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Sistema de Saúde Cubano EVANILDO JUNIOR JEFFERSON MEDEIROS MARIA ZILDA MELO TICIANE COSTA FARIAS UNIVERSIDADE FEDERAL DE CAMPINA GRANDE – UFCG CENTRO DE FORMAÇÃO DE PROFESSORES – CFP UNIDADE ACADÊMICA DE CIÊNCIAS DA VIDA – UACV CURSO DE GRADUAÇÃO EM MEDICINA Introdução Século XIX – medicina de base científica; Anos 50 do século XX – 8% dos trabalhadores rurais; Revolução Cubana (1959) – Saúde como área prioritária. Introdução “Providenciando serviços de saúde para o maior número de pessoas possível, instituir um programa de medicina preventiva, e orientação no sentido da prática de medidas de higiene”. Ernesto Guevara, 1960. Introdução Êxodo para os EUA; Processo de Nacionalização e Regionalização dos Cuidados de Saúde; Programa Universal de Vacinação; Programa para a Redução da Mortalidade Infantil. Introdução Período Especial (nos anos 90); Manutenção do bloqueio econômico pelos EUA; Recuperação econômica na primeira década do século XXI; Reorganização dos serviços médicos. SSC e a Constituição Cubana “O Estado, como Poder do povo, em serviço do próprio povo, garante que não haja doente sem assistência médica”. CRC, Capítulo I, Fundamentos Políticos, Sociais e Económicos do Estado, artigo 9º, ponto 2. SSC e a Constituição Cubana Assistência médica gratuita; Rede de instalações de serviço médico rural, policlínicos, hospitais, centros profiláticos e de tratamento especializado; Assistência odontológica gratuita. SSC e a Constituição Cubana Planejamento relacionado a divulgação sanitária e educação para a saúde; Vacinação; Outras medidas preventivas. Base conceitual sobre o SSC. Lei 41 da Legislação Cubana “Com o fim de contribuir para a garantia da promoção de Saúde, a prevenção de doenças, o restabelecimento da saúde, a reabilitação social dos doentes e a assistência social.” Ley 41,Capítulo I, Artigo 1 Lei 41 da Legislação Cubana O caráter social do exercício da Medicina; Medicina Preventiva; Participação ativa do povo; Colaboração Internacional na área da saúde. Lei 41 da Legislação Cubana Policlínico como peça essencial na prestação dos cuidados de saúde, abrangendo todos os cidadãos – Doentes ou sãos; Cuidados de Saúde Materno-Infantis. Lei 41 da Legislação Cubana “Contribui a elevar o nível de saúde do adolescente”. Artigo 27 “A diminuir a morbilidade, prolongar a vida da população mediante o tratamento medico preventivo e curativo através do Programa de Atenção Integral ao Adulto”. Artigo 28 Lei 41 da Legislação Cubana Cuidados de Saúde aos Idosos; “Garante a promoção, preservação e cura e reabilitação estomatológica mediante a execução de programas de cuidados preventivo-curativos a toda a população, mediantes as prioridades estabelecidas pelo Ministério da Saúde Pública” Artigo 30 Ministério da Saúde Pública Organismo de direção do Sistema Nacional de Saúde em Cuba; Dirigir, executar e controlar a aplicação da política do Estado e do Governo. Saúde Pública Desenvolvimento das Ciências Médicas Indústria Médico-Farmacêutica. Ministério da Saúde Pública Funções de Direção: Controle e vigilância epidemiológica das doenças; Controle e vigilância de produtos e substancias que possam afetar a saúde; Controle e avaliação de pesquisas em humanos; Inspeção sanitária estatal; Regula o exercício da medicina e áreas afins; Controle da produção nacional de fármacos; Importação de produtos de uso médico. Ministério da Saúde Pública Responsabilidades: Promoção, prevenção, cura e reabilitação da Saúde; Organização dos serviços de atenção médica preventiva e curativa; Serviços de Saúde como parte da Assistência Social: idosos, deficientes físicos e mentais; Manutenção do sistema de informação estatística de Saúde. Ministério da Saúde Pública Responsabilidades: Dirigir, organizar e controlar o processo de formação de especialistas, o aperfeiçoamento e educação continuada dos profissionais e dos seus técnicos próprios; Dirigir a atividade de comercialização dos serviços de saúde. Organização do SSC – Nível Primário Composto por Equipes de Saúde Básica (ESB) responsáveis por implementar o Programa de Médico de Família. As ESB são compostas por um médico e um enfermeiro. O Grupo de Trabalho Básico (GTB) é uma equipe que assiste a ESB em programas de saúde específicos. O programa Médico de Família Tem a responsabilidade de compreender o indivíduo e seu estado de doença integrando-os num contexto de família, casa e localidade que o influenciam e por quem são influenciados, visando a prevenção de doenças e a promoção de Saúde. Para tal utilizam: A consulta; A visita domiciliária; Assistência educativa para a saúde; Monitorização; Controle epidemiológico. Áreas de Saúde As ESB e os GTB estão organizados por Áreas de Saúde, para cada uma das quais existe uma policlínica. Todas as policlínicas oferecem cerca de 25 serviços. Nível Secundário Composto pelos hospitais regionais e municipais. Apresenta meios complementares de diagnóstico, mais específicos e sofisticados. Nível terciário e quaternário Ocorrem quando há necessidade de internação: Terciário: a internação acontece para diagnóstico e/ou tratamento; Quaternário: quando a condição do doente requer Unidade de Cuidados Intensivos. Sistema de Saúde Cubano Características Singulares do SSC Administração de todas as estruturas de saúde por profissionais de saúde. Envolvimento do doente e da população em geral nas políticas de saúde, tomada de decisões e nas medidas de promoção de Saúde. Trabalho de equipe, com abordagem multidisciplinar. Formação dos Recursos Humanos na Saúde “Se no período da Revolução Cubana, o país somente contava com uma Escola Médica e 6.000 médicos, hoje Cuba conta com 70.594 médicos, dos quais 33.769 são médicos de família, com uma cobertura total do território.” Situação Atual 22 Faculdades de Medicina; 1 Escola Latinoamericana de Medicina com 12 Faculdades de Formação; 4 Faculdades de Estomatologia; 4 Faculdades de Enfermagem; 4 Faculdades de Tecnologias da Saúde; 1 Escola Nacional de Saúde Pública com 15 centros provinciais no país; 29 faculdades para o programa de formação de médicos latino-americanos; 245 Policlínicas universitárias; 159.526 estudantes matriculados no sistema de formação. Medicina Desde 2002 foi largamente impulsionada a criação de novos programas de mestrados e doutorados. No curso de 2004/2005 iniciou-se o emprego dos recursos modernos da informática e das telecomunicações. Foi introduzido o internato profissionalizante e a policlínica universitária como cenário docente. Na carreira em APS incluem-se estudantes do 6º ano de Medicina, após o internato profissionalizante, que se preparam mediante o seu trabalho tutorado num consultório médico junto da comunidade. Enfermagem Em 2001 foi criado o Programa Emergente de Enfermagem: Modelo mais flexível de formação; Grande captação de estudantes, sendo aceitos indivíduos com o 9º e 10º ano de escolaridade. A Licenciatura em Enfermagem leciona-se em todos os municípios do país, com uma matrícula que em 2007 chegava aos 45.448 estudantes. Tecnologias de Saúde Este modelo iniciou-se em Setembro de 2002 com o objetivo de formar recursos humanos para uma extensão de serviços de saúde de excelência com trabalhadores qualificados perto das populações. As carreiras disponíveis eram: Terapia Física e Reabilitação; Laboratório Clínico; Radiologia; Medicina Transfusional. INFOMED – Red Telemática de la Salud A INFOMED é, hoje, um dos maiores apoios aos cursos de saúde, através de suporte eletrônico, programas, material bibliográfico e vários recursos de ensino. A atual missão da INFOMED é o desenvolvimento de uma rede integrada de telecomunicações, cujos objetivos estratégicos incluem: Ligar a Biblioteca de Saúde Virtual a bases de dados internacionais; Criar uma infraestrutura de técnicos, organizações e recursos humanos no sentido de um crescimento sustentado da mesma; Facilitar a formação continuada dos profissionais de saúde através da Universidade Virtual; Desenvolver software médico; Auxiliar na comunicação entre instituições de Saúde cubanas e internacionais; Promover a investigação e publicação científica. As transformações do SSC na atualidade Programas de Revolução em Saúde (2002) Reparação dos policlínicos Serviços especializados Transferência de alta tecnologia As transformações do SSC na atualidade O policlínico converte-se em Policlínico Universitário (2004) Órgão central para a formação na carreira de Medicina Aprendizagem com investigação As transformações do SSC na atualidade O que é o policlínico? Cooperação e Missões Internacionais Cooperação Médica Internacional (1963) Colaboração de profissionais de Saúde cubanos no estrangeiro Formação de profissionais estrangeiros em Cuba e nos seus países Contingente “Henry Reeve” (2005) 1. Situações de catástrofe natural e grandes epidemias 38 Cooperação e Missões Internacionais Cooperação Médica Internacional (Atualmente) Programas Especiais Operacíon Milagro PIS (Plano Integral de Saúde) Contribuição na formação de recursos humanos na Área da Saúde Programa Integral de Saúde 31 países; 2777 colaboradores; 1979 médicos; Cobre uma população total de 59.174.683 habitantes. Programa Operacíon Milagro (2004) 37 milhões de cegos: 80% são por condições reversíveis 50% por catarata 239 médicos; Beneficiaram gratuitamente 513664 doentes; Abertura de 29 centros cirúrgicos de alta tecnologia em 6 países (12 na Venezuela, 11 na Bolívia, 2 Equador, 1 na Guatemala, 2 no Haiti e 1 nas Honduras). Programa Especial com a Bolívia e a Venezuela Venezuela: Plano Barrio Adientro 24464 cubanos 13153 médicos Dando relevância às zonas rurais excêntricas Bolívia: 1607 cubanos 1220 médicos 9 províncias do país 20 Centros de Diagnóstico Integral doados por Cuba Contribuição na formação de recursos humanos no exterior Escola Latinoamericana de Medicina (1998); Estudantes de 24 países; Colaboração na criação de 12 faculdades de Medicina em vários países; Assistência dada pelo sistema de Educação Médica a 17 países; 305 professores cubanos; 24 faculdades de Medicina. A situação Saúde em Cuba “A sociedade se comove diante da notícia do sequestro ou o assassinato de uma criatura, mas permanece indiferente diante do assassinato maciço que se comete com tantos milhares e milhares de crianças que morrem todos os anos por falta de recursos, agonizando entre os estertores da dor e cujos olhos inocentes, já neles o brilho da morte, parecem olhar para o infinito como pedindo perdão para o egoísmo humano e para que não caia sobre os homens a maldição de Deus...”. Fidel Castro, La historia me absolverá. Indicadores de Saúde A taxa de mortalidade é de 4,5 para mil crianças nascidas: Intenso acompanhamento as gestantes; Atenção com as crianças desde o nascimento; Aborto Legal; Programa Nacional de Vacinação. Expectativa de vida de 77,9 anos. Indicadores de Saúde Educação, saúde e assistência: Serviço Médico Rural; Campanha Nacional de Alfabetização; 25 faculdades de medicina e uma Escola Latino-Americana de Medicina; 13 Institutos de Pesquisa; 146 Hospitais gerais e especializados; 11.466 Consultórios Médicos de Família; 122 asilos para as Terceira Idade; 141 Maternidades. Comparação de Indicadores de Saúde Caracterização da Organização Mundial da Saúde em Países de Rendimento Médio-Alto: Cuba; Brasil; Argentina; Portugal; Polónia; Bulgária. Orçamento para a Saúde em 2006 Despesa total com Saúde (% do PIB) % Encargo do Estado na Saúde % Encargo de privados na Saúde Despesa do Estado em Saúde como % das suas despesas Cuba 7,7 91,6 8,4 11,2 Brasil 7,5 47,9 52,1 7,2 Argentina 10,1 45,5 54,5 14,2 Polónia 6,2 70,0 30,0 9,9 Bulgária 6,2 56,7 43,0 11,2 Média dos PRMA 6,3 55,1 44,8 9,8 Fonte: Organização Mundial da Saúde Força de Trabalho e Infraestrutura de Saúde - 2008 Médicos por 10000 habitantes Enfermeiros e outro pessoal de Saúde por 10000 habitantes Dentistas por 10000 habitantes Camas hospitalares por 10000 habitantes Cuba 59 74 9 49 Brasil 12 38 11 24 Argentina 30 8 8 41 Polónia 20 52 3 52 Bulgária 37 46 9 64 Média dos PRMA 22 42 6 42 Fonte: Organização Mundial da Saúde Indicadores em Saúde - 2007 Esperança média de vida saudável (anos) Taxa de mortalidade abaixo dos 5 anos de vida (por 1000 nados vivos) Taxa de Mortalidade Materna (100000 partos) Cuba 6871 7 6 45 Brasil 62 66 24 19 110 Argentina 64 69 17 14 77 Polónia 64 70 86 8 Bulgária 63 69 12 12 11 Média dos PRMA 58 67 24 20 91 Fonte: Organização Mundial da Saúde HMHM Entrevista à Dra. Marbelis Lusson Pelegrin, médica geral pela Universidade de Santiago de Cuba com 11 anos de formação e que está atuando na Unidade de Saúde da Família do Patumate, Cajazeiras/PB, pelo Programa Mais Médicos. Qual a visão da senhora sobre o sistema de saúde cubano? Muito bom! O pilar mais forte que nós temos na promoção em saúde é a prevenção. Na minha cidade, muito maior que Cajazeiras, temos um médico para as famílias de uma rua. Então ele vai sempre nas casas e vê se o balde tem água, se tão lavando as comidas direito... e se não tem água no balde não cria mosquito, e sem mosquito não dá doença; se cuidam das comidas não dá diarreia. Então, o principal é a profilaxia. “ Os cubanos fazem uso de muitos medicamentos, como aqui no Brasil? Não, não, não. Pra maioria das coisas nós tomamos chá! Isso é motivo de que era muito caro comprar remédios (pelo embargo americano), então nó viramos com o que tinha... É a chamada medicina fitoterápica, não é?! Então, lá em cuba ainda se usa, e vai continuar se usando a medicina tradicional oriental. “ Doutora, e quando uma pessoa necessita de atendimento médico, como se dá o acesso? Bem, nós dividimos em nível primário, secundário e terciário. No nível primário se resolve 80% das demandas; então, se não prevenida uma doença, você consegue mediar a maioria na atenção básica. Mas acontecem casos mais graves que você tem que encaminhar pra uma policlínica, um hospital maior, e lá se resolve os 15% dos problemas. Os outros 5% são do nível terciário, que são as referências em casos muito raros, como é o caso da zika... se ela chegar lá, quem atuará será o nível terciário de atenção. “ A formação médica aqui no Brasil é muito voltada para as especializações e com uma visão econômica. Os médicos cubanos também tem esse interesse econômico? Os médicos em Cuba ganham um pouco mais do que os outros profissionais, mas não chegam a ser ricos como os do Brasil não. Os daqui são ricos. O médico lá se tiver um carro e uma Split na casa tá bom (risos), mas ele não pode ter muita coisa não, e se tiver pode ir atrás que vem de coisa errada... “ Como é o perfil do ensino médico em Cuba? Para uma boa qualidade tem que ter uma boa preparação. Tu não pode sair da faculdade sem saber fazer um verdadeiro exame clínico de um paciente. Tu pode sair sem entender como funciona um medicamento, uma doença, um exame; mas sem saber apalpar um paciente e descobrir que ele tem uma apendicite, não!... Com um esteto e um esfigno eu faço medicina! É inadmissível um médico aqui diagnosticar uma gravidez por uma ultrassom. Só com o exame de toque dá pra saber, exceto nos casos de gravidez ectópica, claro! “ Doutora, nos estudos percebemos grandes avanços na saúde cubana e com os relatos da senhora esses tornaram-se mais presentes. No entanto, o sistema tem, pelo menos, um problema? A falha está na parte econômica, até porque Cuba é um país pobre e as coisas são muito antigas. Aqui tu chega em um porto de saúde e ele é novinho, tem Split, tem cadeiras novas. Em cuba não! A vida nossa não é de luxo, então o trabalho não vai ser, não é mesmo?! Lá o cirurgião sai do trabalho e vai de bicicleta pra sua casa! Mas a parte econômica que eu digo são nas coisas simples: medicamentos tem, equipamentos bons também; mas uma cadeira pro paciente não tem, ou se tem ela tá improvisada. “ Agradecemos!
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