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Incentivo Fiscal - FINAL.docx

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Política de incentivos fiscais e
renúncia de arrecadação fiscal
Baseado nos artigos de:
ANDREAZZI, Maria de F.S. de.
OCKÉ-REIS, Carlos O.
MACIEL, Marcelo Sobreiro
Evelyn Nagaoka
Felipe Motta
Igor Thomé
Lucas Ribeiro
Ruy França
Introdução
O trabalho tem por objetivo mensurar a política de incentivos fiscais, discriminando quem recebe isenção por setores e regiões do país, em conjunto com um aprofundamento na área de saúde. Uma política de incentivos pode ser fruto de diversas outras políticas públicas, que são direcionadas a setores específicos da economia, em diversas localidades e com diversas finalidades, assim como, diversas durações (décadas ou meses).
Durante o governo Lula, essas políticas tiveram importante destaque, principalmente via regimes especiais de tributação e políticas de desenvolvimento regional.
Há duas particularidades que trazem dificuldades nas avaliações dessas medidas: a reação em cadeia que elas causam em determinada indústria/setor/região, impactando o ambiente sob diversas dimensões, e a falta de divulgação de dados que possam mensurar tais medidas por parte da Receita Federal.
Além disso, também será analisada a renúncia de arrecadação fiscal, analisando as consequências de uma política pública que permita que parte do imposto de renda seja cedido às pessoas físicas e jurídicas para pagamento de assistência de saúde. Tal política teria como efeito uma redução da arrecadação fiscal por parte do Estado, que em 2005 significou abdicar de R$2,8 bilhões.
Para isso, é usado o gasto tributário que, segundo Villella (1991, p.2), pode ser explicado da seguinte forma: um contribuinte deve impostos ao Governo e, por sua vez, o Governo tem interesse de ceder parte do tributo para prover assistência financeira ao contribuinte. Dessa forma, o Estado apenas deixa de receber os impostos, não havendo de fato um desembolso, mas uma abdicação da arrecadação.
Alguns estudos apontam que a renúncia à arrecadação por conta do Estado favoreceu a expansão de hospitais privados e o crescimento do mercado de planos de saúde.
Política industrial
Entre a década de 1930 e 1980, o governo federal implementou uma série de políticas com o objetivo de desenvolver a indústria brasileira (Industrialização por substituição de importações – ISI). Essas medidas tiveram como objetivo trazer incentivos fiscais, financeiros e cambiais, além de medidas protecionistas, visando estruturar uma indústria nacional, seja via estatais ou privadas.
Na década de 60, o sistema tributário se desenvolve e assume papel preponderante nesses incentivos, tanto para os exportadores de manufaturas brasileiras como de importadores de bens de capital necessários ao desenvolvimento de nossa indústria.
Com as restrições fiscais da década de 80, essas medidas são progressivamente revogadas no sentido de favorecer uma maior aproximação entre o setor produtivo e o sistema de ciência e tecnologia, e em 1988, a Nova Politica Industrial, reverte este modelo. Essa fase se estende até o Governo Collor, onde diversos incentivos vigentes desde os anos 70 são eliminados, junto com uma progressiva liberalização de importações. Como alternativa, surgem medidas de incentivos fiscais as empresas que realizassem pesquisa tecnológica como forma de aumento de sua produtividade, mas estas não vão muito longe.
Na virada dos anos 2000, medidas começam a ser implementadas para incentivar setores como o de petróleo e gás, álcool, farmacêutico, cosméticos e automobilístico. Essas medidas se basearam em regimes especiais de tributação, cada vez mais apoiados na renuncia de receita tributaria do PIS e COFINS por parte da união. Também ressurgem durante o governo lula, algumas políticas industriais mais focadas, como a Politica Industrial, Tecnológica e de Comércio Exterior e incentivos de inovações tecnológicas em determinadas indústrias, como nanotecnologia, biotecnologia, energia renovável, bens de capital, entre outros. Como destaque podemos citar a desoneração do IPI para maquinas e equipamentos, e para empresas do setor portuário (estas ainda receberam outros incentivos juntamente). A lei do Bem é outro destaque, trazendo incentivos as empresas que investem em pesquisa e desenvolvimento, junto com o Recap e Repes. (desonera máquinas e equipamentos adquiridas por empresas exportadoras). Uma serie de outras medidas começam a surgir, dentre elas: PAC, PDP, Reporto e politicas já existentes sofrem ajustes, incluindo outros setores e alvos, como no Repes e Recap.
Apoio às exportações
Vários incentivos fiscais foram adotados para promover as exportações de manufaturados a partir de 1964 até 1972. Foram desonerações como IPI, ICM, IR e imposto sobre importação. Produtos importados que fossem integrados a produção nacional com o objetivo fim de substituição de importações eram isentos de um bom numero de impostos.
A partir do período de restrição fiscal da década de 80, a política tributaria de apoio as exportações foi desativada, com exceção das isenções para importações citada anteriormente. A constituição de 88 traz consigo certo retrocesso no incentivo as exportações uma vez que os Estados passam a ter o direito de definir alíquotas do ICMS. Desse modo, a evolução tributaria vai caminhar ao desenvolvimento exportador, principalmente ao de manufatura de alto valor agregado. Vários impostos vão ser criados/aumentados.
Somente após o plano real, com um cenário cambial mais favorável, políticas de incentivos as exportações voltam, concedendo credito fiscal sobre matérias primas e produtos utilizados na produção de bens a serem exportados.
Em 96 algumas medidas pontuais de incentivos fiscais começam a voltar e, a partir dos anos 2000, varias inovações na legislação ampliam benefícios ao setor. Esses benefícios vão desde deduções de despesas até a Lei do Bem e regimes especiais de tributação.
Desenvolvimento das Regiões Norte e Nordeste
A década de 60-70 é marcada por incentivos fiscais (foco em IR) para empresas que se dispusessem a investir e desenvolver atividade produtiva nos Estados da Amazônia e Nordeste. Em 74 os incentivos ganham mecanismos mais sofisticados como Fundo de investimentos (Finor, Finam, Funres, entre outros). Esses mecanismos são alterados durante o governo Collor, diminuindo o grau de renuncia fiscal e introdução de Debêntures. Aqui também, os fundos começam a apresentar crescentes déficits. Esses fundos iriam passar por uma CPI em 2000 e estes foram ou extintos ou restringidos.
Hoje em dia, o instrumento mais utilizado passou a ser a isenção direta do IR das empresas, oferecendo desconto de até 75%.
Zona Franca de Manaus
Em 1967, por meio de decreto lei, incentivos fiscais surgem na localidade com intuito de criar no interior da Amazônia, um centro industrial e comercial para superar o isolamento geográfico da região. Os incentivos deveriam ser temporários, com previsão de durar 30 anos, com possibilidade de prorrogação até 2030.
O objetivo inicial era a substituição de importações de produtos eletroeletrônicos considerados supérfluos. Índices mínimos de nacionalização e cotas de importações são criadas durante a década de 70.
Com a abertura comercial do governo Collor, a política é rediscutida pois a concorrência dos produtos lá fabricados com os importados pela China Ou Coreia causaram queda nos níveis de produção, emprego e investimento na região. Além disso, outras áreas de livre comércio são criadas também no norte do país entre 88 e 91, o que acaba gerando mais tensão.
Como transformação, surge em 92 o conceito de Processo Produtivo Básico em substituição ao conceito anterior de índice de nacionalização, incrementando vantagens fiscais e neutralizando parte dos efeitos da abertura econômica.
Hoje, (2009) os incentivos a região são o segundo mais relevante da união e uns que mais crescem, resultados do crescimento da atividade econômica por la.
Guerra fiscal do ICMS
Já citado anteriormente, a descentralização política advinda da constituição de 88desencadeia, com o surgimento da cobrança de ICMS por parte dos Estados, um fenômeno de guerra fiscal entre estes. Esses Estados, com o objetivos de atrair investimentos empresariais, passam a implementar agressivas vantagens fiscais e/ou própria renuncia do ICMS. Isso aconteceu especialmente com a indústria automobilística, mas também se aplicaram em outros setores.
Simples
O Simples surge em 96 como forma de oferecer um tratamento tributário que favoreça as micro e pequenas empresas (até 720mil de faturamento/ano para pequena empresa e 120mil para micro), agrupando uma serie de tributos em um só, com base em uma alíquota.
O simples torna-se Nacional com a lei complementar 123/06 incluindo novos impostos, abrangendo novos setores e aumentando substancialmente os limites de enquadramento (2,4 milhões e 240mil). Essas mudanças fazem o numero de participantes saltar de 1,6 milhão em 1996 para 3 milhões em 2010. Outras mudanças ainda surgem em 2008, de novo, ampliando cada vez mais para mais setores. 
Essas inovações vão transformar o Simples na principal renuncia tributaria da união.
Gastos Tributários da União
Nesse segundo capítulo do artigo, é apresentado o que são os Gastos Tributários da União e metodologia utilizada para a demonstração.. Para explicar esse tema complexo, segundo o autor, ele recorre ao Demonstrativo dos Gastos Tributários (DGU) que por definição: “agrupa os principais incentivos fiscais de competência da União em vigor que se enquadram no conceito de gasto tributário e estima o montante da renúncia tributária prevista para o ano em questão, e não o que realmente foi desembolsado”. Esse demonstrativo é feito anualmente pela Secretaria da Receita Federal do Brasil.
Conceito de Gasto Tributário
São as desonerações tributárias que são alternativas às ações do governo com o intuito de promover o desenvolvimento social e econômico, sem realização orçamentária. Alguns outros incentivos como o IPI, o Imposto de Importação e o IOF não são apresentados porque não possuem a intenção de fazer o controle permanente.
Apresentação de fatos relevantes nos Gastos Tributários
Começaram a ser demonstrados os DGU a partir do ano de 1998, onde se mantiveram praticamente constantes em termos nominais até 2004. 
A partir de 2004, a teve um crescimento considerável na questão dos incentivos fiscais, devido a alguns decretos desoneração do IPI para máquinas e equipamentos entre 2004 e 2006, criação do PROUNI. Durante o governo Lula foi acentuada uma tendência que os incentivos fiscais passaram a ser concedidos por meios especiais de tributação, por exemplo, contribuir para o desenvolvimento regional e alguns instrumentos de política industrial.
Abaixo iremos ver dois gráficos apresentados no artigo referente aos Gastos tributários da União. O primeiro mostra a estabilidade entre os anos de 1998 e 2004, e depois o constante crescimento até 2009, onde tem uma previsão de R$ 109 bilhões em gastos tributários. Já o segundo, o autor acredita que seja uma reprodução mais fiel da evolução dos incentivos fiscais porque ele relaciona os gastos tributários à arrecadação tributária total da União.
Gráfico 1 – Gastos tributários da União – em bilhões de R$ valores correntes.
Gráfico 2 – Gastos tributários da União (% sobre a arrecadação total federal)
Análise dos gastos tributários em 2009
Daqueles R$ 109 bilhões previstos para o ano de 2009, mais da metade estão divididos basicamente em duas funções orçamentárias:
- Comércio (R$ 32 bilhões)
Como podemos ver na tabela acima, as políticas da Zona Franca de Manaus e o Simples Nacional detém juntos 99,3% da previsão de gastos.
- Indústria (21BBRL)
Destaca-se três dos gastos atribuídos à indústria são concedidos com base em critérios regionais: 
Desenvolvimento Regional: compreende as isenções, existentes desde a década de 1960, no imposto de renda das empresas que atuam no âmbito da Sudam e da Sudene
Informática: que concede isenção de IPI com base em critérios que beneficiam e compensam empresas do setor de informática e automação localizadas fora da Zona Franca de Manaus;
Automobilístico: foram os que menos cresceram no conjunto dos gastos com a Indústria, sendo, por isso, o principal responsável pela perda de participação relativa desse setor.
O Programa Universidade para Todos – Prouni, instituído em 2005 pela Lei do Bem, concedeu isenção de quatro tributos – Cofins, PIS, imposto de renda e CSLL – a instituições de ensino superior que aderissem ao programa e ofertassem vagas subsidiadas a alunos carentes, deficientes e professores da rede pública de ensino
Participação relativa
O DGU apresenta uma tabela de participação relativa classificada por previsão orçamentária referente a previsão dos gastos tributários. 
Acréscimos de Participação relativa
Setor que mais ganhou participação: Agricultura: 283%. 
Motivo: devido a isenções concedidas no âmbito do PIS e da Cofins a diversos produtos alimentícios. Em termos nominais os gastos tributários com o setor da agricultura passaram de R$ 522 milhões para R$ 8,4 bilhões.
Outros acréscimos relevantes se deram nas participações relativas das funções transporte, energia. Também houve de saneamento que foram beneficiadas com isenções no âmbito da Política de Aceleração do Crescimento – PAC, adotada pelo governo federal a partir de janeiro de 2007. Também teve relevante acréscimo a participação relativa dos gastos tributários vinculados ao desporto e lazer – 108% –, devido a possibilidade de dedução de despesas no imposto de renda da pessoa física e jurídica a título de patrocínio e doação a projetos esportivos
Distribuição dos gastos tributários entre as diversas regiões brasileiras previsto entre 1998 e 2009 (participação percentual)
Depois de apresentado basicamente como o processo de previsão de gastos é feito, o autor elabora uma análise dos gastos tributários regionalizados. Notemos no gráfico abaixo que a região sudeste sempre apareceu na frente desde a criação do DGU.
Entretanto, quando a análise é feita tomando o princípio per capita, muda completamente a ordenação. No ano de 2009, por exemplo, vemos que a Região Norte chega em primeiro devido aos gastos tributários da Zona Franca de Manaus, que corresponde a 17% dos gastos federais. 
Vamos notar abaixo que em todos os tipos de gastos selecionados, os habitantes das regiões Norte e Nordeste receberam bem menos recursos, enquanto a região Sudeste lidera em todos os itens. Existem casos, como nos gastos com saúde, cultura e desporto e lazer, por exemplo, em que alguém que mora na região Sudeste recebe, em média, dez vezes mais recursos do que o habitante das duas regiões menos desenvolvidas do país. Analisando a tabela abaixo podemos visualizar mais facilmente:
Podemos notar com clareza quando vemos os gastos per capita, como os gastos tributários têm agravado a desigualdade regional. Uma possibilidade de explicação para isso está na modelagem adotada para os diversos incentivos fiscais, os quais se baseiam, em sua maioria, na disponibilidade de renda de pessoas físicas e jurídicas, independentemente da região em que estejam localizadas, beneficiando as regiões mais desenvolvidas do país, onde a renda, o emprego e a produção econômica estão mais presentes.
Perda de Participação relativa
Setor que mais perdeu participação: Saúde, 35% de queda entre 2004 e 2009.
Motivo: O que mais explica a perda de importância nos gastos com saúde é o pequeno crescimento relativo da dedução de despesas médicas no imposto de renda de pessoas físicas e da imunidade das entidades sem fins lucrativos – assistência social. Ele relata que só os medicamentos cresceram acima da média dos gastos da União.
Também não pode deixar de entender o porquê da queda de participação dos setores da indústria e educação. Na indústria, a principal causa é referente aos gastos com setor Automobilístico, que deixaram de crescer junto à indústria. Já na educação, deve ser ressaltado que a perda de participação relativa foi por causade um pequeno aumento na dedução de despesas com educação no imposto de renda das pessoas físicas, caso que foi bastante inferior ao aumento médio dos demais gastos tributários.
Na questão de perda de participação relativa da saúde, estudos feitos por Gruber (2001) mostraram que a relação entre prêmios de seguro e demanda variaram de elasticidade entre -0,8 e -2,9 nos Estados Unidos, o que significa que as duas variáveis se alteram em sentidos opostos. Gruber também observou que, quanto mais caros os prêmios de seguro, menos as empresas financiavam os planos de saúde dos empregados, mostrando que as firmas são mais sensíveis ao aumento do preço do prêmio do que os empregados. Assim, uma concessão do subsídio aos empregadores não só aumentaria a cobertura, como reduziria a participação financeira dos empregados no preço final do plano de saúde.
Segundo Elden & Moeller (2000), os subsídios no governo norte-americano eram atribuídos de acordo com a contribuição da população. Assim, quanto mais uma pessoa contribuísse, maior seria seu subsídio, o que faz com que a política social seja inequitativa.
No Reino Unido, Frayne e Goodman (2001) analisaram um corte de subsídio aos idosos com mais de 60 anos. Os estudos apontaram inelasticidade, indicando que não houve grande alteração de demanda com o corte de subsídio. Entretanto, é necessário considerar que trata-se de uma população com renda mais elevada e que possui maior propensão ao consumo de serviços e medicamentos.
No Brasil, os gastos privados com saúde cresceram até 30 salários mínimos em 1999, número que decaiu nos anos conseguintes. Com base nesse dado, é possível supor que a redução dos abatimentos (ou aumento da arrecadação) surta efeito maior em empresas do que em pessoas físicas. Porém, enquanto as respostas das firmas variaram, as reações das pessoas físicas, houve maior comprometimento da renda direcionada à saúde, demonstrando que a redução do subsídio gerou um efeito menor sobre elas.
Tendo em vista o apresentado, é compreensível a preocupação governamental na discussão dos gastos tributários, uma vez que podem afetar o montante investido diretamente na saúde pública.
A agenda de discussão institucional
Foram identificados três espaços relevantes de discussão sobre as políticas de saúde e a renúncia fiscal, na arena setorial dos anos 2000:
Simpósio sobre Planos de Saúde
XII Conferencia Nacional de Saúde
Fórum de Saúde Suplementar
Existiam duas posições relevantes, a partir dos documentos analisados nesses três espaços: uma do Ministério da Fazenda e outra no âmbito do Ministério da Saúde. O Ministério da Fazenda apresentou um documento intitulado “Política Econômica e Reformas estruturais”. E tinha como principal objetivo diminuir a relação dívida pública/PIB através dos meios de aumento do superávit primário sem aumentar a carga tributária. Como instrumentos para essa política, seriam eliminados tributos acumulativos, seriam reduzidas as alíquotas dos impostos indiretos e os benefícios e renúncias fiscais seriam revisados. Tais instrumentos foram considerados de natureza regressiva, já que retoma o problema dos subsídios provenientes de famílias de maior poder aquisitivo sendo usados para bancar projetos sociais. 
 O documento do Ministério da Fazenda ainda ressalta que a medida não atenuaria as desigualdades de renda, pois a arrecadação seria destinada aos não-pobres. Para comprovar tal afirmação é informado que 96% do que é arrecadado pelo IRPF vem dos 10% mais ricos do Brasil.
 Em outro documento do Ministério da Fazenda, dessa vez mais explícito quanto aos benefícios tributários referentes a gastos privados com saúde das famílias e empresas, é afirmado que para amparar a população mais vulnerável, é preciso uma reestruturação no atual sistema tributário a fim de reduzir os privilégios concedidos aos que têm renda mais elevada. 
 Paralelamente, no relatório da XII Conferência Nacional de Saúde, foi defendida a suspensão dos subsídios oriundos da dedução do Imposto de Renda para gastos com planos de saúde. Dessa forma, os valores correspondentes arrecadados com a eliminação dos subsídios seriam revertidos para financiar ações emergenciais na saúde básica. 
Num primeiro momento, tanto o Ministério da Fazenda, quanto a Conferência Nacional da Saúde almejam corrigir a suposta distorção causada pela renúncia da arrecadação fiscal, que dá apoio a indivíduos de rendas consideradas tributáveis, e não auxiliam em nada as camadas de renda mais baixa da população. Uma família com renda inferior a tributável pelo IRPF não gasta menos com saúde apenas pelo fato de ter menos renda, portanto ela em nada se beneficiaria com tal renúncia. 
 Por outro lado, um documento elaborado pela UNAFISCO revela que o Ministério da Fazenda, apesar de procurar por uma melhor forma de tributação em um tópico, não faz o mesmo com outro. De acordo com o documento da UNAFISCO, o Ministério da Fazenda classificaria de forma equivocada despesas com dependentes, educação e saúde do IRPF como benefício tributário. O argumento usado foi o de que essas despesas não representariam aumento da disponibilidade econômica do contribuinte, já que substituem despesas com serviços básicos não garantidos na prática pelo Estado. 
Para melhor entendimento da discussão sobre a renúncia de arrecadação fiscal na área da saúde, é exposto o conceito de equidade que tangencia o tema. 
De acordo com (PEREIRA, 1990, p.401) o significado de equidade na saúde “depende, de forma crucial, da maneira como se define o conceito de justiça social, e que este, por sua vez, depende de juízos de valor ou pontos de vista da sociedade, tal como articulados por indivíduos, grupos ou governos”
 
Breves comentários acerca da questão da equidade
 Duas visões distintas sobre equidade no financiamento de saúde são expostas no artigo. 
 A primeira denomina equidade na relação entre a distribuição dos gastos da família em saúde em proporção de seus proventos. (Ugá & Santos). A outra visão, esta proveniente de organismos financeiros internacionais, explicita que os gastos deveriam ser focados na parte da população que não tem acesso à saúde por meio das relações comuns do mercado.
 No Brasil, o modelo do Sistema Único de Saúde (SUS) conseguiria superar tais visões universais e focais, já que possuem uma combinação de programas que selecionam os grupos de maior vulnerabilidade para o acesso à saúde. Porém, para o devido êxito do sistema, é preciso um cenário político econômico estável, o que não ocorre. 
A aplicação da renúncia atrelada aos gastos com saúde nos sistemas privados beneficiaria os rendimentos dos planos e serviços de saúde pagos e dessa forma o problema de remarcação de preços seria em parte resolvido. 
Já do ponto de vista do gasto per capita em saúde, podemos assumir que daria no mesmo para o Estado renunciar a tributação de gastos privados com saúde ou financiar a saúde pública com a execução da tributação. Porém, no primeiro caso, quem se beneficiara seriam os indivíduos com maior poder aquisitivo, o que revela uma inequidade no modelo de renúncia. Além disso, a extinção da política de renúncia da tributação para este caso não afetaria a demanda por planos de saúde individuais, afetando apenas, talvez, a demanda por planos empresariais. 
Porém, é de conhecimento comum as condições precárias do sistema público de saúde, e por isso, muitas famílias são forçadas a contratar planos de saúde privados para garantir um atendimento de melhor qualidade. A partir desta constatação, há o enfrentamento de um dilema por parte dos formuladores de política. Pela ótica setorial, levando em consideração que o sistema público de saúde deveria suprir as necessidades de saúde de todos os cidadãos, podemos defender a eliminação da renúncia fiscal para seguir o conceito de equidade no financiamento da saúde. Entretanto, macroeconomicamente, setores de renda média sairiam prejudicados com a eliminação do subsídio. 
Além de tantos dilemas e preocupações, ainda somos lembradospor Bresser de que parte considerável da arrecadação tributária tem como destino o pagamento da dívida pública, que é diretamente ligada as elevadas taxas de juros. Dessa forma, percebemos que há um desvio de riquezas por parte do governo e que rendimentos tributários referentes a saúde acabam tendo um propósito diferente. 
Os conflitos de interesse
É necessário dimensionar qual seria o impacto da eliminação da renúncia tributária para constatar quais seriam os grupos mais beneficiados com tal ação. 
Compararemos primeiro os benefícios tributários com saúde e os gastos públicos com saúde. Ugá & Santos, estimam um gasto público com saúde de R$67,39 Bilhões (a preços de 2005), e que 4,2% deste valor estaria relacionado a renúncia fiscal. Por mais que a relação pareça pequena, não podemos desprezar tal relação quando se observa a quantidade de programas assistenciais organizados pelo Ministério da Saúde. 
Se observarmos tal subsídio em relação as empresas, verificamos que o benefício dos incentivos patrocinados pela renúncia fiscal, além de favorecer na redução dos gastos na folha de pagamentos das empresas, ainda beneficiam os trabalhadores que são dependentes de tal plano oferecido pelas companhias em que trabalham. Com a diminuição da renúncia fiscal, empresas demandariam menos planos privados de saúde, o que viria a atingir seus empregados. 
Com a eliminação da renúncia tributária, o sistema privado de saúde, em especial os planos de saúde, teriam uma redução de sua receita com a perda de clientes referentes a contratos tanto empresariais como individuais. Entretanto, serviços privados de saúde com desembolso direto das famílias, por exemplo, consultas médicas não cobertas pelo plano, se beneficiariam com a menor fiscalização por parte da Secretaria da Receita Federal dado o fim de certos procedimentos burocráticos que faziam referência exclusivamente à renúncia fiscal. Ou seja, com a extinção do subsídio, haveria menos informação sobre os rendimentos dos agentes do setor privado de saúde para fins fiscais. Tal perda de informação teria um efeito não quantificável na arrecadação de tributos. 
Se nos abstivermos da questão do controle fiscal relatado acima, percebemos que não interessa ao Ministério da Fazenda manter a renúncia da tributação de famílias mais ricas. Dessa forma é possível defender o alcance das metas de superávit primário e ainda alegar que a eliminação da renúncia parte de um princípio distributivo. Há ainda certas preocupações com a eliminação da renúncia por falta de meios de restituição para a classe média, já que esta é de grande importância para a formação de opinião pública. 
Optando pela redução ou eliminação da renúncia, o governo deve se atentar para não aumentar consideravelmente os gastos públicos contando com a maior arrecadação proveniente de famílias e empresas, já que a arrecadação não significaria necessariamente que esse provento seria revertido integralmente em recursos públicos na área da saúde. 
Conclusão
O autor conclui a sua análise dizendo que o intuito do estudo é demonstrar a complexidade do tema apontando com dados as tendências com as informações disponíveis. Além do que, com a evolução do DGU, o autor acredita que o Estado capitalista brasileiro tenha renascido, quando é referente no assunto dos instrumentos tributários.
Também diz que existem setores que continuarão sendo beneficiados, como o setor automotivo, mas que também é necessário fazer mudanças em outros, como na agricultura e agropecuária, sem perder a essência de desenvolvimento regional. Até pelo fato de que, o processo da concessão de incentivos tem o objetivo de desenvolver regionalmente e a produção industrial. Por fim, devido a essa enorme diversidade de incentivos fiscais que estão em vigor, as políticas interajam e/ou interferem entre si mediante as intenções dos incentivos. 
Considerações finais 
Após todos os fatos expostos na resenha, esperamos ter alcançado o objetivo de auxiliar a discussão em torno da elaboração de uma politica pública, com relação ao tema de renuncia e arrecadação fiscal. 
Para um melhor entendimento dos temas desenvolvido seria necessária uma revisão dos temas já explorados. Como por exemplo, a ideia de gastos tributários, análises que deixassem a medição do gasto publico federal mais preciso em saúde.
A instalação de uma politica com objetivo de reduzir a índole inequitativa da renuncia de arrecadação fiscal. Teria uma repercussão questionável sobre a iniqüidade do financiamento do setor, pois nada garante que o Ministério da Fazenda vai aplicar os recursos de forma correta, na área da saúde. 
As consequências da renuncia de arrecadação fiscal sobre o mercado de serviços de saúde não parece tal importante, embora não tenham sido mensurados minuciosamente. O acesso ao SUS é intermediado pela má combinação de maquina publica, má gestão, alterações no orçamento e baixo gasto publico em saúde.
No caso brasileiro, conclui-se que a eliminação da renuncia fiscal com gastos privados em saúde, implicaria em encargo tributário para as classes medias, e media baixa, e a pequenas empresas, deixando duvidas se os recursos financeiros chegam de fato aos mais pobres. 
Faculdade de Economia
2016

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