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Concurso de crimes 2

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Conceito: ocorrência de dois ou mais delitos por meio da prática de uma ou mais ações. 
Concurso de crimes (pluralidade de crimes e unidade de agentes)
Concurso de agentes (pluralidade de agentes e unidade de fato/crimes)
Concurso aparente de normas (pluralidade aparente de normas e unidade de fato)
O concurso de crimes ocorre quando o mesmo agente realiza dois ou mais crimes. Há uma pluralidade de crimes. 
Existem 2 sistemas para a aplicação da pena nas hipóteses de concurso de crimes: sistema do cúmulo material e exasperação da pena.
Sistema do cúmulo material: consiste na soma das penas aplicadas a cada um dos crimes, por ex. cometendo 5 crimes, ser-lhe-ão aplicadas 5 penas. Adotado no concurso material, formal imperfeito e no concurso das penas de multas.
Sistema da exasperação da pena: aplica-se à pena de um só dos crimes (o mais grave), aumentando-a de um determinado quantum. Adotado no concurso formal perfeito e no crime continuado.
Formas 
Existem três formas de concurso de crimes:
Concurso material/real ocorre quando o agente, mediante mais de uma ação ou omissão , pratica dois ou mais crimes, idênticos ou não/ Prática de duas ou mais condutas, dolosas ou culposas, omissivas ou comissivas, produzindo dois ou mais resultados, idênticos ou não, mas todas vinculadas pela identidade do agente, não importando se os fatos ocorreram na mesma ocasião ou não. O concurso material pode ser: 
Homogêneo: quando os resultados são idênticos; e
Heterogêneo: quando as infrações penais são distintas; os crimes são de espécies distintas. 
No caso do concurso material será aplicado o sistema do cúmulo material; as penas serão somadas. O juiz deve fixar separadamente a pena de cada um dos delitos e depois na própria sentença soma-las. No tocante às causas especiais de aumento de pena, autoriza-se a sua incidência em cada um dos delitos, sem que caracterize dupla incidência. O juiz competente para aplicação do concurso material é o próprio juiz sentenciante, se houver conexão entre os delitos com a respectiva unidade processual. Em não havendo conexão entre os diversos delitos, que são objeto de diversas ações penais, será aplicado pelo juízo da execução, uma vez que, com o trânsito em julgado, todas as condenações são reunidas na mesma execução, onde as penas serão somadas. 
Ppl + prd é possível soma-las caso tenha sido concedido sursi da ppl. 
Prd + prd se compatíveis, devem ser executadas simultaneamente, do contrario, uma depois da outra. 
Prescrição o prazo prescricional deve ser contado separadamente para cada uma das infrações penais. 
Concurso material e crime continuado -> se o agente, mediante diversas ações, pratica vários crimes, em lugares diversos, executando-os de maneira diferente e com largo intervalo de tempo, configura-se o concurso material.
Concurso formal/ideal ocorre quando o agente, mediante uma única ação ou omissão, pratica dois ou mais crimes, idênticos ou não/ O agente, com uma única conduta, causa dois ou mais resultados, dois ou mais crimes. O concurso formal pode ser:
Homogêneo: quando os crimes praticados são da mesma espécie (resultados idênticos, os sujeitos passivos de cada um dos crimes são diversos, mas a figura típica é a mesma);
Heterogêneo: quando os crimes praticados são de espécies diferentes (resultados diversos, a ação única dá causa a diversos crimes);
Próprio/ perfeito: ocorre quando os resultados derivam de um único desígnio (de uma única vontade), o agente, por meio de um só impulso volitivo, dá causa a dois ou mais resultados, por ex.: A efetua um disparo visando matar B, mas também acaba atingindo C. A agiu com um único desígnio, qual seja, atingir B, mas acabou atingindo uma terceira pessoa também. Responde pelo crime mais grave com um acréscimo -> se for homogêneo aplica-se a pena de qualquer dos crimes acrescida de 1/6 até a metade; se for heterogêneo aplica-se a pena do mais grave aumentada de 1/6 até a metade.
Impróprio/ imperfeito: quando os resultados derivam de desígnios autônomos (uma vontade para cada resultado), aparentemente há uma só ação, mas o agente intimamente deseja os outros resultados ou aceita os riscos de produzi-los, por ex.: desejando matar três pessoas, o agente coloca uma na frente da outra efetuando um único disparo e matando as três. Para a lei, é como se o sujeito tivesse efetuado um disparo em cada uma das vítimas, uma vez que desejava os três resultados. 
Uma vez reconhecido o concurso formal impróprio, a lei determina a aplicação do critério do cúmulo material, e as penas deverão ser somadas. 
A teoria adotada pelo CP foi a objetiva, que admite pluralidade de desígnios, a exemplo do concurso formal imperfeito. 
Concurso material benéfico ocorre quando a aplicação da regra do concurso formal (exasperação da pena) se mostrar mais prejudicial do que se fosse aplicada a regra do concurso material (cúmulo material). Nesse caso aplica-se a regra do concurso material no lugar da do concurso formal, já que esta foi criada para beneficiar, e não para prejudicar o agente.
Prescrição incide sobre a pena de cada crime isoladamente.
Crime continuado o crime continuado existe quando o agente, mediante mais de uma ação ou omissão, pratica dois ou mais crimes da mesma espécie, os quais, devido as semelhantes condições de tempo, lugar, modo de execução e outras, podem ser havidos uns como continuação dos outros. 
Os requisitos para o reconhecimento do crime continuado são: 
Crimes da mesma espécie: são crimes previstos no mesmo tipo penal, pouco importando se na forma tentada ou consumada, simples ou qualificada. Há entendimento minoritário no sentido de que crimes da mesma espécie são aqueles que ofendem o mesmo bem jurídico;
Semelhantes condições de tempo, lugar e modo de execução. Em relação as mesmas condições de tempo, doutrina e jurisprudência firmaram entendimento de que o tempo pode ser de até 30 dias entre um crime e outro. Em relação ao lugar, o entendimento majoritário é no sentido de que pode ocorrer entre cidades próximas, contiguas, ou no mesmo bairro. Quanto ao modo de execução, este deve ser idêntico/semelhante em relação a todos os crimes que compõem a cadeia delitiva. 
Os requisitos devem ser cumulativos.
Teorias sobre a unidade de desígnios do crime continuado
Teoria puramente objetiva: a vontade do agente é irrelevante, ou seja, não há a necessidade de o agente ter a vontade de aproveitar-se das mesmas circunstancias deixadas pelo crime anterior. É a majoritária na doutrina. 
Teoria objetivo-subjetiva: além dos requisitos de ordem objetiva, é necessária a presença de um elemento de ordem subjetiva, ou seja, da vontade do agente aproveitar-se das mesmas circunstâncias deixadas pelo crime anterior. 
Não confundir crime continuado com habitualidade criminosa (crime habitual). Esse argumento é defendido por aqueles que defendem a teoria objetivo-subjetiva. Para os defensores dessa teoria, caso não houvesse o elemento subjetivo, estaríamos confundindo crime continuado com crime habitual. É defendida pelo MP – SP. 
Crime continuado comum crime cometido sem violência ou grave ameaça contra a pessoa. Aplica-se a pena do crime mais grave aumentada de 1/6 até 2/3.
Crime continuado específico admite-se a continuidade delitiva nos crimes dolosos praticados com emprego de violência ou grave ameaça contra vítimas diferentes.
Neste caso a pena mais grave será aumentada de 1/6 até o triplo.
Para fins de aplicação da pena, aplica-se a teoria da ficção legal, de forma que toda cadeia delitiva deve ser vista como um crime único. Nesse caso o juiz irá aplicar a pena de um só dos crimes, aumentada de uma fração. 
Para fins de prescrição o juiz deverá analisar cada um dos crimes que compõem a cadeia delitiva de forma isolada.
O aumento de pena do crime continuado deve incidir sobre o resultado da pena aumentada ou diminuída pelas circunstancias agravantes ou atenuantes e não sobre a pena base. 
Também há concurso material benéfico. 
Se todos os delitos são objeto do mesmo processo o juizsentenciante efetuará a unificação das penas, mas se tramitarem por processos diversos, far-se-á a unificação no juízo da execução. 
Teorias da natureza jurídica: 
Unidade real: os vários delitos, na realidade, constituem um único crime; 
Ficção jurídica: na realidade existem vários crimes, a lei é que resume, por uma fração, a existência de um único delito;
Mista: o crime continuado não é um só, nem são vários, ele constitui um terceiro delito. 
A teoria adotada é a da ficção jurídica. 
Crime continuado e aplicação da lei penal no tempo: se a nova lei intervém no curso da serie delitiva, deve ser aplicada a lei nova, ainda que mais grave, a toda série continuada. 
Crime continuado e início da contagem do lapso prescricional: como a prescrição deve ser analisada em razão de cada fato, o prazo prescricional começa a correr do momento em que cada um desses fatos atingiu a fase consumativa. 
Multa no concurso imperfeito e material: as penas de multa são aplicadas distinta e integralmente (acumulação material), se fosse aplicado o sistema da exasperação, o juiz fixaria a pena de multa de um só dos crimes. 
Multa no crime continuado: se é considerado um concurso de crimes a regra será a mesma do art. 72, se considerado como crime único aí a regra será a mesma do sistema de exasperação, art. 71. 
A doutrina majoritária acolhe o entendimento de que a aplicação cumulativa da pena de multa estende-se a todas as modalidades de concurso de crimes, inclusive ao crime continuado.

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