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MINISTÉRIO DO TRABALHO E EMPREGO (MTE) DIREITOS HUMANOS – TEORIA E EXERCÍCIOS AUDITOR FISCAL DO TRABALHO AULA 10 PROF: RICARDO GOMES Prof. Ricardo Gomes www.pontodosconcursos.com.br 1 AUDITOR FISCAL DO TRABALHO (AFT) Prezados Alunos! Na aula de hoje aprofundaremos o estudo da regra do esgotamento dos recursos internos, abordaremos os sistemas regionais de direitos humanos e, por fim, enfrentaremos o tema da responsabilização internacional no âmbito dos direitos econômicos, sociais e culturais. No final da aula há vários textos integrais de tratados internacionais importantíssimos. A leitura deles é fundamental. Continuem firmes nessa caminhada! Bons estudos! Ricardo Gomes MINISTÉRIO DO TRABALHO E EMPREGO (MTE) DIREITOS HUMANOS – TEORIA E EXERCÍCIOS AUDITOR FISCAL DO TRABALHO AULA 10 PROF: RICARDO GOMES Prof. Ricardo Gomes www.pontodosconcursos.com.br 2 QUADRO SINÓPTICO DA AULA: • 27 Regra do esgotamento dos recursos internos na proteção dos direitos humanos. • 30 Sistema europeu de direitos humanos. • 31 Sistema interamericano de direitos humanos. • 31.1 Comissão interamericana de direitos humanos e corte interamericana de direitos humanos. • 31.2 Proteção dos direitos humanos no Mercosul. • 32 Responsabilidade internacional dos estados por violações de direitos sociais, econômicos e culturais. MINISTÉRIO DO TRABALHO E EMPREGO (MTE) DIREITOS HUMANOS – TEORIA E EXERCÍCIOS AUDITOR FISCAL DO TRABALHO AULA 10 PROF: RICARDO GOMES Prof. Ricardo Gomes www.pontodosconcursos.com.br 3 27 Regra do esgotamento dos recursos internos na proteção dos direitos humanos. O esgotamento dos recursos internos é um requisito processual de admissibilidade para o acesso à jurisdição internacional. Esse mecanismo foi criado para ser aplicado aos litígios entre Estados e estrangeiros, a fim de evitar um conflito direto entre o Estado de origem do estrangeiro e o outro Estado. Os recursos internos referem-se tanto às vias administrativas quanto às vias judiciais. No direito internacional dos direitos humanos, assim como no sistema interamericano, o critério adotado é aquele segundo o qual deve ser esgotados os recursos e mecanismos da jurisdição interna que estejam à disposição dos indivíduos para solucionar a violação dos direitos humanos, antes de serem acionadas a instâncias internacionais. O objetivo desta regra é permitir ao Estado resolver a nível doméstico os seus deveres no âmbito dos direitos humanos, assim como reforçar o caráter internacional como um sistema SUBSIDIÁRIO e COMPLEMENTAR ao sistema de proteção interno, e que deve ser acionado como último recurso (ultima ratio). No sistema global de direitos humanos, a regra do esgotamento dos recursos internos se encontra recepcionada nos seguintes tratados internacionais de direitos humanos: � Convenção contra a Tortura (art. 22, § 5º, b, primeira parte) � Protocolo Facultativo do Pacto de Direitos Civis e Políticos (art. 2º; e art. 5º, § 2º, b, primeira parte) � Convenção para a Eliminação da Discriminação Racial (art. 14, § 2º, parte final, § 7º, a, segunda parte) MINISTÉRIO DO TRABALHO E EMPREGO (MTE) DIREITOS HUMANOS – TEORIA E EXERCÍCIOS AUDITOR FISCAL DO TRABALHO AULA 10 PROF: RICARDO GOMES Prof. Ricardo Gomes www.pontodosconcursos.com.br 4 A regra do esgotamento prévio somente pode ser dispensado quando os recursos internos são: • inexistentes; • quando não são idôneos ou eficazes; • excede o prazo razoável. Ele também tem sido aplicado no âmbito da responsabilidade internacional dos direitos humanos, principalmente em situações nas quais se verificam que os sistemas nacionais de direito interno, onde se aplicam os chamados “recursos internos” não são capazes de tutelar adequadamente os direitos humanos ou na prática simplesmente não existem. No contexto do sistema regional interamericano de direitos humanos, a regra do esgotamento dos recursos internos se encontra recepcionada no próprio Pacto de San José da Costa Rica de 1969, conforme se infere do art. 46, parágrafo 1 (a) do Pacto: Art. 46. Para que uma petição ou comunicação apresentada de acordo com os artigos 44 ou 45 seja admitida pela Comissão, será necessário: a) que hajam sido interpostos e esgotados os recursos da jurisdição interna, de acordo com os princípios de Direito Internacional geralmente reconhecidos. Observa-se que o dispositivo contido no art. 46, parágrafo 1 (a) da Convenção prevê que para uma petição ou comunicação apresentada à Comissão Interamericana de Direitos Humanos seja considerada admissível para se iniciar a apuração da violação aos direitos humanos, é necessário “que hajam sido interpostos e esgotados os recursos de jurisdição interna, de acordo com os princípios de direito internacional geralmente conhecidos”. Na prática da Corte Interamericana de Direitos Humanos, o obstáculo formal oposto na prática pela maioria dos Estados, diante das MINISTÉRIO DO TRABALHO E EMPREGO (MTE) DIREITOS HUMANOS – TEORIA E EXERCÍCIOS AUDITOR FISCAL DO TRABALHO AULA 10 PROF: RICARDO GOMES Prof. Ricardo Gomes www.pontodosconcursos.com.br 5 denúncias apresentadas à Comissão, é alegação da falta de esgotamento dos recursos internos. Contudo, deve ser recordado que o objeto do sistema internacional de proteção aos direitos humanos é a efetiva proteção dos direitos humanos. Desse modo, a depender do caso em questão, a regra do esgotamento prévio dos recursos pode não vir a prevalecer. As exceções à regra do esgotamento dos recursos internos no âmbito da Convenção Americana de Direitos Humanos se encontra disciplinado no seu art. 46, parágrafo 2, a seguir exposto: Artigo 46 - Para que uma petição ou comunicação apresentada de acordo com os artigos 44 ou 45 seja admitida pela Comissão, será necessário: a) que hajam sido interpostos e esgotados os recursos da jurisdição interna, de acordo com os princípios de Direito Internacional geralmente reconhecidos; (...) 2. As disposições das alíneas "a" e "b" do inciso 1 deste artigo não se aplicarão quando: a) não existir, na legislação interna do Estado de que se tratar, o devido processo legal para a proteção do direito ou direitos que se alegue tenham sido violados; b) não se houver permitido ao presumido prejudicado em seus direitos o acesso aos recursos da jurisdição interna, ou houver sido ele impedido de esgotá-los; e c) houver demora injustificada na decisão sobre os mencionados recursos. Podemos sistematizar as exceções à regra do esgotamento de recursos internos previstas no Pacto de San José da Costa Rica da seguinte maneira: � Inexistência de recursos internos (letra a): MINISTÉRIO DO TRABALHO E EMPREGO (MTE) DIREITOS HUMANOS – TEORIA E EXERCÍCIOS AUDITOR FISCAL DO TRABALHO AULA 10 PROF: RICARDO GOMES Prof. Ricardo Gomes www.pontodosconcursos.com.br 6 o Ausência do devido processo legal o Não reconhecimento dos direitos envolvidos � Ineficácia dos recursos internos (letra b): o Dificuldade no acesso ao recurso o Impedimento oficial que o recurso seja esgotado � Demora injustificada da decisão (letra c) A hipótese da letra “a” pode ser ilustrada no caso de uma legislação processual que não permita a defesa através de um advogado dativo (advogado nomeado independentemente da vontade da parte para garantir o respeito ao princípio do contraditório), ou que dificultea apresentação de provas, violando, assim, o devido processo legal. Um exemplo que explica a letra “b” seria a hipótese de a vítima de uma violação a direitos sofrer algum tipo de ameaça por parte dos policiais encarregados da investigação, restringindo-a a ter acesso aos recursos internos. Um exemplo que ilustra a letra “c” que trata da situação de demora injustificada da decisão ocorre nos casos em que de paralisação injustificada por muito tempo (anos até) do processo jurisdicional sem que a autoridade competente tenha proferido a decisão correspondente ou que os culpados tenham sido punidos. Em relação ao esgotamento de recursos interno, existem “regras” que não estão previstas em tratados internacionais de direitos humanos, mas que são resultantes de decisões contínuas de órgãos judiciais (jurisprudência). É o caso da Corte Interamericana de Direitos Humanos que possui alguns entendimentos sobre alguns assuntos que os tratados não deixou claro: • O incidente processual de exceção de não esgotamento dos recursos internos só será tempestivo quando apresentada na etapa de admissibilidade do procedimento MINISTÉRIO DO TRABALHO E EMPREGO (MTE) DIREITOS HUMANOS – TEORIA E EXERCÍCIOS AUDITOR FISCAL DO TRABALHO AULA 10 PROF: RICARDO GOMES Prof. Ricardo Gomes www.pontodosconcursos.com.br 7 perante a Comissão Interamericana de Direitos Humanos. • O Estado-parte tem direito a renunciar à regra do prévio esgotamento dos recursos internos. • MINISTÉRIO DO TRABALHO E EMPREGO (MTE) DIREITOS HUMANOS – TEORIA E EXERCÍCIOS AUDITOR FISCAL DO TRABALHO AULA 10 PROF: RICARDO GOMES Prof. Ricardo Gomes www.pontodosconcursos.com.br 8 30 Sistema europeu de direitos humanos O sistema europeu de direitos humanos é o SISTEMA REGIONAL de proteção aos direitos humanos aplicado aos Estados que fazem parte do Conselho da Europa, pessoa jurídica de direito público internacional responsável defesa dos direitos humanos, desenvolvimento democrático e estabilidade político-social da Europa. Atualmente, existem 47 países que são membros do Conselho da Europa. O Conselho da Europa é uma instituição completamente distinta da União Européia que possui seu próprio Conselho (o Conselho Europeu). A sede do Conselho da Europa é a cidade de Estrasburgo (França). Atenção! Não confundir CONSELHO DA EUROPA com o CONSELHO EUROPEU, nem estes dois com o CONSELHO DA UNIÃO EUROPÉIA! Vejamos as diferenças: • Conselho da Europa: pessoa jurídica de direito internacional público que reúne 47 países da Europa com a finalidade de promover a defesa dos direitos humanos, da democracia e a estabilidade político-social. • Conselho Europeu: nome das reuniões envolvendo 28 Chefes de Estado ou de Governo onde é decidida a política geral da UNIÃO EUROPEIA. • Conselho da União Européia: órgão político da UNIÃO EUROPÉIA, reunindo representantes dos 28 membros da União Européia. Ele exerce o papel de casa legislativa em conjunto com o Parlamento Europeu. O Conselho da Europa e a União Européia são pessoas jurídicas de direito internacional público distintas, pois enquanto a primeira reúne os diferentes Estados sem buscar integrá-los juridicamente, a segunda possui justamente essa pretensão. Logo, o Conselho Europeu e o Conselho da MINISTÉRIO DO TRABALHO E EMPREGO (MTE) DIREITOS HUMANOS – TEORIA E EXERCÍCIOS AUDITOR FISCAL DO TRABALHO AULA 10 PROF: RICARDO GOMES Prof. Ricardo Gomes www.pontodosconcursos.com.br 9 União Européia não passam de partes integrantes da União Européia. O Conselho da Europa surgiu da necessidade de cooperação política entre os Estados Soberanos, tendo sido instituída pela Convenção de Londres de 1949, enquanto que a União Européia surgiu da necessidade de integração econômica, tendo origem na Comunidade Européia do Carvão e do Aço criada pelo Tratado de Paris de 1951. Fruto da distinção entre Conselho da Europa e União Européia, percebe-se que, quando se fala em proteção dos direitos humanos na Europa, existem mais de uma forma de protegê-los. Existem três formas (âmbitos) de proteção dos direitos humanos na Europa: � Sistemas nacionais: baseado nas Constituições de cada Estado. � Sistema regional: baseado na Convenção Européia de Direitos Humanos de 1950. � Sistema comunitário: baseado nas instituições, normas e documentos da União Européia (principalmente a Carta de Direitos Fundamentais da União Européia). O nosso foco neste tópico será o sistema regional instituído pela Convenção Européia de Direitos Humanos por estar previsto no edital do concurso de AFT. O sistema europeu de direitos humanos, comparado com os demais sistemas regionais de proteção (ex., o interamericano e o africano), foi o que alcançou o maior grau de evolução até o momento, por ter sido o primeiro a ser efetivamente instalado, a partir da aprovação da Convenção Européia de Direitos Humanos, de 1950. As principais normas jurídicas de proteção dos direitos humanos no âmbito regional europeu são as seguintes: • Convenção Européia de Direitos Humanos (1950) • Diversos Protocolos à Convenção Européia MINISTÉRIO DO TRABALHO E EMPREGO (MTE) DIREITOS HUMANOS – TEORIA E EXERCÍCIOS AUDITOR FISCAL DO TRABALHO AULA 10 PROF: RICARDO GOMES Prof. Ricardo Gomes www.pontodosconcursos.com.br 10 A principal instituição que compõe o sistema europeu de direitos humanos é a Corte Européia de Direitos Humanos. Observação: A Comissão Européia de Direitos Humanos não existe mais, pois, em 1998, ela se fundiu com a Corte Européia de Direitos Humanos, a qual continua a existir. CONVENÇÃO EUROPÉIA DE DIREITOS HUMANOS A “Convenção Européia para a Proteção dos Direitos Humanos e das Liberdades Fundamentais” ou simplesmente Convenção Européia de Direitos Humanos, concluída em Roma (Itália), em 4 de novembro de 1950, é o tratado-regente do sistema regional europeu de proteção dos direitos humanos, tal como a Convenção Americana sobre Direitos Humanos é o principal instrumento sobre direitos humanos do sistema interamericano. Ela entrou em vigor em 3 de setembro de 1953, quando dez Estados europeus a ratificaram. A Convenção Européia de Direitos Humanos tem por finalidade estabelecer padrões mínimos de proteção aos direitos humanos naquele Continente, institucionalizando um compromisso dos Estados partes de não adotarem normas de direito interno contrárias às normas da Convenção, bem como de estarem aptos a sofrer demandas na Corte Européia de Direitos Humanos (e de não embaraçar, por qualquer meio, o exercício do direito de petição) caso desrespeitem as normas do tratado em relação a quaisquer pessoas sob sua jurisdição. A Convenção Européia está estruturada em três partes: � Primeira parte: Direitos e liberdades fundamentais � Segunda parte: Corte Européia de Direitos Humanos � Terceira parte: Disposições diversas MINISTÉRIO DO TRABALHO E EMPREGO (MTE) DIREITOS HUMANOS – TEORIA E EXERCÍCIOS AUDITOR FISCAL DO TRABALHO AULA 10 PROF: RICARDO GOMES Prof. Ricardo Gomes www.pontodosconcursos.com.br 11 A primeira parte (arts. 2º a 18) consagrou os seguintes direitos e liberdades fundamentais: � Direito à vida (art. 2º) � Proibição à tortura (art. 3º) � Proibição da escravatura e do trabalho forçado (art. 4º) � Direito à liberdade e à segurança (art. 5º) � Direito a um processo equitativo (art. 6º) � Princípio da legalidade (art. 7º) � Direito ao respeito pela vida privada e familiar (art. 8º) � Liberdade de pensamento, de consciência e dereligião (art. 9º) � Liberdade de expressão (art. 10) � Liberdade de reunião e de associação (art. 11) � Direito ao casamento (art. 12) � Direito a um recurso efetivo dentro das instâncias nacionais (art. 13) � Proibição de discriminação (art. 14) � Limites aos direitos fundamentais (arts. 15 a 18): o Derrogação em caso de estado de necessidade o Restrições à atividade política dos estrangeiros o Proibição do abuso de direito o Limitação da aplicação de restrições aos direitos A segunda parte (arts. 19 a 51) trata da estrutura e funcionamento da Corte Européia de Direitos Humanos, o tribunal responsável pelo controle judicial das violações a direitos humanos estabelecidos na referida Convenção e em âmbito regional. MINISTÉRIO DO TRABALHO E EMPREGO (MTE) DIREITOS HUMANOS – TEORIA E EXERCÍCIOS AUDITOR FISCAL DO TRABALHO AULA 10 PROF: RICARDO GOMES Prof. Ricardo Gomes www.pontodosconcursos.com.br 12 A terceira e última parte (arts. 52 a 59) é destinada a algumas disposições diversas, como as requisições do Secretário-Geral do Conselho de Europa, poderes do Comitê de Ministros, reservas à Convenção, sua denúncia, entre outros assuntos que não possuem ligação direta com a temática dos direitos humanos. Além das normas do texto principal merecem atenção os diversos Protocolos que complementaram a Convenção Européia. Dentre eles, destacam-se os seguintes: � Protocolo nº 1: direito de propriedade, à instrução e de sufrágio � Protocolo nº 4: proibição da prisão civil por dívidas, liberdade de circulação, proibição da expulsão de nacionais e proibição da expulsão coletiva de estrangeiros. � Protocolo nº 6: abolição da pena de morte em tempo de paz. � Protocolo nº 7: adoção de garantias processuais na expulsão de estrangeiros, garantia ao duplo grau de jurisdição em matéria criminal, direito à indenização em caso de erro judiciário, o princípio do non bis in idem e o princípio da igualdade conjugal. � Protocolo nº 12: direito à não-discriminação � Protocolo nº 13: abolição completa da pena de morte, mesmo em situações de exceção Tais protocolos desempenham o papel de ampliar o conteúdo normativo da Convenção Européia de Direitos Humanos, a fim de aperfeiçoá-la a evolução do tempo, em especial com as mudanças ocorridas na sociedade européia desde o final da Segunda Guerra Mundial. MINISTÉRIO DO TRABALHO E EMPREGO (MTE) DIREITOS HUMANOS – TEORIA E EXERCÍCIOS AUDITOR FISCAL DO TRABALHO AULA 10 PROF: RICARDO GOMES Prof. Ricardo Gomes www.pontodosconcursos.com.br 13 CORTE EUROPÉIA DE DIREITOS HUMANOS A segunda parte da Convenção Européia de Direitos Humanos (arts. 19 a 51) trata da estrutura e funcionamento da Corte Européia de Direitos Humanos, o tribunal responsável pelo controle judicial das violações a direitos humanos estabelecidos na referida Convenção e em âmbito regional. A Corte Européia de Direitos Humanos foi criada em 1959 e tem a sua sede em Estrasburgo (França). Ela é o tribunal ou órgão judicial competente para verificar o respeito dos princípios da Convenção Européia de Direitos Humanos. A Corte só pode efetuar julgamentos contra os Estados que assinaram a Convenção que são os 47 membros do Conselho da Europa, os quais estão obrigados a acatar suas decisões. De acordo com o art. 20 da Convenção, existem a Corte será composta de um número de juízes igual ao número de Altas Partes Contratantes. Assim, ela possui 47 juízes e de cada Estado parte da Convenção Européia. Os juízes são eleitos pela Assembléia Parlamentar do Conselho da Europa para um mandato de nove anos que não admite reeleição. Para o exame dos assuntos que lhe sejam submetidos, a Corte funcionará da seguinte forma: • Juiz singular • Comitês compostos por 3 juízes • Seções compostas por 7 juízes • Corte plena composta por 17 juízes. A competência da Corte abrange todas as questões relativas à interpretação e à aplicação da Convenção Européia de Direitos Humanos e dos respectivos protocolos. Possuem legitimidade para submeter petições alegando violações a direitos os seguintes interessados: MINISTÉRIO DO TRABALHO E EMPREGO (MTE) DIREITOS HUMANOS – TEORIA E EXERCÍCIOS AUDITOR FISCAL DO TRABALHO AULA 10 PROF: RICARDO GOMES Prof. Ricardo Gomes www.pontodosconcursos.com.br 14 • Estados membros do Conselho da Europa (art. 33). • Qualquer pessoa singular (art. 34) • Organização não governamental (art. 34) • Grupo de particulares que se considere vítima de violação (art. 34) Consta na Convenção que os Estados membros do Conselho da Europa se comprometeram a não criar qualquer entrave ao exercício efetivo desse direito. MINISTÉRIO DO TRABALHO E EMPREGO (MTE) DIREITOS HUMANOS – TEORIA E EXERCÍCIOS AUDITOR FISCAL DO TRABALHO AULA 10 PROF: RICARDO GOMES Prof. Ricardo Gomes www.pontodosconcursos.com.br 15 31 Sistema interamericano de direitos humanos. O Sistema Interamericano de Direitos Humanos é o SISTEMA REGIONAL de proteção aos direitos humanos aplicado aos Estados que fazem parte da Organização dos Estados Americanos (OEA). A OEA é uma pessoa jurídica de direito público internacional, fundada em 1948, e sediada em Washington D.C. (EUA), sendo um dos organismos regionais mais antigos do mundo, responsável pela defesa dos os interesses do continente americano (América do Norte, América Central e América do Sul), buscando soluções pacíficas para o desenvolvimento econômico, social e cultural e promover a cooperação entre os seus membros. Atualmente, existem 35 países que são membros do OEA. Na mesma conferência em que se criou a OEA (a XI Conferência dos Estados Americanos), também adotou-se uma declaração de direitos fundamentais de âmbito regional, a Declaração Americana dos Direitos e Deveres do Homem. A estrutura da OEA é formada pelos seguintes órgãos: • Assembléia Geral: o Comissão Interamericana de Direitos Humanos • Reunião de Consulta de Ministros das Relações Exteriores • Principais Conselhos: o Conselho Permanente o Conselho Interamericano para o Desenvolvimento Integral • Comitê Jurídico Interamericano • Comissão Interamericana de Direitos Humanos • Secretaria-geral • Conferências Especializadas e MINISTÉRIO DO TRABALHO E EMPREGO (MTE) DIREITOS HUMANOS – TEORIA E EXERCÍCIOS AUDITOR FISCAL DO TRABALHO AULA 10 PROF: RICARDO GOMES Prof. Ricardo Gomes www.pontodosconcursos.com.br 16 • Organismos especializados (ex. OPAS) Em relação aos direitos humanos no continente americano, a OEA assume fundamental importância. Foi no contexto da OEA que os Estados do continente decidiram celebrar um tratado internacional, de natureza regional, que assegurasse os direitos humanos em todo contente. Trata-se da Convenção Americana de Direitos Humanos, mais conhecida como Pacto de San José da Costa Rica, de 1969 que instituiu um sistema regional destinado à proteção de direitos humanos: o sistema interamericano de direitos humanos. O referido Sistema é disciplinado por quatro tratados internacionais: � Declaração Americana de Direitos e Deveres do Homem � Carta da OEA � Convenção Americana dos Direitos Humanos (Pacto de San José da Costa Rica) � Protocolo Adicional à Convenção Americana dos Direitos Humanos em Matéria de Direitos Econômicos, Sociais e Culturais (Protocolo de San Salvador) A Convenção Americana dos Direitos Humanos foi assinada na Conferência Especializada Interamericana sobre Direitos Humanos em SanJosé, capital da Costa Rica, em 22 novembro de 1969. A referida Convenção entrou em vigor somente em 18 de julho de 1978. Contudo, o Pacto de San José somente foi ratificado pelo BRASIL em 25 de setembro de 1992. A Convenção Americana dos Direitos Humanos se encontra estruturada da seguinte forma: � Parte I - Deveres dos estados e direitos protegidos: o Cap. I - Enumeração dos deveres (arts. 1º e 2º) o Cap. II - Direitos civis e políticos (arts. 3º e 25): � Art. 3. Direito ao reconhecimento da MINISTÉRIO DO TRABALHO E EMPREGO (MTE) DIREITOS HUMANOS – TEORIA E EXERCÍCIOS AUDITOR FISCAL DO TRABALHO AULA 10 PROF: RICARDO GOMES Prof. Ricardo Gomes www.pontodosconcursos.com.br 17 personalidade jurídica � Art. 4. Direito a vida: • Principio da vedação do retrocesso quanto a abolição da pena de morte • Proibição da pena de morte a crimes políticos e crimes conexos com estes • Regra da ampliação • Impossibilidade de aplicação da pena de morte enquanto pendente solicitação de anistia, indulto ou comutação da pena � Art. 5. Direito a integridade pessoal � Art. 6. Proibição da escravidão e da servidão � Art. 7. Direito à liberdade pessoal • Habeas Corpus • Vedação à prisão por inadimplemento contratual - O STF passou a entender pela impossibilidade da prisão do depositário infiel (RE 46643-SP) � Art. 8. Garantias Judiciais • Direito a assistência gratuita de interprete • Direito irrenunciável a defesa técnica • Ausência do direito de recorrer em liberdade • Proibição dos meio indiretos • Censura prévia em razão da proteção a criança e adolescente � Art. 9. Princípio da legalidade � Art. 10. Direito à indenização MINISTÉRIO DO TRABALHO E EMPREGO (MTE) DIREITOS HUMANOS – TEORIA E EXERCÍCIOS AUDITOR FISCAL DO TRABALHO AULA 10 PROF: RICARDO GOMES Prof. Ricardo Gomes www.pontodosconcursos.com.br 18 � Art. 11. Proteção da honra e da dignidade � Art. 12. Liberdade de consciência e de religião � Art. 13. Liberdade de pensamento e de expressão � Art. 14. Direito de retificação ou resposta � Art. 15. Direito de reunião � Art. 16. Liberdade de associação • Igualdade de direito entre filhos nascidos fora e dentro do casamento � Art. 18. Direito ao nome � Art. 19. Direito da criança � Art. 21. Direito a propriedade privada � Art. 22. Direito de circulação e de residência • Direito ao asilo político • Ampliação de direitos do estrangeiro � Art. 23. Direitos políticos • Restrições ao exercício dos direitos políticos � Art. 24. Igualdade perante a lei � Art. 25. Proteção judicial o Recurso de amparo ou mandado de segurança o Cap. III - Direitos econômicos, sociais e culturais (art. 26): � Desenvolvimento progressivo o Cap. IV - Suspensão de garantias, interpretação e aplicação (arts. 27 e 31) o Cap. V - Deveres das pessoas (art. 32) � Parte II - Meios de proteção: MINISTÉRIO DO TRABALHO E EMPREGO (MTE) DIREITOS HUMANOS – TEORIA E EXERCÍCIOS AUDITOR FISCAL DO TRABALHO AULA 10 PROF: RICARDO GOMES Prof. Ricardo Gomes www.pontodosconcursos.com.br 19 o Cap. VI – Órgãos Competentes (art. 33): � Comissão Interamericana de DH � Corte Interamericana de DH o Cap. VII – Comissão Interamericana de Direitos Humanos (arts. 34 a 51) o Cap. VIII – Corte Interamericana de Direitos Humanos (arts. 52 a 69) o Cap. IX - Disposições comuns (arts. 70 a 73) � Parte III – Disposições gerais e transitórias: o Cap. X - Assinatura, ratificação, reserva, emenda, protocolo e denúncia (arts. 74 a 78) o Cap. XI – Disposições Transitórias (art. 79 a 82) Em 1988, a Assembléia-Geral da OEA adotou um protocolo adicional à Convenção com o objetivo de regulamentar os direitos econômicos, sociais e culturais, que foi denominado com Protocolo de San Salvador. O citado Protocolo foi recepcionado pelo Brasil em 1999, por meio do Decreto nº 3.321, de 30 de dezembro de 1999. Os principais direitos consagrados pelo Protocolo de San Salvador são os seguintes: � Direito ao trabalho (arts. 6-8) � Previdência social (art. 9) � Direito à saúde (art. 10) � Meio ambiente sadio (art. 11) � Segurança alimentar (art. 12) � Educação e cultura (arts. 13 e 14) � Proteção da família, da criança e do idoso (arts. 15-17) � Portadores de necessidades especiais (art. 18) MINISTÉRIO DO TRABALHO E EMPREGO (MTE) DIREITOS HUMANOS – TEORIA E EXERCÍCIOS AUDITOR FISCAL DO TRABALHO AULA 10 PROF: RICARDO GOMES Prof. Ricardo Gomes www.pontodosconcursos.com.br 20 Visando facilitar a compreensão dos sistemas regionais, segue um quadro comparativo: MINISTÉRIO DO TRABALHO E EMPREGO (MTE) DIREITOS HUMANOS – TEORIA E EXERCÍCIOS AUDITOR FISCAL DO TRABALHO AULA 10 PROF: RICARDO GOMES Prof. Ricardo Gomes www.pontodosconcursos.com.br 21 Por fim, o Sistema Interamericano de Direitos Humanos possui seus próprios mecanismos de implementação das normas da Convenção Americana. Esses mecanismos são compostos por dois órgãos: � Comissão Interamericana de Direitos Humanos � Corte Interamericana de Direitos Humanos Estudaremos de forma mais detalhada no próximo tópico sobre essas duas instituições. MINISTÉRIO DO TRABALHO E EMPREGO (MTE) DIREITOS HUMANOS – TEORIA E EXERCÍCIOS AUDITOR FISCAL DO TRABALHO AULA 10 PROF: RICARDO GOMES Prof. Ricardo Gomes www.pontodosconcursos.com.br 22 31.1 Comissão interamericana de direitos humanos e corte interamericana de direitos humanos. COMISSÃO INTERAMERICANA DE DIREITOS HUMANOS A Comissão Interamericana de Direitos Humanos é um órgão da OEA criado para promover a observância e defesa dos direitos humanos, além de servir como instância consultiva da Organização nesta matéria. Ela possui sede em Washington D.C. (EUA) e é composta por sete juristas eleitos pela OEA que não representam nenhum governo, mas os países membros da referida Organização, atuando independentemente. A Comissão NÃO é um órgão jurisdicional. Sua natureza se assemelha aos órgãos de tratados estudados em aulas anteriores como o Comitê de Direitos Humanos ligado ao Pacto Internacional dos Direitos Civis e Políticos. As principais atribuições conferidas à Comissão são as seguintes: • Atender às consultas dos Estados em questões relacionadas a direitos humanos. • Examinar petições individuais e comunicações interestatais que lhes forem dirigidas. • Formular recomendações aos Estados. • Solicitar dos Estados informações sobre medidas que adotarem no campo dos direitos humanos. • Investigar denúncias de violação aos direitos humanos. • Trabalhar para que os envolvidos em problemas vinculados aos direitos humanos encontrem uma solução amistosa. • Expressar suas conclusões e recomendações por meio de relatórios. MINISTÉRIO DO TRABALHO E EMPREGO (MTE) DIREITOS HUMANOS – TEORIA E EXERCÍCIOS AUDITOR FISCAL DO TRABALHO AULA 10 PROF: RICARDO GOMES Prof. Ricardo Gomes www.pontodosconcursos.com.br 23 A Comissão pode ser acionada pelos seguintes interessados: • Estados • Órgão da OEA • Indivíduos • Organizações não-governamentais Esta regra quanto a legitimidade para provocação da Comissão se encontra nos arts. 44 e 45 da Convenção Americana a seguir: Artigo 44 - Qualquer pessoa ou grupo de pessoas, ou entidade não-governamental legalmente reconhecida em um ou mais Estados-membros da Organização, pode apresentar à Comissão petiçõesque contenham denúncias ou queixas de violação desta Convenção por um Estado-parte. Artigo 45 - 1. Todo Estado-parte pode, no momento do depósito do seu instrumento de ratificação desta Convenção, ou de adesão a ela, ou em qualquer momento posterior, declarar que reconhece a competência da Comissão para receber e examinar as comunicações em que um Estado-parte alegue haver outro Estado-parte incorrido em violações dos direitos humanos estabelecidos nesta Convenção. 2. As comunicações feitas em virtude deste artigo só podem ser admitidas e examinadas se forem apresentadas por um Estado-parte que haja feito uma declaração pela qual reconheça a referida competência da Comissão. A Comissão não admitirá nenhuma comunicação contra um Estado-parte que não haja feito tal declaração. (...) A conclusão do processo das demandas envolvendo a violação a direitos humanos previstos em normas do sistema interamericano de MINISTÉRIO DO TRABALHO E EMPREGO (MTE) DIREITOS HUMANOS – TEORIA E EXERCÍCIOS AUDITOR FISCAL DO TRABALHO AULA 10 PROF: RICARDO GOMES Prof. Ricardo Gomes www.pontodosconcursos.com.br 24 direitos humanos perante a Comissão Interamericana de Direitos Humanos é uma condição prévia para que se inicie um processo junto à Corte (art. 61, parágrafo 2), a seguir: Artigo 61 – (...) 2. Para que a Corte possa conhecer de qualquer caso, é necessário que sejam esgotados os processos previstos nos artigos 48 a 50. Os processos previstos nos arts. 48 a 50 são justamente os pertinentes à Comissão Interamericana. Observação: a Comissão poderá submeter um caso de violação aos direitos humanos à Corte Interamericana de Direitos Humanos independentemente de qualquer ação dos Estados ou dos eventuais interessados nesse caso. Os particulares não podem apresentar diretamente seus casos perante a citada Corte. CORTE INTERAMERICANA DE DIREITOS HUMANOS A Corte Interamericana de Direitos Humanos é um TRIBUNAL, órgão jurisdicional autônomo, que tem sede em San José (Costa Rica), cujo propósito é aplicar e interpretar a Convenção Americana de Direitos Humanos e outros tratados de direitos humanos. A Corte é composta por sete juízes, naturais dos Estados- membros da OEA, eleitos a título pessoal entre juristas da mais elevada autoridade moral, de reconhecida competência em matéria de Direitos Humanos, que reúnam as condições requeridas para o exercício das mais elevadas funções judiciais conforme da lei do país do qual seja nacional ou do Estado que lhe proponha a candidatura. Não pode haver mais de um juiz da mesma nacionalidade. Os juízes da Corte possuem um mandato de seis MINISTÉRIO DO TRABALHO E EMPREGO (MTE) DIREITOS HUMANOS – TEORIA E EXERCÍCIOS AUDITOR FISCAL DO TRABALHO AULA 10 PROF: RICARDO GOMES Prof. Ricardo Gomes www.pontodosconcursos.com.br 25 anos e somente podem ser reeleitos uma vez. O quorum mínimo para julgamento é de cinco juízes. A Corte possui competência CONSULTIVA e CONTENCIOSA. A competência consultiva se dá por meio da elaboração de pareceres, comentários e interpretações sobre os tratados de direitos humanos. A competência contenciosa envolve a atividade jurisdicional de decisão em que se aplica a norma de direitos humanos a um caso concreto, constatando se houve ou não uma violação a direitos e determinando a punição aplicável. A legitimidade para iniciar processos perante a Corte é restrita a dois interessados: � Estados membros da OEA � Comissão Interamericana de Direitos Humanos Essa regra de legitimidade processual se encontra prevista no art. 61 a seguir exposta: Artigo 61 - 1. Somente os Estados-partes e a Comissão têm direito de submeter um caso à decisão da Corte. Os Estados somente poderão submeter um caso perante a Corte se eles reconhecerem a competência obrigatória desse Tribunal Interamericano. Portanto, os particulares e as organizações não-governamentais NÃO podem apresentar diretamente à Corte Interamericana de Direitos Humanos petições individuais relatando violações a direitos. Eles devem procurar a Comissão em primeiro lugar. O Brasil reconheceu a competência obrigatória da Corte Interamericana de Direitos Humanos por meio do Decreto nº 4.463, de 8 de novembro de 2002. A sentença da Corte Interamericana de Direitos Humanos deve MINISTÉRIO DO TRABALHO E EMPREGO (MTE) DIREITOS HUMANOS – TEORIA E EXERCÍCIOS AUDITOR FISCAL DO TRABALHO AULA 10 PROF: RICARDO GOMES Prof. Ricardo Gomes www.pontodosconcursos.com.br 26 ser fundamentada e será considerada definitiva e inapelável. Contudo, em caso de divergência entre os juízes sobre o sentido ou alcance da decisão judicial, a Corte poderá interpretá-la a pedido de qualquer das partes envolvidas no processo, desde que esse pedido seja feito em até noventa dias a partir da notificação da sentença. Nesse sentido, estão previstos nos arts. 66 e 67: Artigo 66 - 1. A sentença da Corte deve ser fundamentada. 2. Se a sentença não expressar no todo ou em parte a opinião unânime dos juízes, qualquer deles terá direito a que se agregue à sentença o seu voto dissidente ou individual. Artigo 67 - A sentença da Corte será definitiva e inapelável. Em caso de divergência sobre o sentido ou alcance da sentença, a Corte interpretá-la-á, a pedido de qualquer das partes, desde que o pedido seja apresentado dentro de noventa dias a partir da data da notificação da sentença. Para ser aplicada no Brasil, a sentença da Corte Interamericana de Direitos Humanos dispensa processo de homologação de sentença perante o STJ, visto que se trata de sentença internacional e NÃO de uma sentença estrangeira. MINISTÉRIO DO TRABALHO E EMPREGO (MTE) DIREITOS HUMANOS – TEORIA E EXERCÍCIOS AUDITOR FISCAL DO TRABALHO AULA 10 PROF: RICARDO GOMES Prof. Ricardo Gomes www.pontodosconcursos.com.br 27 31.2 Proteção dos direitos humanos no Mercosul. O Mercado Comum do Sul (MERCOSUL) é a união aduaneira (uma zona de livre-comércio e política comercial comum) de cinco Estados da América do Sul (Brasil, Argentina, Paraguai, Uruguai e Venezuela) que foi instituído por meio do por meio do Tratado de Assunção, acordo internacional firmado na capital paraguaia, em 26 de março de 1991. Além dos Estados membros plenos mencionados acima, o MERCOSUL tem os seguintes Estados Associados: Chile, Colômbia, Peru e Equador. Originalmente, o MERCOSUL era composto por quatro Estados que assinaram o Tratado de Assunção: Brasil, Argentina, Uruguai e Paraguai. Em 2012, houve a adesão da Venezuela como membro pleno deste Mercado Comum, ao mesmo tempo em que houve a suspensão do Paraguai pelo prazo de um ano, suspensão finalizada em 15 de agosto de 2013. Apesar de ser apenas uma união aduaneira, o MERCOSUL vem buscando evoluir no sentido de se consolidar como uma comunidade de Estados nos moldes da União Européia. Todavia, diversos desafios ainda se impõem nesse sentido, sendo que muitos desses obstáculos são impostos pelos próprios membros por razões de ordem interna. Desde o Protocolo de Ouro Preto (1994), o MERCOSUL passou a ser uma pessoa jurídica de direito internacional público, com órgãos permanentes, sede e capacidade para celebrar tratados, assemelhando-se, logo, às organizações internacionais. A estrutura institucional do MERCOSUL é formada pelos seguintes órgãos: � Conselho do Mercado Comum (CMC) � Grupo Mercado Comum (GMC) � Comissão de Comércio do MERCOSUL (CCM) MINISTÉRIO DO TRABALHO E EMPREGO (MTE) DIREITOS HUMANOS – TEORIA E EXERCÍCIOS AUDITOR FISCAL DO TRABALHO AULA 10 PROF:RICARDO GOMES Prof. Ricardo Gomes www.pontodosconcursos.com.br 28 � Parlamento do MERCOSUL (PARLASUL) � Secretaria do MERCOSUL (SM) � Tribunal Permanente de Revisão do MERCOSUL (TPR) � Tribunal Administrativo-Trabalhista do MERCOSUL (TAL) � Foro Consultivo Econômico-Social (FCES) � Centro MERCOSUL de Promoção do Estado de Direito (CMPED) A referida estrutura pode ser esquematizada da seguinte forma: Considerando que o foco deste tópico é a proteção dos direitos humanos no âmbito do MERCOSUL, iremos focar na explicação de alguns dos órgãos citados acima. São eles: o CMC, o GMC, o CCM, o PARLASUL e o TPR. Depois iremos tratar dos órgãos diretamente atrelados à temática dos direitos humanos: o FCCP, o RAADDHH e o IPPDDHH. O Conselho do Mercado Comum (CMC) é o órgão superior do MERCOSUL incumbido da condução política do processo de integração e da tomada de decisões para assegurar o cumprimento dos objetivos MINISTÉRIO DO TRABALHO E EMPREGO (MTE) DIREITOS HUMANOS – TEORIA E EXERCÍCIOS AUDITOR FISCAL DO TRABALHO AULA 10 PROF: RICARDO GOMES Prof. Ricardo Gomes www.pontodosconcursos.com.br 29 estabelecidos pelo Tratado de Assunção e atingir a constituição final do mercado comum. O CMC manifestará seus atos deliberativos por meio de Decisões que serão obrigatórias para os Estados Partes. Por fim, a Presidência do Conselho será exercida por rotação dos Estados Partes e em ordem alfabética, por períodos de seis meses. O Grupo Mercado Comum (GMC) é o órgão decisório executivo, responsável de fixar os programas de trabalho, e de negociar acordos com terceiros em nome do MERCOSUL, por delegação expressa do CMC. O GMC se pronuncia por meio de Resoluções, e está integrado por representantes dos Ministérios de Relações Exteriores e de Economia, e dos Bancos Centrais dos Estados Parte. A Comissão de Comércio do MERCOSUL (CCM) é um órgão decisório técnico, é o responsável por apoiar o GMC no que diz respeito à política comercial da união alfandegária. Ela se pronuncia por meio de Diretivas. O Tribunal Permanente de Revisão do Mercosul (TPR), com sede na cidade de Assunção (Paraguai), é um tribunal de revisão dotado de competência para avaliar e modificar os laudos arbitrais proferidos por árbitros ad hoc (escolhidos especialmente para um determinado caso) de primeira instância sobre questões de natureza comercial ou privada. Ele foi concebido com o objetivo de sanar uma das fontes de insegurança jurídica no MERCOSUL, que era a falta de um tribunal permanente para resolver litígios de maneira rápida e objetiva. O Parlamento do MERCOSUL (PARLASUL) é o órgão democrático, de formação unicameral, que visa a representação civil da pluralidade ideológica e política dos povos dos países-membros do MERCOSUL. Ele se encontra sediado em Montevideo (Uruguai) e também possui a particularidade de NÃO ser dotado de capacidades legislativas, integrando a estrutura institucional do bloco. Expostos os principais órgãos que integram a estrutura do MERCOSUL, vamos agora expor a estrutura dos órgãos que interferem na temática dos direitos humanos. O Foro de Consulta e Concertação Política (FCCP) é o órgão MINISTÉRIO DO TRABALHO E EMPREGO (MTE) DIREITOS HUMANOS – TEORIA E EXERCÍCIOS AUDITOR FISCAL DO TRABALHO AULA 10 PROF: RICARDO GOMES Prof. Ricardo Gomes www.pontodosconcursos.com.br 30 auxiliar do CMC, com o objetivo de ampliar e sistematizar a cooperação política entre os Estados. A RAADDHH está subordinada ao FCCP. A Reunião de Altas Autoridades na Área de Direitos Humanos (RAADDHH) é o principal foro de direitos humanos no MERCOSUL. Ele NÃO é um orgão de monitoramento dos direitos humanos na região, pois isso está a cargo do sistema interamericano. A RAADDH é um espaço de articulação político-diplomático entre os Estados membros e associados do MERCOSUL para sintonizarem posições e identificarem áreas para ações em política pública em direitos humanos comuns. O IPPDDHH está subordinado à RAADDHH. A Reunião de Altas Autoridades na Área de Direitos Humanos (RAADDHH) é um espaço de discussões políticas e não um órgão de implementação ou monitoramento dos direitos humanos entre os Estados que compõem o MERCOSUL. O Instituto de Políticas Públicas em Direitos Humanos (IPPDDHH) é uma organização criada em 2009, com sede permanente na cidade de Buenos Aires (Argentina). Sua principal função é a cooperação técnica, a pesquisa aplicada e a coordenação das políticas públicas em direitos humanos no contexto dos países do MERCOSUL. A proposta do IPPDH é contribuir na concepção, implementação, avaliação e consolidação das políticas públicas em direitos humanos como o núcleo do desenvolvimento da identidade e integração dos países plenos e associados do MERCOSUL. As principais normas internacionais que regulamentam o MERCOSUL são: • Tratado de Assunção (1990) • Protocolos complementares ao Tratado de Assunção: o Protocolo de Ouro Preto (1994) o Protocolo de Ushuaia (1998) o Protocolo de Olivos (2002) o Protocolo de Assunção (2005) MINISTÉRIO DO TRABALHO E EMPREGO (MTE) DIREITOS HUMANOS – TEORIA E EXERCÍCIOS AUDITOR FISCAL DO TRABALHO AULA 10 PROF: RICARDO GOMES Prof. Ricardo Gomes www.pontodosconcursos.com.br 31 De todas as normas mencionadas merece destaque para o nosso estudo o Protocolo de Assunção, celebrado em 2005, que além de ser diferente do Tratado de Assunção, prevê normas que interessam para nosso curso, afinal, o referido Protocolo trata do Compromisso com a Promoção e a Proteção dos Direitos Humanos do MERCOSUL. O referido Protocolo foi recepcionado pelo Brasil por meio do Decreto nº 7.225, de 1º de julho de 2010. Ele se ampara no fato de que é fundamental assegurar a proteção, a promoção e a garantia dos direitos humanos e das liberdades fundamentais de todas as pessoas no espaço mercosulino e de que o gozo efetivo de tais direitos é condição indispensável para a consolidação do processo de integração regional na América do Sul. O Protocolo parte do compromisso de consolidar as instituições democráticas no MERCOSUL como condição indispensável para a existência e o desenvolvimento do bloco regional, e também da reafirmação da ligação de todos os membros do MERCOSUL com os principais documentos do sistema de proteção internacional dos direitos humanos e com os princípios que o orientam. O Protocolo de Assunção prevê que os integrantes do MERCOSUL deverão cooperar entre si para a promoção e proteção efetiva dos direitos humanos e das liberdades fundamentais, por meio dos instrumentos institucionais estabelecidos na união alfandegária. Com amparo no art. 3º, está previsto também um mecanismo de consultas envolvendo os Estados do MERCOSUL e um Estado Membro do Bloco onde esteja ocorrendo graves sistemáticas violações dos direitos humanos, seja em situações de crise institucional, seja durante a vigência de estados de exceção previstos nos respectivos ordenamentos constitucionais. Caso as consultas NÃO gerem efeitos, e considerando a gravidade da situação, os membros do bloco poderão tomar medidas mais rígidas junto ao Estado violador dos direitos, tais como: • Suspensão do direito a participar do MERCOSUL; MINISTÉRIO DO TRABALHO E EMPREGO (MTE) DIREITOS HUMANOS – TEORIA E EXERCÍCIOS AUDITOR FISCAL DO TRABALHO AULA 10 PROF: RICARDO GOMES Prof. Ricardo Gomes www.pontodosconcursos.com.br 32 • Suspensão dos direitos e obrigações emergentes do fato de o Estado integrar esse mecanismo integracionista. Essas medidas serão adotadas por consenso pelosEstados- Partes e deverá ser comunicado ao ente estatal afetado, o qual não participará do processo decisório cabível, entrando em vigor na data em que se realizar a comunicação pertinente à Parte afetada e cessará apenas a partir da data da comunicação, proferida pelo Estado onde ocorreram os problemas, de que as causas que as motivaram foram resolvidas (arts. 5 e 6 do Protocolo). MINISTÉRIO DO TRABALHO E EMPREGO (MTE) DIREITOS HUMANOS – TEORIA E EXERCÍCIOS AUDITOR FISCAL DO TRABALHO AULA 10 PROF: RICARDO GOMES Prof. Ricardo Gomes www.pontodosconcursos.com.br 33 32 Responsabilidade internacional dos estados por violações de direitos sociais, econômicos e culturais. A efetivação dos direitos econômicos, sociais e culturais não é apenas uma obrigação moral dos Estados, mas um dever jurídico, que tem por fundamento os tratados internacionais de proteção dos direitos humanos, principalmente o Pacto Internacional dos Direitos Econômicos, Sociais e Culturais (PIDESC) de 1966. Assim, os Estados têm a obrigação de respeitar, proteger e implementar os direitos econômicos, sociais e culturais enunciados no PIDESC. Os direitos humanos sociais asseguram as condições para o exercício dos direitos humanos liberais (civis e políticos) e que, em razão disso, a responsabilidade internacional do Estado por violação dos direitos humanos sociais deve expor as omissões e fraquezas deste mesmo Estado e obrigá-lo a executar as políticas públicas necessárias à correta concretização destes direitos. Infelizmente, ocorre que enquanto os mecanismos políticos ou judiciários de enfrentamento à violação aos direitos civis e políticos estão respaldados em diversos instrumentos jurídicos internacionais, havendo, inclusive instrumentos coletivos nos âmbitos regionais (europeu e interamericano), os direitos sociais consagrados no PIDESC não possuem o mesmo tratamento, inexistindo mecanismos de apuração de violações cometidas pelo Estado. Isso demonstra uma seletividade no âmbito da responsabilização internacional dos Estados por violações aos direitos humanos: para os direitos civis e políticos não há problema em criar mecanismos de averiguação dessas violações, mas para os direitos sociais, haveria sim. Essa realidade vai de encontro com uma das características fundamentais dos direitos humanos que é justamente a indivisibilidade desses direitos. MINISTÉRIO DO TRABALHO E EMPREGO (MTE) DIREITOS HUMANOS – TEORIA E EXERCÍCIOS AUDITOR FISCAL DO TRABALHO AULA 10 PROF: RICARDO GOMES Prof. Ricardo Gomes www.pontodosconcursos.com.br 34 O próprio PIDESC demonstra essa cumplicidade dos Estados em não querer tornar efetivos os direitos econômicos, sociais e culturais conforme se observa do art. 23 do citado Pacto: Artigo 23.º Os Estados Partes no presente Pacto concordam que as medidas de ordem internacional destinadas a assegurar a realização dos direitos reconhecidos no dito Pacto incluem métodos, tais como a conclusão de convenções, a adoção de recomendações, a prestação de assistência técnica e a organização, em ligação com os Governos interessados, de reuniões regionais e de reuniões técnicas, para fins de consulta e de estudos. Assim, a responsabilidade do Estado se reduziria a apenas produzir relatórios a serem encaminhados ao Comitê de Direitos Econômicos, Sociais e Culturais contendo os seguintes dados: • Principais realizações na efetivação dos direitos • Progressos realizados Os relatórios seriam encaminhados pelo Comitê ao Conselho Econômico e Social da ONU que emitiria uma recomendação de ordem geral. Esse sistema foi feito para evitar que um Estado específico fosse responsabilizado de fato. O principal argumento que justifica uma postura tão amena com os Estados estaria no princípio do desenvolvimento progressivo ou progressividade adotado pelo PIDESC e também recepcionado pelo sistema interamericano, vide o art. 26 do Pacto de San José da Costa Rica. No âmbito do sistema interamericano, os mecanismos de responsabilidade internacional do Estado em matéria de direitos econômicos, sociais e culturais estão no Protocolo de San Salvador e são os seguintes: • Dever de apresentação de relatórios periódicos: o Conselho Interamericano para o Desenvolvimento MINISTÉRIO DO TRABALHO E EMPREGO (MTE) DIREITOS HUMANOS – TEORIA E EXERCÍCIOS AUDITOR FISCAL DO TRABALHO AULA 10 PROF: RICARDO GOMES Prof. Ricardo Gomes www.pontodosconcursos.com.br 35 Integral o Comissão Interamericana de Direitos Humanos • Ação de responsabilidade internacional nos seguintes casos: o Violação aos direitos à associação sindical e liberdade sindical o Violação ao direito à educação MINISTÉRIO DO TRABALHO E EMPREGO (MTE) DIREITOS HUMANOS – TEORIA E EXERCÍCIOS AUDITOR FISCAL DO TRABALHO AULA 10 PROF: RICARDO GOMES Prof. Ricardo Gomes www.pontodosconcursos.com.br 36 EXERCÍCIOS COMENTADOS QUESTÃO 176 (DPU - CESPE – Defensor Público - 2010): Julgue o item a seguir, referente(s) ao direito internacional dos direitos humanos, marcando C (certo) ou E (errado): Embora sem competência contenciosa, de caráter jurisdicional, a Corte Interamericana de Direitos Humanos tem competência consultiva, relativa à interpretação das disposições da Convenção Americana e das disposições de tratados concernentes à proteção dos direitos humanos. COMENTÁRIOS: A Corte possui competência CONSULTIVA e CONTENCIOSA. A competência consultiva se dá por meio da elaboração de pareceres, comentários e interpretações sobre os tratados de direitos humanos. A competência contenciosa envolve a atividade jurisdicional de decisão em que se aplica a norma de direitos humanos a um caso concreto, constatando se houve ou não uma violação a direitos e determinando a punição aplicável. RESPOSTA CERTA: E QUESTÃO 177 (MPE/RR - CESPE – Assistente Administrativo - 2008): Julgue o item a seguir, referente ao direito internacional dos direitos humanos, marcando C (certo) ou E (errado): Segundo a Convenção Americana sobre Direitos Humanos — Pacto de São José da Costa Rica, toda pessoa acusada de delito tem direito a que se presuma sua inocência enquanto não se comprove legalmente sua culpa. MINISTÉRIO DO TRABALHO E EMPREGO (MTE) DIREITOS HUMANOS – TEORIA E EXERCÍCIOS AUDITOR FISCAL DO TRABALHO AULA 10 PROF: RICARDO GOMES Prof. Ricardo Gomes www.pontodosconcursos.com.br 37 COMENTÁRIOS: O artigo 8 do Pacto de São José da Costa Rica prevê expressamente, conforme se observa do seguinte dispositivo: Artigo 8º - Garantias judiciais 1. Toda pessoa terá o direito de ser ouvida, com as devidas garantias e dentro de um prazo razoável, por um juiz ou Tribunal competente, independente e imparcial, estabelecido anteriormente por lei, na apuração de qualquer acusação penal formulada contra ela, ou na determinação de seus direitos e obrigações de caráter civil, trabalhista, fiscal ou de qualquer outra natureza. 2. Toda pessoa acusada de um delito tem direito a que se presuma sua inocência, enquanto não for legalmente comprovada sua culpa. Durante o processo, toda pessoa tem direito, em plena igualdade, às seguintes garantias mínimas: a) direito do acusado de ser assistido gratuitamente por um tradutor ou intérprete, caso não compreenda ou não fale a língua do juízo ou tribunal; b) comunicação prévia e pormenorizada ao acusado da acusação formulada; c) concessão ao acusado do tempo e dos meios necessários à preparação de sua defesa; d) direito do acusado de defender-se pessoalmenteou de ser assistido por um defensor de sua escolha e de comunicar-se, livremente e em particular, com seu defensor; e) direito irrenunciável de ser assistido por um defensor proporcionado pelo Estado, remunerado ou não, segundo a legislação interna, se o acusado não se defender ele próprio, nem nomear defensor dentro do prazo estabelecido pela lei; f) direito da defesa de inquirir as testemunhas presentes no Tribunal e de obter o comparecimento, como testemunhas ou peritos, de outras pessoas que possam lançar luz sobre os MINISTÉRIO DO TRABALHO E EMPREGO (MTE) DIREITOS HUMANOS – TEORIA E EXERCÍCIOS AUDITOR FISCAL DO TRABALHO AULA 10 PROF: RICARDO GOMES Prof. Ricardo Gomes www.pontodosconcursos.com.br 38 fatos; g) direito de não ser obrigada a depor contra si mesma, nem a confessar-se culpada; e h) direito de recorrer da sentença a juiz ou tribunal superior. 3. A confissão do acusado só é válida se feita sem coação de nenhuma natureza. 4. O acusado absolvido por sentença transitada em julgado não poderá ser submetido a novo processo pelos mesmos fatos. 5. O processo penal deve ser público, salvo no que for necessário para preservar os interesses da justiça. RESPOSTA CERTA: C QUESTÃO 178 (DPE/BA - CESPE – Defensor Público - 2010): Julgue o item a seguir, referente(s) ao direito internacional dos direitos humanos, marcando C (certo) ou E (errado): Qualquer pessoa ou grupo de pessoas, ou entidade não governamental legalmente reconhecida em um ou mais Estados-membros da Organização dos Estados Americanos pode apresentar diretamente à Corte Interamericana de Direitos Humanos petições que contenham denúncias ou queixas de violação dos termos da Convenção Americana de Direitos Humanos por um Estado-parte. COMENTÁRIOS: A legitimidade para iniciar processos perante a Corte é restrita a dois interessados: � Estados membros da OEA � Comissão Interamericana de Direitos Humanos Essa regra de legitimidade processual se encontra prevista no MINISTÉRIO DO TRABALHO E EMPREGO (MTE) DIREITOS HUMANOS – TEORIA E EXERCÍCIOS AUDITOR FISCAL DO TRABALHO AULA 10 PROF: RICARDO GOMES Prof. Ricardo Gomes www.pontodosconcursos.com.br 39 art. 61 a seguir exposta: Artigo 61 - 1. Somente os Estados-partes e a Comissão têm direito de submeter um caso à decisão da Corte. Os Estados somente poderão submeter um caso perante a Corte se eles reconhecerem a competência obrigatória desse Tribunal Interamericano. Portanto, os particulares e as organizações não-governamentais NÃO podem apresentar diretamente à Corte Interamericana de Direitos Humanos petições individuais relatando violações a direitos. Eles devem procurar a Comissão em primeiro lugar. RESPOSTA CERTA: E QUESTÃO 179 (AGU - CESPE – Advogado da União - 2012): Julgue o item a seguir, referente(s) ao direito internacional dos direitos humanos, marcando C (certo) ou E (errado): Em casos que envolvam a prática de tortura sistemática, a Convenção Americana de Direitos Humanos permite o acesso direto do indivíduo à Corte Interamericana de Direitos Humanos. COMENTÁRIOS: A tortura sistemática por mais absurda que seja tal prática não autoriza que os indivíduos pleiteiem diretamente à Corte conforme foi exposto na questão anterior. RESPOSTA CERTA: E QUESTÃO 180 (DPE/TO - CESPE – Defensor Público - 2013): Julgue o MINISTÉRIO DO TRABALHO E EMPREGO (MTE) DIREITOS HUMANOS – TEORIA E EXERCÍCIOS AUDITOR FISCAL DO TRABALHO AULA 10 PROF: RICARDO GOMES Prof. Ricardo Gomes www.pontodosconcursos.com.br 40 item a seguir, referente(s) ao direito internacional dos direitos humanos, marcando C (certo) ou E (errado): A Convenção Européia sobre Direitos Humanos e o Pacto Internacional de Direitos Civis e Políticos prescrevem que poderá ser exigida garantia de comparecimento ao juízo para a libertação de preso suspeito da prática de infração penal. COMENTÁRIOS: A Convenção Européia sobre Direitos Humanos, art. 5º, item 3, prevê que: "Qualquer pessoa presa ou detida nas condições previstas no parágrafo 1, alínea c), do presente artigo deve ser apresentada imediatamente a um juiz ou outro magistrado habilitado pela lei para exercer funções judiciais e tem direito a ser julgada num prazo razoável, ou posta em liberdade durante o processo. A colocação em liberdade pode estar condicionada a uma garantia que assegure a comparência do interessado em juízo." Já o Pacto Internacional de Direitos Civis e Políticos, art. 9º, item 3: "Qualquer pessoa presa ou encerrada em virtude de infração penal deverá ser conduzida, sem demora, à presença do juiz ou de outra autoridade habilitada por lei a exercer funções e terá o direito de ser julgada em prazo razoável ou de ser posta em liberdade. A prisão preventiva de pessoas que aguardam julgamento não deverá constituir a regra geral, mas a soltura poderá estar condicionada a garantias que assegurem o comparecimento da pessoa em questão à audiência, a todos os atos do processo e, se necessário for, para a execução da sentença." MINISTÉRIO DO TRABALHO E EMPREGO (MTE) DIREITOS HUMANOS – TEORIA E EXERCÍCIOS AUDITOR FISCAL DO TRABALHO AULA 10 PROF: RICARDO GOMES Prof. Ricardo Gomes www.pontodosconcursos.com.br 41 RESPOSTA CERTA: C QUESTÃO 181 (DPE/TO - CESPE – Defensor Público - 2013): Julgue o item a seguir, referente(s) ao direito internacional dos direitos humanos, marcando C (certo) ou E (errado): A Convenção Americana sobre Direitos Humanos proíbe a pena de trabalhos forçados. COMENTÁRIOS: O artigo 6º do Pacto de San José da Costa Rica prevê expressamente que: Artigo 6º - Proibição da escravidão e da servidão 1. Ninguém poderá ser submetido a escravidão ou servidão e tanto estas como o tráfico de escravos e o tráfico de mulheres são proibidos em todas as suas formas. 2. Ninguém deve ser constrangido a executar trabalho forçado ou obrigatório. Nos países em que se prescreve, para certos delitos, pena privativa de liberdade acompanhada de trabalhos forçados, esta disposição não pode ser interpretada no sentido de proibir o cumprimento da dita pena, imposta por um juiz ou tribunal competente. O trabalho forçado não deve afetar a dignidade, nem a capacidade física e intelectual do recluso. 3. Não constituem trabalhos forçados ou obrigatórios para os efeitos deste artigo: a) os trabalhos ou serviços normalmente exigidos de pessoa reclusa em cumprimento de sentença ou resolução formal expedida pela autoridade judiciária competente. Tais trabalhos ou serviços devem ser executados sob a vigilância e controle das autoridades públicas, e os indivíduos que os executarem não devem ser postos à disposição de particulares, companhias ou pessoas jurídicas de caráter privado; b) serviço militar e, nos países em que se admite a isenção MINISTÉRIO DO TRABALHO E EMPREGO (MTE) DIREITOS HUMANOS – TEORIA E EXERCÍCIOS AUDITOR FISCAL DO TRABALHO AULA 10 PROF: RICARDO GOMES Prof. Ricardo Gomes www.pontodosconcursos.com.br 42 por motivo de consciência, qualquer serviço nacional que a lei estabelecer em lugar daquele; c) o serviço exigido em casos de perigo ou de calamidade que ameacem a existência ou o bem-estar da comunidade; d) o trabalho ou serviço que faça parte das obrigações cívicas normais. RESPOSTA CERTA: E QUESTÃO 182 (DPE/TO - CESPE – Defensor Público - 2013): Julgue o item a seguir, referente(s) ao direito internacional dos direitos humanos, marcando C (certo) ou E (errado):A Convenção Americana sobre Direitos Humanos e a Declaração Universal dos Direitos Humanos exigem a separação entre o suspeito de praticar infração penal que aguarda julgamento e o preso condenado. COMENTÁRIOS: A questão está parcialmente correta. Isto ocorre, pois a Convenção Americana prevê que: Artigo 5º - Direito à integridade pessoal 1. Toda pessoa tem direito a que se respeite sua integridade física, psíquica e moral. 2. Ninguém deve ser submetido a torturas, nem a penas ou tratos cruéis, desumanos ou degradantes. Toda pessoa privada de liberdade deve ser tratada com o respeito devido à dignidade inerente ao ser humano. 3. A pena não pode passar da pessoa do delinquente. 4. Os processados devem ficar separados dos condenados, salvo em circunstâncias excepcionais, e devem ser submetidos a tratamento adequado à sua condição de pessoas não condenadas. Ocorre que a Declaração Universal de Direitos Humanos não MINISTÉRIO DO TRABALHO E EMPREGO (MTE) DIREITOS HUMANOS – TEORIA E EXERCÍCIOS AUDITOR FISCAL DO TRABALHO AULA 10 PROF: RICARDO GOMES Prof. Ricardo Gomes www.pontodosconcursos.com.br 43 adentra nesse detalhe de maneira que o item foi considerado falso pelo CESPE. RESPOSTA CERTA: E QUESTÃO 183 (DPE/TO - CESPE – Defensor Público - 2013): Julgue o item a seguir, referente(s) às garantias judiciais no direito internacional dos direitos humanos, marcando C (certo) ou E (errado): A Convenção Européia sobre Direitos Humanos permite que à imprensa seja negado o acesso às sessões de julgamento nos tribunais. COMENTÁRIOS: O artigo 6º da Convenção Européia sobre Direitos Humanos prevê que: Artigo 6.º (Direito a um processo equitativo) 1. Qualquer pessoa tem direito a que a sua causa seja examinada, equitativa e publicamente, num prazo razoável por um tribunal independente e imparcial, estabelecido pela lei, o qual decidirá, quer sobre a determinação dos seus direitos e obrigações de carácter civil, quer sobre o fundamento de qualquer acusação em matéria penal dirigida contra ela. O julgamento deve ser público, mas o acesso à sala de audiências pode ser proibido à imprensa ou ao público durante a totalidade ou parte do processo, quando a bem da moralidade, da ordem pública ou da segurança nacional numa sociedade democrática, quando os interesses de menores ou a protecção da vida privada das partes no processo o exigirem, ou, na medida julgada estritamente necessária pelo tribunal, quando, em circunstâncias MINISTÉRIO DO TRABALHO E EMPREGO (MTE) DIREITOS HUMANOS – TEORIA E EXERCÍCIOS AUDITOR FISCAL DO TRABALHO AULA 10 PROF: RICARDO GOMES Prof. Ricardo Gomes www.pontodosconcursos.com.br 44 especiais, a publicidade pudesse ser prejudicial para os interesses da justiça. RESPOSTA CERTA: C QUESTÃO 184 (MPT - MPT – Procurador do Trabalho - 2007): Julgue o item a seguir, referente(s) às garantias judiciais no direito internacional dos direitos humanos, marcando C (certo) ou E (errado): O Pacto de São José da Costa Rica consagra o duplo grau de jurisdição ao garantir o direito de recorrer de sentença a juiz ou tribunal. COMENTÁRIOS: O Pacto de São José da Costa Rica é explícito nesse sentido: Artigo 8º - Garantias judiciais (...) 2. Toda pessoa acusada de um delito tem direito a que se presuma sua inocência, enquanto não for legalmente comprovada sua culpa. Durante o processo, toda pessoa tem direito, em plena igualdade, às seguintes garantias mínimas: (...) h) direito de recorrer da sentença a juiz ou tribunal superior. RESPOSTA CERTA: C QUESTÃO 185 (DPE/TO - CESPE – Defensor Público - 2013): Julgue o item a seguir, referente(s) às garantias judiciais no direito internacional dos direitos humanos, marcando C (certo) ou E (errado): A Convenção Americana sobre Direitos Humanos não reconhece o princípio do “ne bis in idem”. MINISTÉRIO DO TRABALHO E EMPREGO (MTE) DIREITOS HUMANOS – TEORIA E EXERCÍCIOS AUDITOR FISCAL DO TRABALHO AULA 10 PROF: RICARDO GOMES Prof. Ricardo Gomes www.pontodosconcursos.com.br 45 COMENTÁRIOS: O Pacto de San José da Costa Rica (Convenção Americana de Direitos Humanos) traz expressamente a vedação do bis in idem, ou seja, reconhece esse princípio conforme se infere a seguir: "Artigo 8º - Garantias judiciais. (...) 4. O acusado absolvido por sentença transitada em julgado não poderá ser submetido a novo processo pelos mesmos fatos." RESPOSTA CERTA: E QUESTÃO 186 (DPE/SE - CESPE – Defensor Público - 2012): Julgue o item a seguir, referente(s) ao sistema interamericano dos direitos humanos, marcando C (certo) ou E (errado): A Comissão Interamericana de Direitos Humanos não pode aceitar nem processar petições individuais. COMENTÁRIOS: A Comissão é o único órgão do sistema interamericano de direitos humanos que recebe petições de particulares. RESPOSTA CERTA: E QUESTÃO 187 (DPE/SE - CESPE – Defensor Público - 2012): Julgue o item a seguir, referente(s) ao sistema interamericano dos direitos humanos, marcando C (certo) ou E (errado): A Comissão Interamericana de Direitos Humanos detém competência para conhecer denúncia de violação de direitos humanos praticada por qualquer país que integre a Organização dos Estados Americanos, nos termos da MINISTÉRIO DO TRABALHO E EMPREGO (MTE) DIREITOS HUMANOS – TEORIA E EXERCÍCIOS AUDITOR FISCAL DO TRABALHO AULA 10 PROF: RICARDO GOMES Prof. Ricardo Gomes www.pontodosconcursos.com.br 46 Convenção Americana de Direitos Humanos. COMENTÁRIOS: De acordo com o art. 45 da Convenção Americana a resposta é não. Prevê a citada norma: Artigo 45 - 1. Todo Estado-parte pode, no momento do depósito do seu instrumento de ratificação desta Convenção, ou de adesão a ela, ou em qualquer momento posterior, declarar que reconhece a competência da Comissão para receber e examinar as comunicações em que um Estado-parte alegue haver outro Estado-parte incorrido em violações dos direitos humanos estabelecidos nesta Convenção. 2. As comunicações feitas em virtude deste artigo só podem ser admitidas e examinadas se forem apresentadas por um Estado-parte que haja feito uma declaração pela qual reconheça a referida competência da Comissão. A Comissão não admitirá nenhuma comunicação contra um Estado-parte que não haja feito tal declaração. RESPOSTA CERTA: E QUESTÃO 188 (DPE/SE - CESPE – Defensor Público – 2012 - Adaptada): Julgue o item a seguir, referente(s) ao sistema interamericano dos direitos humanos, marcando C (certo) ou E (errado): A Comissão Interamericana de Direitos Humanos tem o poder de fixar seu próprio regulamento. COMENTÁRIOS: O artigo 39 do Pacto de San José prevê expressamente que: MINISTÉRIO DO TRABALHO E EMPREGO (MTE) DIREITOS HUMANOS – TEORIA E EXERCÍCIOS AUDITOR FISCAL DO TRABALHO AULA 10 PROF: RICARDO GOMES Prof. Ricardo Gomes www.pontodosconcursos.com.br 47 Artigo 39 - A Comissão elaborará seu estatuto e submetê-lo-á à aprovação da Assembléia Geral e expedirá seu próprio Regulamento. RESPOSTA CERTA: C QUESTÃO 189 (DPE/SE - CESPE – Defensor Público - 2012): Julgue o item a seguir, referente(s) ao sistema interamericano dos direitos humanos, marcando C (certo) ou E (errado): A Comissão Interamericana de Direitos Humanos tem como único documento paradigmático para a proteção dos direitos humanos no continente americano o Pacto de São José da Costa Rica. COMENTÁRIOS: Em relação aos direitos humanosno continente americano, a OEA assume fundamental importância. Foi no contexto da OEA que os Estados do continente decidiram celebrar um tratado internacional, de natureza regional, que assegurasse os direitos humanos em todo contente. Trata-se da Convenção Americana de Direitos Humanos, mais conhecida como Pacto de San José da Costa Rica, de 1969 que instituiu um sistema regional destinado à proteção de direitos humanos: o sistema interamericano de direitos humanos. O referido Sistema é disciplinado por quatro tratados internacionais: � Declaração Americana de Direitos e Deveres do Homem � Carta da OEA � Convenção Americana dos Direitos Humanos (Pacto de San José da Costa Rica) � Protocolo Adicional à Convenção Americana dos Direitos Humanos em Matéria de Direitos Econômicos, Sociais e MINISTÉRIO DO TRABALHO E EMPREGO (MTE) DIREITOS HUMANOS – TEORIA E EXERCÍCIOS AUDITOR FISCAL DO TRABALHO AULA 10 PROF: RICARDO GOMES Prof. Ricardo Gomes www.pontodosconcursos.com.br 48 Culturais (Protocolo de San Salvador) RESPOSTA CERTA: E QUESTÃO 190 (DPE/SE - CESPE – Defensor Público – 2012 - Adaptada): Julgue o item a seguir, referente(s) ao sistema interamericano dos direitos humanos, marcando C (certo) ou E (errado): A Comissão Interamericana de Direitos Humanos não pode declarar a inadmissibilidade ou a improcedência da petição ou comunicação, com base em informação ou prova supervenientes. COMENTÁRIOS: Errado! O art. 48 do Pacto prevê que Artigo 48 - 1. A Comissão, ao receber uma petição ou comunicação na qual se alegue a violação de qualquer dos direitos consagrados nesta Convenção, procederá da seguinte maneira: a) se reconhecer a admissibilidade da petição ou comunicação, solicitará informações ao Governo do Estado ao qual pertença a autoridade apontada como responsável pela violação alegada e transcreverá as partes pertinentes da petição ou comunicação. As referidas informações devem ser enviadas dentro de um prazo razoável, fixado pela Comissão ao considerar as circunstâncias de cada caso; b) recebidas as informações, ou transcorrido o prazo fixado sem que sejam elas recebidas, verificará se existem ou subsistem os motivos da petição ou comunicação. No caso de não existirem ou não subsistirem, mandará arquivar o expediente; c) poderá também declarar a inadmissibilidade ou a MINISTÉRIO DO TRABALHO E EMPREGO (MTE) DIREITOS HUMANOS – TEORIA E EXERCÍCIOS AUDITOR FISCAL DO TRABALHO AULA 10 PROF: RICARDO GOMES Prof. Ricardo Gomes www.pontodosconcursos.com.br 49 improcedência da petição ou comunicação, com base em informação ou prova supervenientes; RESPOSTA CERTA: E QUESTÃO 191 (DPE/SE - CESPE – Defensor Público - 2012): Julgue o item a seguir, referente(s) ao sistema interamericano dos direitos humanos, marcando C (certo) ou E (errado): A exceção de não esgotamento dos recursos internos só será tempestiva quando apresentada na etapa de admissibilidade do procedimento perante a Comissão Interamericana de Direitos Humanos. COMENTÁRIOS: Esta questão não está explícita na Convenção, mas sim na jurisprudência interamericana. De acordo com a jurisprudência da Corte Interamericana de Direitos Humanos, o incidente processual de exceção de não esgotamento dos recursos internos só será tempestivo quando apresentada na etapa de admissibilidade do procedimento perante a Comissão Interamericana de Direitos Humanos. RESPOSTA CERTA: C QUESTÃO 192 (DPE/SE - CESPE – Defensor Público - 2012): Julgue o item a seguir, referente(s) ao sistema interamericano dos direitos humanos, marcando C (certo) ou E (errado): O Estado-parte não tem direito a renunciar à regra do prévio esgotamento dos recursos internos. COMENTÁRIOS: MINISTÉRIO DO TRABALHO E EMPREGO (MTE) DIREITOS HUMANOS – TEORIA E EXERCÍCIOS AUDITOR FISCAL DO TRABALHO AULA 10 PROF: RICARDO GOMES Prof. Ricardo Gomes www.pontodosconcursos.com.br 50 De acordo com a jurisprudência da Corte Interamericana de Direitos Humanos, o Estado-parte tem direito a renunciar à regra do prévio esgotamento dos recursos internos. RESPOSTA CERTA: E QUESTÃO 193 (DPE/SE - CESPE – Defensor Público - 2012): Julgue o item a seguir, referente(s) ao sistema interamericano dos direitos humanos, marcando C (certo) ou E (errado): A pena de morte pode ser restabelecida nos Estados-parte que a tenham abolido. COMENTÁRIOS: O artigo 4º do Pacto prevê expressamente o direito à vida nestes termos, conforme se observa do seguinte dispositivo: Artigo 4º - Direito à vida (...) 2. Nos países que não houverem abolido a pena de morte, esta só poderá ser imposta pelos delitos mais graves, em cumprimento de sentença final de tribunal competente e em conformidade com a lei que estabeleça tal pena, promulgada antes de haver o delito sido cometido. Tampouco se estenderá sua aplicação a delitos aos quais não se aplique atualmente. 3. Não se pode restabelecer a pena de morte nos Estados que a hajam abolido. RESPOSTA CERTA: E QUESTÃO 194 (DPE/SE - CESPE – Defensor Público - 2012): Julgue o MINISTÉRIO DO TRABALHO E EMPREGO (MTE) DIREITOS HUMANOS – TEORIA E EXERCÍCIOS AUDITOR FISCAL DO TRABALHO AULA 10 PROF: RICARDO GOMES Prof. Ricardo Gomes www.pontodosconcursos.com.br 51 item a seguir, referente(s) ao sistema interamericano dos direitos humanos, marcando C (certo) ou E (errado): Para a Convenção Americana de Direitos Humanos, o direito à vida deve ser protegido, como regra, desde a concepção. COMENTÁRIOS: O artigo 4º do Pacto prevê expressamente o direito à vida nestes termos, conforme se observa do seguinte dispositivo: Artigo 4º - Direito à vida 1. Toda pessoa tem o direito de que se respeite sua vida. Esse direito deve ser protegido pela lei e, em geral, desde o momento da concepção. Ninguém pode ser privado da vida arbitrariamente. (...) RESPOSTA CERTA: C QUESTÃO 195 (MTE/AFT - Ponto dos Concursos - Ricardo Gomes): Julgue o item a seguir, marcando C (certo) ou E (errado): O Protocolo de San Salvador prevê o direito humano ao meio ambiente sadio. COMENTÁRIOS: Vide o art. 11 do Protocolo de San Salvador. RESPOSTA CERTA: C QUESTÃO 196 (MTE/AFT - Ponto dos Concursos - Ricardo Gomes): MINISTÉRIO DO TRABALHO E EMPREGO (MTE) DIREITOS HUMANOS – TEORIA E EXERCÍCIOS AUDITOR FISCAL DO TRABALHO AULA 10 PROF: RICARDO GOMES Prof. Ricardo Gomes www.pontodosconcursos.com.br 52 Julgue o item a seguir, marcando C (certo) ou E (errado): O Tribunal Permanente de Revisão é do MERCOSUL competente para processar e julgar as violações aos direitos humanos no âmbito da zona de livre comércio. COMENTÁRIOS: O Tribunal Permanente de Revisão do Mercosul (TPR), com sede na cidade de Assunção (Paraguai), é um tribunal de revisão dotado de competência para avaliar e modificar os laudos arbitrais proferidos por árbitros ad hoc (escolhidos especialmente para um determinado caso) de primeira instância sobre questões de natureza comercial ou privada. Ele foi concebido com o objetivo de sanar uma das fontes de insegurança jurídica no MERCOSUL, que era a falta de um tribunal permanente para resolver litígios de maneira rápida e objetiva. Os únicos órgãos do MERCOSUL que lidam diretamente com os direitos humanos não possuem poderes decisórios de qualquer natureza. RESPOSTA CERTA: E QUESTÃO 197 (MTE/AFT - Ponto dos Concursos - Ricardo Gomes): Julgue o item a seguir, marcando
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