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Paradigma: Aquilo que “é objeto de um consenso de boa qualidade no seio de um grupo científico dado” (Thomas S. KHUN: 2010 - A estrutura das revoluções científicas. São Paulo, Perspectiva). → conjunto de leis e princípios fundamentais que nenhum membro da comunidade científica contesta. → conjunto de explicações admitidas e fecundas. → conjunto de normas de pesquisas e teorias coerentes simples com amplo domínio de aplicação. Princípio (arkhè): Definição forte: - Série de proposições admitidas inicialmente para derivar outras proposições (teoremas em matemática). - O reconhecimento dos princípios é sustentado pelos paradigmas com os quais, às vezes, se confunde. - Quando uma lei ou uma teoria é regularmente verificada, ela pode se tornar um princípio. Definição restrita: - Conjunto de proposições orientadoras específicas às quais o desenvolvimento ulterior deve ser subordinado. Refere ao que é fundamental. - Nesse caso, se os princípios não precisam ser demonstrados, eles devem ser caracterizados e justificados. Hipótese - Afirmação cuja veracidade não foi ainda demonstrada no momento da sua apresentação. - Afirmação cujo critério de validade é de ordem lógica e não empírica. Valor de verdade: Caráter que uma proposição tem de ser verdadeira ou falsa. A lógica clássica (bivalente) considera somente esses dois valores contraditórios. Na lógica moderna, é possível introduzir outros valores (possível, indeterminado, provável, etc.) para constituir lógicas polivalentes. Validade: Trata-se da coerência formal de uma demonstração sem referência à verdade ou a falsidade das premissas (princípios) ou da conclusão. Verificação/validação: Ato de controlar: 1/ a verdade de uma proposição, uma hipótese, um argumento ou o funcionamento de um método por confrontação com os fatos e/ou a realidade. Mais especificamente: Verificação experimental: conjunto de operações que permitem a demonstração da validade de uma hipótese comparando as deduções que ela possibilita com a experiência. O problema é a determinação do valor de verdade dos parâmetros de verificação. 2/ a validade de um raciocínio pela sua análise formal (lógica). Verdade: Caráter daquilo que é verdadeiro do ponto de vista formal ou porque existe. Se pode dizer de uma proposição verdadeira que ela é uma verdade. Quando estipulamos a verdade de um estudo histórico, estamos significando “com essas proposições que existe uma conformidade entre um discurso, os símbolos que ele usa e o seu conteúdo, e um conjunto de eventos empíricos - caso contrário, corremos o risco de confundir a verdade com a realidade. Efetivamente, é preferível aplicar essa noção [de verdade] a enunciados e não a fatos” (G. Durozoi & A. Roussel: 1990 - Dictionnaire de philosophie. Paris, Nathan; p.342). Distinguimos então: 1/Verdade formal e 2/ Verdade material. Verdade formal: Enunciado demonstrável e dotado de coerência lógica independentemente de toda análise do seu conteúdo. Verdade material: Enunciado cujos termos, tal como foram definidos, correspondem corretamente aos fenômenos experimentais que se pretende explicar. Nesse caso, toda verdade científica é necessariamente temporária e transitória. Realidade/Real: Do Latim res, coisa. O adjetivo qualifica o que é dado, o que existe efetivamente. De maneira geral: oposição com 1/ o que é aparente e ilusório e 2/ o que é abstrato, conceitual. Na lógica: oposição com o possível e o necessário. São distinguidas 2 definições da coisa: - Definição nominal da coisa - Definição real da coisa, a qual é decomposta em seus elementos constitutivos. Também se distingue 2 funções: - a função do real que é a faculdade de 1/ perceber corretamente a realidade e 2/ de se adaptar a realidade percebida. Importância da memória instruída pelo passado. - a função irreal, ou função do imaginário, ou função do projeto, tanto positiva quanto a primeira, que permite a abertura sobre o futuro. A realidade, como conjunto de coisas que existem, dá lugar a julgamentos de realidade que interessam os fatos ou fenômenos observáveis ou as relações entre os fatos ou fenômenos. O problema da definição da realidade: “Se a suposição prática da realidade como algo que oferece resistência na apreensão sensível é sempre primeira, pensar a realidade enfrenta a impossibilidade de uma definição intrínseca. Mesmo supondo conceitualmente a identidade, a permanência e a univocidade, a realidade pode ser invocada unicamente sobre o fundo de uma diferencia primeira entre ela e aquilo com o qual se distingue (aparência, fenômeno, simulacro, sonho, ilusão, idéia ou ideal...). Isto levanta uma dificuldade, já que aquilo que não é realidade (e, às vezes, se confunde com ela) deve participar desta para exigir essa discriminação. (...) A exterioridade suposta da linguagem e do real (o primeiro tendo de ser adequado à descrição do segundo) faz da realidade uma hipóstase1 preconcebida. Inversamente, supor que a realidade não é independente da sua elaboração no discurso permite estabelecer uma ontologia cujas condições de possibilidade exigem ser explicitadas (...), mesmo se o construtivismo não pode ser absoluto sob pena de fazer da realidade uma ficção. Entre a constituição integral e a crença no real imediato, não existe realidade senão na intersecção do mundo e do logos” (Raynald Belay: 2007: “Réalité”, in: Michel Blay - dir.: Dictionnaire des concepts philosophiques. Paris, Larousse/CNRS ; pp.698-699. O grifo é meu). Alerta: se realidade é algo construído, ela está na intersecção do mundo e do logos (poderíamos falar de subjetividade), e se o mundo é ele mesmo uma construção psico-socio-cultural, podemos dizer que a realidade reside na confluência de subjetividades de indivíduos e de comunidades. A realidade é então relativa; porém não significa que realidade seja qualquer coisa, que tudo vale. A realidade é aquilo que foi delimitado e caracterizado pelo 1 Substancia primeira. encontro/consenso de várias subjetividades; a realidade válida é aquela que foi reconhecida por consenso como aceitável, e que pode, então, funcionar como referencial - é dizer que lhe foi reconhecido o valor de verdade positivo (verdadeira). A partir deste momento, a verificação é possível desde que a realidade aceitada não é questionada. Fato O fato científico se distingue do fato primeiro (ou informe) ou imediato, no sentido que o fato científico é elaborado, mensurado, ligado ou re-ligado a outros fatos ou leis pré-estabelecidas: o fato científico é construído. O fato sensível ou empírico (ou primeiro, informe) fica isolado e não pode se tornar um pretexto ao conhecimento senão na condição de ser transformado pela atividade intelectual em um verdadeiro objeto. Isso significa que: 1 - o fato pertence à esfera da observação. 2 - o(s) objeto(s) de estudo (objeto(s) particular(es)), assim que o objeto científico são construídos/estabelecidos. Decorre disto que a objetividade é também uma construção. BIBLIOGRAFIA ABBAGNANO, N.: 2012 - Dicionário de filosofia. São Paulo: Martins Fontes. BLACKBURN, S.: 1997 - Dicionário Oxford de filosofia. Rio de Janeiro: Zahar Editora. BLAY, M. - dir.: 2008 - Dictionnaire des concepts philosophiques. Paris: Larousse. DUROZOI, G. & ROUSSEL, A.: 1993 - Dicionnaire de philosophie. Paris: Nathan FERREIRA, A.B. de H.: 2004 - Novo dicionário Aurélio da língua portuguesa. Curitiba: Editora Positivo. LALANDE, A.: 2010 - Vocabulaire technique et critique de la philosophie. Paris: Presses Universitaires de France.
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