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* Aula 10 RESPONSABILIDADE CIVIL Dano – Parte 1 Prof. Dr. Alexandre Guerra * * Parte 1 – (357 a 377) Conceito de dano: “Dano é a lesão a qualquer bem jurídico, a aí se inclui o dano moral (...)” Dano é a lesão ao patrimônio (conjunto de relações da pessoa apreciáveis em moeda). Calcula-se o dano a partir da redução do patrimônio em virtude do ato ofensivo. Indenização e reparação. Sinônimos? Princípio da restituição integral Indenizar: tornar sem dano (in – dene) Danos patrimoniais: Danos emergentes e Lucros cessantes (CC, Art. 402 - Salvo as exceções expressamente previstas em lei, as perdas e danos devidas ao credor abrangem, além do que ele efetivamente perdeu, o que razoavelmente deixou de lucrar). * * Há RC sem dano? Art. 944 - A indenização mede-se pela extensão do dano (...) Art. 403 - Ainda que a inexecução resulte de dolo do devedor, as perdas e danos só incluem os prejuízos efetivos e os lucros cessantes por efeito dela direto e imediato, sem prejuízo do disposto na lei processual. 2. Há ato ilícito sem dano? Art. 186 - Aquele que, por ação ou omissão voluntária, negligência ou imprudência, violar direito e causar dano a outrem, ainda que exclusivamente moral, comete ato ilícito. * * DANO INDENIZÁVEL Dano certo (certeza): é o que se funda e prova sobre um fato preciso e não sobre uma hipótese de dano Dano atual (atualidade): dano hipótetico ou eventual não é indenizável Lucros cessantes??? Art. 402 - Salvo as exceções expressamente previstas em lei, as perdas e danos devidas ao credor abrangem, além do que ele efetivamente perdeu, o que razoavelmente deixou de lucrar. Somente se indenizam danos diretos e efetivos decorrentes de efeito imediato do ato ilícito. RC por perda de uma chance e lucros cessantes? * * ESPÉCIES DE DANO: Danos patrimoniais ou materiais Danos extrapatrimoniais ou morais ou residuais Danos diretos Danos indiretos, reflexos ou “dano em ricochete” Ressarcimento: aplica-se a todo dano material Reparação: “compensação pelo dano moral” Substitutivos, medidas paliativas... Indenização: i) RC do Estado; ii) expressão mais ampla * * TEORIA DO “DUTY TO MITIGATE THE LOSS” Dever de o credor mitigar o prejuízo Princípio da boa-fé objetiva. Art. 77 da Convenção de Viena: “A parte que invoca a quebra do contrato deve tomar as medidas razoáveis, levando em consideração as circunstâncias, para limitar a perda, nela compreendido o prejuízo resultante da quebra. Se ela negligencia em tomar tais medidas, a parte faltosa pode pedir a redução das perdas e danos, em proporção igual ao montante da perda que poderia ter sido diminuída”. Art. 422, do CC: “Os contratantes são obrigados a guardar, assim na conclusão do contrato, como em sua execução, os princípios da probidade e boa-fé”. Deveres de lealdade e cooperação impõem que o credor colabore com o devedor no sentido de que eventuais prejuízos sejam os mínimos possíveis. O credor tem o dever de minimizar os próprios prejuízos, sob pena de incidir em ilícito (art. 187 do CC). Abuso do direito. * * Enunciado 169 da III Jornada de Direito Civil (CJF): “Art. 422. O princípio da boa-fé objetiva deve levar o credor a evitar o agravamento do próprio prejuízo”. Aplicação no CDC: Não pode a instituição financeira permanecer inerte, aguardando que, diante da alta taxa de juros prevista no instrumento contratual, a dívida atinja montantes astronômicos. STJ: (...) Nas circunstâncias do negócio, o credor tinha o dever, decorrente da boa-fé objetiva, de adotar medidas oportunas para, protegendo seu crédito, impedir a alienação dos apartamentos a terceiros adquirentes de boa-fé. Limitando-se a incorporadora do empreendimento a propor a ação de execução, sem averbá-la no registro de imóveis ou avisar a financiadora, permitiu que dezena de apartamentos fossem alienados pela construtora a adquirentes que não tinham nenhuma razão para suspeitar da legalidade da compra e venda, inclusive porque dela participou a CEF. Não prevalece, contra estes, a alegação de fraude a execução. (...) (REsp 32890/SP, Rel. Ministro RUY ROSADO DE AGUIAR, QUARTA TURMA, julgado em 14/11/1994, DJ 12/12/1994, p. 34350). * * (...) Boa-fé objetiva. Standard ético-jurídico. Observância pelos contratantes em todas as fases. Condutas pautadas pela probidade, cooperação e lealdade. (...). Preservação dos direitos dos contratantes na consecução dos fins. Impossibilidade de violação aos preceitos éticos insertos no ordenamento jurídico.3. Preceito decorrente da boa-fé objetiva. Duty to mitigate the loss: o dever de mitigar o próprio prejuízo. Os contratantes devem tomar as medidas necessárias e possíveis para que o dano não seja agravado. A parte a que a perda aproveita não pode permanecer deliberadamente inerte diante do dano. Agravamento do prejuízo, em razão da inércia do credor. Infringência aos deveres de cooperação e lealdade. (...) O fato de ter deixado o devedor na posse do imóvel por quase 7 (sete) anos, sem que este cumprisse com o seu dever contratual (pagamento das prestações relativas ao contrato de compra e venda), evidencia a ausência de zelo com o patrimônio do credor, com o consequente agravamento significativo das perdas, uma vez que a realização mais célere dos atos de defesa possessória diminuiriam a extensão do dano.5. Violação ao princípio da boa-fé objetiva. Caracterização de inadimplemento contratual a justificar a penalidade imposta pela Corte originária, (exclusão de um ano de ressarcimento).(...) (STJ, REsp 758.518/PR, Rel. Ministro VASCO DELLA GIUSTINA TERCEIRA TURMA, julgado em 17/06/2010, REPDJe 01/07/2010, DJe 28/06/2010) * * TRANSMISSIBILIDADE DO DIREITO DE PRETENDER A INDENIZAÇÃO CC. Art. 943 - O direito de exigir reparação e a obrigação de prestá-la transmitem-se com a herança. Transmissibilidade também do dano moral (ofensa à honra) Não se transmite o dano moral em si, mas a indenização. A morte extingue a personalidade e não do dano consumado ou o direito a indenização Tendo sido vítima de um dano, seja moral ou material, enquanto viva a pessoa, nasce o direito à reparação. Direito à indenização (natureza patrimonial) passa a integrar o patrimônio da vítima. Transmite-se aos herdeiros dos titulares da indenização. Cônjuge, descendentes, ascendentes, companheiro * * Cumulação de pensão previdenciária e indenizatória Dedução do valor pago a título de seguro DPVAT em relação às verbas devidas pelo agente causador do dano Súmula 246 STJ: “O valor do seguro obrigatório deve ser reduzido da indenização judicialmente fixada” Cabível a correção monetária sobre os valores objeto de indenização periódica Incide a partir do ato ilícito Art. 398 - Nas obrigações provenientes de ato ilícito, considera-se o devedor em mora, desde que o praticou. Art. 397 - O inadimplemento da obrigação, positiva e líquida, no seu termo, constitui de pleno direito em mora o devedor. Parágrafo único. Não havendo termo, a mora se constitui mediante interpelação judicial ou extrajudicial. * * Garantia de pagamento futuro de prestações mensais CPC, Art. 475-Q. Quando a indenização por ato ilícito incluir prestação de alimentos, o juiz, quanto a esta parte, poderá ordenar ao devedor constituição de capital, cuja renda assegure o pagamento do valor mensal da pensão. Imóveis, títulos da dívida pública ou aplicações financeiras em banco oficial. Inalienabilidade e impenhorabilidade enquanto durar a obrigação do devedor. Substituição da constituição do capital pela inclusão do beneficiário da prestação em folha de pagamento. Substituição por fiança bancária ou garantia real, em valor a ser arbitrado de imediato pelo juiz. * * JUROS DE MORA RC extracontratual – desde o evento (Súmula 54 STJ) RC contratual – desde a citação (CC, 405) Obrigações provenientes de ato ilícito: juros de mora desde o evento (CC, 398) (crime?) Honorários advocatícios (10% a 20% sobre o valor dacondenação) CPC, art. 20, Parágrafo quinto - Nas ações de indenização por ato ilícito contra pessoa, o valor da condenação será a soma das prestações vencidas com o capital necessário a produzir a renda correspondente às prestações vincendas (artigo 602), (...) Parte II – Liquidação do dano (p. 425 a 457)
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