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MINISTÉRIO DO TRABALHO E EMPREGO (MTE) DIREITOS HUMANOS – TEORIA E EXERCÍCIOS AUDITOR FISCAL DO TRABALHO AULA 9 PROF: RICARDO GOMES Prof. Ricardo Gomes www.pontodosconcursos.com.br 1 AUDITOR FISCAL DO TRABALHO (AFT) Prezados Alunos! Na aula de hoje estudaremos os principais aspectos pertinentes à responsabilização internacional por violação aos direitos humanos, seus mecanismos e sistemas. Assim, iremos rever com mais detalhes alguns pontos trabalhados nas aulas passadas, visto que esta aula é um aprofundamento daqueles pontos e em obediência ao disposto no Edital. Alteramos a ordem de alguns pontos para facilitar o entendimento. Vamos em frente! Futuro(a) Auditor(a) Fiscal do Trabalho! Bons estudos! Ricardo Gomes MINISTÉRIO DO TRABALHO E EMPREGO (MTE) DIREITOS HUMANOS – TEORIA E EXERCÍCIOS AUDITOR FISCAL DO TRABALHO AULA 9 PROF: RICARDO GOMES Prof. Ricardo Gomes www.pontodosconcursos.com.br 2 QUADRO SINÓPTICO DA AULA: • 26 Responsabilidade internacional em matéria de direitos humanos. (continuação da aula 8) • 27 Regra do esgotamento dos recursos internos na proteção dos direitos humanos. (tema a ser aprofundado na aula 10) • 25 Mecanismos de proteção contra as violações de direitos humanos. (continuação da aula 8) • 28 Mecanismo unilateral e mecanismo institucional ou coletivo. • 29 A proteção dos direitos humanos na ONU. • 29.1 Sistemas convencional e extraconvencional da ONU. • 32 Responsabilidade internacional dos estados por violações de direitos sociais, econômicos e culturais. (antecipação da aula 10) MINISTÉRIO DO TRABALHO E EMPREGO (MTE) DIREITOS HUMANOS – TEORIA E EXERCÍCIOS AUDITOR FISCAL DO TRABALHO AULA 9 PROF: RICARDO GOMES Prof. Ricardo Gomes www.pontodosconcursos.com.br 3 26 Responsabilidade internacional em matéria de direitos humanos. Existe um ditado comum ao meio jurídico que “diz” que todo direito pressupõe um dever (obrigação). Isto é, a correlação entre direitos e deveres (obrigações). O descumprimento de um dever por alguém gera consequências que chamamos de sanção. Essa relação entre um dever descumprido e a consequente sanção é chamada de responsabilização. As obrigações internacionais estão contidas nos acordos (tratados) celebrados pelos sujeitos de direito internacional público (Estados e Organizações Internacionais) e devem ser cumpridas com fundamento no princípio da força obrigatória dos acordos ou pactos (o princípio do pacta sunt servanda). O Estado que NÃO cumpre com suas obrigações internacionais em matéria de direitos humanos comete um ato ilícito. Isto significa que esse Estado pode vir a ser responsabilizado internacionalmente, podendo sofrer sanções e ser obrigado a reparar o dano eventualmente causado a indivíduos e a outros Estados. A responsabilidade internacional em matéria de direitos humanos é o instituto que permite ao Estado ou organização internacional que viole uma norma de direito internacional de direitos humanos e cause dano a seus cidadãos ou a outro ente estatal ou organismo internacional, de modo a arcar com as CONSEQUÊNCIAS do ato ou do fato, devendo reparar os prejuízos eventualmente causados. Os fundamentos da responsabilidade internacional são os seguintes: � Dever de cumprir as obrigações internacionais � Dever de não causar dano a outrem. Portanto, a responsabilidade recai sobre atos ou fatos internacionalmente ilícitos praticados por um Estado ou organização internacional. No entanto, para se responsabilizar o Estado no plano MINISTÉRIO DO TRABALHO E EMPREGO (MTE) DIREITOS HUMANOS – TEORIA E EXERCÍCIOS AUDITOR FISCAL DO TRABALHO AULA 9 PROF: RICARDO GOMES Prof. Ricardo Gomes www.pontodosconcursos.com.br 4 internacional é preciso que o autor de uma ação prove que a questão está submetida ao direito internacional. A questão de direitos humanos é matéria que transcende ao domínio reservado dos Estados, para ser assunto de interesse de toda comunidade internacional. Assim, os órgãos internacionais de direitos humanos, visando apurar as violações supostamente realizadas pelos Estados, aplicam as normas protetivas aos casos concretos, materializando essa responsabilização por meio de um processo internacional de direitos humanos. Para André de Carvalho Ramos: O processo internacional de direitos humanos consiste no conjunto de mecanismos internacionais que apura a violação de direitos humanos. Esse conjunto pode ser classificado de acordo com a origem (unilateral ou coletivos); natureza (político ou judiciário) e finalidades (emitindo recomendações ou deliberações vinculantes). Considerando os pontos que compõe o edital deste concurso de AFT, iremos enfocar nos mecanismos internacionais classificados de acordo com a origem, conforme a definição do professor André Ramos que parece ser a tendência da banca examinadora. Conclui-se, dessa maneira, que as formas principais de apuração da responsabilidade dos Estados pela violação às normas internacionais que deverão ser estudadas com cuidado pelo candidato são as seguintes: • forma unilateral; e • forma institucional ou coletiva. Iremos explicitar cada uma delas de maneira específica nos próximos tópicos desta aula. Todavia, apenas para efeito de curiosidade, iremos explicar neste tópico, brevemente, os outros mecanismos internacionais quanto a natureza e finalidades. MINISTÉRIO DO TRABALHO E EMPREGO (MTE) DIREITOS HUMANOS – TEORIA E EXERCÍCIOS AUDITOR FISCAL DO TRABALHO AULA 9 PROF: RICARDO GOMES Prof. Ricardo Gomes www.pontodosconcursos.com.br 5 Quanto à natureza, os mecanismos podem ser de dois tipos: � Político � Judiciário O mecanismo político é aquele que constata a existência de uma lesão (ou violação) de direitos humanos a partir de uma análise discricionária de natureza política por um Estado ou um grupo coletivo de Estados. O mecanismo judiciário é aquele que constata a existência de uma violação aos direitos humanos a partir de um procedimento no qual há o respeito às garantias do contraditório e da ampla defesa, bem como há a presença de julgadores imparciais. Ele é exercido por órgãos internacionais: • Órgãos quase judiciais (o caso dos comitês de vários tratados de direitos humanos, ex. CEDR, Comitê CEDAW, chamados de “treaty bodies”). • Órgãos judiciais propriamente ditos (os tribunais internacionais de direitos humanos, como a Corte Européia de Direitos Humanos e a Corte Interamericana de Direitos Humanos). Quanto às finalidades, os mecanismos, também, podem ser de dois tipos: � Recomendação � Decisão Os mecanismos de recomendação são aqueles que têm, como resultado, a emissão de um documento de natureza recomendatória e opinativa (com sugestões) ao Estado violador dos direitos humanos. Esses meios buscam o diálogo e defendem o apelo promocional visando influenciar as políticas nacionais. Os mecanismos de decisão são aqueles que emitem decisões vinculantes e obrigatórias, impondo um dever de cumprimento ao Estado violador dos direitos humanos. MINISTÉRIO DO TRABALHO E EMPREGO (MTE) DIREITOS HUMANOS – TEORIA E EXERCÍCIOS AUDITOR FISCAL DO TRABALHO AULA 9 PROF: RICARDO GOMES Prof. Ricardo Gomes www.pontodosconcursos.com.br 6 27 Regra do esgotamento dos recursos internos na proteção dos direitos humanos. (tema a ser aprofundado na aula 10) O esgotamento dos recursos internos é um requisito processual de admissibilidade para oacesso à jurisdição internacional. Esse mecanismo foi criado para ser aplicado aos litígios entre Estados e estrangeiros, a fim de evitar um conflito direto entre o Estado de origem do estrangeiro e o outro Estado. Os recursos internos referem-se tanto às vias administrativas quanto às vias judiciais. A regra do esgotamento prévio somente pode ser dispensado quando os recursos internos são: • inexistentes; • quando não são idôneos ou eficazes. Ele também tem sido aplicado no âmbito da responsabilidade internacional dos direitos humanos, principalmente em situações nas quais se verificam que os sistemas nacionais de direito interno, onde se aplicam os chamados “recursos internos” não são capazes de tutelar adequadamente os direitos humanos ou na prática simplesmente não existem. Considerando que pretendemos aprofundar esse tema, considerando o contexto dos sistemas regionais, iremos trabalhar esse assunto na próxima aula (aula 10). MINISTÉRIO DO TRABALHO E EMPREGO (MTE) DIREITOS HUMANOS – TEORIA E EXERCÍCIOS AUDITOR FISCAL DO TRABALHO AULA 9 PROF: RICARDO GOMES Prof. Ricardo Gomes www.pontodosconcursos.com.br 7 25 Mecanismos de proteção contra as violações de direitos humanos (continuação da aula 8) Caro(a) aluno(a), Resolvemos colocar o item 25 do edital depois dos itens 26 e 27, pois o item 28 trata dos mecanismos unilateral e institucional ou coletivo e assim mantermos o raciocínio em uma sequência lógica. Por isso, não estranhe. Feito o aviso, vamos ao conteúdo da aula. Os direitos humanos pertencem à categoria normativa jus cogens, ou seja, são normas imperativas de direito internacional (de observância OBRIGATÓRIA pelos Estados e organizações internacionais). Logo, a sua violação constitui um ato ilícito internacional. O Estado possui uma dupla natureza no plano da proteção internacional de direitos humanos: ao mesmo tempo em que age como protetor de uma garantia coletiva, também é violador desses direitos, quando descumpre com uma obrigação internacional decorrente dos compromissos firmados nos tratados internacionais por ele assinados. Dupla natureza do papel dos Estados no âmbito dos direitos humanos: � Protetor de uma garantia coletiva � Violador desses direitos A violação de uma norma de direito internacional exige a responsabilização do Estado pelo seu ato. Considerando esse contexto, relembrando as lições citadas em item anterior desta aula (item 26), especialmente o conceito de processo internacional de direitos humanos, os mecanismos de proteção dos direitos humanos em face de violações a esses direitos podem ser classificados MINISTÉRIO DO TRABALHO E EMPREGO (MTE) DIREITOS HUMANOS – TEORIA E EXERCÍCIOS AUDITOR FISCAL DO TRABALHO AULA 9 PROF: RICARDO GOMES Prof. Ricardo Gomes www.pontodosconcursos.com.br 8 quanto a origem em duas categorias principais: � Mecanismo unilateral � Mecanismo coletivo ou institucional. O mecanismo unilateral é aquele pelo qual um Estado ofendido requer diretamente a reparação ao Estado ofensor, ou seja, aquele que agrediu o Estado lesado. Caso não receba essa reparação, o ofendido poderá aplicar sanções unilaterais. O mecanismo institucional ou coletivo é aquele que deriva de tratados internacionais, por meio da criação de órgãos compostos por pessoas independentes e imparciais, que após análise dos fatos e instrução procedimental, terminam por decidir sobre a responsabilidade internacional do Estado supostamente infrator. A aferição da responsabilidade internacional do Estado por violação dos direitos humanos deve ocorrer principalmente por meio de mecanismos coletivos que podem ser entendidos como o devido processo legal internacional, visto que é através dele que se identifica: • fato ilícito • relação causal entre a conduta imputável ao Estado e o resultado lesivo • determina-se o dever de reparação. A escolha do mecanismo coletivo de apuração da responsabilidade internacional do Estado pelo descumprimento das normas internacionais de direitos humanos remete a três importantes funções: • Verificação • Correção • Interpretação A função de verificação é a análise imparcial da compatibilidade da conduta praticada com aquela prevista em norma do Direito Internacional Público. A função de correção é aquela que busca com mais vigor o término da conduta ilícita e o conseqüente retorno do status quo ante MINISTÉRIO DO TRABALHO E EMPREGO (MTE) DIREITOS HUMANOS – TEORIA E EXERCÍCIOS AUDITOR FISCAL DO TRABALHO AULA 9 PROF: RICARDO GOMES Prof. Ricardo Gomes www.pontodosconcursos.com.br 9 (situação estabilizada anteriormente). Se não for possível que tal restabelecimento ocorra na íntegra, admitem-se reparações, ex. a indenização em pecúnia. A função de interpretação é aquela em que os mecanismos judiciais e extrajudiciais de responsabilidade internacional estabelecem o correto alcance e sentido da norma internacional protetiva dos direitos humanos. Essa harmonização de entendimento interpretativo não seria possível, caso o mecanismo adotado fosse o unilateral, pois um único Estado não tem poder para consolidar entendimentos jurisprudenciais de caráter internacional, sendo esta tarefa uma atribuição dos órgão internacionais que compõem o mecanismo judicial. Vamos ver agora no próximo tópico mais detalhes sobre cada um desses mecanismos. MINISTÉRIO DO TRABALHO E EMPREGO (MTE) DIREITOS HUMANOS – TEORIA E EXERCÍCIOS AUDITOR FISCAL DO TRABALHO AULA 9 PROF: RICARDO GOMES Prof. Ricardo Gomes www.pontodosconcursos.com.br 10 28 Mecanismo unilateral e mecanismo institucional ou coletivo. MECANISMO UNILATERAL: Conforme foi citado acima, o mecanismo unilateral é aquele pelo qual um Estado afirma ter sido ofendido em relação a uma obrigação internacional e requer diretamente a reparação pelo Estado supostamente ofensor. Caso não haja essa reparação de forma espontânea, o Estado ofendido poderá aplicar sanções unilaterais. O ofendido torna-se juiz e parte ao mesmo tempo, o que leva a essa forma de responsabilização internacional ser marcada negativamente pela: • Perda de objetividade • Perda da imparcialidade na aferição da conduta lesiva Deve ser destacado que o Estado supostamente violador também tem posição jurídica oposta e perfeitamente passível de defensa com fundamento no princípio da igualdade soberana entre os Estados. O Estado ofendido se comporta como um juiz em causa própria (judex in causa sua). O mecanismo unilateral é caracterizado principalmente pela PARCIALIDADE. O mecanismo unilateral não possui condições de admissibilidade e tampouco requisitos para julgamento como ocorre nos mecanismos coletivos. Nele o Estado é livre para impor as formas pelas quais ele analisa a responsabilidade internacional de outro Estado por violações de direitos MINISTÉRIO DO TRABALHO E EMPREGO (MTE) DIREITOS HUMANOS – TEORIA E EXERCÍCIOS AUDITOR FISCAL DO TRABALHO AULA 9 PROF: RICARDO GOMES Prof. Ricardo Gomes www.pontodosconcursos.com.br 11 humanos. NÃO existem normas internacionais disciplinando os mecanismos unilaterais. Os Estados decidem de acordo com os seus interesses e vontades a forma como irá utilizar tal mecanismo, sendo, portanto, disciplinado pelo direito interno. A principal maneira como se operacionaliza os mecanismos unilaterais geralmente envolve o aproveitamento de um trabalho efetuado por órgãos internos de um país (Agências de inteligência, segurança ou espionagem, ministériosou departamentos de política externa, etc.) para avaliar a conduta de outros países e, após, exigir novas condutas de pretenso respeito a direitos humanos e, se não atendidos, impor sanções. Um dos Estados que mais utiliza essa forma de responsabilização é os Estados Unidos da América (ex. a produção de relatórios pelo Departamento de Estado dos EUA que avaliam a situação dos direitos humanos em diversos países do Mundo!). Apenas para efeitos de curiosidade: No caso dos EUA, a regulação das consequências desses relatórios produzidos pelo Departamento de Estado dos EUA é feita por uma norma de direito interno, o Foreign Assistance Act, de 1961, que estabelece ser o incentivo ao respeito pelos direitos humanos uma meta de política externa dos EUA e condicionante do fornecimento de assistência financeira e militar. Muitas vezes, os EUA busca burlar a natureza unilateral desses mecanismos por meio do processamento de demandas de violação dos direitos humanos perante os próprios tribunais internos da justiça norte- americana (ex. o caso Filártiga vs. Peña-Irala, no qual dois cidadãos paraguaios foram partes como autor - vítima de tortura - e réu – o torturador - da ação que tramitou em um Tribunal Federal dos EUA). Ocorre que para o direito internacional, os órgãos do Poder Judiciário de um país não passam de meros órgãos do Estado, órgãos de direito interno, de maneira que isso não retira a condição de meio unilateral MINISTÉRIO DO TRABALHO E EMPREGO (MTE) DIREITOS HUMANOS – TEORIA E EXERCÍCIOS AUDITOR FISCAL DO TRABALHO AULA 9 PROF: RICARDO GOMES Prof. Ricardo Gomes www.pontodosconcursos.com.br 12 da responsabilização. De acordo com André de Carvalho Ramos: (...) quer o ato que responsabilize o pretenso Estado infrator tenha sua origem em lei interna (ato do Poder Legislativo), decisão administrativa (ato do Poder Executivo) ou mesmo sentença judicial (ato do Poder Judiciário), continua tal ato sendo um ato unilateral de um Estado perante o Direito Internacional e será aqui analisado como tal. O mecanismo unilateral de avaliação da responsabilidade internacional do Estado se originou do fato de ser a sociedade internacional uma sociedade paritária e descentralizada na qual cada Estado aplica os comandos normativos internacionais. Outra característica do mecanismo unilateral é que sua utilização afeta efetivamente as relações bilaterais entre Estados. Assim, o fato internacionalmente ilícito cometido por um Estado gera novas relações jurídicas apenas com o Estado lesado. Essa bilateralidade nos efeitos do uso dos mecanismos unilaterais é chamada no linguajar da diplomacia internacional de bilateral- minded system. Os mecanismos unilaterais são tolerados em virtude da necessidade de se preservar direitos violados de Estados, principalmente na ausência de mecanismos coletivos pelos quais o Estado violador seria obrigado a reparar o dano. Exemplo disso seria o caso de um Estado que violasse certo direito internacional reconhecido a crianças em seu território, atingindo inclusive crianças estrangeiras de outro Estado, e não fizesse parte do correspondente tratado internacional de direitos humanos que prevê mecanismos de responsabilização. Neste caso, poderia o Estado que teve as crianças atingidas por essa violação adotar sanções unilaterais. MINISTÉRIO DO TRABALHO E EMPREGO (MTE) DIREITOS HUMANOS – TEORIA E EXERCÍCIOS AUDITOR FISCAL DO TRABALHO AULA 9 PROF: RICARDO GOMES Prof. Ricardo Gomes www.pontodosconcursos.com.br 13 Todavia, a evolução do instituto tem permitido que um Estado interviesse em defesa dos direitos humanos não somente quando atingir seus cidadãos, mas em qualquer hipótese, visto que esse Estado-terceiro não defende interesse próprio, mas de toda a comunidade internacional que é a maior interessada no respeito aos tratados internacionais de direitos humanos, dado a natureza universal de seus preceitos. Mas na prática internacional, o que ainda prevalece é a atuação motivada puramente em interesses próprios, de maneira que a aplicação de mecanismos unilaterais muitas vezes é encarada como uma espécie de neocolonialismo com o país “defensor dos direitos humanos” sendo acusado de agir de “polícia do mundo”, “xerife do mundo”. Alguns doutrinadores criticam que os mecanismos unilaterais não deveriam ser reconhecidos como idôneos, pois equivalem a "fazer justiça com as próprias mãos". É uma autêntica autotutela no âmbito internacional. Ademais, esses mecanismos podem levar a uma tensão diplomática que, se gerar uma “escalada de sanções”, ocasião indesejáveis efeitos contrários à paz mundial, ainda mais por envolver um tema delicado como é o caso dos diretos humanos. É por isso que tem surgido no plano internacional a necessidade de se valorizar cada vez os mecanismos coletivos ou institucionais de responsabilização internacional por violação a direitos humanos. De modo que, em se tratando de tratados internacionais de direitos humanos que prevejam mecanismos coletivos obrigatórios, caberia ao Estado-membro apenas acionar o Estado violador para que o último seja processado e obrigado a cumprir decisão internacional que fixará a reparação cabível. Há um instituto que merece uma atenção, visto que o CESPE já cobrou em outras oportunidades. Trata-se da actio popularis. De acordo com André de Carvalho Ramos: Por actio popularis ou actio publica entendo a possibilidade de qualquer Estado acionar determinado MINISTÉRIO DO TRABALHO E EMPREGO (MTE) DIREITOS HUMANOS – TEORIA E EXERCÍCIOS AUDITOR FISCAL DO TRABALHO AULA 9 PROF: RICARDO GOMES Prof. Ricardo Gomes www.pontodosconcursos.com.br 14 Estado infrator para a proteção de interesses considerados essenciais à comunidade internacional. Trata-se de uma nova concepção de actio popularis revista pela Corte Internacional de Justiça com o fim de promover uma maior efetividade às normas internacionais de direitos humanos e assim superar a adoção de medidas puramente unilaterais. MINISTÉRIO DO TRABALHO E EMPREGO (MTE) DIREITOS HUMANOS – TEORIA E EXERCÍCIOS AUDITOR FISCAL DO TRABALHO AULA 9 PROF: RICARDO GOMES Prof. Ricardo Gomes www.pontodosconcursos.com.br 15 MECANISMO INSTITUCIONAL OU COLETIVO: Conforme foi citado acima, o mecanismo institucional ou coletivo é aquele que deriva de tratados internacionais, por meio da criação de órgãos compostos por pessoas independentes e imparciais, que após análise dos fatos e instrução procedimental, terminam por decidir sobre a responsabilidade internacional do Estado supostamente infrator. Os mecanismos institucionais ou coletivos buscam evitar: • Seletividade • Parcialidade Eles oferecem avaliar a violação de direitos humanos oferecendo um procedimento que garanta o respeito ao devido processo legal a(o): � Suposto Estado violador � Suposta vítima Mecanismo coletivo = mecanismo institucional O mecanismo coletivo de apuração de violação das normas internacionais de direitos humanos é uma atividade de verificação ou exame de conduta estatal, que será mensurada segundo os parâmetros estabelecidos em normas internacionais. Esse processo varia de acordo com cada órgão internacional de direitos humanos e o correspondente tratado internacional (ou ato de organismo internacional) que o constituiu. Existem três mecanismos coletivos ou institucionais: � Supervisão � Controle estrito senso � Tutela MINISTÉRIO DO TRABALHO E EMPREGO (MTE) DIREITOS HUMANOS – TEORIA E EXERCÍCIOS AUDITOR FISCAL DO TRABALHO AULA 9 PROF: RICARDOGOMES Prof. Ricardo Gomes www.pontodosconcursos.com.br 16 A supervisão consiste na atividade do órgão internacional que visa induzir os Estados a introduzir a garantia de determinado direito no ordenamento interno e a efetivar tal garantia. A supervisão constitui uma FORMA DE PRESSÃO sobre os Estados para a adoção ou modificação voluntária de condutas. A conclusão de um procedimento de supervisão desemboca na constatação de ilicitude internacional e na elaboração de uma recomendação não vinculante, fundamentada no direito de observação da conduta estatal em face dos direitos humanos. Um exemplo de supervisão são os relatórios apresentados em diversos comitês instituídos por tratados internacionais de direitos humanos. O controle em sentido estrito averigua possíveis violações e cobra dos Estados a reparação às vítimas. Discute-se se as deliberações tomadas no âmbito desse controle pelos órgãos internacionais teriam ou não força vinculante (matéria controvertida). O CESPE não possui um posicionamento claro, mas André de Carvalho Ramos entende que há costume internacional de obediência às decisões tomadas no âmbito do controle em sentido estrito, portanto, teria uma força vinculante. Todavia, tradicionalmente a doutrina entende que NÃO possui essa força vinculante. A dica que damos é de que se o examinador exigir alguma questão desse nível envolvendo o controle em sentido estrito e mencionar a expressão “COSTUME INTERNACIONAL” é um indício de que ele estaria optando pela linha de André Ramos, entendendo que as decisões produzidas nesse controle seriam vinculantes. De qualquer modo, em razão da natureza controversa, é pouco provável que haja uma cobrança desse nível. Isto seria tema para uma questão subjetiva no máximo. Um exemplo que caracteriza esse controle estrito senso é o processamento de petições individuais. MINISTÉRIO DO TRABALHO E EMPREGO (MTE) DIREITOS HUMANOS – TEORIA E EXERCÍCIOS AUDITOR FISCAL DO TRABALHO AULA 9 PROF: RICARDO GOMES Prof. Ricardo Gomes www.pontodosconcursos.com.br 17 A tutela consiste na existência de uma jurisdição internacional subsidiária e complementar, apta a atuar como verdadeiro juiz internacional imparcial e zelar pelo respeito aos direitos humanos. Exemplos que ilustram a tutela são os órgãos jurisdicionais constantes em sistemas regionais de direitos humanos, especialmente: � Corte Interamericana de Direitos Humanos � Corte Européia de Direitos Humanos Os procedimentos de supervisão, controle e tutela interagem de modo a constituir, no seu conjunto, um incipiente sistema interligado de julgamento internacional do Estado. Os mecanismos internacionais de apuração de violações de direitos humanos possuem uma natureza subsidiária. Assim, a princípio, devem os órgãos internos do próprios Estado violador punir o agente estatal interno pela prática de eventual ilícito aos direitos humanos. Caso essa medida inexista ou, então, seja inócua, poderá ser invocado o uso dos mecanismos internacionais de apuração de violações de direitos humanos. Atenção! Não confundir a unilateralidade com a subsidiariedade! Unilateralidade: órgãos internos de um Estado contra OUTRO Estado. Subsidiariedade: órgãos internos do Estado contra o PRÓPRIO Estado. Outro dado precisa ser relembrado são as funções dos mecanismos coletivos de apuração de violações aos direitos humanos. Existem três funções: � Verificação MINISTÉRIO DO TRABALHO E EMPREGO (MTE) DIREITOS HUMANOS – TEORIA E EXERCÍCIOS AUDITOR FISCAL DO TRABALHO AULA 9 PROF: RICARDO GOMES Prof. Ricardo Gomes www.pontodosconcursos.com.br 18 � Correção � Interpretação A essência das três funções pode ser sintetizada abaixo: Função de verificação: compatibilidade da conduta estatal com norma internacional. Função de correção: impedimento da prática conduta ilícita e restauração da situação estabilizada anteriormente. Função de interpretação: estabelecimento do correto alcance e sentido da norma internacional. Sugerimos que o candidato reveja o item 25 no qual são expostas essas funções. Todavia, é bom recordar que os mecanismos internacionais têm sua importância não apenas pelas suas funções de revisão e correção de condutas estatais atentatórias a direitos protegidos, mas especialmente pelo efeito preventivo e pela força interpretativa que tais decisões internacionais geram na consolidação e efetivação do conteúdo das normas de direitos humanos. MINISTÉRIO DO TRABALHO E EMPREGO (MTE) DIREITOS HUMANOS – TEORIA E EXERCÍCIOS AUDITOR FISCAL DO TRABALHO AULA 9 PROF: RICARDO GOMES Prof. Ricardo Gomes www.pontodosconcursos.com.br 19 29 A proteção dos direitos humanos na ONU. Os direitos humanos estiveram na base da criação da ONU e constituem um dos seus objetivos (cf. artigo 1º, nº 3 da Carta da ONU). A elaboração de instrumentos de direitos humanos e a promoção do gozo destes direitos foram, aliás, uma das primeiras tarefas que as Nações Unidas se dedicaram, desde a sua fundação. A própria Carta da ONU (também conhecida como “de São Francisco”) foi pioneira ao estabelecer que o Estado é obrigado a garantir direitos básicos a todos sob sua jurisdição, nacionais ou estrangeiros. Podemos observar no quadro abaixo a interação entre diferentes órgãos internacionais quando o assunto em questão é direitos humanos: MINISTÉRIO DO TRABALHO E EMPREGO (MTE) DIREITOS HUMANOS – TEORIA E EXERCÍCIOS AUDITOR FISCAL DO TRABALHO AULA 9 PROF: RICARDO GOMES Prof. Ricardo Gomes www.pontodosconcursos.com.br 20 Estudamos vários desses órgãos nas aulas anteriores (ACNUR, Conselho de Direitos Humanos, TPI, os Comitês constantes nos diversos Pactos e Convenções Internacionais – Treaty Bodies). Constatamos que alguns deles como o Tribunal Internacional de Justiça (TIJ), também conhecido como Corte Internacional de Justiça, não é um órgão de direitos humanos, mas um órgão judicial de natureza geral, pois lida com qualquer matéria do direito internacional público. Outra particularidade é o Tribunal Penal Internacional, organismo que não está diretamente ligado à estrutura administrativa da ONU, contudo, possui a natureza de organismo internacional criado pelo Estatuto de Roma (um tratado internacional) com a competência para cuidar de alguns crimes específicos e NÃO qualquer crime de repercussão internacional, mesmo que envolva organizações criminosas internacionais. O TPI é um órgão judicial de abrangência internacional, instituído pelo Estatuto de Roma, que, em vigor desde 2002, responsabiliza criminalmente pessoas e não Estados em relação a quatro tipos de crimes: - Genocídios - Crimes de guerra - Crimes contra a humanidade - Crimes de agressão Enfim, observa-se que aulas anteriores estudamos esses órgãos de maneira pormenorizada. Assim, vamos agora nos ater a alguns aspectos dos mecanismos convencional e extraconvencional da ONU. No sistema das Nações Unidas, a responsabilização dos Estados em matéria de direitos humanos está dividida em duas formas: • convencional • extraconvencional Vamos ver cada um deles de forma detalhada. MINISTÉRIO DO TRABALHO E EMPREGO (MTE) DIREITOS HUMANOS – TEORIA E EXERCÍCIOS AUDITOR FISCAL DO TRABALHO AULA 9 PROF: RICARDO GOMES Prof. Ricardo Gomes www.pontodosconcursos.com.br 21 29.1 Sistemas convencional e extraconvencional da ONU. SISTEMA CONVENCIONAL DA ONU: O Sistema convencional da ONU se divide em três mecanismos:� não-contencioso � quase-judicial � judicial O mecanismo não-contencioso possui raízes em antigas técnicas e práticas de diplomacia internacional como os bons ofícios e a conciliação. No mecanismo não-contencioso contemporâneo, o principal instrumento é o do sistema de relatórios periódicos. Mas o principal não significa o único, pois existe também as observações gerais. No sistema de relatórios periódicos, os Estados se comprometem a enviar informes, nos quais devem constar, ou seja, relatar, as ações que realizaram para respeitar e garantir os direitos mencionados nesses tratados. Os informes são analisados por especialistas independentes pertencentes a um organismo internacional (normalmente um comitê), sendo que o princípio orientador desse sistema é o da cooperação internacional e busca de evolução na proteção aos direitos humanos. O sistema de relatórios além de ser um mecanismo convencional é também uma forma de supervisão, visto que ele é desenvolvido por organismos internacionais, logo, é um mecanismo coletivo ou institucional. A entrega de relatórios é obrigação internacional assumida em nove importantes tratados internacionais de direitos humanos (chamados no jargão diplomático de “big nine”). MINISTÉRIO DO TRABALHO E EMPREGO (MTE) DIREITOS HUMANOS – TEORIA E EXERCÍCIOS AUDITOR FISCAL DO TRABALHO AULA 9 PROF: RICARDO GOMES Prof. Ricardo Gomes www.pontodosconcursos.com.br 22 Destes nove tratados, sete estão previstos explicitamente no edital do concurso para AFT. São eles: • Convenção internacional sobre eliminação de todas as formas de discriminação racial (1965) • Pacto internacional dos direitos civis e políticos (1966) • Pacto internacional dos direitos econômicos, sociais e culturais (1966) • Convenção internacional sobre eliminação de todas as formas de discriminação contra a mulher (1979) • Convenção internacional contra a tortura (1984) • Convenção internacional sobre os direitos da criança (1989) • Convenção internacional para a proteção dos trabalhadores migrantes e suas famílias (ainda NÃO recepcionada pelo brasil) Para efeitos de curiosidade, os dois tratados internacionais que também adotam esse sistema, inclusive prevendo comitês específicos, mas que não foram citados neste curso de Direitos Humanos por não estarem explicitamente previstos no edital de AFT, são os seguintes: • Convenção sobre os direitos das Pessoas com Deficiência (recepcionada no Brasil como Emenda à Constituição). • Convenção para proteção de todas as pessoas contra o desaparecimentos forçados (ainda NÃO recepcionada pelo brasil). Cada Convenção listada acima: � Estabeleceu um Comitê específico para supervisionar os relatórios periódicos (por isso esses órgãos são chamados de “treaty bodies”, ou seja, “órgãos de tratado”) � Indicou o órgão responsável pela análise dos informes e pelo posterior diálogo com o Estado. Os Comitês contam com o apoio administrativo do Alto MINISTÉRIO DO TRABALHO E EMPREGO (MTE) DIREITOS HUMANOS – TEORIA E EXERCÍCIOS AUDITOR FISCAL DO TRABALHO AULA 9 PROF: RICARDO GOMES Prof. Ricardo Gomes www.pontodosconcursos.com.br 23 Comissariado das Nações Unidas para os Direitos Humanos para desempenharem suas tarefas. A periodicidade da apresentação dos relatórios varia de acordo com cada tratado internacional: Tratado internacional Prazos do relatório Convenção internacional sobre eliminação de todas as formas de discriminação racial - 1 ano (apresentação do 1º relatório) - 2 anos (após o 1º) ou sempre que o Comitê solicitar. Pacto internacional dos direitos civis e políticos - 1 ano (apresentação do 1º relatório) - sempre que o Comitê solicitar (após o 1º) Pacto dos direitos econômicos, sociais e culturais - A ser definido pelo ECOSOC1 da ONU. Convenção internacional sobre eliminação de todas as formas de discriminação contra a mulher - 1 ano (apresentação do 1º relatório) - 4 anos (após o 1º) ou sempre que o Comitê solicitar. Convenção internacional contra a tortura - 1 ano (apresentação do 1º relatório) - 4 anos (após o 1º). Convenção sobre os direitos da criança - 2 anos (apresentação do 1º relatório) - 5 anos (após o 1º). Convenção internacional para a proteção dos trabalhadores migrantes e suas famílias - 1 ano (apresentação do 1º relatório) - 5 anos (após o 1º) ou sempre que o Comitê solicitar. 1 Conselho Econômico e Social da ONU. MINISTÉRIO DO TRABALHO E EMPREGO (MTE) DIREITOS HUMANOS – TEORIA E EXERCÍCIOS AUDITOR FISCAL DO TRABALHO AULA 9 PROF: RICARDO GOMES Prof. Ricardo Gomes www.pontodosconcursos.com.br 24 As recomendações emitidas pelos Comitês relacionadas aos relatórios periódicos e às observações gerais NÃO possuem força vinculante. As principais críticas ao sistema de relatórios são: • Pouca flexibilidade para combater situações de emergência de violações de direitos humanos • Concentração das informações nas mãos do Estado • Diversidade de Comitês produz práticas díspares e uma sobrecarga de trabalho nos Estados, quando não há redundâncias nos relatórios enviados. • Nada impede recomendações contraditórias emitidas pelos diferentes Comitês. • Porém, a PRINCIPAL de todas é: a ausência de um sistema mais efetivo de responsabilização internacional do Estado. No mecanismo QUASE-JUDICIAL refere-se aos meios, instituídos no seio das convenções internacionais da ONU, que permitem a responsabilidade internacional dos Estados em caso de constatação de violação aos direitos humanos. Esses mecanismos são geridos por comitês que, por não serem órgãos judiciais propriamente ditos, manifestam-se por meio de recomendações. Existem dois tipos de mecanismos quase-judiciais: � Comunicações interestatais (petições de Estados) � Petições individuais (de particulares) As comunicações interestatais são petições formuladas por um Estado contra outro Estado denunciando-o por uma conduta violadora de norma internacional de proteção dos direitos humanos. MINISTÉRIO DO TRABALHO E EMPREGO (MTE) DIREITOS HUMANOS – TEORIA E EXERCÍCIOS AUDITOR FISCAL DO TRABALHO AULA 9 PROF: RICARDO GOMES Prof. Ricardo Gomes www.pontodosconcursos.com.br 25 Os tratados internacionais que preveem esse mecanismo: • Convenção internacional sobre eliminação de todas as formas de discriminação racial (Adesão obrigatória) • Pacto internacional dos direitos civis e políticos (adesão facultativa) • Convenção internacional contra a tortura (adesão facultativa) • Convenção para proteção de trabalhadores migrantes e suas famílias (adesão facultativa) Dos tratados mencionados acima, apenas um previa a aplicação desse mecanismo de forma obrigatória a todas as partes que assinam o tratado (Convenção sobre discriminação racial), enquanto que nos demais tratados o direito à petição é uma cláusula facultativa que o Estado-Parte do tratado pode decidir se irá se submeter ou não à referida norma. As petições individuais são petições formuladas por particulares (cidadãos atuando de forma individual ou coletiva) que denunciam um Estado alegando que o mesmo pratica uma conduta violadora de norma internacional de proteção dos direitos humanos. Os tratados internacionais que preveem esse mecanismo: • Convenção sobre discriminação racial (adesão facultativa) • Pacto dos direitos civis e políticos (Protocolo de adesão facultativa) • Pacto dos direitos econômicos, sociais e culturais (Protocolo de adesão facultativa) • Convenção sobre discriminaçãocontra a mulher (Protocolo de adesão facultativa) • Convenção contra a tortura (adesão facultativa) • Convenção sobre os direitos da criança (Protocolo de adesão facultativa) • Convenção para proteção de trabalhadores migrantes e MINISTÉRIO DO TRABALHO E EMPREGO (MTE) DIREITOS HUMANOS – TEORIA E EXERCÍCIOS AUDITOR FISCAL DO TRABALHO AULA 9 PROF: RICARDO GOMES Prof. Ricardo Gomes www.pontodosconcursos.com.br 26 suas famílias (adesão facultativa) Assim, não bastava o Estado ser parte do tratado para que uma vítima de violação de qualquer direito humano por esse Estado pudesse efetuar uma denúncia contra o mesmo, pois o Estado necessitaria consentir em ser submetido ao referido sistema de petições individuais. No mecanismo JUDICIAL de plano universal temos o Tribunal Internacional de Justiça (TIJ), também conhecida como Corte Internacional de Justiça (CIJ) que apesar de não ser um órgão exclusivamente de direitos humanos, pois ele detém uma abrangência que engloba todo o Direito Internacional Público, ainda assim possui um papel restrito em termos de responsabilização do Estado como violador de direitos humanos, em razão de dois limitadores de ordem processual: • Jus standi • Caráter facultativo da jurisdição da CIJ O jus standi se refere à legitimidade ativa e passiva nos processos submetidos à CIJ, os quais somente podem ser exercidos por Estados. A submissão à jurisdição da CIJ é de caráter facultativo, ou seja, é preciso que o Estado se manifeste pela adesão à citada jurisdição pela Corte Internacional de Justiça. Ainda assim, é preciso que, antes de iniciar o processamento judicial em questão, sejam efetuadas tentativas de conciliação e da arbitragem, sendo o recurso à CIJ uma medida subsidiária e ultima ratio, ou seja, a última medida a ser tomada para resolver o problema. Uma dica: o aluno deverá observar os dispositivos contidos nos tratados internacionais que constam no final das aulas 7 e 8 deste curso. Neles há diversos detalhes relacionados ao funcionamento dos mecanismos convencionais. MINISTÉRIO DO TRABALHO E EMPREGO (MTE) DIREITOS HUMANOS – TEORIA E EXERCÍCIOS AUDITOR FISCAL DO TRABALHO AULA 9 PROF: RICARDO GOMES Prof. Ricardo Gomes www.pontodosconcursos.com.br 27 SISTEMA EXTRACONVENCIONAL DA ONU: Esse sistema é composto por procedimentos especiais perante os órgãos das Nações Unidas, com base no dever de cooperação dos Estados, estabelecido no art. 55, letra “c”, da Carta das Nações Unidas que possui o seguinte teor: Artigo 55º Com o fim de criar condições de estabilidade e bem- estar, necessárias às relações pacíficas e amistosas entre as Nações, baseadas no respeito do princípio da igualdade de direitos e da autodeterminação dos povos, as Nações Unidas promoverão: a. A elevação dos níveis de vida, o pleno emprego e condições de progresso e desenvolvimento econômico e social; b. A solução dos problemas internacionais econômicos, sociais, de saúde e conexos, bem como a cooperação internacional, de caráter cultural e educacional; c. O respeito universal e efetivo dos direitos do homem e das liberdades fundamentais para todos, sem distinção de raça, sexo, língua ou religião. O nome extraconvencional deriva do fato desse instrumento não se originar de uma convenção internacional específica (ex. Convenção internacional sobre a discriminação racial, discriminação da mulher, tortura, etc.), mas do documento fundador do sistema ONU. O Conselho de Direitos Humanos (assumindo a tarefa anteriormente atribuída à Comissão de Direitos Humanos), órgão que recebe petições individuais referentes à violação de direitos humanos, com base em certos requisitos previstos nos Procedimentos especiais 1235 MINISTÉRIO DO TRABALHO E EMPREGO (MTE) DIREITOS HUMANOS – TEORIA E EXERCÍCIOS AUDITOR FISCAL DO TRABALHO AULA 9 PROF: RICARDO GOMES Prof. Ricardo Gomes www.pontodosconcursos.com.br 28 e 1503. O Conselho de Direitos Humanos prevê um procedimento específico para apuração de violações aos direitos humanos chamado de mecanismo de Revisão Periódica Universal (RPU). O RPU é aplicado da seguinte forma: • Um Estado apresenta um relatório nacional sobre a situação geral de direitos humanos em seu território. • Esse Estado tem a sua situação de direitos humanos submetida à avaliação dos demais membros do Conselho de Direitos Humanos (e também qualquer Estado interessado). • Esse processo é relatado por três outros Estados (troika). • Relatório final (outcome report) feito pela troika é submetido à aprovação pelo plenário (colegiados de membros integrantes) do Conselho de Direitos Humanos. O mecanismo de Revisão Periódica Universal foi criado para substituir outros procedimentos especiais com o mesmo fim como o Procedimento 1235 (oriundo de membros da antiga Comissão de Direitos Humanos) e o Procedimento 1503 (oriundo de particulares). Sucede que como não foram revogados os citados procedimentos especiais (o 1235 e o 1503) eles continuam em vigor paralelamente ao mecanismo de RPU. O RPU se encontra disciplinado pela Resolução 5/1, de 18 de junho de 2007, do Conselho de Direitos Humanos da ONU. De acordo com a Carta da ONU, o Conselho de Segurança não possuiria um papel ativo na proteção dos direitos humanos, sendo esse papel relegado ao Conselho Econômico e Social, à Assembléia Geral e ao extinto Conselho de Tutela. Na atualidade, porém, o Conselho de Segurança vem desempenhado algumas funções nessa matéria ao editar várias resoluções em face de situações de direitos humanos, considerando-as como ameaças MINISTÉRIO DO TRABALHO E EMPREGO (MTE) DIREITOS HUMANOS – TEORIA E EXERCÍCIOS AUDITOR FISCAL DO TRABALHO AULA 9 PROF: RICARDO GOMES Prof. Ricardo Gomes www.pontodosconcursos.com.br 29 à paz, nos termos do art. 39 da Carta das Nações Unidas. Além dessas resoluções, existem duas medidas adotadas pelo Conselho de Segurança, supostamente para proteger os direitos humanos, que ainda são consideradas polêmicas: • Criação de tribunais internacionais penais ad hoc • Criação de “listas sujas” de pessoas e entes de apoio ao terrorismo internacional. O principal questionamento a essas medidas estaria no fato de elas constituírem eventuais abusos por parte desse órgão da ONU. MINISTÉRIO DO TRABALHO E EMPREGO (MTE) DIREITOS HUMANOS – TEORIA E EXERCÍCIOS AUDITOR FISCAL DO TRABALHO AULA 9 PROF: RICARDO GOMES Prof. Ricardo Gomes www.pontodosconcursos.com.br 30 EXERCÍCIOS COMENTADOS QUESTÃO 156 (DPE/MA- CESPE – Defensor Público - 2011): Julgue o item a seguir, Julgue o(s) item(ns) que se segue(m), referente(s) ao direito internacional dos direitos humanos, marcando C (certo) ou E (errado): A Carta de São Francisco é pioneira ao estabelecer que o Estado é obrigado a garantir direitos básicos a todos sob sua jurisdição, nacionais ou estrangeiros. COMENTÁRIOS: Os direitos humanos estiveram na base da criação da ONU e constituem um dos seus objetivos (cf. artigo 1º, nº 3 da Carta da ONU). A elaboração de instrumentos de direitos humanos e a promoção do gozo destes direitos foram, aliás, uma das primeiras tarefas que as Nações Unidas se dedicaram, desde a sua fundação. A própria Carta da ONU (também conhecida como “de São Francisco”) foi pioneira ao estabelecer que o Estado é obrigado a garantir direitos básicos a todos sob sua jurisdição, nacionais ou estrangeiros. RESPOSTA CERTA: C QUESTÃO 157 (DPE/MA- CESPE – Defensor Público - 2011): Julgue o item a seguir, referenteao direito internacional dos direitos humanos, marcando C (certo) ou E (errado): O Tribunal Penal Internacional visa reprimir a conduta de qualquer pessoa que, conhecendo a finalidade e a atividade criminosa geral de um grupo criminoso organizado ou a sua intenção de cometer infrações, dele participe ativamente. MINISTÉRIO DO TRABALHO E EMPREGO (MTE) DIREITOS HUMANOS – TEORIA E EXERCÍCIOS AUDITOR FISCAL DO TRABALHO AULA 9 PROF: RICARDO GOMES Prof. Ricardo Gomes www.pontodosconcursos.com.br 31 COMENTÁRIOS: Outra particularidade é o Tribunal Penal Internacional, organismo que não está diretamente ligado à estrutura administrativa da ONU, contudo, possui a natureza de organismo internacional criado pelo Estatuto de Roma (um tratado internacional) com a competência para cuidar de alguns crimes específicos e NÃO qualquer crime de repercussão internacional, mesmo que envolva organizações criminosas internacionais. O TPI é um órgão judicial de abrangência internacional, instituído pelo Estatuto de Roma, que, em vigor desde 2002, responsabiliza criminalmente pessoas e não Estados em relação a quatro tipos de crimes: - Genocídios - Crimes de guerra - Crimes contra a humanidade - Crimes de agressão RESPOSTA CERTA: E QUESTÃO 158 (MTE/AFT - Ponto dos Concursos - Ricardo Gomes): Sobre os mecanismos unilaterais e coletivos de apuração das violações aos direitos humanos, Assinale a afirmativa não representa uma das funções dos mecanismos coletivos. a) supervisão b) interpretação c) verificação d) correção COMENTÁRIOS: Por exclusão, a resposta correta é a letra “a”. MINISTÉRIO DO TRABALHO E EMPREGO (MTE) DIREITOS HUMANOS – TEORIA E EXERCÍCIOS AUDITOR FISCAL DO TRABALHO AULA 9 PROF: RICARDO GOMES Prof. Ricardo Gomes www.pontodosconcursos.com.br 32 A escolha do mecanismo coletivo de apuração da responsabilidade internacional do Estado pelo descumprimento das normas internacionais de direitos humanos remete a três importantes funções: • Verificação • Correção • Interpretação A função de verificação é a análise imparcial da compatibilidade da conduta praticada com aquela prevista em norma do Direito Internacional Público. A função de correção é aquela que busca com mais vigor o término da conduta ilícita e o conseqüente retorno do status quo ante (situação estabilizada anteriormente). Se não for possível que tal restabelecimento ocorra na íntegra, admitem-se reparações, ex. a indenização em pecúnia. A função de interpretação é aquela em que os mecanismos judiciais e extrajudiciais de responsabilidade internacional estabelecem o correto alcance e sentido da norma internacional protetiva dos direitos humanos. Essa harmonização de entendimento interpretativo não seria possível, caso o mecanismo adotado fosse o unilateral, pois um único Estado não tem poder para consolidar entendimentos jurisprudenciais de caráter internacional, sendo esta tarefa uma atribuição dos órgão internacionais que compõem o mecanismo judicial. A supervisão é um mecanismo coletivo em si mesmo e não uma função dos mecanismos coletivos. RESPOSTA CERTA: A QUESTÃO 159 (MTE/AFT - Ponto dos Concursos - Ricardo Gomes): Julgue o item a seguir, marcando C (certo) ou E (errado). O esgotamento dos recursos internos é um requisito processual de MINISTÉRIO DO TRABALHO E EMPREGO (MTE) DIREITOS HUMANOS – TEORIA E EXERCÍCIOS AUDITOR FISCAL DO TRABALHO AULA 9 PROF: RICARDO GOMES Prof. Ricardo Gomes www.pontodosconcursos.com.br 33 admissibilidade para o acesso à jurisdição internacional que é indispensável sob qualquer hipótese. COMENTÁRIOS: Apesar de que somente na próxima aula iremos aprofundar o estudo do esgotamento dos recursos internos, é bom já começarmos a nos familiarizarmos com o tema. O esgotamento dos recursos internos é um requisito processual de admissibilidade para o acesso à jurisdição internacional. Esse mecanismo foi criado para ser aplicado aos litígios entre Estados e estrangeiros, a fim de evitar um conflito direto entre o Estado de origem do estrangeiro e o outro Estado. Os recursos internos referem-se tanto às vias administrativas quanto às vias judiciais. A regra do esgotamento prévio somente pode ser dispensado quando os recursos internos são: • inexistentes; • quando não são idôneos ou eficazes. O erro da questão está justamente no final do período que menciona a indispensabilidade “sob qualquer hipótese”. RESPOSTA CERTA: E QUESTÃO 160 (MTE/AFT - Ponto dos Concursos - Ricardo Gomes): “Os Estados Unidos da América, por meio de um órgão interno seu, emite um relatório denunciando a República Árabe do Egito por violação a direitos humanos e decide pela suspensão da ajuda financeira ao referido Estado.” Julgue o item a seguir, baseado no caso hipotético acima citado, marcando C (certo) ou E (errado). MINISTÉRIO DO TRABALHO E EMPREGO (MTE) DIREITOS HUMANOS – TEORIA E EXERCÍCIOS AUDITOR FISCAL DO TRABALHO AULA 9 PROF: RICARDO GOMES Prof. Ricardo Gomes www.pontodosconcursos.com.br 34 Os Estados Unidos da América adotou um mecanismo institucional de apuração de violação de direitos humanos, aplicando a sanção correspondente com aquele mecanismo. COMENTÁRIOS: A questão está falsa, pois mecanismo institucional é um mecanismo coletivo e não unilateral! A principal maneira como se operacionaliza os MECANISMOS UNILATERAIS geralmente envolve o aproveitamento de um trabalho efetuado por órgãos internos de um país (Agências de inteligência, segurança ou espionagem, ministérios ou departamentos de política externa, etc.) para avaliar a conduta de outros países e, após, exigir novas condutas de pretenso respeito a direitos humanos e, se não atendidos, impor sanções. Um dos Estados que mais utiliza essa forma de responsabilização é os Estados Unidos da América (ex. a produção de relatórios pelo Departamento de Estado dos EUA que avaliam a situação dos direitos humanos em diversos países do Mundo!). Apenas para efeitos de curiosidade: No caso dos EUA, a regulação das consequências desses relatórios produzidos pelo Departamento de Estado dos EUA é feita por uma norma de direito interno, o Foreign Assistance Act, de 1961, que estabelece ser o incentivo ao respeito pelos direitos humanos uma meta de política externa dos EUA e condicionante do fornecimento de assistência financeira e militar. De acordo com André de Carvalho Ramos: (...) quer o ato que responsabilize o pretenso Estado infrator tenha sua origem em lei interna (ato do Poder Legislativo), decisão administrativa (ato do Poder Executivo) ou mesmo sentença judicial (ato do Poder Judiciário), continua tal ato sendo um ato unilateral de um Estado perante o Direito Internacional e será aqui analisado como tal. MINISTÉRIO DO TRABALHO E EMPREGO (MTE) DIREITOS HUMANOS – TEORIA E EXERCÍCIOS AUDITOR FISCAL DO TRABALHO AULA 9 PROF: RICARDO GOMES Prof. Ricardo Gomes www.pontodosconcursos.com.br 35 RESPOSTA CERTA: E QUESTÃO 161 (MTE/AFT - Ponto dos Concursos - Ricardo Gomes): “Os Estados Unidos da América, por meio de um órgão interno seu, emite um relatório denunciando a República Árabe do Egito por violação a direitos humanos e decide pela suspensão da ajuda financeira ao referido Estado.” Julgue o item a seguir, baseado no caso hipotético acima citado, marcando C (certo) ou E (errado). Um Estado pode utilizar mecanismos unilaterais alegando estar protegendo o interesse da comunidade internacionalem ter os tratados internacionais de direitos humanos sendo respeitados. COMENTÁRIOS: Os fundamentos da responsabilidade internacional são os seguintes: � Dever de cumprir as obrigações internacionais � Dever de não causar dano a outrem. A questão de direitos humanos é matéria que transcende ao domínio reservado dos Estados, para ser assunto de interesse de toda comunidade internacional. Os mecanismos unilaterais são tolerados em virtude da necessidade de se preservar direitos violados de Estados, principalmente na ausência de mecanismos coletivos pelos quais o Estado violador seria obrigado a reparar o dano. Exemplo disso seria o caso de um Estado que violasse certo direito internacional reconhecido a crianças em seu território, atingindo MINISTÉRIO DO TRABALHO E EMPREGO (MTE) DIREITOS HUMANOS – TEORIA E EXERCÍCIOS AUDITOR FISCAL DO TRABALHO AULA 9 PROF: RICARDO GOMES Prof. Ricardo Gomes www.pontodosconcursos.com.br 36 inclusive crianças estrangeiras de outro Estado, e não fizesse parte do correspondente tratado internacional de direitos humanos que prevê mecanismos de responsabilização. Neste caso, poderia o Estado que teve as crianças atingidas por essa violação adotar sanções unilaterais. Todavia, a evolução do instituto tem permitido que um Estado interviesse em defesa dos direitos humanos não somente quando atingir seus cidadãos, mas em qualquer hipótese, visto que esse Estado-terceiro não defende interesse próprio, mas de toda a comunidade internacional que é a maior interessada no respeito aos tratados internacionais de direitos humanos, dado a natureza universal de seus preceitos. RESPOSTA CERTA: C QUESTÃO 162 (DPE/MA- CESPE – Defensor Público – 2011 - Adaptada): Julgue o item a seguir, Julgue o(s) item(ns) que se segue(m), referente(s) ao direito internacional dos direitos humanos, marcando C (certo) ou E (errado): A Convenção Internacional sobre a Proteção dos Direitos de Todos os Trabalhadores Migrantes e dos Membros das suas Famílias estabelece um sistema de petições, obrigatório a todos os Estados, que podem ser encaminhadas ao respectivo comitê por indivíduos cujos direitos referidos no documento tenham sido violados. COMENTÁRIOS: As petições individuais são petições formuladas por particulares (cidadãos atuando de forma individual ou coletiva) que denunciam um Estado alegando que o mesmo pratica uma conduta violadora de norma internacional de proteção dos direitos humanos. Os tratados internacionais que preveem esse mecanismo: • Convenção sobre discriminação racial (adesão facultativa) MINISTÉRIO DO TRABALHO E EMPREGO (MTE) DIREITOS HUMANOS – TEORIA E EXERCÍCIOS AUDITOR FISCAL DO TRABALHO AULA 9 PROF: RICARDO GOMES Prof. Ricardo Gomes www.pontodosconcursos.com.br 37 • Pacto dos direitos civis e políticos (Protocolo de adesão facultativa) • Pacto dos direitos econômicos, sociais e culturais (Protocolo de adesão facultativa) • Convenção sobre discriminação contra a mulher (Protocolo de adesão facultativa) • Convenção contra a tortura (adesão facultativa) • Convenção sobre os direitos da criança (Protocolo de adesão facultativa) • Convenção para proteção de trabalhadores migrantes e suas famílias (adesão facultativa) Assim, não bastava o Estado ser parte do tratado para que uma vítima de violação de qualquer direito humano por esse Estado pudesse efetuar uma denúncia contra o mesmo, pois o Estado necessitaria consentir em ser submetido ao referido sistema de petições individuais. Por fim, está previsto no texto da Convenção (mencionado na aula passada): ARTIGO 77 Qualquer Estado Parte na presente Convenção poderá, a qualquer momento, declarar, nos termos do presente artigo, que reconhece a competência do Comitê para receber e examinar comunicações apresentadas por pessoas sujeitas à sua jurisdição ou em seu nome, alegando a violação por esse Estado Parte dos seus direitos individuais, conforme estabelecidos pela presente Convenção. O Comitê não receberá nenhuma comunicação relativa a um Estado Parte que não tiver apresentado a referida declaração. 2. O Comitê declarará inadmissível uma comunicação apresentada nos termos do presente artigo que seja anônima ou julgada abusiva ou incompatível com as disposições da presente Convenção. MINISTÉRIO DO TRABALHO E EMPREGO (MTE) DIREITOS HUMANOS – TEORIA E EXERCÍCIOS AUDITOR FISCAL DO TRABALHO AULA 9 PROF: RICARDO GOMES Prof. Ricardo Gomes www.pontodosconcursos.com.br 38 3. O Comitê não examinará nenhuma comunicação submetida por uma pessoa, nos termos do presente artigo, até verificar se: a) A mesma questão já não foi ou não tenha sido submetida a outra instância internacional de inquérito ou de decisão; b) O interessado já esgotou os recursos internos disponíveis; essa regra não se aplicará quando, na opinião do Comitê, os procedimentos de recurso ultrapassam os prazos razoáveis ou se é pouco provável que as vias de recurso satisfaçam efetivamente o interessado. RESPOSTA CERTA: E QUESTÃO 163 (DPE/MA- CESPE – Defensor Público – 2011 - Adaptada): Julgue o item a seguir, Julgue o(s) item(ns) que se segue(m), referente(s) ao direito internacional dos direitos humanos, marcando C (certo) ou E (errado): A Convenção sobre a Eliminação de Todas as Formas de Discriminação contra a Mulher estabelece, em seu Protocolo facultativo, um sistema de petições, que podem ser encaminhadas ao respectivo comitê por indivíduos cujos direitos referidos no documento tenham sido violados. COMENTÁRIOS: As petições individuais são petições formuladas por particulares (cidadãos atuando de forma individual ou coletiva) que denunciam um Estado alegando que o mesmo pratica uma conduta violadora de norma internacional de proteção dos direitos humanos. Os tratados internacionais que preveem esse mecanismo: • Convenção sobre discriminação racial (adesão facultativa) MINISTÉRIO DO TRABALHO E EMPREGO (MTE) DIREITOS HUMANOS – TEORIA E EXERCÍCIOS AUDITOR FISCAL DO TRABALHO AULA 9 PROF: RICARDO GOMES Prof. Ricardo Gomes www.pontodosconcursos.com.br 39 • Pacto dos direitos civis e políticos (Protocolo de adesão facultativa) • Pacto dos direitos econômicos, sociais e culturais (Protocolo de adesão facultativa) • Convenção sobre discriminação contra a mulher (Protocolo de adesão facultativa) • Convenção contra a tortura (adesão facultativa) • Convenção sobre os direitos da criança (Protocolo de adesão facultativa) • Convenção para proteção de trabalhadores migrantes e suas famílias (adesão facultativa) Assim, não bastava o Estado ser parte do tratado para que uma vítima de violação de qualquer direito humano por esse Estado pudesse efetuar uma denúncia contra o mesmo, pois o Estado necessitaria consentir em ser submetido ao referido sistema de petições individuais. RESPOSTA CERTA: C QUESTÃO 164 (DPE/MA- CESPE – Defensor Público – 2011 - Adaptada): Julgue o item a seguir, Julgue o(s) item(ns) que se segue(m), referente(s) ao direito internacional dos direitos humanos, marcando C (certo) ou E (errado): A Convenção sobre a Eliminação de Todas as Formas de Discriminação contra a Mulher estabelece, em seu Protocolo facultativo, um sistema de comunicação interestatais, que podem ser encaminhadas ao respectivo comitê por indivíduos cujos direitos referidos no documento tenham sido violados. COMENTÁRIOS: As comunicações interestatais são petições formuladas por um Estado contra outro Estado denunciando-o por uma conduta violadora de MINISTÉRIODO TRABALHO E EMPREGO (MTE) DIREITOS HUMANOS – TEORIA E EXERCÍCIOS AUDITOR FISCAL DO TRABALHO AULA 9 PROF: RICARDO GOMES Prof. Ricardo Gomes www.pontodosconcursos.com.br 40 norma internacional de proteção dos direitos humanos. Os tratados internacionais que preveem esse mecanismo: • Convenção internacional sobre eliminação de todas as formas de discriminação racial (Adesão obrigatória) • Pacto internacional dos direitos civis e políticos (adesão facultativa) • Convenção internacional contra a tortura (adesão facultativa) • Convenção para proteção de trabalhadores migrantes e suas famílias (adesão facultativa) Dos tratados mencionados acima, apenas um previa a aplicação desse mecanismo de forma obrigatória a todas as partes que assinam o tratado (Convenção sobre discriminação racial), enquanto que nos demais tratados o direito à petição é uma cláusula facultativa que o Estado-Parte do tratado pode decidir se irá se submeter ou não à referida norma. A Convenção contra a discriminação da mulher não prevê esse mecanismo. RESPOSTA CERTA: E QUESTÃO 165 (MTE/AFT - Ponto dos Concursos - Ricardo Gomes): Sobre os mecanismos unilaterais e coletivos de apuração das violações aos direitos humanos, considere as alternativas a seguir: I- A supervisão é uma forma de pressão. II- O mecanismo unilateral pode ser disciplinado por normas de direito interno. III- Uma das características do mecanismo unilateral é que sua utilização afeta efetivamente as relações bilaterais entre Estados. Assinale a afirmativa correta: a) são corretas apenas I e III MINISTÉRIO DO TRABALHO E EMPREGO (MTE) DIREITOS HUMANOS – TEORIA E EXERCÍCIOS AUDITOR FISCAL DO TRABALHO AULA 9 PROF: RICARDO GOMES Prof. Ricardo Gomes www.pontodosconcursos.com.br 41 b) são corretas apenas I e II c) todas são corretas d) apenas a I é correta COMENTÁRIOS: Sobre o item I, a supervisão consiste na atividade do órgão internacional que visa induzir os Estados a introduzir a garantia de determinado direito no ordenamento interno e a efetivar tal garantia. A supervisão constitui uma FORMA DE PRESSÃO sobre os Estados para a adoção ou modificação voluntária de condutas. Um exemplo de supervisão são os relatórios apresentados em diversos comitês instituídos por tratados internacionais de direitos humanos. Sobre o item II, NÃO existem normas internacionais disciplinando os mecanismos unilaterais. Os Estados decidem de acordo com os seus interesses e vontades a forma como irá utilizar tal mecanismo, sendo, portanto, disciplinado pelo direito interno. Sobre o item III, de fato, uma das características do mecanismo unilateral é que sua utilização afeta efetivamente as relações bilaterais entre Estados. Assim, o fato internacionalmente ilícito cometido por um Estado gera novas relações jurídicas apenas com o Estado lesado. Essa bilateralidade nos efeitos do uso dos mecanismos unilaterais é chamada no linguajar da diplomacia internacional de bilateral-minded system. Logo, todas estão corretas. RESPOSTA CERTA: C QUESTÃO 166 (MTE/AFT - Ponto dos Concursos - Ricardo Gomes): Julgue o item a seguir, referentes aos mecanismos unilaterais e coletivos de apuração das violações aos direitos humanos, marcando C (certo) ou E (errado): A supervisão é o mecanismo institucional que visa induzir os Estados a MINISTÉRIO DO TRABALHO E EMPREGO (MTE) DIREITOS HUMANOS – TEORIA E EXERCÍCIOS AUDITOR FISCAL DO TRABALHO AULA 9 PROF: RICARDO GOMES Prof. Ricardo Gomes www.pontodosconcursos.com.br 42 introduzir a garantia de determinado direito no ordenamento interno e a efetivar tal garantia, tendo natureza não-vinculante. COMENTÁRIOS: De fato, existem três mecanismos coletivos ou institucionais: � Supervisão � Controle estrito senso � Tutela Especialmente em relação à supervisão, ela consiste na atividade do órgão internacional que visa induzir os Estados a introduzir a garantia de determinado direito no ordenamento interno e a efetivar tal garantia. A supervisão constitui uma FORMA DE PRESSÃO sobre os Estados para a adoção ou modificação voluntária de condutas. A conclusão de um procedimento de supervisão desemboca na constatação de ilicitude internacional e na elaboração de uma recomendação não vinculante, fundamentada no direito de observação da conduta estatal em face dos direitos humanos. Um exemplo de supervisão são os relatórios apresentados em diversos comitês instituídos por tratados internacionais de direitos humanos. RESPOSTA CERTA: C QUESTÃO 167 (MTE/AFT - Ponto dos Concursos - Ricardo Gomes): Julgue o item a seguir, referentes aos mecanismos convencionais e extraconvencionais da ONU, marcando C (certo) ou E (errado): A Corte Internacional de Justiça possui um papel restrito em termos de MINISTÉRIO DO TRABALHO E EMPREGO (MTE) DIREITOS HUMANOS – TEORIA E EXERCÍCIOS AUDITOR FISCAL DO TRABALHO AULA 9 PROF: RICARDO GOMES Prof. Ricardo Gomes www.pontodosconcursos.com.br 43 responsabilização do Estado como violador de direitos humanos. COMENTÁRIOS: No mecanismo JUDICIAL de plano universal temos o Tribunal Internacional de Justiça (TIJ), também conhecida como Corte Internacional de Justiça (CIJ) que apesar de não ser um órgão exclusivamente de direitos humanos, pois ele detém uma abrangência que engloba todo o Direito Internacional Público, ainda assim possui um papel restrito em termos de responsabilização do Estado como violador de direitos humanos, em razão de dois limitadores de ordem processual: • Jus standi • Caráter facultativo da jurisdição da CIJ O jus standi se refere à legitimidade ativa e passiva nos processos submetidos à CIJ, os quais somente podem ser exercidos por Estados. A submissão à jurisdição da CIJ é de caráter facultativo, ou seja, é preciso que o Estado se manifeste pela adesão à citada jurisdição pela Corte Internacional de Justiça. Ainda assim, é preciso que, antes de iniciar o processamento judicial em questão, sejam efetuadas tentativas de conciliação e da arbitragem, sendo o recurso à CIJ uma medida subsidiária e ultima ratio, ou seja, a última medida a ser tomada para resolver o problema. RESPOSTA CERTA: C QUESTÃO 168 (MTE/AFT - Ponto dos Concursos - Ricardo Gomes): Julgue o item a seguir, referentes aos mecanismos convencionais e extraconvencionais da ONU, marcando C (certo) ou E (errado): Entre os mecanismos convencionais da ONU, há o mecanismo judicial, que tem no Tribunal Penal Internacional o principal órgão de implementação MINISTÉRIO DO TRABALHO E EMPREGO (MTE) DIREITOS HUMANOS – TEORIA E EXERCÍCIOS AUDITOR FISCAL DO TRABALHO AULA 9 PROF: RICARDO GOMES Prof. Ricardo Gomes www.pontodosconcursos.com.br 44 desse mecanismo. COMENTÁRIOS: Como foi mencionado na questão anterior, no mecanismo JUDICIAL de plano universal temos o Tribunal Internacional de Justiça (TIJ), também conhecida como Corte Internacional de Justiça (CIJ) que apesar de não ser um órgão exclusivamente de direitos humanos, pois ele detém uma abrangência que engloba todo o Direito Internacional Público, ainda assim possui um papel restrito em termos de responsabilização do Estado como violador de direitos humanos, em razão de dois limitadores de ordem processual: • Jus standi • Caráter facultativo da jurisdição da CIJ O jus standi se refere à legitimidade ativa e passiva nos processos submetidos à CIJ, os quais somente podem ser exercidos por Estados. A submissão à jurisdição da CIJ é decaráter facultativo, ou seja, é preciso que o Estado se manifeste pela adesão à citada jurisdição pela Corte Internacional de Justiça. Ainda assim, é preciso que, antes de iniciar o processamento judicial em questão, sejam efetuadas tentativas de conciliação e da arbitragem, sendo o recurso à CIJ uma medida subsidiária e ultima ratio, ou seja, a última medida a ser tomada para resolver o problema. RESPOSTA CERTA: E QUESTÃO 169 (DPE/MA- CESPE – Defensor Público - 2011): No que se refere à proteção internacional dos direitos humanos, que é constituída por mecanismos unilaterais e coletivos da responsabilidade internacional do Estado, marque C (certo) ou E (errado): MINISTÉRIO DO TRABALHO E EMPREGO (MTE) DIREITOS HUMANOS – TEORIA E EXERCÍCIOS AUDITOR FISCAL DO TRABALHO AULA 9 PROF: RICARDO GOMES Prof. Ricardo Gomes www.pontodosconcursos.com.br 45 No sistema extraconvencional, a responsabilização do Estado por violação de direitos humanos inicia-se por petições de Estados e por petições de particulares. COMENTÁRIOS: Esse sistema é composto por procedimentos especiais perante os órgãos das Nações Unidas, com base no dever de cooperação dos Estados, estabelecido no art. 55, letra “c”, da Carta das Nações Unidas que possui o seguinte teor: Artigo 55º Com o fim de criar condições de estabilidade e bem- estar, necessárias às relações pacíficas e amistosas entre as Nações, baseadas no respeito do princípio da igualdade de direitos e da autodeterminação dos povos, as Nações Unidas promoverão: d. A elevação dos níveis de vida, o pleno emprego e condições de progresso e desenvolvimento econômico e social; e. A solução dos problemas internacionais econômicos, sociais, de saúde e conexos, bem como a cooperação internacional, de caráter cultural e educacional; f. O respeito universal e efetivo dos direitos do homem e das liberdades fundamentais para todos, sem distinção de raça, sexo, língua ou religião. O Conselho de Direitos Humanos prevê um procedimento específico para apuração de violações aos direitos humanos chamado de mecanismo de Revisão Periódica Universal (RPU). O RPU é aplicado da seguinte forma: • Um Estado apresenta um relatório nacional sobre a situação geral de direitos humanos em seu território. • Esse Estado tem a sua situação de direitos humanos MINISTÉRIO DO TRABALHO E EMPREGO (MTE) DIREITOS HUMANOS – TEORIA E EXERCÍCIOS AUDITOR FISCAL DO TRABALHO AULA 9 PROF: RICARDO GOMES Prof. Ricardo Gomes www.pontodosconcursos.com.br 46 submetida à avaliação dos demais membros do Conselho de Direitos Humanos (e também qualquer Estado interessado). • Esse processo é relatado por três outros Estados (troika). • Relatório final (outcome report) feito pela troika é submetido à aprovação pelo plenário (colegiados de membros integrantes) do Conselho de Direitos Humanos. O mecanismo de Revisão Periódica Universal foi criado para substituir outros procedimentos especiais com o mesmo fim como o Procedimento 1235 (oriundo de membros da antiga Comissão de Direitos Humanos) e o Procedimento 1503 (oriundo de particulares). Sucede que como não foram revogados os citados procedimentos especiais (o 1235 e o 1503) eles continuam em vigor paralelamente ao mecanismo de RPU. O RPU se encontra disciplinado pela Resolução 5/1, de 18 de junho de 2007, do Conselho de Direitos Humanos da ONU. De acordo com a Carta da ONU, o Conselho de Segurança não possuiria um papel ativo na proteção dos direitos humanos, sendo esse papel relegado ao Conselho Econômico e Social, à Assembléia Geral e ao extinto Conselho de Tutela. Na atualidade, porém, o Conselho de Segurança vem desempenhado algumas funções nessa matéria ao editar várias resoluções em face de situações de direitos humanos, considerando-as como ameaças à paz, nos termos do art. 39 da Carta das Nações Unidas. RESPOSTA CERTA: E QUESTÃO 170 (DPE/MA- CESPE – Defensor Público - 2011): No que se refere à proteção internacional dos direitos humanos, que é constituída por mecanismos unilaterais e coletivos da responsabilidade internacional do Estado, marque C (certo) ou E (errado): MINISTÉRIO DO TRABALHO E EMPREGO (MTE) DIREITOS HUMANOS – TEORIA E EXERCÍCIOS AUDITOR FISCAL DO TRABALHO AULA 9 PROF: RICARDO GOMES Prof. Ricardo Gomes www.pontodosconcursos.com.br 47 O princípio informador do sistema de relatórios, principal mecanismo não contencioso, é o da reciprocidade, pelo qual se atribui obrigação internacional de respeito aos direitos humanos. COMENTÁRIOS: O Sistema convencional da ONU se divide em três mecanismos: � não-contencioso � quase-judicial � judicial O mecanismo não-contencioso possui raízes em antigas técnicas e práticas de diplomacia internacional como os bons ofícios e a conciliação. No mecanismo não-contencioso contemporâneo, o principal instrumento é o do sistema de relatórios periódicos. Mas o principal não significa o único, pois existe também as observações gerais. No sistema de relatórios periódicos, os Estados se comprometem a enviar informes, nos quais devem constar, ou seja, relatar, as ações que realizaram para respeitar e garantir os direitos mencionados nesses tratados. Os informes são analisados por especialistas independentes pertencentes a um organismo internacional (normalmente um comitê), sendo que o princípio orientador desse sistema é o da cooperação internacional e busca de evolução na proteção aos direitos humanos. RESPOSTA CERTA: E QUESTÃO 171 (DPE/MA- CESPE – Defensor Público - 2011): No que se refere à proteção internacional dos direitos humanos, que é constituída por mecanismos unilaterais e coletivos da responsabilidade internacional do Estado, marque C (certo) ou E (errado): MINISTÉRIO DO TRABALHO E EMPREGO (MTE) DIREITOS HUMANOS – TEORIA E EXERCÍCIOS AUDITOR FISCAL DO TRABALHO AULA 9 PROF: RICARDO GOMES Prof. Ricardo Gomes www.pontodosconcursos.com.br 48 A actio popularis ou actio publica refere-se à possibilidade de qualquer Estado acionar, para a proteção de interesses considerados essenciais pela comunidade internacional, Estado infrator. COMENTÁRIOS: De acordo com André de Carvalho Ramos: Por actio popularis ou actio publica entendo a possibilidade de qualquer Estado acionar determinado Estado infrator para a proteção de interesses considerados essenciais à comunidade internacional. Trata-se de uma nova concepção de actio popularis revista pela Corte Internacional de Justiça com o fim de promover uma maior efetividade às normas internacionais de direitos humanos e assim superar a adoção de medidas puramente unilaterais. RESPOSTA CERTA: C QUESTÃO 172 (DPE/MA- CESPE – Defensor Público - 2011): No que se refere à proteção internacional dos direitos humanos, que é constituída por mecanismos unilaterais e coletivos da responsabilidade internacional do Estado, marque C (certo) ou E (errado): No mecanismo unilateral, o Estado obedece, na análise da responsabilidade internacional de outro Estado por violações de direitos humanos, a formas determinadas nos tratados internacionais. COMENTÁRIOS: NÃO existem normas internacionais disciplinando os mecanismos unilaterais. Os Estados decidem de acordo com os seus interesses e vontades a forma como irá utilizar tal mecanismo, sendo, portanto, disciplinado pelo direito interno. MINISTÉRIO DO TRABALHO E EMPREGO (MTE) DIREITOS HUMANOS – TEORIA E EXERCÍCIOS AUDITOR FISCAL DO TRABALHO AULA 9 PROF: RICARDO GOMES Prof. Ricardo Gomes www.pontodosconcursos.com.br
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