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OS DIREITOS FUNDAMENTAIS E A DIGNIDADE DA PESSOA HUMANA NUMA ANÁLISE DO SISTEMA PRISIONAL BRASILEIRO EM BUSCA NO MÍNIMO EXISTÊNCIAL

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1
OS DIREITOS FUNDAMENTAIS E A DIGNIDADE DA PESSOA HUMANA NUMA ANÁLISE DO SISTEMA PRISIONAL BRASILEIRO EM BUSCA NO MÍNIMO EXISTÊNCIAL
		Angélica Corrêa[1: Acadêmica do 2° semestre do Curso de Direito da Faculdade Metodista de Santa Maria. Endereço eletrônico: angelicacorrea1418@gmail.com.]
Daniela Richter[2: Advogada, Professora de Direito Constitucional, de Direito da Criança e do Adolescente da UNIFRA e da FAMES, Professora licenciada da UNISC, Especialista em Direito Constitucional, Mestre em Direito, Doutoranda em Direito pela UFSC/SC. Endereço eletrônico: danielarichter@ibest.com.br.]
SUMÁRIO: Introdução; 1. Descrição dos Direitos Fundamentais e sua inserção no Sistema Neoconstitucional; 2. Os Direitos Fundamentais como a dignidade da pessoa humana; 3. Análise do sistema prisional brasileiro: contexto e realidades; 3. O mínimo existencial e a necessidade da mudança de paradigma do sistema prisional, inerente ao Presídio Central; Conclusão; Referências.
RESUMO
O presente artigo versa sobre a preocupação constante na vida de cada cidadão apenado no sistema brasileiro atual, enquanto elemento fundamental para a concretização do princípio da dignidade humana e da teoria do mínimo existencial. Ressalte-se que atual situação dos presídios brasileiros, em parte, é atribuída a falta de políticas públicas provindas de setores da política econômica e social do país, aliado a isto o descaso de toda a coletividade representada pela sociedade com esta parcela da população. Desta forma, objetiva-se inicialmente destacar o cenário atual do constitucionalismo, seus termos e definições, revelando, inclusive sua nova modalidade, qual seja do neoconstitucionalismo e sua preocupação com a eficácia dos direitos fundamentais. Após, objetiva-se descrever a dignidade humana como princípio fundamental do ordenamento jurídico brasileiro e, como requisito para a busca do mínimo existencial. Especificamente, quer-se retratar as mazelas do sistema penal brasileiro. Neste contexto, este artigo se propõe a uma reflexão sobre o assunto a partir da análise de caso do Presídio Central de Porto Alegre-RS. Para tanto, será utilizado o método de abordagem dedutivo, com o método de procedimento monográfico ou de estudo de casos, para a parte final da análise, como alhures afirmado.
PALAVRAS-CHAVE: neoconstitucionalismo; dignidade humana; sistema prisional; mínimo existencial.
Abstract
This article deals with the constant concern of every citizen in the life convict in the Brazilian current, as a key element for the implementation of the principle of human dignity and the theory of existential minimum. It should be noted that the current situation of Brazilian prisons, in part, is attributed to the lack of public policies coming from sectors of economic and social policy of the country, coupled with the neglect of this entire community represented by society with that population. Thus, the objective is to initially highlight the current scenario of constitutionalism, its terms and definitions, revealing, including its new form, which is of neo and his concern with the effectiveness of fundamental rights. After the objective is to describe the human dignity as a fundamental principle of the Brazilian legal system, and as a prerequisite for the pursuit of existential minimum. Specifically, we want to portray the ills of the criminal justice system. In this context, this paper proposes a reflection on the subject from the analysis of the case of the Central Prison of Porto Alegre-RS. O do so, we will use the method of deductive approach with the method of procedure or monographic case study for the final part of the analysis, as elsewhere stated.
Key Words: Neoconstitutionalism; human dignity; prison system; existential minimum.
INTRODUÇÃO
Inicialmente, cumpre ressaltar que em uma sociedade contemporânea e complexa, o Estado tem um profundo impacto sobre a vida dos indivíduos, desde o momento do nascimento até o momento da morte, intervindo tanto de forma direta como indireta. É neste contexto que devem estar inseridas as políticas públicas, numa demonstração positiva de intervenção Estatal, onde é possível a concretização dos direitos fundamentais do homem, uma vez que o Brasil, enquanto Estado Democrático de Direito, fundado na dignidade da pessoa humana e cujos objetivos incluem a redução das desigualdades sociais e a promoção do bem de todos (CFB/1988, artigo 1º, III e artigo 3º, III e IV), deve também oferecer e garantir o direito à saúde de forma igualitária para todos os cidadãos, protegendo, portanto, o bem maior que é a vida, direito fundamental de primeira grandeza. 
Assim, neste ensaio que se inicia, faz-se necessário observar alguns pontos sobre a descrição do atual constitucionalismo, características, conceito e sua evolução para o chamado neoconstitucionalismo, teoria preocupada, dentre outras coisas, com a eficácia dos direitos fundamentais constantes nas Constituições. 
Deste modo, quer-se analisar se o sistema penal brasileiro hodierno é capaz de garantir um nível mínimo de dignidade humana aos seus apenados. E, para tanto, será descrito o conceito de dignidade humana com a posterior apresentação do sistema, bem como se a teoria do mínimo existencial é respeitada no caso concreto do Presídio Central de Porto Alegre-RS.
Para tanto, utilizar-se-á o método dedutivo partindo-se do paradigma normativo inaugurado pelos artigos acima referidos da Constituição Federal de 1988, bem como do artigo 5º, III, que estabelece que ninguém será submetido a tortura nem a tratamento desumano ou degradante. Ato contínuo, por meio do método de abordagem de estudos de casos ou monográfico será possível responder ao questionamento central de que se o referido presídio é capaz de garantir, ao menos, num nível mínimo, as condições de dignidade humana a seus detentos.
É o que se passa a demonstrar.
1. DESCRIÇÃO DOS DIREITOS FUNDAMENTAIS E SUA INSERÇÃO DO SISTESMA NEOCONSTITUICIONAL
Antes de adentrar-se na questão específica da análise do sistema prisional brasileiro em busca do mínimo existencial e de seus desdobramentos, cumpre analisar-se algumas questões correlatas e de grande importância no constitucionalismo hodierno, quais sejam, a designação desses direitos, a sua suposta universalidade e os desafios impostos a sua implementação dentro desse contexto.
Nesse sentido, a íntima e indissociável vinculação entre os mesmos, constitui, na atualidade, o postulado em que o direito constitucional se assenta. Todavia, como logo se terá oportunidade de demonstrar torna-se imprescindível esta relação uma vez que a noção de direitos fundamentais, seu conteúdo, alcance, entre outros pontos que serão comentados, constituem pressuposto indispensável deste estudo, inclusive, para que se possa propiciar uma análise do sistema prisional em busca do seu mínimo existencial comentado acima.
Assim, introduz-se no estudo o surgimento do ideal constitucional com as sábias palavras de Barroso (2009, p. 3):
[...] no princípio era a força. Cada um por si. Depois vieram a família, as tribos, a sociedade primitiva. Os mitos e os deuses – múltiplos, ameaçadores, vingativos. Os líderes religiosos tornam-se chefes absolutos. Antiguidade profunda, pré-bíblica, época de sacrifícios humanos, guerras, perseguições, escravidão. Na noite dos tempos, acendem-se as primeiras luzes: surgem as leis, inicialmente morais, depois jurídicas. Regras de conduta que reprimem os instintos, a barbárie, disciplinam as relações interpessoais e, claro, protegem a propriedade. Tem início o processo civilizatório. Uma aventura errante, longa, inacabada. Uma história sem fim. 
Partindo desta lição percebe-se que o constitucionalismo surge para dar início a uma civilização, regulada pelo poder estatal e esta se encontra em constante mutação. A Constituição Americana e a Constituição Francesa podem ser consideradas como os dois grandes marcos do surgimento do constitucionalismo e após, das Constituições escritas.
Nessa senda, Barroso (2009, p.40) enfatiza o sentido literal do constitucionalismo contemporâneo: 
democracia, direitos fundamentais, desenvolvimento econômico, justiça social e boa administração são algumas das principais promessas da modernidade. Estes os fins maiores do constitucionalismo democrático, inspirado pela dignidade da pessoa humana, pela oferta de iguais oportunidades às pessoas, pelo respeito à diversidade e ao pluralismo, e pelo projeto civilizatório de fazer de cada um o melhor que possa ser.
Portanto, conforme Canotilho, “constitucionalismo é a teoria (ou ideologia) que ergue o princípio do governo limitado indispensável à garantia dos direitos em dimensão estruturante da organização político-social de uma comunidade”. Nessa seara, o constitucionalismo moderno representa uma técnica específica de limitação do poder com fins “garantísticos”, transportando, assim, “um claro juízo de valor”. (2000, p. 251)
Desta maneira, o referido termo, tal como se entende hoje, é de uso relativamente recente no vocabulário político e jurídico do mundo ocidental, pouco mais de duzentos anos, sendo associado aos processos revolucionários franceses e americanos, muito embora, como dito, existem autores que referem sua existência desde os profetas hebreus e da Carta Magna de 1215, como Lenza (2009) exemplificativamente. 
É nessa órbita, que Canotilho (2000, p. 63) refere-se ao “novo constitucionalismo”, devido ao fato de atualmente falar-se que o direito constitucional acomoda a releitura de “problemas político-constitucionais nos quadros do pluralismo político, econômico e social”. 
No entender de Canotilho (2000, p. 70), portanto:
o direito constitucional, como qualquer prática social humana, tem as suas modas. Há que se estar atento a elas, porque andar aqui na “moda” pode representar um modo privilegiado de testar a constituição e as normas do direito constitucional na sua interacção com outros subsistemas sociais, como o sistema econômico, o sistema social e o sistema cultural. Mas uma “moda” pode ser também uma forma de “experiência constitucional”.
O direito constitucional, desse modo, possui o dever da positivação, cuja implementação deve conferir segurança a um mundo em que impera justamente o contrário: a insegurança, gerada pelos mais variados motivos, quais sejam, violência, desemprego, globalização, multiculturalismos, dentre outros.
Assim, os preceitos decorrentes do Estado Democrático de Direito objetivam a promoção da segurança jurídica. A nova concepção de direito que o constitucionalismo contemporâneo instaurou, tem como objetivo primordial a consagração dos direitos humanos e fundamentais como o grande diferencial de tudo quanto até então se concebera e se positivara como ordem jurídica.
Vale dizer, em outras palavras, que foi esse constitucionalismo que inaugurou, segundo Canotilho (2000, p 85), o conceito de Constituição moderna, como documento escrito que garante as liberdades e os direitos dos cidadãos e o local onde se fixam os limites do poder político.
Em verdade, para Hesse (1991, p. 26) a íntima conexão, na Constituição, entre a normatividade e a vinculação do direito com a realidade obriga que, se não quiser faltar com seu objeto, o direito constitucional se conscientize desse condicionamento da normatividade. Para que as suas proposições tenham consistência em face da realidade, ele não deve contentar-se com uma complementação superficial do “pensamento jurídico rigoroso” através da adoção de uma perspectiva histórica, social, econômica, ou de outra índole. 
É nesse contexto jurídico, em que o referido constitucionalismo acaba por repensar seu norte. A causa desse fenômeno está, para Sánchez (1988, p. 67) especialmente, nas demandas de complexidade da sociedade atual, no desenvolvimento dos direitos humanos, nos princípios e nos valores, ou seja, na própria lógica interna do Estado Constitucional. 
Portanto, na visão do referido autor, o grande desafio da atualidade é a definição de um novo direito constitucional, dada as limitações do conceito formal de Constituição para tomar conta da realidade, uma vez que esta impõe a construção de um modelo explicativo do direito constitucional real, capaz de abarcar os “formidables problemas” da sua legitimidade e coerência. 
Assim, o que se denota da leitura acima é que o contexto social possui uma força desencadeante da evolução das interpretações jurisprudenciais. Em outras palavras, o momento histórico acaba influenciando nas decisões/interpretações dos juízes constitucionais. 
Nesse sentido, é afirmação de Canotilho (2000, p 92) do que não há dúvida é que a jurisprudência constitucional tem acompanhado as mudanças compreensivas operadas em torno da leitura dos textos constitucionais. As chamadas “deslocações da jurisprudência constitucional” são hoje visíveis quando se dá o trabalho de manusear os numerosos volumes de acórdãos dos tribunais constitucionais.
Realizados os apontamentos acima, passa-se de imediato, a tratar a descrição do que seja o novo fenômeno do constitucionalismo que se preocupa, resumidamente, com a concretização e a efetivação das disposições constitucionais, qual seja o neoconstitucionalismo. 
Como referido acima, pode-se dizer que a Constituição Federal de 1988 foi o grande marco para instauração do novo modelo constitucionalista, ou seja, o constitucionalismo contemporâneo. Tal fato se deve ao caráter axiológico desta Constituição. Nas palavras de Barroso (2001, p.10), a referida Constituição foi o ponto culminante de processo de restauração do Estado Democrático de Direito e superação de uma perspectiva autoritária, onisciente e não pluralista de exercício de poder, timbrada na intolerância e na violência. Lembre-se, aqui, a frase dita por Konrad Hesse (1991, p. 25) “a essência constitucional encontra suporte na sua vigência”. 
A este passo, a ideia de Estado Democrático de Direito elencada no art. 1º da Carta Magna, traz conceitos que são próximos, mas não devem ser confundidos, que são constitucionalismo e a democracia. Constitucionalismo, em essência, significa limitação do poder e supremacia da lei, já democracia traduz-se em soberania popular e governo da maioria. 
Assim, o constitucionalismo contemporâneo surge como um instrumento de concretização dos valores, normas e direitos fundamentais trazidos pela Carta Magna de 1988. Deste modo, há elevação do indivíduo para com o encontro de questões ligadas a solidariedade e responsabilidade para com o Estado para a realização destes preceitos constitucionais. Novamente pode-se citar Konrad Hesse (1991, p. 26) que afirma que a Constituição é capaz de transformar a sociedade, mas, ao mesmo tempo, tem que ser lida a partir dessa sociedade, da realidade. Aí se constata sua força normativa.
Portanto, nesse limiar da evolução do constitucionalismo contemporâneo, tem-se o neoconstitucionalismo, que de uma forma bem sucinta vai se preocupar com a eficácia das normas constitucionais. Assim, Dimoulis e Duarte (2008, p. 435) tentam encontrar um conceito para que o neoconstitucionalismo possa ser definido: 
infelizmente, não existe ainda uma precisão conceitual para a terminologia neoconstitucionalismo. Esse neologismo nasceu pela necessidade de exprimir algumas qualificações que não poderiam ser devidamente explicadas pelas conceituações vigentes no constitucionalismo avançado ou paradigma argumentativo.
A princípio pode-se destacar o sentido do prefixo “neo” que presume considerar algo que é novo ou que ainda não foi desvendado, que está em desenvolvimento, determinando certo avanço em relação ao estado anterior. Tal é a premissa do neoconstitucionalismo, ou seja, visualizar o constitucionalismo contemporâneo, ou como prefere expor André Ramos Tavares (2002, p. 45) trata-se de um “constitucionalismo do por vir”. 
Em suma, nas palavras de Barroso (2009, p. 40):
[...] o neoconstitucionalismo ou novo direito constitucional, na acepção aqui desenvolvida, identifica um conjunto amplo de transformações ocorridas no Estado e no direito constitucional, em meioàs quais podem ser assinalados, como marco histórico, a formação do Estado constitucional de direito, cuja consolidação se deu ao longo das décadas finais do século XX; como marco filosófico, o pós-positivismo, com a centralidade dos direitos fundamentais e a reaproximação entre Direito e ética; e como marco teórico, o conjunto de mudanças que incluem a força normativa da Constituição, a expansão da jurisdição constitucional e o desenvolvimento de uma nova dogmática da interpretação constitucional. Desse conjunto de fenômenos resultou um processo extenso e profundo de constitucionalização do Direito.
Assim, conforme a doutrina pode-se dizer que o neoconstitucionalismo foi propulsionado por diversos aspectos, como a falência do padrão normativo que foi desenvolvido no século XVIII, baseado na supremacia do parlamento, influência da globalização, pós-modernidade, superação do positivismo clássico, centralidade dos direitos fundamentais, diferenciação qualitativa entre princípios e regras e a revalorização do Direito.
Para Suzana Pozzolo (1998, p. 234) o neoconstitucionalismo apresenta peculiares características, como a adoção de uma noção específica de Constituição juntamente com técnicas interpretativas denominadas ponderação ou balanceamento e também com a consignação de tarefas de integração à jurisprudência e de tarefas pragmáticas à teoria do Direito.
Ademais, enfatizam Dimoulis e Duarte (2008, p. 435) que o modelo normativo do neoconstitucionalismo não é o descritivo ou o prescritivo, mas sim o axiológico. No constitucionalismo clássico, a diferença entre normas constitucionais e infraconstitucionais era apenas de grau; no neoconstitucionalismo, a diferença também é axiológica. A Constituição é considerada como “valor em si”. Nessa senda, quanto à expansão do neoconstitucionalismo:
[...] o neoconstitucionalismo não postula o surgimento de um judicial power, os marcos normativos devem ser obedecidos pelos poderes estatais. Entretanto, em países periféricos como o nosso, o ativismo judicial pode ser admitido quando houver a premência da realização de direitos fundamentais, assegurando a densidade suficiente, estabelecida de forma conjunta pela seara política e pela seara jurídica. O caráter ideológico do constitucionalismo clássico era apenas o de limitar o poder, dentro do delineamento estabelecido pela separação de poderes, enquanto que o caráter ideológico do neoconstitucionalismo é o de concretizar os direitos fundamentais.
É fato que existe grande polêmica e até mesmo resistência em certos doutrinadores quanto ao neoconstitucionalismo. Mas o que não se pode negar é que este “movimento” vem com grande força e seu caráter ideológico e concretizador vêm rompendo com o modelo antigo.
Em análise, Moreira (2008, p. 73) explica que, para o neoconstitucionalismo ser alcançado, alguns pressupostos, oriundos da afirmação do constitucionalismo devem estar necessariamente, presentes. Sem esses pressupostos, jamais se poderia falar em Estado Constitucional de Direito:
[...] são sete as condições para que se possa verificar a constitucionalização do Direito. As três primeiras são condições que chamamos de pressupostos, são de natureza formal, a saber: uma constituição rígida, a presença de uma jurisdição constitucional e a força vinculante da Constituição. As outras condições são de natureza material, a aplicação direta das normas constitucionais, a sobreinterpretação, a interpretação conforme a Constituição e a influência da mesma sobre as relações políticas. Esse rol pode ser percebido como integrador de elementos comuns ao neoconstitucionalismo, que utiliza todos eles. Podem ainda ser incluídos outros, mas aqueles que realmente são antecedentes e por isso pressupostos na melhor acepção da palavra.
Ademais, nas palavras de Cambi (2001, p. 136) o neoconstitucionalismo é a teoria que abrange e explica essa linha comum de pensar o direito contemporâneo. Sem medo do desgaste da palavra, pode-se enfrentar seu estudo como um novo paradigma do Direito. Daí afirma-se que tal concepção conforme se defenderá, enxerga o direito como ele pode ser: transformador. 
Mais do que a superação de uma metodologia jurídica – o que já seria uma grande proposta – o neoconstitucionalismo muda a forma de pensar, pois pretende superar o debate entre positivistas e jusnaturalistas, lançando mão de uma nova teoria para o direito, tomando como ponto central a Constituição. Passa-se de um direito em que as normas ditam o que fazer para um direito em que os princípios indicam o que se pode fazer. A diferença entre o pensamento formalista e o pensamento neoconstitucionalista é que o segundo consegue alcançar as transformações práticas dentro do sistema jurídico, neste ponto se afasta por completo de qualquer tese jusnaturalista, pois não sai do sistema nem defende valores universais.
Portanto, para o tema do presente estudo é salutar a teoria do neoconstitucionalismo, haja vista que a necessidade mais premente é a concretização e a eficácia dos direitos fundamentais dos apenados no Brasil, razão pela qual, se discute, na sequência, a questão do princípio da dignidade humana.
3. OS DIREITOS FUNDAMENTAIS COMO DIGNIDADE DA PESSOA HUMANA.
Seguindo a mesma linha de raciocínio, passa-se a uma breve análise histórica do princípio em comento e, posteriormente, passar-se-á a conceituação dos institutos correlatos à temática principal deste trabalho. 
Dantas (2010, p. 98) entende que os direitos fundamentais, também conhecidos como direitos humanos ou liberdades públicas, surgiram com a necessidade de proteger o homem do poder estatal, a partir dos ideais advindos do Iluminismo dos séculos XVII e XVIII, mais particularmente com a concepção das Constituições escritas.
Contextualizando, Cambi (2009, p. 31) define os direitos fundamentais como princípios:
[...] nesse contexto, os direitos fundamentais são “princípios” que produzem efeitos sobre toda a ordem jurídica, sendo dotados de uma eficácia expansiva que inclui todos os âmbitos jurídicos. Podem ser analisados na dimensão vertical (Estado-cidadão), mas também na horizontal (isto é, na esfera jurídica privada, entre pessoas e entidades não estatais, as quais se encontram em posição de igualdade formal), toda vez que houver desequilíbrio de poderes entre os particulares. Afinal, os direitos fundamentais não têm como inimigo exclusivo o Estado, na medida em que a violação a tais direitos pode prover também, e às vezes como maior gravidade, dos poderes privados e dos outros particulares.
Conforme ensina Silva (2008, p. 178), não há unanimidade doutrinária que permita uma definição pretensiosamente precisa da expressão direito fundamental. Muito dessa incerteza decorre justamente da amplitude que se pode conferir a expressão, muito também porque essa conceituação está ligada às questões relacionadas com as concepções de mundo e à ideologia política de cada ordenamento jurídico. 
Sarlet (2002, p. 38) explica que não é raro as expressões direitos fundamentais, direitos do homem e direitos humanos passarem confundidas e utilizadas como sinônimos. Mesmo existindo autores que entendem que não há qualquer distinção, entende-se se tratar de conceitos diversos, mesmo que entre eles haja pouca diferença prática. Rapidamente, os direitos do homem seriam os naturais, que nascem com o mesmo, ainda não positivados; os direitos humanos encontram-se positivados na esfera do direito internacional, e finalmente os direitos fundamentais explica-se sendo direitos reconhecidos ou outorgados e protegidos pelo Direito Constitucional.
Os direitos humanos constituem uma versão moderna do que antigamente era chamado de “direitos do homem”. Pode ser considerado como uma abreviação dos direitos que são superiores aos demais direitos.
Nesse contexto, pode-se dizer que a principal finalidade dos direitos fundamentais é conferir aos indivíduos uma posição jurídica de direito subjetivo, em sua maioria de natureza imaterial, mas às vezes de natureza processual e, consequentemente, limitara liberdade de atuação dos órgãos do Estado.
Igualmente, o art. 5º da Constituição Federal é reconhecido por alguns autores como “catálogo de direitos”, mas lembre-se que ele não tem a pretensão de ser exaustivo, ou seja, de nomear somente nele todos os direitos e garantias fundamentais. 
Ademais, é de se observar que em seu artigo 5º, §1º, a Constituição Federal de 1988 traz a afirmação que as normas definidoras dos direitos e garantias fundamentais têm aplicação imediata, ou seja, não dependem de edição de qualquer lei infraconstitucional para que se tornem autoaplicáveis. 
Sobre o assunto, Otávio Piva (2010, p. 43) ensina que nas relações de direito público (eficácia vertical), há a incidência dos direitos fundamentais, posto que já uma relação de subordinação entre Estado-indivíduo. Constante sobre a eficácia horizontal, ou seja, a aplicação dos direitos fundamentais às relações de direito privado, especialmente por possuírem o caráter horizontal vinculam aos particulares a relação indivíduo-indivíduo, em uma relação de coordenação. Aqui vigora a ideia da autonomia de vontade.
Ainda, é possível identificar duas principais correntes doutrinárias quanto à aplicação dos direitos fundamentais, a primeira teoria da aplicação imediata pelo monismo, que por força do artigo 5º, §1º, da Constituição Federal, os direitos e garantias fundamentais, têm efetivamente aplicação direta nas relações de direito privado, independentemente de qualquer intermediação normativa. Assim, estes direitos assegurados pela Constituição vinculam diretamente não apenas os poderes públicos, estando direcionados também à proteção dos particulares em face dos poderes privados. A segunda teoria de aplicação mediata pelo dualismo, os direitos e garantias fundamentais previstos na Constituição não tem aplicação imediata ou direta nas relações de direito privado. A aplicabilidade se daria por meio do direito privado. 
Da mesma forma, é considerada a dignidade da pessoa humana como um fundamento imprescindível ao se tratar de direitos fundamentais.
De acordo com Sarlet (2002) “a dignidade é um caráter inerente ao ser humano, não podendo se distanciar dele, sendo uma meta permanente do Estado Democrático de Direito mantê-la”.
Em outras palavras, o Estado tem como função basilar garantir uma vida digna aos indivíduos, conforme artigo 5° inciso III da Constituição Federal, independente da sua condição social, política ou de privação da liberdade, cujo tema predominante da vigente questão.[3: TRIBUNAL REGIONAL FEDERAL. (TRF-1 - HC: 63288 AM 0063288-68.2011.4.01.0000, Relator: DESEMBARGADOR FEDERAL TOURINHO NETO, Data de Julgamento: 21/11/2011, TERCEIRA TURMA, Data de Publicação: e-DJF1 p.14 de 30/11/2011) PROCESSO PENAL. HABEAS CORPUS. PRISÃO DOMICILIAR-PROCESSUAL. PRISÃO POR RAZÕES HUMANITÁRIAS. 1. Um indivíduo, com doença gravíssima, não pode ficar num presídio que tem capacidade para 108 (cento e oito) presos e lá se encontram 236 (duzentos e trinta e seis). Impossível dispensar um tratamento médico satisfatório, ou possibilitar-lhe um ambiente que lhe permita sofrer menos com sua doença. 2. Não tendo o Estado condições de prestar ao paciente assistência médica de que necessita, para não sofrer em face da doença ou morrer na prisão, justificada está a concessão de prisão domiciliar, considerando o princípio da dignidade da pessoa humana. 3. Preso no domicílio ficará o paciente sem poder sair da sua residência até ser julgado ou até ser esta prisão revogada. É a prisão domiciliar-processual.]
Complementando esta concepção, ressalta-se o fundamento de Sarlet (2002), acerca da dignidade da pessoa humana como concepção.
[...] a dignidade da pessoa humana não poderá ser retirada de nenhum ser humano, muito embora seja violável a pretensão de respeito e proteção que dela (da dignidade) decorre. Assim, quando se fala – no nosso sentir equivocadamente à dignidade, se está, em verdade, a considerar o direito a reconhecimento, respeito, proteção e até mesmo promoção e desenvolvimento da dignidade, podendo inclusive falar-se de um direito a uma existência digna, sem prejuízo de outros sentidos que se possa atribuir aos direitos fundamentais relativos a dignidade da pessoa humana.
Realizados os apontamentos sobre os direitos fundamentais, passa-se a abordar sobre o sistema prisional brasileiro tendo como base a análise e realidades.
3 O SISTEMA PRISIONAL BRASILEIRO: ANÁLISE E REALIDADES
A Constituição Federal de1988 prevê novas normas que devem ser cumpridas quando o assunto se trata das prisões no Brasil. Em relação a medidas de privação de liberdade de um indivíduo, a Constituição Federal estabelece que ninguém será submetido a tortura nem a tratamento desumano ou degradante (artigo 5º, inciso III). Em contrapartida, o sistema prisional brasileiro sofre com superlotações e condições de vida subumanas, trazendo uma realidade diferente do que estabelece o Tratado dos Direitos Humanos previstos pelas Organizações das Nações Unidas (ONU) e, principalmente, os que são estabelecidos por aquele documento.
Deste modo, conforme o ex Ministro do Supremo Tribunal Federal, Cezar Peluso, “o sistema prisional brasileiro está próximo da falência total”. No entanto, as normas constitucionais apresentam inúmeras garantias, assegurando um tratamento humano ao preso durante o cumprimento da pena. Eis o paradoxo que justifica a temática do presente artigo e que será delineada sob várias matizes. (Tribuna do Ceará, 2010).
Neste ínterim, Coelho definiu a realidade do sistema prisional brasileiro, (2003, p. 1):
A nossa realidade é arcaica, os estabelecimentos prisionais na sua grande maioria, representam para os reclusos um verdadeiro inferno em vida, onde o preso se amontoa a outros em celas (seria melhor dizer em jaulas) sujas, úmidas, anti-higiênicas e super lotadas, de tal forma que, em raros exemplos, o preso deve dormir sentado, enquanto outros revezam em pé.
Ressalte-se que a população carcerária no Brasil, hoje é de 550 milhões segundo informação do DEPEN (Departamento Penitenciário Nacional), a superlotação é talvez o mais grave problema envolvendo o sistema prisional. Segundo dados divulgados pelo Ministério da Justiça, o número de pessoas presas no Brasil cresceu 6% somente nos seis primeiros meses de 2012, intensificando uma tendência que fez do Brasil um dos três países do mundo com maior aumento da população carcerária nas últimas duas décadas. (Agência Brasil, dez. 2012)
Conforme Virginia Camargo (Revista Âmbito Jurídico, jun. 2011), todos os esforços feitos para a diminuição do problema, não chegaram a nenhum resultado positivo, pois a disparidade entre a capacidade instalada e o numero atual de presos tem apenas piorado (Revista Âmbito Jurídico, jun. 2011). Em outras palavras, conforme enfatiza MT Jr., o sistema prisional brasileiro não passa de grandes amontoados de pessoas, sujeitando-se a sorte dentro desta sociedade carcerária, prevalecendo à lei do mais forte, garantindo assim a sobrevivência diária. (Revista Tribunal Federal, maio 2001).
No entanto, o problema das superlotações é somente um dos tantos outros que enfrentam o sistema prisional brasileiro. A aplicação das penas no contexto atual é outro tema pertinente quando se trata da análise do sistema carcerário brasileiro, conforme cita o doutor Dráuzio Varela, (2012, p.193).
A sociedade faz questão de ignorar o que passa dentro no interior dos presídios. Tem lógica: se todos concordam que a finalidade da pena é apenas castigar os que cometeram delitos, por que haveria interesse em assegurar condições mais dignas de aprisionamento?
Pode-se, infelizmente afirmar que as prisões no Brasil, ainda sofrem com penas arbitrárias e medievais. No contexto, os maiores centros de detenções brasileiros, ainda vivem uma realidade que distorce o que prevê na Lei penal nº 10.792, de 1º de dezembro de 2003. Criada para organizar e estabelecer limites durante a execução penal de um indivíduo, muitos sistemas prisionais burlam as suas normas e cometem ações desmedidascontra o preso. 
Conforme afirmou o Ministro da justiça, Eduardo Cardozo, em relação ao sistema prisional brasileiro “do fundo do meu coração, se fosse para cumprir muitos anos em uma prisão nossa eu preferia morrer”, demonstrando notoriamente que a cadeia no Brasil é um sistema debilitado e que sofre sanções punitivas que não caberia dentro das garantias fundamentais humanas previstas pela Constituição Federal e pela Lei nº 7.210 de 11 de julho de 1984. (Jornal Folha de São Paulo, nov. de 2012).
Conforme artigo 3º, caput, ao condenado e ao internado será assegurado todos os direitos não atingidos pela sentença ou pela lei e ainda, parágrafo único do mesmo dispositivo, não haverá qualquer distinção de natureza racial, social, religiosa ou política. 
Desta forma, o Estado tem responsabilidade sobre o apenado durante o cumprimento da pena, sendo irrefutáveis as garantias contituicionais que lhe cabem. Mesmo após a prisão, a Constituição garante que será assegurado ao preso respeito à integridade física e moral (artigo 5º, inciso XLIX) dentre outros seguidos pela Lei de Execução Penal que estabelece assistência material, à saúde, jurídica, educacional, social e religiosa aos presos (Lei 7.210/84).
Não obstante, o que se observa no Brasil é que a situação das casas de detenção é assunto que deve ser discutido em pauta com extrema urgência e preocupação pelos nossos parlamentares. Conforme o advogado Dálio Zippin Filho, os presos são amontoados, depositados, evitados, violados, sacrificados e mal alimentados, no entanto o Estado assiste as mazelas e os efeitos degradantes do cárcere, assim como as deficiências, superlotações e ociosidades que resultam em rebeliões sangrentas entre outros. Surtindo assim, um entrave na ressocialização do preso, fazendo das cadeias escolas de bandidos. (Boletim nº 66, Ministério Público do Estado do Paraná, jan. 2011).
O Brasil vive uma das maiores, senão a maior, crise no sistema prisional. Além das superlotações e dos incalculáveis suicídios, homicídios e rebeliões outros dados são preocupantes no ambiente carcerário brasileiro, conforme Assis, 2007:
A superlotação das celas, sua precariedade e sua insalubridade tornam as prisões num ambiente propício à proliferação e ao contágio de doenças. Todos esses fatores estruturais aliados ainda à má alimentação dos presos, seu sedentarismo, o uso de drogas, a falta de higiene toda lugubridade da prisão, fazem com que um preso que lá adentrou numa condição sadia, de lá não saia sem ser acometido de uma doença ou com sua resistência e saúde fragilizadas.
Considerando as inúmeras situações que o sistema carcerário enfrentou e enfrenta ao longo dos anos, é notória a preocupação com as casas de detenções brasileiras, para que sejam garantidas as regras mínimas de condições de vida, asseguradas pelos dispositivos Constitucionais, Penais ou Tratados de Direitos Humanos Internacionais estabelecidos para pessoas que cumprem penas no Brasil. Direitos inerentes desde a Carta Magna de 1988, que buscava reprimir os maus tratos, as torturas e as condições desumanas, conforme o capítulo III do artigo 5°.
A crise do sistema Prisional brasileiro, como exposto anteriormente, resultou no ano de 2009, uma ação parlamentar nomeada de CPI do Sistema Carcerário, instaurada pela mesa da Câmara dos Deputados 53º legislatura na 3º sessão legislativa de 2009. Presidida pelo deputado Michel Temer, e tendo como relator o Deputado Federal Domingos Dutra, seu objetivo foi investigar as superlotações, os custos sociais, as violências desmedidas e as punições arbitrárias por parte dos agentes penitenciários e da policia, assim como os crimes organizados e o exacerbado numero de rebeliões que aconteciam nas maiores presídios e casas de detenções do Brasil. Seu objetivo seria fazer cumpri a Lei de Execuções Penais- LEP fundamentada nas garantias de dignidade humana estabelecida ao preso no Brasil.(Biblioteca Digital da Câmara dos deputados, Brasília 2009).
Dessa forma, foram visitados pela ação parlamentar, os maiores centros de detenção do país, com intuito de avaliar qual seria a real situação diante da crise prisional. Entre estas visitas, foi encontrado pela CPI em uma porta de uma Penitenciária de Lemos de Brito, na Bahia: “Dez graçado, Dez humano, Dez truidor, Dez ligado, Dez figurado, Dez agregador, Dez temperado, Dez informado” (Catalogação da publicação da CPI, p. 13), numa simplória informação, de autoria desconhecida, mais que deixava sucinto a situação do sistema prisional brasileiro.
Diante do exposto, a CPI do Sistema Penitenciário Brasileiro, estava vivendo com exatidão o que se tornou as casas de detenção e o que as pessoas que lá cumpriam suas dividas com a sociedade, no intuito de serem ressocializados e devolvidos como cidadãos íntegros, estavam vivendo no cárcere. Conforme Junqueira descreve em durante visita a uma penitenciaria no interior de São Paulo, durante a II Caravana Nacional dos Direitos Humanos, (p.50-51):
[...] as celas são imundas, de tal forma que o odor fétido que exalam pode ser sentido ainda no pátio interno do distrito policial. Todas elas são escuras e sem mais que quinze centímetros de largura. No chão, em meio à sujeira e lixo, transitavam com desenvoltura dezenas de baratas. Nas paredes laterais das celas, inscrições firmadas com sangue dos seus autores nos oferecem a sugestão de sofrimentos passados. Também nas paredes, outras mensagens gravadas com auxilio de cascas de banana completam a sujeira toda. Ao alto, no teto desses cárceres, centenas de pequenos aviõezinhos de papel, confeccionados pelos internos, encontram-se grudados pelo ‘bico’, como se ali se depositasse simbolicamente uma compreensível vontade de ‘voar’. A visão geral é deprimente. Todos esses presos estão obrigados a dormir no chão, sobre a laje, sem que lhes seja oferecido sequer um colchão ou uma manta. Disputam assim, espaço com os insetos. A nenhum deles é permitido que tenha acesso, mesmo que restrito, a qualquer área aberta. Não tomam sol, não caminham e nem se exercitam. A longa permanência naquele lugar nojento lhes provoca crises nervosas, acesso de choros e doenças, as mais variadas, destacadamente de pele e as bronco-pulmonares. Assegura-lhes também, uma coloração especial, algo assim como um tom esmaecido branco e o amarelo, pelo que é possível lembrar, alternadamente, as imagens de hepáticos que perambulassem ou de cadáveres que insistissem em viver.
 Diante do exposto, são inúmeras as situações que evidenciam o caos que vive as casas de detenção no Brasil, no entanto, cabe ao Estado, elaborar medidas para que sejam efetivadas e resguardadas as condições de vida asseguradas pela Constituição Federal aos presos no Brasil, dando assim uma nova oportunidade de ressocialização ao individuo enquanto recluso, partindo-se do pressuposto que desta forma o sistema penitenciário iria converter os maiores problemas que a cadeia oportuniza, focados na superlotação e na reincidência. 
Situada essa questão, passa-se a analise do seguinte tópico, desvendar o mínimo existencial e a necessidade de paradigma do sistema prisional considerando o presídio central de Porto Alegre.
4 O MÍNIMO EXISTENCIAL E A NECESSIDADE DA MUDANÇA DE PARADIGMA DO SISTEMA PRISIONAL, INERENTE AO PRESIDIO CENTRAL
Somado aos direitos fundamentais e a dignidade da pessoa humana, busca-se também o mínimo existencial para a vida no cárcere. Portanto, é genérica uma única definição sobre o referido assunto, conforme o artigo o artigo 7º, inciso IV, da Constituição Federal, o mínimo existencial seria o conjunto de bens e utilidades básicas imprescindíveis para uma vida com dignidade, tais como a saúde, a moradia e a educação fundamental. Em contrapartida, essa situação esta inerente à pessoa que não usufrui de sua liberdade judicial.
De acordo com Sarlet (2008) a garantia do mínimo existencial não deve depender dos dispositivos constitucionais, ou do reconhecimento do Estado, ou seja, ele é a base fundamental para assegurar o fundamento basilar: a proteçãoà vida e a dignidade da pessoa humana.
O autor utiliza-se da seguinte argumentação como um sucinto esclarecimento sobre a garantia do mínimo existencial para os indivíduos: (2008). 
[...] há que se enfatizar compreendido como todo o conjunto de prestações materiais indispensáveis para assegurar uma vida digna, tem sido identificado como constituindo o núcleo essencial dos direitos fundamentais sociais, núcleo este blindado contra qualquer intervenção por parte do Estado e da sociedade. (p.21)
Do mesmo modo, transportando a garantia do mínimo existencial para a realidade do sistema prisional se observa que os direitos assegurados pelo mesmo estão inerentes aos direitos fundamentais e a dignidade da pessoa humana, que esclarece e assegura através de dispositivos constitucionais as condições de aplicação de pena (artigo 5º inciso XLVII), diferenciação de gênero (artigo 5° inciso XLVIII), assim como integridade física e moral do apenado (artigo 5°inciso XLIX) na Constituição Federal.
Deste modo, quando se fala no mínimo existencial, dignidade da pessoa humana e direito fundamental, não se tem uma diferenciação em relação ao caráter ou a circunstancia que o indivíduo se encontrar. 
De acordo com Sarlet (2002): “sem liberdade não há dignidade”, ou seja, o fato de o preso estar dissociado da sociedade não disponha dos mesmos direitos e garantias estabelecidos pelas normas constitucionais.
Em outras palavras, o mesmo autor discorre sobre a relação dos direitos fundamentais associado à liberdade do indivíduo: (2002).
[...] na autonomia pessoal, isto é, na liberdade que o ser humano possui de, ao menos potencialmente, formatar a sua própria existência e ser, portanto, sujeito de direitos, já não se questiona que a liberdade e os direitos fundamentais inerentes à sua proteção constituem simultaneamente pressuposto e concretização direta da dignidade da pessoa, de tal sorte que nos parece difícil – ao menos se pretendermos manter uma coerência com a noção de dignidade apresentada ao longo do texto - questionar de acordo com o qual sem liberdade (negativa e positiva) não haverá dignidade, ou pelo menos, esta não estará sendo reconhecida e assegurada. (p.90)
Desta maneira, sendo os direitos fundamentais associados ao mínimo existencial, se tem a elucidação da dignidade humana independente da situação do indivíduo, sendo propósito do Estado garanti-la absolutamente confirmando a prerrogativa que propõe o rol do artigo 5° da Constituição Federal. 
Entretanto, a realidade é outra no sistema prisional brasileiro, sendo tomado como exemplo o Presídio Central de Porto Alegre – RS, que faz parte de uma reconhecida situação de descaso e precariedade que enfrenta o sistema carcerário no Brasil.
A referida casa de detenção foi vítima de uma denúncia por parte das Entidades que compõe o Fórum de Questões Penitenciárias, sendo o Brasil denunciado a Corte Interamericana de Direitos Humanos – OEA, pelas más condições do Presídio Central de Porto Alegre. (CNJ- CONSELHO NACIONAL DE JUSTIÇA, jan. 2013).
Em resumo, a acusação em relação ao Presídio Central da capital gaúcha, apresenta na sua sustentação a superlotação, a precariedade das suas instalações e a desumana situação entre os detentos. (CONJUR, jan.2013)
Acrescenta-se também, a declaração do conselheiro do CNJ, Fernando da Costa Tourinho Neto, em relação aos direitos humanos dos apenados (CNJ São Paulo, fev.2013):
A denúncia à OEA é importante, pois coloca pressão no Executivo para que a questão dos direitos humanos seja tratada no Brasil como prioridade. Todos já reconhecem a importância desse tema; o respeito ao preso, à sua dignidade. Isso é algo que o mundo inteiro reconhece. 
De fato, a delação sobre a situação lesiva que enfrenta o Presídio Central de Porto Alegre, é um clamor à preservação dos direitos fundamentais da Constituição Federal. 
Como caracteriza Sarlet, em relação aos direitos inerentes a pessoa humana, (2002):
[...] em última análise, é que onde não houver respeito pela vida e pela integridade física e moral do ser humano, onde as condições mínimas não forem asseguradas, onde não houver limitação do poder, enfim, onde a liberdade e a autonomia, a igualdade (em direitos e dignidade) e os direitos fundamentais não forem reconhecidos e minimamente assegurados, não haverá espaço para a dignidade da pessoa humana e esta (a pessoa), por sua vez, poderá não passar de mero objeto de arbítrio e injustiças. (p.61)
Contudo, apesar da situação delicada de precariedade que enfrenta o Presídio Central de Porto Alegre, e necessário mudar o protótipo que se instaurou no sistema prisional brasileiro, ou seja, é fundamental traçar uma mudança de paradigma com resultados de ações advindas do Estado e da própria sociedade.
Somando-se a isto, inclui-se o projeto Direito no Cárcere, criado no próprio Presídio Central, pela idealizadora Carmela Grunes· No ano de 2012, especificamente na galeria E-1, em que ficam os detentos em tratamento de dependência química. Conforme Carmela esta iniciativa tem como objetivo principal o desenvolvimento de uma cultura mais plural, livre de preconceitos, resgatando a autoestima do presidiário dependente para redescobrir um caminho para uma vida mais digna. (BRASIL DE FATO São Paulo, agosto de 2013).[4: Advogada, escritora, ativista e jornalista. Diretora presidente do Jornal Estado de Direito. Tem experiência na área de Educação, com ênfase em Métodos e Técnicas de Ensino, atuando principalmente nos seguintes temas: direito, cidadania, educação e acesso à justiça. Possui graduação em Ciências Jurídicas e Sociais pela Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul. Mestre em Direitos Sociais e Políticas Públicas pela Universidade de Santa Cruz do Sul. Integrante do Comite dos Direitos Humanos da Ordem dos Advogados do Brasil – OAB do RS.]
De certa forma, o projeto Direito no Cárcere vem aludir à necessidade da criação de políticas públicas e organizações não governamentais que tracem um novo modelo de sistema prisional brasileiro, ou seja, tendo como principio basilar a dignidade da pessoa humana e o mínimo existencial. 
Logo, segundo ela o Brasil teria uma redução em seu contingente de apenados, se utilizasse os processos de inclusão social das classes pobres, apresentando uma nova oportunidade de vida além da oferecida pela favela, ou seja, pelo mundo do crime e do trafico de drogas. (BRASIL DE FATO, São Paulo 2012)
É imprescindível por isso, que se criem outros paradigmas de mudanças, tanto na sociedade como no sistema prisional brasileiro, pois através das garantias constitucionais, é possível a implementação de projetos e políticas conscientes, que postulem a garantia sobre os direitos fundamentais dispostos pela Constituição Federal, inclusive ao preso.
De acordo com o texto base da IX Conferencia Nacional de Direitos Humanos (2004):
Direitos humanos, democracia e desenvolvimento precisam estar integrados no sentido de que a participação da cidadania é componente de efetivação dos direitos, e que desenvolvimento somente tem sentido como efetivação das garantias fundamentais, elencadas pelos Direitos Humanos [...] Neste sentido, o caráter do Sentido Nacional de Direitos Humanos exige a construção de condições amplas para que haja uma nova intitucionalidade pública (estatal e não estatal) a promoção de uma nova subjetividade expressas numa nova cultura de direitos humanos. (p.9-11)
Diante do exposto, é perceptível a mudança de paradigma do sistema prisional brasileiro, considerando a dignidade da pessoa humana, o mínimo existencial e os direitos humanos do cidadão preso, ou seja, quando se investe no cárcere é possível garantir direitos mínimos aos apenados. 
CONCLUSÃO
A discussão sobre os direitos fundamentais e a dignidade da pessoa humana numa analise do sistema prisional brasileiro em busca do mínimo existencial surge como tentativa de resguardo aos direitos fundamentais inerentes a todos os cidadãos brasileiros, inclusive ao cidadão preso. Tem-se a consciência de quemuitos pontos poderão ter ficado em aberto, pois apenas se apregoou aqueles de maior importância ao tema. 
Demonstrou-se inicialmente, o cenário atual do constitucionalismo, seus termos e suas definições, evidenciando, o neoconstitucionalismo como uma inovação na preocupação com a eficiência dos direitos fundamentais. Após, objetivou-se a descrição dos direitos fundamentais e a dignidade da pessoa humana como condição basilar da busca pelo mínimo existencial. A questão tratava-se especificamente de reproduzir as afliges condições do sistema prisional brasileiro, utilizando como reflexão a analise de caso do Presídio Central de Porto Alegre – RS.
Dessa forma, positivado a necessidade da dignidade humana e dos direitos fundamentais em busca do mínimo existencial, concluiu-se que é uma garantia prevista pelas normas constitucionais brasileiras a todos os indivíduos, no entanto verifica-se uma situação de desamparo e descaso nas unidades prisionais do Brasil.
Utilizando-se do pressuposto que “bandido não tem direitos a nada”, a sociedade se exime da situação perversa do cárcere, ou seja, para os cidadãos tidos como “dignos” de direitos fundamentais pouco importa a vida degenerativa que a cadeia oferece. Contudo, verifica-se também uma falta de atividade e vontade do Estado em garantir a mudança desse cenário bruto do cárcere, definido por sua superlotação, rebeliões sangrentas e uma reincidência absurda na vida do crime, ou seja, nos dias de hoje a cadeia ao invés de ressoacializar um individuo, oportunizando-lhe uma nova vida em sociedade, ela forma e qualifica ainda mais para a “a vida do crime”.
Contudo, é necessário irradiar a luz da Constituição Federal e seu rol de artigos que reportam os direitos fundamentais a todos os cidadãos, uma mudança no paradigma prisional, baseado no pressuposto que através de políticas públicas garantias dignas e inclusão social do preso, a criminalidade tenderá a reduzir, ao apenado será oportunizado um recomeço digno em sociedade e a garantias constitucionais atenderão o seu propósito fundamental: garantir a todos os indivíduos, independente da sua situação, a dignidade da pessoa humana.
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