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Direito Civil - Parte Geral - Para concurso de Delegado de Polícia Civil

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PARTE GERAL
1 DIREITO CIVIL 
2 LEI DE INTRODUÇÃO ÀS NORMAS DO DIREITO BRASILEIRO
3 CONSTITUCIONALIZAÇÃO DO DIREITO CIVIL
4 PRINCÍPIOS APLICADOS NA ELABORAÇÃO DO CÓDIGO CIVIL/02
5 PESSOAS NATURAIS
6 DOMICÍLIO
7 DIREITOS DA PERSONALIDADE
8 PESSOAS JURÍDICAS
9 BENS
10 FATO JURÍDICO
11 NEGÓCIO JURÍDICO
12 PRESCRIÇÃO E DECADÊNCIA
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1 DIREITO CIVIL
Ao contrário do que ocorre nos demais concursos 
voltados para os bacharéis em Direito, a seleção para o 
cargo de Delegado da Polícia Civil traz um número re-
duzido de temas do Direito Civil, geralmente ligados 
à parte geral e à responsabilidade civil.
Os tópicos são explorados de inúmeras maneiras. 
Aparecem questões onde o mero conhecimento do tex-
to legal é suficiente. Porém, não são raras as vezes em 
que as bancas exigem dos candidatos conhecimentos 
doutrinários e jurisprudenciais mais apurados.
As páginas que se seguem foram redigidas com 
base nessas premissas: a) revisão teórica da matéria, 
com apontamentos legais e doutrinários; b) atualiza-
ção dos temas segundo a jurisprudência dos tribunais 
superiores; e, c) enquadramento do conteúdo às exi-
gências do edital para Delegado da Polícia Civil.
2
LEI DE INTRODUÇÃO ÀS NORMAS 
DO DIREITO BRASILEIRO (LEI DE 
INTRODUÇÃO AO CÓDIGO CIVIL)
A grande maioria dos Códigos é precedida de leis 
introdutórias, as quais não fazem parte de sua estrutu-
ra corpórea, mas conformam uma noção preliminar de 
seu teor e de suas finalidades. No âmbito brasileiro, a 
Lei de Introdução ao Código Civil (LICC) está contem-
plada no Decreto-Lei 4.657/1942, e traz relevantes dire-
trizes hermenêuticas não apenas sobre as normas jurí-
dicas contidas no Código Civil, como também de todo 
o sistema legislativo pátrio – basta ver, por exemplo, 
que seu artigo 5º trata de fins sociais e bem comum (o 
que não se limita ao Direito civil).
A LICC é conformada por dezenove artigos, que 
tratam de assuntos diversos como: vigência e aplica-
bilidade da norma jurídica, diretrizes interpretativas 
e de integração da norma jurídica, bem como de te-
mas de direito civil internacional (abrangendo alguns 
dispositivos de competência processual, homologação 
de sentença estrangeira e atribuições consulares em te-
mas de casamento).
P Hoje não se fala mais em LICC, mas sim em “Lei 
de Introdução às normas do Direito Brasileiro”, 
face à nova redação trazida pela Lei nº 12.376, de 
2010 (*nota: por questões meramente didáticas, 
manteremos no presente material a sigla “LICC” 
para designar o diploma).
P A LICC é um diploma legislativo autônomo (não 
se confunde ou integra o Código Civil). É lei ordi-
nária, subordinando-se à hierárquica normativa 
usual e à revogação por lei posterior (embora te-
nha sido mantida mesmo com o advento do Códi-
go Civil de 2002).
OBRIGATORIEDADE DA LEI
a) O início da obrigatoriedade da Lei: (art. 1º LICC)
O início de vigência de uma lei está previsto logo 
no art. 1º da LICC, que anota: “salvo disposição con-
trária, a lei começa a vigorar em todo o país quarenta e 
cinco dias depois de oficialmente publicada”. Ou seja, 
quando não há regra específica delimitando o prazo 
para início de vigência de uma lei, esta passará a ser 
obrigatória após 45 dias de sua publicação oficial (que 
é a data na qual o público em geral toma efetivo conhe-
cimento do novo texto legislativo). Tal prazo é contado 
incluindo-se o dia do começo (o dia da publicação) e o 
último dia do prazo – nos termos da Lei complementar 
nº 95/1998, art. 8º, §1º.
Nada impede que uma lei tenha o início de sua vi-
gência em período menor - basta, para tal, especificar 
qual é este período no próprio texto.
Há que se resgatar, também, a ideia da vacatio legis, 
que é o período temporal entre a publicação e o início 
de vigência da nova lei. Assim, ainda que a lei esteja 
promulgada e publicada, se ainda estiver durante o 
período da vacatio, não será aplicada (não gera efeitos, 
exatamente por não ter eficácia jurídica para tal).
P Durante o período da vacatio, a lei nova existe 
(como ato jurídico) e é válida, só não é eficaz. Ou 
seja, durante este lapso temporal, a eficácia per-
manece com a legislação antiga.
Noutro giro, vale ressaltar que o art. 1º, §1º da 
LICC dispõe sobre a obrigatoriedade da lei brasileira 
nos Estados estrangeiros, que se inicia três meses de-
pois de oficialmente publicada, quando admitida pelo 
Estado estrangeiro.
O art. 1º, §3º da LICC reporta-se à nova publicação 
do texto da lei, aduzindo que “se, antes de entrar a lei 
em vigor, ocorrer nova publicação de seu texto, des-
tinada a correção, o prazo deste artigo e dos parágra-
fos anteriores começará a correr da nova publicação”. 
Afinal, é possível que uma lei publicada contenha er-
ros, razão pela qual a norma corretiva supriria a falha. 
Por fim, o art. 1º, §4º lembra que as correções a texto de 
lei já em vigor consideram-se lei nova. 
b) Tempo da obrigatoriedade: (art. 2º LICC)
No tocante ao tempo de vigência da norma, vigora 
o “princípio da continuidade” (caráter de permanên-
cia). A princípio uma lei é editada para vigorar por 
tempo indefinido, até que seja modificada ou revo-
gada por outra. É o que indica, inclusive, o art. 2º da 
LICC: “não se destinando à vigência temporária, a lei 
terá vigor até que outra a modifique ou revogue”.
P Lei temporária: é aquela que já nasce com um 
prazo pré delimitado de vigência. Usualmente 
são editadas para regulamentar situações muito 
particulares.
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Ainda em relação ao tema, três premissas deman-
dam atenção. São elas:
1. A lei posterior revoga a anterior quando ex-
pressamente o declare, quando seja com ela 
incompatível ou quando regule inteiramente a 
matéria de que tratava a lei anterior (art. 2º, §1º 
da LICC).
2. A lei nova, que estabeleça disposições gerais 
ou especiais a par das já existentes, não revoga 
nem modifica a lei anterior (art. 2º, §2º da LICC).
3. Salvo disposição em contrário, a lei revogada 
não se restaura por ter a lei revogadora perdi-
do a vigência (art. 2º, §3º da LICC). Tal situação 
visa evitar o conhecido “efeito repristinatório” 
(aquele pelo qual a norma revogada volta a vi-
gorar caso haja revogação da lei que tira seus 
efeitos).
A doutrina costuma classificar a revogação toman-
do como base a sua extensão em duas categorias: re-
vogação total e revogação parcial. A primeira se dá 
quando a nova norma torna a outra totalmente sem 
efeito (acarreta a ab-rogação); já a revogação parcial é 
quando tira apenas parte de seus efeitos (ensejando a 
derrogação).
c) Não ignorância da Lei vigente: (art. 3º da LICC)
A LICC delimita que ninguém se escusa de cum-
prir a lei, alegando que não a conhece. É certo que 
ninguém conhece a totalidade das leis brasileiras, não 
obstante a sua observância seja compulsória para to-
dos. Mas é também correto aduzir que ninguém pode 
eximir-se de cumpri-la por não a conhecer (nemo ius 
ignorare censetur).
P Não confundir o “desconhecimento da lei” (o 
qual é inescusável) com as hipóteses de “erro 
substancial” (como na hipótese do art. 139, III do 
CC, que permite a anulação de atos ou negócios 
jurídicos eivados de falsa percepção da realidade).
APLICAÇÃO, INTERPRETAÇÃO E INTEGRAÇÃO 
DAS NORMAS JURÍDICAS
a) Aplicação da norma jurídica e integração: (art. 
4º LICC)
Como se sabe, é dever do magistrado aplicar o 
Direito à situação fático-concreta que se apresenta. É 
também de conhecimento geral queo ordenamento ju-
rídico não pode apresentar lacunas, pois deve ser lido 
como um bloco monolítico (um todo, unitário). No en-
tanto, o legislador não consegue prever todas as possí-
veis situações sociais que chegarão aos tribunais, casos 
em que a lei poderá ser omissa diante do caso concre-
to. E é exatamente dentro desta lógica que entram as 
regras de aplicação e integração da norma jurídica, as 
quais orientarão o intérprete na busca de critérios ade-
quados para superar os impasses.
Assim, o art. 4º da LICC, diz que quando a lei for 
omissa o juiz decidirá o caso de acordo com a analo-
gia, os costumes e os princípios gerais de direito. Tais 
mecanismos consagram-se como fontes formais secun-
dárias do Direito (lembrando que a lei é a fonte formal 
direta e imediata).
A analogia implica na aplicação de uma lei ou con-
junto de leis similares para suprir a lacuna do disposi-
tivo (seria tal qual a “tapar um buraco” com um caso 
semelhante). Os costumes são as práticas reiteradas re-
conhecidas pela lei ou pelos tribunais pátrios; entende-
-se que o conhecimento doutrinário e jurisprudencial 
enquadram-se dentro dos costumes. Por fim, os prin-
cípios gerais do direito são as diretrizes fundamen-
tais que dão base ao sistema jurídico de um país (por 
exemplo: a ideia da dignidade da pessoa humana, a 
igualdade, a boa-fé, etc.)
b) Interpretação da norma jurídica: (art. 5º LICC)
No entendimento doutrinário, o artigo 5º da LICC 
retrata o “princípio da socialidade”, e indica que o 
Juiz, ao aplicar uma norma jurídica, deve sempre se 
atentar à sua função e buscar promover a pacificação 
social.
Trata-se de uma regra de interpretação, destinada 
exatamente ao magistrado (ou, nos casos de arbitra-
gem, ao “árbitro”). Buscar atender aos fins sociais e as 
exigências do bem comum na aplicação da lei é parte 
crucial da atividade judicial.
c) Conflito (aparente) de normas:
Em algumas situações pode ocorrer um conflito 
aparente de normas. São casos em que parece ser pos-
sível a aplicação de várias normas jurídicas ao caso 
concreto, mas, em verdade, dever-se-á aplicar apenas 
uma.
Os critérios para resolução deste conflito, que é 
irreal, são basicamente três: critério hierárquico (pelo 
qual “a lei hierarquicamente superior afasta a incidên-
cia da lei hierarquicamente inferior”), critério cronoló-
gico (pelo qual “lei nova afasta a incidência de lei an-
tiga”) e critério da especialidade (pelo qual “a lei mais 
especifica prevalece sobre a lei mais geral”).
DIREITO INTERTEMPORAL
A LICC também disciplina o direito intertemporal, 
visando promover a certeza, segurança e estabilidade 
no ordenamento jurídico, preservando as situações 
consolidadas em que o interesse individual deve pre-
valecer.
Neste sentido, o art. 6º ressalta a clássica trilogia de 
garantia de direitos fundamentais (também insculpida 
no art. 5º, XXXVI da CF/88): o respeito ao ato jurídico 
perfeito, o direito adquirido e a coisa julgada. Trata-se 
de um dispositivo que também conclama a proteção e 
a obrigatoriedade da lei no tempo.
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Nos termos da LICC, reputa-se ato jurídico per-
feito o já consumado segundo a lei vigente ao tempo 
em que se efetuou. Consideram-se adquiridos assim 
os direitos que o seu titular, ou alguém por ele, possa 
exercer, como aqueles cujo começo do exercício tenha 
termo pré-fixo, ou condição pré-estabelecida inalterá-
vel, a arbítrio de outrem. Por fim, chama-se coisa jul-
gada ou caso julgado a decisão judicial de que já não 
caiba recurso.
DIREITO INTERNACIONAL PRIVADO
Os arts. 7º a 17º da LICC disciplinam algumas re-
gras gerais do Direito internacional privado. Trata 
de temas como: conflito de jurisdição, critérios para 
solucionar problemas de qualificação, efeitos de atos 
realizados em outras nações, condições de estrangeiro 
e eficácia internacional de decisões legítimas tomadas 
em um país com possibilidade de reconhecimento por 
outro. Trata-se de tema usualmente não explorado 
nas provas para Delegado de Polícia, razão pela qual 
não será objeto de apreciação na presente apostila.
P Nota: quanto ao tema, indicamos a simples lei-
tura dos dispositivos legais.
Atos praticados no estrangeiro pelas autoridades 
consulares:
Por fim, vale ressaltar o teor do art. 18 LICC, que 
aduz: “tratando-se de brasileiros, são competentes as 
autoridades consulares brasileiras para lhes celebrar o 
casamento e os demais atos de Registro Civil e de ta-
belionato, inclusive o registro de nascimento e de óbito 
dos filhos de brasileiro ou brasileira nascido no país da 
sede do Consulado”.
3 CONSTITUCIONALIZAÇÃO DO DIREITO CIVIL
Hoje, o Direito Civil não pode ser estudado como 
um microssistema isolado, regido apenas pelo Código 
Civil e pelas leis civis extravagantes. A legislação civil 
deve estar de acordo com os ditames constitucionais, 
formando um ordenamento jurídico unitário.
“O Direito Civil Constitucional, como uma mudança de 
postura, representa um atitude bem pensada, que tem 
contribuído para a evolução do pensamento privado, para 
a evolução dos civilistas contemporâneos e para um sadio 
diálogo entre os juristas das mais diversas áreas. Essa ino-
vação reside no fato de que há uma inversão da forma de 
interpretação dos dois ramos do direito – público e priva-
do -, interpretando o Código Civil segundo a Constituição 
Federal em substituição do que se costumava fazer, isto é, 
exatamente o inverso. (...) Deve ser feita a ressalva que, 
por tal interação, o Direito Civil não deixará de ser Direito 
Civil; e o Direito Constitucional não deixará de ser Direito 
Constitucional. O Direito Civil Constitucional nada mais 
é do que um novo caminho metodológico, que procura 
analisar os institutos privados a partir da Constituição, e, 
eventualmente, os mecanismos constitucionais a partir do 
Código Civil e da legislação infraconstitucional, em uma 
análise de mão dupla” (Flávio Tartuce).
Nesse contexto, destacam-se três princípios:
• Dignidade da pessoa humana (art. 1º, III, 
CF/88) – dos princípios fundamentais.
• Solidariedade social (art. 3º, I, CF/88) – socie-
dade livre, justa e solidária.
• Igualdade (art. 5º, caput, CF/88) – todos são 
iguais perante a lei.
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PRINCÍPIOS APLICADOS NA 
ELABORAÇÃO DO CÓDIGO CIVIL DE 
2002
1. Operalibilidade (concretude):
O direito deve primar pela efetividade, ou seja, 
deve ser elaborado visando a sua realização material 
da maneira mais eficaz possível. Uma das consequên-
cias destacadas pela doutrina nesse ponto foi a sim-
plificação dos institutos da prescrição e da decadência 
no códex de 2002, tornando-os mais eficazes do que no 
Código Civil de 1916, devido à sua complexidade nor-
mativa.
2. Sociabilidade:
O Código de 2002 busca superar o caráter indivi-
dual da antiga codificação, dando ao sistema civilista 
um viés mais social, voltado para toda a coletividade. 
Neste ponto, destacam-se a função social da proprie-
dade e a função social do contrato.
3. Eticidade:
Retrata a preocupação, por parte do legislador, de 
trazer para o mundo civil valores éticos, diminuindo o 
espaço e a distância entre o direito posto e a moral. Tal 
princípio se manifesta em institutos como, por exem-
plo, a boa fé objetiva na elaboração e no cumprimento 
dos contratos; e, a equidade.
5 PESSOAS NATURAIS
No ordenamento jurídico brasileiro, ao contrário 
do que ocorre em alguns países, somente as pessoas 
são sujeitos de direito. Sendo que, tais pessoas, podem 
ser físicas (naturais) ou jurídicas. Os animais são con-
siderados objetos de direito.
Aqui, estudaremos os temas relacionados com as 
pessoas naturais com maior chance decobrança no 
concurso para Delegado da Polícia Civil. Em seguida, 
faremos o mesmo com as pessoas jurídicas.
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COMEÇO DA PERSONALIDADE JURÍDICA
O Código Civil enuncia que “a personalidade civil 
da pessoa começa do nascimento com vida; mas a lei 
põe a salvo, desde a concepção, os direitos do nasci-
turo”. 
O ente concebido, mas ainda não nascido, é deno-
minado nascituro. De um lado a doutrina tradicional 
reconhece a teoria natalista como determinante dos 
direitos do nascituro, ou seja, preconiza que os direi-
tos da personalidade somente aparecem a partir do 
nascimento com vida. Por outro lado, existem autores 
conceptualistas, para os quais o nascituro detém per-
sonalidade jurídica desde a concepção.
O Brasil, para a maioria da doutrina, adotou em 
sua base legal a teoria natalista, no entanto, em muitos 
momentos, reconheceu os direitos do nascituro desde 
a concepção, como por exemplo, na possibilidade de 
fixação dos alimentos gravídicos. 
Nota-se que o registro civil de nascimento da pes-
soa natural é apenas um ato declaratório da personali-
dade jurídica, vez que ela foi constituída no momento 
do nascimento com vida.
P Natimorto X neomorto: natimorto é aquele 
que nasceu morto. Pelo o Enunciado nº 1, da Pri-
meira Jornada de Direito Civil, o natimorto é me-
recedor de tutela jurídica, com o direito ao nome, 
a imagem e a sepultura. Por outro lado, neomorto 
é o indivíduo que nasce com vida, mas morre logo 
após o parto.
P Embriões excedentários: é constitucional o 
estudo científico com embriões excedentes, na 
forma da Lei de Biossegurança.
CAPACIDADE
Existem dois tipos de capacidade das pessoas na-
turais: a capacidade de direito e a capacidade de fato.
Todo ser humano é dotado de capacidade de di-
reito, ou seja, á capaz de possuir os direitos inerentes 
aos seres humanos. Essa capacidade se confunde com 
a própria personalidade - aprece no nascimento com 
vida.Por outro lado, temos que a capacidade de fato é a 
aptidão para pessoalmente exercer os atos da vida civil.
A reunião das duas capacidades (de fato + de di-
reito) faz surgir a capacidade plena, que no Brasil, em 
regra, adquire-se aos 18 anos. Entretanto, em razão de 
limitações orgânicas ou psicológicas, nem toda pessoa 
possui aptidão para exercer pessoalmente seus direi-
tos. Essa impossibilidade de exercício denomina-se 
“incapacidade”, que pode ser “absoluta” ou “relativa”.
Absolutamente incapazes: possuem direitos, mas 
não podem exercê-los pessoalmente. Devem ser repre-
sentados. Pelo art. 166, I do CC os negócios jurídicos 
celebrados pelos absolutamente incapazes são nulos.
Vilaça Azevedo crava que “ou a incapacidade ocor-
re em razão da menoridade ou em razão de outro mo-
tivo, que implica a falta de discernimento de quem 
atua, ou seja, a falta de distinção entre o bom e o mau, 
entre o lícito e o ilícito, entre o que é conveniente ou 
não”. Nesta toada, são absolutamente incapazes:
i) Menores impúberes (menores de 16 anos);
ii) Pessoas que, por enfermidade ou deficiência 
mental, não tiverem o necessário discernimento 
para a prática dos atos da vida civil;
iii) Pessoas que, mesmo por causa temporária, 
não puderem exprimir sua vontade.
Relativamente incapazes: são os que podem prati-
car por si os atos da vida civil, desde que assistidos. Os 
negócios realizados sem assistência podem gerar anu-
labilidade, que depende da iniciativa dos lesados, nos 
termos do art. 177 do CC. Aqui - como na incapacidade 
absoluta - o incapaz pode ser apontado pela menorida-
de ou por outra situação legal. São eles:
i) Maiores de 16 e menores de 18 anos (menores 
púberes);
ii) Os ébrios habituais, os viciados em tóxicos e 
os que, por deficiência mental, tenham discerni-
mento reduzido;
iii) Os excepcionais, sem desenvolvimento men-
tal completo;
iv) Os pródigos.
Representação X assistência:
Como visto, os absolutamente incapazes estão pri-
vados de agir juridicamente, motivo pelo qual devem 
ser representados. Exemplo clássico ocorre quando 
um menor impúbere precisa alienar um imóvel. Tal ato 
só pode ser realizado pelos seus pais.
Já a assistência ocorre quando o relativamente in-
capaz necessita da autorização para a prática de certos 
atos da vida civil. O menor púbere que necessita de 
autorização dos pais para a venda de um imóvel serve 
como exemplo.
P Se houver conflito de interesses entre o incapaz 
e o representante legal o juiz deverá nomear um 
curador especial.
Tutela X curatela:
O instituto através do qual o poder familiar é subs-
tituído, no intuito de proteger o menor não emancipa-
do e os seus bens, no caso de morte dos pais ou desti-
tuição do poder familiar, denomina-se tutela. Aparece 
tanto para representação quanto para a assistência. 
Pode derivar de provimento voluntário, de testamento 
ou em decorrência da lei.
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Por outro lado, a curatela é um encargo público 
dado para a proteção dos maiores de idade que por en-
fermidade ou deficiência mental não estão aptos para 
praticar pessoalmente os atos da vida civil. É conferi-
da pelo juiz ao término de um processo de interdição. 
Serve para reger e proteger tanto a pessoa quanto os 
seus bens.
Emancipação:
Nos termos do CC, a menoridade cessa aos dezoito 
18 anos completos, quando a pessoa fica habilitada à 
prática de todos os atos da vida civil.
No entanto, é possível a antecipação da capacidade 
plena, em virtude da autorização dos representantes 
legais do menor ou do juiz, pela superveniência de 
fato que a lei atribui força para tanto. Trata-se do insti-
tuto chamado emancipação. 
A emancipação poderá ser voluntária (art. 5º, pará-
grafo único, I, primeira parte), judicial (segunda parte) 
ou legal (incisos II, III, IV e V).
São espécies de emancipação:
i) Parental: pela concessão dos pais, ou de um 
deles na falta do outro, mediante instrumento 
público, independentemente de homologação 
judicial. O menor deve ter pelo menos 16 anos.
ii) Por sentença do juiz: é aquela concedida pelo 
juiz, ouvido o tutor, desde que o menor tenha 
pelo menos dezesseis anos completos. Quem 
emancipa é o juiz e não o tutor.
iii) Pelo casamento: neste caso, existe a necessi-
dade de autorização dos pais (ou do juiz) para o 
casamento entre os 16 e os 18 anos. Antes dos 16 
anos o casamento somente poderá ser autoriza-
do no caso de gravidez ou para evitar cumpri-
mento de pena criminal.
iv) Pelo exercício de cargo público: aqui, trata-se 
de cargo efetivo.
v) Pela colação de grau em curso superior: é 
muito rara a colação de grau de menor, mas 
caso ocorra, o CC previu a emancipação.
vi) Pelo estabelecimento civil ou comercial, ou 
pela existência de relação de emprego com eco-
nomias próprias.
EXTINÇÃO DA PESSOA FÍSICA (FIM DA 
PERSONALIDADE)
Nos termos do art. 6º do Código Civil, a morte mar-
ca o fim da pessoa física ou natural, que deverá ser de-
clarada pelo médico e assentada em livro próprio para 
os óbitos em cartório.
Morte real: ocorre com o óbito da pessoa natural, 
ou seja, quando o cérebro para de funcionar. 
“Com a morte real, fixa-se, desde logo, o término 
da personalidade jurídica, com os efeitos dele ine-
rentes, tais o desaparecimento jurídico da pessoa 
humana, a dissolução do vínculo matrimonial ou da 
união estável, o fim das relações de parentesco e de 
afinidade, a transmissão da herança, a extinção dos 
contratos personalíssimos etc. (...) Há efeitos que 
perduram, após a morte real, e que têm a proteçãolegal da pessoa, como a sua vontade de transplan-
te de órgãos para fins humanitários ou científicos, 
a sua vontade expressa em testamento quanto ao 
seu cadáver, que merece respeito, sob pena, até, de 
cometimento de crimes (arts. 209 a 212 do CP), tais 
o impedimento ou perturbação de enterro ou de ce-
rimônia funerária, a violação de sepultura, a destrui-
ção, subtração, ocultação ou vilipêndio ao cadáver” 
(Álvaro Villaça Azevedo). 
Morte presumida: pode ocorrer com ou sem a de-
claração da ausência.
a) Sem declaração de ausência: nos termos do 
art. 7 º do CC ocorre em 2 casos: (i) com o desa-
parecimento do corpo da pessoa, sendo extre-
mamente provável a morte de quem estava em 
perigo de vida. O exemplo clássico é o da pessoa 
desaparecida em desastre aéreo. (ii) Com o de-
saparecimento de pessoa envolvida em campa-
nha militar ou feita prisioneira, quando não en-
contrada em até 2 anos após o fim da guerra. Em 
ambas as hipóteses a prova do óbito é realizada 
em processo judicial de justificação.
b) Com declaração de ausência: é o 
desaparecimento da pessoa natural, sem que 
haja um corpo. Nestes casos, primeiro ocorre 
um período de curadoria dos bens do ausente, 
depois se abre a sucessão provisória e, por fim, 
a sucessão definitiva. 
Haverá morte presumida no caso da ausência, 
quando for aberta a sucessão definitiva dos bens 
do ausente (segunda parte do art. 6º). 
P Comoriência: é a morte simultânea de duas ou 
mais pessoas. Se não for possível averiguar qual 
indivíduo morreu primeiro, por exemplo, em um 
acidente aéreo, para efeitos de sucessão ambos 
serão considerados mortos no mesmo momento.
6 DOMICÍLIO
Domicílio como o lugar onde a pessoa natural esta-
belece residência com ânimo definitivo, convertendo-
-o, em regra, em centro principal de seus negócios jurí-
dico ou de sua atividade profissional. A pessoa natural 
que tiver diversas residências, onde, alternadamente, 
viva, considerar-se-á domicílio seu qualquer delas. Se 
uma pessoa natural não possuir residência, seu domi-
cílio será o local onde for encontrada.
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O art. 72 do CC estabelece que “é também domicí-
lio da pessoa natural, quanto às relações concernentes 
à profissão, o lugar onde esta é exercida”. No entanto, 
se a pessoa exercitar profissão em lugares diversos, 
cada um deles constituirá domicílio para as relações 
que lhe corresponderem.
Domicílio necessário:
O domicílio necessário é estabelecido pela lei a al-
gumas pessoas. Para estas, o art. 76 do CC cravou que
I - O domicílio do incapaz é o do seu representante 
ou assistente; 
II - O do servidor público, o lugar em que exercer 
permanentemente suas funções; 
III - O do militar, onde servir, e, sendo da Marinha ou 
da Aeronáutica, a sede do comando a que se encon-
trar imediatamente subordinado; 
IV - O do marítimo, onde o navio estiver matricula-
do; e o do preso, o lugar em que cumprir a sentença.
Pelo art. 77, “o agente diplomático do Brasil, que, 
citado no estrangeiro, alegar extraterritorialidade sem 
designar onde tem, no país, o seu domicílio, poderá 
ser demandado no Distrito Federal ou no último ponto 
do território brasileiro onde o teve”.
7 DIREITOS DA PERSONALIDADE
Este ponto da disciplina é um dos mais importantes 
para a prova de Delegado da Polícia Civil. Isto porque, 
na atuação da polícia judiciária dos estados democrá-
ticos, os direitos fundamentais – especialmente os que 
remetem à dignidade da pessoa humana -, devem ser 
largamente respeitados, de forma a se afastar o desvio 
e o abuso do poder. Os direitos da personalidade:
“são direitos subjetivos da pessoa de defender o que 
lhe é próprio, ou seja, a sua integridade física (vida, ali-
mentos, próprio corpo, vivo ou morto, corpo alheio, 
vivo ou morto, partes separadas do corpo, vivo ou 
morto); a sua integridade intelectual (liberdade de 
pensamento, autoria científica, artística e literária) 
e sua integridade moral (honra, recato, segredo pes-
soal, profissional e doméstico, imagem, identidade 
pessoal, familiar e social)” (Maria Helena Diniz).
O Código Civil traz os direitos da personalidade 
nos arts. 11 a 21. Já na esfera constitucional, destaca-se 
o inciso X do art. 5º, prescrevendo que “são invioláveis 
a intimidade, a vida privada, a honra, e a imagem das 
pessoas, assegurando o direito à indenização pelo dano 
material ou moral decorrente de sua violação”. Tanto o 
rol do Código Civil quanto o da Constituição Federal 
são exemplificativos. Neste ponto, o Enunciado 247 
do CJF/STJ aponta que “os direitos da personalida-
de, regulados de maneira não exaustiva pelo Código 
Civil, são expressões da cláusula geral de tutela da 
pessoa humana, contida no art. 1º, III, da Constituição 
Federal”. Em outras palavras, quando a Constituição 
crava a dignidade da pessoa humana como fundamen-
to da República, abre espaço para o reconhecimento de 
um amplo leque de direitos da personalidade, tanto na 
CF quanto no nas normas infraconstitucionais.
DIGNIDADE DA PESSOA HUMANA
A busca pela concretização da dignidade da pessoa 
humana em todos os seus aspectos é reconhecida pe-
los estudiosos e aplicadores da lei nos quatro cantos 
do planeta. No entanto, há uma grande dificuldade na 
definição exata do seu objeto.
Ingo Wolfgang Sarlet, festejado estudioso dos di-
reitos fundamentais, afirma que “onde não houver 
respeito pela vida e pela integridade física e moral do 
ser humano, onde as condições mínimas para uma 
existência digna não forem asseguradas, onde não 
houver limitação do poder, enfim, onde a liberdade 
e a autonomia, a igualdade (em direitos e dignidade) 
e os direitos fundamentais não forem reconhecidos e 
minimamente assegurados, não haverá espaço para a 
dignidade da pessoa humana e esta (pessoa), por sua 
vez, poderá não passar de mero objeto de arbítrio e 
injustiças”. Existem duas dimensões da dignidade do 
homem: uma se refere à autodeterminação do indiví-
duo, que deve ser livre para tomar as decisões essen-
ciais para a sua própria existência; outra é dimensão 
protetiva por parte do Estado e da comunidade, que 
devem assegurar aos indivíduos fragilizados um rol 
mínimo de direitos.
“A dignidade na sua perspectiva assistencial (proteti-
va) da pessoa humana, poderá, dadas as circunstân-
cias, prevalecer em face da dimensão autonômica, 
de tal sorte que, todo aquele a quem faltarem as 
condições para uma decisão própria e responsável 
(de modo especial no âmbito da biomedicina e bio-
ética) poderá até mesmo perder – pela nomeação 
de um curador ou submissão involuntária a trata-
mento médico e/ou internação – o exercício pessoal 
de sua capacidade de autodeterminação, restando-
-lhe, contudo, o direito de ser tratado com dignidade 
(protegido e assistido)” (Sarlet).
P Conceito proposto por Ingo Sarlet:
Temos por dignidade da pessoa humana a qualida-
de intrínseca e distintiva reconhecida em cada ser 
humano que o faz merecedor do mesmo respeito 
e consideração por parte do Estado e da comuni-
dade, implicando, neste sentido, um complexo de 
direitos e deveres fundamentais que assegurem a 
pessoa tanto contra qualquer ato de cunho degra-
dante e desumano, como venham a lhe garantir 
as condições existenciais mínimas para uma vida 
saudável, além de propiciar e promover sua par-
ticipação ativa e co-responsável nos destinos da 
própria existência e da vida em comunhão com os 
demais seres humanos, mediante o devido respei-
to aos demais seres que integram a rede da vida.
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www.editoraaprovare.com.brCARACTERÍSTICAS DOS DIREITOS DA 
PERSONALIDADE
a) Vitalícios: são intransmissíveis por via suces-
sória. 
b) Absolutos: exigíveis e oponíveis contra todos, 
erga omnes. 
c) Imprescritíveis: o direito da personalidade 
não tem seu exercício adstrito a nenhum prazo 
de qualquer espécie.
d) Indisponíveis: não são passíveis de alienação, 
porém, alguns direitos da personalidade podem 
ter seu exercício cedido temporariamente, como 
o direito à imagem. 
e) Extrapatrimoniais: não se encontram na esfe-
ra econômico-patrimonial. 
f) Impenhorabilidade: não podem sofrer qual-
quer restrição judicial para a satisfação de dívi-
das. 
g) Ilimitados: não há um rol taxativo dos direi-
tos da personalidade.
i) Irrenunciáveis: não é possível dispor dos di-
reitos da personalidade.
 DIREITO À HONRA
A honra, segundo Maria Helena Diniz é um bem 
jurídico que possui dois aspectos: “a) um subjetivo, o 
qual designa o sentimento da própria dignidade moral, 
nascido da consciência de nossas virtudes ou de nosso 
valor moral, isto é, a honra em sentido estrito; b) um 
objetivo, representado pela estimação que outrem faz 
de nossas qualidades morais e de nosso valor social, 
indicando a boa reputação moral e profissional que 
pode ser afetada pela injúria, calúnia ou difamação”.
Quando a honra do indivíduo é atingida gera o di-
reito à reparação civil dos danos morais sofridos. Em 
momentos do estudo dos direitos da personalidade, 
bem como no estudo da responsabilidade civil, e até 
mesmo no direito penal (crimes contra a honra), apare-
cerão exemplos de ilicitudes praticadas contra a honra. 
A seguir, os primeiros exemplos jurisprudenciais:
 DIREITO À IMAGEM
“Sem dúvida, a imagem da pessoa é uma das prin-
cipais projeções de nossa personalidade e atributo 
fundamental dos direitos ditos da personalidade. 
O uso indevido da imagem traz, de fato, situações 
de prejuízo e constrangimento. No entanto, em 
cada situação é preciso avaliar se, de fato, há abuso 
na divulgação da imagem. Nem sempre a simples 
divulgação de uma imagem é indevida, doutra forma 
seria inviável o noticiário televisivo, jornalístico ou 
similar” (Silvio Venosa).
É inquestionável o direito da pessoa em não ter a 
sua imagem divulgada para fins comerciais. No entan-
to, não há abuso na divulgação de imagens pela im-
prensa com o objetivo de ilustrar matéria jornalística, 
como também não há quando a divulgação atender ao 
interesse da administração da Justiça e à manutenção 
da ordem pública, como, por exemplo, na divulgação 
das fotos dos procurados pela Justiça. Nota-se do jul-
gado a seguir que o Superior Tribunal de Justiça aplica 
tal entendimento nos casos de prisão ilegal, o que afeta 
diretamente a atuação do delegado:
PROCESSUAL CIVIL. ADMINISTRATIVO. RESPONSABILI-
DADE OBJETIVA DO ESTADO. DANO MORAL. GARANTIA 
DE RESPEITO À IMAGEM E À HONRA DO CIDADÃO. IN-
DENIZAÇÃO CABÍVEL. PRISÃO CAUTELAR. ABSOLVIÇÃO. 
ILEGAL CERCEAMENTO DA LIBERDADE. PRAZO EXCESSIVO. 
AFRONTA AO PRINCÍPIO DA DIGNIDADE DA PESSOA HU-
MANA PLASMADO NA CARTA CONSTITUCIONAL. MANI-
FESTA CAUSALIDADE ENTRE O “FAUTE DU SERVICE” E O 
SOFRIMENTO E HUMILHAÇÃO SOFRIDOS PELO RÉU. (...) 
A ampliação da responsabilidade estatal, com vistas a 
tutelar a dignidade das pessoas, sua liberdade, integri-
dade física, imagem e honra, não só para casos de erro 
judiciário, mas também de cárcere ilegal e, igualmente, 
para hipóteses de prisão provisória injusta, embora for-
malmente legal, é um fenômeno constatável em nações 
civilizadas, decorrente do efetivo respeito a esses valores 
(...) (...) (Resp 872.630/RJ, Rel. Ministro FRANCISCO FAL-
CÃO, Rel. p/ Acórdão Ministro LUIZ FUX, PRIMEIRA TUR-
MA, julgado em 13/11/2007, DJe 26/03/2008).
A jurisprudência também condena o abuso policial 
no momento da prisão, como podemos observar:
RESPONSABILIDADE OBJETIVA DO ESTADO. PRISAO ILE-
GAL. FLAGRANTE PREPARADO. VIOLACAO DO DIREITO DA 
PERSONALIDADE. DANO MORAL IN RE IPSA. RESPONSA-
BILIDADE CIVIL DO ESTADO. Coação física praticada por 
policial no momento da realização de prisão em flagrante 
com o intuito de viabilizar matéria jornalística. Imobili-
zação do rosto da detenta com o intuito de submetê-la 
a uma fotografia. Abuso de poder. Ato que extrapola a 
razoabilidade da prática do ato de captura. (…) Preceden-
tes deste Tribunal e do STJ. Fixação da verba. (0239241-
14.2008.8.19.0001 – APELACAO - DES. CARLOS EDUARDO 
PASSOS - Julgamento: 09/02/2011 -SEGUNDA CAMARA 
CÍVEL – TJ/RJ).
 DIREITO À INTIMIDADE E À PRIVACIDADE
“O conceito de intimidade refere-se aos fatos e ma-
nifestações verificados na esfera mais restrita dos 
relacionamentos estabelecidos pela pessoa. São re-
lações firmadas com a família e com os amigos mais 
íntimos. Outrossim, em se tratando do conceito 
de vida privada, tem-se o alargamento dessas vin-
culações. Ela diz respeito aos relacionamentos no 
âmbito profissional, do ensino regular, acadêmico, 
comercial, religioso, dentre outros, porém limitados 
pela proximidade e confiança” (Nelson Nery Jr. & 
Rosa Maria Nery). 
Assim, temos que a vida privada abrange todos os 
aspectos que por algum motivo a pessoa não gostaria 
que caísse no domínio público, ou seja, são os dados 
que, por sua natureza, não são objeto do direito à in-
formação.
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A jurisprudência aponta casos onde a atuação poli-
cial fere o direito à privacidade, como observa-se:
APELAÇÃO CÍVEL - DELEGADO DE POLÍCIA QUE ATRIBUI 
CULPA AO AUTOR - DIVULGAÇÃO EM JORNAIS - DANO 
MORAL CARACTERIZADO. Informações carecedoras de 
veracidade ferem a honra da pessoa objeto da notícia, 
pois a noção de verdade e a violação da honra estão in-
timamente ligadas; se o fato é inverídico, a honra está 
maculada. (...) A responsabilidade civil da Administração 
é objetiva, sob a modalidade do risco administrativo e in-
depende da prova de culpa do agente. (Apelação Cível n. 
2003.002979-6, de Turvo, rel. Des. Volnei Carlin).
DIREITO AO NOME
“Toda pessoa tem direito ao nome, nele compreen-
didos o prenome e o sobrenome” (art. 16 do CC). O 
prenome (nome próprio) pode ser simples ou com-
posto e, é imutável, “salvo por motivos que possam 
colocar a pessoa em situações indecorosas, ridícu-
las ou depreciativas”. Já o sobrenome (patronímico) 
“relaciona-se com a procedência familiar da pessoa, 
podendo advir do nome paterno, materno ou de am-
bos. Por isso, o sobrenome é usado pelos membros 
da família, conhecido também como nome de famí-
lia, que se perpetua nas gerações, que se seguem, 
marcando verdadeiro conceito social, que deve ser 
respeitado” (Vilaça).
Proteção ao pseudônimo: o art. 19 do CC consagra 
expressamente a proteção do pseudônimo, que é nome 
atrás do qual se esconde um autor de obra artística, 
literária ou científica. 
Recusa no registro: sempre que o nome expuser o 
titular ao ridículo ou violar a ordem pública (nome es-
trangeiro de pessoa que não seja estrangeira), o titular 
ode recusar-se ao registro. * Procedimento de dúvida: 
pela Lei de registros, toda vez que o oficial se recusar 
ao registro, o titular poderá promover o “procedimen-
to de dúvida”, que é um procedimento administrativo, 
presidido pelo juiz de registros públicos, e com inter-
venção do MP. O próprio oficial de registro provocará 
o juiz para saber se deve ou não registrar.
Mudança imotivada do nome: confirmando a na-
tureza personalíssima do nome, o direito brasileiro 
permite ao titular, no primeiro ao após a aquisição da 
maioridade civil (ordinariamente dos 18 aos 19 anos, 
ou antes, por emancipação), imotivadamente, reque-
rer a modificação do nome, com base na sua vontade. 
Neste caso, não poderá se afastar do sobrenome de sua 
família.No entanto, pode trocar um sobrenome por 
outro (que continue identificando a família). Grave-se 
que é o único caso de mudança imotivada do nome. Se 
não ajuizar a ação no primeiro ano de maioridade, sig-
nifica que o titular omissivamente confirmou a escolha 
do nome pelos pais.
Princípio da imutabilidade relativa: é adotado no 
direito brasileiro no que diz respeito ao nome. Assim, 
é possível mudar o nome nos casos previstos em lei, ou 
por justificação judicial. 
Exemplos de casos previstos em lei para mudança 
de nome: a) adoção (pode-se mudar nome e sobreno-
me); b) casamento ou união estável; c) programa de 
proteção à testemunha (titular e sua família); d) aquisi-
ção de cidadania brasileira; e) acréscimo de sobrenome 
de padrasto ou madrasta. 
Exemplos de mudança de sobrenome não previstos 
em lei: a) abandono afetivo; b) negativa de registro; c) 
viuvez.
 DIREITO À INTEGRIDADE FÍSICA E PSÍQUICA
A proteção da integridade física é a proteção do 
corpo, vivo ou morto (direito ao cadáver). Desta for-
ma, sua proteção é autônoma, ou seja, não depende da 
violação da honra. 
A manipulação e destruição de partes do corpo, 
bem como a adoção ou prescrição de medicamen-
tos que alterem o funcionamento de qualquer órgão, 
ou ponham em risco o funcionamento de estrutura 
orgânico-psíquica do corpo humano, podem revelar 
prática que compromete a integridade física. Assim, o 
comando legal do art. 13 do Código Civil, se dirige ao 
resguardo integral da humanidade de cada pessoa e, 
com isso, a proteção de cada parte de seu corpo e de 
cada aspecto de sua estrutura físico-psíquica.
Não obstante, a disposição de partes do corpo para 
fins de transplante é aceita, desde que se dê de forma 
gratuita.
 PESSOAS MORTAS
A lesão ou ameaça de lesão aos direitos da perso-
nalidade de pessoa morta também são vedadas pelo 
Código Civil. Assim, nos termos do parágrafo único 
do art. 12, o cônjuge sobrevivente e os parentes em li-
nha reta ou colateral até o quarto grau serão legitima-
dos para propor as devidas demandas.
Disposição do próprio corpo: diz o art. 14 do 
CC, que desde que para fins científicos ou al-
truísticos, e de forma gratuita, é permitida a dis-
posição do próprio corpo, no todo ou em parte, 
para depois da morte.
 DIREITO À INTEGRIDADE INTELECTUAL
Diz a doutrina que se trata de um direito híbrido, 
pois é ao mesmo tempo um direito da personalidade e 
um direito da propriedade. É direito da personalidade 
no que tange ao invento, a criação; e direito real no 
que tange à sua exploração (propriedade intelectual). 
Materializa-se, principalmente, no direito autoral.
Trata-se de um bem móvel incorpóreo, que não ad-
mite usucapião.
Veja alguns exemplos de proteção da propriedade 
intelectual na jurisprudência:
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POSSIBILIDADE DE CONFUSÃO. EMPRESAS QUE ATUAM 
NO MESMO SEGUIMENTO, SOB A MESMA BANDEIRA. 
VIOLAÇÃO AOS ARTS. 129 E 189, I, DO CÓDIGO DE PRO-
PRIEDADE INDUSTRIAL. Para a tutela da marca basta a 
possibilidade de confusão, não se exigindo prova de efe-
tiva engano por parte de clientes ou consumidores es-
pecíficos. (REsp 401.105/RJ, Rel. Ministro HONILDO AMA-
RAL DE MELLO CASTRO (DESEMBARGADOR CONVOCADO 
DO TJ/AP), QUARTA TURMA, julgado em 20/10/2009, DJe 
03/11/2009).
Direito civil. Recurso especial. Ação de conhecimento sob 
o rito ordinário. Programa de computador (software). Na-
tureza jurídica. Direito autoral (propriedade intelectual). 
Regime jurídico aplicável. Contrafação e comercialização 
não autorizada. Indenização. Danos materiais. (...) Cons-
tatada a contrafação e a comercialização não autorizada 
do software, é cabível a indenização por danos materiais 
conforme dispõe a lei especial, que a fixa em 3.000 exem-
plares, somados aos que foram apreendidos, se não for 
possível conhecer a exata dimensão da edição fraudu-
lenta. (...) Recurso especial parcialmente provido. (REsp 
443.119/RJ, Rel. Ministra NANCY ANDRIGHI, TERCEIRA 
TURMA, julgado em 08/05/2003, DJ 30/06/2003, p. 240).
Função social da propriedade intelectual: pode ha-
ver desapropriação de autor que não cumpre a função 
social do seu invento. Exemplo é a quebra de patentes 
em medicamentos.
OS DIREITOS DA PERSONALIDADE NO 
INQUÉRITO POLICIAL
Por fim, após a descrição dos direitos da persona-
lidade e sua correlação com a atuação policial – feita 
através do estudo jurisprudencial -, cabe aqui a trans-
crição de um trecho do artigo “Inquérito Policial: sigilo 
X mídia” de Thicianna da Costa Porto Araújo. 
O texto analisa com maestria a relação que deve 
haver entre a o comportamento dos policiais na rea-
lização das investigações e o respeito aos direitos dos 
investigados, sob o aspecto do sigilo.
“No instituto do sigilo, focaliza-se primordialmente a 
garantia da defesa da privacidade do individuo que se 
encontra sob investigação criminal, visando à proteção 
desse indivíduo diante de inúmeros contextos relacio-
nados ao seu foro intimo, tais como: a interferência em 
sua vida privada, familiar e doméstica; a ingerência em 
sua integridade física e mental, ou em sua liberdade 
intelectual e moral; os ataques à sua honra e reputação; a 
comunicação de fatos relevantes e embaraçosos relativos 
à sua intimidade; o uso de seu nome, identidade e retrato; 
a espionagem e a espreita; a intervenção na correspon-
dência; a má utilização de informações escritas e orais; a 
transmissão de informações dados ou recebidos em razão 
de segredo profissional”. 
“(...) é fator primordial para o bom andamento do inqué-
rito policial, objetivando a elucidação dos fatos sem com-
prometer a integridade física e moral do indivíduo, res-
guardando seus direitos fundamentais previstos na Carta 
Magna”. 
“Para auxiliar o sigilo, nosso Estado Democrático utiliza o 
princípio da presunção de inocência como direito basilar 
para se guiar as investigações criminais e a instrução crimi-
nal, onde o Estado terá que comprovar a culpabilidade do 
indivíduo, pois este é considerado inocente até prolação 
de sentença com trânsito em julgado”. 
“A veiculação da informação de forma inverídica e incom-
pleta, como também a quebra do sigilo pelo sensaciona-
lismo da imprensa faz com que os receptores da informa-
ção veiculada erroneamente acabem criando um juízo de 
valor de determinado indivíduo indiciado, acarretando 
transtornos a este ser no que diz respeito à sua retomada 
de vida normal durante e até mesmo após os trâmites in-
vestigatórios e processuais. Afinal, a mídia como um todo 
tem o poder de formar o senso crítico da coletividade, nos 
mais diversos setores da vida humana, por isso, é neces-
sário que os operadores dos meios de comunicação ajam 
com mais ética e respeito aos direitos fundamentais, direi-
to da personalidade”. 
“Não se exige que os meios de comunicação deixem de 
noticiar os delitos que acontecem no meio social, mas que 
mostrem aos seus ouvintes, telespectadores e leitores que 
determinado fato delituoso aconteceu, mas o suposto res-
ponsável tem que manter seus direitos à imagem, honra e 
intimidade íntegros”. 
“Antes de tudo, cabe aos Delegados de Polícia, ao Poder 
Judiciário e ao Ministério Público o dever, de proteger 
os direitos da personalidade do indivíduo indiciado, não 
podendo permitir que a mídia se utilize de informações 
sigilosas em detrimentos de direitos basilares do ser hu-
mano”.
8 PESSOAS JURÍDICAS
As pessoas jurídicas, através dos seus representan-
tes, são capazes de adquirir direitos e contrair obri-
gações. Nas palavras do professor Vilaça de Azevedo 
“pessoa jurídica é uma entidade de pessoas, individu-
al ou coletiva, ou, ainda, de bens, fundacional, objeti-
vandofins específicos, com personalidade jurídica, re-
conhecido pelo ordenamento como sujeito de direitos 
e deveres”.
Características:
a) Personalidade jurídica autônoma: distinta 
das pessoas que à constituíram;
b) Estrutura organizacional própria;
c) Patrimônio distinto das pessoas que à cons-
tituíram;
d) Publicidade dos atos de constituição.
Classificações:
As pessoas jurídicas classificam-se em: pessoas ju-
rídicas de direito público interno, de direito público 
externo e, de direito privado.
São consideradas pessoas jurídicas de direito 
público interno: a União, os Estados-membros, os 
Municípios, o Distrito Federal. Também pertencem a 
esse grupo as autarquias, as fundações públicas e as 
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demais entidades de caráter público, criadas por lei, 
com personalidade jurídica própria. Note-se que as 
empresas públicas e as sociedades de economia mista 
são regidas pelo regime jurídico de direito privado.
Nos termos do art. 42 do Código Civil “são pessoas 
jurídicas de direito público externo os Estados estran-
geiros e todas as pessoas que forem regidas pelo direi-
to internacional público”.
Por fim, são consideradas pessoas jurídicas de di-
reito privado, além das já citadas empresas públicas e 
sociedades de economia mista, nos termos do art. 44 
do Código Civil, as associações, as sociedades, as fun-
dações, as organizações religiosas e os partidos políti-
cos, sendo que, os dois últimos, submetem-se à regras 
específicas que serão oportunamente estudadas.
 ASSOCIAÇÕES
“As associações são sociedades civis sem fito de lu-
cro, em que há somatório de esforços e/ou recursos 
dos associados para obtenção de fins comuns. (...) 
são criadas, geralmente, com finalidades filantrópi-
cas, literárias, pias, morais, culturais, educacionais, 
científicas, profissionais, convivenciais, esportivas, 
entre outras, como as associações de antigos alunos, 
de bairros, de pais e mestres, revestidas, às vezes, 
sob forma de institutos. Sempre, é certo, sem finali-
dades lucrativas” (Vilaça Azevedo).
Nota-se, que embora não possuam fins lucrativos, 
as associações podem realizar atividades que produ-
zam rendimentos, desde que tais rendimentos sejam 
empregados na própria associação, ou seja, que não 
sejam revertidos lucros para os seus associados ou di-
retores.
As associações são constituídas por documento es-
crito – estatuto ou contrato -, onde devem estar pelo 
menos os seguintes requisitos:
I - a denominação, os fins e a sede da associação;
II - os requisitos para a admissão, demissão e 
exclusão dos associados;
III - os direitos e deveres dos associados;
IV - as fontes de recursos para sua manutenção;
V - o modo de constituição e de funcionamento 
dos órgãos deliberativos; 
VI - as condições para a alteração das disposi-
ções estatutárias e para a dissolução;
VII - a forma de gestão administrativa e de apro-
vação das respectivas contas.
Na forma do art. 55 do CC, vale anotar que em uma 
associação poderá haver categorias diferentes de asso-
ciados (exemplo, sócio fundador), mas na mesma cate-
goria não poderá haver diferença de tratamento entre 
eles.
FUNDAÇÕES
“São bens arrecadados e personificados, em aten-
ção a um determinado fim, que por uma ficção legal 
lhe dá unidade parcial. Nos termos do art. 62 do CC, 
as fundações são criadas a partir de escritura públi-
ca ou testamento. Para a sua criação pressupõe-se a 
existência dos seguintes elementos: a) afetação de 
bens livres; b) especificação dos fins; c) previsão do 
modo de administrá-las; d) elaboração de estatutos 
com base em seus objetivos e submetidos à aprecia-
ção do Ministério Público que os fiscalizará.” (Flávio 
Tartuce).
Grave-se que a sua finalidade não poderá jamais ser 
lucrativa, tendo como objetivo perseguir algum ideal, 
de cunho religioso, moral, cultural ou de assistência.
SOCIEDADES
Nos termos do Código Civil “celebram contrato de 
sociedade as pessoas que reciprocamente se obrigam 
a contribuir, com bens ou serviços, para o exercício de 
atividade econômica e a partilha, entre si, dos resul-
tados”. Tal atividade “pode restringir-se à realização 
de um ou mais negócios determinados”. Na doutrina, 
conceitua-se sociedade como uma espécie de corpora-
ção, dotada de personalidade jurídica própria, e insti-
tuída por meio de um contrato social, com o precípuo 
escopo de exercer atividade econômica e partilhar lu-
cros.
Sociedade simples: visam o lucro, através do exer-
cício de atividades não empresárias. Significa dizer 
que as atividades não são realizadas por empresários. 
Exemplos clássicos são as sociedades de profissionais 
liberais, como os médicos e advogados. As cooperati-
vas são sociedades simples, sujeitas à inscrição na jun-
ta comercial.
Sociedade empresária: “são as organizações econô-
micas, dotadas de personalidade jurídica e patrimônio 
próprio, constituídas ordinariamente por mais de uma 
pessoa, que têm como objetivo a produção ou a tro-
ca de bens ou serviços com fins lucrativos” (Marcelo 
Bertoldi).
Nas lições de Fábio Ulhoa Coelho, confirmando as 
conceituações acima explicitadas, “o que irá, de ver-
dade, caracterizar a pessoa jurídica de direito privado 
não estatal como sociedade simples ou empresária será 
o modo de explorar seu objeto. O objeto social explo-
rado em sem empresarialidade (isto é, sem profissio-
nalmente organizar os fatores de produção) confere à 
sociedade o caráter de simples, enquanto a exploração 
empresarial do objeto social caracterizará a sociedade 
como empresária”. 
PARTIDOS POLÍTICOS
São entidades integradas por pessoas com ideias 
comuns, visando à conquista do poder para a realiza-
ção de um programa de governo. São associações ci-
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vis que buscam assegurar, no interesse do regime de-
mocrático, a autenticidade do sistema representativo 
e defender os direitos fundamentais estabelecidos na 
Constituição.
Além do registro civil na capital federal, devem 
possuir registro junto ao Tribunal Superior Eleitoral.
ORGANIZAÇÕES RELIGIOSAS
São as entidades de direito privado, estabelecidas 
por meio de doutrinas e rituais próprios. O art. 44 do 
CC estabelece que “são livres a criação, a organização, 
a estruturação interna e o funcionamento das orga-
nizações religiosas, sendo vedado ao poder público 
negar-lhes reconhecimento ou registro dos atos consti-
tutivos e necessários ao seu funcionamento”.
Essa liberdade de organização religiosa é uma ga-
rantia constitucional, que permite a liberdade de ex-
pressão religiosa, coexistindo com a liberdade de cren-
ça e de culto.
Vale ressaltar que a liberdade de funcionamento 
das organizações religiosas não afasta o controle de le-
galidade e legitimidade constitucional de seu registro, 
nem a possibilidade de avaliação da compatibilidade 
de seus atos com a lei e seus estatutos, realizada pelo 
Poder Judiciário.
DOMICÍLIOS DA PESSOA JURÍDICA DE 
DIREITO PRIVADO
Nos termos do art. 75 do Código Civil, o domicílio 
das pessoas jurídicas será:
I - da União, o Distrito Federal;
II - dos Estados e Territórios, as respectivas capitais;
III - do Município, o lugar onde funcione a adminis-
tração municipal;
IV - das demais pessoas jurídicas, o lugar onde fun-
cionarem as respectivas diretorias e administrações, 
ou onde elegerem domicílio especial no seu estatuto 
ou atos constitutivos.
P Tendo a pessoa jurídica diversos estabelecimen-
tos em lugares diferentes, cada um deles será con-
siderado domicíliopara os atos nele praticados.
P Se a administração, ou diretoria, tiver a sede no 
estrangeiro, haver-se-á por domicílio da pessoa 
jurídica, no tocante às obrigações contraídas por 
cada uma das suas agências, o lugar do estabeleci-
mento, sito no Brasil, a que ela corresponder.
 EXTINÇÃO DA PESSOA JURÍDICA DE DIREITO 
PRIVADO
Assim como toda pessoa natural, a pessoa jurídi-
ca completa o seu ciclo existencial, extinguindo-se. A 
doutrina classifica as modalidades de dissolução em:
Estatutária: quando as condições extintivas esti-
veram previstas no próprio estatuto constituti-
vo ou nas suas alterações.
Convencional: é aquela deliberada entre os pró-
prios integrantes da pessoa jurídica, respeitado 
o estatuto ou o contrato social.
Administrativa: resulta da cassação da autoriza-
ção de funcionamento, exigida para determina-
das sociedades se constituírem e funcionarem.
Legal: pelos motivos determinados na lei.
Judicial: ocorre por determinação judicial, a re-
querimento de qualquer dos interessados, nos 
casos previstos em lei ou no contrato social.
DESCONSIDERAÇÃO DA PERSONALIDADE 
JURÍDICA
A doutrina da desconsideração pretende o afasta-
mento temporário da personalidade da pessoa jurídica 
para permitir que o credor satisfaça o seu direito no 
patrimônio pessoal do sócio ou do administrador que 
cometeu um ato abusivo. A teoria tem mais aplicação 
para as sociedades empresárias, porém pode ser utili-
zada em qualquer pessoa jurídica.
O art. 50 do Código Civil preconiza que “em caso 
de abuso da personalidade jurídica, caracterizado pelo 
desvio de finalidade, ou pela confusão patrimonial, 
pode o juiz decidir, a requerimento da parte, ou do 
Ministério Público quando lhe couber intervir no pro-
cesso, que os efeitos de certas e determinadas relações 
de obrigações sejam estendidos aos bens particulares 
dos administradores ou sócios da pessoa jurídica”.
Já o Enunciado 7 da I Jornada de Direito Civil do 
Conselho da Justiça Federal, ao interpretar o instituto 
aponta que “só se aplica a desconsideração da perso-
nalidade da pessoa jurídica quando houver a prática 
de ato irregular e, limitadamente, aos administradores 
ou sócios que nela hajam incorrido”.
Teoria Maior: exige o abuso da personalidade 
(desvio de finalidade ou confusão patrimonial) 
e o prejuízo do credor. Foi a teoria adotada no 
Código Civil.
Teoria Menor: é a teoria adotada nas relações de 
consumo, consagrada no art. 28 do CDC. Exige 
apenas o prejuízo do credor para responsabili-
zação pessoal do sócio.
Na jurisprudência do Tribunal de Justiça do Estado 
do Paraná e do Superior Tribunal de Justiça, podemos 
observar a aplicação da Teoria Maior, nos casos onde 
não há relação de consumo:
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EXECUÇÃO DE TÍTULO EXTRAJUDICIAL DESCONSIDERA-
ÇÃO DA PERSONALIDADE JURÍDICA. DESVIO DE FINALI-
DADE E/OU CONFUSÃO PATRIMONIAL - REQUISITOS AU-
SENTES INEXISTÊNCIA DE BENS DO DEVEDOR PARA SAL-
DAR A DÍVIDA CIRCUNSTÂNCIA QUE, POR SI SÓ, NÃO DÁ 
ENSEJO À PROVIDÊNCIA. RECURSO CONHECIDO E PROVI-
DO PARA AFASTAR A DESCONSIDERAÇÃO DA PESSOA JU-
RÍDICA DO AGRAVANTE. (TJPR - 13ª C.Cível - AI 922650-
2 - Foro Central da Comarca da Região Metropolitana de 
Curitiba - Rel.: Lenice Bodstein - Unânime - J. 15.08.2012).
CIVIL E PROCESSUAL CIVIL. AGRAVO. RECURSO ESPECIAL. 
CUMPRIMENTO DE SENTENÇA. DESCONSIDERAÇÃO DA 
PERSONALIDADE JURÍDICA. ENCERRAMENTO IRREGULAR. 
INSUFICIÊNCIA. A mera demonstração de insolvência da 
pessoa jurídica ou de dissolução irregular da empresa 
sem a devida baixa na junta comercial, por si sós, não 
ensejam a desconsideração da personalidade jurídica. 
(AgRg no REsp 1173067/RS, Rel. Ministra NANCY AN-
DRIGHI, TERCEIRA TURMA, julgado em 12/06/2012, DJe 
19/06/2012).
Por outro lado, a aplicação da Teoria Menor – apli-
cada nas relações de consumo -, também pode ser ob-
servada na jurisprudência do STJ:
RECURSO ESPECIAL. AÇÃO DE RESOLUÇÃO DE CONTRATO 
DE PROMESSA DE COMPRA E VENDA DE IMÓVEL PRO-
POSTA CONTRA A CONSTRUTORA E SEUS SÓCIOS. DES-
CONSIDERAÇÃO DA PERSONALIDADE JURÍDICA. ART. 28, 
CAPUT E § 5º, DO CDC. PREJUÍZO A CONSUMIDORES. 
INATIVIDADE DA EMPRESA POR MÁ ADMINISTRAÇÃO. 
(...) No contexto das relações de consumo, em atenção 
ao art. 28, § 5º, do CDC, os credores não negociais da 
pessoa jurídica podem ter acesso ao patrimônio dos 
sócios, mediante a aplicação da disregard doctrine, bas-
tando a caracterização da dificuldade de reparação dos 
prejuízos sofridos em face da insolvência da sociedade 
empresária (...) (REsp 737.000/MG, Rel. Ministro PAULO 
DE TARSO SANSEVERINO, TERCEIRA TURMA, julgado em 
01/09/2011, DJe 12/09/2011).
P DESCONSIDERAÇÃO INVERSA: A desconside-
ração inversa, consagrada no Enunciado 283 da 
Quarta Jornada, consiste em atingir o patrimônio 
da pessoa jurídica para a qual o sócio ou adminis-
trador indevidamente desviou bens particulares, 
em prejuízo a terceiro de boa-fé.
9 BENS
O estudo dos bens na doutrina brasileira sempre 
se inicia pela distinção entres “coisas” e ”bens”, o que 
gera grande divergência entre os teóricos. Alguns dis-
sertam que coisa é gênero, do qual bem é espécie, ou-
tros afirmam o contrário. Certo é que no Código Civil 
de 1916 as duas palavras eram tratadas como sinôni-
mas e o mesmo não ocorre no atual Código Civil .
Ficaremos, aqui, com as lições de Álvaro Vilaça 
Azevedo ao afirmar que “na parte geral, o Código 
Civil cuida dos bens e, na Parte Especial, das coisas, 
entendendo-se essas palavras como sinônimas. (...) 
Mas, tecnicamente, têm sentido diverso; coisa com-
preende tudo o que existe na natureza com exclusão 
da pessoa humana, como o ar atmosférico, as águas 
do oceano, etc.; já o vocábulo bem significa que a coisa 
pode ser apropriada pela pessoa, por ser útil ou inte-
ressar a esta, que manifesta o desejo de tê-la em seu pa-
trimônio, como, por exemplo, o ar comprimido, uma 
coleção de conchas ou de borboletas”.
PATRIMÔNIO JURÍDICO
“Esboçando um conceito jurídico de patrimônio, 
aceito pela maioria dos juristas, posso dizer que ele 
é o complexo das relações jurídicas pertencentes a 
uma pessoa e de natureza econômica, só podendo 
ser transmitido causa mortis (a título universal). (...) 
Só os bens integrantes do patrimônio podem ser 
transferidos a outra pessoa, mas o patrimônio, em 
si, só em razão da morte do seu titular”(Vilaça Aze-
vedo).
PATRIMÔNIO MÍNIMO
O estudo dos bens passa pela referida “constitucio-
nalização do Direito Civil”. Assim, em respeito à digni-
dade da pessoa humana, deve-se levar em conta que as 
pessoas necessitam de um mínimo para viver. É o que o 
festejado jurista paranaense Luiz Edson Fachin chamou 
de “patrimônio mínimo”. Nesse passo, entre outros 
exemplos, o Código veda a doação universal de todos 
os bens sem a reserva de domínio para a sobrevivência 
do doador e a Lei 8.009/90 prevê o “bem de família”.
Nas palavras do próprio Fachin, em sua obra 
Estatuto Jurídico do Patrimônio Mínimo, “a elevação pro-
tetiva conferida pela Constituição à propriedade pri-
vada pode, também, comportar tutela do patrimônio 
mínimo, vale dizer, sendo regra de base desse sistema 
a garantia ao direito de propriedade não é incoeren-
te, pois, que nele se garanta um mínimo patrimonial. 
Sob o estatuto da propriedade agasalha-se, também, a 
defesa dos bens indispensáveis à subsistência. Sendo 
a opção eleita assegurá-lo, a congruência sistemáti-
ca não permite abolir os meios que, na titularidade, 
podem garantir a subsistência”. Tais ideias são am-
plamente aceitas pela jurisprudência pátria nos mais 
variados tipos de lides, como podemos observar nos 
seguintes julgados:
EMPRÉSTIMO CONSIGNADO EM PROVENTOS DE APO-
SENTADORIA DE OCTOGENÁRIO (...)- Inadmissibilidade 
de sacrifício do patrimônio mínimo do trabalhador apo-
sentado por invalidez, competindo ao banco, após provar 
boa-fé e finalidade social do contrato interligado, exercer 
seu direito de crédito pelos meios convencionais e não por 
intermédio de descontos (...) (994081384478 SP , Relator: 
Enio Zuliani, Data de Julgamento: 25/02/2010, 4ª Câmara 
de Direito Privado, Data de Publicação: 18/03/2010).
ACIDENTE DE VEÍCULO - EMBARGOS A EXECUÇÃO- Pe-
nhora de bens móveis que guarnecem a residência do 
executado: (a) 1 tanquinho; (b) 1 forno de microondas, e; 
(c) 1 bebedor de água elétrico – Impenhorabilidade (...) 
Incidência do (super) princípio da dignidade da pessoa 
humana, à luz do “estatuto jurídico do patrimônio míni-
mo” (...) (981164006 SP , Relator: Antonio Benedito Ribei-
ro Pinto, Data de Julgamento: 30/01/2009, 25ª Câmara de 
Direito Privado, Data de Publicação: 17/02/2009).
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DIREITO PROCESSUAL CIVIL. EXECUÇÃO. IMPENHORABILI-
DADE DE VENCIMENTOS E SALÁRIOS. NATUREZA ALIMEN-
TAR. PRINCÍPIO DA DIGNIDADE HUMANA. Justifica-se a 
vedação de penhora nas situações elencadas no art. 649, 
do CPC, pela necessidade de proteção a certos valores 
que, por sua natureza e relevância universal, buscam an-
tes servir como garantia fundamental do patrimônio mí-
nimo, em homenagem ao princípio maior da dignidade 
da pessoa humana (...) (20080020037316 df , relator: CAR-
LOS RODRIGUES, Data de Julgamento: 04/06/2008, 1ª Tur-
ma Cível, Data de Publicação: DJU 15/09/2008 Pág. : 48).
Por fim, vale destacar que o art. 649 do CPC traz um 
pequeno rol constante do patrimônio mínimo das pes-
soas. Embora a doutrina e a jurisprudência apontem 
inúmeros outros direitos para exemplificar a aplicação 
da teoria do professor Fachin, o estudo do referido ar-
tigo é de grande valia para o concurso de Delegado, 
razão pela qual colocamos aqui a sua integralidade. 
Note-se, porém, que os incisos grifados são os que tra-
zem exemplos do instituto em estudo.
Art. 649. São absolutamente impenhoráveis:
I - os bens inalienáveis e os declarados, por ato vo-
luntário, não sujeitos à execução;
II - os móveis, pertences e utilidades domésticas 
que guarnecem a residência do executado, salvo os 
de elevado valor ou que ultrapassem as necessida-
des comuns correspondentes a um médio padrão 
de vida;
III - os vestuários, bem como os pertences de uso 
pessoal do executado, salvo se de elevado valor;
IV - os vencimentos, subsídios, soldos, salários, 
remunerações, proventos de aposentadoria, pen-
sões, pecúlios e montepios; as quantias recebidas 
por liberalidade de terceiro e destinadas ao susten-
to do devedor e sua família, os ganhos de traba-
lhador autônomo e os honorários de profissional 
liberal.
V - os livros, as máquinas, as ferramentas, os uten-
sílios, os instrumentos ou outros bens móveis ne-
cessários ou úteis ao exercício de qualquer profis-
são;
VI - o seguro de vida; 
VII - os materiais necessários para obras em anda-
mento, salvo se essas forem penhoradas; 
VIII - a pequena propriedade rural, assim definida 
em lei, desde que trabalhada pela família; 
IX - os recursos públicos recebidos por instituições 
privadas para aplicação compulsória em educação, 
saúde ou assistência social; 
X - até o limite de 40 (quarenta) salários mínimos, 
a quantia depositada em caderneta de poupança. 
XI - os recursos públicos do fundo partidário recebi-
dos, nos termos da lei, por partido político. 
§ 1° A impenhorabilidade não é oponível à cobran-
ça do crédito concedido para a aquisição do próprio 
bem.
§ 2° O disposto no inciso IV do caput deste artigo 
não se aplica no caso de penhora para pagamento 
de prestação alimentícia.
PATRIMÔNIO MÍNIMO DA PESSOA JURÍDICA
Nos termos do art. 52 do CC, “aplica-se às pesso-
as jurídicas, no que couber, a proteção dos direitos da 
personalidade”. Assim, pode-se entender que tais pes-
soas também possuem um núcleo mínimo do seu pa-
trimônio resguardado, ou seja, um patrimônio mínimo 
para a sua existência. 
Exemplo típico desse entendimento é o art. 649, V 
do CPC, que prevê a impenhorabilidade absoluta dos 
livros, das máquinas, dos equipamentos, dos utensí-
lios, dos instrumentos ou de outros bens móveis ne-
cessários ou úteis ao exercício de qualquer profissão.
A jurisprudência abraça a teoria do professor 
Fachin também em relação às empresas, especialmen-
te quando se trata de empresa de economia familiar, 
como se pode observar no julgado:
AGRAVO REGIMENTAL. PROCESSUAL CIVIL. EXECUÇÃO FIS-
CAL. PENHORA ON LINE. BACENJUD. DEPÓSITOS BANCÁ-
RIOS. CONSTRIÇÃO EFETIVADA APÓS A LEI Nº 11.382/06. 
ITR. IMÓVEL RURAL. PENHORA EM DINHEIRO. PRIORITÁ-
RIA. (...) Ademais, em última análise, caberá ao juízo da 
execução o conhecimento de hipóteses concretas, em 
que a execução se verifique extremada e altamente da-
nosa, a ponto de sonegar do devedor o mínimo existen-
cial para sua sobrevivência, como a paralisação da ativi-
dade empresarial, no caso particular da pessoa jurídica. 
(...) (AgRg no REsp 1217839/DF, Rel. Ministro CASTRO 
MEIRA, SEGUNDA TURMA, julgado em 15/02/2011, DJe 
28/02/2011).
BEM DE FAMÍLIA
Certamente o direito à moradia está presente no rol 
de direitos intimamente ligados ao patrimônio míni-
mo. Nesta toada, destaca-se agora o estudo dos bens 
de família. 
O bem de família é aquele imóvel utilizado para 
a moradia da entidade familiar protegido pelo orde-
namento jurídico. A família merecedora de proteção 
pode decorrer de casamento, união estável, etc. Aliás, 
hoje, reconhece-se inclusive o bem de família de pes-
soa solteira, vez que a proteção de um imóvel para 
moradia possui como objetivo principal garantir o 
patrimônio mínimo do indivíduo, e não a instituição 
familiar em si.
No regramento brasileiro estão presentes duas mo-
dalidades de bem de família: a) voluntário (convencio-
nal), regido pelos arts. 1.711 a 1.722 do CC; e, b) bem 
de família legal, nos termos da lei 8.009/90.
Bem de família voluntário (convencional):
O bem de família consistirá em prédio residencial 
urbano ou rural, com suas pertenças e acessórios, des-
tinando-se em ambos os casos a domicílio familiar, e 
poderá abranger valores mobiliários, cuja renda será 
aplicada na conservação do imóvel e no sustento da 
família.
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Tem-se que os cônjuges (ou a entidade familiar) 
mediante escritura pública ou testamento, podem des-
tinar parte de seu patrimônio para instituir bem de fa-
mília, desde que não ultrapasse um terço do patrimô-
nio líquido existente ao tempo da instituição.
O terceiro também poderá instituir bem de família 
por testamento ou doação, dependendo a eficácia do 
ato da aceitação expressa de ambos os cônjuges benefi-
ciados ou da entidade familiar beneficiada.
Pelo art. 1.175 do CC “o bem de família é isento de 
execução por dívidas posteriores à sua instituição, sal-
vo as que provierem de tributos relativos ao prédio, ou 
de despesas de condomínio”.
Comprovada a impossibilidade da manutenção do 
bem de família nas condições em que foi instituído, 
poderá o juiz, a requerimento dos interessados, extin-
gui-lo ou autorizar a sub-rogação dos bens que o cons-
tituem em outros, ouvidos o instituidor e o Ministério 
Público.
Bem de família legal:
O imóvel residencial próprio do casal (ou da enti-
dade familiar) é impenhorável e não responderá por 
qualquer tipo de dívida civil, comercial, fiscal, previ-
denciária ou de outra natureza, contraída pelos cônju-ges ou pelos pais ou filhos que sejam seus proprietá-
rios e nele residam.
A impenhorabilidade compreende o imóvel sobre 
o qual se assentam a construção, as plantações, as ben-
feitorias de qualquer natureza e todos os equipamen-
tos, inclusive os de uso profissional, ou móveis que 
guarnecem a casa, desde que quitados.
Quando a residência familiar constituir-se em imó-
vel rural, a impenhorabilidade restringir-se-á à sede 
de moradia, com os respectivos bens móveis, em área 
considerada como pequena propriedade rural.
Na hipótese de o casal, ou entidade familiar, pos-
suir vários imóveis utilizados como residência, a impe-
nhorabilidade recairá sobre o de menor valor, salvo se 
outro tiver sido registrado, para esse fim, no Registro 
de Imóveis.
O bem de família perde a impenhorabilidade nos 
processos judiciais movidos: a) em razão dos créditos 
de trabalhadores da própria residência e das respecti-
vas contribuições previdenciárias; b) pelo titular do 
crédito decorrente do financiamento destinado à cons-
trução ou à aquisição do imóvel, no limite dos crédi-
tos e acréscimos constituídos em função do respectivo 
contrato; c) pelo credor de pensão alimentícia; d) para 
cobrança de impostos, predial ou territorial, taxas e 
contribuições devidas em função do imóvel familiar 
e) para execução de hipoteca sobre o imóvel oferecido 
como garantia real pelo casal ou pela entidade fami-
liar; f) por ter sido adquirido como produto de crime 
ou para execução de sentença penal condenatória a 
ressarcimento, indenização ou perdimento de bens; ou 
g) por obrigação decorrente de fiança concedida em 
contrato de locação.
Os veículos, obras de arte e adornos suntuosos da 
residência não gozam de impenhorabilidade.
A jurisprudência do STJ aplica tal instituto de for-
ma ainda mais ampla, como podemos observar no se-
guinte julgado: 
PROCESSUAL CIVIL. EMBARGOS DE TERCEIRO. EXECUÇÃO 
FISCAL MOVIDA EM FACE DE BEM SERVIL À RESIDÊNCIA 
DA FAMÍLIA. PRETENSÃO DA ENTIDADE FAMILIAR DE EX-
CLUSÃO DO BEM DA EXECUÇÃO FISCAL. POSSIBILIDADE 
JURÍDICA E LEGITIMIDADE PARA O OFERECIMENTO DE 
EMBARGOS DE TERCEIRO. É BEM DE FAMÍLIA O IMÓVEL 
PERTENCENTE À SOCIEDADE, DÊS QUE O ÚNICO SER-
VIL À RESIDÊNCIA DA MESMA. RATIO ESSENDI DA LEI Nº 
8.009/90. A lei deve ser aplicada tendo em vista os fins 
sociais a que ela se destina. Sob esse enfoque a impenho-
rabilidade do bem de família visa a preservar o devedor 
do constrangimento do despejo que o relegue ao desa-
brigo. (...) Aferida à saciedade que a família reside no imó-
vel sede de pequena empresa familiar, impõe-se exegese 
humanizada, à luz do fundamento da república voltado à 
proteção da dignidade da pessoa humana, por isso que, 
expropriar em execução por quantia certa esse imóvel, 
significa o mesmo que alienar bem de família, posto que, 
muitas vezes, lex dixit minus quam voluit. (...) É assente 
em vertical sede doutrinária que “A impenhorabilidade da 
Lei nº 8.009/90, ainda que tenha como destinatários as 
pessoas físicas, merece ser aplicada a certas pessoas ju-
rídicas, às firmas individuais, às pequenas empresas com 
conotação familiar, por exemplo, por haver identidade 
de patrimônios.» (FACHIN, Luiz Edson “Estatuto Jurídico 
do Patrimônio Mínimo”, Rio de Janeiro, Renovar, 2001, p. 
154). (...) (REsp 621.399/RS, Rel. Ministro LUIZ FUX, PRI-
MEIRA TURMA, julgado em 19/04/2005, DJ 20/02/2006, 
p. 207).
BENS CONSIDERADOS EM SI MESMOS
Imóveis: são aqueles que não podem ser transpor-
tados sem a alteração da sua essência. Os bens imóveis 
dividem-se em:
a) Imóveis por natureza: nesta subdivisão apa-
rece o solo e suas adjacências, ou seja, o espaço 
aéreo e o subsolo, bem como tudo aquilo que for 
ao solo incorporado naturalmente, como as ár-
vores e seus frutos. Note-se, porém, que apesar 
do dono do solo ser o proprietário do subsolo, 
essa previsão poderá sofrer algumas limitações, 
como, por exemplo, o disposto no art. 176 da 
CF, onde os recursos hídricos e minerais consti-
tuirão propriedade distinta do solo, ficando sob 
o domínio da União.
b) Imóveis por acessão física, industrial ou arti-
ficial: são as coisas incorporadas pelo homem ao 
solo em caráter permanente, com a impossibili-
dade de remoção sem destruição, modificação 
ou dano. Edifícios, pontes e viadutos são exem-
plos de imóveis por acessão física.
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c) Imóveis por acessão intelectual: são os utiliza-
dos para a exploração industrial, comodidade e 
aformoseamento. São os bens móveis que, atra-
vés de uma ficção jurídica foram imobilizados 
pelo proprietário. Exemplos: máquinas, trato-
res, veículos, animais, etc. Grave-se que a imobi-
lização não é definitiva, pois poderá voltar a ser 
móvel, a depender da vontade do proprietário. * 
IMPORTANTE: o CC de 2002 excluiu essa divi-
são, no entanto, existe grande discussão doutri-
nária a respeito do tema. Alguns entendem que 
a categoria ainda existe, outros consideram que 
os bens imóveis por acessão intelectual são hoje 
as pertenças (que ainda será estudada nesse ma-
terial). Neste ponto, destaca-se o Enunciado 11 
do CJF/STJ: “Não persiste no novo sistema legis-
lativo a categoria dos bens imóveis por acessão 
intelectual (...)”.
d) Imóveis por disposição legal: os direitos são 
imateriais, razão pela qual não são classificados 
como móveis ou imóveis. No entanto, por de-
terminação do art. 80, I do CC, os direitos reais 
sobre imóveis são tratados como se imóveis fos-
sem. Assim, a propriedade, a superfície, as ser-
vidões, o usufruto, o uso, a habitação, o direito 
do promitente comprador de imóvel, o penhor, 
a anticrese, a hipoteca, a concessão de uso espe-
cial para fins de moradia e a concessão de direi-
to real de uso, são considerados bens imóveis. 
O direito à sucessão aberta também é conside-
rado bem imóvel, por previsão legal (art. 80, II 
do CC).
Móveis: nos termos do art. 82 do Código Civil, são 
suscetíveis de movimento próprio ou de remoção por 
força alheia, sem alteração da substância ou destinação 
econômica.
a) Por natureza: são os bens que podem ser 
transportados de um local para outro, mediante 
força alheia, sem a deterioração da sua substân-
cia. Exemplos clássicos são os objetos pessoais 
(canetas, bolsas, relógios, etc).
b) Por antecipação: tratam-se de bens móveis 
(naturalmente incorporados ao solo), mas que 
são mobilizados por vontade humana. As pe-
dras e metais preciosos destinados à decoração 
das casas, e as árvores cortadas para fabricação 
de móveis, são exemplos típicos.
c) Por determinação legal: são bens imateriais 
que adquirem essa qualidade por determinação 
legal. Exemplos: energia elétrica, direitos auto-
rais, ações, etc.
Bens corpóreos X incorpóreos: Sílvio Venosa ensi-
na que bens corpóreos são aqueles que nossos sentidos 
podem perceber: um automóvel, um animal, um livro. 
Os bens incorpóreos não possuem existência tangível. 
São os direitos das pessoas sobre as coisas, sobre o 
produto de seu intelecto, ou em relação a outra pes-
soa, com valor econômico: direitos autorais, créditos, 
invenções. As coisas corpóreas são objeto de compra 
e venda, enquanto as incorpóreas prestam-se à cessão.
Bens consumíveis X inconsumíveis: consumíveis 
são aqueles cujo uso importa destruição imediata da 
sua própria substância, como, por exemplo, os ali-
mentos. Por outro lado, inconsumíveis são os bens 
que comportam uso continuado, sem prejuízo de seu 
perecimento progressivo e natural. Exemplos: moto, 
geladeira, etc.
Bens divisíveis X indivisíveis: bens divisíveis são 
aqueles fracionáveis sem a alteração na sua substân-
cia, diminuição considerável de valor ou prejuízo do 
uso a que se destina

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