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Direito Penal II

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Direito Penal II 
Homicídio – Artigo 121, CP (Parte I)
Homicídio simples
Art 121. Matar alguem:
Pena - reclusão, de seis a vinte anos.
Caso de diminuição de pena
§ 1º Se o agente comete o crime impelido por motivo de relevante valor social ou moral, ou sob o domínio de violenta emoção, logo em seguida a injusta provocação da vítima, ou juiz pode reduzir a pena de um sexto a um terço.
Conceito: é a eliminação da vida humana por outrem.
Objetividade jurídica: a vida humana extra-uterina, cuja proteção é imperativo jurídico de ordem constitucional (artigo 5º, caput, CF).
Sujeitos
Ativo: pode ser praticado por qualquer pessoa. Trata-se de crime comum;
Passivo: qualquer ser humano pode ser vítima deste crime;
Elemento ou tipo objetivo: a conduta típica aqui é matar alguém. Trata-se de crime de forma livre, uma vez que não há forma de execução específica prevista para a configuração do delito. O crime pode ser praticado de forma comissiva, omissiva ou comissiva por omissão;
Elemento ou tipo subjetivo: o dolo do homicídio é a vontade livre e consciente de eliminar uma vida humana, ou seja, de matar alguém, não se exigindo qualquer fim especial. A finalidade ou motivo determinante do crime pode, eventualmente, constituir uma qualificadora (motivo fútil ou torpe, etc.) ou uma causa de diminuição de pena (relevante valor moral ou social, etc.). Admite-se o dolo eventual. Também há previsão de crime culposo (121, § 3º, CP);
Consumação e tentativa: É um crime material e se consuma com a morte encefálica da vítima. A tentativa é admissível;
Forma privilegiada: no §1º do art. 121, está descrita uma causa especial de diminuição de pena, em virtude de circunstâncias especiais que se ajuntam ao fato típico fundamental: “se o agente comete o crime impelido por motivo de relevante valor moral ou social, ou sob o domínio de violenta emoção, logo em seguida a injusta provocação da vítima, o juiz pode reduzir a pena de 1/6 a 1/3”.
Na hipótese de relevante valor social, temos que o motivo do crime recai sobre o interesse de toda coletividade (matar o traidor da pátria, por exemplo). Já o relevante valor moral se refere a um interesse individual (eutanásia, por exemplo). Por fim, para que seja caracterizada a terceira hipótese de causa especial de diminuição de pena é necessário que o agente tenha praticado a conduta por domínio de violenta emoção, imediatamente após a injusta provocação da vítima.
Questões de assimilação:
1- Diferencie relevante valor social de relevante valor moral.
2- O que é crime de forma livre?
3- Dê exemplo de tentativa de homicídio.
Homicídio qualificado
§ 2° Se o homicídio é cometido:
I - mediante paga ou promessa de recompensa, ou por outro motivo torpe;
II - por motivo futil;
III - com emprego de veneno, fogo, explosivo, asfixia, tortura ou outro meio insidioso ou cruel, ou de que possa resultar perigo comum;
IV - à traição, de emboscada, ou mediante dissimulação ou outro recurso que dificulte ou torne impossivel a defesa do ofendido;
V - para assegurar a execução, a ocultação, a impunidade ou vantagem de outro crime:
Pena - reclusão, de doze a trinta anos.
Tipo qualificado: são casos em que os motivos determinantes, os meios empregados ou os recursos empregados demonstram maior periculosidade do agente e menores possibilidades de defesa da vítima, tornando o fato mais grave do que o homicídio simples, ex. homicídio cometido “mediante paga ou promessa de recompensa, ou por motivo torpe” (vide artigo 121, § 2º, CP);
Homicídio culposo
§ 3º Se o homicídio é culposo:
Pena - detenção, de um a três anos.
Aumento de pena
§ 4o No homicídio culposo, a pena é aumentada de 1/3 (um terço), se o crime resulta de inobservância de regra técnica de profissão, arte ou ofício, ou se o agente deixa de prestar imediato socorro à vítima, não procura diminuir as conseqüências do seu ato, ou foge para evitar prisão em flagrante. Sendo doloso o homicídio, a pena é aumentada de 1/3 (um terço) se o crime é praticado contra pessoa menor de 14 (quatorze) ou maior de 60 (sessenta) anos.
§ 5º - Na hipótese de homicídio culposo, o juiz poderá deixar de aplicar a pena, se as conseqüências da infração atingiremo próprio agente de forma tão grave que a sanção penal se torne desnecessária.
Causas de aumento de pena: Na hipótese de homicídio culposo, a pena é aumentada de 1/3, se o crime resulta de inobservância de regra técnica de profissão, arte ou ofício, ou se o agente deixa de prestar imediato socorro à vítima, não procura diminuir as conseqüências de seu ato, ou foge para evitar prisão em flagrante.
Na hipótese de crime doloso, também haverá aumento da pena em 1/3 se a vítima for menor de 14 ou maior de 60 anos;
Perdão judicial: o perdão judicial só poderá ser concedido ao homicídio culposo, se as conseqüências da infração atingiram o próprio agente, de forma tão grave que a sanção penal se torne desnecessária. Exige-se a dor moral causada pela vítima quando entre esta e o agente há ligações de caráter afetivo. Exemplo: pai que deixa seu filho recém-nascido no interior de um automóvel, com os vidros completamente fechados, causando a morte deste por asfixia. As conseqüências derivadas da prática do crime sãotão graves que a imposição da pena se torna desnecessária.
Ação penal pública incondicionada;
Competência: Tribunal do Júri (crime doloso contra a vida, consumado ou tentado). Na hipótese de crime culposo, na comarca de São Paulo, a competência é do juízo regional (crime apenado com detenção).
Questões de assimilação:
Diferencie motivo fútil de motivo torpe.
2 -  O que é perdão judicial? Qual é a sua natureza jurídica?
3 -  Quem é competente para julgar o crime de homicídio doloso? E o culposo?
Participação em suicídio – Artigo 122, CP
Induzimento, instigação ou auxílio a suicídio
Art. 122 - Induzir ou instigar alguém a suicidar-se ou prestar-lhe auxílio para que o faça:
Pena - reclusão, de dois a seis anos, se o suicídio se consuma; ou reclusão, de um a três anos, se da tentativa de suicídio resulta lesão corporal de natureza grave.
Parágrafo único - A pena é duplicada:
Aumento de pena
I - se o crime é praticado por motivo egoístico;
II - se a vítima é menor ou tem diminuída, por qualquer causa, a capacidade de resistência.
Objeto jurídico: vida humana;
Sujeito ativo: qualquer pessoa (crime comum);
Sujeito passivo: qualquer pessoa, desde que possua discernimento mínimo; deve ser sujeito determinado;
Conduta:
induzir: criar a idéia;
instigar: reforçar a idéia;
auxiliar: auxílio material
pode haver coexistência de condutas;
admite-se a omissão imprópria;
Elemento subjetivo: dolo genérico
Consumação: com resultado morte ou lesão corporal de natureza grave. Não se admite tentativa;
Causa especial de aumento de pena
prática do crime por motivo egoístico: obter vantagem ou satisfação de interesse moral ou patrimonial;
vítima menor (menor de 18 anos) ou capacidade de resistência diminuída por qualquer causa (doente, idoso, embriagado).
Ação Penal Pública Incondicionada
Competência: Tribunal do Júri (crime doloso contra a vida, consumado ou tentado).
Questões de assimilação:
1. Diferencie induzir, instigar e auxiliar.
2. Quem pode ser sujeito passivo do crime tipificado no artigo 122, CP?
3. O que é motivo egoístico?
Infanticídio – Artigo 123, CP
Infanticídio
Art. 123 - Matar, sob a influência do estado puerperal, o próprio filho, durante o parto ou logo após:
Pena - detenção, de dois a seis anos.
Conceito: é a morte do nascente ou recém nascido pela própria mãe, sob a influência do estado puerperal, durante ou logo após o parto;
Objetividade jurídica: protege-se mais uma vez a vida humana, não só a do recém nascido (neonato), como também a daquele que está nascendo (nascente).
Sujeitos:
Ativo: é um crime próprio, tendo em vista que é praticado pela mãe da vítima, já que o dispositivo se refere ao “próprio filho” e ao “estado puerperal”. Consoante o artigo 30,CP, o terceiro que pratica a conduta de matar junto com a mãe, na condição de co-autor, também responde pelo delito de infanticídio, pois as condições pessoais do agente, quando elementares do crime, se comunicam ao terceiro.
Passivo: a vítima do delito é o nascente ou o recém nascido;
Elemento ou tipo objetivo: a conduta típica é matar, como no homicídio, que significa eliminar a vida humana. Trata-se de crime de forma livre. O estado puerperal é uma perturbação de ordem físico-psicológica que pode ser experimentada pela mulher durante ou logo após o parto. O parto se inicia com o deslocamento do colo do útero e termina com a expulsão completa do feto.
Elemento ou tipo subjetivo: o dolo é a vontade de causar a morte do filho nascente ou recém nascido (dolo direto), como a de assumir conscientemente o risco do êxito letal (dolo eventual). Não existe a forma culposa do infanticídio. Assim, caso a mãe provoque a morte do filho por culpa, responderá por homicídio.
Consumação e tentativa: Consuma-se o delito com a morte do nascente ou do recém nascido e não é necessário que haja prova de vida extra-uterina. É possível que haja a tentativa.
Ação Penal: Pública Incondicionada
Competência: Tribunal do Júri (crime doloso contra a vida, consumado ou tentado).
Questões de assimilação:
1 - O que é estado puerperal?
2 - Quem pode ser sujeito ativo do crime previsto no artigo 123, CP? Admite-se co-autoria?
3 - Por qual crime responde a mãe que mata culposamente seu filho, sob influência do estado puerperal?
Aborto – Artigo 124/128, CP
Aborto provocado pela gestante ou com seu consentimento
Art. 124 - Provocar aborto em si mesma ou consentir que outrem lho provoque:
Pena - detenção, de um a três anos.
Aborto provocado por terceiro
Art. 125 - Provocar aborto, sem o consentimento da gestante:
Pena - reclusão, de três a dez anos.
Art. 126 - Provocar aborto com o consentimento da gestante:
Pena - reclusão, de um a quatro anos.
Parágrafo único. Aplica-se a pena do artigo anterior, se a gestante não é maior de quatorze anos, ou é alienada ou debilmental, ou se o consentimento é obtido mediante fraude, grave ameaça ou violência
Forma qualificada
Art. 127 - As penas cominadas nos dois artigos anteriores são aumentadas de um terço, se, em conseqüência do aborto ou dos meios empregados para provocá-lo, a gestante sofre lesão corporal de natureza grave; e são duplicadas, se, por qualquer dessas causas, lhe sobrevém a morte.
Art. 128 - Não se pune o aborto praticado por médico:
Aborto necessário
I - se não há outro meio de salvar a vida da gestante;
Aborto no caso de gravidez resultante de estupro
II - se a gravidez resulta de estupro e o aborto é precedido de consentimento da gestante ou, quando incapaz, de seu representante legal.
Conceito: é a interrupção da gravidez com a destruição do produto da concepção.
Objetividade jurídica: protege-se a vida humana intra-uterina e a integridade física da gestante, no caso do aborto provocado por terceiro sem o consentimento da gestante. Biologicamente, a vida se inicia com a fecundação. Porém, juridicamente o início se dá com a nidação (fixação do óvulo fecundado na parede do útero);
Sujeitos:
Ativo: no artigo 124, CP será somente a gestante. Trata-se de crime próprio na primeira parte do artigo 124, CP (auto-aborto) e de mão própria na segunda parte do mesmo artigo (consentimento para que outrem lhe provoque o aborto).
Nos demais casos, sujeito ativo poderá ser qualquer pessoa (crime comum).
Passivo: a vítima do delito é o produto da concepção. No crime tipificado no artigo 125, CP, sujeito passivo também será a gestante.
Elemento ou tipo objetivo:
124, CP: as condutas são provocar (realizar, fazer) e consentir (anuir, aceitar).
125, CP: a conduta é provocar. O aborto é provocado por terceiro, sem o consentimento da gestante.
126, CP: a conduta também é provocar. Aqui o aborto acontece com o consentimento da gestante. Este consentimento deve ser válido. O parágrafo único prevê hipóteses nas quais o consentimento é inválido, caracterizando-se o delito previsto no artigo anterior.
ATENÇÃO: A gestante que consente para que terceiro lhe provoque o aborto, responde pelo crime previsto no artigo 124, CP. Já o terceiro que pratica o aborto com o consentimento da gestante responde pelo crime insculpido no artigo 125, CP.
Trata-se de exceção a teoria monista do concurso de pessoas. Adota-se a teoria pluralista.
Elemento ou tipo subjetivo: o dolo, consistente na vontade livre e consciente de causar a morte do produto da concepção. Não existe a forma culposa do aborto.
Consumação e tentativa: Consuma-se o delito com a morte do feto e não é necessário que haja prova de vida extra-uterina. É possível a tentativa.
Formas qualificadas (artigo 127, CP): embora o Código Penal trate-as como qualificadoras, na verdade são duas causas especiais de aumento de pena. Apenas incidem nas figuras penais de aborto provocado por terceiro, com ou sem o consentimento da gestante. Em ambas as hipóteses haverá crime preterdoloso. Deverá ser causada lesão corporal de natureza grave ou a morte da gestante, em razão das conseqüência do aborto ou dos meios empregados para provocá-lo.
Excludentes de ilicitude (artigo 128, CP): são excludentes destinadas aos médicos, em duas situações:
a) aborto terapêutico ou necessário: caso a gravidez traga risco de vida para a gestante. Nesta hipótese, se o aborto for praticado por alguém que não seja médico, poderá ser alegado estado de necessidade (24, CP). Não é necessária autorização judicial.
b) aborto humanitário, ético ou sentimental: nos casos de gravidez resultante de estupro. Não é necessária autorização judicial.
Ação Penal: Pública Incondicionada
Competência: Tribunal do Júri (crime doloso contra a vida, consumado ou tentado).
Questões de assimilação:
1. O que é nidação?
2. Explique a exceção à teoria monista contida no crime de aborto.
3. O que é aborto terapêutico?
Lesão Corporal – Artigo 129, CP (Parte I)
Lesão corporal
Art. 129. Ofender a integridade corporal ou a saúde de outrem:
Pena - detenção, de três meses a um ano.
Lesão corporal de natureza grave
§ 1º Se resulta:
I - Incapacidade para as ocupações habituais, por mais de trinta dias;
II - perigo de vida;
III - debilidade permanente de membro, sentido ou função;
IV - aceleração de parto:
Pena - reclusão, de um a cinco anos.
§ 2° Se resulta:
I - Incapacidade permanente para o trabalho;
II - enfermidade incuravel;
III - perda ou inutilização do membro, sentido ou função;
IV - deformidade permanente;
V - aborto:
Pena - reclusão, de dois a oito anos.
Lesão corporal seguida de morte
§ 3° Se resulta morte e as circunstâncias evidenciam que o agente não quís o resultado, nem assumiu o risco de produzí-lo:
Pena - reclusão, de quatro a doze anos.
Diminuição de pena
§ 4° Se o agente comete o crime impelido por motivo de relevante valor social ou moral ou sob o domínio de violenta emoção, logo em seguida a injusta provocação da vítima, o juiz pode reduzir a pena de um sexto a um terço.
Substituição da pena
§ 5° O juiz, não sendo graves as lesões, pode ainda substituir a pena de detenção pela de multa, de duzentos mil réis a dois contos de réis:
I - se ocorre qualquer das hipóteses do parágrafo anterior;
II - se as lesões são recíprocas.
Lesão corporal culposa
§ 6° Se a lesão é culposa:
Pena - detenção, de dois meses a um ano.
Aumento de pena
§ 7º - Aumenta-se a pena de um terço, se ocorrer qualquer das hipóteses do art. 121, § 4º.
§ 8º - Aplica-se à lesão culposa o disposto no § 5º do art. 121.
Violência Doméstica
§ 9o  Se a lesão for praticada contra ascendente, descendente, irmão, cônjuge ou companheiro, ou com quem conviva ou tenha convivido, ou, ainda, prevalecendo-se o agente das relações domésticas, de coabitação ou de hospitalidade: Pena - detenção, de 3 (três) meses a 3 (três) anos.
§ 10. Nos casos previstos nos §§ 1o a 3o deste artigo, se as circunstânciassão as indicadas no § 9o deste artigo, aumenta-se a pena em 1/3 (um terço).
§ 11.  Na hipótese do § 9o deste artigo, a pena será aumentada de um terço se o crime for cometido contra pessoa portadora de deficiência.
CONSIDERAÇÕES GERAIS
Conceito: é todo e qualquer dano produzido por alguém, sem animus necandi, à integridade física ou à saúde de outrem.
Bem jurídico: integridade corporal e a saúde da pessoa humana (incolumidade)
Sujeitos
Ativo: qualquer pessoa;
Passivo: qualquer pessoa (exceto § 1º, IV e § 2º, V: gestante, crime próprio)
Conduta:
Ofender: ferir, macular
Ofender a Saúde: alteração de funções fisiológicas do organismo ou perturbação psíquica
Elemento subjetivo: dolo (animus laedendi ou vulnerandi), preterdolo (§ 3º) e culpa (§ 6º);
Consumação e tentativa: consuma-se com a lesão efetiva à integridade ou à saúde de outrem, produção do dano; a tentativa é possível.
Ação Penal: 129, caput e § 6º - ação penal pública condicionada (88, LF 9099/95). Nos demais casos, ação penal pública incondicionada.
I) LESÃO CORPORAL LEVE
Sem nenhuma particularidade (vide considerações gerais);
II) LESÃO CORPORAL GRAVE
Incapacidade para as ocupações habituais, por mais de 30 dias: ocupações do cotidiano (trabalho, lazer, recreação); não pode ser atividade criminosa, pode ser imoral; necessidade de exame complementar (30 dias após o fato);
Perigo de vida: probabilidade concreta e efetiva de morte; atestado por perícia;
Debilidade permanente de membro, sentido ou função: debilidade é a redução ou enfraquecimento da capacidade funcional da vítima. Deve ser permanente: duração imprevisível. Objeto material: membro (partes do corpo que se prendem ao tronco, braços, mãos, pernas e pés); sentido (faculdade de percepção); função (atividade específica de cada órgão do corpo humano; respiratória, circulatória, digestiva);
Aceleração de parto: antecipação do nascimento do feto, com vida, é necessário que possua conhecimento da gravidez da vítima.
III) LESÃO CORPORAL GRAVÍSSIMA
Incapacidade permanente para o trabalho: trabalho em geral, não há previsão de reversão;
Enfermidade incurável: doença cuja cura não é conseguida pela Medicina, pressupondo um processo patológico que afeta a saúde em geral;
Perda ou inutilização de membro, sentido ou função: perda, quando cessa o sentido ou função ou quando o membro ou órgão é extraído ou amputado. Mutilação (próprio crime), amputação (cirurgia) ou inutilização (interrompe a atividade).
Deformidade permanente: dano estético considerável, decorrente de defeito físico permanente, que cause desgosto, desconforto e vexame.
Provocar aborto: crime preterdoloso, não se quer o aborto.
Questões de assimilação:
1- O que se entende por lesão corporal?
2- Diferencie as qualificadoras contidas no artigo 129, § 1º, I e § 2º, I, CP.
3- Diferencie as qualificadoras contidas no artigo 129, § 1º, IV e § 2º, V, CP.
Lesão Corporal– Artigo 129, CP (Parte II)
Lesão corporal seguida de morte
§ 3° Se resulta morte e as circunstâncias evidenciam que o agente não quís o resultado, nem assumiu o risco de produzí-lo:
Pena - reclusão, de quatro a doze anos.
Diminuição de pena
§ 4° Se o agente comete o crime impelido por motivo de relevante valor social ou moral ou sob o domínio de violenta emoção, logo em seguida a injusta provocação da vítima, o juiz pode reduzir a pena de um sexto a um terço.
Substituição da pena
§ 5° O juiz, não sendo graves as lesões, pode ainda substituir a pena de detenção pela de multa, de duzentos mil réis a dois contos de réis:
I - se ocorre qualquer das hipóteses do parágrafo anterior;
II - se as lesões são recíprocas.
Lesão corporal culposa
§ 6° Se a lesão é culposa:
Pena - detenção, de dois meses a um ano.
Aumento de pena
§ 7º - Aumenta-se a pena de um terço, se ocorrer qualquer das hipóteses do art. 121, § 4º.
§ 8º - Aplica-se à lesão culposa o disposto no § 5º do art. 121.
Violência Doméstica
§ 9o  Se a lesão for praticada contra ascendente, descendente, irmão, cônjuge ou companheiro, ou com quem conviva ou tenha convivido, ou, ainda, prevalecendo-se o agente das relações domésticas, de coabitação ou de hospitalidade: Pena - detenção, de 3 (três) meses a 3 (três) anos.
§ 10. Nos casos previstos nos §§ 1o a 3o deste artigo, se as circunstâncias são as indicadas no § 9o deste artigo, aumenta-se a pena em 1/3 (um terço).
§ 11.  Na hipótese do § 9o deste artigo, a pena será aumentada de um terço se o crime for cometido contra pessoa portadora de deficiência.
ARTIGO 129, § 3º, CP (LESÃO CORPORAL SEGUIDA DE MORTE)
Crime preterdoloso (qualificado pelo resultado); dolo nas lesões e culpa na morte. Deve haver culpa quanto ao resultado morte (se decorrer de fato imprevisível ou caso fortuito, responde apenas pelas lesões corporais). Se decorrer de dolo (direto ou indireto) o crime é de homicídio.
Competência: Juiz singular;
Não admite tentativa (resultado final é culposo)
ARTIGO 129, § 4º E 5º, CP (PRIVILÉGIO)
§ 4º: impelido por motivo de relevante valor moral ou social; ou sob domínio da violenta emoção, logo após a injusta provocação da vítima; diminuição de 1/6 a 1/3.
§ 5º: substituição da pena; hipóteses do parágrafo 4º ou lesões recíprocas, substitui-se a pena de detenção por multa; vide 59, IV, CP
ARTIGO 129, § 6º, CP (LESÃO CORPORAL CULPOSA)
Previsão expressa de crime culposo;
Não se aplicam as qualificadoras; gravidade aquilatada na pena-base
Código de Trânsito Brasileiro (v. artigo
ARTIGO 129, § 7º, CP (CAUSA DE AUMENTO DE PENA)
Remete ao artigo 121, § 4º, Código Penal (crime culposo e doloso).
ARTIGO 129, § 8º, CP (PERDÃO JUDICIAL)
Gravidade do delito torna desnecessária a aplicação da pena (crime culposo)
 ARTIGO 129, § 9º, 10º E 11º, CP (HIPÓTESES DE VIOLÊNCIA DOMÉSTICA)
modificação introduzida pela Lei 11.340/03;
ler dispositivo legal.
Questões de assimilação:
Quando poderá haver substituição da pena privativa de liberdade por pena de multa no crime de lesão corporal?
Qual é o elemento subjetivo na lesão corporal seguida de morte?
Quando é aplicado o perdão judicial no crime de lesão corporal?
Calúnia – Artigo 138, CP
Calúnia
Art 138. Caluniar alguém, imputando-lhe falsamente fato definido como crime:
Pena – detenção, de 6 (seis) meses a 2 (dois) anos.
Propalação e divulgação
§ 1º Na mesma pena incorre quem, sabendo a falsa imputação, a propala ou divulga.
Conceito: é a falsa imputação de fato criminoso a outrem.
Objetividade jurídica: a incolumidade moral, a integridade do ser humano, no caso, a honra objetiva.
Sujeitos
Ativo: pode ser praticado por qualquer pessoa. Trata-se de crime comum;
Passivo: qualquer ser humano pode ser vítima deste crime, até mesmo os já falecidos, consoante estipulação do art. 138, §2º, CP. Pessoa jurídica pode ser vítima deste crime, desde que a ofensa esteja relacionada à prática de crime ambiental (Lei 9605/98).
Elemento ou tipo objetivo: a conduta típica aqui é imputar a alguém a prática de um delito. É afirmar falsamente a prática de um delito. Pressupõe três elementos: a imputação, o fato ser reconhecido como crime e que tal imputação seja falsa. Trata-se de crime de forma livre, uma vez que não há forma de execução específica prevista para a configuração do delito, admitindo-se palavras, desenhos, gestos, escrito, etc. O crime pode ser praticado de forma comissiva. Pode ser de forma explícita ou implícita;
Elemento ou tipo subjetivo: é indispensável para a ocorrência do delito de calúnia o dolo. É admitido também o dolo eventual, quando o agente tem dúvidas da autenticidade do fato relatado, assumindo o risco da imputação falsa do crime a outrem.
Consumação e tentativa: Consuma-se quando qualquer pessoa, que não a vítima, toma conhecimento da imputação. É admissível a tentativa quando a calúnia não é praticada oralmente. Exemplo: a carta interceptada.
Propalação e tentativa: no §1º do art. 138 está descrita a incursão nas mesmas penas para duas ações do agente. A primeirase refere à propalar e a segunda se refere à divulgar a falsa imputação criminosa. São praticamente sinônimos que levam à mesma conseqüência.
Exceção da verdade:
§3º Admite-se prova da verdade, salvo:
I – se, constituindo o fato imputado crime de ação privada, o ofendido não foi condenado por sentença irrecorrível;
II – se o fato é imputado a qualquer das pessoas indicadas no n. III do artigo 140.
A lei admite prova da verdade a respeito do fato imputado (art. 138, §3º). Sendo verdadeiro o fato, não há o que se falar em calúnia.
Questões de assimilação:
1- O que é calúnia?
2 -O que se entende por exceção da verdade?
3 -Joaquim chamou Manoel de ladrão, sabendo ser falsa a ofensa. Cometeu calúnia? Justifique.
Difamação – Artigo 139
Difamação
Artigo 139. Difamar alguém, imputando-lhe fato ofensivo à sua reputação.
Pena – detenção, de 3 (três) meses a 1 (um) ano, e multa.
Exceção da verdade
Parágrafo Único – A exceção da verdade somente se admite ao funcionário público e a ofensa é relativa ao exercício de suas funções.
 Conceito: é a imputação a alguém de fato ofensivo a sua reputação.
Objetividade jurídica: tutela-se a honra objetiva, ou seja, o conceito do sujeito passivo no meio social.
Sujeitos:
Ativo: pode ser praticado por qualquer pessoa. Trata-se de crime comum;
Passivo: qualquer ser humano pode ser vítima deste crime. Entretanto, o consentimento do ofendido exclui o crime, por ser a honra bem disponível. Deve o consentimento ser anterior ou concomitante ao fato, caso contrário configura-se tolerância. A pessoa jurídica pode ser vítima deste crime também.
Elemento ou tipo objetivo: a conduta típica aqui é imputar a alguém fato ofensivo, mas não criminoso, à sua reputação. Se a ofensa estiver relacionada a fato definido como contravenção, configura o crime de difamação. Deve ser fato concreto e específico. Trata-se de crime de forma livre, uma vez que não há forma de execução específica prevista para a configuração do delito, admitindo-se palavras, desenhos, gestos, escrito, etc. Pode ser de forma explícita ou implícita;
Elemento ou tipo subjetivo: é indispensável para a ocorrência do delito de difamação o dolo. É admitido também o dolo eventual, quando o agente tem dúvidas da autenticidade do fato relatado, assumindo o risco da imputação de fato desonroso.
Consumação e tentativa: Consuma-se quando qualquer pessoa, que não a vítima, toma conhecimento da imputação. É admissível a tentativa quando a difamação não é praticada oralmente. Exemplo: a carta interceptada.
Exceção da verdade:
A lei admite prova da verdade a respeito do fato imputado (art. 139, parágrafo único) somente no exercício das funções do funcionário público. Portanto, sua aplicação é de natureza excepcional.
Concurso de crimes:
É perfeitamente cabível o concurso dos delitos de calúnia e difamação.
Questões de assimilação:
1- O que é difamação?
2- O que se entende por exceção da verdade no crime de difamação?
3- Diferencie calúnia de difamação.
Injúria – Artigo 140, CP
Injúria
Art. 140 – Injuriar alguém, ofendendo-lhe a dignidade ou o decoro
Pena – detenção, de 1 (um) a 6 (seis) meses, ou multa.
Conceito: é a ofensa à dignidade ou decoro de outrem. Na sua essência é uma manifestação de desrespeito e desprezo, um juízo depreciativo capaz de ofender a honra da vítima em seu aspecto subjetivo.
Objetividade jurídica: tutela-se a honra subjetiva, ou seja, o juízo íntimo que cada um tem de si próprio.
Sujeitos:
Ativo: pode ser praticado por qualquer pessoa. Trata-se de crime comum;
Passivo: qualquer ser humano pode ser vítima deste crime, exceção feita àqueles que não tem consciência da dignidade ou decoro, como os menores de tenra idade ou os doentes mentais. A pessoa jurídica não pode ser vítima do crime de injúria.
Elemento ou tipo objetivo: a conduta típica aqui é ofender a honra subjetiva do sujeito passivo, atingindo seus atributos morais (dignidade) ou físicos, intelectuais e sociais (decoro). Não há menção a fatos precisos, mas sim uma manifestação de desprezo e desrespeito. Trata-se de crime de forma livre, uma vez que não há forma de execução específica prevista para a configuração do delito, admitindo-se palavras, desenhos, gestos, escrito, etc. Pode ser de forma explícita ou implícita. Pode ser por conduta comissiva ou omissiva;
Elemento ou tipo subjetivo: é indispensável para a ocorrência do delito de injúria o dolo.
Consumação e tentativa: Consuma-se quando o sujeito passivo toma conhecimento do insulto. Afirma-se que é admissível a tentativa quando a injúria não é praticada oralmente. Entretanto a questão é inócua, pois se trata de crime de ação penal privada e exige o conhecimento da vítima para o devido processamento.
Exceção da verdade: Não é admitida a exceção da verdade, uma vez que tal ofensa não é objeto de prova. Não é possível provar que a vítima é grosseira ou ignorante, etc.
Perdão Judicial:
§1º O juiz pode deixar de aplicar a pena:
I – quando o ofendido, de forma reprovável, provocou diretamente a injúria;
II – no caso de retorsão imediata, que consista em outra injúria.
No primeiro caso, refere-se ao ato reprovável da vítima da injúria que, antes dela, provocou o agente. Essa provocação pode ou não constituir-se de ilícito e deve ter sido efetuada na presença do autor da injúria. A segunda hipótese refere-se a retorsãoinjuriosa imediata proferida pela vítima.
Injúria real:
§2º Se a injúria consiste em violência ou vias de fato, por sua natureza ou pelo meio empregado, se considerem aviltantes:
Pena: detenção, de 3 (três) meses a 1 (um) ano, e multa, além da pena correspondente à violência.
Refere-se a lei à injúria em que há prática de violência (chibatadas, marcas a ferro) ou vias de fato. Podem ser elas aviltantes em si mesmas como, por exemplo, a cavalgar o ofendido, puxar as barbas, ou podem ser elas aviltantes no meio de sua execução, como por exemplo, atirar excrementos ou bater com chicote na vítima. Enquanto há concurso material entre a injúria e a violência, as vias de fato são absorvidas como meio para a prática da injúria real.
Injúria por preconceito:
§3º Se a injúria consiste na utilização de elementos referentes a raça, cor, etnia, religião, origem ou condição de pessoa de pessoa idosa ou portadora de deficiência:
Pena: reclusão, de 1 (um) a 3 (três) anos, e multa.
Trata-se de crime qualificado, através do qual ocorre o ultraje a outrem, por qualquer meio, com a utilização de elementos racistas ou preconceituosos em razão do sujeito passivo.
Disposições comuns aos crimes contra a honra – Artigos 141 a 145, CP
Formas Qualificadas
Art. 141 – As penas cominadas neste Capítulo aumentam-se de um terço, se qualquer dos crimes é cometido:
I – contra o Presidente da República, ou contra chefe de governo estrangeiro;
II – contra funcionário público, no exercício de suas funções;
III – na presença de várias pessoas, ou por meio que facilite a divulgação da calúnia, da difamação ou da injúria;
IV – contra pessoa maior de 60 (sessenta) anos ou portadora de deficiência física, exceto no caso de injúria.
Pena - detenção, de dois a seis anos.
Parágrafo Único: se o crime é cometido mediante paga ou promessa de recompensa, aplica-se a pena em dobro.
A primeira majorante ocorre quando o crime é praticado contra o Presidente da República ou chefe de governo estrangeiro. A norma penal procura preservar a dignidade e a relevância destes cargos.
A segunda causa ocorre quando o crime é praticado contra funcionário público em razão de suas funções. Cabe observar que não se trata de ofensa praticada na presença do funcionário público que desempenha suas funções ou motivada por elas, pois neste caso configura-se o crime de desacato (artigo 331, CP).
A terceira majorante visa proteger de maneira mais efetiva o sujeito passivo de grande divulgação do crime que este sofreu, punindo de forma mais rigorosa o delito que é feito na presença de várias pessoas ou que será divulgado facilmente.A jurisprudência e a doutrina afirmam que para se configurar várias pessoas são necessárias no mínimo três.
A quarta causa diz respeito à proteção especial que as pessoas com idade superior a 60 (sessenta) anos e portadoras de deficiência possuem. Assim sendo, sempre que os crimes de calúnia e difamação tiverem como sujeito passivo pessoas nesta condição, o sujeito ativo estará sujeito à incidência da causa de aumento. Tal causa não atinge o crime de injúria, por ocasião do artigo 140, §3º.
Em havendo interesse pecuniário por parte do agente, a pena será duplicada. O interesse pecuniário pode ser na forma de promessa de pagamento ou de paga efetiva.
Exclusão do crime
Art. 142 – Não constituem injúria ou difamação punível:
I – ofensa irrogada em juízo, na discussão da causa, pela parte ou seu procurador;
II – opinião desfavorável da crítica literária, artística ou científica, salvo quando inequívoca a intenção de injuriar ou infamar;
III – o conceito desfavorável emitido por funcionário público, em apreciação ou informação que preste no cumprimento de dever de ofício.
Parágrafo Único: Nos casos dos ns. I e III, responde pela injúria ou pela difamação quem lhe dá publicidade.
O Código Penal apontou três circunstâncias em que inexiste o elemento do injusto nos delitos contra a honra. Assim sendo, nestes casos há a exclusão de antijuridicidade, não havendo o que se falar em punibilidade. A primeira hipótese trata da imunidade judiciária, que assegura às partes e aos seus procuradores maior liberdade de expressão enquanto discutindo a causa. A segunda hipótese refere-se à tutela o interesse de preservar a cultura e resguardar a liberdade de crítica em relação às ciências, literatura e arte, por entender parte do processo de aperfeiçoamento dessas. Na terceira hipóteses, trata-se da preservação de liberdade dos funcionários públicos no exercício de suas funções, quando utilizarem expressões ofensivas.
Retratação
Art. 143. O querelado que, antes da sentença, se retrata cabalmente da calúnia ou da difamação, fica isento de pena.
Retratar significa retirar o que foi dito, admitir que errou. Deve ser total e incondicional, ou seja, deve englobar tudo o que foi dito. Funciona como causa extintiva da punibilidade. A retratação é circunstância subjetiva, por isso não se estende aos outros querelados que não se retrataram. Independe de aceitação. A retratação somente gera efeitos nos crimes de calúnia e difamação que se apurem mediante queixa. Quando a ação for pública, como no caso de ofensa contra funcionário público a retratação não gera efeitos. Ela pode ocorrer até a sentença de primeira instância Não é admitida na injúria.
Pedido de explicações
Art. 144. Se, de referências, alusões ou frases, se infere calúnia, difamação ou injúria, quem se julga ofendido pode pedir explicações em juízo. Aquele que se recusa a dá-las ou, a critério do juiz, não as dá satisfatórias, responde pela ofensa.
É uma medida facultativa que somente pode ser feita antes do oferecimento da queixa. É utilizada quando a vítima fica na dúvida, acerca de ter sido ou não ofendida ou sobre qual real significado do que contra ela foi dito.
A vítima faz o requerimento, o juiz manda notificar o autor da imputação a ser esclarecida e, com ou sem resposta, o juiz entrega os autos ao requerente (vítima). Se, após isso, a vítima ingressar com a queixa-crime, é nessa fase que o juiz analisará se a recebe ou rejeita, levando em conta as explicações dadas. Não há julgamento do pedido de explicações.
Aquele que se recusa a dar explicações ou as dar de forma insatisfatória, responde pela ofensa. Porém isso não significa que o juiz estará obrigado a condenar o ofensor, já que, após o recebimento da queixa o querelado terá toda oportunidade de defesa, observando–se ainda o princípio do contraditório. O dispositivo tem a única finalidade de ressalvar a importância da resposta e esclarecer que, em verdade, a omissão será levada em conta por ocasião da análise acerca do recebimento ou rejeição da queixa ou denúncia. O pedido de explicações não interrompe o prazo decadencial, mas torna o juízo prevento.
Ação Penal
Art 145. Nos crimes previstos neste capítulo somente se procede mediante queixa, salvo, quando no caso do art. 140, § 2°, da violência resulta lesão corporal.
Parágrafo Único. Procede-se mediante requisição do Ministro da Justiça, no caso do n. I do artigo 141, e mediante representação do ofendido, no caso do n. II do mesmo artigo.
Como regra, nos delitos contra honra, a ação penal é privada. Será publica, entretanto, no caso de injúria real, havendo lesão corporal – como o crime de lesão corporal se processa mediante ação publica, a exceção justifica-se.
Se o ofendido for o Presidente da Republica, ou chefe de governo estrangeiro – a ação será igualmente pública, mas condicionada a representação do Ministro da Justiça, que irá apreciar a conveniência da medida.
Em se tratando de funcionário público, ofendido em razão de suas funções – a ação penal publica estará condicionada a representação do ofendido, só sendo válida enquanto for ele funcionário. Se este houver abandonado o cargo após a ofensa, a ação terá caráter privado.
Se a injuria for preconceituosa, ou discriminatória, a ação penal será pública condicionada (art. 140, § 3º, CP).
Questões de assimilação:
1. O que é honra subjetiva?
2. Diferencie dignidade de decoro.
3. O que se entende por injúria real?
4. Cite e explique duas causas especiais de aumento de pena comuns aos crimes contra honra.
5. Em quais hipóteses se procede a ação penal pública condicionada?
6. Até qual momento processual cabe retratação?
FURTO – Artigo 155, CP (Parte I)
Furto Simples
Art. 155. Subtrair, para si ou para outrem, coisa alheia móvel:
Pena - reclusão, de um a quatro anos, e multa.
Furto Noturno
§ 1° A pena aumenta-se de um terço, se o crime é praticado durante o repouso noturno.
Furto Privilegiado
§ 2º Se o criminoso é primário, e é de pequeno valor a coisa furtada, o juiz pode substituir a pena de reclusão pela de detenção, diminuí-la de um a dois terços, ou aplicar somente a pena de multa.
Furto de Energia
§ 3° Equipara-se à coisa móvel a energia elétrica ou qualquer outra que tenha valor econômico.
Furto Qualificado
§4º A pena é de reclusão de 2 a 8 anos, e multa, se o crime é cometido:
I – Com destruição ou rompimento à subtração da coisa;
II – Com abuso de confiança, ou mediante fraude, escalada ou destreza;
III – Com emprego de chave falsa;
IV – Mediante concurso de duas ou mais pessoas.
Furto de Veículo Automotor
§5º A pena é de reclusão de 3 a 8 anos se a subtração for de veículo automotor que venha a ser transportado para outro estado ou para o exterior.
DISPOSIÇÕES GERAIS
Conceito: Furto é a subtração de coisa alheia móvel para si ou para outrem. É, pois, o assenhoreamento da coisa com o fim de apoderar-se dela de modo definitivo.
Objetividade jurídica: é a tutela da posse. De forma mediata, é também protegida a propriedade. Tanto o possuidor, quanto o proprietário merecem a tutela penal.
Sujeitos:
Ativo: trata-se de crime comum, qualquer pessoa.
Passivo: qualquer pessoa pode ser sujeito passivo do delito, seja pessoa física ou jurídica.
Elemento ou tipo objetivo: subtrair de alguém, direta ou indiretamente. Afirma-se na doutrina que pode ser objeto de furto coisa que tiver valor econômico ou valor afetivo. As coisas comuns ou de uso comum como: ar, luz, água dos rios e dos mares, somente poderão ser objeto do crime se forem destacadas do meio, como nos casos de ar comprimido ou liquefeito.
É praticamente pacífico que não haverá furto quando da subtração de algo que tem valor econômico irrelevante, como um alfinete, palito, folha de papel. O furto é um crime material, não existindo sem que haja efetivo desfalque do patrimônio alheio.
 Elemento ou tipo subjetivo: crime doloso, é a vontade consciente de subtrair, acrescido do elemento subjetivo do injusto (dolo específico), que é a finalidade do agente expressano tipo: “para si ou para outrem”. Diz-se também, que o consentimento na subtração exclui o crime, já que o patrimônio é um bem disponível.
Consumação e tentativa: dá-se por consumado o furto quando o agente tem a posse tranqüila da coisa, ainda que por pouco tempo, fora da esfera de proteção e disponibilidade da vítima, ingressando na do agente. tratando-se de crime material, é possível a tentativa. Fala-se em tentativa punível quando o agente, por exemplo, não consegue subtrair a carteira da vítima por ter errado o bolso, e em crime impossível quando o ofendido visado não porta qualquer objeto ou valores.
FURTOS EM ESPÉCIE
Furto Famélico: Configura o estado de necessidade, caso os bens subtraídos sejam gêneros alimentícios, sem qualquer qualidade para representar acréscimo ao patrimônio. Admite-se o furto famélico àqueles que, vivendo em condições de maior indigência, subtraíram objetos, aptos a satisfazer privação inadiável, na qual padeciam tanto eles como seus familiares e dependentes. Ninguém furta gêneros alimentícios para acrescentá-los ao seu patrimônio. Fá-lo tão somente, para saciar a fome e atender suas vicissitudes imediatas, pois que apenas a isso se prestam mercadorias de tal natureza.
 Furto de Uso: O código penal não tipificou o furto de uso. O furto de uso é um ilícito civil, não é crime. Assim, aquele que se apossar temporária e indevidamente, sem a intenção de fazê-la sua, não pratica crime algum. No furto de uso o dolo deverá ser específico: utilizar-se da coisa alheia, sem dela apropriar-se definitivamente. O uso é momentâneo (e não instantâneo).
 Furto Noturno: É furto majorado o praticado durante o repouso noturno, aumentando-se a pena de um terço. A falta de luz favorece a execução do crime; e o repouso a que se entregam as pessoas durante a noite suspende a vigilância patrimonial, debilitando os meios defensivos e tornando mais difícil a proteção dos bens. A circunstância de haver alguma pessoa acordada, na casa onde ocorre o crime, não faz desaparecer a agravante. A causa de aumento do repouso noturno só se aplica ao furto simples (caput). Não terá aplicação se o furto for qualificado.
 Furto Privilegiado: Trata-se do furto de pequeno valor, em que a menor gravidade do fato e a primariedade do agente recomendam um tratamento penal menos severo. Ser o agente primário significa que o agente não tenha sofrido, em razão de outro crime, condenação anterior transitada em julgado. É reconhecida a coisa de pequeno valor quando alcança o preço correspondente a um salário mínimo vigente à época do fato.
 Furto de Energia: o legislador equiparou a coisa móvel à energia elétrica ou qualquer outra que tenha valor econômico. Assim, desviando o agente a energia elétrica,indevidamente , cometerá furto mas se, usando qualquer artefato, induz a vítima em erro para obtê-la (viciando o relógio de marcação de consumo, por exemplo), praticará estelionato. O furto de energia é crime permanente.
 Furto Qualificado: Diversas circunstâncias qualificadoras que revelam maior periculosidade do agente:
a) Destruição ou Rompimento de Obstáculo: Obstáculo é todo elemento material que defende ou visa impedir a coisa de ser subtraída. O obstáculo não pode fazer parte da coisa, como por exemplo, no furto do carro a porta deste, pois integra a própria coisa. No caso de furto de toca fitas há quebra de obstáculo, pois o objeto é o toca fitas e o obstáculo;
b) Abuso de Confiança, Fraude, Escalada ou Destreza: No abuso de confiança, existem dois requisitos: o subjetivo, que é o vínculo de confiança que surge entre o agente e a vítima e o  objetivo, a  vulnerabilidade. Exemplo: amigo íntimo. Fraude é uma manobra enganosa destinada a iludir alguém, configurando, também, uma forma de ludibriar a confiança que se estabelece nas relações humanas. Assim, o agente que criar uma situação especial, voltada a gerar na vítima um engano, tendo por objetivo praticar uma subtração de coisa alheia móvel, incide da figura qualificada. A fraude é uma “relação de confiança instantânea”, formada a partir de uma trama, um truque ou cilada. Escalada é a utilização de via anormal para penetrar na casa em que vai operar-se a subtração. O reconhecimento dessa qualificadora exige que o agente se utilize de instrumentos (escadas, cordas, etc.) ou atue com agilidade ou esforço incomum para vencer o obstáculo. Destreza é a agilidade ímpar dos movimentos de alguém, configurando uma especial habilidade, sem que a vítima disto se aperceba. Para qualificar o crime é necessário que a destreza seja notável, excepcional, executada com habilidade extrema e rapidez, o que será avaliado com relação à vítima.
c) Emprego de Chave Falsa: chave falsa é todo instrumento que se preste a abrir fechaduras, revestindo-se ou não do aspecto de chave (pedaço de arame, chave mixa, etc.). A chave verdadeira se obtida mediante artifício ou ardil, poderá qualificar o furto pela fraude. Não é possível considerar a chave verdadeira como falsa.
d) Furto mediante de duas ou mais pessoas: quando dois ou mais agentes se reúnem para a prática do crime de furto é natural que se torne mais acessível à concretização do delito. O apoio prestado, seja como co-autor, seja como participe, pode servir para configurar a figura do inciso IV.
 Furto de Veículo Automotor: é qualificado devido a maior facilidade que o veículo automotor dispõe de ser transportado. É indispensável, porém, que o veículo seja transportado para outro Estado da Federação, diverso do local da subtração, ou para o Exterior, para que se considere a qualificadora
Furto de Coisa Comum
Art. 156 - Subtrair o condômino, co-herdeiro ou sócio, para si ou para outrem, a quem legitimamente a detém, a coisa comum:
Pena - detenção, de seis meses a dois anos, ou multa.
§ 1º - Somente se procede mediante representação.
§ 2º - Não é punível a subtração de coisa comum fungível, cujo valor não excede a quota a que tem direito o agente.
Conceito: Trata-se o furto de coisa comum de um tipo penal especial, pois prevê uma subtração de coisa que não é completamente alheia, mas pertencente a mais de uma pessoa. Em todos os casos, o sujeito é titular de uma parte ideal, a qual pode inclusive alienar, mas limitada.
Objetividade jurídica: Protege-se, com o dispositivo, a propriedade ou posse.
 Sujeitos:
Ativo: trata-se de crime próprio, pois somente pode ser praticado pelo condômino, co-herdeiro ou sócio.
Passivo: São os demais condôminos, herdeiros ou sócios, ou mesmo terceiro que detenha legitimamente a posse da coisa comum.
 Elemento ou tipo objetivo: subtrair, direta ou indiretamente. É necessário que o agente tenha parte ideal da coisa para se falar em coisa comum, mas não importa qual o montante de sua parte na coisa.
 Elemento ou tipo subjetivo: crime doloso, é a vontade consciente de subtrair, acrescido do elemento subjetivo do injusto (dolo específico), que é a finalidade do agente expressa no tipo: “para si ou para outrem”.
Consumação e tentativa: dá-se por consumado o furto quando o agente tem a posse tranqüila da coisa, ainda que por pouco tempo, fora da esfera de proteção e disponibilidade da vítima, ingressando na do agente. tratando-se de crime material, é possível a tentativa. Fala-se em tentativa punível quando o agente não consegue concluir o furto por circunstâncias alheias à sua vontade.
Ação Penal: Pública condicionada à representação.
Questões de assimilação:
Qual o elemento subjetivo do furto de energia elétrica?
Defina furto famélico?
Descreva três espécies de furto qualificado.
Roubo (Art. 157, CP)
Art. 157 - Subtrair coisa móvel alheia, para si ou para outrem, mediante grave ameaça ou violência a pessoa, ou depois de havê-la, por qualquer meio, reduzido à impossibilidade de resistência:
Pena - reclusão, de quatro a dez anos, e multa.
Roubo Impróprio
§ 1º - Na mesma pena incorre quem, logo depois de subtraída a coisa, emprega violência contra pessoa ou grave ameaça, a fim de assegurar a impunidade do crime ou a detenção da coisapara si ou para terceiro.
Roubo Qualificado
§ 2º - A pena aumenta-se de um terço até metade:
I - se a violência ou ameaça é exercida com emprego de arma;
II - se há o concurso de duas ou mais pessoas;
III - se a vítima está em serviço de transporte de valores e o agente conhece tal circunstância.
IV - se a subtração for de veículo automotor que venha a ser transportado para outro Estado ou para o exterior;
V - se o agente mantém a vítima em seu poder, restringindo sua liberdade.
Roubo e Lesão Corporal Grave e Latrocínio
§ 3º Se da violência resulta lesão corporal grave, a pena é de reclusão, de sete a quinze anos, além da multa; se resulta morte, a reclusão é de vinte a trinta anos, sem prejuízo da multa.
DISPOSIÇÕES GERAIS
 Conceito: Roubo é o apossamento de coisa alheia móvel, mediante emprego de violência ou grave ameaça a pessoa. Trata-se de crime complexo pois, nada mais é do que um furto associado a outras figuras típicas, como as originárias do emprego de violência ou de grave ameaça.
 Objetividade jurídica: Tratando-se de crime complexo, o objeto imediato do roubo é o patrimônio. Tutelam-se, também, a integridade corporal, a liberdade e, no latrocínio, a vida do sujeito passivo.
 Sujeitos:
Ativo: trata-se de crime comum, qualquer pessoa.
Passivo: Não é só o proprietário, possuidor ou detentor da coisa, como qualquer pessoa atingida pela violência ou ameaça, serão vítimas assim, o caixeiro do estacionamento, o guarda particular da residência, as pessoas que estiverem no local da subtração, quando ameaçadas ou submetidas à violência, etc.
Elemento ou tipo objetivo: Subtrair a coisa móvel alheia, mas é necessário que o agente se utilize de violência (lesões corporais ou vias de fato), grave ameaça ou de qualquer outro meio que reduza a possibilidade de resistência do sujeito passivo (emprego de drogas, hipnose, etc). A violência e a grave ameaça devem ser anteriores ou concomitantes com a subtração; se forem posteriores, ocorrerá o roubo impróprio. Há crime de roubo quando o agente finge portar uma arma, já que tal atividade constitui grave ameaça sem a qual a vitima não entregaria a coisa no roubo. A subtração pode ser feita contra uma contra uma pessoa e a violência contra exercida também contra um terceiro. O objetivo material do crime é a coisa alheia móvel, mas não há crime quando a coisa não tem valor econômico.
Elemento ou tipo subjetivo: A vontade de subtrair com o emprego de violência, grave ameaça ou outro recurso análogo e o dolo do delito de roubo. Exige-se, porém, o elemento subjetivo do tipo (dado específico) idêntico ao do furto. Deduz-se o dado específico da expressão nominativa, que pressupõe a intenção de posse definitiva.
Consumação e tentativa: Considera-se consumado o roubo quando o agente, mediante de violência ou grave ameaça retira a coisa da esfera de disponibilidade da vítima, ainda que não venha a ser tranqüila a posse. Se, após o emprego da violência não pode o agente, por circunstancia alheia a sua vontade, executar a subtração, há tentativa de roubo.
Roubo Impróprio: No roubo impróprio, a violência ou a grave ameaça ocorrem após a consumação da subtração,  visando o agente assegurar a posse da coisa subtraída ou a impunidade do crime. A consumação do roubo impróprio ocorre com a violência ou grave ameaça, desde que já ocorrida a subtração. A tentativa suscita questões doutrinárias com duas posições distintas.
Pode haver tentativa de roubo impróprio, quando o agente, apesar de ter conseguido a subtração é detido por terceiros no instante em que pretendia usar violência ou grave ameaça.
Não é cabível. Se a subtração concretizou-se não que se falar em tentativa de roubo impróprio: ou o agente a violência ou grave ameaça e está consumando o roubo impróprio, ou não a utiliza e mantêm-se somente a figura do furto (simples ou qualificado).
Roubo Majorado: O Código Penal traz cinco hipóteses para a configuração do delito majorado:
Emprego de Arma – a arma pode ser própria ou imprópria aumentando o potencial da agressão. O fundamento da causa de aumento é a maior periculosidade da conduta. Para sua configuração, não basta que o agente esteja armado no instante da agressão, é necessário o emprego efetivo da arma. A arma fictícia (revolver de brinquedo), que poderá ser idôneo à ameaça, basta para qualificar o roubo.
Concurso de duas ou mais pessoas – sempre mais perigosa a conduta daquele que age sob a proteção ou com o auxilio de outra pessoa. Assim, o autor de roubo, atuando com um ou mais comparsas, deve responder mais gravemente pelo que fez. Portanto, basta haver o concurso de duas ou mais pessoas sem necessidade de estarem todospresentes no local do crime, em face da participação moral ou material.
Se a vítima estiver em serviço de transporte de valores – estão compreendidos na expressão valores, além do dinheiro, o ouro, as pedras preciosas e outras coisas passiveis de serem convertidas imediatamente em dinheiro. Necessário que o agente saiba previamente que o ofendido se acha em serviço de transporte de valores. Não se entende como tal o proprietário de jóias que estiver a levá-las do cofre do banco para sua casa.
Subtração de veículo automotor para outro Estado ou para o Exterior – o objeto material, neste caso, é o veículo automotor, porém só se caracteriza a qualificadora, quando o veículo é conduzido para outro Estado, diverso do local da subtração, ou para o exterior.
Se o agente mantém a vítima no seu poder, restringindo a sua liberdade – se dá porque a privação de liberdade do ofendido pode ser meio ou elemento do roubo (ainda que de breve duração), perdendo o seqüestro a sua autonomia. Caso a privação da liberdade permanecia após a subtração consumada, configura concurso material de crimes.
Roubo e lesão corporal grave: É qualificado o roubo se resulta lesão corporal de natureza grave. Indispensável, pois, a existência de uma relação material de causalidade entre a violência (física ou moral) e a lesão grave (ou gravíssima). Responderá o agente por roubo, em concurso com lesão corporal culposa. As lesões corporais de natureza leve não qualificam o roubo. Esta qualificadora existe tanto no roubo próprio quanto no impróprio.
Roubo e morte – Latrocínio: se da violência resulta morte, se dá o latrocínio. É necessário que o exame necroscópico comprove a relação de causalidade entre o atuar do agente e a morte da vítima. Desconsiderou-se a morte da vítima em caso que a prova técnica não elucidava o nexo causal, tendo a vítima, falecido por provável enfarto do miocárdio. É mister, porém, que a violência tenha sido exercida para o fim da subtração ou para garantir, depois desta, a impunidade do crime ou a detenção da coisa subtraída. Ocorre ainda o latrocínio ainda que a violência atinja pessoa diversa daquela que sofre o desapossamento, há só um crime com dois sujeitos passivos. A morte de um co-autor, porém, não caracteriza o latrocínio já que inexiste a relação de causalidade do evento com objeto dos autores.
A consumação do latrocínio ocorre com a efetiva subtração e a morte da vítima. Questões surgem quando um dos componentes deste crime complexo (subtração e morte) não se consuma. Caso ambos sejam apenas tentados, responderá o agente pelo conatus, conforme orientação pacífica da doutrina e da jurisprudência. Ocorrendo apenas a subtração e não a morte da vítima que o agente pretendia matar, há também tentativa de latrocínio, ou roubo com lesão corporal grave.
11. Ação Penal: Pública incondicionada.
Questões de assimilação:
Qual o elemento subjetivo do roubo?
Defina roubo qualificado?
Diferencie roubo de furto.
Extorsão (Art. 158)
Extorsão
Art. 158 – Constranger alguém, mediante violência ou grave ameaça, e com o intuito de obter para si ou para outrem indevida vantagem econômica, a fazer, tolerar que se faça ou deixar de fazer alguma coisa:
Pena - reclusão, de quatro a dez anos, e multa.
Extorsão Qualificada
§ 1º - Se o crime é cometido por duas ou mais pessoas, ou com empregode arma, aumenta-se a pena de um terço até a metade.
§ 2º - Aplica-se à extorsão praticada mediante violência o disposto no § 3º do artigo anterior
 Conceito: Define-se o delito de extorsão pelo fato de constranger alguém, mediante violência ou grave ameaça, e com o intuito de obter para si ou para outrem indevida vantagem econômica, a fazer, tolerar que se faça ou deixar de fazer alguma coisa.
 Objetividade jurídica: Tutela-se o patrimônio, que é a finalidade do agente. Tutelam-se, também, a integridade corporal, a incolumidade pessoal e a própria vida, estas nas formas qualificadas, são também protegidas.
 Sujeitos:
Ativo: trata-se de crime comum, qualquer pessoa.
Passivo: Qualquer pessoa atingida pela violência ou ameaça, serão vítimas, bem como quem efetivamente sofreu o prejuízo patrimonial.
Elemento ou tipo objetivo: A conduta prevista no dispositivo é constranger (obrigar, forçar, coagir) a vítima mediante violência ou grave ameaça, desde que sejam meios idôneos a intimidar. Deve ainda a conduta visar uma vantagem econômica injusta.
Elemento ou tipo subjetivo: A vontade de constranger, mediante ameaça ou violência. O elemento subjetivo do tipo é a vontade de obter uma vantagem econômica ilícita, constituindo esta corolário da ameaça ou da violência.
Consumação e tentativa: Considera-se consumado o crime de extorsão independentemente da obtenção de vantagem indevida, consoante Súmula n.º 96 do STJ. É admitida a tentativa, uma vez que o ato não se perfaz em um único ato. Assim sendo, ocorrerá a tentativa de extorsão quando a ameaça não chega ao conhecimento da vítima, quando esta não se intimida ou quando o agente não consegue que ela faça o objeto da extorsão.
Extorsão qualificada: Considera-se majorado o crime com o aumento da pena de um terço até a metade, quando é ele cometido com o concurso de pessoas ou com o emprego de arma de fogo. Aplicam-se à extorsão praticada mediante violência as penas previstas para o roubo quando ocorre lesão corporal grave ou morte.
Ação Penal: Pública incondicionada.
Extorsão Mediante Sequestro (Art. 159)
Extorsão Mediante Seqüestro
Art. 159 – Seqüestrar pessoa com o fim de obter, para si ou para outrem, qualquer vantagem, como condição para o preço ou resgate:
Pena - reclusão, de oito a quinze anos.
Formas Qualificadas
§ 1º - Se o seqüestro dura mais de 24 (vinte e quatro) horas, se o seqüestrado é maior de 60 (sessenta) anos, ou se o crime é cometido por bando ou quadrilha:
Pena - reclusão, de doze a vinte anos.
§ 2º - Se do fato resulta lesão corporal grave:
Pena - reclusão, de dezesseis a vinte e quatro anos.
§ 3º - Se resulta morte:
Pena – reclusão, de vinte e quatro a trinta anos.
Redução de Pena
§ 4º - Se o crime é cometido em concurso, o concorrente que o denunciar à autoridade, facilitando a libertação do seqüestrado, terá sua pena reduzida de um a dois terços.
Conceito: É a extorsão praticada tendo como meio para a obtenção da vantagem a privação da liberdade de uma pessoa.
Objetividade jurídica: Tutela-se o patrimônio, que é a finalidade do agente. Tutelam-se, também, a integridade corporal, a incolumidade pessoal e a própria vida.
Sujeitos:
Ativo: trata-se de crime comum, qualquer pessoa.
Passivo: A pessoa seqüestrada e a que sofreu o prejuízo econômico efetivo.
Elemento ou tipo objetivo: A conduta típica é de seqüestrar (privar de liberdade) a vítima, ainda que por curto lapso de tempo. Trata-se de crime permanente, persistindo a consumação enquanto houver a privação de liberdade do refém, dependente da ação do agente.
Elemento ou tipo subjetivo: A vontade de seqüestrar é o dolo do delito, exigindo-se, porém, o elemento subjetivo do tipo (dolo específico), que é o desejo de obter para si ou para outrem, qualquer vantagem. Ausente esta condição, poderá subsistir outro crime.
Consumação e tentativa: Considera-se consumado o crime com o simples seqüestro. Trata-se de crime formal, de consumação antecipada, não havendo necessidade de que a vítima pratique o ato exigido. Embora formal, o crime em questão admite tentativa, já que a conduta permite fracionamento.
Formas qualificadas: Qualifica-se o crime em algumas hipóteses previstas no Código Penal:
Se o seqüestro dura mais de 24 horas, se o seqüestrado é maior de 60 (sessenta) anos, ou se o crime é cometido por bando ou quadrilha: A lei penal procura penalizar de forma mais grave o crime que persiste por prazo superior a 24 horas, entendendo a maior angústia deste prazo. De igual forma, procura tutelar a proteção maior à pessoas com idade superior a sessenta anos, por entender a maior fragilidade destas pessoas. Por último, a lei pune de forma mais severa o crime cometido por bando ou quadrilha.
A extorsão é qualificada pelo resultado quando advém lesão corporal grave ou morte, consignando penas mais severas.
Redução de Pena: Se o agente que age em concurso, denunciar às autoridades o local do cárcere, facilitando o resgate da vítima, este terá sua pena reduzida de um a dois terços. A norma procurou criar um instrumento das investigações policiais, no sentido de resgatar com maior brevidade o sujeito passivo.
Ação Penal: Pública incondicionada.
Questões de assimilação:
O que se entende por extorsão mediante seqüestro?
Quais são as hipóteses qualificadoras do crime de extorsão mediante seqüestro?
Qual o elemento subjetivo da extorsão mediante seqüestro?
Apropriação Indébita (Art. 168)
Extorsão
Art. 168 - Apropriar-se de coisa alheia móvel, de que tem a posse ou a detenção:
Pena - reclusão, de um a quatro anos, e multa.
Aumento de pena
§ 1º - A pena é aumentada de um terço, quando o agente recebeu a coisa:
I - em depósito necessário;
II - na qualidade de tutor, curador, síndico, liquidatário, inventariante, testamenteiro ou depositário judicial;
III - em razão de ofício, emprego ou profissão.
Conceito: Define-se o delito de apropriação indébita quando o agente apropria-se de coisa alheia móvel de que tem a posse ou detenção.
Objetividade jurídica: inviolabilidade do patrimônio (propriedade); Ex: Pessoa empresta o livro para o sujeito, e este não devolve.
Sujeitos:
Ativo: pessoa diversa do proprietário; aquele que detém posse ou detenção inicialmente lícita
Passivo: o proprietário.
Elemento ou tipo objetivo: apropriar-se, tomar para si, agir como se fosse dono, fazer sua coisa alheia. O objeto material é a coisa alheia móvel. Inverte a posse lícita em ilícita. Exemplos – vídeo locadora, biblioteca, blusa, consumo, alienação, negativa de restituição, etc.
Elemento ou tipo subjetivo: O dolo subseqüente.
Consumação e tentativa: Crime material, consuma-se com o efetivo resultado. A tentativa é objeto de divergência doutrinária, alguns entendem que é cabível, outros não.
Formas majoradas:
Depósito necessário (legal ou miserável) – o depositante não possui escolha, a não ser depositar a coisa em favor do depositário;
Devido a maior reprovação da conduta, em razão da violação da nobreza dos encargos desempenhados pelo agente.
O agente deve se apropriar no exercício da atividade, quebra do vínculo de confiança entre agente e vítima.
Ação Penal: Pública incondicionada.
Questões de assimilação:
O que se entende por apropriação indébita?
Quais são as formas majoradas?
Qual o elemento subjetivo da apropriação indébita?
Estelionato (Art. 171)
Estelionato
Art. 171 – Obter, para si ou para outrem, vantagem ilícita, em prejuízo alheio, induzindo ou mantendo alguém em erro, mediante artifício, ardil, ou qualquer outro meio fraudulento:
Pena - reclusão, de um a cinco anos, e multa.
Conceito: Existe o crime quando o agente emprega qualquer meio fraudulento, induzindo alguém a erro ou mantendo-o nessa situação e conseguindo, assim, uma vantagem indevida para si ou para outrem, com lesão patrimonial alheia.
Objetividade jurídica: inviolabilidade do patrimônio (propriedade);
Sujeitos:
Ativo: trate-se de crime comum, qualquer pessoa. A
Passivo: qualquer pessoa; deve haverpessoa determinada (do contrário, crime contra a economia popular ou contra as relações de consumo). Deve ter capacidade de discernimento (senão, abuso de incapazes).
Elemento ou tipo objetivo: obter, conseguir, alcançar vantagem ilícita. É necessário prejuízo real e efetivo, diminuição do patrimônio, induzindo (fazer surgir) ou mantendo (impedir que o lesado descubra) um erro ou falsa percepção de realidade. A fraude é a causa e o engano é a conseqüência. Tipos de erro: a) artifício – simular o que não existe ou dissimulando a realidade; aparato material; b) ardil – atua sobre inteligência ou sentimento da vítima; ação intelectual; c) qualquer outro meio fraudulento – interpretação analógica – meio eletrônico – alterando dispositivo de medição de água ou luz ou programa de jogo; doping de cavalos de corrida. O meio fraudulento deve ser idôneo, de acordo com a inteligência da vítima;
Elemento ou tipo subjetivo: O dolo específico de enganar outrem.
Consumação e tentativa: Consuma-se com a obtenção da vantagem. A tentativa é admitida, uma vez que a conduta pode ser fracionada.
Estelionato Privilegiado: Dispõe o artigo 171, § 1º, que se o criminoso é primário, e é de pequeno valor o depósito, o juiz pode aplicar a pena conforme o disposto no artigo 155, §2º.
Causa especial de aumento de pena: Da leitura do artigo 171, § 3º a pena aumenta-se de um terço se o crime é cometido em detrimento de entidade de direito público ou de instituto de economia popular, assistência social ou beneficência.
Disposição de coisa alheia como própria: Consiste na venda, permuta, dação em pagamento, em locação ou em garantia coisa alheia como própria.
Alienação ou oneração fraudulenta de coisa própria: Consiste na venda, permutam dação em pagamento ou em garantia coisa própria inalienável, gravada de ônus ou litigiosa, ou imóvel que prometeu vender a terceiro, mediante pagamento em prestações, silenciando sobre quaisquer dessas circunstâncias.
Defraudação de penhor: A lei penal pune aquele que defrauda, mediante alienação não consentida pelo credor ou por outro modo, a garantia pignoratícia, quando tem a posse do objeto empenhado.
Fraude na entrega da coisa: De igual forma é punido aquele que defrauda substância, qualidade ou quantidade da coisa que deve entregar a alguém.
Fraude para recebimento de indenização ou valor do seguro: Está incurso nas mesmas penas quem destrói, total ou parcialmente, ou oculta coisa própria, ou lesa o próprio corpo ou saúde com a finalidade de haver indenização ou valor de seguro.
Fraude no pagamento por meio de cheque: Por fim, está incurso nas mesmas penas quem emite cheque, sem suficiente provisão de fundos em poder do sacado ou lhe frustra o pagamento.
Ação Penal: Pública incondicionada.
Questões de assimilação:
O que se entende por estelionato?
Qual é a causa especial de aumento de pena?
O que se entende por estelionato privilegiado?

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