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Aula 09

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MINISTÉRIO DO TRABALHO E EMPREGO (MTE) 
DIREITOS HUMANOS – TEORIA E EXERCÍCIOS 
AUDITOR FISCAL DO TRABALHO 
AULA 9 
PROF: RICARDO GOMES 
 
 Prof. Ricardo Gomes www.pontodosconcursos.com.br 
 
 
1 
 
AUDITOR FISCAL DO TRABALHO (AFT) 
 
Prezados Alunos! 
 
Na aula de hoje estudaremos os principais aspectos 
pertinentes à responsabilização internacional por violação aos 
direitos humanos, seus mecanismos e sistemas. 
Assim, iremos rever com mais detalhes alguns pontos 
trabalhados nas aulas passadas, visto que esta aula é um 
aprofundamento daqueles pontos e em obediência ao disposto no 
Edital. Alteramos a ordem de alguns pontos para facilitar o 
entendimento. 
Vamos em frente! Futuro(a) Auditor(a) Fiscal do 
Trabalho! 
 
Bons estudos! 
Ricardo Gomes 
MINISTÉRIO DO TRABALHO E EMPREGO (MTE) 
DIREITOS HUMANOS – TEORIA E EXERCÍCIOS 
AUDITOR FISCAL DO TRABALHO 
AULA 9 
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2 
 
QUADRO SINÓPTICO DA AULA: 
 
• 26 Responsabilidade internacional em matéria de 
direitos humanos. (continuação da aula 8) 
• 27 Regra do esgotamento dos recursos internos na 
proteção dos direitos humanos. (tema a ser aprofundado 
na aula 10) 
• 25 Mecanismos de proteção contra as violações de 
direitos humanos. (continuação da aula 8) 
• 28 Mecanismo unilateral e mecanismo institucional ou 
coletivo. 
• 29 A proteção dos direitos humanos na ONU. 
• 29.1 Sistemas convencional e extraconvencional da 
ONU. 
• 32 Responsabilidade internacional dos estados por 
violações de direitos sociais, econômicos e culturais. 
(antecipação da aula 10) 
 
 
MINISTÉRIO DO TRABALHO E EMPREGO (MTE) 
DIREITOS HUMANOS – TEORIA E EXERCÍCIOS 
AUDITOR FISCAL DO TRABALHO 
AULA 9 
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3 
 
26 Responsabilidade internacional em matéria de 
direitos humanos. 
 
Existe um ditado comum ao meio jurídico que “diz” que todo 
direito pressupõe um dever (obrigação). Isto é, a correlação entre direitos e 
deveres (obrigações). O descumprimento de um dever por alguém gera 
consequências que chamamos de sanção. Essa relação entre um dever 
descumprido e a consequente sanção é chamada de responsabilização. 
As obrigações internacionais estão contidas nos acordos 
(tratados) celebrados pelos sujeitos de direito internacional público (Estados 
e Organizações Internacionais) e devem ser cumpridas com fundamento no 
princípio da força obrigatória dos acordos ou pactos (o princípio do pacta 
sunt servanda). 
O Estado que NÃO cumpre com suas obrigações internacionais 
em matéria de direitos humanos comete um ato ilícito. Isto significa que 
esse Estado pode vir a ser responsabilizado internacionalmente, podendo 
sofrer sanções e ser obrigado a reparar o dano eventualmente causado a 
indivíduos e a outros Estados. 
A responsabilidade internacional em matéria de direitos 
humanos é o instituto que permite ao Estado ou organização internacional 
que viole uma norma de direito internacional de direitos humanos e cause 
dano a seus cidadãos ou a outro ente estatal ou organismo internacional, 
de modo a arcar com as CONSEQUÊNCIAS do ato ou do fato, devendo 
reparar os prejuízos eventualmente causados. 
Os fundamentos da responsabilidade internacional são os 
seguintes: 
� Dever de cumprir as obrigações internacionais 
� Dever de não causar dano a outrem. 
Portanto, a responsabilidade recai sobre atos ou fatos 
internacionalmente ilícitos praticados por um Estado ou organização 
internacional. No entanto, para se responsabilizar o Estado no plano 
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4 
internacional é preciso que o autor de uma ação prove que a questão está 
submetida ao direito internacional. 
A questão de direitos humanos é matéria que transcende ao 
domínio reservado dos Estados, para ser assunto de interesse de toda 
comunidade internacional. 
Assim, os órgãos internacionais de direitos humanos, visando 
apurar as violações supostamente realizadas pelos Estados, aplicam as 
normas protetivas aos casos concretos, materializando essa 
responsabilização por meio de um processo internacional de direitos 
humanos. 
Para André de Carvalho Ramos: 
O processo internacional de direitos humanos consiste no 
conjunto de mecanismos internacionais que apura a 
violação de direitos humanos. Esse conjunto pode ser 
classificado de acordo com a origem (unilateral ou 
coletivos); natureza (político ou judiciário) e finalidades 
(emitindo recomendações ou deliberações vinculantes). 
Considerando os pontos que compõe o edital deste concurso de 
AFT, iremos enfocar nos mecanismos internacionais classificados de 
acordo com a origem, conforme a definição do professor André Ramos que 
parece ser a tendência da banca examinadora. 
Conclui-se, dessa maneira, que as formas principais de apuração 
da responsabilidade dos Estados pela violação às normas internacionais que 
deverão ser estudadas com cuidado pelo candidato são as seguintes: 
• forma unilateral; e 
• forma institucional ou coletiva. 
Iremos explicitar cada uma delas de maneira específica nos 
próximos tópicos desta aula. 
Todavia, apenas para efeito de curiosidade, iremos explicar 
neste tópico, brevemente, os outros mecanismos internacionais quanto a 
natureza e finalidades. 
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5 
Quanto à natureza, os mecanismos podem ser de dois tipos: 
� Político 
� Judiciário 
O mecanismo político é aquele que constata a existência de uma 
lesão (ou violação) de direitos humanos a partir de uma análise 
discricionária de natureza política por um Estado ou um grupo coletivo de 
Estados. 
O mecanismo judiciário é aquele que constata a existência de 
uma violação aos direitos humanos a partir de um procedimento no qual há 
o respeito às garantias do contraditório e da ampla defesa, bem como há a 
presença de julgadores imparciais. Ele é exercido por órgãos internacionais: 
• Órgãos quase judiciais (o caso dos comitês de vários 
tratados de direitos humanos, ex. CEDR, Comitê CEDAW, 
chamados de “treaty bodies”). 
• Órgãos judiciais propriamente ditos (os tribunais 
internacionais de direitos humanos, como a Corte Européia 
de Direitos Humanos e a Corte Interamericana de Direitos 
Humanos). 
Quanto às finalidades, os mecanismos, também, podem ser de 
dois tipos: 
� Recomendação 
� Decisão 
Os mecanismos de recomendação são aqueles que têm, como 
resultado, a emissão de um documento de natureza recomendatória e 
opinativa (com sugestões) ao Estado violador dos direitos humanos. Esses 
meios buscam o diálogo e defendem o apelo promocional visando influenciar 
as políticas nacionais. 
Os mecanismos de decisão são aqueles que emitem decisões 
vinculantes e obrigatórias, impondo um dever de cumprimento ao Estado 
violador dos direitos humanos. 
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6 
 
27 Regra do esgotamento dos recursos internos 
na proteção dos direitos humanos. (tema a ser aprofundado 
na aula 10) 
 
O esgotamento dos recursos internos é um requisito processual 
de admissibilidade para oacesso à jurisdição internacional. Esse mecanismo 
foi criado para ser aplicado aos litígios entre Estados e estrangeiros, a fim 
de evitar um conflito direto entre o Estado de origem do estrangeiro e o 
outro Estado. Os recursos internos referem-se tanto às vias administrativas 
quanto às vias judiciais. 
A regra do esgotamento prévio somente pode ser dispensado 
quando os recursos internos são: 
• inexistentes; 
• quando não são idôneos ou eficazes. 
Ele também tem sido aplicado no âmbito da responsabilidade 
internacional dos direitos humanos, principalmente em situações nas quais 
se verificam que os sistemas nacionais de direito interno, onde se aplicam 
os chamados “recursos internos” não são capazes de tutelar 
adequadamente os direitos humanos ou na prática simplesmente não 
existem. 
Considerando que pretendemos aprofundar esse tema, 
considerando o contexto dos sistemas regionais, iremos trabalhar esse 
assunto na próxima aula (aula 10). 
 
 
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25 Mecanismos de proteção contra as violações 
de direitos humanos (continuação da aula 8) 
 
Caro(a) aluno(a), 
Resolvemos colocar o item 25 do edital depois dos itens 26 e 27, 
pois o item 28 trata dos mecanismos unilateral e institucional ou coletivo e 
assim mantermos o raciocínio em uma sequência lógica. Por isso, não 
estranhe. Feito o aviso, vamos ao conteúdo da aula. 
 
Os direitos humanos pertencem à categoria normativa jus 
cogens, ou seja, são normas imperativas de direito internacional (de 
observância OBRIGATÓRIA pelos Estados e organizações internacionais). 
Logo, a sua violação constitui um ato ilícito internacional. 
O Estado possui uma dupla natureza no plano da proteção 
internacional de direitos humanos: ao mesmo tempo em que age como 
protetor de uma garantia coletiva, também é violador desses direitos, 
quando descumpre com uma obrigação internacional decorrente dos 
compromissos firmados nos tratados internacionais por ele assinados. 
Dupla natureza do papel dos Estados no âmbito dos direitos 
humanos: 
� Protetor de uma garantia coletiva 
� Violador desses direitos 
 
A violação de uma norma de direito internacional exige a 
responsabilização do Estado pelo seu ato. 
Considerando esse contexto, relembrando as lições citadas em 
item anterior desta aula (item 26), especialmente o conceito de processo 
internacional de direitos humanos, os mecanismos de proteção dos direitos 
humanos em face de violações a esses direitos podem ser classificados 
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8 
quanto a origem em duas categorias principais: 
� Mecanismo unilateral 
� Mecanismo coletivo ou institucional. 
O mecanismo unilateral é aquele pelo qual um Estado 
ofendido requer diretamente a reparação ao Estado ofensor, ou seja, aquele 
que agrediu o Estado lesado. Caso não receba essa reparação, o ofendido 
poderá aplicar sanções unilaterais. 
O mecanismo institucional ou coletivo é aquele que deriva 
de tratados internacionais, por meio da criação de órgãos compostos por 
pessoas independentes e imparciais, que após análise dos fatos e instrução 
procedimental, terminam por decidir sobre a responsabilidade internacional 
do Estado supostamente infrator. 
A aferição da responsabilidade internacional do Estado por 
violação dos direitos humanos deve ocorrer principalmente por meio de 
mecanismos coletivos que podem ser entendidos como o devido processo 
legal internacional, visto que é através dele que se identifica: 
• fato ilícito 
• relação causal entre a conduta imputável ao Estado e o 
resultado lesivo 
• determina-se o dever de reparação. 
A escolha do mecanismo coletivo de apuração da 
responsabilidade internacional do Estado pelo descumprimento das normas 
internacionais de direitos humanos remete a três importantes funções: 
• Verificação 
• Correção 
• Interpretação 
A função de verificação é a análise imparcial da compatibilidade 
da conduta praticada com aquela prevista em norma do Direito 
Internacional Público. 
A função de correção é aquela que busca com mais vigor o 
término da conduta ilícita e o conseqüente retorno do status quo ante 
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(situação estabilizada anteriormente). Se não for possível que tal 
restabelecimento ocorra na íntegra, admitem-se reparações, ex. a 
indenização em pecúnia. 
A função de interpretação é aquela em que os mecanismos 
judiciais e extrajudiciais de responsabilidade internacional estabelecem o 
correto alcance e sentido da norma internacional protetiva dos direitos 
humanos. 
Essa harmonização de entendimento interpretativo não seria 
possível, caso o mecanismo adotado fosse o unilateral, pois um único 
Estado não tem poder para consolidar entendimentos jurisprudenciais de 
caráter internacional, sendo esta tarefa uma atribuição dos órgão 
internacionais que compõem o mecanismo judicial. 
Vamos ver agora no próximo tópico mais detalhes sobre cada 
um desses mecanismos. 
 
 
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28 Mecanismo unilateral e mecanismo 
institucional ou coletivo. 
 
MECANISMO UNILATERAL: 
 
Conforme foi citado acima, o mecanismo unilateral é aquele 
pelo qual um Estado afirma ter sido ofendido em relação a uma obrigação 
internacional e requer diretamente a reparação pelo Estado supostamente 
ofensor. 
Caso não haja essa reparação de forma espontânea, o Estado 
ofendido poderá aplicar sanções unilaterais. O ofendido torna-se juiz e parte 
ao mesmo tempo, o que leva a essa forma de responsabilização 
internacional ser marcada negativamente pela: 
• Perda de objetividade 
• Perda da imparcialidade na aferição da conduta lesiva 
 
Deve ser destacado que o Estado supostamente violador 
também tem posição jurídica oposta e perfeitamente passível de defensa 
com fundamento no princípio da igualdade soberana entre os Estados. 
O Estado ofendido se comporta como um juiz em causa própria 
(judex in causa sua). 
 
O mecanismo unilateral é caracterizado principalmente pela 
PARCIALIDADE. 
 
O mecanismo unilateral não possui condições de admissibilidade 
e tampouco requisitos para julgamento como ocorre nos mecanismos 
coletivos. Nele o Estado é livre para impor as formas pelas quais ele analisa 
a responsabilidade internacional de outro Estado por violações de direitos 
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humanos. 
NÃO existem normas internacionais disciplinando os 
mecanismos unilaterais. Os Estados decidem de acordo com os seus 
interesses e vontades a forma como irá utilizar tal mecanismo, sendo, 
portanto, disciplinado pelo direito interno. 
A principal maneira como se operacionaliza os mecanismos 
unilaterais geralmente envolve o aproveitamento de um trabalho efetuado 
por órgãos internos de um país (Agências de inteligência, segurança ou 
espionagem, ministériosou departamentos de política externa, etc.) para 
avaliar a conduta de outros países e, após, exigir novas condutas de 
pretenso respeito a direitos humanos e, se não atendidos, impor sanções. 
Um dos Estados que mais utiliza essa forma de 
responsabilização é os Estados Unidos da América (ex. a produção de 
relatórios pelo Departamento de Estado dos EUA que avaliam a situação dos 
direitos humanos em diversos países do Mundo!). 
 
Apenas para efeitos de curiosidade: No caso dos EUA, a 
regulação das consequências desses relatórios produzidos pelo 
Departamento de Estado dos EUA é feita por uma norma de direito interno, 
o Foreign Assistance Act, de 1961, que estabelece ser o incentivo ao 
respeito pelos direitos humanos uma meta de política externa dos EUA e 
condicionante do fornecimento de assistência financeira e militar. 
 
Muitas vezes, os EUA busca burlar a natureza unilateral desses 
mecanismos por meio do processamento de demandas de violação dos 
direitos humanos perante os próprios tribunais internos da justiça norte-
americana (ex. o caso Filártiga vs. Peña-Irala, no qual dois cidadãos 
paraguaios foram partes como autor - vítima de tortura - e réu – o 
torturador - da ação que tramitou em um Tribunal Federal dos EUA). 
Ocorre que para o direito internacional, os órgãos do Poder 
Judiciário de um país não passam de meros órgãos do Estado, órgãos de 
direito interno, de maneira que isso não retira a condição de meio unilateral 
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da responsabilização. 
De acordo com André de Carvalho Ramos: 
(...) quer o ato que responsabilize o pretenso Estado 
infrator tenha sua origem em lei interna (ato do Poder 
Legislativo), decisão administrativa (ato do Poder 
Executivo) ou mesmo sentença judicial (ato do Poder 
Judiciário), continua tal ato sendo um ato unilateral de 
um Estado perante o Direito Internacional e será aqui 
analisado como tal. 
 
O mecanismo unilateral de avaliação da responsabilidade 
internacional do Estado se originou do fato de ser a sociedade internacional 
uma sociedade paritária e descentralizada na qual cada Estado aplica os 
comandos normativos internacionais. 
Outra característica do mecanismo unilateral é que sua 
utilização afeta efetivamente as relações bilaterais entre Estados. Assim, o 
fato internacionalmente ilícito cometido por um Estado gera novas relações 
jurídicas apenas com o Estado lesado. 
Essa bilateralidade nos efeitos do uso dos mecanismos 
unilaterais é chamada no linguajar da diplomacia internacional de bilateral-
minded system. 
Os mecanismos unilaterais são tolerados em virtude da 
necessidade de se preservar direitos violados de Estados, principalmente na 
ausência de mecanismos coletivos pelos quais o Estado violador seria 
obrigado a reparar o dano. 
Exemplo disso seria o caso de um Estado que violasse certo 
direito internacional reconhecido a crianças em seu território, atingindo 
inclusive crianças estrangeiras de outro Estado, e não fizesse parte do 
correspondente tratado internacional de direitos humanos que prevê 
mecanismos de responsabilização. Neste caso, poderia o Estado que teve as 
crianças atingidas por essa violação adotar sanções unilaterais. 
 
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Todavia, a evolução do instituto tem permitido que um Estado 
interviesse em defesa dos direitos humanos não somente quando atingir 
seus cidadãos, mas em qualquer hipótese, visto que esse Estado-terceiro 
não defende interesse próprio, mas de toda a comunidade internacional que 
é a maior interessada no respeito aos tratados internacionais de direitos 
humanos, dado a natureza universal de seus preceitos. 
Mas na prática internacional, o que ainda prevalece é a atuação 
motivada puramente em interesses próprios, de maneira que a aplicação de 
mecanismos unilaterais muitas vezes é encarada como uma espécie de 
neocolonialismo com o país “defensor dos direitos humanos” sendo acusado 
de agir de “polícia do mundo”, “xerife do mundo”. 
Alguns doutrinadores criticam que os mecanismos unilaterais 
não deveriam ser reconhecidos como idôneos, pois equivalem a "fazer 
justiça com as próprias mãos". É uma autêntica autotutela no âmbito 
internacional. 
Ademais, esses mecanismos podem levar a uma tensão 
diplomática que, se gerar uma “escalada de sanções”, ocasião indesejáveis 
efeitos contrários à paz mundial, ainda mais por envolver um tema delicado 
como é o caso dos diretos humanos. 
É por isso que tem surgido no plano internacional a necessidade 
de se valorizar cada vez os mecanismos coletivos ou institucionais de 
responsabilização internacional por violação a direitos humanos. 
De modo que, em se tratando de tratados internacionais de 
direitos humanos que prevejam mecanismos coletivos obrigatórios, caberia 
ao Estado-membro apenas acionar o Estado violador para que o último seja 
processado e obrigado a cumprir decisão internacional que fixará a 
reparação cabível. 
Há um instituto que merece uma atenção, visto que o CESPE já 
cobrou em outras oportunidades. Trata-se da actio popularis. De acordo 
com André de Carvalho Ramos: 
 
Por actio popularis ou actio publica entendo a 
possibilidade de qualquer Estado acionar determinado 
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14 
Estado infrator para a proteção de interesses 
considerados essenciais à comunidade internacional. 
 
Trata-se de uma nova concepção de actio popularis revista pela 
Corte Internacional de Justiça com o fim de promover uma maior 
efetividade às normas internacionais de direitos humanos e assim superar a 
adoção de medidas puramente unilaterais. 
 
 
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MECANISMO INSTITUCIONAL OU COLETIVO: 
 
Conforme foi citado acima, o mecanismo institucional ou 
coletivo é aquele que deriva de tratados internacionais, por meio da criação 
de órgãos compostos por pessoas independentes e imparciais, que após 
análise dos fatos e instrução procedimental, terminam por decidir sobre a 
responsabilidade internacional do Estado supostamente infrator. 
Os mecanismos institucionais ou coletivos buscam evitar: 
• Seletividade 
• Parcialidade 
 
Eles oferecem avaliar a violação de direitos humanos oferecendo 
um procedimento que garanta o respeito ao devido processo legal a(o): 
� Suposto Estado violador 
� Suposta vítima 
 
Mecanismo coletivo = mecanismo institucional 
 
O mecanismo coletivo de apuração de violação das normas 
internacionais de direitos humanos é uma atividade de verificação ou exame 
de conduta estatal, que será mensurada segundo os parâmetros 
estabelecidos em normas internacionais. 
Esse processo varia de acordo com cada órgão internacional de 
direitos humanos e o correspondente tratado internacional (ou ato de 
organismo internacional) que o constituiu. 
Existem três mecanismos coletivos ou institucionais: 
� Supervisão 
� Controle estrito senso 
� Tutela 
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16 
 
A supervisão consiste na atividade do órgão internacional que 
visa induzir os Estados a introduzir a garantia de determinado direito no 
ordenamento interno e a efetivar tal garantia. 
A supervisão constitui uma FORMA DE PRESSÃO sobre os 
Estados para a adoção ou modificação voluntária de condutas. 
A conclusão de um procedimento de supervisão desemboca na 
constatação de ilicitude internacional e na elaboração de uma recomendação 
não vinculante, fundamentada no direito de observação da conduta 
estatal em face dos direitos humanos. 
Um exemplo de supervisão são os relatórios apresentados em 
diversos comitês instituídos por tratados internacionais de direitos humanos. 
O controle em sentido estrito averigua possíveis violações e 
cobra dos Estados a reparação às vítimas. 
Discute-se se as deliberações tomadas no âmbito desse controle 
pelos órgãos internacionais teriam ou não força vinculante (matéria 
controvertida). 
O CESPE não possui um posicionamento claro, mas André de 
Carvalho Ramos entende que há costume internacional de obediência às 
decisões tomadas no âmbito do controle em sentido estrito, portanto, teria 
uma força vinculante. Todavia, tradicionalmente a doutrina entende que 
NÃO possui essa força vinculante. 
A dica que damos é de que se o examinador exigir alguma 
questão desse nível envolvendo o controle em sentido estrito e 
mencionar a expressão “COSTUME INTERNACIONAL” é um indício de que ele 
estaria optando pela linha de André Ramos, entendendo que as decisões 
produzidas nesse controle seriam vinculantes. 
De qualquer modo, em razão da natureza controversa, é pouco 
provável que haja uma cobrança desse nível. Isto seria tema para uma 
questão subjetiva no máximo. 
Um exemplo que caracteriza esse controle estrito senso é o 
processamento de petições individuais. 
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17 
 
A tutela consiste na existência de uma jurisdição internacional 
subsidiária e complementar, apta a atuar como verdadeiro juiz internacional 
imparcial e zelar pelo respeito aos direitos humanos. 
Exemplos que ilustram a tutela são os órgãos jurisdicionais 
constantes em sistemas regionais de direitos humanos, especialmente: 
� Corte Interamericana de Direitos Humanos 
� Corte Européia de Direitos Humanos 
 
Os procedimentos de supervisão, controle e tutela interagem de 
modo a constituir, no seu conjunto, um incipiente sistema interligado de 
julgamento internacional do Estado. 
Os mecanismos internacionais de apuração de violações de 
direitos humanos possuem uma natureza subsidiária. Assim, a princípio, 
devem os órgãos internos do próprios Estado violador punir o agente estatal 
interno pela prática de eventual ilícito aos direitos humanos. 
Caso essa medida inexista ou, então, seja inócua, poderá ser 
invocado o uso dos mecanismos internacionais de apuração de violações de 
direitos humanos. 
Atenção! Não confundir a unilateralidade com a 
subsidiariedade! 
Unilateralidade: órgãos internos de um Estado contra 
OUTRO Estado. 
Subsidiariedade: órgãos internos do Estado contra o 
PRÓPRIO Estado. 
 
Outro dado precisa ser relembrado são as funções dos 
mecanismos coletivos de apuração de violações aos direitos humanos. 
Existem três funções: 
� Verificação 
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18 
� Correção 
� Interpretação 
 
A essência das três funções pode ser sintetizada abaixo: 
Função de verificação: compatibilidade da conduta estatal com 
norma internacional. 
Função de correção: impedimento da prática conduta ilícita e 
restauração da situação estabilizada anteriormente. 
Função de interpretação: estabelecimento do correto alcance e 
sentido da norma internacional. 
 
Sugerimos que o candidato reveja o item 25 no qual são 
expostas essas funções. 
Todavia, é bom recordar que os mecanismos internacionais têm 
sua importância não apenas pelas suas funções de revisão e correção de 
condutas estatais atentatórias a direitos protegidos, mas especialmente pelo 
efeito preventivo e pela força interpretativa que tais decisões 
internacionais geram na consolidação e efetivação do conteúdo das normas 
de direitos humanos. 
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19 
29 A proteção dos direitos humanos na ONU. 
 
Os direitos humanos estiveram na base da criação da ONU e 
constituem um dos seus objetivos (cf. artigo 1º, nº 3 da Carta da ONU). A 
elaboração de instrumentos de direitos humanos e a promoção do gozo 
destes direitos foram, aliás, uma das primeiras tarefas que as Nações 
Unidas se dedicaram, desde a sua fundação. 
A própria Carta da ONU (também conhecida como “de São 
Francisco”) foi pioneira ao estabelecer que o Estado é obrigado a garantir 
direitos básicos a todos sob sua jurisdição, nacionais ou estrangeiros. 
Podemos observar no quadro abaixo a interação entre diferentes 
órgãos internacionais quando o assunto em questão é direitos humanos: 
 
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20 
Estudamos vários desses órgãos nas aulas anteriores (ACNUR, 
Conselho de Direitos Humanos, TPI, os Comitês constantes nos diversos 
Pactos e Convenções Internacionais – Treaty Bodies). 
Constatamos que alguns deles como o Tribunal Internacional de 
Justiça (TIJ), também conhecido como Corte Internacional de Justiça, não é 
um órgão de direitos humanos, mas um órgão judicial de natureza geral, 
pois lida com qualquer matéria do direito internacional público. 
Outra particularidade é o Tribunal Penal Internacional, 
organismo que não está diretamente ligado à estrutura administrativa da 
ONU, contudo, possui a natureza de organismo internacional criado pelo 
Estatuto de Roma (um tratado internacional) com a competência para 
cuidar de alguns crimes específicos e NÃO qualquer crime de repercussão 
internacional, mesmo que envolva organizações criminosas internacionais. 
O TPI é um órgão judicial de abrangência internacional, 
instituído pelo Estatuto de Roma, que, em vigor desde 
2002, responsabiliza criminalmente pessoas e não Estados 
em relação a quatro tipos de crimes: 
- Genocídios 
- Crimes de guerra 
- Crimes contra a humanidade 
- Crimes de agressão 
 
Enfim, observa-se que aulas anteriores estudamos esses órgãos 
de maneira pormenorizada. Assim, vamos agora nos ater a alguns aspectos 
dos mecanismos convencional e extraconvencional da ONU. 
No sistema das Nações Unidas, a responsabilização dos 
Estados em matéria de direitos humanos está dividida em duas formas: 
• convencional 
• extraconvencional 
Vamos ver cada um deles de forma detalhada. 
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21 
 
29.1 Sistemas convencional e extraconvencional 
da ONU. 
 
SISTEMA CONVENCIONAL DA ONU: 
 
O Sistema convencional da ONU se divide em três 
mecanismos:� não-contencioso 
� quase-judicial 
� judicial 
O mecanismo não-contencioso possui raízes em antigas técnicas 
e práticas de diplomacia internacional como os bons ofícios e a conciliação. 
No mecanismo não-contencioso contemporâneo, o principal instrumento é o 
do sistema de relatórios periódicos. Mas o principal não significa o 
único, pois existe também as observações gerais. 
No sistema de relatórios periódicos, os Estados se comprometem 
a enviar informes, nos quais devem constar, ou seja, relatar, as ações que 
realizaram para respeitar e garantir os direitos mencionados nesses 
tratados. 
Os informes são analisados por especialistas independentes 
pertencentes a um organismo internacional (normalmente um comitê), 
sendo que o princípio orientador desse sistema é o da cooperação 
internacional e busca de evolução na proteção aos direitos humanos. 
O sistema de relatórios além de ser um mecanismo convencional 
é também uma forma de supervisão, visto que ele é desenvolvido por 
organismos internacionais, logo, é um mecanismo coletivo ou institucional. 
A entrega de relatórios é obrigação internacional assumida em 
nove importantes tratados internacionais de direitos humanos (chamados no 
jargão diplomático de “big nine”). 
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Destes nove tratados, sete estão previstos explicitamente no 
edital do concurso para AFT. São eles: 
• Convenção internacional sobre eliminação de todas as 
formas de discriminação racial (1965) 
• Pacto internacional dos direitos civis e políticos (1966) 
• Pacto internacional dos direitos econômicos, sociais e 
culturais (1966) 
• Convenção internacional sobre eliminação de todas as 
formas de discriminação contra a mulher (1979) 
• Convenção internacional contra a tortura (1984) 
• Convenção internacional sobre os direitos da criança 
(1989) 
• Convenção internacional para a proteção dos 
trabalhadores migrantes e suas famílias (ainda NÃO 
recepcionada pelo brasil) 
Para efeitos de curiosidade, os dois tratados internacionais que 
também adotam esse sistema, inclusive prevendo comitês específicos, mas 
que não foram citados neste curso de Direitos Humanos por não estarem 
explicitamente previstos no edital de AFT, são os seguintes: 
• Convenção sobre os direitos das Pessoas com Deficiência 
(recepcionada no Brasil como Emenda à Constituição). 
• Convenção para proteção de todas as pessoas contra o 
desaparecimentos forçados (ainda NÃO recepcionada pelo 
brasil). 
Cada Convenção listada acima: 
� Estabeleceu um Comitê específico para supervisionar os 
relatórios periódicos (por isso esses órgãos são chamados 
de “treaty bodies”, ou seja, “órgãos de tratado”) 
� Indicou o órgão responsável pela análise dos informes e 
pelo posterior diálogo com o Estado. 
Os Comitês contam com o apoio administrativo do Alto 
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23 
Comissariado das Nações Unidas para os Direitos Humanos para 
desempenharem suas tarefas. 
A periodicidade da apresentação dos relatórios varia de acordo 
com cada tratado internacional: 
Tratado internacional Prazos do relatório 
Convenção internacional sobre eliminação de todas 
as formas de discriminação racial 
- 1 ano (apresentação 
do 1º relatório) 
- 2 anos (após o 1º) 
ou sempre que o 
Comitê solicitar. 
Pacto internacional dos direitos civis e políticos - 1 ano (apresentação 
do 1º relatório) 
- sempre que o Comitê 
solicitar (após o 1º) 
Pacto dos direitos econômicos, sociais e culturais - A ser definido pelo 
ECOSOC1 da ONU. 
Convenção internacional sobre eliminação de todas 
as formas de discriminação contra a mulher 
- 1 ano (apresentação 
do 1º relatório) 
- 4 anos (após o 1º) 
ou sempre que o 
Comitê solicitar. 
Convenção internacional contra a tortura - 1 ano (apresentação 
do 1º relatório) 
- 4 anos (após o 1º). 
Convenção sobre os direitos da criança - 2 anos (apresentação 
do 1º relatório) 
- 5 anos (após o 1º). 
Convenção internacional para a proteção dos 
trabalhadores migrantes e suas famílias 
- 1 ano (apresentação 
do 1º relatório) 
- 5 anos (após o 1º) 
ou sempre que o 
Comitê solicitar. 
 
1 Conselho Econômico e Social da ONU. 
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24 
 
As recomendações emitidas pelos Comitês relacionadas aos 
relatórios periódicos e às observações gerais NÃO possuem força vinculante. 
As principais críticas ao sistema de relatórios são: 
• Pouca flexibilidade para combater situações de emergência 
de violações de direitos humanos 
• Concentração das informações nas mãos do Estado 
• Diversidade de Comitês produz práticas díspares e uma 
sobrecarga de trabalho nos Estados, quando não há 
redundâncias nos relatórios enviados. 
• Nada impede recomendações contraditórias emitidas pelos 
diferentes Comitês. 
• Porém, a PRINCIPAL de todas é: a ausência de um sistema 
mais efetivo de responsabilização internacional do Estado. 
 
No mecanismo QUASE-JUDICIAL refere-se aos meios, instituídos 
no seio das convenções internacionais da ONU, que permitem a 
responsabilidade internacional dos Estados em caso de constatação de 
violação aos direitos humanos. 
Esses mecanismos são geridos por comitês que, por não serem 
órgãos judiciais propriamente ditos, manifestam-se por meio de 
recomendações. 
Existem dois tipos de mecanismos quase-judiciais: 
� Comunicações interestatais (petições de Estados) 
� Petições individuais (de particulares) 
 
As comunicações interestatais são petições formuladas por um 
Estado contra outro Estado denunciando-o por uma conduta violadora de 
norma internacional de proteção dos direitos humanos. 
 
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25 
Os tratados internacionais que preveem esse mecanismo: 
• Convenção internacional sobre eliminação de todas as 
formas de discriminação racial (Adesão obrigatória) 
• Pacto internacional dos direitos civis e políticos (adesão 
facultativa) 
• Convenção internacional contra a tortura (adesão 
facultativa) 
• Convenção para proteção de trabalhadores migrantes e 
suas famílias (adesão facultativa) 
Dos tratados mencionados acima, apenas um previa a aplicação 
desse mecanismo de forma obrigatória a todas as partes que assinam o 
tratado (Convenção sobre discriminação racial), enquanto que nos demais 
tratados o direito à petição é uma cláusula facultativa que o Estado-Parte do 
tratado pode decidir se irá se submeter ou não à referida norma. 
As petições individuais são petições formuladas por particulares 
(cidadãos atuando de forma individual ou coletiva) que denunciam um 
Estado alegando que o mesmo pratica uma conduta violadora de norma 
internacional de proteção dos direitos humanos. 
Os tratados internacionais que preveem esse mecanismo: 
• Convenção sobre discriminação racial (adesão facultativa) 
• Pacto dos direitos civis e políticos (Protocolo de adesão 
facultativa) 
• Pacto dos direitos econômicos, sociais e culturais 
(Protocolo de adesão facultativa) 
• Convenção sobre discriminaçãocontra a mulher (Protocolo 
de adesão facultativa) 
• Convenção contra a tortura (adesão facultativa) 
• Convenção sobre os direitos da criança (Protocolo de 
adesão facultativa) 
• Convenção para proteção de trabalhadores migrantes e 
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26 
suas famílias (adesão facultativa) 
Assim, não bastava o Estado ser parte do tratado para que uma 
vítima de violação de qualquer direito humano por esse Estado pudesse 
efetuar uma denúncia contra o mesmo, pois o Estado necessitaria consentir 
em ser submetido ao referido sistema de petições individuais. 
No mecanismo JUDICIAL de plano universal temos o Tribunal 
Internacional de Justiça (TIJ), também conhecida como Corte Internacional 
de Justiça (CIJ) que apesar de não ser um órgão exclusivamente de direitos 
humanos, pois ele detém uma abrangência que engloba todo o Direito 
Internacional Público, ainda assim possui um papel restrito em termos de 
responsabilização do Estado como violador de direitos humanos, em razão 
de dois limitadores de ordem processual: 
• Jus standi 
• Caráter facultativo da jurisdição da CIJ 
O jus standi se refere à legitimidade ativa e passiva nos 
processos submetidos à CIJ, os quais somente podem ser exercidos por 
Estados. 
A submissão à jurisdição da CIJ é de caráter facultativo, ou seja, 
é preciso que o Estado se manifeste pela adesão à citada jurisdição pela 
Corte Internacional de Justiça. 
Ainda assim, é preciso que, antes de iniciar o processamento 
judicial em questão, sejam efetuadas tentativas de conciliação e da 
arbitragem, sendo o recurso à CIJ uma medida subsidiária e ultima ratio, ou 
seja, a última medida a ser tomada para resolver o problema. 
 
Uma dica: o aluno deverá observar os dispositivos contidos nos 
tratados internacionais que constam no final das aulas 7 e 8 deste curso. 
Neles há diversos detalhes relacionados ao funcionamento dos mecanismos 
convencionais. 
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27 
 
SISTEMA EXTRACONVENCIONAL DA ONU: 
 
Esse sistema é composto por procedimentos especiais 
perante os órgãos das Nações Unidas, com base no dever de cooperação 
dos Estados, estabelecido no art. 55, letra “c”, da Carta das Nações Unidas 
que possui o seguinte teor: 
 Artigo 55º 
Com o fim de criar condições de estabilidade e bem-
estar, necessárias às relações pacíficas e amistosas entre 
as Nações, baseadas no respeito do princípio da 
igualdade de direitos e da autodeterminação dos povos, 
as Nações Unidas promoverão: 
a. A elevação dos níveis de vida, o pleno emprego e 
condições de progresso e desenvolvimento econômico e 
social; 
b. A solução dos problemas internacionais econômicos, 
sociais, de saúde e conexos, bem como a cooperação 
internacional, de caráter cultural e educacional; 
c. O respeito universal e efetivo dos direitos do 
homem e das liberdades fundamentais para todos, 
sem distinção de raça, sexo, língua ou religião. 
 
O nome extraconvencional deriva do fato desse instrumento 
não se originar de uma convenção internacional específica (ex. Convenção 
internacional sobre a discriminação racial, discriminação da mulher, tortura, 
etc.), mas do documento fundador do sistema ONU. 
O Conselho de Direitos Humanos (assumindo a tarefa 
anteriormente atribuída à Comissão de Direitos Humanos), órgão que 
recebe petições individuais referentes à violação de direitos humanos, 
com base em certos requisitos previstos nos Procedimentos especiais 1235 
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28 
e 1503. 
O Conselho de Direitos Humanos prevê um procedimento 
específico para apuração de violações aos direitos humanos chamado de 
mecanismo de Revisão Periódica Universal (RPU). 
O RPU é aplicado da seguinte forma: 
• Um Estado apresenta um relatório nacional sobre a 
situação geral de direitos humanos em seu território. 
• Esse Estado tem a sua situação de direitos humanos 
submetida à avaliação dos demais membros do Conselho 
de Direitos Humanos (e também qualquer Estado 
interessado). 
• Esse processo é relatado por três outros Estados (troika). 
• Relatório final (outcome report) feito pela troika é 
submetido à aprovação pelo plenário (colegiados de 
membros integrantes) do Conselho de Direitos Humanos. 
O mecanismo de Revisão Periódica Universal foi criado para 
substituir outros procedimentos especiais com o mesmo fim como o 
Procedimento 1235 (oriundo de membros da antiga Comissão de Direitos 
Humanos) e o Procedimento 1503 (oriundo de particulares). 
Sucede que como não foram revogados os citados 
procedimentos especiais (o 1235 e o 1503) eles continuam em vigor 
paralelamente ao mecanismo de RPU. 
O RPU se encontra disciplinado pela Resolução 5/1, de 18 de 
junho de 2007, do Conselho de Direitos Humanos da ONU. 
De acordo com a Carta da ONU, o Conselho de Segurança não 
possuiria um papel ativo na proteção dos direitos humanos, sendo esse 
papel relegado ao Conselho Econômico e Social, à Assembléia Geral e ao 
extinto Conselho de Tutela. 
Na atualidade, porém, o Conselho de Segurança vem 
desempenhado algumas funções nessa matéria ao editar várias resoluções 
em face de situações de direitos humanos, considerando-as como ameaças 
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29 
à paz, nos termos do art. 39 da Carta das Nações Unidas. 
Além dessas resoluções, existem duas medidas adotadas pelo 
Conselho de Segurança, supostamente para proteger os direitos humanos, 
que ainda são consideradas polêmicas: 
• Criação de tribunais internacionais penais ad hoc 
• Criação de “listas sujas” de pessoas e entes de apoio ao 
terrorismo internacional. 
 
O principal questionamento a essas medidas estaria no fato de 
elas constituírem eventuais abusos por parte desse órgão da ONU. 
 
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30 
 
EXERCÍCIOS COMENTADOS 
 
QUESTÃO 156 (DPE/MA- CESPE – Defensor Público - 2011): Julgue o 
item a seguir, Julgue o(s) item(ns) que se segue(m), referente(s) ao direito 
internacional dos direitos humanos, marcando C (certo) ou E (errado): 
A Carta de São Francisco é pioneira ao estabelecer que o Estado é obrigado 
a garantir direitos básicos a todos sob sua jurisdição, nacionais ou 
estrangeiros. 
 
COMENTÁRIOS: 
Os direitos humanos estiveram na base da criação da ONU e 
constituem um dos seus objetivos (cf. artigo 1º, nº 3 da Carta da ONU). A 
elaboração de instrumentos de direitos humanos e a promoção do gozo 
destes direitos foram, aliás, uma das primeiras tarefas que as Nações 
Unidas se dedicaram, desde a sua fundação. 
A própria Carta da ONU (também conhecida como “de São Francisco”) foi 
pioneira ao estabelecer que o Estado é obrigado a garantir direitos básicos a 
todos sob sua jurisdição, nacionais ou estrangeiros. 
 
RESPOSTA CERTA: C 
 
QUESTÃO 157 (DPE/MA- CESPE – Defensor Público - 2011): Julgue o 
item a seguir, referenteao direito internacional dos direitos humanos, 
marcando C (certo) ou E (errado): 
O Tribunal Penal Internacional visa reprimir a conduta de qualquer pessoa 
que, conhecendo a finalidade e a atividade criminosa geral de um grupo 
criminoso organizado ou a sua intenção de cometer infrações, dele participe 
ativamente. 
 
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31 
COMENTÁRIOS: 
Outra particularidade é o Tribunal Penal Internacional, 
organismo que não está diretamente ligado à estrutura administrativa da 
ONU, contudo, possui a natureza de organismo internacional criado pelo 
Estatuto de Roma (um tratado internacional) com a competência para 
cuidar de alguns crimes específicos e NÃO qualquer crime de repercussão 
internacional, mesmo que envolva organizações criminosas internacionais. 
O TPI é um órgão judicial de abrangência internacional, 
instituído pelo Estatuto de Roma, que, em vigor desde 
2002, responsabiliza criminalmente pessoas e não Estados 
em relação a quatro tipos de crimes: 
- Genocídios 
- Crimes de guerra 
- Crimes contra a humanidade 
- Crimes de agressão 
 
RESPOSTA CERTA: E 
 
QUESTÃO 158 (MTE/AFT - Ponto dos Concursos - Ricardo Gomes): 
Sobre os mecanismos unilaterais e coletivos de apuração das violações aos 
direitos humanos, Assinale a afirmativa não representa uma das funções 
dos mecanismos coletivos. 
a) supervisão 
b) interpretação 
c) verificação 
d) correção 
 
COMENTÁRIOS: 
Por exclusão, a resposta correta é a letra “a”. 
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32 
A escolha do mecanismo coletivo de apuração da 
responsabilidade internacional do Estado pelo descumprimento das normas 
internacionais de direitos humanos remete a três importantes funções: 
• Verificação 
• Correção 
• Interpretação 
A função de verificação é a análise imparcial da compatibilidade 
da conduta praticada com aquela prevista em norma do Direito 
Internacional Público. 
A função de correção é aquela que busca com mais vigor o 
término da conduta ilícita e o conseqüente retorno do status quo ante 
(situação estabilizada anteriormente). Se não for possível que tal 
restabelecimento ocorra na íntegra, admitem-se reparações, ex. a 
indenização em pecúnia. 
A função de interpretação é aquela em que os mecanismos 
judiciais e extrajudiciais de responsabilidade internacional estabelecem o 
correto alcance e sentido da norma internacional protetiva dos direitos 
humanos. 
Essa harmonização de entendimento interpretativo não seria 
possível, caso o mecanismo adotado fosse o unilateral, pois um único 
Estado não tem poder para consolidar entendimentos jurisprudenciais de 
caráter internacional, sendo esta tarefa uma atribuição dos órgão 
internacionais que compõem o mecanismo judicial. 
A supervisão é um mecanismo coletivo em si mesmo e não uma 
função dos mecanismos coletivos. 
 
RESPOSTA CERTA: A 
 
QUESTÃO 159 (MTE/AFT - Ponto dos Concursos - Ricardo Gomes): 
Julgue o item a seguir, marcando C (certo) ou E (errado). 
O esgotamento dos recursos internos é um requisito processual de 
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33 
admissibilidade para o acesso à jurisdição internacional que é indispensável 
sob qualquer hipótese. 
 
COMENTÁRIOS: 
Apesar de que somente na próxima aula iremos aprofundar o 
estudo do esgotamento dos recursos internos, é bom já começarmos a nos 
familiarizarmos com o tema. 
O esgotamento dos recursos internos é um requisito processual 
de admissibilidade para o acesso à jurisdição internacional. Esse mecanismo 
foi criado para ser aplicado aos litígios entre Estados e estrangeiros, a fim 
de evitar um conflito direto entre o Estado de origem do estrangeiro e o 
outro Estado. Os recursos internos referem-se tanto às vias administrativas 
quanto às vias judiciais. 
A regra do esgotamento prévio somente pode ser dispensado 
quando os recursos internos são: 
• inexistentes; 
• quando não são idôneos ou eficazes. 
O erro da questão está justamente no final do período que 
menciona a indispensabilidade “sob qualquer hipótese”. 
 
RESPOSTA CERTA: E 
 
QUESTÃO 160 (MTE/AFT - Ponto dos Concursos - Ricardo Gomes): 
“Os Estados Unidos da América, por meio de um órgão interno 
seu, emite um relatório denunciando a República Árabe do Egito 
por violação a direitos humanos e decide pela suspensão da ajuda 
financeira ao referido Estado.” 
Julgue o item a seguir, baseado no caso hipotético acima citado, marcando 
C (certo) ou E (errado). 
 
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34 
Os Estados Unidos da América adotou um mecanismo institucional de 
apuração de violação de direitos humanos, aplicando a sanção 
correspondente com aquele mecanismo. 
 
COMENTÁRIOS: 
A questão está falsa, pois mecanismo institucional é um 
mecanismo coletivo e não unilateral! 
A principal maneira como se operacionaliza os MECANISMOS 
UNILATERAIS geralmente envolve o aproveitamento de um trabalho 
efetuado por órgãos internos de um país (Agências de inteligência, 
segurança ou espionagem, ministérios ou departamentos de política 
externa, etc.) para avaliar a conduta de outros países e, após, exigir novas 
condutas de pretenso respeito a direitos humanos e, se não atendidos, 
impor sanções. 
Um dos Estados que mais utiliza essa forma de 
responsabilização é os Estados Unidos da América (ex. a produção de 
relatórios pelo Departamento de Estado dos EUA que avaliam a situação dos 
direitos humanos em diversos países do Mundo!). 
Apenas para efeitos de curiosidade: No caso dos EUA, a 
regulação das consequências desses relatórios produzidos pelo 
Departamento de Estado dos EUA é feita por uma norma de direito interno, 
o Foreign Assistance Act, de 1961, que estabelece ser o incentivo ao 
respeito pelos direitos humanos uma meta de política externa dos EUA e 
condicionante do fornecimento de assistência financeira e militar. 
De acordo com André de Carvalho Ramos: 
(...) quer o ato que responsabilize o pretenso Estado 
infrator tenha sua origem em lei interna (ato do Poder 
Legislativo), decisão administrativa (ato do Poder 
Executivo) ou mesmo sentença judicial (ato do Poder 
Judiciário), continua tal ato sendo um ato unilateral de 
um Estado perante o Direito Internacional e será aqui 
analisado como tal. 
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35 
 
RESPOSTA CERTA: E 
 
QUESTÃO 161 (MTE/AFT - Ponto dos Concursos - Ricardo Gomes): 
“Os Estados Unidos da América, por meio de um órgão interno 
seu, emite um relatório denunciando a República Árabe do Egito 
por violação a direitos humanos e decide pela suspensão da ajuda 
financeira ao referido Estado.” 
Julgue o item a seguir, baseado no caso hipotético acima citado, marcando 
C (certo) ou E (errado). 
 
Um Estado pode utilizar mecanismos unilaterais alegando estar protegendo 
o interesse da comunidade internacionalem ter os tratados internacionais 
de direitos humanos sendo respeitados. 
 
COMENTÁRIOS: 
Os fundamentos da responsabilidade internacional são os 
seguintes: 
� Dever de cumprir as obrigações internacionais 
� Dever de não causar dano a outrem. 
A questão de direitos humanos é matéria que transcende ao 
domínio reservado dos Estados, para ser assunto de interesse de toda 
comunidade internacional. 
Os mecanismos unilaterais são tolerados em virtude da 
necessidade de se preservar direitos violados de Estados, principalmente na 
ausência de mecanismos coletivos pelos quais o Estado violador seria 
obrigado a reparar o dano. 
 
Exemplo disso seria o caso de um Estado que violasse certo 
direito internacional reconhecido a crianças em seu território, atingindo 
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inclusive crianças estrangeiras de outro Estado, e não fizesse parte do 
correspondente tratado internacional de direitos humanos que prevê 
mecanismos de responsabilização. Neste caso, poderia o Estado que teve as 
crianças atingidas por essa violação adotar sanções unilaterais. 
 
Todavia, a evolução do instituto tem permitido que um Estado 
interviesse em defesa dos direitos humanos não somente quando atingir 
seus cidadãos, mas em qualquer hipótese, visto que esse Estado-terceiro 
não defende interesse próprio, mas de toda a comunidade internacional que 
é a maior interessada no respeito aos tratados internacionais de direitos 
humanos, dado a natureza universal de seus preceitos. 
 
RESPOSTA CERTA: C 
 
QUESTÃO 162 (DPE/MA- CESPE – Defensor Público – 2011 - 
Adaptada): Julgue o item a seguir, Julgue o(s) item(ns) que se segue(m), 
referente(s) ao direito internacional dos direitos humanos, marcando C 
(certo) ou E (errado): 
A Convenção Internacional sobre a Proteção dos Direitos de Todos os 
Trabalhadores Migrantes e dos Membros das suas Famílias estabelece um 
sistema de petições, obrigatório a todos os Estados, que podem ser 
encaminhadas ao respectivo comitê por indivíduos cujos direitos referidos 
no documento tenham sido violados. 
 
COMENTÁRIOS: 
As petições individuais são petições formuladas por particulares 
(cidadãos atuando de forma individual ou coletiva) que denunciam um 
Estado alegando que o mesmo pratica uma conduta violadora de norma 
internacional de proteção dos direitos humanos. 
Os tratados internacionais que preveem esse mecanismo: 
• Convenção sobre discriminação racial (adesão facultativa) 
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37 
• Pacto dos direitos civis e políticos (Protocolo de adesão 
facultativa) 
• Pacto dos direitos econômicos, sociais e culturais 
(Protocolo de adesão facultativa) 
• Convenção sobre discriminação contra a mulher (Protocolo 
de adesão facultativa) 
• Convenção contra a tortura (adesão facultativa) 
• Convenção sobre os direitos da criança (Protocolo de 
adesão facultativa) 
• Convenção para proteção de trabalhadores 
migrantes e suas famílias (adesão facultativa) 
Assim, não bastava o Estado ser parte do tratado para que uma 
vítima de violação de qualquer direito humano por esse Estado pudesse 
efetuar uma denúncia contra o mesmo, pois o Estado necessitaria consentir 
em ser submetido ao referido sistema de petições individuais. 
Por fim, está previsto no texto da Convenção (mencionado na 
aula passada): 
ARTIGO 77 
Qualquer Estado Parte na presente Convenção poderá, a 
qualquer momento, declarar, nos termos do presente 
artigo, que reconhece a competência do Comitê para 
receber e examinar comunicações apresentadas por 
pessoas sujeitas à sua jurisdição ou em seu nome, 
alegando a violação por esse Estado Parte dos seus 
direitos individuais, conforme estabelecidos pela presente 
Convenção. O Comitê não receberá nenhuma 
comunicação relativa a um Estado Parte que não tiver 
apresentado a referida declaração. 
2. O Comitê declarará inadmissível uma comunicação 
apresentada nos termos do presente artigo que seja 
anônima ou julgada abusiva ou incompatível com as 
disposições da presente Convenção. 
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38 
3. O Comitê não examinará nenhuma comunicação 
submetida por uma pessoa, nos termos do presente 
artigo, até verificar se: 
a) A mesma questão já não foi ou não tenha sido 
submetida a outra instância internacional de inquérito ou 
de decisão; 
b) O interessado já esgotou os recursos internos 
disponíveis; essa regra não se aplicará quando, na 
opinião do Comitê, os procedimentos de recurso 
ultrapassam os prazos razoáveis ou se é pouco provável 
que as vias de recurso satisfaçam efetivamente o 
interessado. 
 
RESPOSTA CERTA: E 
 
QUESTÃO 163 (DPE/MA- CESPE – Defensor Público – 2011 - 
Adaptada): Julgue o item a seguir, Julgue o(s) item(ns) que se segue(m), 
referente(s) ao direito internacional dos direitos humanos, marcando C 
(certo) ou E (errado): 
A Convenção sobre a Eliminação de Todas as Formas de Discriminação 
contra a Mulher estabelece, em seu Protocolo facultativo, um sistema de 
petições, que podem ser encaminhadas ao respectivo comitê por indivíduos 
cujos direitos referidos no documento tenham sido violados. 
 
COMENTÁRIOS: 
As petições individuais são petições formuladas por particulares 
(cidadãos atuando de forma individual ou coletiva) que denunciam um 
Estado alegando que o mesmo pratica uma conduta violadora de norma 
internacional de proteção dos direitos humanos. 
Os tratados internacionais que preveem esse mecanismo: 
• Convenção sobre discriminação racial (adesão facultativa) 
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39 
• Pacto dos direitos civis e políticos (Protocolo de adesão 
facultativa) 
• Pacto dos direitos econômicos, sociais e culturais 
(Protocolo de adesão facultativa) 
• Convenção sobre discriminação contra a mulher 
(Protocolo de adesão facultativa) 
• Convenção contra a tortura (adesão facultativa) 
• Convenção sobre os direitos da criança (Protocolo de 
adesão facultativa) 
• Convenção para proteção de trabalhadores migrantes e 
suas famílias (adesão facultativa) 
Assim, não bastava o Estado ser parte do tratado para que uma 
vítima de violação de qualquer direito humano por esse Estado pudesse 
efetuar uma denúncia contra o mesmo, pois o Estado necessitaria consentir 
em ser submetido ao referido sistema de petições individuais. 
 
RESPOSTA CERTA: C 
 
QUESTÃO 164 (DPE/MA- CESPE – Defensor Público – 2011 - 
Adaptada): Julgue o item a seguir, Julgue o(s) item(ns) que se segue(m), 
referente(s) ao direito internacional dos direitos humanos, marcando C 
(certo) ou E (errado): 
A Convenção sobre a Eliminação de Todas as Formas de Discriminação 
contra a Mulher estabelece, em seu Protocolo facultativo, um sistema de 
comunicação interestatais, que podem ser encaminhadas ao respectivo 
comitê por indivíduos cujos direitos referidos no documento tenham sido 
violados. 
 
COMENTÁRIOS: 
As comunicações interestatais são petições formuladas por um 
Estado contra outro Estado denunciando-o por uma conduta violadora de 
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40 
norma internacional de proteção dos direitos humanos. 
Os tratados internacionais que preveem esse mecanismo: 
• Convenção internacional sobre eliminação de todas as 
formas de discriminação racial (Adesão obrigatória) 
• Pacto internacional dos direitos civis e políticos (adesão 
facultativa) 
• Convenção internacional contra a tortura (adesão 
facultativa) 
• Convenção para proteção de trabalhadores migrantes e 
suas famílias (adesão facultativa) 
Dos tratados mencionados acima, apenas um previa a aplicação 
desse mecanismo de forma obrigatória a todas as partes que assinam o 
tratado (Convenção sobre discriminação racial), enquanto que nos demais 
tratados o direito à petição é uma cláusula facultativa que o Estado-Parte do 
tratado pode decidir se irá se submeter ou não à referida norma. 
A Convenção contra a discriminação da mulher não prevê esse 
mecanismo. 
 
RESPOSTA CERTA: E 
 
QUESTÃO 165 (MTE/AFT - Ponto dos Concursos - Ricardo Gomes): 
Sobre os mecanismos unilaterais e coletivos de apuração das violações aos 
direitos humanos, considere as alternativas a seguir: 
I- A supervisão é uma forma de pressão. 
II- O mecanismo unilateral pode ser disciplinado por normas de direito 
interno. 
III- Uma das características do mecanismo unilateral é que sua utilização 
afeta efetivamente as relações bilaterais entre Estados. 
Assinale a afirmativa correta: 
a) são corretas apenas I e III 
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41 
b) são corretas apenas I e II 
c) todas são corretas 
d) apenas a I é correta 
 
COMENTÁRIOS: 
Sobre o item I, a supervisão consiste na atividade do órgão 
internacional que visa induzir os Estados a introduzir a garantia de 
determinado direito no ordenamento interno e a efetivar tal garantia. 
A supervisão constitui uma FORMA DE PRESSÃO sobre os 
Estados para a adoção ou modificação voluntária de condutas. Um exemplo 
de supervisão são os relatórios apresentados em diversos comitês 
instituídos por tratados internacionais de direitos humanos. 
Sobre o item II, NÃO existem normas internacionais 
disciplinando os mecanismos unilaterais. Os Estados decidem de acordo com 
os seus interesses e vontades a forma como irá utilizar tal mecanismo, 
sendo, portanto, disciplinado pelo direito interno. 
Sobre o item III, de fato, uma das características do mecanismo 
unilateral é que sua utilização afeta efetivamente as relações bilaterais entre 
Estados. Assim, o fato internacionalmente ilícito cometido por um Estado 
gera novas relações jurídicas apenas com o Estado lesado. Essa 
bilateralidade nos efeitos do uso dos mecanismos unilaterais é chamada no 
linguajar da diplomacia internacional de bilateral-minded system. 
Logo, todas estão corretas. 
 
RESPOSTA CERTA: C 
 
QUESTÃO 166 (MTE/AFT - Ponto dos Concursos - Ricardo Gomes): 
Julgue o item a seguir, referentes aos mecanismos unilaterais e coletivos de 
apuração das violações aos direitos humanos, marcando C (certo) ou E 
(errado): 
A supervisão é o mecanismo institucional que visa induzir os Estados a 
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42 
introduzir a garantia de determinado direito no ordenamento interno e a 
efetivar tal garantia, tendo natureza não-vinculante. 
 
COMENTÁRIOS: 
De fato, existem três mecanismos coletivos ou institucionais: 
� Supervisão 
� Controle estrito senso 
� Tutela 
 
Especialmente em relação à supervisão, ela consiste na 
atividade do órgão internacional que visa induzir os Estados a introduzir a 
garantia de determinado direito no ordenamento interno e a efetivar tal 
garantia. 
A supervisão constitui uma FORMA DE PRESSÃO sobre os 
Estados para a adoção ou modificação voluntária de condutas. 
A conclusão de um procedimento de supervisão desemboca na 
constatação de ilicitude internacional e na elaboração de uma recomendação 
não vinculante, fundamentada no direito de observação da conduta 
estatal em face dos direitos humanos. 
Um exemplo de supervisão são os relatórios apresentados em 
diversos comitês instituídos por tratados internacionais de direitos humanos. 
 
RESPOSTA CERTA: C 
 
 
QUESTÃO 167 (MTE/AFT - Ponto dos Concursos - Ricardo Gomes): 
Julgue o item a seguir, referentes aos mecanismos convencionais e 
extraconvencionais da ONU, marcando C (certo) ou E (errado): 
A Corte Internacional de Justiça possui um papel restrito em termos de 
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43 
responsabilização do Estado como violador de direitos humanos. 
 
COMENTÁRIOS: 
No mecanismo JUDICIAL de plano universal temos o Tribunal 
Internacional de Justiça (TIJ), também conhecida como Corte Internacional 
de Justiça (CIJ) que apesar de não ser um órgão exclusivamente de direitos 
humanos, pois ele detém uma abrangência que engloba todo o Direito 
Internacional Público, ainda assim possui um papel restrito em termos de 
responsabilização do Estado como violador de direitos humanos, em razão 
de dois limitadores de ordem processual: 
• Jus standi 
• Caráter facultativo da jurisdição da CIJ 
O jus standi se refere à legitimidade ativa e passiva nos 
processos submetidos à CIJ, os quais somente podem ser exercidos por 
Estados. 
A submissão à jurisdição da CIJ é de caráter facultativo, ou seja, 
é preciso que o Estado se manifeste pela adesão à citada jurisdição pela 
Corte Internacional de Justiça. 
Ainda assim, é preciso que, antes de iniciar o processamento 
judicial em questão, sejam efetuadas tentativas de conciliação e da 
arbitragem, sendo o recurso à CIJ uma medida subsidiária e ultima ratio, ou 
seja, a última medida a ser tomada para resolver o problema. 
 
RESPOSTA CERTA: C 
 
QUESTÃO 168 (MTE/AFT - Ponto dos Concursos - Ricardo Gomes): 
Julgue o item a seguir, referentes aos mecanismos convencionais e 
extraconvencionais da ONU, marcando C (certo) ou E (errado): 
Entre os mecanismos convencionais da ONU, há o mecanismo judicial, que 
tem no Tribunal Penal Internacional o principal órgão de implementação 
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44 
desse mecanismo. 
 
COMENTÁRIOS: 
Como foi mencionado na questão anterior, no mecanismo 
JUDICIAL de plano universal temos o Tribunal Internacional de Justiça (TIJ), 
também conhecida como Corte Internacional de Justiça (CIJ) que apesar de 
não ser um órgão exclusivamente de direitos humanos, pois ele detém uma 
abrangência que engloba todo o Direito Internacional Público, ainda assim 
possui um papel restrito em termos de responsabilização do Estado como 
violador de direitos humanos, em razão de dois limitadores de ordem 
processual: 
• Jus standi 
• Caráter facultativo da jurisdição da CIJ 
O jus standi se refere à legitimidade ativa e passiva nos 
processos submetidos à CIJ, os quais somente podem ser exercidos por 
Estados. 
A submissão à jurisdição da CIJ é decaráter facultativo, ou seja, 
é preciso que o Estado se manifeste pela adesão à citada jurisdição pela 
Corte Internacional de Justiça. 
Ainda assim, é preciso que, antes de iniciar o processamento 
judicial em questão, sejam efetuadas tentativas de conciliação e da 
arbitragem, sendo o recurso à CIJ uma medida subsidiária e ultima ratio, ou 
seja, a última medida a ser tomada para resolver o problema. 
 
RESPOSTA CERTA: E 
 
QUESTÃO 169 (DPE/MA- CESPE – Defensor Público - 2011): No que 
se refere à proteção internacional dos direitos humanos, que é constituída 
por mecanismos unilaterais e coletivos da responsabilidade internacional do 
Estado, marque C (certo) ou E (errado): 
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45 
No sistema extraconvencional, a responsabilização do Estado por violação 
de direitos humanos inicia-se por petições de Estados e por petições de 
particulares. 
 
COMENTÁRIOS: 
Esse sistema é composto por procedimentos especiais 
perante os órgãos das Nações Unidas, com base no dever de cooperação 
dos Estados, estabelecido no art. 55, letra “c”, da Carta das Nações Unidas 
que possui o seguinte teor: 
 Artigo 55º 
Com o fim de criar condições de estabilidade e bem-
estar, necessárias às relações pacíficas e amistosas entre 
as Nações, baseadas no respeito do princípio da 
igualdade de direitos e da autodeterminação dos povos, 
as Nações Unidas promoverão: 
d. A elevação dos níveis de vida, o pleno emprego e 
condições de progresso e desenvolvimento econômico e 
social; 
e. A solução dos problemas internacionais econômicos, 
sociais, de saúde e conexos, bem como a cooperação 
internacional, de caráter cultural e educacional; 
f. O respeito universal e efetivo dos direitos do 
homem e das liberdades fundamentais para todos, 
sem distinção de raça, sexo, língua ou religião. 
O Conselho de Direitos Humanos prevê um procedimento 
específico para apuração de violações aos direitos humanos chamado de 
mecanismo de Revisão Periódica Universal (RPU). 
O RPU é aplicado da seguinte forma: 
• Um Estado apresenta um relatório nacional sobre a 
situação geral de direitos humanos em seu território. 
• Esse Estado tem a sua situação de direitos humanos 
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46 
submetida à avaliação dos demais membros do Conselho 
de Direitos Humanos (e também qualquer Estado 
interessado). 
• Esse processo é relatado por três outros Estados (troika). 
• Relatório final (outcome report) feito pela troika é 
submetido à aprovação pelo plenário (colegiados de 
membros integrantes) do Conselho de Direitos Humanos. 
O mecanismo de Revisão Periódica Universal foi criado para 
substituir outros procedimentos especiais com o mesmo fim como o 
Procedimento 1235 (oriundo de membros da antiga Comissão de Direitos 
Humanos) e o Procedimento 1503 (oriundo de particulares). 
Sucede que como não foram revogados os citados 
procedimentos especiais (o 1235 e o 1503) eles continuam em vigor 
paralelamente ao mecanismo de RPU. 
O RPU se encontra disciplinado pela Resolução 5/1, de 18 de 
junho de 2007, do Conselho de Direitos Humanos da ONU. 
De acordo com a Carta da ONU, o Conselho de Segurança não 
possuiria um papel ativo na proteção dos direitos humanos, sendo esse 
papel relegado ao Conselho Econômico e Social, à Assembléia Geral e ao 
extinto Conselho de Tutela. 
Na atualidade, porém, o Conselho de Segurança vem 
desempenhado algumas funções nessa matéria ao editar várias resoluções 
em face de situações de direitos humanos, considerando-as como ameaças 
à paz, nos termos do art. 39 da Carta das Nações Unidas. 
 
RESPOSTA CERTA: E 
 
QUESTÃO 170 (DPE/MA- CESPE – Defensor Público - 2011): No que 
se refere à proteção internacional dos direitos humanos, que é constituída 
por mecanismos unilaterais e coletivos da responsabilidade internacional do 
Estado, marque C (certo) ou E (errado): 
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47 
O princípio informador do sistema de relatórios, principal mecanismo não 
contencioso, é o da reciprocidade, pelo qual se atribui obrigação 
internacional de respeito aos direitos humanos. 
 
COMENTÁRIOS: 
O Sistema convencional da ONU se divide em três 
mecanismos: 
� não-contencioso 
� quase-judicial 
� judicial 
O mecanismo não-contencioso possui raízes em antigas técnicas 
e práticas de diplomacia internacional como os bons ofícios e a conciliação. 
No mecanismo não-contencioso contemporâneo, o principal instrumento é o 
do sistema de relatórios periódicos. Mas o principal não significa o 
único, pois existe também as observações gerais. 
No sistema de relatórios periódicos, os Estados se comprometem 
a enviar informes, nos quais devem constar, ou seja, relatar, as ações que 
realizaram para respeitar e garantir os direitos mencionados nesses 
tratados. 
Os informes são analisados por especialistas independentes 
pertencentes a um organismo internacional (normalmente um comitê), 
sendo que o princípio orientador desse sistema é o da cooperação 
internacional e busca de evolução na proteção aos direitos humanos. 
 
RESPOSTA CERTA: E 
 
QUESTÃO 171 (DPE/MA- CESPE – Defensor Público - 2011): No que 
se refere à proteção internacional dos direitos humanos, que é constituída 
por mecanismos unilaterais e coletivos da responsabilidade internacional do 
Estado, marque C (certo) ou E (errado): 
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48 
A actio popularis ou actio publica refere-se à possibilidade de qualquer 
Estado acionar, para a proteção de interesses considerados essenciais pela 
comunidade internacional, Estado infrator. 
 
COMENTÁRIOS: 
De acordo com André de Carvalho Ramos: 
Por actio popularis ou actio publica entendo a 
possibilidade de qualquer Estado acionar determinado 
Estado infrator para a proteção de interesses 
considerados essenciais à comunidade internacional. 
Trata-se de uma nova concepção de actio popularis revista pela 
Corte Internacional de Justiça com o fim de promover uma maior 
efetividade às normas internacionais de direitos humanos e assim superar a 
adoção de medidas puramente unilaterais. 
 
RESPOSTA CERTA: C 
 
QUESTÃO 172 (DPE/MA- CESPE – Defensor Público - 2011): No que 
se refere à proteção internacional dos direitos humanos, que é constituída 
por mecanismos unilaterais e coletivos da responsabilidade internacional do 
Estado, marque C (certo) ou E (errado): 
No mecanismo unilateral, o Estado obedece, na análise da responsabilidade 
internacional de outro Estado por violações de direitos humanos, a formas 
determinadas nos tratados internacionais. 
 
COMENTÁRIOS: 
NÃO existem normas internacionais disciplinando os 
mecanismos unilaterais. Os Estados decidem de acordo com os seus 
interesses e vontades a forma como irá utilizar tal mecanismo, sendo, 
portanto, disciplinado pelo direito interno. 
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