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MINISTÉRIO DO TRABALHO E EMPREGO (MTE) DIREITOS HUMANOS – TEORIA E EXERCÍCIOS AUDITOR FISCAL DO TRABALHO AULA 12 PROF: RICARDO GOMES Prof. Ricardo Gomes www.pontodosconcursos.com.br 1 AUDITOR FISCAL DO TRABALHO (AFT) Prezados Alunos! Foi uma LONGA jornada desde a Aula 1 até esta Aula 12 de Direitos Humanos... A matéria foi inédita no concurso de AFT e, além disso, exigiu conhecimentos muito específicos de Direitos Humanos, nunca cobrados em concursos pretéritos, razão pela qual tivemos que imprimir dedicação integral para sua finalização com a qualidade e celeridade que devemos entregar a vocês, nossos alunos. Como já colocamos anteriormente, tendo em vista que abarcamos item por item do Edital, de forma exaustiva, na tentativa de abarcar todas as eventuais possibilidades da Banca, esperamos alcançar 100% das Questões do CESPE, como já conseguimos nos últimos concursos (Ex: PRF, MPU, TJDFT, entre outros). Com esta aula, concluímos o programa da disciplina, com assuntos um pouco mais simples. Por isso, estudem enfocando alguns conceitos e idéias chaves que destacarei nesta aula. Tenho certeza que vocês terão um excelente desempenho na prova! Fiquem ligados: disponibilizarei um RESUMÃO FINAL de MINISTÉRIO DO TRABALHO E EMPREGO (MTE) DIREITOS HUMANOS – TEORIA E EXERCÍCIOS AUDITOR FISCAL DO TRABALHO AULA 12 PROF: RICARDO GOMES Prof. Ricardo Gomes www.pontodosconcursos.com.br 2 Direitos Humanos, para Revisão antes da prova! Desejo uma excelente prova para cada um de vocês! Ricardo Gomes Por sua aprovação no concurso de AFT! QUADRO SINÓPTICO DA AULA: • 36 A Auditoria Fiscal do Trabalho como agente de proteção e concretização dos direitos fundamentais dos trabalhadores. • 36.1 Segurança e Saúde no Trabalho. • 36.2 Combate à redução análoga ao trabalho escravo. • 36.3 Discriminação e ações afirmativas. • 36.4 Direitos da mulher, da Criança, do Adolescente e do Idoso. • 36.5 Direito das Pessoas com Deficiência. • 37 Programa Nacional de Direitos Humanos (Decreto nº 7.037/2009 – Eixos Orientadores II e III). MINISTÉRIO DO TRABALHO E EMPREGO (MTE) DIREITOS HUMANOS – TEORIA E EXERCÍCIOS AUDITOR FISCAL DO TRABALHO AULA 12 PROF: RICARDO GOMES Prof. Ricardo Gomes www.pontodosconcursos.com.br 3 36 A Auditoria Fiscal do Trabalho como agente de proteção e concretização dos direitos fundamentais dos trabalhadores. A Auditoria Fiscal do Trabalho é uma carreira especializada destinada a efetuar a INSPEÇÃO DO TRABALHO. Esta atividade fiscalizatória se encontra fundamentada, principalmente, na Convenção nº 81 da OIT que disciplina a fiscalização do trabalho e na própria Constituição Federal de 1988 (CF/88) que prevê a competência da União para exercer a inspeção do trabalho, além e consagrar diversos direitos sociais aos trabalhadores. A história da inspeção do trabalho se confunde com a origem do Direito do Trabalho, visto que este ramo do direito surgiu como resposta às condições subumanas que atingiam os trabalhadores. Nesse sentido, temos como um dos primórdios da Inspeção do Trabalho na Inglaterra com a lei Althorp Act que, em 1833, delegou o poder de fiscalização dos estabelecimentos submetidos às normas de proteção do trabalhador a agentes públicos, autorizando, inclusive, a imposição de sanções aos infratores das citadas normas, mesclando-se funções administrativas e até mesmo judiciais. Somente no ano de 1844, esses fiscais passariam a desempenhar apenas funções administrativas. Portanto, verificamos que a origem da Auditoria Fiscal do Trabalho está diretamente atrelada à proteção e concretização de direitos fundamentais para os trabalhadores. Da Inglaterra, a concepção de inspeção do trabalho se espalhou pelo mundo com diversos países adotando normas semelhantes, algumas mais protetivas, outros menos. No Brasil, a primeira iniciativa de criação de uma inspeção do trabalho ocorreu ainda no século XIX, com o Decreto nº 1.313/1891, que instituiu uma fiscalização restrita aos estabelecimentos fabris do Rio de Janeiro, sem alcançar as demais partes do país. A consolidação de um órgão governamental responsável pela inspeção do trabalho somente ocorreria quarenta anos depois, durante a Era Vargas, com a atribuição da competência de inspeção do trabalho ao Departamento Nacional do Trabalho, por meio do Decreto nº 19.671- MINISTÉRIO DO TRABALHO E EMPREGO (MTE) DIREITOS HUMANOS – TEORIA E EXERCÍCIOS AUDITOR FISCAL DO TRABALHO AULA 12 PROF: RICARDO GOMES Prof. Ricardo Gomes www.pontodosconcursos.com.br 4 A/1931. Um detalhe curioso é que esse Departamento já existia desde 1918, todavia, somente em 1931 lhe foi autorizado exercer as competências fiscalizatórias de inspeção do trabalho, no contexto da criação do Ministério do Trabalho, Indústria e Comércio por Getúlio Vargas em 1930. Em seguida, foram criados órgãos específicos para essa atribuição: as Inspetorias Regionais do Ministério do Trabalho, Indústria e Comércio, instituídas por meio dos Decretos nºs 21.690 e 23.288, de 1º de agosto de 1932 e 26 de outubro de 1933, respectivamente. As Inspetorias Regionais foram transformadas em Delegacias Regionais do Trabalho, por meio do Decreto-Lei nº 2.168, de 6 de maio de 1940. Com a Consolidação das Leis do Trabalho (CLT), de 1943, houve a disciplina da fiscalização trabalhista, com um viés bem mais repressivo, prevendo o processo das multas administrativas (arts. 626 a 642). A ratificação da Convenção nº 81 da Organização Internacional do Trabalho (OIT) pelo Brasil, através do Decreto nº 41.721/57, contribuiu para a reafirmação da inspeção do trabalho no país, de modo que, alguns anos depois, foi editado o Regulamento da Inspeção do Trabalho (RIT), cuja primeira versão era de 1965, e atualmente está em vigor a edição veiculada pelo Decreto nº 4.552/2002. A consagração dos direitos sociais dos trabalhadores na Constituição Federal de 1988 elevou a temática das relações de trabalho ao plano dos direitos humanos fundamentais, de forma que a inspeção do trabalho deixou de ser uma mera atividade de fiscalização administrativa das normas aplicáveis a um componente da Economia (a mão de obra) e passou a ser um instrumento de concretização dos direitos fundamentais dos trabalhadores. Com a reestruturação da carreira Auditoria Fiscal do Trabalho, por meio da Lei nº 10.593/02, a inspeção do trabalho passou a ter um quadro funcional mais organizado e racional de forma a atender, adequadamente às necessidades de fiscalização do cumprimento das normas de proteção aos trabalhadores. MINISTÉRIO DO TRABALHO E EMPREGO (MTE) DIREITOS HUMANOS – TEORIA E EXERCÍCIOS AUDITOR FISCAL DO TRABALHO AULA 12 PROF: RICARDO GOMES Prof. Ricardo Gomes www.pontodosconcursos.com.br 5 Por fim, em 2008, as Delegacias Regionais do Trabalho foram transformadas em Superintendências Regionais do Trabalho e Emprego, passando a ser competentes também para a execução, a supervisão e o monitoramento de todas as ações relacionadas às políticas públicas afetas ao Ministério do Trabalho e Emprego. Feita a contextualização histórica, vamos abordar quais os direitos que são resguardados pelos auditores fiscais do trabalho. Os direitos fundamentais dos trabalhadores estão previstos nos arts. 7º, 9, 10 e 11 da Constituição Federal de 1988. Eles podem ser de dois tipos: � Direitos dos trabalhadores em suas relações individuais de trabalho (art. 7º). � Direitos coletivos dos trabalhadores (arts. 9º a 11). O primeiro tratados direitos fundamentais garantidos aos trabalhadores nas relações individuais que estes estabelecem com seus empregadores no contexto de um contrato de emprego. O segundo tipo aborda os direitos que os trabalhadores exercem de forma coletiva ou no interesse de uma coletividade laboral, ex.: o direito de associação sindical, o direito de greve, o direito de substituição processual, o direito de participação e o direito de representação classista. Considerando o foco deste ponto, iremos aprofundar os direitos individuais dos trabalhadores contidos no art. 7º da CF/88. Tais direitos podem ser classificados da seguinte forma: � Direito ao trabalho e garantia do emprego � Direitos sobre as condições de trabalho � Direitos relativos ao salário � Direitos relativos ao repouso e à inatividade do trabalhador � Direitos relativos aos dependentes do trabalhador � Participação nos lucros e co-gestão O direito ao trabalho e garantia do emprego encontra-se MINISTÉRIO DO TRABALHO E EMPREGO (MTE) DIREITOS HUMANOS – TEORIA E EXERCÍCIOS AUDITOR FISCAL DO TRABALHO AULA 12 PROF: RICARDO GOMES Prof. Ricardo Gomes www.pontodosconcursos.com.br 6 previsto em diversos dispositivos da Constituição, tais como o art. 1º, inc. IV, 6º e 170, além do art. 7º, inc. I, a seguir: Art. 7º São direitos dos trabalhadores urbanos e rurais, além de outros que visem à melhoria de sua condição social: I - relação de emprego protegida contra despedida arbitrária ou sem justa causa, nos termos de lei complementar, que preverá indenização compensatória, dentre outros direitos; Este direito encontra respaldo em diversos instrumentos e normas internacionais de direitos humanos, destacando-se o art. 23 da Declaração Universal de Direitos Humanos e o art. 6º do Pacto Internacional sobre os Direitos Econômicos, Sociais e Culturais. Os direitos sobre as condições de trabalho encontram-se previstos em diversos incisos do art. 7º, a seguir: Art. 7º São direitos dos trabalhadores urbanos e rurais, além de outros que visem à melhoria de sua condição social: (...) XIII - duração do trabalho normal não superior a oito horas diárias e quarenta e quatro semanais, facultada a compensação de horários e a redução da jornada, mediante acordo ou convenção coletiva de trabalho; XIV - jornada de seis horas para o trabalho realizado em turnos ininterruptos de revezamento, salvo negociação coletiva; (...) XX - proteção do mercado de trabalho da mulher, mediante incentivos específicos, nos termos da lei; MINISTÉRIO DO TRABALHO E EMPREGO (MTE) DIREITOS HUMANOS – TEORIA E EXERCÍCIOS AUDITOR FISCAL DO TRABALHO AULA 12 PROF: RICARDO GOMES Prof. Ricardo Gomes www.pontodosconcursos.com.br 7 (...) XXII - redução dos riscos inerentes ao trabalho, por meio de normas de saúde, higiene e segurança; XXIII - adicional de remuneração para as atividades penosas, insalubres ou perigosas, na forma da lei; (...) XXVI - reconhecimento das convenções e acordos coletivos de trabalho; XXVII - proteção em face da automação, na forma da lei; (...) XXXII - proibição de distinção entre trabalho manual, técnico e intelectual ou entre os profissionais respectivos; XXXIII - proibição de trabalho noturno, perigoso ou insalubre aos menores de dezoito e de qualquer trabalho a menores de quatorze anos, salvo na condição de aprendiz; XXXIII - proibição de trabalho noturno, perigoso ou insalubre a menores de dezoito e de qualquer trabalho a menores de dezesseis anos, salvo na condição de aprendiz, a partir de quatorze anos; XXXIV - igualdade de direitos entre o trabalhador com vínculo empregatício permanente e o trabalhador avulso. Estes direitos encontram respaldo em diversos instrumentos e normas internacionais de direitos humanos, destacando-se o art. 23, parágrafo 1, da Declaração Universal de Direitos Humanos e o art. 7º do Pacto Internacional sobre os Direitos Econômicos, Sociais e Culturais. Os direitos relativos ao salário encontram-se previstos em MINISTÉRIO DO TRABALHO E EMPREGO (MTE) DIREITOS HUMANOS – TEORIA E EXERCÍCIOS AUDITOR FISCAL DO TRABALHO AULA 12 PROF: RICARDO GOMES Prof. Ricardo Gomes www.pontodosconcursos.com.br 8 diversos incisos do art. 7º, a seguir: (...) IV - salário mínimo , fixado em lei, nacionalmente unificado, capaz de atender a suas necessidades vitais básicas e às de sua família com moradia, alimentação, educação, saúde, lazer, vestuário, higiene, transporte e previdência social, com reajustes periódicos que lhe preservem o poder aquisitivo, sendo vedada sua vinculação para qualquer fim; V - piso salarial proporcional à extensão e à complexidade do trabalho; VI - irredutibilidade do salário, salvo o disposto em convenção ou acordo coletivo; VII - garantia de salário, nunca inferior ao mínimo, para os que percebem remuneração variável; VIII - décimo terceiro salário com base na remuneração integral ou no valor da aposentadoria; IX - remuneração do trabalho noturno superior à do diurno; X - proteção do salário na forma da lei, constituindo crime sua retenção dolosa; (...) XVI - remuneração do serviço extraordinário superior, no mínimo, em cinqüenta por cento à do normal; (...) XXX - proibição de diferença de salários, de exercício de funções e de critério de admissão por motivo de sexo, idade, cor ou estado civil; XXXI - proibição de qualquer discriminação no tocante a salário e critérios de admissão do trabalhador portador de deficiência; Estes direitos encontram respaldo em diversos instrumentos e MINISTÉRIO DO TRABALHO E EMPREGO (MTE) DIREITOS HUMANOS – TEORIA E EXERCÍCIOS AUDITOR FISCAL DO TRABALHO AULA 12 PROF: RICARDO GOMES Prof. Ricardo Gomes www.pontodosconcursos.com.br 9 normas internacionais de direitos humanos, destacando-se o art. 23, parágrafos 2 e 3, da Declaração Universal de Direitos Humanos e o art. 7º, letra “a”, do Pacto Internacional sobre os Direitos Econômicos, Sociais e Culturais. Os direitos relativos ao repouso e à inatividade do trabalhador encontram-se previstos em diversos incisos do art. 7º, a seguir: (...) II - seguro-desemprego, em caso de desemprego involuntário; III - fundo de garantia do tempo de serviço; (...) XV - repouso semanal remunerado, preferencialmente aos domingos; (...) XVII - gozo de férias anuais remuneradas com, pelo menos, um terço a mais do que o salário normal; (...) XVIII - licença à gestante, sem prejuízo do emprego e do salário, com a duração de cento e vinte dias; XIX - licença-paternidade, nos termos fixados em lei; (...) XXI - aviso prévio proporcional ao tempo de serviço, sendo no mínimo de trinta dias, nos termos da lei; (...) XXIV - aposentadoria; (...) XXVIII - seguro contra acidentes de trabalho, a cargo do empregador, sem excluir a indenização a que este está obrigado, quando incorrer em dolo ou culpa; Estes direitos encontram respaldo em diversos instrumentos e normas internacionais de direitos humanos, destacando-se os arts. 24 e 25 da Declaração Universal de Direitos Humanos e o art. 7º, letra “d”, do Pacto Internacional sobre os Direitos Econômicos, Sociais e Culturais. MINISTÉRIO DO TRABALHO E EMPREGO (MTE) DIREITOS HUMANOS – TEORIA E EXERCÍCIOS AUDITOR FISCAL DO TRABALHO AULA 12 PROF: RICARDO GOMES Prof. Ricardo Gomes www.pontodosconcursos.com.br 10 Os direitos relativos aos dependentes do trabalhador encontram-se previstos em diversos incisos do art. 7º, a seguir: (...) XII - salário-famíliapago em razão do dependente do trabalhador de baixa renda nos termos da lei; (...) XXV - assistência gratuita aos filhos e dependentes desde o nascimento até 5 (cinco) anos de idade em creches e pré-escolas; Estes direitos encontram respaldo em diversos instrumentos e normas internacionais de direitos humanos, destacando-se o art. 23, parágrafos 2 e 3, da Declaração Universal de Direitos Humanos e o art. 7º, letra “a”, do Pacto Internacional sobre os Direitos Econômicos, Sociais e Culturais. Os direitos relativos a participação nos lucros e co-gestão encontram-se previstos em diversos incisos do art. 7º, a seguir: Art. 7º São direitos dos trabalhadores urbanos e rurais, além de outros que visem à melhoria de sua condição social: (...) XI - participação nos lucros, ou resultados, desvinculada da remuneração, e, excepcionalmente, participação na gestão da empresa, conforme definido em lei; (...) Art. 10. É assegurada a participação dos trabalhadores e empregadores nos colegiados dos órgãos públicos em que seus interesses profissionais ou previdenciários sejam objeto de discussão e deliberação. Art. 11. Nas empresas de mais de duzentos empregados, é assegurada a eleição de um representante destes com a finalidade exclusiva de promover-lhes o entendimento direto com os empregadores. Portanto, a fiscalização do trabalho – auditoria fiscal do trabalho – desempenha a imprescindível tarefa de vistoria das condições de MINISTÉRIO DO TRABALHO E EMPREGO (MTE) DIREITOS HUMANOS – TEORIA E EXERCÍCIOS AUDITOR FISCAL DO TRABALHO AULA 12 PROF: RICARDO GOMES Prof. Ricardo Gomes www.pontodosconcursos.com.br 11 execução do contrato de emprego envolvendo a parte mais frágil desta relação contratual que é o trabalhador (princípio da proteção). A fiscalização do trabalho na aplicação dos direitos fundamentais dos trabalhadores desempenha as seguintes funções: • Preventiva • Pedagógica • Atuação independente de provocação e reiterada. A função preventiva permite ao Auditor Fiscal do Trabalho avaliar e relatar as condições negativas ao empreendimento, mesmo que este estabelecimento ainda não tenha começado a funcionar, conforme dispõe a CLT, no seu artigo 160. A função pedagógica deriva do fato de o Auditor Fiscal do Trabalho estar legalmente autorizado a prevenir o empregador do procedimento inadequado ou até mesmo ilegal, antes de aplicar a sanção cabível, nas hipóteses que a legislação o permita, como, por exemplo, as dos artigos 627 e 627-A, da CLT. A última função da fiscalização do trabalho consiste na atuação de ofício da Auditoria Fiscal do Trabalho. Mesmo que não haja qualquer denúncia, o Auditor Fiscal do Trabalho está autorizado a efetuar uma fiscalização ordinária e frequente aos estabelecimentos para avaliar o cumprimento dos direitos fundamentais envolvendo seus trabalhadores. MINISTÉRIO DO TRABALHO E EMPREGO (MTE) DIREITOS HUMANOS – TEORIA E EXERCÍCIOS AUDITOR FISCAL DO TRABALHO AULA 12 PROF: RICARDO GOMES Prof. Ricardo Gomes www.pontodosconcursos.com.br 12 36.1 Segurança e Saúde no Trabalho. Conforme foi visto acima, um dos direitos fundamentais dos trabalhadores previsto no art. 7º, XXII, da CF/88 é o de redução dos riscos inerentes ao ambiente de trabalho, conforme se vê a seguir: Art. 7º (...) XXII - redução dos riscos inerentes ao trabalho, por meio de normas de saúde, higiene e segurança; A redução desses riscos consiste no estabelecimento de medidas preventivas visando a minimização ou eliminação das seguintes ocorrências: • Acidentes de trabalho • Doenças ocupacionais Ela se dá por meio de normas de segurança e saúde no trabalho, as quais se encontram disciplinadas especialmente: • Consolidação das Leis do Trabalho – CLT (Arts. 154 a 201) • Normas Regulamentadoras - NR Existem hoje 36 Normas Regulamentadoras que tratam de diversos aspectos relacionados ao ambiente laboral. Entre elas, destaquem- se as seguintes: • Inspeção Prévia (NR 2) • Serviços Especializados em Engenharia de Segurança e em Medicina do Trabalho – SESMT (NR 4) • Comissão Interna de Prevenção de Acidentes – CIPA(NR 5) • Equipamento de Proteção Individual (NR 6) • Programa de Controle Médico de Saúde Ocupacional(NR 7) • Programa de Prevenção de Riscos Ambientais (NR 9) MINISTÉRIO DO TRABALHO E EMPREGO (MTE) DIREITOS HUMANOS – TEORIA E EXERCÍCIOS AUDITOR FISCAL DO TRABALHO AULA 12 PROF: RICARDO GOMES Prof. Ricardo Gomes www.pontodosconcursos.com.br 13 36.2 Combate à redução análoga ao trabalho escravo. A escravidão é uma das formas mais ultrajantes da exploração do homem pelo próprio homem. A Declaração Universal dos Direitos do Homem de 1948, em seu art. 4º, repudia esta prática: Art. IV Ninguém será mantido em escravidão ou servidão, a escravidão e o tráfico de escravos serão proibidos em todas as suas formas. A liberdade é uma condição existencial básica para o ser humano. Nesse sentido, o Pacto Internacional dos Direitos Econômicos, Sociais e Culturais estabelece em seu conceito de direito ao trabalho a seguinte norma que enfatiza essa condição humana: ARTIGO 6º 1. Os Estados Partes do Presente Pacto reconhecem o direito ao trabalho, que compreende o direito de toda pessoa de ter a possibilidade de ganhar a vida mediante um trabalho livremente escolhido ou aceito, e tomarão medidas apropriadas para salvaguarda esse direito. (...) Em que pese o Brasil ter abolido a escravidão desde 1888, por meio da Lei Áurea (Lei nº 3.353/1888), têm sido relatados, ao longo da história brasileira, diversos casos de redução de trabalhadores à condição análoga à de escravo. Visando mudar essa realidade, desde 1995, o Ministério do Trabalho e Emprego, por intermédio do Grupo Especial de Fiscalização Móvel (GEFM) e de equipes das Delegacias Regionais do Trabalho – DRT’s (atuais Superintendências Regionais do Trabalho e Emprego), subordinados MINISTÉRIO DO TRABALHO E EMPREGO (MTE) DIREITOS HUMANOS – TEORIA E EXERCÍCIOS AUDITOR FISCAL DO TRABALHO AULA 12 PROF: RICARDO GOMES Prof. Ricardo Gomes www.pontodosconcursos.com.br 14 à Secretaria de Inspeção do Trabalho, tem realizado inspeções em diversas propriedades rurais denunciadas por exploração do trabalho escravo e assim promover o combate à submissão do trabalhador à condição análoga à de escravo. Esta atuação governamental tem sido reconhecida, inclusive no plano internacional pela OIT, que a considera como exemplar no combate ao trabalho escravo no Brasil. Em 11 de dezembro de 2003, foi promulgada a Lei n. 10.803/2003, que alterando o Código Penal, tornou mais fácil de compreensão do tipo penal de Redução a condição análoga à de escravo, facilitando a própria punição aos empregadores que se utilizam dessa prática, conforme se observa: Redação do Código Penal antes da Lei 10.803/2003 Redação do Código Penal depois da Lei 10.803/2003 Art. 149 - Reduzir alguém a condição análoga à de escravo: Pena - reclusão, de 2 (dois) a 8 (oito) anos. Art. 149. Reduzir alguém a condição análoga à de escravo, quer submetendo-o a trabalhos forçados ou a jornada exaustiva, quer sujeitando-o a condições degradantes de trabalho, quer restringindo, por qualquer meio, sua locomoção em razão de dívida contraída com o empregador ou preposto: Pena - reclusão, de dois a oito anos, e multa, além da pena correspondente à violência. § 1o Nas mesmas penas incorre quem: I - cerceia o uso de qualquer meio de transporte por parte do trabalhador, com o fim de retê-lo no local de trabalho; II - mantémvigilância ostensiva no local de trabalho ou se apodera de documentos ou objetos pessoais do trabalhador, com o fim de retê-lo no local de trabalho. § 2o A pena é aumentada de metade, se o crime é cometido: I - contra criança ou adolescente; II - por motivo de preconceito de raça, cor, etnia, religião ou origem. MINISTÉRIO DO TRABALHO E EMPREGO (MTE) DIREITOS HUMANOS – TEORIA E EXERCÍCIOS AUDITOR FISCAL DO TRABALHO AULA 12 PROF: RICARDO GOMES Prof. Ricardo Gomes www.pontodosconcursos.com.br 15 Por fim, em relação ao citado GEFM, ele é disciplinado pela Portaria MTE n. 265/2002. Este Grupo é composto por AUDITORES FISCAIS DO TRABALHO. Nas operações de repressão ao trabalho escravo integram a equipe: Procuradores do Trabalho, Delegados e Agentes da Polícia Federal, Policiais Rodoviários Federais, dentre outros órgãos e instituições que possam ser chamados a colaborar de forma eventual. Também deve ser destacada a criação do CONATRAE – Comissão Nacional para a Erradicação do Trabalho Escravo. Esta comissão é um órgão colegiado criado pelo Decreto de 31 de julho 2003 e vinculado à Secretaria Especial dos Direitos Humanos da Presidência da República (e NÃO ao Ministério do Trabalho e Emprego!). O CONATRAE tem por missão acompanhar o cumprimento dos Planos de Erradicação e propor estudos e pesquisas na área, dentre outras atribuições. O Ministério do Trabalho e Emprego é apenas um membro do colegiado. No mesmo ano de 2003, foi lançado o Plano Nacional de Erradicação do Trabalho Escravo pelo Governo Federal. Um dado interessante é que 68,4% das metas do primeiro plano haviam sido alcançadas. Atualmente, o citado Plano foi atualizado compondo o vigente 2º Plano Nacional para a Erradicação do Trabalho Escravo – II PNETE foi produzido pela CONATRAE. Aprovado em 2008, este Plano é uma política pública setorial de direitos humanos que constitui uma referência nacional para o enfrentamento e erradicação do trabalho escravo no país. A relevância do monitoramento das 65 ações contidas no plano reflete na possibilidade de se fazer inferências sobre a destinação orçamentária para as ações, sobre a tomada de decisões e indicação de melhorias na sua condução. Este acompanhamento das ações é fundamental para a existência da própria CONATRAE, pois possui como principal função articulação e coordenação dessas políticas públicas. Além dessas ações, uma das medidas instituídas pelo Ministério do Trabalho e Emprego foi a edição da Portaria nº 540/2004, que criou o Cadastro de empregadores que tenham mantido trabalhadores em MINISTÉRIO DO TRABALHO E EMPREGO (MTE) DIREITOS HUMANOS – TEORIA E EXERCÍCIOS AUDITOR FISCAL DO TRABALHO AULA 12 PROF: RICARDO GOMES Prof. Ricardo Gomes www.pontodosconcursos.com.br 16 condições análogas à de escravo, conhecida como lista suja do trabalho escravo. Essa lista é produzida após a "decisão administrativa final relativa ao auto de infração lavrado em decorrência de ação fiscal em que tenha havido a identificação de trabalhadores submetidos a condições análogas à de escravo", com os empregadores condenados na esfera administrativa sendo inscritos no cadastro. Este cadastro, de natureza informativa, tem sido utilizado por instituições financeiras para estabelecer sua política de financiamentos. Desse modo, restrições no acesso ao crédito tem sido um importante instrumento de repressão a atividades de escravização. MINISTÉRIO DO TRABALHO E EMPREGO (MTE) DIREITOS HUMANOS – TEORIA E EXERCÍCIOS AUDITOR FISCAL DO TRABALHO AULA 12 PROF: RICARDO GOMES Prof. Ricardo Gomes www.pontodosconcursos.com.br 17 36.3 Discriminação e ações afirmativas. A discriminação é outra prática ultrajante que os ordenamentos jurídicos, internacional e brasileiro, repudiam expressamente. A Declaração Universal dos Direitos do Homem de 1948, em seu art. 7º, prevê que: Art. VII Todos são iguais perante a lei e têm direito, sem qualquer distinção, a igual proteção da lei. Todos têm direito a igual proteção contra qualquer discriminação que viole a presente Declaração e contra qualquer incitamento a tal discriminação. Não basta praticar a discriminação, basta incitá-la para estar caracterizada a mesma. A Convenção Internacional sobre a eliminação de todas as formas de Discriminação Racial de 1968, em seu art. 5º, prevê que: Artigo 5º - Em conformidade com as obrigações fundamentais enunciadas no artigo 2, os Estados-partes comprometem-se a proibir e a eliminar a discriminação racial em todas as suas formas e a garantir o direito de cada um à igualdade perante a lei, sem distinção de raça, de cor ou de origem nacional ou étnica, principalmente no gozo dos seguintes direitos: (...) e) direitos econômicos, sociais e culturais, principalmente: i) direitos ao trabalho, à livre escolha de trabalho, a condições equitativas e satisfatórias de trabalho, à proteção contra o desemprego, a um salário igual para um trabalho igual, a uma remuneração equitativa e satisfatória; ii) direito de fundar sindicatos e a eles se afiliar; MINISTÉRIO DO TRABALHO E EMPREGO (MTE) DIREITOS HUMANOS – TEORIA E EXERCÍCIOS AUDITOR FISCAL DO TRABALHO AULA 12 PROF: RICARDO GOMES Prof. Ricardo Gomes www.pontodosconcursos.com.br 18 Há ainda um instrumento internacional específico para o combate à discriminação no ambiente laboral: a Convenção da OIT nº 111. A citada Convenção define discriminação da seguinte maneira: ARTIGO 1º 1. Para fins da presente convenção, o têrmo "discriminação" compreende: a) Tôda distinção, exclusão ou preferência fundada na raça, côr, sexo, religião, opinião política, ascendência nacional ou origem social, que tenha por efeito destruir ou alterar a igualdade de oportunidades ou de tratamento em matéria de emprêgo ou profissão; b) Qualquer outra distinção, exclusão ou preferência que tenha por efeito destruir ou alterar a igualdade de oportunidades ou tratamento em matéria de emprêgo ou profissão, que poderá ser especificada pelo Membro Interessado depois de consultadas as organizações representativas de empregadores e trabalhadores, quando estas existam, e outros organismos adequados. 2. As distinção, exclusões ou preferências fundadas em qualificações exigidas para um determinado emprêgo não são consideradas como discriminação. 3. Para os fins da presente convenção as palavras "emprêgo" e "profissão" incluem o acesso à formação profissional, ao emprêgo e às diferentes profissões, bem como as condições de emprêgo. O Brasil já recepcionou a citada Convenção em seu ordenamento jurídico, de maneira que ele deve ser considerado pelo aplicador do direito. O Brasil já ratificou a Convenção da OIT nº 111, de 1958, que trata da Discriminação em Matéria de Emprego e Ocupação, por meio do Decreto nº 62.150, de 1968. MINISTÉRIO DO TRABALHO E EMPREGO (MTE) DIREITOS HUMANOS – TEORIA E EXERCÍCIOS AUDITOR FISCAL DO TRABALHO AULA 12 PROF: RICARDO GOMES Prof. Ricardo Gomes www.pontodosconcursos.com.br 19 A DISCRIMINAÇÃO pode ser de duas formas: � Negativa � Positiva A discriminação negativa é a conduta de alguém que, baseado em um critério injustamente desqualificante, nega a outrem um tratamento ou direito que lhe seria devido. Exemplo: não contratar uma pessoa em razão de sua cor ou de sua origem. A discriminação negativa no ambiente de trabalho é proibida expressamente pelo direito brasileiro. São exemplos de normas jurídicas que combatem essa prática: • Convençãoda OIT nº 111 (ratificada pelo Brasil) • Constituição Federal de 1988 (art. 1º) • Código Penal (vide o art. 149) A discriminação positiva é aquela em que se faz um tratamento diferenciado utilizando um critério justo, buscando promover reparações a situações em que já existe uma desigualdade ou diferença social. Destinam-se a grupos vulneráveis ou minorias visando incluí-las no ensino e mercado de trabalho. Exemplo: as ações afirmativas como as cotas em instituições de ensino. Trata-se de uma prática com origem estrangeira, precisamente do direito norte-americano que adotou as affirmative actions (ações afirmativas) como resposta jurídica para a segregação racial que vigorava nos EUA, sendo um paradigma disso a decisão da Suprema Corte dos EUA no Caso Regents of the University of California vs. Bakke (1978). A discriminação positiva vem se incorporando, aos poucos, à realidade brasileira graças a dois diplomas normativos: • Estatuto da Igualdade Racial • III Plano Nacional de Direitos Humanos (PNDH-3) A Lei nº 12.288/2010 (Estatuto da Igualdade Racial) prevê, nos arts. 38 a 42, dispositivos que tratam da aplicação de medidas de MINISTÉRIO DO TRABALHO E EMPREGO (MTE) DIREITOS HUMANOS – TEORIA E EXERCÍCIOS AUDITOR FISCAL DO TRABALHO AULA 12 PROF: RICARDO GOMES Prof. Ricardo Gomes www.pontodosconcursos.com.br 20 discriminação positiva nas relações de trabalho: Normas a serem observadas: Art. 38. A implementação de políticas voltadas para a inclusão da população negra no mercado de trabalho será de responsabilidade do poder público, observando-se: I - o instituído neste Estatuto; II - os compromissos assumidos pelo Brasil ao ratificar a Convenção Internacional sobre a Eliminação de Todas as Formas de Discriminação Racial, de 1965; III - os compromissos assumidos pelo Brasil ao ratificar a Convenção no 111, de 1958, da Organização Internacional do Trabalho (OIT), que trata da discriminação no emprego e na profissão; IV - os demais compromissos formalmente assumidos pelo Brasil perante a comunidade internacional. Igualdade de oportunidades: Art. 39. O poder público promoverá ações que assegurem a igualdade de oportunidades no mercado de trabalho para a população negra, inclusive mediante a implementação de medidas visando à promoção da igualdade nas contratações do setor público e o incentivo à adoção de medidas similares nas empresas e organizações privadas. § 1o A igualdade de oportunidades será lograda mediante a adoção de políticas e programas de formação profissional, de emprego e de geração de renda voltados para a população negra. § 2o As ações visando a promover a igualdade de oportunidades na esfera da administração pública far-se-ão por meio de normas estabelecidas ou a serem estabelecidas em legislação específica e em seus regulamentos. § 3o O poder público estimulará, por meio de incentivos, a adoção de iguais medidas pelo setor privado. MINISTÉRIO DO TRABALHO E EMPREGO (MTE) DIREITOS HUMANOS – TEORIA E EXERCÍCIOS AUDITOR FISCAL DO TRABALHO AULA 12 PROF: RICARDO GOMES Prof. Ricardo Gomes www.pontodosconcursos.com.br 21 § 4o As ações de que trata o caput deste artigo assegurarão o princípio da proporcionalidade de gênero entre os beneficiários. § 5o Será assegurado o acesso ao crédito para a pequena produção, nos meios rural e urbano, com ações afirmativas para mulheres negras. § 6o O poder público promoverá campanhas de sensibilização contra a marginalização da mulher negra no trabalho artístico e cultural. § 7o O poder público promoverá ações com o objetivo de elevar a escolaridade e a qualificação profissional nos setores da economia que contem com alto índice de ocupação por trabalhadores negros de baixa escolarização. Programas de inclusão racial junto ao CODEFAT: Art. 40. O Conselho Deliberativo do Fundo de Amparo ao Trabalhador (Codefat) formulará políticas, programas e projetos voltados para a inclusão da população negra no mercado de trabalho e orientará a destinação de recursos para seu financiamento. Estímulo a empresários negros: Art. 41. As ações de emprego e renda, promovidas por meio de financiamento para constituição e ampliação de pequenas e médias empresas e de programas de geração de renda, contemplarão o estímulo à promoção de empresários negros. Parágrafo único. O poder público estimulará as atividades voltadas ao turismo étnico com enfoque nos locais, monumentos e cidades que retratem a cultura, os usos e os costumes da população negra. Ações afirmativas em cargos comissionados e funções de confiança: Art. 42. O Poder Executivo federal poderá implementar critérios para provimento de cargos em comissão e funções MINISTÉRIO DO TRABALHO E EMPREGO (MTE) DIREITOS HUMANOS – TEORIA E EXERCÍCIOS AUDITOR FISCAL DO TRABALHO AULA 12 PROF: RICARDO GOMES Prof. Ricardo Gomes www.pontodosconcursos.com.br 22 de confiança destinados a ampliar a participação de negros, buscando reproduzir a estrutura da distribuição étnica nacional ou, quando for o caso, estadual, observados os dados demográficos oficiais. Além do disposto na legislação, a jurisprudência do Tribunal Superior do Trabalho (TST) tem reconhecido a aplicação da discriminação positiva em prol da mão-de-obra local: AÇÃO ANULATÓRIA - MÃO-DE-OBRA - PREFERÊNCIA NA CONTRATAÇÃO. A discriminação positiva, nesse contexto, visa garantir o acesso aos poucos empregos que são gerados pela instalação de grandes projetos na região. Recurso a que se nega provimento. (TST, Recurso Ordinário em Ação Anulatória nº 96006220045080000, Rel. Carlos Alberto Reis de Paula, data do julgamento: 13 set. 2005) A Seção de Dissídios Coletivos (SDC) do Tribunal Superior do Trabalho (TST) acabou declarando a validade de cláusula que dá preferência de contratação à mão-de-obra local como forma de integrar os trabalhadores de uma comunidade ao desenvolvimento da região, garantindo seu acesso aos empregos gerados. Essa medida de discriminação positiva visa os seguintes resultados: • Proteção da mão-de-obra local; • Valorização daquele que migra em caráter definitivo; • Imposição à empresa a responsabilidade pela moradia do trabalhador migrante temporário. MINISTÉRIO DO TRABALHO E EMPREGO (MTE) DIREITOS HUMANOS – TEORIA E EXERCÍCIOS AUDITOR FISCAL DO TRABALHO AULA 12 PROF: RICARDO GOMES Prof. Ricardo Gomes www.pontodosconcursos.com.br 23 36.4 Direitos da mulher, da Criança, do Adolescente e do Idoso. DIREITOS DA MULHER: Os direitos fundamentais das mulheres na condição de trabalhadoras abrangem principalmente medidas visando promover a igualdade por meio do combate à discriminação por motivo de sexo. Esse reconhecimento tem se dado tanto no plano internacional quanto no plano do direito brasileiro. No plano internacional, destaca-se o art. 7º, letra “a”, e art. 10, parágrafo 2, do Pacto Internacional dos Direitos Econômicos, Sociais e Culturais, e o art. 11 da Convenção internacional sobre a eliminação de todas as formas de Discriminação contra a Mulher de 1979. O citado dispositivo da Convenção sobre a discriminação contra a mulher apresenta o seguinte teor: Artigo 11 - 1. Os Estados-partes adotarão todas as medidas apropriadas para eliminar a discriminação contra a mulher na esfera do emprego a fim de assegurar, em condições de igualdade entre homens e mulheres, os mesmos direitos, em particular: a) o direito ao trabalho como direito inalienável de todo ser humano; b) o direito às mesmas oportunidades de emprego, inclusive a aplicaçãodos mesmos critérios de seleção em questões de emprego; c) o direito de escolher livremente profissão e emprego, o direito à promoção e à estabilidade no emprego e a todos os benefícios e outras condições de serviço, e o direito ao acesso à formação e à atualização profissionais, incluindo aprendizagem, formação profissional superior e MINISTÉRIO DO TRABALHO E EMPREGO (MTE) DIREITOS HUMANOS – TEORIA E EXERCÍCIOS AUDITOR FISCAL DO TRABALHO AULA 12 PROF: RICARDO GOMES Prof. Ricardo Gomes www.pontodosconcursos.com.br 24 treinamento periódico; d) o direito a igual remuneração, inclusive benefícios, e igualdade de tratamento relativa a um trabalho de igual valor, assim como igualdade de tratamento com respeito à avaliação da qualidade do trabalho; e) o direito à seguridade social, em particular em casos de aposentadoria, desemprego, doença, invalidez, velhice ou outra incapacidade para trabalhar, bem como o direito a férias pagas; f) o direito à proteção da saúde e à segurança nas condições de trabalho, inclusive a salvaguarda da função de reprodução. 2. A fim de impedir a discriminação contra a mulher por razões de casamento ou maternidade e assegurar a efetividade de seu direito a trabalhar, os Estados-partes tomarão as medidas adequadas para: a) proibir, sob sanções, a demissão por motivo de gravidez ou de licença-maternidade e a discriminação nas demissões motivadas pelo estado civil; b) implantar a licença-maternidade, com salário pago ou benefícios sociais comparáveis, sem perda do emprego anterior, antiguidade ou benefícios sociais; c) estimular o fornecimento de serviços sociais de apoio necessários para permitir que os pais combinem as obrigações para com a família com as responsabilidades do trabalho e a participação na vida pública, especialmente mediante o fomento da criação e desenvolvimento de uma rede de serviços destinada ao cuidado das crianças; d) dar proteção especial às mulheres durante a gravidez nos tipos de trabalho comprovadamente prejudiciais a elas. (...) MINISTÉRIO DO TRABALHO E EMPREGO (MTE) DIREITOS HUMANOS – TEORIA E EXERCÍCIOS AUDITOR FISCAL DO TRABALHO AULA 12 PROF: RICARDO GOMES Prof. Ricardo Gomes www.pontodosconcursos.com.br 25 No plano do direito brasileiro, merece menção as seguintes normas jurídicas: � Constituição Federal (art. 5º, I, art. 7º, XVIII e XX, entre outros); � CLT (arts. 372 a 377); � Lei nº 9.029, de 13 de abril de 1995. A Constituição Federal trata da igualdade entre homens e mulheres, garantias à maternidade e a proteção da mulher no mercado de trabalho. A CLT estabelece um capítulo dedicado à proteção do trabalho da mulher. Entre os diversos dispositivos, destaque-se o art. 373-A: Art. 373-A. Ressalvadas as disposições legais destinadas a corrigir as distorções que afetam o acesso da mulher ao mercado de trabalho e certas especificidades estabelecidas nos acordos trabalhistas, é vedado: I - publicar ou fazer publicar anúncio de emprego no qual haja referência ao sexo, à idade, à cor ou situação familiar, salvo quando a natureza da atividade a ser exercida, pública e notoriamente, assim o exigir; II - recusar emprego, promoção ou motivar a dispensa do trabalho em razão de sexo, idade, cor, situação familiar ou estado de gravidez, salvo quando a natureza da atividade seja notória e publicamente incompatível; III - considerar o sexo, a idade, a cor ou situação familiar como variável determinante para fins de remuneração, formação profissional e oportunidades de ascensão profissional; IV - exigir atestado ou exame, de qualquer natureza, para comprovação de esterilidade ou gravidez, na admissão ou permanência no emprego; MINISTÉRIO DO TRABALHO E EMPREGO (MTE) DIREITOS HUMANOS – TEORIA E EXERCÍCIOS AUDITOR FISCAL DO TRABALHO AULA 12 PROF: RICARDO GOMES Prof. Ricardo Gomes www.pontodosconcursos.com.br 26 V - impedir o acesso ou adotar critérios subjetivos para deferimento de inscrição ou aprovação em concursos, em empresas privadas, em razão de sexo, idade, cor, situação familiar ou estado de gravidez; VI - proceder o empregador ou preposto a revistas íntimas nas empregadas ou funcionárias. Parágrafo único. O disposto neste artigo não obsta a adoção de medidas temporárias que visem ao estabelecimento das políticas de igualdade entre homens e mulheres, em particular as que se destinam a corrigir as distorções que afetam a formação profissional, o acesso ao emprego e as condições gerais de trabalho da mulher. (...) Art. 377 - A adoção de medidas de proteção ao trabalho das mulheres é considerada de ordem pública, não justificando, em hipótese alguma, a redução de salário. A Lei nº 9.029/95 proíbe a exigência de atestados de gravidez e esterilização, e outras práticas discriminatórias, para efeitos admissionais ou de permanência da relação jurídica de trabalho. DIREITO DA CRIANÇA E DO ADOLESCENTE: Os direitos fundamentais aplicáveis à criança e ao adolescente combatem toda forma de exploração econômica e social. Isso significa que a presença deles no ambiente de trabalho deve ser entendida de forma restritiva para evitar a citada exploração. Esse entendimento tem se dado tanto no plano internacional quanto no plano do direito brasileiro. No plano internacional, destaca-se o art. 10, parágrafo 3, do MINISTÉRIO DO TRABALHO E EMPREGO (MTE) DIREITOS HUMANOS – TEORIA E EXERCÍCIOS AUDITOR FISCAL DO TRABALHO AULA 12 PROF: RICARDO GOMES Prof. Ricardo Gomes www.pontodosconcursos.com.br 27 Pacto Internacional dos Direitos Econômicos, Sociais e Culturais - PIDESC, e o art. 32 da Convenção sobre os Direitos da Criança de 1979. Prevê o PIDESC: ARTIGO 10 Os Estados Partes do presente Pacto reconhecem que: (...) 3. Devem-se adotar medidas especiais de proteção e de assistência em prol de todas as crianças e adolescentes, sem distinção por motivo i de filiação ou qualquer outra condição. Devem-se proteger as crianças e adolescentes contra a exploração econômica e social. O emprego de crianças e adolescentes em trabalhos que lhes sejam nocivos à saúde ou que lhes façam correr perigo de vida, ou ainda que lhes venham a prejudicar o desenvolvimento normal, será punido por lei. Os Estados devem também estabelecer limites de idade sob os quais fique proibido e punido por lei o emprego assalariado da mão-de-obra infantil. Prevê a Convenção sobre os Direitos da Criança: Artigo 32 1. Os Estados Partes reconhecem o direito da criança de estar protegida contra a exploração econômica e contra o desempenho de qualquer trabalho que possa ser perigoso ou interferir em sua educação, ou que seja nocivo para sua saúde ou para seu desenvolvimento físico, mental, espiritual, moral ou social. 2. Os Estados Partes adotarão medidas legislativas, administrativas, sociais e educacionais com vistas a assegurar a aplicação do presente artigo. Com tal propósito, e levando em consideração as disposições pertinentes de outros instrumentos internacionais, os Estados Partes, deverão, em particular: a) estabelecer uma idade ou idades mínimas para a MINISTÉRIO DO TRABALHO E EMPREGO (MTE) DIREITOS HUMANOS – TEORIA E EXERCÍCIOS AUDITOR FISCAL DO TRABALHO AULA 12 PROF: RICARDO GOMES Prof. Ricardo Gomes www.pontodosconcursos.com.br 28 admissão em empregos; b) estabelecer regulamentação apropriada relativa a horários e condições de emprego; c) estabelecer penalidades ou outras sanções apropriadas a fim de assegurar o cumprimentoefetivo do presente artigo. No plano do direito brasileiro, merece menção as seguintes normas jurídicas: � Constituição Federal (art. 7º, XXXIII, e art. 227, § 3º, incs. I a III) � CLT (arts. 402 a 441) � ECA (arts. 60 a 69) Prevê a Constituição Federal: Art. 7º (...) XXXIII - proibição de trabalho noturno, perigoso ou insalubre a menores de dezoito e de qualquer trabalho a menores de dezesseis anos, salvo na condição de aprendiz, a partir de quatorze anos; (...) Art. 227. É dever da família, da sociedade e do Estado assegurar à criança, ao adolescente e ao jovem, com absoluta prioridade, o direito à vida, à saúde, à alimentação, à educação, ao lazer, à profissionalização, à cultura, à dignidade, ao respeito, à liberdade e à convivência familiar e comunitária, além de colocá-los a salvo de toda forma de negligência, discriminação, exploração, violência, crueldade e opressão. (...) § 3º - O direito a proteção especial abrangerá os MINISTÉRIO DO TRABALHO E EMPREGO (MTE) DIREITOS HUMANOS – TEORIA E EXERCÍCIOS AUDITOR FISCAL DO TRABALHO AULA 12 PROF: RICARDO GOMES Prof. Ricardo Gomes www.pontodosconcursos.com.br 29 seguintes aspectos: I - idade mínima de quatorze anos para admissão ao trabalho, observado o disposto no art. 7º, XXXIII; II - garantia de direitos previdenciários e trabalhistas; III - garantia de acesso do trabalhador adolescente e jovem à escola; O direito brasileiro prevê normas aplicáveis à criança e ao adolescente voltadas para: � Profissionalização � Proteção Isso pode ser observado não somente na Constituição, mas também na legislação infraconstitucional, em especial, a Lei nº 8.069/90 (Estatuto da Criança e do Adolescente - ECA), conforme se infere dos artigos a seguir expostos: Art. 60. É proibido qualquer trabalho a menores de quatorze anos de idade, salvo na condição de aprendiz. (Vide Constituição Federal) Art. 61. A proteção ao trabalho dos adolescentes é regulada por legislação especial, sem prejuízo do disposto nesta Lei. Art. 62. Considera-se aprendizagem a formação técnico- profissional ministrada segundo as diretrizes e bases da legislação de educação em vigor. Art. 63. A formação técnico-profissional obedecerá aos seguintes princípios: I - garantia de acesso e freqüência obrigatória ao ensino regular; II - atividade compatível com o desenvolvimento do adolescente; MINISTÉRIO DO TRABALHO E EMPREGO (MTE) DIREITOS HUMANOS – TEORIA E EXERCÍCIOS AUDITOR FISCAL DO TRABALHO AULA 12 PROF: RICARDO GOMES Prof. Ricardo Gomes www.pontodosconcursos.com.br 30 III - horário especial para o exercício das atividades. Art. 64. Ao adolescente até quatorze anos de idade é assegurada bolsa de aprendizagem. Art. 65. Ao adolescente aprendiz, maior de quatorze anos, são assegurados os direitos trabalhistas e previdenciários. Art. 66. Ao adolescente portador de deficiência é assegurado trabalho protegido. Art. 67. Ao adolescente empregado, aprendiz, em regime familiar de trabalho, aluno de escola técnica, assistido em entidade governamental ou não-governamental, é vedado trabalho: I - noturno, realizado entre as vinte e duas horas de um dia e as cinco horas do dia seguinte; II - perigoso, insalubre ou penoso; III - realizado em locais prejudiciais à sua formação e ao seu desenvolvimento físico, psíquico, moral e social; IV - realizado em horários e locais que não permitam a freqüência à escola. Art. 68. O programa social que tenha por base o trabalho educativo, sob responsabilidade de entidade governamental ou não-governamental sem fins lucrativos, deverá assegurar ao adolescente que dele participe condições de capacitação para o exercício de atividade regular remunerada. § 1º Entende-se por trabalho educativo a atividade laboral em que as exigências pedagógicas relativas ao desenvolvimento pessoal e social do educando prevalecem sobre o aspecto produtivo. § 2º A remuneração que o adolescente recebe pelo trabalho efetuado ou a participação na venda dos produtos de seu trabalho não desfigura o caráter educativo. Art. 69. O adolescente tem direito à profissionalização e à proteção no trabalho, observados os seguintes aspectos, MINISTÉRIO DO TRABALHO E EMPREGO (MTE) DIREITOS HUMANOS – TEORIA E EXERCÍCIOS AUDITOR FISCAL DO TRABALHO AULA 12 PROF: RICARDO GOMES Prof. Ricardo Gomes www.pontodosconcursos.com.br 31 entre outros: I - respeito à condição peculiar de pessoa em desenvolvimento; II - capacitação profissional adequada ao mercado de trabalho. Entre as medidas governamentais que buscam efetivar os direitos no que se refere à PROIBIÇÃO do trabalho envolvendo menores de 16 anos, salvo se estiverem na condição de aprendiz (quando se aplicará o limite de 14 anos), por força do art. 7º, inc. XXXIII, da CF/88, devem ser mencionados ainda: � Plano Nacional de Erradicação do Trabalho Infantil � Comissão Nacional de Erradicação do Trabalho Infantil – CONAETI O Plano Nacional de Erradicação do Trabalho Infantil é uma política pública setorial que tem por finalidade coordenar diversas intervenções e introduzir novas, sempre direcionadas a assegurar a eliminação do trabalho infantil. A Comissão Nacional de Erradicação do Trabalho Infantil (CONAETI), coordenada pelo Ministério do Trabalho e Emprego (MTE), com participação quadripartite, visa implementar a aplicação das disposições das Convenções nºs 138 e 182 da OIT. Possui, como uma de suas principais atribuições, o acompanhamento da execução do Plano Nacional de Erradicação do Trabalho Infantil, por ela elaborado em 2003. DIREITO DO IDOSO: Os direitos fundamentais aplicáveis ao idoso no ambiente laboral buscam, justamente, incluí-lo no mercado de trabalho. Diferentemente dos grupos vulneráveis mencionados antes, não existem tantos instrumentos internacionais que disciplinem diretamente o direito ao trabalho do idoso. MINISTÉRIO DO TRABALHO E EMPREGO (MTE) DIREITOS HUMANOS – TEORIA E EXERCÍCIOS AUDITOR FISCAL DO TRABALHO AULA 12 PROF: RICARDO GOMES Prof. Ricardo Gomes www.pontodosconcursos.com.br 32 No plano internacional, a principal norma aplicável ao Brasil que disciplina essa matéria é o art. 17, letra “b”, do Protocolo Adicional à Convenção Americana de Direitos Humanos sobre Direitos Econômicos, Sociais e Culturais (Protocolo de San Salvador) que prevê a seguinte norma: Artigo 17 Proteção de pessoas idosas Toda pessoa tem direito à proteção especial na velhice. Nesse sentido, os Estados Partes comprometem-se a adotar de maneira progressiva as medidas necessárias a fim de pôr em prática este direito e. especialmente, a: (...) b) Executar programas trabalhistas específicos destinados a dar a pessoas idosas a possibilidade de realizar atividade produtiva adequada às suas capacidades, respeitando sua vocação ou desejos; No plano brasileiro, as principais normas vão estar contidas na Lei nº 10.741/2003 (Estatuto do Idoso), em especial os arts. 3º, 26 a 28, a seguir expostos: Art.3º É obrigação da família, da comunidade, da sociedade e do Poder Público assegurar ao idoso, com absoluta prioridade, a efetivação do direito à vida, à saúde, à alimentação, à educação, à cultura, ao esporte, ao lazer, ao trabalho, à cidadania, à liberdade, à dignidade, ao respeito e à convivência familiar e comunitária. Art. 26. O idoso tem direito ao exercício de atividade profissional, respeitadas suas condições físicas, intelectuais e psíquicas. Art. 27. Na admissão do idoso em qualquer trabalho ou emprego, é vedadaa discriminação e a fixação de limite máximo de idade, inclusive para concursos, ressalvados os MINISTÉRIO DO TRABALHO E EMPREGO (MTE) DIREITOS HUMANOS – TEORIA E EXERCÍCIOS AUDITOR FISCAL DO TRABALHO AULA 12 PROF: RICARDO GOMES Prof. Ricardo Gomes www.pontodosconcursos.com.br 33 casos em que a natureza do cargo o exigir. Parágrafo único. O primeiro critério de desempate em concurso público será a idade, dando-se preferência ao de idade mais elevada. Art. 28. O Poder Público criará e estimulará programas de: I – profissionalização especializada para os idosos, aproveitando seus potenciais e habilidades para atividades regulares e remuneradas; II – preparação dos trabalhadores para a aposentadoria, com antecedência mínima de 1 (um) ano, por meio de estímulo a novos projetos sociais, conforme seus interesses, e de esclarecimento sobre os direitos sociais e de cidadania; III – estímulo às empresas privadas para admissão de idosos ao trabalho. MINISTÉRIO DO TRABALHO E EMPREGO (MTE) DIREITOS HUMANOS – TEORIA E EXERCÍCIOS AUDITOR FISCAL DO TRABALHO AULA 12 PROF: RICARDO GOMES Prof. Ricardo Gomes www.pontodosconcursos.com.br 34 36.5 Direito das Pessoas com Deficiência. O principal instrumento internacional que disciplina o direito fundamental ao trabalho das pessoas com deficiência é a Convenção internacional sobre os Direitos das Pessoas com Deficiência e seu Protocolo Facultativo, assinados em Nova York, em 30 de março de 2007. Essa convenção, que é um tratado internacional de direitos humanos, possui a particularidade de ter sido recepcionada pela Constituição Federal de 1988 por meio do procedimento especial previsto no art. 5º, § 3º, de maneira que as normas dessa Convenção possuem na natureza de EMENDA CONSTITUCIONAL. Há também o art. 18, letra “a”, do Protocolo Adicional à Convenção Americana de Direitos Humanos sobre Direitos Econômicos, Sociais e Culturais (Protocolo de San Salvador) que prevê a obrigação dos Estados de adotar medidas visando executar programas trabalhistas adequados às possibilidades da pessoa com deficiência. O Direito Brasileiro consagra proteção especial para o direito das pessoas com deficiência. Destaquem-se os seguintes diplomas legais: � Normas constitucionais: o Constituição Federal de 1988 (art. 7º, XXXI, art. 37, VIII, entre outros) o Convenção de Nova York sobre os Direitos das Pessoas com Deficiência (art. 27) � Normas infraconstitucionais: o CLT (arts. 428 e 461, § 4º) o Lei nº 7.853, de 24 de outubro de 1989. A Constituição Federal, em seu art. 7º, XXXI, prevê que: Art. 7º (...) XXXI - proibição de qualquer discriminação no tocante a MINISTÉRIO DO TRABALHO E EMPREGO (MTE) DIREITOS HUMANOS – TEORIA E EXERCÍCIOS AUDITOR FISCAL DO TRABALHO AULA 12 PROF: RICARDO GOMES Prof. Ricardo Gomes www.pontodosconcursos.com.br 35 salário e critérios de admissão do trabalhador portador de deficiência; Art. 37. A administração pública direta e indireta de qualquer dos Poderes da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios obedecerá aos princípios de legalidade, impessoalidade, moralidade, publicidade e eficiência e, também, ao seguinte: (...) VIII - a lei reservará percentual dos cargos e empregos públicos para as pessoas portadoras de deficiência e definirá os critérios de sua admissão; A Convenção de Nova York sobre os Direitos das Pessoas com Deficiência prevê que: Artigo 27 - Trabalho e emprego 1.Os Estados Partes reconhecem o direito das pessoas com deficiência ao trabalho, em igualdade de oportunidades com as demais pessoas. Esse direito abrange o direito à oportunidade de se manter com um trabalho de sua livre escolha ou aceitação no mercado laboral, em ambiente de trabalho que seja aberto, inclusivo e acessível a pessoas com deficiência. Os Estados Partes salvaguardarão e promoverão a realização do direito ao trabalho, inclusive daqueles que tiverem adquirido uma deficiência no emprego, adotando medidas apropriadas, incluídas na legislação, com o fim de, entre outros: a) Proibir a discriminação baseada na deficiência com respeito a todas as questões relacionadas com as formas de emprego, inclusive condições de recrutamento, contratação e admissão, permanência no emprego, ascensão profissional e condições seguras e salubres de trabalho; b) Proteger os direitos das pessoas com deficiência, em condições de igualdade com as demais pessoas, às condições justas e favoráveis de trabalho, incluindo iguais MINISTÉRIO DO TRABALHO E EMPREGO (MTE) DIREITOS HUMANOS – TEORIA E EXERCÍCIOS AUDITOR FISCAL DO TRABALHO AULA 12 PROF: RICARDO GOMES Prof. Ricardo Gomes www.pontodosconcursos.com.br 36 oportunidades e igual remuneração por trabalho de igual valor, condições seguras e salubres de trabalho, além de reparação de injustiças e proteção contra o assédio no trabalho; c) Assegurar que as pessoas com deficiência possam exercer seus direitos trabalhistas e sindicais, em condições de igualdade com as demais pessoas; d) Possibilitar às pessoas com deficiência o acesso efetivo a programas de orientação técnica e profissional e a serviços de colocação no trabalho e de treinamento profissional e continuado; e) Promover oportunidades de emprego e ascensão profissional para pessoas com deficiência no mercado de trabalho, bem como assistência na procura, obtenção e manutenção do emprego e no retorno ao emprego; f) Promover oportunidades de trabalho autônomo, empreendedorismo, desenvolvimento de cooperativas e estabelecimento de negócio próprio; g) Empregar pessoas com deficiência no setor público; h) Promover o emprego de pessoas com deficiência no setor privado, mediante políticas e medidas apropriadas, que poderão incluir programas de ação afirmativa, incentivos e outras medidas; i) Assegurar que adaptações razoáveis sejam feitas para pessoas com deficiência no local de trabalho; j) Promover a aquisição de experiência de trabalho por pessoas com deficiência no mercado aberto de trabalho; k) Promover reabilitação profissional, manutenção do emprego e programas de retorno ao trabalho para pessoas com deficiência. 2.Os Estados Partes assegurarão que as pessoas com deficiência não serão mantidas em escravidão ou servidão e que serão protegidas, em igualdade de condições com as demais pessoas, contra o trabalho forçado ou compulsório. MINISTÉRIO DO TRABALHO E EMPREGO (MTE) DIREITOS HUMANOS – TEORIA E EXERCÍCIOS AUDITOR FISCAL DO TRABALHO AULA 12 PROF: RICARDO GOMES Prof. Ricardo Gomes www.pontodosconcursos.com.br 37 Merece atenção ainda os dispositivos da CLT que tratam, principalmente, da condição da pessoa trabalhadora portadora de deficiência no contrato de aprendizagem (art. 428), e os dispositivos que consagram o direito ao trabalho da pessoa deficiente na Lei nº 7.853/89. A Lei nº 7.853/89 prevê as seguintes normas relacionadas ao direito ao trabalho: Art. 2º Ao Poder Público e seus órgãos cabe assegurar às pessoas portadoras de deficiência o pleno exercício de seus direitos básicos, inclusive dos direitos à educação, à saúde, ao trabalho, ao lazer, à previdência social, ao amparo à infância e à maternidade, e de outros que, decorrentes da Constituição e das leis, propiciem seu bem- estar pessoal, social e econômico. Parágrafo único. Para o fim estabelecido no caput deste artigo, os órgãos e entidades da administração direta eindireta devem dispensar, no âmbito de sua competência e finalidade, aos assuntos objetos esta Lei, tratamento prioritário e adequado, tendente a viabilizar, sem prejuízo de outras, as seguintes medidas: (...) III - na área da formação profissional e do trabalho: a) o apoio governamental à formação profissional, e a garantia de acesso aos serviços concernentes, inclusive aos cursos regulares voltados à formação profissional; b) o empenho do Poder Público quanto ao surgimento e à manutenção de empregos, inclusive de tempo parcial, destinados às pessoas portadoras de deficiência que não tenham acesso aos empregos comuns; c) a promoção de ações eficazes que propiciem a inserção, nos setores públicos e privado, de pessoas portadoras de deficiência; d) a adoção de legislação específica que discipline a reserva de mercado de trabalho, em favor das pessoas portadoras de deficiência, nas entidades da Administração Pública e do MINISTÉRIO DO TRABALHO E EMPREGO (MTE) DIREITOS HUMANOS – TEORIA E EXERCÍCIOS AUDITOR FISCAL DO TRABALHO AULA 12 PROF: RICARDO GOMES Prof. Ricardo Gomes www.pontodosconcursos.com.br 38 setor privado, e que regulamente a organização de oficinas e congêneres integradas ao mercado de trabalho, e a situação, nelas, das pessoas portadoras de deficiência; Deve ser mencionado ainda que a discriminação no emprego envolvendo pessoa portadora de deficiência é considerada crime, conforme o seguinte dispositivo da Lei nº 7853/89: Art. 8º Constitui crime punível com reclusão de 1 (um) a 4 (quatro) anos, e multa: (...) II - obstar, sem justa causa, o acesso de alguém a qualquer cargo público, por motivos derivados de sua deficiência; III - negar, sem justa causa, a alguém, por motivos derivados de sua deficiência, emprego ou trabalho; (...) MINISTÉRIO DO TRABALHO E EMPREGO (MTE) DIREITOS HUMANOS – TEORIA E EXERCÍCIOS AUDITOR FISCAL DO TRABALHO AULA 12 PROF: RICARDO GOMES Prof. Ricardo Gomes www.pontodosconcursos.com.br 39 37 Programa Nacional de Direitos Humanos (Decreto nº 7.037/2009 – Eixos Orientadores II e III). O PNDH-3 é um programa governamental que visa concretizar os Direitos Humanos (DH) e se divide em 6 eixos orientadores que se subdividem em 25 diretrizes, 82 objetivos estratégicos, e 521 ações programáticas. Os seis eixos orientadores do PNDH-3: � Eixo Orientador I: Interação democrática entre Estado e sociedade civil � Eixo Orientador II: Desenvolvimento e Direitos Humanos � Eixo Orientador III: Universalizar direitos em um contexto de desigualdades � Eixo Orientador IV: Segurança Pública, Acesso à Justiça e Combate à Violência � Eixo Orientador V: Educação e Cultura em Direitos Humanos � Eixo Orientador VI: Direito à Memória e à Verdade. Pela linguagem utilizada pelo PNDH-3, observa-se que o mesmo utiliza conceitos do planejamento estratégico (eixos orientadores, diretrizes...), com a finalidade de saber o que deve ser executado e de que maneira deve ser executado e, assim, viabilizar o sucesso da Política Nacional de Direitos Humanos. Cada eixo orientador se divide em diretrizes, as quais se desdobram em objetivos estratégicos que, por sua vez, subdividem-se em ações programáticas. MINISTÉRIO DO TRABALHO E EMPREGO (MTE) DIREITOS HUMANOS – TEORIA E EXERCÍCIOS AUDITOR FISCAL DO TRABALHO AULA 12 PROF: RICARDO GOMES Prof. Ricardo Gomes www.pontodosconcursos.com.br 40 Na aula 3 deste curso, estudamos de uma forma geral o PNDH- 3, hoje iremos focar nos eixos orientadores II e III, buscando a memorização dos mesmos. EIXO ORIENTADOR II: O eixo orientador II chamado de Desenvolvimento e Direitos Humanos trata de instrumentos e propostas para políticas públicas de redução das desigualdades sociais concretizadas por meio de ações de transferência de renda, incentivo à economia solidária e ao cooperativismo, à expansão da reforma agrária, ao fomento da aquicultura, da pesca e do extrativismo e da promoção do turismo sustentável. Eixo orientador II: Desenvolvimento e DH Diretriz 4: Efetivação de modelo de desenvolvimento sustentável Diretriz 5: Pessoa humana como sujeito central do processo de desenvolvimento Diretriz 6: Promover e proteger os direitos ambientais como DH MINISTÉRIO DO TRABALHO E EMPREGO (MTE) DIREITOS HUMANOS – TEORIA E EXERCÍCIOS AUDITOR FISCAL DO TRABALHO AULA 12 PROF: RICARDO GOMES Prof. Ricardo Gomes www.pontodosconcursos.com.br 41 Ele também inova ao incorporar o meio ambiente saudável e as cidades sustentáveis como Direitos Humanos, propondo a inclusão do item "direitos ambientais" nos relatórios de monitoramento sobre Direitos Humanos e do item "Direitos Humanos" nos relatórios ambientais, além de fomentar pesquisas de tecnologias socialmente inclusivas e ecologicamente mais limpas. Este eixo orientador prevê três diretrizes: � Diretriz 4: Efetivação de modelo de desenvolvimento sustentável, com inclusão social e econômica, ambientalmente equilibrado e tecnologicamente responsável, cultural e regionalmente diverso, participativo e não discriminatório. � Diretriz 5: Valorização da pessoa humana como sujeito central do processo de desenvolvimento. � Diretriz 6: Promover e proteger os direitos ambientais como Direitos Humanos, incluindo as gerações futuras como sujeitos de direitos. Alcançar o desenvolvimento com Direitos Humanos é capacitar as pessoas e as comunidades a exercerem a cidadania, com direitos e responsabilidades. Isto significa que a população deve ser incorporada nos projetos governamentais e também que os grandes projetos de desenvolvimento econômico devem ser geridos com transparência. Além do mais, devem ser criadas formas de compensação para as populações diretamente atingidas pelos projetos governamentais (ex. perda de uma propriedade em virtude da construção uma barragem que irá inundar a área da propriedade). Vamos ver os objetivos estratégicos e ações programáticas de cada uma dessas diretrizes Diretriz 4: Efetivação de modelo de desenvolvimento sustentável, com inclusão social e econômica, ambientalmente equilibrado e tecnologicamente responsável, cultural e regionalmente diverso, participativo e não discriminatório. MINISTÉRIO DO TRABALHO E EMPREGO (MTE) DIREITOS HUMANOS – TEORIA E EXERCÍCIOS AUDITOR FISCAL DO TRABALHO AULA 12 PROF: RICARDO GOMES Prof. Ricardo Gomes www.pontodosconcursos.com.br 42 Esta diretriz só possui quatro objetivos estratégicos: � Implementação de políticas públicas de desenvolvimento com inclusão social � Fortalecimento de modelos de agricultura familiar e agroecológica � Fomento à pesquisa e à implementação de políticas para o desenvolvimento de tecnologias socialmente inclusivas, emancipatórias e ambientalmente sustentáveis � Garantia do direito a cidades inclusivas e sustentáveis. Objetivo estratégico I: Implementação de políticas públicas de desenvolvimento com inclusão social. Ações programáticas: a)Ampliar e fortalecer as políticas de desenvolvimento social e de combate à fome, visando a inclusão e a promoção da cidadania, garantindo a segurança alimentar e nutricional, renda mínima e assistência integral às famílias. b)Expandir políticas públicas de geração e transferência de renda para erradicação da extrema pobreza e redução da pobreza. c)Apoiar projetos de desenvolvimento sustentável local para redução das desigualdades inter e intrarregionais e o aumento da autonomiae sustentabilidade de espaços sub-regionais. d)Avançar na implantação da reforma agrária, como forma de inclusão social e acesso aos direitos básicos, de forma articulada com as políticas de saúde, educação, meio ambiente e fomento à produção alimentar. e)Incentivar as políticas públicas de economia solidária, de cooperativismo e associativismo e de fomento a pequenas e micro empresas. f)Fortalecer políticas públicas de apoio ao extrativismo e ao manejo florestal comunitário ambientalmente sustentáveis. MINISTÉRIO DO TRABALHO E EMPREGO (MTE) DIREITOS HUMANOS – TEORIA E EXERCÍCIOS AUDITOR FISCAL DO TRABALHO AULA 12 PROF: RICARDO GOMES Prof. Ricardo Gomes www.pontodosconcursos.com.br 43 g)Fomentar o debate sobre a expansão de plantios de monoculturas que geram impacto no meio ambiente e na cultura dos povos e comunidades tradicionais, tais como eucalipto, cana-de-açúcar, soja, e sobre o manejo florestal, a grande pecuária, mineração, turismo e pesca. h)Erradicar o trabalho infantil, bem como todas as formas de violência e exploração sexual de crianças e adolescentes nas cadeias produtivas, com base em códigos de conduta e no Estatuto da Criança e do Adolescente. i)Garantir que os grandes empreendimentos e projetos de infraestrutura resguardem os direitos dos povos indígenas e de comunidades quilombolas e tradicionais, conforme previsto na Constituição e nos tratados e convenções internacionais. j)Integrar políticas de geração de emprego e renda e políticas sociais para o combate à pobreza rural dos agricultores familiares, assentados da reforma agrária, quilombolas, indígenas, famílias de pescadores e comunidades tradicionais. k)Integrar políticas sociais e de geração de emprego e renda para o combate à pobreza urbana, em especial de catadores de materiais recicláveis e população em situação de rua. l)Fortalecer políticas públicas de fomento à aquicultura e à pesca sustentáveis, com foco nos povos e comunidades tradicionais de baixa renda, contribuindo para a segurança alimentar e a inclusão social, mediante a criação e geração de trabalho e renda alternativos e inserção no mercado de trabalho. m)Promover o turismo sustentável com geração de trabalho e renda, respeito à cultura local, participação e inclusão dos povos e das comunidades nos benefícios advindos da atividade turística. Objetivo estratégico II: Fortalecimento de modelos de agricultura familiar e agroecológica. Ações programáticas: a)Garantir que nos projetos de reforma agrária e agricultura MINISTÉRIO DO TRABALHO E EMPREGO (MTE) DIREITOS HUMANOS – TEORIA E EXERCÍCIOS AUDITOR FISCAL DO TRABALHO AULA 12 PROF: RICARDO GOMES Prof. Ricardo Gomes www.pontodosconcursos.com.br 44 familiar sejam incentivados os modelos de produção agroecológica e a inserção produtiva nos mercados formais. b)Fortalecer a agricultura familiar camponesa e a pesca artesanal, com ampliação do crédito, do seguro, da assistência técnica, extensão rural e da infraestrutura para comercialização. c)Garantir pesquisa e programas voltados à agricultura familiar e pesca artesanal, com base nos princípios da agroecologia. d)Fortalecer a legislação e a fiscalização para evitar a contaminação dos alimentos e danos à saúde e ao meio ambiente causados pelos agrotóxicos. e)Promover o debate com as instituições de ensino superior e a sociedade civil para a implementação de cursos e realização de pesquisas tecnológicas voltados à temática socioambiental, agroecologia e produção orgânica, respeitando as especificidades de cada região. Objetivo estratégico III: Fomento à pesquisa e à implementação de políticas para o desenvolvimento de tecnologias socialmente inclusivas, emancipatórias e ambientalmente sustentáveis. Ações programáticas: a)Adotar tecnologias sociais de baixo custo e fácil aplicabilidade nas políticas e ações públicas para a geração de renda e para a solução de problemas socioambientais e de saúde pública. b)Garantir a aplicação do princípio da precaução na proteção da agrobiodiversidade e da saúde, realizando pesquisas que avaliem os impactos dos transgênicos no meio ambiente e na saúde. c)Fomentar tecnologias alternativas para substituir o uso de substâncias danosas à saúde e ao meio ambiente, como poluentes orgânicos persistentes, metais pesados e outros poluentes inorgânicos. d)Fomentar tecnologias de gerenciamento de resíduos sólidos e emissões atmosféricas para minimizar impactos à saúde e ao meio ambiente. MINISTÉRIO DO TRABALHO E EMPREGO (MTE) DIREITOS HUMANOS – TEORIA E EXERCÍCIOS AUDITOR FISCAL DO TRABALHO AULA 12 PROF: RICARDO GOMES Prof. Ricardo Gomes www.pontodosconcursos.com.br 45 e)Desenvolver e divulgar pesquisas públicas para diagnosticar os impactos da biotecnologia e da nanotecnologia em temas de Direitos Humanos. f)Produzir, sistematizar e divulgar pesquisas econômicas e metodologias de cálculo de custos socioambientais de projetos de infraestrutura, de energia e de mineração que sirvam como parâmetro para o controle dos impactos de grandes projetos. Objetivo estratégico IV: Garantia do direito a cidades inclusivas e sustentáveis. Ações programáticas: a)Apoiar ações que tenham como princípio o direito a cidades inclusivas e acessíveis como elemento fundamental da implementação de políticas urbanas. b)Fortalecer espaços institucionais democráticos, participativos e de apoio aos Municípios para a implementação de planos diretores que atendam aos preceitos da política urbana estabelecidos no Estatuto da Cidade. c)Fomentar políticas públicas de apoio aos Estados, Distrito Federal e Municípios em ações sustentáveis de urbanização e regularização fundiária dos assentamentos de população de baixa renda, comunidades pesqueiras e de provisão habitacional de interesse social, materializando a função social da propriedade. d)Fortalecer a articulação entre os órgãos de governo e os consórcios municipais para atuar na política de saneamento ambiental, com participação da sociedade civil. e)Fortalecer a política de coleta, reaproveitamento, triagem, reciclagem e a destinação seletiva de resíduos sólidos e líquidos, com a organização de cooperativas de reciclagem, que beneficiem as famílias dos catadores. f)Fomentar políticas e ações públicas voltadas à mobilidade urbana sustentável. MINISTÉRIO DO TRABALHO E EMPREGO (MTE) DIREITOS HUMANOS – TEORIA E EXERCÍCIOS AUDITOR FISCAL DO TRABALHO AULA 12 PROF: RICARDO GOMES Prof. Ricardo Gomes www.pontodosconcursos.com.br 46 g)Considerar na elaboração de políticas públicas de desenvolvimento urbano os impactos na saúde pública. h)Fomentar políticas públicas de apoio às organizações de catadores de materiais recicláveis, visando à disponibilização de áreas e prédios desocupados pertencentes à União, a fim de serem transformados em infraestrutura produtiva para essas organizações. i)Estimular a produção de alimentos de forma comunitária, com uso de tecnologias de bases agroecológicas, em espaços urbanos e periurbanos ociosos e fomentar a mobilização comunitária para a implementação de hortas, viveiros, pomares, canteiros de ervas medicinais, criação de pequenos animais, unidades de processamento e beneficiamento agroalimentar, feiras e mercados públicos populares. Diretriz 5: Valorização da pessoa humana como sujeito central do processo de desenvolvimento. Esta diretriz só possui três objetivos estratégicos: � Garantia da participação e do controle social nas políticas públicas de desenvolvimento com grande impacto socioambiental � Afirmação dos princípios da dignidade
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