCIA F. RODRIGUES VISITA AO LABNOV Aluno: Ítalo Barros Meira Ramos Matrícula: 113111294 Campina Grande – PB, 23 de Março de 2015. 1 OBJETIVO O presente trabalho tem como finalidade descrever com detalhes, de uma maneira clara e objetiva a visita realizada ao Laboratório de Desenvolvimento de Novos Materiais (LabNov) pela turma de Cinética Química 2014.2. 2 INTRODUÇÃO Em visita ao Laboratório de Desenvolvimento de Novos Materiais (LabNov) coordenado pela Professora Doutora Meiry Gláucia Freire Rodrigues, pode-se entender melhor alguns dos processos que são muito utilizados na área de Catálise e caracterização de materiais. Uma das principais técnicas de análise é a de área superficial. Os materiais não são totalmente sólidos, eles são formados por poros e cavidades, que quando unidos assemelham-se a uma esponja. Os reagentes são adsorvidos nas superfícies desses materiais, reagem dentro dessas cavidades e os produtos são formados. Daí, surgiu a necessidade de descobrir a área desses poros. Sendo assim, no LabNov o equipamento utilizado para essa técnica é chamado de ASAP 2020 (Accelerated Surface Area and Porosimetry). Ele faz toda a análise e fornece não só o tamanho dos poros, mas outras características importantes, como: a área superficial total, volume, quantidade de poros etc. Quanto mais poros o material tem, melhor e mais rapidamente ocorre a reação. O equipamento citado é dividido em duas partes, a primeira parte é composta por dois tubos, um é responsável pela purificação do material, remoção de umidade e impurezas, e é onde todo o ar presente é retirado, deixando a amostra no vácuo, a outra é para onde tais impurezas vão parar. Enquanto que a segunda parte é onde ocorre a adsorção, através de um gás inerte (nitrogênio) que é adsorvido a fim de que se descubra a área superficial, e com uma diferença de pressão ele descobre o tamanho e quantidade de poros. A análise mais comum é a chamada BET, equação proposta por Brunauer, Emmett e Teller, que relaciona diretamente o volume adsorvido em função da pressão relativa do gás. Outras análises também podem ser feitas através desse equipamento, mas no momento essa é a mais interessante aos materiais trabalhados no laboratório. Outro equipamento também de grande relevância é o chamado Cromatógrafo Gasoso. É um instrumento analítico que permite analisar diversos compostos. Uma solução de amostra é inserida no injetor do equipamento e transportada por um gás através de um tubo de separação, que é chamado “coluna”. Gás hélio ou nitrogênio podem ser utilizados para este transporte e são chamados de gases de arraste, tais gases são descartados após o uso. O tempo de operação desse equipamento depende muito do operador e do material no qual está se fazendo a análise. Toda a avaliação interna é feita única e exclusivamente pela máquina, a única parte manual é apenas o controle externo. Algumas vantagens da cromatografia é a sua rapidez, eficiência e alta precisão, sendo limitado apenas a amostras voláteis. 3 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA A turma de Cinética Química 2014.2 realizou em 17 de março de 2015 (terça-feira), às 10h00min, uma visita promovida pela Professora Doutora Meiry Gláucia Freire Rodrigues ao Laboratório de Desenvolvimento de Novos Materiais (LabNov). Os alunos tiveram a oportunidade de conhecer o ambiente do laboratório, que desenvolve pesquisas há anos em diversas áreas de Ciência e Tecnologia, mas principalmente com ênfase em Catálise e Meio Ambiente. Após a introdução inicial, a Doutoranda Fabiana Medeiros do Nascimento Silva descreveu as características e funcionalidades do equipamento ASAP 2020. Posteriormente, o Doutorando Tellys Lins Almeida Barbosa explanou o princípio de funcionamento do Cromatógrafo Gasoso e as suas aplicações na área de pesquisa. Figura 3.1 – Placa do LABNOV. Fonte: Página do LABNOV em rede social. Meiry Gláucia Freire Rodrigues Meiry Gláucia Freire Rodrigues possui graduação em Engenharia Química pela Universidade Federal da Paraíba (1989), mestrado em Engenharia Química pela Universidade Federal de São Carlos (1992) e doutorado (Doctorat de Chimie Appliquée) pela Université de Poitiers, França (1996). Atualmente é Professor Associado III da Universidade Federal de Campina Grande, Unidade Acadêmica de Engenharia Química. Tem experiência na área de Engenharia Química e Engenharia Ambiental, com ênfase em Petróleo e Petroquímica, atuando principalmente nos seguintes temas: Processo de separação óleo/água utilizando como adsorventes argilas organofílicas, Desenvolvimento de catalisadores (peneiras moleculares), Incorporação de metais em peneiras moleculares (Ni, Pt, Ru, Fe, Co), Desenvolvimento de argilas organofílicas, Desenvolvimento de membranas zeolíticas, Remoção de metais pesados (Cu, Cr, Zn, Cd, Ni, Pb) de efluentes sintéticos, Processos catalíticos: Isomerização de alcanos, Síntese de Fischer-Tropsch e Reforma de nafta. O seu nome em citações bibliográficas é RODRIGUES, M. G. F 7 . Figura 3.2 – Professora Doutora Meiry Gláucia. Fonte: Plataforma Lattes. Fabiana Medeiros do Nascimento Silva Fabiana Medeiros do Nascimento Silva é atualmente Doutoranda em Engenharia Química pela Universidade Federal de Campina Grande atuando como pesquisadora pelo Laboratório de Desenvolvimento de Novos Materiais (LabNov). Possui graduação em Licenciatura em Química pela Universidade Estadual da Paraíba (2008), especialização em Metodologia do Ensino de Química (UNINTER, 2010). Lecionou no período de maio (2010) a julho (2011) no Colégio de Santa Rita de Areia (PB) e de julho (2006) até julho (2011) na E.E.E.F.M. José Bronzeado Sobrinho em Remígio (PB). Tem experiência na área de Química, Meio Ambiente e Catálise. O seu nome em citações bibliográficas é SILVA, F. M. N 8 . Figura 3.3 – Doutoranda Fabiana Medeiros. Fonte: Foto retirada de rede social. Tellys Lins Almeida Barbosa Atualmente Doutorando em Engenharia Química pela Universidade Federal de Campina Grande atuando como pesquisador pelo Laboratório de Desenvolvimento de Novos Materiais (LABNOV). Graduado em Química Industrial pela Universidade Estadual da Paraíba, possui curso Técnico em Eletroeletrônica pelo Centro de Formação Profissional Stênio Lopes - SENAI. Tendo experiências no tratamento de águas e no pré-tratamento de sistemas de dessalinização via osmose inversa, como também na área técnica de Automação, Mecatrônica e Robótica, com ênfase em Projetos de Automação e Mecatrônica. O seu nome em citações bibliográficas é BARBOSA, T. L. A 9 . Figura 3.4 – Doutorando Tellys Lins. Fonte: Plataforma Lattes. A partir da próxima página, estão as informações coletadas (durante a visita) referente aos equipamentos apresentados ASAP 2020 e o Cromatógrafo Gasoso. ASAP 2020 Qualquer material exibindo propriedades dependentes da área superficial ou porosidade pode e deve ser caracterizadoutilizando a técnica de adsorção/dessorção de nitrogênio a 77K. Material na forma de pó, incluindo reagentes, produtos de reações, intermediários, solos, argilas, catalisadores, precursores particulados, extratos vegetais dessecados, ossos desidratados ou qualquer amostra que apresente morfologia na forma de partículas ou contenha poros, irá apresentar propriedades dependentes destes aspectos 1 . Exemplos da influência da morfologia no desempenho de materiais: catalisadores na forma de pó e com grande área específica são infinitamente mais eficientes que os mesmos materiais na forma de sólido compactado. Um material triturado ou moído apresenta maior solubilidade, capacidade de adsorção e temperatura de processamento menor. Adsorventes de odores ambientais, filtros de máscaras de gases tóxicos, pigmentos de tintas e vernizes, borrachas de pneus, entre outros materiais são altamente dependentes de sua morfologia, a ponto dos produtos não poder ser comercializado sem que estas características sejam controladas 1 . A técnica de adsorção/dessorção de nitrogênio a 77K permite determinar com relativa precisão a área específica dos materiais (área de superfície por grama de material), o volume total de poros, seus diâmetros médios predominantes ao longo de um grande intervalo de tamanhos, a área superficial externa (excluindo a área interna dos poros), a energia de adsorção e dessorção de cada fase contida no material. Permite avaliar materiais sujeitos a lixiviação, corrosão, sinterização, sujeitos à deposição de material superficial, monitorar processos de calcinação, recozimento, trituração, moagem, dentre outros 1 . O ASAP 2020 é um analisador de área superficial e porosimetria de operação automática, técnica de adsorção física por volume estático, não necessita mistura de gases. Disponibiliza isotermas de adsorção/dessorção e diferentes métodos de cálculo para determinação de área superficial, distribuição de diâmetros e volume de poros. As variedades de recursos de análises tornam este modelo ideal para pesquisa e desenvolvimento 2 . Como já dito anteriormente, é um analisador de área superficial, volume e distribuição de tamanho de poros. O ASAP 2020 utiliza a técnica de adsorção física de gás para gerar dados de alta resolução para aplicações de pesquisa e controle de qualidade. Rotinas automáticas de equilíbrio e detecção de poros permitem a determinação da distribuição real de volume e tamanho de poros 2 .. Na Figura 3.4 é demonstrado as partes que compõe o equipamento descrito: Figura 3.4 – Componentes do ASAP 2020. Fonte: Bonsai Advanced Technologies, disponível em: http://migre.me/p74OE. Este equipamento permite a realização de análises de área de superfície por isotermas Brunauer, Emmett e Taller (BET) e Lagmuir, de volume de poros e distribuição de meso e microporos. Estas análises podem ser feitas empregando-se nitrogênio. O método de adsorção de BET é o procedimento mais utilizado para a determinação da área superficial específica total. Nesse método, o gás passa sobre uma amostra resfriada à temperatura do nitrogênio líquido (77K), sob pressões de até 2 atm e pressões relativas (P/P0) inferiores a 0,3. O N2 adsorvido fisicamente em cada pressão produz uma alteração na composição de saída, registrada por um detector de condutividade térmica, ligado a um registrador potenciométrico. Ao aquecer a amostra, pela perda de contato do N2 líquido com a célula de amostragem, o N2 é dessorvido. A área dos picos é proporcional à massa de N2 dessorvida. A partir do volume de N2 obtido no ensaio e utilizando a equação de BET, determina-se o volume de nitrogênio necessário para recobrir a superfície adsorvente com uma monocamada. Este equipamento é fundamental para a caracterização textural de diferentes materiais, como por exemplo, sílicas mesoporosas, zeólitas, polímeros de coordenação, catalisadores, dentre outros 3 . Área Superficial – 0,01 até 3000 m²/g. Tamanho de poros – Diâmetros de 3,5 a 30 Angstrons. Opções: Microporo, Hidrocarbonetos e Quimissorção. - Características: Hardware Software Duas estações de aquecimento a vácuo Detecção automática de poros Sistemas de análise e tratamento simultâneos Preenchimento de Poros por equilíbrio ou varredura Seis entradas de gases Isotermas de adsorção de 1.000 pontos. Temperaturas de preparação de amostra até 450 ºC Software DFT (Density Functional Theory) Sistema modular para upgrade de quimissorção e microporo Superposição de gráficos de oito amostras Sistema de dosagem inteligente de gás Protocolos pré-definidos de condições de análises Tabela 3.1 – Características computacionais do ASAP 2020. Fonte: Laboratório Multiusuário de Caracterização de Materiais. CROMATÓGRAFO GASOSO A Cromatografia Gasosa (CG) é uma técnica para separação e análise de misturas de substâncias voláteis. A amostra é vaporizada e introduzida em um fluxo de um gás adequado denominado de fase móvel (FM) ou gás de arraste. Este fluxo de gás com a amostra vaporizada passa por um tubo contendo a fase estacionária FE (coluna cromatográfica), onde ocorre a separação da mistura. A FE pode ser um sólido adsorvente (Cromatografia Gás-Sólido) ou, mais comumente, um filme de um líquido pouco volátil, suportado sobre um sólido inerte (Cromatografia Gás-Líquido com Coluna Empacotada ou Recheada) ou sobre a própria parede do tubo (Cromatografia Gasosa de Alta Resolução) 5 . Na cromatografia gás-líquido (CGL), os dois fatores que governam a separação dos constituintes de uma amostra são: → A solubilidade na FE: quanto maior a solubilidade de um constituinte na FE, mais lentamente ele caminha pela coluna. → A volatilidade: quanto mais volátil a substância (ou, em outros termos, quanto maior a pressão de vapor), maior a sua tendência de permanecer vaporizada e mais rapidamente caminha pelo sistema. As substâncias separadas saem da coluna dissolvidas no gás de arraste e passam por um detector; dispositivo que gera um sinal elétrico proporcional à quantidade de material eluído. O registro deste sinal em função do tempo é o cromatograma, sendo que as substâncias aparecem nele como picos com área proporcional à sua massa, o que possibilita a análise quantitativa 5 . - INSTRUMENTAÇÃO Os constituintes básicos de um sistema cromatográfico são 5 : Figura 3.5: Esquema de uma cromatografia gasosa. Fonte: ATKINS, 2001. → Reservatório de Gás de Arraste. O gás de arraste fica contido em cilindros sob pressão. Assim, a escolha do gás de arraste independe da amostra a ser separada. O parâmetro mais importante é a sua compatibilidade com o detector (alguns detectores trabalham melhor quando se usam determinados gases). Os gases mais empregados são H2, He e N2 e a vazão do gás de arraste, que deve ser controlada, é constante durante a análise. → Sistema de Introdução de Amostra. Na CG, a seção do cromatógrafo gasoso onde é feita a introdução da amostra é o injetor (ou vaporizador). Na versão mais simples, trata-se de um bloco de metal conectado à coluna cromatográfica e à alimentação de gás de arraste. Este bloco contém um orifício com um septo, geralmente de borracha de silicone, pelo qual amostras líquidas ou gasosas podem ser injetadas com microsseringas hipodérmicas. Amostras sólidas podem ser dissolvidas em um solvente adequado. O injetor deve estar aquecidoa uma temperatura acima do ponto de ebulição dos componentes da amostra, para que a amostra se volatilize completa e instantaneamente e seja carregada para a coluna. Se a temperatura for excessivamente alta, pode ocorrer decomposição da amostra. A amostra deve entrar na coluna na forma de um segmento estreito, para evitar alargamento dos picos. → Coluna Cromatográfica e Controle de Temperatura da Coluna. Depois de injetada e vaporizada, a amostra é introduzida na coluna cromatográfica, onde é efetuada a separação. Na CG a "afinidade" de um soluto pela FM é determinada pela volatilidade do soluto, sua pressão de vapor, que é função da estrutura do composto e da temperatura. Alterando-se a temperatura, altera-se também a pressão de vapor e, por conseguinte, a "afinidade" de uma substância pela FM. → O detector quantifica e indica o que sai da coluna. → Eletrônica de tratamentos: Purifica os ruídos para melhor análise. → Registro de sinal: Analisa e avalia os dados obtidos no processo. Figura 3.6: Esquema de um cromatógrafo a gás. 1 - Reservatório de Gás e Controles de Vazão / Pressão. 2 - Injetor (Vaporizador) de Amostra. 3 - Coluna Cromatográfica e Forno da Coluna. 4 - Detector. 5 - Eletrônica de Tratamento (Amplificação) de Sinal. 6 - Registro de Sinal (Registrador ou Computador). Fonte: ATKINS, 2001. - FASES ESTACIONÁRIAS Na CG existe um grande número de fases estacionárias líquidas e sólidas disponíveis comercialmente, de modo que a natureza da FE é a variável mais importante na otimização da seletividade 5 . As FE líquidas são as mais empregadas em CG. FE sólidas (carvão ativo, sílica, peneiras moleculares e polímeros porosos) são aplicadas para separação de gases e compostos de baixa massa molar. Em princípio, para um líquido ser usado como FE em CG ele deve ser pouco volátil (pressão de vapor até 0,1 mmHg ou 13,332 Pa na temperatura de trabalho) e termicamente estável. Para esta fase ser empregada em uma separação em particular, ela precisa: → Ser um bom solvente para os componentes da amostra, caso contrário o efeito será o mesmo de temperaturas de coluna excessivamente altas (os compostos ficarão quase que o tempo todo no gás de arraste); → Ser um bom solvente diferencial, isto é, além de dissolver bem todos os constituintes da amostra, fazê-lo com solubilidades suficientemente diferentes para que eles possam ser separados; e ser quimicamente inerte em relação à amostra. → Via de regra, fase estacionária com estruturas similares à da amostra dissolverão melhor seus constituintes, provendo melhores seletividades e separações. FE polares dissolvem melhor compostos polares, etc. Por exemplo: hidrocarbonetos podem ser separados eficientemente usando esqualano (um alcano de massa molar elevada). As FE mais populares são os silicones. Silicones são polímeros extremamente estáveis e inertes, o que os torna e especialmente adequados à CG. Nesta classe, as polidimetilsiloxanas são os menos polares. A substituição dos grupos metila na cadeia por outros grupos (fenil, ciano, trifluoropropil, etc.) fornece FE com polaridades crescentes. Deste modo, eles podem ser empregados na separação de misturas das mais diversas polaridades. Comercialmente, são disponíveis sob diversas denominações, muitas delas praticamente equivalentes. SE-30, OV-1 e DC-200 são nomes comerciais para polidimetilsiloxano de fabricantes diferentes. - COLUNA CROMATOGRÁFICA A coluna cromatográfica é o local onde ocorre a interação entre a amostra e a FE. Existem duas geometrias básicas de colunas para CG: as colunas empacotadas (ou recheadas), e as colunas tubulares abertas (ou capilares) 6 . Nas colunas empacotadas, a FE líquida é depositada sob a forma de um filme fino e uniforme sobre partículas de um suporte adequado. O suporte deve ser um sólido poroso com grande área superficial, inerte e de boa resistência mecânica. O tamanho das partículas e dos poros deve ser o mais uniforme possível. O material mais empregado como suporte é a diatomite, esqueletos fósseis de algas microscópicas (diatomáceas), compostos principalmente de SiO2 amorfa e traços de óxidos metálicos. Muitas vezes, o material é submetido a tratamentos químicos para diminuir a sua atividade superficial, e torná-lo mais inerte 6 . - DETECTOR O detector indica e quantifica os componentes separados pela coluna. Um grande número de detectores tem sido descritos e usados em CG. Existem, entretanto, algumas características básicas comuns para descrever seu desempenho 6 : • Seletividade. Alguns detectores apresentam resposta para qualquer substância diferente do gás de arraste que passe por ele. Estes são os chamados detectores universais. Por outro lado, existem detectores que respondem somente a compostos que contenham um determinado elemento químico em sua estrutura, que são os detectores específicos. Entre estes dois extremos, alguns detectores respondem a certas classes de compostos (detectores seletivos). • Ruído. São os desvios e oscilações na linha de base (sinal do detector quando só passa o gás de arraste). Pode ser causado por problemas eletrônicos, impurezas e sujeiras nos gases e no detector, etc. Por melhor que seja o funcionamento do sistema, sempre existe ruído. • Tipo de Resposta. Alguns detectores apresentam um sinal que é proporcional à concentração do soluto no gás de arraste; em outros, o sinal é proporcional à taxa de entrada de massa do soluto no detector. Isto depende do mecanismo de funcionamento de cada detector. • Quantidade Mínima Detectável (QMD). É a quantidade de amostra mínima para gerar um sinal duas vezes mais intenso que o ruído. É uma característica intrínseca do detector. Quanto menor a QMD, mais sensível o detector. • Fator de Resposta. É a intensidade de sinal gerado por uma determinada massa de soluto, que depende do detector e do composto estudado. Pode ser visualizado como a inclinação da reta que correlaciona o sinal com a massa de um soluto (curva de calibração). Quanto maior o fator de resposta, mais confiável a análise quantitativa. • Faixa Linear Dinâmica. É a razão entre a menor e a maior massa entre as quais o fator de resposta de um detector para um soluto é constante, isto é, onde a curva de calibração é linear. Os dois detectores mais significativos em CG são o Detector por Condutividade Térmica (DCT) e o Detector por Ionização em Chama (DIC). O funcionamento do DCT é baseado no fato de que a velocidade de perda de calor de um corpo quente para um corpo mais frio é proporcional, dentre outros fatores, à condutividade térmica do gás que separa estes corpos. Um filamento metálico muito fino (de W, Au ou liga W-Re) é aquecido pela passagem de uma corrente elétrica constante. Este filamento fica montado dentro de um orifício em um bloco metálico (cela), aquecido a uma temperatura mais baixa que aquela do filamento, por onde o gás de arraste proveniente da coluna passa continuamente. Enquanto passar gás de arraste puro pela cela, a taxa de perda de calor do filamento para o bloco é constante e a temperatura do filamento não varia. Quando um componente é eluído da coluna, ele sai misturado com o gás de arraste e passa pelo detector. Se a condutividade desta mistura for diferente daquela do gás de arraste puro, o filamento passa a perder calor para o bloco numa taxa diferente daquela do equilíbrio. Por exemplo, se a taxa de perda de calor diminuir, o filamento se aquece quando a amostra é eluída. O aquecimento do filamento causa uma variação na sua resistência elétrica e a resistividadede um metal aumenta com a temperatura. O filamento é montado em um circuito de ponte de Wheatstone, que converte a variação na resistência elétrica do filamento numa variação de voltagem, que é coletada em um registrador gerando o cromatograma 6 . O DCT é um detector universal, sensível à concentração do soluto no gás de arraste. Geralmente, quando se usa DCT, o gás de arraste é He ou H2. Pelo fato destes gases terem condutividades térmicas altíssimas, as misturas gás de arraste mais o soluto sempre terão condutividades térmicas menores que a do gás de arraste puro, o que impede sinais negativos, além de se obter maiores fatores de resposta. Entretanto, ele é considerado um detector pouco sensível. A QMD de um modelo moderno, para propano, é de 400 pg/ml de gás de arraste, com faixa linear de 106. Apesar disso, o fato de ser universal, barato e de operação simples, o faz extremamente útil para análises que não necessitem de alta sensibilidade 6 . Durante a queima de um composto orgânico, são formados diversos íons e como consequência, a chama resultante torna-se condutora de eletricidade. O funcionamento do DIC baseia-se neste fenômeno. O gás de arraste saindo da coluna cromatográfica é misturado com H2 e queimado com ar ou O2. A chama resultante fica contida entre dois eletrodos, polarizados por uma voltagem constante. Como a chama de H2 forma poucos íons, ela é um mal condutor elétrico e quase nenhuma corrente passa entre os eletrodos. Ao eluir um composto orgânico, ele é queimado e são formados íons na chama, que passa a conduzir corrente elétrica. A corrente elétrica resultante, da ordem de pA, é amplificada e constitui o sinal cromatográfico 6 . Quase todos compostos orgânicos podem ser detectados pelo DIC. Apenas substâncias não inflamáveis (CCl4, H2O) ou algumas poucas que não formam íons na chama (HCOOH) não dão sinal. Assim, ele é um detector praticamente universal. De um modo geral, quantas ligações C-H tiver o composto, maior a sua resposta (maior sensibilidade). Ele é muito mais sensível que o DCT, pois dependendo do composto, podem ser detectados entre 10 pg e 400 pg, com faixa linear dinâmica de 107. Provavelmente é o detector mais usado em CG 6 . REFERÊNCIAS 1 ASAP 2020 - Accelerated Surface Area and Porosimetry System. Universidade Estadual do Mato Grosso do Sul, Campo Grande - MS. Disponível em: <http://www.uems.br/pgrn/arquivos/7_2012-07-13_16-21-10.pdf>. Acessado em 20 de março de 2015. 2 Micrometics Brasil. Disponível em: <http://micrometics.com.br/site/produtos/area- superficial/asap/>. Acessado em 20 de março de 2015. 3 Laboratório Multiusuário de Caracterização de Materiais. Universidade Federal Fluminense, Rio de Janeiro – RJ. Disponível em: <http://www.uff.br/lamate/index.php/bet>. Acessado em 20 de março de 2015. 4 Bonsai Advanced Technologies. Disponível em: <http://migre.me/p74OE>. Acessado em 20 de março de 2015. 5 ATKINS, Peter; JONES, Loretta. Princípios de Química: questionando a vida moderna e o meio ambiente. Editora Bookmam. Porto Alegre, 2001. 6 EWING, Galen W. Métodos Instrumentais de Análise Química. Editora Edgar Blücher. São Paulo, 2002. 7 Currículo Lattes: Meiry Gláucia Freire Rodrigues. Disponível em: <http://buscatextual.cnpq.br/buscatextual/visualizacv.do?metodo=apresentar&id=K4782632P7>. Acessado em 20 de março de 2015. 8 Currículo Lattes: Fabiana Medeiros do Nascimento Silva. Disponível em: <http://buscatextual.cnpq.br/buscatextual/visualizacv.do?id=K4329793D6>. Acessado em 20 de março de 2015. 9 Currículo Lattes: Tellys Lins Almeida Barbosa. Disponível em: <http://buscatextual.cnpq.br/buscatextual/visualizacv.do?id=K4388377J8>. Acessado em 20 de março de 2015.
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