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www.cers.com.br OAB XIX EXAME DE ORDEM Direito Penal - Aula 01 Geovane Moraes e Ana Cristina Mendonça 1 PROCEDIMENTOS PROCESSUAIS PENAIS 1. DIFERENCIAÇÃO DO RITO COMUM 1.1. Rito Ordinário: Ocorrerá quando o crime apresentar sanção máxima cominada igual ou superior a 4 (quatro) anos de pena privativa de liberdade, nos termos do artigo 394, §1º, I do CPP. 1.2. Rito Sumário: Ocorrerá quando o crime apresentar sanção máxima cominada inferior a 4 (quatro) anos de pena privativa de liberdade e superior a 2 (dois) anos de pena privativa de li- berdade, conforme estabelece o art. 394, §1º, II e III, do CPP. 1.3. Rito Sumaríssimo: Ocorrerá quando tiver infrações penais de menor potencial ofensivo, ou seja, são as contravenções penais e os cri- mes a que a lei comine sanção máxima não su- perior a 2 (dois) anos, cumuladas ou não, nos moldes do art. 394, §1º, III do CPP c/c art. 61 da Lei nº 9.099/95. 2. INÍCIO DA AÇÃO PENAL A ação penal tem início com o recebimento da peça inicial acusatória, ou seja, quando o juiz, vislumbrando as condições constantes no art. 41 do Código de Processo Penal, verifica que a peça inicial acusatória preenche os requisitos e a recebe. Todavia, quando o juiz verificar que a peça acu- satória não preenche os requisitos, rejeita-a nos moldes do art. 395 do Código de Processo Pe- nal. 3. REJEIÇÃO LIMINAR DA PEÇA ACUSATÓ- RIA (art. 395, CPP) Na rejeição liminar da peça acusatória, a ação penal sequer chega a existir. O juiz que proceder a rejeição liminar da denúncia ou da queixa, de- verá fundamentar essa rejeição em uma das hi- póteses previstas no art. 395 do CPP. Destaca-se que o recebimento da peça acusa- tória não carece de fundamentação, mas a rejei- ção necessita. São as possibilidades de rejeição: 3.1. Inépcia da inicial (art. 395, I do CPP): Ocorre quando a peça acusatória não se prestar ao fim a qual se destina. Uma peça acusatória tem um objetivo muito es- pecífico, ou seja, mostrar que o acusado come- teu o crime e conseguir a sua condenação. Inepta é toda denúncia ou queixa que apresenta uma deficiência de ordem subjetiva ou objetiva, oriunda do momento de sua gênese, decorrente da existência de lacunas, omissões, contradi- ções ou quais outros fatores que possam dificul- tar, reduzir ou impedir a manifestação da garan- tia constitucional fundamental da ampla defesa. São fatores que normalmente geram inépcia da peça inicial: descrição de fatos de maneira trun- cada, incoerente, lacunosa ou impossível de te- rem ocorrido; inserção de agentes em concurso, inexistentes no caso concreto; descrição con- fusa ou misturada dos fatos; descrição muito ex- tensa dos fatos, impedindo a compreensão; falta de pedido claro de acusação; etc. 3.2. Se houver, dentro da peça acusatória, falta de pressuposto ou condição para a ação penal (art. 395, II do CPP) a) CONDIÇÕES DA AÇÃO Possibilidade jurídica do pedido: No processo penal, a arguição da possibilidade jurídica do pe- dido é sempre objetiva (também chamada de di- reta ou positiva). Isto é, só pode pedir aquilo que explicitamente a lei autoriza. Na hora da prova, para saber se há possibili- dade jurídica do pedido, basta tipificar o crime. Pergunta-se: o crime que o acusado está sendo imputado existe no ordenamento jurídico? Se a resposta for SIM haverá a possibilidade jurídica do pedido, se for NÃO, não haverá possibilidade jurídica do pedido. Não é necessário entrar na análise de mérito, pergunta-se se o crime, em tese, existe na lei processual brasileira. A análise de mérito é feita na sentença que decide o feito. Exemplo1: O agente foi denunciado pelo crime de sedução ou adultério (antigos artigos 217 e 240 do Código Penal, respectivamente). Nesses casos, ambas as condutas deixaram de ser típi- cas. Exemplo 2: Pessoa paralítica desde tenra infân- cia, vive em cadeira de rodas e foi denunciado www.cers.com.br OAB XIX EXAME DE ORDEM Direito Penal - Aula 01 Geovane Moraes e Ana Cristina Mendonça 2 por ter pulado o muro de uma casa, subtraído uma TV antiga, ter fugido e levado um tiro da polícia. Neste caso há possibilidade jurídica do pedido, pois o crime de furto qualificado pela es- calada é previsto no ordenamento jurídico e é possível a tipificação da conduta delituosa. Ana- lisar se o agente poderia ou não ter cometido o crime pelo seu estado, é analisar o mérito que só deverá ser feito na sentença penal. Legitimidade da parte: Se a ação penal for pú- blica, a parte legítima é o Ministério Público, se a ação penal for privada, a parte legítima é o ofendido, representante legal ou substituto pro- cessual. No caso de ação penal privada, se a vítima for menor a parte legítima será o seu representante legal, ainda que o menor seja emancipado, por- que a emancipação só produz efeitos civis e não penais. Já se a vítima morrer ou for declarada ausente por decisão judicial, a parte legítima será o seu substituto processual, de acordo com a sequência do CADI (Cônjuge, Ascendente, Descendente e Irmão), nos termos do art. 24, § 1º em combinação com art. 31, ambos do CPP. CUIDADO: crimes contra honra de funcioná- rios públicos a legitimidade é concorrente nos termos da Súmula 714 do STF. Necessidade/interesse para agir: A análise desta condição da ação é casuística, pois em certos casos não há interesse ou necessidade de prosseguir no processo. A ação penal não promoveria a aplicação do di- reito em um caso concreto, o processo não teria um fim útil. Em respeito à economia processual, o juiz vai verificar a necessidade ou interesse para agir. O Juiz poderá rejeitar a denúncia ou a queixa por falta de necessidade ou interesse de agir se entender que o fato da ação penal começar vai ser perda de tempo. ATENÇÃO: Hoje em dia, acontece muito a re- jeição liminar por falta de necessidade ou in- teresse para agir em virtude do reconheci- mento do princípio da insignificância. Lem- brando que a insignificância, quando reconhe- cida, exclui a tipicidade da conduta. b) PRESSUPOSTOS PROCESSUAIS Pressupostos são todas as falhas residuais do caso concreto que possam inviabilizar a existên- cia da ação penal. Tudo que for impeditivo e não estiver nas condições, porque esta é um rol ta- xativo, serão pressupostos porque o rol é exem- plificativo e residual. Incompetência do Juízo: Em caso do juiz de- clarar-se incompetente, há rejeição liminar da inicial acusatória por ausência de pressuposto. Litispendência: É um litígio pendente. Ocorre quando há uma denúncia ou uma queixa por um fato gerador que já está sendo objeto de apreci- ação pela Justiça Criminal. Isso acontece muito quando não se tem certeza de onde foi praticado o crime. Coisa Julgada: Já houve decisão irrecorrível. Exaurimento do processo administrativo: Mais frequente em relação aos crimes contra a ordem tributária (Lei 8.137/90), isso porque, a súmula vinculante 24 estabelece que é neces- sário exaurir o procedimento administrativo para poder responsabilizar penalmente o agente 3.3. Se houver ausência de justa causa É imprescindível que a peça acusatória tenha apresentado de forma clara a prova da materia- lidade do crime E os indícios suficientes de au- toria ou participação. Obrigatoriamente devem estar presentes os dois requisitos. Assim, na ausência de um dos requisitos, ha- verá falta de justa causa. Os indícios suficientes de autoria ou participa- ção do crime configuram-se com indicativos de que o réu tenha efetivamente participado da em- preitada criminosa, seja como autor ou partícipe. Por sua vez, a prova da materialidade do fato caracteriza-se pela certeza de que o fato efeti- vamente existiu.
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