Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
MINISTÉRIO DO TRABALHO E EMPREGO (MTE) DIREITOS HUMANOS – TEORIA E EXERCÍCIOS AUDITOR FISCAL DO TRABALHO AULA 5 PROF: RICARDO GOMES Prof. Ricardo Gomes www.pontodosconcursos.com.br 1 AUDITOR FISCAL DO TRABALHO (AFT) Prezados Alunos! Na aula de hoje iremos aprofundar um pouco mais o que estudamos na aula anterior sobre a proteção internacional dos direitos humanos, adentrando inclusive nas interações entre o direito internacional e o direito brasileiro. Por isso, futuro(a) Auditor(a) Fiscal do Trabalho, vamos continuar firmes nos estudos que a recompensa virá! Bons estudos! Ricardo Gomes MINISTÉRIO DO TRABALHO E EMPREGO (MTE) DIREITOS HUMANOS – TEORIA E EXERCÍCIOS AUDITOR FISCAL DO TRABALHO AULA 5 PROF: RICARDO GOMES Prof. Ricardo Gomes www.pontodosconcursos.com.br 2 QUADRO SINÓPTICO DA AULA: • 13 Interpretação e aplicação dos tratados internacionais de proteção aos direitos humanos. • 14 As três vertentes da proteção internacional da pessoa humana. 14.1 Direitos humanos, direito humanitário e direito dos refugiados. • 15 A interligação entre o direito internacional e o direito interno na proteção dos direitos humanos. • 16 A Constituição brasileira e os tratados internacionais de direitos humanos. MINISTÉRIO DO TRABALHO E EMPREGO (MTE) DIREITOS HUMANOS – TEORIA E EXERCÍCIOS AUDITOR FISCAL DO TRABALHO AULA 5 PROF: RICARDO GOMES Prof. Ricardo Gomes www.pontodosconcursos.com.br 3 13. Interpretação e aplicação dos tratados internacionais de proteção aos direitos humanos. Toda aplicação de uma norma jurídica resulta em uma interpretação e vice-versa. Na prática, não é possível separar ambas as operações. A interpretação dos tratados internacionais é regulada pela Convenção de Viena sobre o Direito dos Tratados, celebrada em 1969. As normas que abordam a interpretação estão nos artigos 31 a 33, cujo inteiro teor consta no final da aula destinada à legislação. O princípio geral de interpretação dos tratados é a BOA FÉ. A boa fé implica nos seguintes valores: � Lealdade � Honestidade � Fidelidade � Lisura � Ausência de ardis e dissimulações De acordo com o art. 31 da Convenção de Viena de 1969: 1. Um tratado deve ser interpretado de boa fé segundo o sentido comum atribuível aos termos do tratado em seu contexto e à luz de seu objetivo e finalidade. De acordo com a Convenção de Viena, um tratado deve ser interpretado de boa fé (de forma honesta, leal, fiel, sem dissimulações para lesar o próximo) e buscando entender o seu teor utilizando o significado usual das palavras que compõem o documento. Algumas dúvidas surgem: quais as partes do tratado devem ser observadas durante a prática da interpretação? Um tratado é interpretado de MINISTÉRIO DO TRABALHO E EMPREGO (MTE) DIREITOS HUMANOS – TEORIA E EXERCÍCIOS AUDITOR FISCAL DO TRABALHO AULA 5 PROF: RICARDO GOMES Prof. Ricardo Gomes www.pontodosconcursos.com.br 4 forma isolada? É preciso ver outros textos? A resposta vai estar na própria Convenção de Viena. Segundo a mesma, um tratado internacional é formado pelas seguintes partes: � Contexto: o Preâmbulo o Texto o Anexos o Acordo relativo ao tratado o Instrumento relativo ao tratado � Acordos posteriores entre as partes sobre interpretação; � Práticas seguidas posteriormente na aplicação do tratado; � Regras de Direito Internacional aplicáveis às partes. De acordo com o segundo e terceiro parágrafos do art. 31 da Convenção de Viena de 1969: 2. Para os fins de interpretação de um tratado, o contexto compreenderá, além do texto, seu preâmbulo e anexos: a)qualquer acordo relativo ao tratado e feito entre todas as partes em conexão com a conclusão do tratado; b)qualquer instrumento estabelecido por uma ou várias partes em conexão com a conclusão do tratado e aceito pelas outras partes como instrumento relativo ao tratado. 3. Serão levados em consideração, juntamente com o contexto: a)qualquer acordo posterior entre as partes relativo à interpretação do tratado ou à aplicação de suas disposições; b)qualquer prática seguida posteriormente na aplicação do tratado, pela qual se estabeleça o acordo das partes relativo MINISTÉRIO DO TRABALHO E EMPREGO (MTE) DIREITOS HUMANOS – TEORIA E EXERCÍCIOS AUDITOR FISCAL DO TRABALHO AULA 5 PROF: RICARDO GOMES Prof. Ricardo Gomes www.pontodosconcursos.com.br 5 à sua interpretação; c)quaisquer regras pertinentes de Direito Internacional aplicáveis às relações entre as partes. As partes que celebram um tratado internacional podem estabelecer um sentido especial (específico) para determinada palavra X que componha o contexto do citado tratado desde que expressem que fizeram essa escolha de sentido da palavra X de forma intencional. Assim, está previsto na Convenção de Viena: 4. Um termo será entendido em sentido especial se estiver estabelecido que essa era a intenção das partes. Um exemplo para explicar a questão do sentido especial estabelecido em um tratado: o conceito de “trabalho noturno” previsto no art. 2º da Convenção nº 171 da OIT (Organização Internacional do Trabalho) sobre Trabalho Noturno, celebrada em 1990. O sentido do termo “trabalho noturno” varia de acordo com a legislação trabalhista de cada país por diversos fatores, inclusive geográficos (ex. a noite em uma região próxima do Polo Norte tem uma duração distinta de uma região localizada na linha do Equador). Visando uma padronização para evitar conflitos de interpretação, a OIT estabeleceu na Convenção nº 171 o seguinte sentido especial para a expressão “trabalho noturno”: Art. 1 — Para os fins da presente Convenção: a) a expressão ‘trabalho noturno’ designa todo trabalho que seja realizado durante um período de pelo menos sete horas consecutivas, que abranja o intervalo compreendido entre a meia noite e às cinco horas da manhã, e que será determinado pela autoridade competente mediante consulta prévia com as organizações mais representativas dos empregadores e de trabalhadores ou através de convênios coletivos; MINISTÉRIO DO TRABALHO E EMPREGO (MTE) DIREITOS HUMANOS – TEORIA E EXERCÍCIOS AUDITOR FISCAL DO TRABALHO AULA 5 PROF: RICARDO GOMES Prof. Ricardo Gomes www.pontodosconcursos.com.br 6 Apenas para fins de curiosidade e comparação com a norma internacional: a legislação brasileira prevê que o trabalho noturno compreende “o trabalho executado entre as 22 horas de um dia e as 5 horas do dia seguinte”, de acordo com o parágrafo segundo do artigo 73 da CLT (Consolidação das Leis do Trabalho); enquanto isso, a legislação argentina prevê que o trabalho noturno é aquele período compreendido “entre às vinte e uma horas de um dia até a hora seis do (dia) seguinte”, conforme o art. 200 da LCT (Lei de Contrato de Trabalho – Lei argentina nº 20.744/76). Portanto, conforme observamos, é curioso ver que em países vizinhos que integram uma União Alfandegária (o MERCOSUL) existe essa diferença de entendimento quanto ao sentido do termo “trabalho noturno”, imagine, então, um tratado internacional reunindo diferentes países dos mais distintos continentes (Europa, Ásia, África, América e Oceania) como é o caso da Convenção nº 171 da OIT citada como exemplo. Além dos métodos (ou meios) de interpretação acima mencionados, há os meios (ou métodos) suplementares definidos como: circunstâncias de conclusão do acordo e os trabalhos preparatórios do tratado, que podem ser estudados, porexemplo, pelos registros das rodadas de negociação e de comunicações diplomáticas trocadas entre as partes. Os meios suplementares visam: � Confirmar o sentido das normas internacionais � Elucidar as normas quando o sentido obtido é ambíguo, obscuro, manifestamente absurdo ou desarrazoado. Além dessas regras aplicáveis a todos os tratados internacionais, existem alguns princípios vetores da interpretação que a jurisprudência internacional criou para ser aplicado especificamente para os tratados sobre direitos humanos. � Princípio pro homine � Princípio da efetividade (effet utile) � Proporcionalidade MINISTÉRIO DO TRABALHO E EMPREGO (MTE) DIREITOS HUMANOS – TEORIA E EXERCÍCIOS AUDITOR FISCAL DO TRABALHO AULA 5 PROF: RICARDO GOMES Prof. Ricardo Gomes www.pontodosconcursos.com.br 7 O princípio pro homine prevê que os tratados de direitos humanos devem ser interpretados sempre no sentido da máxima proteção ao ser humano. O princípio pro homine é também conhecido como primazia da norma mais favorável ao indivíduo, apesar de alguns autores (ex. André de Carvalho Ramos) sustentarem ser, ambos, princípios distintos, pois o primeiro trataria da interpretação jurídica, enquanto o segundo envolveria a aplicação de uma norma. O princípio da efetividade (effet utile) prevê que deve ser assegurados os efeitos pretendidos pelas disposições contidas nos tratados, ou como diz a tradução literal desse princípio como ele é concebido na doutrina internacionalista: o efeito útil. O princípio da proporcionalidade consiste na aferição da idoneidade, necessidade e equilíbrio da intervenção estatal em determinado direito humano fundamental. É uma técnica de controle do poder estatal, mas também um controle indireto sobre o conteúdo do próprio direito humano analisado pelo intérprete. Outro aspecto que merece um estudo é a teoria da margem de apreciação. De acordo com a citada teoria, os órgãos de interpretação do Direito Internacional dos Direitos Humanos, em determinados casos polêmicos, devem aceitar a POSIÇÃO NACIONAL sobre o tema, evitando impor soluções interpretativas às comunidades nacionais, ou seja, um Estado. A teoria da margem de apreciação (margin of appreciation) foi uma construção jurisprudencial da Corte Européia de Direitos Humanos que teve origem no caso Handyside. O caso Handyside envolvia a liberdade de expressão no Reino Unido da Grã-Bretanha e Irlanda. Tratava-se do confisco pelo Governo do Reino Unido de exemplares e proibição da comercialização de livro considerado obsceno editado pelo sr. Richard Handyside. Neste caso, a Corte Européia de Direitos Humanos utilizou a teoria da margem de apreciação para decidir que cabia à sociedade britânica, com fundamento em seus valores morais, decidir sobre se deveria ou não aceitar tais restrições à liberdade de expressão, negando assim quaisquer violações MINISTÉRIO DO TRABALHO E EMPREGO (MTE) DIREITOS HUMANOS – TEORIA E EXERCÍCIOS AUDITOR FISCAL DO TRABALHO AULA 5 PROF: RICARDO GOMES Prof. Ricardo Gomes www.pontodosconcursos.com.br 8 às normas internacionais de direitos humanos vigentes, em especial, a Convenção Européia de Direitos Humanos. Observação: Alguns autores, como Antônio Cançado Trindade, criticam a teoria da margem de apreciação pois podem vir a estimular um relativismo exagerado que pode resultar em violações aos direitos humanos a pretexto de protegê-los. MINISTÉRIO DO TRABALHO E EMPREGO (MTE) DIREITOS HUMANOS – TEORIA E EXERCÍCIOS AUDITOR FISCAL DO TRABALHO AULA 5 PROF: RICARDO GOMES Prof. Ricardo Gomes www.pontodosconcursos.com.br 9 14. As três vertentes da proteção internacional da pessoa humana. A proteção internacional dos direitos da pessoa humana se manifesta sob três vertentes: � Direito Internacional dos Direitos Humanos � Direito Internacional Humanitário � Direito Internacional dos Refugiados Historicamente, os pensadores tradicionais do direito internacional apresentavam uma visão compartimentalizada das três grandes vertentes da proteção internacional da pessoa humana – direitos humanos, direito humanitário, direito dos refugiados - de forma que essas vertentes fossem vistas como assuntos completamente distintos. Na atualidade, tem-se visualizado uma mudança da compartimentalização que ocorria no passado à interação, em benefício dos seres humanos protegidos. A Conferência Mundial de Direitos Humanos de Viena (1993) foi um espaço político no qual se desenvolveu os debates em torno das aproximações ou convergências entre o direito internacional dos direitos humanos, o direito internacional humanitário e o direito internacional dos refugiados. Assim, ficou constatado que a melhor maneira de respeitar a proteção internacional dos direitos da pessoa humana é que essas vertentes atuem de forma integrada para que uma complemente a outra. Os resultados destes esforços se encontram refletidos em passagens relevantes do principal documento adotado pela Conferência, a Declaração e Programa de Ação de Viena. Exemplo disso é o trecho da Declaração de Viena com o seguinte teor: MINISTÉRIO DO TRABALHO E EMPREGO (MTE) DIREITOS HUMANOS – TEORIA E EXERCÍCIOS AUDITOR FISCAL DO TRABALHO AULA 5 PROF: RICARDO GOMES Prof. Ricardo Gomes www.pontodosconcursos.com.br 10 (...) 28. A Conferência Mundial sobre Direitos do Homem manifesta a sua consternação perante as violações massivas dos Direitos do homem, nomeadamente sob a forma de genocídio, “limpeza étnica” e violação sistemática de mulheres em situações de guerra, originando êxodos em massa de refugiados e desalojados. Ao condenar veementemente tais práticas abomináveis, reitera o apelo para que os autores de tais crimes sejam punidos e tais práticas cessem imediatamente. 29. A Conferência Mundial sobre Direitos do Homem expressa a sua grande preocupação com as violações continuadas de Direitos do homem que ocorrem em todas as partes do mundo, em desrespeito das normas previstas em instrumentos internacionais de direitos do homem e de direito internacional humanitário, assim como com a falta de compensações suficientes e efetivas destinadas às vítimas. (...) Pelo trecho citado acima percebemos que as vertentes não devem ser aplicadas de forma isolada, e sim de forma integrada e convergente, principalmente quando houver pontos em comum de atuação entre os organismos internacionais envolvidos. Uma advertência que deve ser feita é para o fato de as convergências dessas três vertentes, não equivalem a uma uniformidade total nos planos tanto substantivo como processual; de outro modo, já não caberia falar de vertentes ou ramos da proteção internacional da pessoa humana. As principais diferenças entre as vertentes se baseia nos seguintes elementos: � Origem histórica � Meios de implementação, supervisão ou controle em determinadas circunstâncias. � Âmbito pessoal de aplicação. Mais uma vez, é preciso recordar que essas diferenças entre as vertentes não impede a relação de complementariedade entre elas. Exemplos disso podem ser observados na interação entre direito dos refugiados e os MINISTÉRIO DO TRABALHO E EMPREGO (MTE) DIREITOS HUMANOS – TEORIA E EXERCÍCIOS AUDITOR FISCAL DO TRABALHO AULA 5 PROF: RICARDO GOMES Prof. Ricardo Gomes www.pontodosconcursos.com.br 11 direitos humanos e na interação entre direito dos refugiados e direito humanitário. No primeiro caso, tem sido reconhecida a relação de interação entre o problema dos refugiados e os direitos humanos, pois uma das principais causas da condição de refugiado é a violação dedireitos humanos. No segundo caso, observa-se que, ao longo de toda a sua história, o CICV (Comitê Internacional da Cruz Vermelha), enquanto se dedicava à proteção e assistência das vítimas de conflitos armados, também se ocupava de refugiados e pessoas deslocadas. Com a criação do ACNUR (Alto Comissariado das Nações Unidas para Refugiados), o CICV passou a exercer um papel complementar ao daquele. E, desde então, o CICV tem prestado apoio ao ACNUR, cooperação que vem se intensificando com o passar do tempo em relação a novas e sucessivas crises em diferentes partes do mundo. Nem o direito internacional humanitário, nem o direito internacional dos refugiados, excluem a aplicação simultânea (ao mesmo tempo) das normas do direito internacional dos direitos humanos. Assim, as aproximações e convergências entre estas três vertentes ampliam e fortalecem as vias de proteção da pessoa humana. 14.1. Direitos humanos, direito humanitário e direito dos refugiados. DIREITO INTERNACIONAL DOS DIREITOS HUMANOS O direito internacional dos direitos humanos (DIDH) é aquele que visa a proteger todos os indivíduos, qualquer que seja a sua nacionalidade, promovendo a dignidade da pessoa humana. A importância do DIDH surge com a percepção de que a dignidade da pessoa humana foi alçada a interesse superior de todos os Estados, prevalecendo sobre outros bens jurídicos. MINISTÉRIO DO TRABALHO E EMPREGO (MTE) DIREITOS HUMANOS – TEORIA E EXERCÍCIOS AUDITOR FISCAL DO TRABALHO AULA 5 PROF: RICARDO GOMES Prof. Ricardo Gomes www.pontodosconcursos.com.br 12 O objeto do DIDH é a promoção e a proteção da dignidade da pessoa humana em caráter universal. Os direitos internacionais de proteção à pessoa humana vêm a resguardar o homem quando o Estado que deveria protegê-lo falha nessa tarefa. O DIDH é caracterizado como um direito do pós-guerra, nascido após os horrores cometidos pelos nazistas durante a Segunda Guerra Mundial (1939-1945), marcado por graves abusos nos direitos humanos da pessoas, a exemplo do genocídio de diversos povos (judeus, ciganos, eslavos, entre outros), destacando-se o surgimento da ONU como um dos pilares da formação dessa nova vertente. O genocídio é definido internacionalmente pelo art. 2 da Convenção para a prevenção e a repressão do crime de genocídio, assinada em Nova Iorque em 1948, nos seguintes termos: todo ato cometido com a intenção de destruir, no todo ou em parte, um grupo nacional, étnico, racial ou religioso, tais como: o assassinato de membros do grupo; o dano grave à integridade física ou mental de membros do grupo; o submissão intencional do grupo a condições de existência que lhe ocasionem a destruição física total ou parcial; o medidas destinadas a impedir os nascimentos no seio do grupo; o transferência forçada de menores do grupo para outro. As principais características do DIDH: � Universalidade e transnacionalidade � Possibilidade de monitoramento internacional � Possibilidade de responsabilização internacional � Papel primordial dos Estados A universalidade e transnacionalidade se baseiam no fato de que os direitos previstos nos tratados são direcionados a todos os membros da espécie humana, sem distinção de qualquer forma, nos termos da Declaração Universal dos Direitos Humanos. MINISTÉRIO DO TRABALHO E EMPREGO (MTE) DIREITOS HUMANOS – TEORIA E EXERCÍCIOS AUDITOR FISCAL DO TRABALHO AULA 5 PROF: RICARDO GOMES Prof. Ricardo Gomes www.pontodosconcursos.com.br 13 A transnacionalidade é uma conseqüência da universalidade, pois os direitos consagrados em tratados de direitos humanos ao se referir a todas as pessoas humanas, ignora-se a sua nacionalidade ou mesmo a eventual circunstância de serem apátridas, ou seja, não possuírem uma nacionalidade. A possibilidade de monitoramento internacional decorre do dever de submissão ao tratado que o Estado resolve aderir, o que implica na sujeição aos mecanismos gerenciados pelos organismos internacionais voltados para a verificação da conformidade da ação estatal com suas obrigações internacionais. Exemplo: a questão nuclear do Irã. Se o Irã assinou o Tratado de Não-proliferação de Armas Nucleares, logo, ele deve permitir que fiscais do organismo internacional responsável pelo monitoramento do cumprimento desse tratado (a Agência Internacional de Energia Atômica – AIEA) inspecione todas as instalações nucleares iranianas para constatar se o Irã está, de fato, cumprindo com as obrigações internacionais. Dessa forma, o Estado não pode recusar o monitoramento de organizações internacionais sob o argumento da ingerência ou “intervenção em assuntos internos”. A possibilidade de responsabilização internacional decorre do fato de que aquele sujeito que comete ato ilícito, descumprindo as obrigações internacionais em matéria de direitos humanos, pode vir a ser obrigado a: � Sofrer sanções internacionais � Reparar o dano eventualmente causado a indivíduos e outros Estados. O papel primordial dos Estados com a conseqüente subsidiariedade do sistema internacional dos direitos humanos significa que os ESTADOS desempenham um papel primário, enquanto os ORGANISMOS INTERNACIONAIS são secundários ou complementares, pois estes devem agir apenas quando os órgãos internos não atuarem em conformidade com os tratados que os Estados integrem. O DIDH volta-se, em resumo, à salvaguarda dos direitos do ser MINISTÉRIO DO TRABALHO E EMPREGO (MTE) DIREITOS HUMANOS – TEORIA E EXERCÍCIOS AUDITOR FISCAL DO TRABALHO AULA 5 PROF: RICARDO GOMES Prof. Ricardo Gomes www.pontodosconcursos.com.br 14 humano e não dos direitos dos Estados, na qual exerce função-chave o elemento do 'interesse público' comum ou geral superior. DIREITO INTERNACIONAL HUMANITÁRIO O direito internacional humanitário, também chamado de “direito humanitário” ou “direito de Genebra”, constitui aquele que visa reduzir a violência inerente aos conflitos armados, limitando o impacto das hostilidades por meio da proteção de um mínimo de direitos atrelados à pessoa humana e pela regulamentação da assistência às vítimas das guerras, externas ou internas. O objeto do direito humanitário é minimizar os efeitos negativos dos conflitos armados sobre a dignidade humana, ou seja, limitar a violência inerente à guerra. Princípios do direito humanitário: � Neutralidade � Não-discriminação � Responsabilidade O princípio da neutralidade prevê que a assistência humanitária não pode repercutir em uma intromissão no conflito armado para favorecer quaisquer dos beligerantes. O princípio da não-discriminação pressupõe que as normas jurídicas humanitárias se aplicam a todos os indivíduos sem diferenças de qualquer espécie. O princípio da responsabilidade prevê que o Estado é o responsável pela aplicação das normas de direito humanitário e não os indivíduos que compõem as tropas e milícias. Em perspectiva histórica, o direito internacional humanitário surge na segunda metade do século XIX com a assinatura do primeiro tratado internacional dedicado a reduzir o impacto da guerra sobre a vida humana: a Convenção para a Melhoria da Sorte dos Feridos e Enfermos dos Exércitos em MINISTÉRIO DO TRABALHO E EMPREGO (MTE) DIREITOS HUMANOS – TEORIA E EXERCÍCIOS AUDITOR FISCAL DO TRABALHO AULA 5 PROF: RICARDO GOMES Prof. Ricardo Gomes www.pontodosconcursos.com.br 15 Campanha, celebrada em Genebra (Suíça) no ano de 1864. Após a Segunda Guerra, houve um aperfeiçoamento do direito humanitário com as quatro Convenções de Genebra de 1949, que são os principais tratados internacionais sobre a matéria, os quaiscontém padrões mínimos de proteção em caso de conflito armado. Essas convenções tratam das seguintes temáticas: � Proteção dos feridos e enfermos em guerra terrestre. � Feridos, enfermos e náufragos na guerra naval. � Tratamento devido aos prisioneiros de guerra. � Proteção dos civis em tempos de guerra. Em 1977, foram celebrados dois protocolos adicionais tratando dos seguintes assuntos: � Guerras de libertação nacional � Guerra civil (conflitos internos) O protocolo adicional que trata dos conflitos internos não inclui qualquer tumulto ou agitação, mas exige a existência de um flanco rebelde com um mínimo de organização. Em 2005, foi aprovado o Protocolo Adicional III às Convenções de Genebra que prevê a adoção de um emblema distintivo adicional. Tal emblema ou sinal visa indicar pessoas, bens e instalações protegidas pelas normas de Direito Humanitário (ex. cruz vermelha e o crescente vermelho). O direito internacional humanitário se aplica somente em situações de CONFLITOS ARMADOS, externos ou internos. E, nos casos em que não for aplicável o direito de Genebra, o que fazer? Resposta: Aplicam-se as normas gerais do direito internacional dos direitos humanos. Esta vertente da proteção internacional dos direitos humanos tem como destinatários de suas normas: MINISTÉRIO DO TRABALHO E EMPREGO (MTE) DIREITOS HUMANOS – TEORIA E EXERCÍCIOS AUDITOR FISCAL DO TRABALHO AULA 5 PROF: RICARDO GOMES Prof. Ricardo Gomes www.pontodosconcursos.com.br 16 � Soldados fora de combate (feridos, enfermos ou náufragos) � Prisioneiros de guerra � Pessoal dos serviços de socorro (médico, enfermeiros, capelães). � Não-combatentes (população civil) O direito humanitário (Convenções de Genebra) conta, como mecanismos de controle, com a atuação dos seguintes atores: � Comitê Internacional da Cruz Vermelha. � "potências protetoras" (texto da Convenção de Genebra). � próprias Partes Contratantes. Os mecanismos distintos de implementação do direito humanitário, voltados à proteção de seres humanos desarmados e indefesos em situações de conflito, têm buscado, em razão do contexto em que se aplicam, surtir efeitos e resultados particularmente rápidos. No âmbito do direito internacional humanitário, a regra constante no Protocolo Adicional I de 1977 às Convenções de Genebra, segundo a qual, as Partes se comprometem a respeitar e a fazer respeitar, em todas as circunstâncias, aqueles tratados humanitários, gera importantes conseqüências, pois consagra o fato de que tais normas internacionais são obrigações incondicionais, exigíveis por todo Estado independentemente de sua participação em um determinado conflito, e cujo integral cumprimento interessa à comunidade internacional como um todo. Outro elemento importante é que as Convenções de Genebra de 1949 estipulam que nenhum acordo especial poderá prejudicar a situação das pessoas protegidas. O direito internacional humanitário encontra-se presente na Declaração de Viena de 1993. Especialmente nos parágrafos 3, 23 e 29 da parte operativa I; e nos parágrafos 93 e 96 da parte operativa II. Uma distinção importante: Direito de Genebra x Direito de Haia. O Direito de Genebra: foco principal na proteção das vítimas das MINISTÉRIO DO TRABALHO E EMPREGO (MTE) DIREITOS HUMANOS – TEORIA E EXERCÍCIOS AUDITOR FISCAL DO TRABALHO AULA 5 PROF: RICARDO GOMES Prof. Ricardo Gomes www.pontodosconcursos.com.br 17 guerras. O Direito de Haia: foco principal na regulamentação das operações militares (o Direito de Guerra), disciplinando os direitos e as obrigações dos beligerantes nos combates. DIREITO INTERNACIONAL DOS REFUGIADOS O direito internacional dos refugiados visa regular a proteção de pessoas envolvidas no fenômeno dos deslocamentos em massa com o fim de obter REFÚGIO ou abrigo diante de situações de conflitos armados, desastres ou perseguições e, também, do estabelecimento do marco legal da cooperação internacional contra o problema. O direito dos refugiados busca restabelecer os direitos humanos mínimos dos indivíduos ao sair de seus países ou locais de origem. A definição de REFUGIADO se encontra na própria Convenção internacional relativa ao Estatuto dos Refugiados, de 1951, conforme se infere abaixo: Trata-se da pessoa que sofre ou teme sofrer, em seu Estado de origem, perseguição por motivos de raça, religião, nacionalidade, grupo social ou questões políticas e que, por esses motivos, deixa esse Estado em que estava, pois sua integridade corria riscos. A finalidade dessa vertente é a facilitação da integração dos refugiados nos Estados onde eles se encontram abrigados, conferindo-lhes o mínimo de direitos que um estrangeiro usufruiria no Estado onde ele está abrigado, além de receber um tratamento específico em face de sua situação. O problema dos refugiados desperta o interesse da comunidade internacional, especialmente após o fim da Primeira Guerra Mundial, dentro da Liga das Nações que havia criado um Alto Comissário para os Refugiados. Em 1943, durante a Segunda Guerra Mundial, foi criada a Administração das Nações Unidas para o Auxílio e Reabilitação, o embrião do contemporâneo Alto Comissariado das Nações Unidas para os Refugiados MINISTÉRIO DO TRABALHO E EMPREGO (MTE) DIREITOS HUMANOS – TEORIA E EXERCÍCIOS AUDITOR FISCAL DO TRABALHO AULA 5 PROF: RICARDO GOMES Prof. Ricardo Gomes www.pontodosconcursos.com.br 18 (ACNUR), instituído em 1951 com a finalidade de auxiliar os Estados na aplicação das normas do Direito Internacional dos Refugiados. O direito dos refugiados é orientado pelo princípio do non- refoulment, ou seja, o princípio da proibição de expulsão ou de rechaço. De acordo com o princípio do non-refoulment, o Estado que recebe um suposto refugiado está proibido de: � impedir sua entrada. � ser enviado ao Estado de onde proveio. As principais normas internacionais que disciplinam o direito dos refugiados são: � Convenção relativa ao Estatuto dos Refugiados (1951) � Protocolo sobre o Estatuto dos Refugiados (1967) Ambas foram recepcionadas pelo Brasil, sendo que o país promulgou uma lei ordinária para melhor aplicar as normas do Estatuto dos Refugiados: a Lei nº 9.474/97. A Lei nº 9.474/97 remete, na maior parte de seu texto, ao Estatuto dos Refugiados, todavia, ela inclui normas adicionais, inclusive, ampliando o âmbito de proteção estabelecido no diploma internacional. Com o objetivo de executar a política brasileira relativa aos refugiados, a Lei 9.474/97 criou o CONARE (Comitê Nacional para os Refugiados), órgão colegiado da estrutura do Ministério da Justiça. Esse colegiado tem como competências principais: � a análise do pedido de refúgio; � a declaração do reconhecimento da condição de refugiado; � determinar, em primeira instância, a perda dessa condição; � orientar e coordenar as ações necessárias à proteção aos refugiados. MINISTÉRIO DO TRABALHO E EMPREGO (MTE) DIREITOS HUMANOS – TEORIA E EXERCÍCIOS AUDITOR FISCAL DO TRABALHO AULA 5 PROF: RICARDO GOMES Prof. Ricardo Gomes www.pontodosconcursos.com.br 19 15. A interligação entre o direito internacional e o direito interno na proteção dos direitos humanos. A recepção das normas internacionais por um Estado depende do sistema adotado pelo direito interno desse Estado. Assim, identificamos dois sistemas existentes: � Monismo jurídico � Dualismo jurídico. O monismo jurídico é o sistema que pressupõe a recepção automática do tratado internacional pelo direito interno do Estado a partir do momento em que a autoridade competente assina o tratado. O monismopode assumir duas versões: • Monismo internacionalista • Monismo nacionalista O monismo internacionalista defende a primazia da ordem jurídica internacional sobre o direito interno. Já o monismo nacionalista defende o contrário, ou seja, a primazia da ordem jurídica nacional sobre o direito internacional. Logo, o monismo não aceita a existência de duas ordens jurídicas autônomas, independentes e não derivadas, defendendo-se por vezes a primazia do direito interno (nacionalista) e por vezes a primazia do direito internacional (internacionalista). O dualismo jurídico é o sistema que exige a obediência a um rito processual previsto pelo direito interno para que a norma internacional tenha aplicação no Estado, de maneira que o tratado internacional assinado NÃO produz efeitos imediatos. O dualismo, também, pode assumir duas versões: • Dualismo radical • Dualismo moderado MINISTÉRIO DO TRABALHO E EMPREGO (MTE) DIREITOS HUMANOS – TEORIA E EXERCÍCIOS AUDITOR FISCAL DO TRABALHO AULA 5 PROF: RICARDO GOMES Prof. Ricardo Gomes www.pontodosconcursos.com.br 20 O Brasil adota o sistema do dualismo jurídico para recepcionar os tratados internacionais em seu ordenamento jurídico. Caro aluno, não aprofundaremos as diferentes subdivisões das duas correntes do pensamento, pois o nosso propósito é uma exposição panorâmica para a compreendermos a forma como o direito internacional está interligado com o direito interno dos direitos humanos. MINISTÉRIO DO TRABALHO E EMPREGO (MTE) DIREITOS HUMANOS – TEORIA E EXERCÍCIOS AUDITOR FISCAL DO TRABALHO AULA 5 PROF: RICARDO GOMES Prof. Ricardo Gomes www.pontodosconcursos.com.br 21 16. A Constituição brasileira e os tratados internacionais de direitos humanos. A Constituição brasileira de 1988 disciplina os tratados internacionais de direitos humanos explicitamente no art. 5º, § 2º, e no art. 5º, § 3º, com a redação dada pela Emenda Constitucional nº 45/2004, os quais possuem o seguinte teor: Art. 5º (...) § 2º - Os direitos e garantias expressos nesta Constituição não excluem outros decorrentes do regime e dos princípios por ela adotados, ou dos tratados internacionais em que a República Federativa do Brasil seja parte. § 3º Os tratados e convenções internacionais sobre direitos humanos que forem aprovados, em cada Casa do Congresso Nacional, em dois turnos, por três quintos dos votos dos respectivos membros, serão equivalentes às emendas constitucionais. Quando queremos saber o significado ou importância de algo para o direito, perguntamos qual a sua natureza jurídica. Considerando que boa parte das normas e políticas voltadas para a proteção dos direitos humanos pelo Estado brasileiro se originam de compromissos internacionais, é importante o candidato saber qual a natureza jurídica dos tratados internacionais recepcionados pelo direito brasileiro. No Brasil, a natureza jurídica dos tratados internacionais varia de acordo com o conteúdo e a forma como ela é recepcionada. Logo, ela pode ser de três tipos: � Emenda constitucional � Caráter supralegal MINISTÉRIO DO TRABALHO E EMPREGO (MTE) DIREITOS HUMANOS – TEORIA E EXERCÍCIOS AUDITOR FISCAL DO TRABALHO AULA 5 PROF: RICARDO GOMES Prof. Ricardo Gomes www.pontodosconcursos.com.br 22 � Lei ordinária Os tratados internacionais que tiverem como conteúdo os direitos humanos e obedecerem aos requisitos formais do art. 5º, § 3º, da Constituição Federal de 1988 terão a natureza de emenda constitucional. Isto significa que terão a mesma validade que as normas constitucionais, podendo as leis e atos normativos que lhes forem contrários serem submetidos a controle de constitucionalidade pelo Poder Judiciário. Logo, para que um tratado internacional seja equiparado à emenda constitucional ele precisa atender a dois requisitos: � Material: conteúdo tratar de direitos humanos. � Formal: procedimento de aprovação similar ao da emenda constitucional. Até hoje, APENAS um tratado internacional foi aprovado obedecendo ao rito procedimental de aprovação similar ao da emenda constitucional: a Convenção Internacional sobre os Direitos das Pessoas com Deficiência e seu Protocolo Facultativo, assinados em Nova York, em 30 de março de 2007, mas que foi promulgada pelo Brasil em agosto de 2009. Já os tratados internacionais que tiverem os direitos humanos como o seu conteúdo, mas que NÃO obedecerem aos requisitos formais do art. 5º, § 3º, da Constituição Federal de 1988 terão o caráter de supralegal, ou seja, as normas contidas nesses tratados são hierarquicamente superiores às normas das leis ordinárias e equivalentes (Lei complementar, medidas provisórias, etc). A natureza supralegal desses tratados é resultado da jurisprudência do Supremo Tribunal Federal (STF) que em um julgado notório (Recurso Extraordinário nº 466.343) decidiu uma questão envolvendo o Pacto de São José da Costa Rica e a possibilidade ou não de prisão civil por dívida no Brasil. A partir da decisão do STF não foi possível mais no país a utilização do instituto da prisão civil por dívidas, por meio da alienação fiduciária. Logo, para o STF, APENAS os tratados internacionais sobre direitos humanos têm natureza jurídica supralegal no Brasil, prevalecendo sobre a legislação infraconstitucional que seja incompatível com eles, MINISTÉRIO DO TRABALHO E EMPREGO (MTE) DIREITOS HUMANOS – TEORIA E EXERCÍCIOS AUDITOR FISCAL DO TRABALHO AULA 5 PROF: RICARDO GOMES Prof. Ricardo Gomes www.pontodosconcursos.com.br 23 independentemente de a legislação infraconstitucional ser anterior ou posterior à ratificação interna. Por último, os tratados internacionais que NÃO tratarem de direitos humanos e obedecerem aos procedimentos comuns de recepção dos tratados internacionais pelo direito brasileiro terão sempre a natureza de lei ordinária, estando no mesmo patamar de hierarquia normativa. Observação: Qualquer tratado internacional que NÃO observar os procedimentos de recepção das normas internacionais previstos pelo direito brasileiro NÃO terá validade no país. Os procedimentos de recepção de tratados internacionais previstos no direito brasileiro observam três fases principais: � Negociação � Aprovação MINISTÉRIO DO TRABALHO E EMPREGO (MTE) DIREITOS HUMANOS – TEORIA E EXERCÍCIOS AUDITOR FISCAL DO TRABALHO AULA 5 PROF: RICARDO GOMES Prof. Ricardo Gomes www.pontodosconcursos.com.br 24 � Ratificação A primeira fase é a negociação por meio da assinatura do tratado que constitui uma competência privativa do Presidente da República, o Chefe de Estado, conforme se encontra disposto no art. 84, inc. VIII, da Constituição Federal de 1988. Já a segunda fase, a aprovação parlamentar, trata de uma competência exclusiva do Congresso Nacional conforme dispõe o art. 49, inc. I, da Constituição Federal de 1988 e que é exercida por meio de decreto legislativo. A terceira fase é a ratificação ou promulgação, ato privativo do Presidente da República exercido por meio de decreto presidencial. Após esse ato, o tratado internacional se torna uma norma jurídica incorporada ao direito brasileiro. FASE INSTRUMENTO COMPETÊNCIA 1ª Assinatura PRESIDENTE 2ª Decreto Legislativo CONGRESSO NACIONAL 3ª Decreto Presidencial PRESIDENTE MINISTÉRIO DO TRABALHO E EMPREGO (MTE) DIREITOS HUMANOS – TEORIA E EXERCÍCIOS AUDITOR FISCAL DO TRABALHO AULA 5 PROF: RICARDO GOMES Prof. Ricardo Gomes www.pontodosconcursos.com.br 25 EXERCÍCIOS COMENTADOS QUESTÃO 72 (MTE/AFT - Ponto dos Concursos- Ricardo Gomes). Julgue o item a seguir, marcando C (certo) ou E (errado): O Estado pode recusar o monitoramento de organizações internacionais sob o argumento de que essas organizações estão praticando ingerência em assuntos internos. COMENTÁRIOS: A possibilidade de monitoramento internacional decorre do dever de submissão ao tratado que o Estado resolve aderir, o que implica na sujeição aos mecanismos gerenciados pelos organismos internacionais voltados para a verificação da conformidade da ação estatal com suas obrigações internacionais. Exemplo: a questão nuclear do Irã. Se o Irã assinou o Tratado de Não-proliferação de Armas Nucleares, logo, ele deve permitir que fiscais do organismo internacional responsável pelo monitoramento do cumprimento desse tratado (a Agência Internacional de Energia Atômica – AIEA) inspecione todas as instalações nucleares iranianas para constatar se o Irã está, de fato, cumprindo com as obrigações internacionais. Dessa forma, o Estado não pode recusar o monitoramento de organizações internacionais sob o argumento da ingerência ou “intervenção em assuntos internos”. RESPOSTA CERTA: E QUESTÃO 73 (TRF – 3ª Região – Juiz - 2006): Considera-se o tratado incorporado ao direito brasileiro: a) Com o decreto legislativo que aprova sua ratificação. MINISTÉRIO DO TRABALHO E EMPREGO (MTE) DIREITOS HUMANOS – TEORIA E EXERCÍCIOS AUDITOR FISCAL DO TRABALHO AULA 5 PROF: RICARDO GOMES Prof. Ricardo Gomes www.pontodosconcursos.com.br 26 b) Com a remessa ao país contratante ou à organização do texto ratificado. c) Com o decreto do Presidente da República que promulga o tratado. d) Com a assinatura do tratado. COMENTÁRIOS: Os procedimentos de recepção de tratados internacionais previstos no direito brasileiro observam três fases principais: � Negociação � Aprovação � Ratificação A primeira fase é a negociação por meio da assinatura do tratado que constitui uma competência privativa do Presidente da República, o Chefe de Estado, conforme se encontra disposto no art. 84, inc. VIII, da Constituição Federal de 1988. Já a segunda fase, a aprovação parlamentar, trata de uma competência exclusiva do Congresso Nacional conforme dispõe o art. 49, inc. I, da Constituição Federal de 1988 e que é exercida por meio de decreto legislativo. A terceira fase é a ratificação ou promulgação, ato privativo do Presidente da República exercido por meio de decreto presidencial. Após esse ato, o tratado internacional se torna uma norma jurídica incorporada ao direito brasileiro. FASE INSTRUMENTO COMPETÊNCIA 1ª Assinatura PRESIDENTE 2ª Decreto Legislativo CONGRESSO NACIONAL 3ª Decreto Presidencial PRESIDENTE MINISTÉRIO DO TRABALHO E EMPREGO (MTE) DIREITOS HUMANOS – TEORIA E EXERCÍCIOS AUDITOR FISCAL DO TRABALHO AULA 5 PROF: RICARDO GOMES Prof. Ricardo Gomes www.pontodosconcursos.com.br 27 RESPOSTA CERTA: C QUESTÃO 74 (MTE/AFT - Ponto dos Concursos - Ricardo Gomes): Julgue o item a seguir, marcando C (certo) ou E (errado): A aplicação do direito internacional humanitário exclui a aplicação simultânea das normas do direito internacional dos direitos humanos. COMENTÁRIOS: Pelo contrário, pois as normas de direito internacional dos direitos humanos possuem natureza subsidiária. RESPOSTA CERTA: E QUESTÃO 75 (TRF – 1ª Região – Juiz - 2006): Os tratados e convenções internacionais sobre direitos humanos que forem aprovados, em cada Casa do Congresso Nacional, em dois turnos, por três quintos dos votos dos respectivos membros, serão equivalentes: a) às leis complementares. b) às emendas constitucionais. c) às leis ordinárias. d) às portarias. e) às normas coletivas. COMENTÁRIOS: Essa questão é mera reprodução do enunciado constitucional previsto no art. 5º, § 3º, com a redação dada pela Emenda nº 45/2004. Logo, por exclusão, a alternativa “b” é a modalidade normativa que contempla a resposta. MINISTÉRIO DO TRABALHO E EMPREGO (MTE) DIREITOS HUMANOS – TEORIA E EXERCÍCIOS AUDITOR FISCAL DO TRABALHO AULA 5 PROF: RICARDO GOMES Prof. Ricardo Gomes www.pontodosconcursos.com.br 28 RESPOSTA CERTA: B QUESTÃO 76 (MTE/AFT - Ponto dos Concursos - Ricardo Gomes): Considere a afirmação seguinte e marque C (certo) ou E (errado): Uma das características do Direito Internacional dos Direitos Humanos é o papel primordial dos Estados na garantia aos indivíduos dos direitos humanos, devendo os organismos internacionais atuar apenas de forma secundária. COMENTÁRIOS: Questão correta, pois o papel primordial dos Estados com a conseqüente subsidiariedade do sistema internacional dos direitos humanos significa que os ESTADOS desempenham um papel primário, enquanto os ORGANISMOS INTERNACIONAIS são secundários ou complementares, pois estes devem agir apenas quando os órgãos internos não atuarem em conformidade com os tratados que os Estados integrem. RESPOSTA CERTA: C QUESTÃO 77 (MTE/AFT - Ponto dos Concursos - Ricardo Gomes). Considere a afirmação seguinte e marque C (certo) ou E (errado): O direito de Genebra, que busca minimizar os efeitos dos conflitos armados, abarca, na condição de destinatários de suas normas, os soldados que se encontram dentro de combate. COMENTÁRIOS: O direito de Genebra, que é um dos nomes do direito internacional humanitário, tem como destinatários de suas normas: � Soldados fora de combate (feridos, enfermos ou náufragos) MINISTÉRIO DO TRABALHO E EMPREGO (MTE) DIREITOS HUMANOS – TEORIA E EXERCÍCIOS AUDITOR FISCAL DO TRABALHO AULA 5 PROF: RICARDO GOMES Prof. Ricardo Gomes www.pontodosconcursos.com.br 29 � Prisioneiros de guerra � Pessoal dos serviços de socorro (médico, enfermeiros, capelães). � Não-combatentes (população civil) RESPOSTA CERTA: E QUESTÃO 78 (MTE/AFT - Ponto dos Concursos - Ricardo Gomes). Considere a afirmação seguinte e marque C (certo) ou E (errado): De acordo com o princípio do non-refoulment, o Estado que recebe um suposto refugiado deve permitir sua entrada. COMENTÁRIOS: Outra questão interessante e difícil, que exige do candidato atenção. De acordo com o princípio do non-refoulment, o Estado que recebe um suposto refugiado está proibido de: � impedir sua entrada. � ser enviado ao Estado de onde proveio. Logo, ele deve permitir a entrada do pretendente a refugiado. RESPOSTA CERTA: C QUESTÃO 79 (SENADO - Advogado – 2008 - Adaptado): Julgue o item a seguir, relativo ao direito internacional dos direitos humanos, marcando C (certo) ou E (errado): Os Direitos Internacionais de Proteção à Pessoa Humana vêm a resguardar o homem quando o Estado que o tutela falha ao fazê-lo. MINISTÉRIO DO TRABALHO E EMPREGO (MTE) DIREITOS HUMANOS – TEORIA E EXERCÍCIOS AUDITOR FISCAL DO TRABALHO AULA 5 PROF: RICARDO GOMES Prof. Ricardo Gomes www.pontodosconcursos.com.br 30 COMENTÁRIOS: O sistema de proteção internacional dos direitos humanos é subsidiário, pois cabe aos Estados desempenhar primordial a proteção desses direitos. Portanto, o enunciado está correto. RESPOSTA CERTA: C QUESTÃO 80 (MTE/AFT - Ponto dos Concursos - Ricardo Gomes): Julgue o item a seguir, marcando C (certo) ou E (errado): As quatro Convenções de Genebra de 1949 são omissas em relação à proteção das populações civis. COMENTÁRIOS: As quatro Convenções de Genebra de 1949, que são os principais tratados internacionais sobre a matéria, os quaiscontém padrões mínimos de proteção em caso de conflito armado. Essas convenções tratam das seguintes temáticas: � Proteção dos feridos e enfermos em guerra terrestre. � Feridos, enfermos e náufragos na guerra naval. � Tratamento devido aos prisioneiros de guerra. � Proteção dos civis em tempos de guerra. RESPOSTA CERTA: E QUESTÃO 81 (MTE/AFT - Ponto dos Concursos - Ricardo Gomes): Julgue o item a seguir, marcando C (certo) ou E (errado): O princípio da responsabilidade prevê que o Estado é o responsável pela aplicação das normas de direito humanitário e não os indivíduos que MINISTÉRIO DO TRABALHO E EMPREGO (MTE) DIREITOS HUMANOS – TEORIA E EXERCÍCIOS AUDITOR FISCAL DO TRABALHO AULA 5 PROF: RICARDO GOMES Prof. Ricardo Gomes www.pontodosconcursos.com.br 31 compõem as tropas e milícias. COMENTÁRIOS: Enunciado correto, pois o princípio da responsabilidade prevê que o Estado é o responsável pela aplicação das normas de direito humanitário e não os indivíduos que compõem as tropas e milícias. RESPOSTA CERTA: C QUESTÃO 82 (MTE/AFT - Ponto dos Concursos - Ricardo Gomes): Julgue o item a seguir, marcando C (certo) ou E (errado): Até hoje, nenhum tratado internacional foi aprovado obedecendo ao rito procedimental previsto no art. 5º, § 3º, com a redação dada pela Emenda nº 45/2004. COMENTÁRIOS: Enunciado errado, pois até hoje, APENAS um tratado internacional foi aprovado obedecendo ao rito procedimental de aprovação similar ao da emenda constitucional: a Convenção Internacional sobre os Direitos das Pessoas com Deficiência e seu Protocolo Facultativo, assinados em Nova York, em 30 de março de 2007, mas que foi promulgada pelo Brasil em agosto de 2009. RESPOSTA CERTA: E QUESTÃO 83 (MTE/AFT - Ponto dos Concursos - Ricardo Gomes): Julgue o item a seguir, relativo ao direito internacional dos refugiados, marcando C (certo) ou E (errado): MINISTÉRIO DO TRABALHO E EMPREGO (MTE) DIREITOS HUMANOS – TEORIA E EXERCÍCIOS AUDITOR FISCAL DO TRABALHO AULA 5 PROF: RICARDO GOMES Prof. Ricardo Gomes www.pontodosconcursos.com.br 32 O direito dos refugiados busca restabelecer os direitos humanos mínimos dos indivíduos ao sair de seus países ou locais de origem. COMENTÁRIOS: Questão correta, pois é justamente uma das finalidades do direito dos refugiados a busca pelo restabelecimento dos direitos humanos mínimos dos indivíduos ao sair de seus países ou locais de origem. RESPOSTA CERTA: C QUESTÃO 84 (MPT - Procurador do Trabalho – 2006 - Adaptada): Julgue o item a seguir, marcando C (certo) ou E (errado): O sistema de proteção internacional dos direitos humanos é subsidiário, somente podendo ser invocado se o Estado brasileiro se mostrar omisso ou falho na tarefa de proteção dos direitos fundamentais. COMENTÁRIOS: Assim, como se observou acima, o sistema de proteção internacional dos direitos humanos é subsidiário, pois cabe aos Estados desempenhar primordial a proteção desses direitos. Portanto, o enunciado está correto. RESPOSTA CERTA: C QUESTÃO 85 (DPU - Defensor – 2007 - Adaptada): Julgue o item a seguir, marcando C (certo) ou E (errado): No Brasil, o reconhecimento da condição de refugiado dá-se por decisão da representação do Alto Comissariado das Nações Unidas para refugiados ou MINISTÉRIO DO TRABALHO E EMPREGO (MTE) DIREITOS HUMANOS – TEORIA E EXERCÍCIOS AUDITOR FISCAL DO TRABALHO AULA 5 PROF: RICARDO GOMES Prof. Ricardo Gomes www.pontodosconcursos.com.br 33 por decisão judicial. COMENTÁRIOS: A Lei nº 9.474/97 remete, na maior parte de seu texto, ao Estatuto dos Refugiados, todavia, ela inclui normas adicionais, inclusive, ampliando o âmbito de proteção estabelecido no diploma internacional. Com o objetivo de executar a política brasileira relativa aos refugiados, a Lei 9.474/97 criou o CONARE (Comitê Nacional para os Refugiados), órgão colegiado da estrutura do Ministério da Justiça. Esse colegiado tem como competências principais: � a análise do pedido de refúgio; � a declaração do reconhecimento da condição de refugiado; � determinar, em primeira instância, a perda dessa condição; � orientar e coordenar as ações necessárias à proteção aos refugiados. RESPOSTA CERTA: E QUESTÃO 86 (MTE/AFT - Ponto dos Concursos - Ricardo Gomes): Julgue o item a seguir, relativo à interpretação dos tratados internacionais de direitos humanos, marcando C (certo) ou E (errado): De acordo com a Convenção de Viena sobre o Direito dos Tratados, a boa fé constitui o princípio geral de interpretação dos tratados. COMENTÁRIOS: Questão correta, pois a interpretação dos tratados internacionais é regulada pela Convenção de Viena sobre o Direito dos Tratados, MINISTÉRIO DO TRABALHO E EMPREGO (MTE) DIREITOS HUMANOS – TEORIA E EXERCÍCIOS AUDITOR FISCAL DO TRABALHO AULA 5 PROF: RICARDO GOMES Prof. Ricardo Gomes www.pontodosconcursos.com.br 34 celebrada em 1969. As normas que abordam a interpretação estão nos artigos 31 a 33, cujo inteiro teor consta no final da aula destinada à legislação. O princípio geral de interpretação dos tratados é a BOA FÉ. A boa fé implica nos seguintes valores: � Lealdade � Honestidade � Fidelidade � Lisura � Ausência de ardis e dissimulações De acordo com o art. 31 da Convenção de Viena de 1969: 1. Um tratado deve ser interpretado de boa fé segundo o sentido comum atribuível aos termos do tratado em seu contexto e à luz de seu objetivo e finalidade. De acordo com a Convenção de Viena, um tratado deve ser interpretado de boa fé (de forma honesta, leal, fiel, sem dissimulações para lesar o próximo) e buscando entender o seu teor utilizando o significado usual das palavras que compõem o documento. RESPOSTA CERTA: C QUESTÃO 87 (PGFN – Procurador da Fazenda Nacional – 2004 - Adaptada): Tradicionalmente o direito internacional concebeu duas teorias com referência à relação entre os ordenamentos jurídicos nacionais e internacionais. Marque a alternativa verdadeira: a) o monismo jurídico não aceita a existência de duas ordens jurídicas autônomas, independentes e não derivadas, defendendo-se por vezes a MINISTÉRIO DO TRABALHO E EMPREGO (MTE) DIREITOS HUMANOS – TEORIA E EXERCÍCIOS AUDITOR FISCAL DO TRABALHO AULA 5 PROF: RICARDO GOMES Prof. Ricardo Gomes www.pontodosconcursos.com.br 35 primazia do direito interno e por vezes a primazia do direito internacional. b) o monismo jurídico aceita várias ordens jurídicas, com aplicabilidade simultânea, configurando-se um pluralismo de fontes, porém aplicadas por um único ordenamento. c) o dualismo jurídico não aceita a existência de duas ordens jurídicas, independentes e derivadas, uma nacional e outra internacional, sendo que esta última é que confere validade à primeira. d) o monismo jurídico, em todas as hipóteses e versões, não aceita a validade de uma ordem jurídica internacional, dado que desprovida de sanção e de conteúdos morais, fundamentada meramente em princípios de cortesia internacional. COMENTÁRIOS: A recepção das normas internacionais por um Estado depende do sistema adotado pelo direito interno desse Estado. Assim, identificamos dois sistemas existentes: � Monismo jurídico � Dualismo jurídico. O monismo jurídico é o sistema que pressupõe a recepção automática do tratado internacional pelo direito interno do Estado a partir do momento em que a autoridade competente assinao tratado. O monismo pode assumir duas versões: • Monismo internacionalista • Monismo nacionalista O monismo internacionalista defende a primazia da ordem jurídica internacional sobre o direito interno. Já o monismo nacionalista defende o contrário, ou seja, a MINISTÉRIO DO TRABALHO E EMPREGO (MTE) DIREITOS HUMANOS – TEORIA E EXERCÍCIOS AUDITOR FISCAL DO TRABALHO AULA 5 PROF: RICARDO GOMES Prof. Ricardo Gomes www.pontodosconcursos.com.br 36 primazia da ordem jurídica nacional sobre o direito internacional. Logo, o monismo não aceita a existência de duas ordens jurídicas autônomas, independentes e não derivadas, defendendo-se por vezes a primazia do direito interno (nacionalista) e por vezes a primazia do direito internacional (internacionalista). O dualismo jurídico é o sistema que exige a obediência a um rito processual previsto pelo direito interno para que a norma internacional tenha aplicação no Estado, de maneira que o tratado internacional assinado NÃO produz efeitos imediatos. O dualismo, também, pode assumir duas versões: • Dualismo radical • Dualismo moderado RESPOSTA CERTA: A QUESTÃO 88 (MTE/AFT - Ponto dos Concursos - Ricardo Gomes): São princípios específicos aplicáveis à interpretação dos direitos humanos, exceto: a) efetividade b) primazia da norma mais favorável c) proporcionalidade d) utilidade COMENTÁRIOS: Além dessas regras aplicáveis a todos os tratados internacionais, existem alguns princípios vetores da interpretação que a jurisprudência internacional criou para ser aplicado especificamente para os tratados sobre direitos humanos. MINISTÉRIO DO TRABALHO E EMPREGO (MTE) DIREITOS HUMANOS – TEORIA E EXERCÍCIOS AUDITOR FISCAL DO TRABALHO AULA 5 PROF: RICARDO GOMES Prof. Ricardo Gomes www.pontodosconcursos.com.br 37 � Princípio pro homine � Princípio da efetividade (effet utile) � Proporcionalidade O princípio da primazia da norma mais favorável é um dos sinônimos para o princípio pro homine. Uma observação: o princípio da efetividade apesar de ser conhecido também como princípio do effet utile, não deve ser confundido com a utilidade, pois o enfoque é sobre o efeito da norma internacional. RESPOSTA CERTA: D QUESTÃO 89 (MTE/AFT - Ponto dos Concursos - Ricardo Gomes): Julgue o item a seguir, relativo à interpretação dos tratados internacionais de direitos humanos, marcando C (certo) ou E (errado): O princípio pro homine prevê que os tratados de direitos humanos devem ser interpretados de forma restritiva, visando controlar a atuação do Estado, pois determinados assuntos e valores devem ser decididos pelas próprias comunidades nacionais. COMENTÁRIOS: O princípio pro homine prevê que os tratados de direitos humanos devem ser interpretados sempre no sentido da máxima proteção ao ser humano. O princípio pro homine é também conhecido como primazia da norma mais favorável ao indivíduo, apesar de alguns autores (ex. André de Carvalho Ramos) sustentarem ser, ambos, princípios distintos, pois o primeiro trataria da interpretação jurídica, enquanto o segundo envolveria a aplicação de uma norma. MINISTÉRIO DO TRABALHO E EMPREGO (MTE) DIREITOS HUMANOS – TEORIA E EXERCÍCIOS AUDITOR FISCAL DO TRABALHO AULA 5 PROF: RICARDO GOMES Prof. Ricardo Gomes www.pontodosconcursos.com.br 38 RESPOSTA CERTA: E QUESTÃO 90 (MTE/AFT - Ponto dos Concursos - Ricardo Gomes): Julgue o item a seguir, relativo à interpretação dos tratados internacionais de direitos humanos, marcando C (certo) ou E (errado): A teoria da margem de apreciação defende que, em determinados casos polêmicos, os órgãos internacionais de Direitos Humanos devem aceitar a posição nacional sobre o tema formulada por um Estado. COMENTÁRIOS: Resposta correta. De acordo com a teoria da margem de apreciação, os órgãos de interpretação do Direito Internacional dos Direitos Humanos, em determinados casos polêmicos, devem aceitar a POSIÇÃO NACIONAL sobre o tema, evitando impor soluções interpretativas às comunidades nacionais, ou seja, um Estado. RESPOSTA CERTA: C QUESTÃO 91 (MTE/AFT - Ponto dos Concursos - Ricardo Gomes): Julgue o item a seguir, relativo à interpretação dos tratados internacionais de direitos humanos, marcando C (certo) ou E (errado): As circunstâncias de conclusão do acordo e os trabalhos preparatórios do tratado (ex. os registros das rodadas de negociação) são meios suplementares para a interpretação dos tratados internacionais, incluindo os de direitos humanos. COMENTÁRIOS: Além dos métodos (ou meios) de interpretação acima mencionados, há os meios (ou métodos) suplementares definidos como: MINISTÉRIO DO TRABALHO E EMPREGO (MTE) DIREITOS HUMANOS – TEORIA E EXERCÍCIOS AUDITOR FISCAL DO TRABALHO AULA 5 PROF: RICARDO GOMES Prof. Ricardo Gomes www.pontodosconcursos.com.br 39 circunstâncias de conclusão do acordo e os trabalhos preparatórios do tratado, que podem ser estudados, por exemplo, pelos registros das rodadas de negociação e de comunicações diplomáticas trocadas entre as partes. Os meios suplementares visam: � Confirmar o sentido das normas internacionais � Elucidar as normas quando o sentido obtido é ambíguo, obscuro, manifestamente absurdo ou desarrazoado. Trata-se de regra prevista na Convenção de Viena de 1969. Ademais, é preciso lembrar essas regras são aplicáveis a todos os tratados internacionais, incluindo os de direitos humanos, conforme têm entendido a jurisprudência internacional. RESPOSTA CERTA: C GABARITOS OFICIAIS 72 73 74 75 76 77 78 79 80 81 E C E B C E C C E C 82 83 84 85 86 87 88 89 90 91 E C C E C A D E C C MINISTÉRIO DO TRABALHO E EMPREGO (MTE) DIREITOS HUMANOS – TEORIA E EXERCÍCIOS AUDITOR FISCAL DO TRABALHO AULA 5 PROF: RICARDO GOMES Prof. Ricardo Gomes www.pontodosconcursos.com.br 40 EXERCÍCIOS COM GABARITO QUESTÃO 72 (MTE/AFT - Ponto dos Concursos - Ricardo Gomes). Julgue o item a seguir, marcando C (certo) ou E (errado): O Estado pode recusar o monitoramento de organizações internacionais sob o argumento de que essas organizações estão praticando ingerência em assuntos internos. QUESTÃO 73 (TRF – 3ª Região – Juiz - 2006): Considera-se o tratado incorporado ao direito brasileiro: a) Com o decreto legislativo que aprova sua ratificação. b) Com a remessa ao país contratante ou à organização do texto ratificado. c) Com o decreto do Presidente da República que promulga o tratado. d) Com a assinatura do tratado. QUESTÃO 74 (MTE/AFT - Ponto dos Concursos - Ricardo Gomes): Julgue o item a seguir, marcando C (certo) ou E (errado): A aplicação do direito internacional humanitário exclui a aplicação simultânea das normas do direito internacional dos direitos humanos. QUESTÃO 70 (MTE/AFT - Ponto dos Concursos - Ricardo Gomes): Considere a afirmação seguinte e marque C (certo) ou E (errado): O universalismo defende que a proteção dos direitos humanos se ampara no fato de que cada cultura, com suas crenças e princípios, valoriza e conceitua de forma diferente o que seriam os Direitos Humanos. MINISTÉRIO DO TRABALHO E EMPREGO (MTE) DIREITOS HUMANOS – TEORIA E EXERCÍCIOS AUDITOR FISCAL DO TRABALHO AULA 5 PROF: RICARDO GOMES Prof. Ricardo Gomes www.pontodosconcursos.com.br 41 QUESTÃO 71 (TRF – 1ª Região – Juiz - 2006): Os tratados e convenções internacionais sobre direitos humanos que forem aprovados, emcada Casa do Congresso Nacional, em dois turnos, por três quintos dos votos dos respectivos membros, serão equivalentes: a) às leis complementares. b) às emendas constitucionais. c) às leis ordinárias. d) às portarias. e) às normas coletivas. QUESTÃO 72 (MTE/AFT - Ponto dos Concursos - Ricardo Gomes): Considere a afirmação seguinte e marque C (certo) ou E (errado): Uma das características do Direito Internacional dos Direitos Humanos é o papel primordial dos Estados na garantia aos indivíduos dos direitos humanos, devendo os organismos internacionais atuar apenas de forma secundária. QUESTÃO 73 (MTE/AFT - Ponto dos Concursos - Ricardo Gomes). Considere a afirmação seguinte e marque C (certo) ou E (errado): O direito de Genebra, que busca minimizar os efeitos dos conflitos armados, abarca, na condição de destinatários de suas normas, os soldados que se encontram dentro de combate. QUESTÃO 74 (MTE/AFT - Ponto dos Concursos - Ricardo Gomes). Considere a afirmação seguinte e marque C (certo) ou E (errado): De acordo com o princípio do non-refoulment, o Estado que recebe um suposto refugiado deve permitir sua entrada. QUESTÃO 75 (SENADO - Advogado – 2008 - Adaptado): Julgue o item a seguir, relativo ao direito internacional dos direitos humanos, marcando C (certo) ou E (errado): MINISTÉRIO DO TRABALHO E EMPREGO (MTE) DIREITOS HUMANOS – TEORIA E EXERCÍCIOS AUDITOR FISCAL DO TRABALHO AULA 5 PROF: RICARDO GOMES Prof. Ricardo Gomes www.pontodosconcursos.com.br 42 Os Direitos Internacionais de Proteção à Pessoa Humana vêm a resguardar o homem quando o Estado que o tutela falha ao fazê-lo. QUESTÃO 76 (MTE/AFT - Ponto dos Concursos - Ricardo Gomes): Julgue o item a seguir, marcando C (certo) ou E (errado): As quatro Convenções de Genebra de 1949 são omissas em relação à proteção das populações civis. QUESTÃO 77 (MTE/AFT - Ponto dos Concursos - Ricardo Gomes): Julgue o item a seguir, marcando C (certo) ou E (errado): O princípio da responsabilidade prevê que o Estado é o responsável pela aplicação das normas de direito humanitário e não os indivíduos que compõem as tropas e milícias. QUESTÃO 78 (MTE/AFT - Ponto dos Concursos - Ricardo Gomes): Julgue o item a seguir, marcando C (certo) ou E (errado): Até hoje, nenhum tratado internacional foi aprovado obedecendo ao rito procedimental previsto no art. 5º, § 3º, com a redação dada pela Emenda nº 45/2004. QUESTÃO 79 (MTE/AFT - Ponto dos Concursos - Ricardo Gomes): Julgue o item a seguir, relativo ao direito internacional dos refugiados, marcando C (certo) ou E (errado): O direito dos refugiados busca restabelecer os direitos humanos mínimos dos indivíduos ao sair de seus países ou locais de origem. QUESTÃO 80 (MPT - Procurador do Trabalho – 2006 - Adaptada): Julgue o item a seguir, marcando C (certo) ou E (errado): O sistema de proteção internacional dos direitos humanos é subsidiário, MINISTÉRIO DO TRABALHO E EMPREGO (MTE) DIREITOS HUMANOS – TEORIA E EXERCÍCIOS AUDITOR FISCAL DO TRABALHO AULA 5 PROF: RICARDO GOMES Prof. Ricardo Gomes www.pontodosconcursos.com.br 43 somente podendo ser invocado se o Estado brasileiro se mostrar omisso ou falho na tarefa de proteção dos direitos fundamentais. QUESTÃO 81 (DPU - Defensor – 2007 - Adaptada): Julgue o item a seguir, marcando C (certo) ou E (errado): No Brasil, o reconhecimento da condição de refugiado dá-se por decisão da representação do Alto Comissariado das Nações Unidas para refugiados ou por decisão judicial. QUESTÃO 82 (SENADO - Advogado – 2008 - Adaptada): Julgue o item a seguir, marcando C (certo) ou E (errado): O Tribunal Penal Internacional é jurisdição não recepcionada pela Constituição Brasileira conforme seu art. 5º, inciso XXXVIII, que não admite juízo ou tribunal de exceção. QUESTÃO 83 (AGU – Advogado da União – 2002 adaptada): Julgue o item seguinte, relativo aos tratados internacionais de Direitos Humanos, marcando C (certo) ou E (errado): Na ausência de dispositivo constitucional claro, o STF estabeleceu o entendimento jurisprudencial de que os tratados internacionais de direitos humanos estão acima da Constituição Federal. QUESTÃO 84 (MTE/AFT - Ponto dos Concursos - Ricardo Gomes): Com relação ao direito internacional humanitário, são princípios do direito humanitário, exceto: a) non-refoulment. b) responsabilidade. c) não-discriminação. MINISTÉRIO DO TRABALHO E EMPREGO (MTE) DIREITOS HUMANOS – TEORIA E EXERCÍCIOS AUDITOR FISCAL DO TRABALHO AULA 5 PROF: RICARDO GOMES Prof. Ricardo Gomes www.pontodosconcursos.com.br 44 d) neutralidade. QUESTÃO 85 (TRF – 1ª Região – Juiz – 2006 adaptada): Julgue o item seguinte, relativo aos tratados internacionais de Direitos Humanos, marcando C (certo) ou E (errado): Para que uma convenção sobre direitos humanos seja equivalente às emendas constitucionais, é necessário que seja aprovada, em cada casa do Congresso Nacional, em dois turnos, por três quintos dos votos dos respectivos membros. QUESTÃO 86 (MTE/AFT - Ponto dos Concursos - Ricardo Gomes): Julgue o item a seguir, relativo à interpretação dos tratados internacionais de direitos humanos, marcando C (certo) ou E (errado): De acordo com a Convenção de Viena sobre o Direito dos Tratados, a boa fé constitui o princípio geral de interpretação dos tratados. QUESTÃO 87 (PGFN – Procurador da Fazenda Nacional – 2004 - Adaptada): Tradicionalmente o direito internacional concebeu duas teorias com referência à relação entre os ordenamentos jurídicos nacionais e internacionais. Marque a alternativa verdadeira: a) o monismo jurídico não aceita a existência de duas ordens jurídicas autônomas, independentes e não derivadas, defendendo-se por vezes a primazia do direito interno e por vezes a primazia do direito internacional. b) o monismo jurídico aceita várias ordens jurídicas, com aplicabilidade simultânea, configurando-se um pluralismo de fontes, porém aplicadas por um único ordenamento. c) o dualismo jurídico não aceita a existência de duas ordens jurídicas, independentes e derivadas, uma nacional e outra internacional, sendo que MINISTÉRIO DO TRABALHO E EMPREGO (MTE) DIREITOS HUMANOS – TEORIA E EXERCÍCIOS AUDITOR FISCAL DO TRABALHO AULA 5 PROF: RICARDO GOMES Prof. Ricardo Gomes www.pontodosconcursos.com.br 45 esta última é que confere validade à primeira. d) o monismo jurídico, em todas as hipóteses e versões, não aceita a validade de uma ordem jurídica internacional, dado que desprovida de sanção e de conteúdos morais, fundamentada meramente em princípios de cortesia internacional. QUESTÃO 88 (MTE/AFT - Ponto dos Concursos - Ricardo Gomes): São princípios específicos aplicáveis à interpretação dos direitos humanos, exceto: a) efetividade b) primazia da norma mais favorável c) proporcionalidade d) utilidade QUESTÃO 89 (MTE/AFT - Ponto dos Concursos - Ricardo Gomes): Julgue o item a seguir, relativo à interpretação dos tratados internacionais de direitos humanos, marcando C (certo) ou E (errado): O princípio pro homine prevê que os tratados de direitos humanos devem ser interpretados de forma restritiva, visando controlar a atuação do Estado, pois determinados assuntos e valores devem ser decididos pelas próprias comunidades nacionais. QUESTÃO 90 (MTE/AFT - Ponto dos Concursos - Ricardo Gomes): Julgue o item a seguir, relativo à interpretação dos tratados internacionais de direitos humanos, marcando C (certo) ou E (errado): A teoriada margem de apreciação defende que, em determinados casos polêmicos, os órgãos internacionais de Direitos Humanos devem aceitar a posição nacional sobre o tema formulada por um Estado. MINISTÉRIO DO TRABALHO E EMPREGO (MTE) DIREITOS HUMANOS – TEORIA E EXERCÍCIOS AUDITOR FISCAL DO TRABALHO AULA 5 PROF: RICARDO GOMES Prof. Ricardo Gomes www.pontodosconcursos.com.br 46 QUESTÃO 91 (MTE/AFT - Ponto dos Concursos - Ricardo Gomes): Julgue o item a seguir, relativo à interpretação dos tratados internacionais de direitos humanos, marcando C (certo) ou E (errado): As circunstâncias de conclusão do acordo e os trabalhos preparatórios do tratado (ex. os registros das rodadas de negociação) são meios suplementares para a interpretação dos tratados internacionais, incluindo os de direitos humanos. GABARITOS OFICIAIS 72 73 74 75 76 77 78 79 80 81 E C E B C E C C E C 82 83 84 85 86 87 88 89 90 91 E C C E C A D E C C MINISTÉRIO DO TRABALHO E EMPREGO (MTE) DIREITOS HUMANOS – TEORIA E EXERCÍCIOS AUDITOR FISCAL DO TRABALHO AULA 5 PROF: RICARDO GOMES Prof. Ricardo Gomes www.pontodosconcursos.com.br 47 RESUMO DA AULA Na aula de hoje, abordamos alguns temas relacionados à proteção internacional dos direitos humanos, incluindo suas três vertentes, e sua interação com o direito brasileiro. A interpretação dos tratados internacionais é regulada pela Convenção de Viena sobre o Direito dos Tratados, celebrada em 1969. As normas que abordam a interpretação estão nos artigos 31 a 33, cujo inteiro teor consta no final da aula destinada à legislação. O princípio geral de interpretação dos tratados é a BOA FÉ. De acordo com a Convenção de Viena, um tratado deve ser interpretado de boa fé (de forma honesta, leal, fiel, sem dissimulações para lesar o próximo) e buscando entender o seu teor utilizando o significado usual das palavras que compõem o documento. Além dos métodos (ou meios) de interpretação acima mencionados, há os meios (ou métodos) suplementares definidos como: circunstâncias de conclusão do acordo e os trabalhos preparatórios do tratado, que podem ser estudados, por exemplo, pelos registros das rodadas de negociação e de comunicações diplomáticas trocadas entre as partes. Além dessas regras aplicáveis a todos os tratados internacionais, existem alguns princípios vetores da interpretação que a jurisprudência internacional criou para ser aplicado especificamente para os tratados sobre direitos humanos. � Princípio pro homine (primazia da norma mais favorável) � Princípio da efetividade (effet utile) � Proporcionalidade Outro aspecto que merece um estudo é a teoria da margem de apreciação. De acordo com a citada teoria, os órgãos de interpretação MINISTÉRIO DO TRABALHO E EMPREGO (MTE) DIREITOS HUMANOS – TEORIA E EXERCÍCIOS AUDITOR FISCAL DO TRABALHO AULA 5 PROF: RICARDO GOMES Prof. Ricardo Gomes www.pontodosconcursos.com.br 48 do Direito Internacional dos Direitos Humanos, em determinados casos polêmicos, devem aceitar a POSIÇÃO NACIONAL sobre o tema, evitando impor soluções interpretativas às comunidades nacionais, ou seja, um Estado. As três vertentes que compõem a proteção internacional dos direitos humanos: � Direito internacional humanitário � Direito internacional dos refugiados � Direito internacional dos direitos humanos O direito internacional dos direitos humanos (DIDH) é aquele que visa a proteger todos os indivíduos, qualquer que seja a sua nacionalidade, promovendo a dignidade da pessoa humana. As principais características do DIDH: � Universalidade e transnacionalidade � Possibilidade de monitoramento internacional � Possibilidade de responsabilização internacional � Papel primordial dos Estados O direito internacional humanitário, também chamado de “direito humanitário” ou “direito de Genebra”, constitui aquele que visa reduzir a violência inerente aos conflitos armados, limitando o impacto das hostilidades por meio da proteção de um mínimo de direitos atrelados à pessoa humana e pela regulamentação da assistência às vítimas das guerras, externas ou internas. Princípios do direito humanitário: � Neutralidade � Não-discriminação � Responsabilidade Principais normas: as quatro Convenções de Genebra de 1949 que tratam das seguintes temáticas: MINISTÉRIO DO TRABALHO E EMPREGO (MTE) DIREITOS HUMANOS – TEORIA E EXERCÍCIOS AUDITOR FISCAL DO TRABALHO AULA 5 PROF: RICARDO GOMES Prof. Ricardo Gomes www.pontodosconcursos.com.br 49 � Proteção dos feridos e enfermos em guerra terrestre. � Feridos, enfermos e náufragos na guerra naval. � Tratamento devido aos prisioneiros de guerra. � Proteção dos civis em tempos de guerra. Em 1977, foram celebrados dois protocolos adicionais tratando dos seguintes assuntos: � Guerras de libertação nacional � Guerra civil (conflitos internos) O direito internacional humanitário se aplica somente em situações de CONFLITOS ARMADOS, externos ou internos. Uma distinção importante: Direito de Genebra x Direito de Haia. O Direito de Genebra: foco principal na proteção das vítimas das guerras. O Direito de Haia: foco principal na regulamentação das operações militares (o Direito de Guerra), disciplinando os direitos e as obrigações dos beligerantes nos combates. O direito internacional dos refugiados visa regular a proteção de pessoas envolvidas no fenômeno dos deslocamentos em massa com o fim de obter REFÚGIO ou abrigo diante de situações de conflitos armados, desastres ou perseguições e, também, do estabelecimento do marco legal da cooperação internacional contra o problema. Definição de REFUGIADO: Trata-se da pessoa que sofre ou teme sofrer, em seu Estado de origem, perseguição por motivos de raça, religião, nacionalidade, grupo social ou questões políticas e que, por esses motivos, deixa esse Estado em que estava, pois sua integridade corria riscos. O direito dos refugiados é orientado pelo princípio do non- MINISTÉRIO DO TRABALHO E EMPREGO (MTE) DIREITOS HUMANOS – TEORIA E EXERCÍCIOS AUDITOR FISCAL DO TRABALHO AULA 5 PROF: RICARDO GOMES Prof. Ricardo Gomes www.pontodosconcursos.com.br 50 refoulment, ou seja, o princípio da proibição de expulsão ou de rechaço. De acordo com o princípio do non-refoulment, o Estado que recebe um suposto refugiado está proibido de: � impedir sua entrada. � ser enviado ao Estado de onde proveio. As principais normas internacionais que disciplinam o direito dos refugiados são: � Convenção relativa ao Estatuto dos Refugiados (1951) � Protocolo sobre o Estatuto dos Refugiados (1967) Ambas foram recepcionadas pelo Brasil, sendo que o país promulgou uma lei ordinária para melhor aplicar as normas do Estatuto dos Refugiados: a Lei nº 9.474/97. A Lei 9.474/97 criou o CONARE (Comitê Nacional para os Refugiados), órgão colegiado da estrutura do Ministério da Justiça. A recepção das normas internacionais por um Estado depende do sistema adotado pelo direito interno desse Estado. Assim, identificamos dois sistemas existentes: � Monismo jurídico o Monismo internacionalista o Monismo nacionalista � Dualismo jurídico. o Dualismo radical o Dualismo moderado O monismo jurídico é o sistema que pressupõe a recepção automática do tratado internacional pelo direito interno do Estado a partir do momento em que a autoridade competente assina o tratado. O dualismo jurídico é o sistema que exige a obediência a um rito processual previsto pelo direito interno para que
Compartilhar