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QFL0230 2012 TITULAÇÃO DE PRECIPITAÇÃO Volumetria de precipitação é baseada em reações que geram compostos de baixa solubilidade. Velocidade de formação de muitos precipitados limita o uso de reagentes que podem ser usados nas titulações de precipitação. MÉTODOS ARGENTIMÉTRICOS NITRATO DE PRATA: reagente precipitante mais usado. usado na determinação de haletos pseudo-haletos (SCN-, CN-, CNO-) mercaptanas ácidos graxos a) 0,00 mL: ponto inicial nenhuma alíquota da solução de AgNO3 foi adicionada [Ag+] = 0 pAg é indeterminado b) 24,50 mL : antes do ponto de equivalência 50,00 mL x 0,05000 M - 24,50 mL x 0,1000 M [Cl-] CNaCl = 50,00 + 24,50 = 6,71 x 10-4 CURVAS DE TITULAÇÃO exemplo: Calcule o pAg de uma solução durante a titulação de 50,00 mL de NaCl 0,05000 M com AgNO3 0,1000 após a adição de: Ksp 1,82 x 10-10 [Ag+] = = = 2,71 x 10-7 6,71 x 10-4 6,71 x 10-4 pAg = -log (2,71 x 10-7) = 6,57 Obs. [Ag+] é muito pequena para ser computada a partir da relação estequiométrica: usar equilíbrio de precipitação CURVAS DE TITULAÇÃO AgCl Ag+ + Cl- Ksp = [Ag +] [Cl-] -log Ksp = -log ( [Ag +] [Cl-] ) =-log [Ag+] - log [Cl-] pKsp = pAg + pCl [Ag+] = 1,82 x 10-10 = 1,35 x 10-5 pAg = 4,87 c) 25,00 mL: ponto de equivalência CURVAS DE TITULAÇÃO [Ag+] = [Cl-] Ksp = [Ag +] [Cl-] = [Ag+]2 [Ag+] = Ksp c) 25,50 mL: após o ponto de equivalência a solução está em excesso de Ag+ CURVAS DE TITULAÇÃO 25,50 mL x 0,100 M - 50,00 mL x 0,05000 M [Ag+] CAgNO3 = 75,50 = 6,62 x 10-4 pAg = 3,18 EFEITO DA CONCENTRAÇÃO DO TITULANTE A 50,00 mL de NaCl 0,0500 M com AgNO3 0,100 M B 50,00 mL de NaCl 0,00500 M com AgNO3 0,0100 M 0 5 10 15 20 25 30 35 40 VOLUME AgNO3, mL 10 8 6 4 2 0 A B pA g pAg 5-6: indicador adequado para a curva A curva B: determinação exata do p.e. é impossível (2 mL na viragem) Skoog Fig. 13-1 EFEITO DA MAGNITUDE DO Ksp variação de pAg no ponto de equivalência é maior quanto menor for o Ksp (mais insolúvel) íons que formam precipitados com Ksp > 10-10 não produzem pontos finais satisfatórios Ksp = 8,3 x 10 -17 I- Ksp = 5,2 x 10 -13 Br- Ksp = 1,8 x 10 -10 Cl- Ksp = 3,0 x 10 -8 IO3 - Ksp = 5,7 x 10 -5 BrO3 - 0,0 10,0 20,0 30,0 VOLUME AgNO3, mL 16 14 12 10 8 6 4 2 0 pA g Skoog Fig. 13-2 CURVAS DE TITULAÇÃO PARA MISTURAS DE ÂNIONS Skoog Fig. 13-3 0,0 10,0 20,0 30,0 VOLUME AgNO3, mL 16 14 12 10 8 6 4 2 0 pA g AgCl começa a precipitar titulação do I- titulação do Cl- CURVA DE TITULAÇÃO DE I- + Cl- qto I- sobrou na solução? estágio inicial da titulação, curva é idêntica à do iodeto Ksp AgI < Ksp AgCl ponto de “quebra”: AgCl começa a precipitar: estágio final da titulação, curva é idêntica à do cloreto resta saber se precipitação do iodeto é quantitativa Ksp AgI = 8,3 x 10 -17 Ksp AgCl = 1,8 x 10 -10 exemplo: titulação de 50,00 mL de uma solução contendo 0,0500 M de I- e 0,0800 M de Cl- com AgNO3 0,1000 M QUANTO I- PRECIPITOU ANTES QUE O AgCl TENHA SE FORMADO EM QUANTIDADES APRECIÁVEIS? • quando AgCl começa a se formar, os dois produtos de solubilidade são válidos (os dois precipitados co-existem) Ksp AgI [Ag +] [I-] 8,3 x 10-17 = = = 4,56 x 10-7 Ksp AgCl [Ag +] [Cl-] 1,8 x 10-10 [I-] = 4,56 x 10-7 [Cl-] 50,00 mL x 0,0800 M CCl- = [Cl -] = = 0,0533 M 50,00 + 25,00 mL • na prática, a formação do AgCl ocorre depois da adição de 25,00 mL (p.e. do iodeto); até este ponto, o cloreto só sofreu diluição [I-] = 4,56 x 10-7 x 0,0533 = 2,43 x 10-8 M • ou seja, a concentração de iodeto diminui consideravelmente quando o AgCl começou a precipitar exemplo, cont. n mmoles [I-] = 75,00 mL x 2,43 x 10-8 M após adição de 25,00 mL = 1,82 x 10-6 mmoles • antes do p.e. do iodeto, não existe AgCl • no p.e. do iodeto (ponto de quebra) ainda existem 1,82 x 10-6 mmols de iodeto para ser titulado A PORCENTAGEM DE I- NÃO PRECIPITADO NO “PONTO DE QUEBRA” (25,00 mL adicionados) PODE SER CALCULADA n mmoles [I-] = 50,00 mL x 0,0500 M inicial = 2,50 mmoles 1,82 x 10-6 %I- não precipitado = x 100 = 7,3 x 10-5 % 2,50 1,82 x 10-10 [Ag+] = = 3,41 x 10-9 M 0,0533 • quando o cloreto começa a precipitar: pAg = 8,47 exemplo, cont. Ksp AgCl 1,82 x 10-10 [Ag+] = = 4,16 x 10-9 M 0,0438 pAg = 8,47 exemplo, cont. • adições de AgNO3 após o p.e. do iodeto: concentração do cloreto diminui, e a curva se torna idêntica à curva de titulação do cloreto 50,00 mL x 0,0800 M + 50,00 x 0,0500 - 30,00 x 0,100 [Cl-] = 50,00 + 30,00 mL = 0,0438 M Adição de 30,00 mL: Cl- I- • o restante da curva é obtido da mesma forma que a do ânion simples Cl- titulado com AgNO3. CURVAS DE TITULAÇÃO PARA MISTURAS DE ÂNIONS Skoog Fig. 13-3 0,0 10,0 20,0 30,0 VOLUME AgNO3, mL 16 14 12 10 8 6 4 2 0 pA g A B A ou B titulação do I- titulação do Cl- A curva de titulação de I- + Cl- B curva de titulação de Br- + Cl- titulação do Br- • CURVA A: é uma composição das curvas individuais do iodeto e cloreto; 2 pontos de equivalência distintos • CURVA B: as variações de pAg no primeiro p.e. se tornam menos distintas, quando as solubilidades dos dois precipitados são parecidas Ksp AgI = 8,3 x 10 -17 Ksp AgBr = 5,2 x 10 -13 Ksp AgCl = 1,8 x 10 -10 INDICADORES PARA TITULAÇÕES DE PRECIPITAÇÃO São de 4 tipos os indicadores de ponto final empregados nas titulações argentimétricas: indicadores químicos potenciométricos, condutométricos e amperométricos INDICADORES QUÍMICOS: baseados na mudança de cor: deve ocorrer num intervalo limitado de pAg e, de preferência na região do salto baseados na mudança de turbidez (aparição/desaparecimento de turbidez) MÉTODO DE MOHR - íon cromato descrito em 1865 pelo químico-farmacêutico alemão K. F. Mohr Ag+ + Cl- AgCl (s) Ksp = [Ag +] [Cl-] branco 2 Ag+ + CrO4 2- Ag2CrO4 (s) Ksp = [Ag+] 2 [CrO4 2-] vermelho o cromato serve como indicador na titulação de cloreto, brometo e cianeto formando um precipitado vermelho indicativo do ponto final MÉTODO DE MOHR - íon cromato A concentração de Ag+ no ponto de equivalência numa titulação de cloreto com AgNO3 é: [Ag+] = Ksp = 1,82 x 10 -10 = 1,35 x 10-5A concentração de CrO42- necessária para a formação de Ag2CrO4 é: Ksp 1,2 x 10 -12 [CrO4 2-] = = = 6,6 x 10-3 M [Ag+]2 (1,35 x 10-5)2 uma quantidade de CrO42- (6,6 mM) deveria ser adicionada momentos antes do p.e. do AgCl MÉTODO DE MOHR - íon cromato No entanto, a solução de cromato produz uma cor amarela intensa, que mascara a formação do precipitado vermelho. Assim sendo, concentrações menores de cromato são adicionadas e um excesso de AgNO3 é necessário antes que a precipitação de Ag2CrO4 ocorra ERRO SISTEMÁTICO POSITIVO MÉTODO DE FAJANS - indicadores de adsorção indicadores de adsorção foram descritos pelo químico polonês K. Fajans em 1926 um indicador de adsorção é um composto orgânico que tende a ser adsorvido na superfície de um sólido durante a titulação idealmente, adsorção (ou dessorção) deve ocorrer nas proximidades do p.e. e produzir uma mudança de cor: transferência de cor da solução para o sólido (ou vice-versa) MÉTODO DE FAJANS - indicadores de adsorção fluoresceína é um indicador de adsorção usado na determinação de cloreto com AgNO3 em solução aquosa, fluoresceína dissocia em H3O+ e o ânion fluoresceinato, de cor verde-amarelada o fluoresceinato forma com Ag+ um composto intensamente vermelho FLUORESCEÍNA MÉTODO DE FAJANS - fluoresceína como indicador de adsorção No início da titulação de Cl- com AgNO3, as partículas coloidais de AgCl estão carregadas negativamente devido à adsorção de cloreto (excesso de íons cloreto). O ânion do corante é repelido pela superfície do colóide por repulsão eletrostática e a solução é verde-amarelada (ânion do corante livre). AgCl MÉTODO DE FAJANS - fluoresceína como indicador de adsorção Além do p.e., entretanto, as partículas de AgCl adsorvem fortemente íons Ag+ e, portanto, adquirem carga positiva. O ânion do corante é então atraído pela camada do contra-íon, que envolve o colóide de AgCl; o resultado é a aparição de uma cor vermelha de fluoresceinato de prata na camada de solução que circunda o sólido. AgCl AgCl MÉTODO DE FAJANS - fluoresceína como indicador de adsorção É importante enfatizar que a mudança de cor se deve a um fenômeno de adsorção (não precipitação) uma vez que o Ksp do fluoresceinato de prata não é alcançado. A adsorção é reversível: o corante dessorve com a adição de cloreto. Titulações envolvendo indicadores de adsorção são rápidas, exatas e confiáveis, mas a aplicação é limitada a poucas reações de precipitação onde o precipitado coloidal é formado rapidamente. MÉTODO DE FAJANS - fluoresceína como indicador de adsorção Skoog Color Plate 10 e11 a) sol. aq. 2,7-diclorofluoresceína b) + 1 mL Ag+ 0,10 M (note ausência do precipitado) c) + AgCl em excesso de Cl- d) + AgCl e pequeno excesso de Ag+ (c) e (d) o AgCl coagulou em (c) o corante permanece em solução em (d) o corante foi arrastado com o precipitado, a sol. sobrenadante é límpida MÉTODO DE VOLHARD - íons Fe3+ descrito em 1874 pelo químico alemão Jacob Volhard No método de Volhard, íons Ag+ são titulados com uma solução de tiocianato: Fe3+ serve com indicador: a solução se torna vermelha no primeiro excesso de tiocianato: [ [Fe(SCN)]2+ ] Fe3+ + SCN- [Fe(SCN)]2+ Kf = 1,05 x 10 3 = complexo vermelho [Fe3+] [SCN-] Ag+ + SCN- AgSCN (s) precipitado branco A titulação é conduzida em solução ácida para impedir a precipitação de ferro (III) como óxido hidratado e evitar a interferência dos íons carbonato, oxalato e arsenato. MÉTODO DE VOLHARD - APLICAÇÕES A aplicação mais importante do método de Volhard é a determinação indireta de haletos (titulação de retorno): uma quantidade conhecida, em excesso, de íons Ag+ é adicionada à amostra (íons cloreto): o excesso de Ag+ é titulado com tiocianato na presença de íons Fe3+: Ag+ + Cl- AgCl (s) EXCESSO precipitado branco Ag+ + SCN- AgSCN (s) REMANESCENTE precipitado branco Fe3+ + SCN- [Fe(SCN)]2+ complexo vermelho MÉTODO DE VOLHARD - APLICAÇÕES ERRO NEGATIVO: AgCl é mais solúvel que AgSCN AgCl (s) + SCN- AgSCN (s) + Cl- • Esta reação prejudica a determinação do p.e. porque causa um “desbotamento” da cor vermelha e consumo excessivo de tiocianato resultando em valores baixos de cloreto. • Uma possível solução é filtrar o AgCl antes de titular o excesso de Ag+. • Outros haletos como o AgBr e AgI são mais insolúveis que AgSCN e a solução não precisa ser filtrada. APLICAÇÕES TÍPICAS DAS TITULAÇÕES ARGENTIMÉTRICAS SUBSTÂNCIA PONTO OBSERVAÇÕES ANALISADA FINAL Skoog Tab. 13-1 CO3 2-, CrO4 2-, CN-, Cl-, C2O4 2-, PO4 3-, S2-, NCN2- AsO4 3-, Br-, I-, CNO-, SCN- Volhard Remoção do sal de prata não é necessária. Volhard Remoção do sal de prata é necessária. F- Volhard Modificado Precipitação como PbClF, filtração, adição de excesso de Ag+, tit. de retorno. Br- e I- Mohr Solução neutra. Br-, Cl-, I-, SeO3 2- Indicador de adsorção V(OH)4 +, ác. graxos, mercaptanas Indicadores eletroanalíticos Tit. direta com Ag+. EXEMPLO O arsênio em 9,13 g de um pesticida foi convertido em AsO4 3- e precipitado como Ag3AsO4 com 50,00 mL de uma solução de AgNO3 0,02105 M. O excesso de Ag+ foi então titulado com 4,75 mL de solução de KSCN 0,04321 M. Calcule a % As2O3 na amostra. n moles AgNO3 = 50,00 mL x 0,02105 mmol/mL = 1,0075 mmoles n moles KSCN = 4,75 x 0,04321 = 0,3052 mmoles n moles AgNO3 consumido pelo AsO43- = 0,7023 mmoles RELAÇÃO ESTEQUIOMÉTRICA: As2O3 2 AsO4 3- 6 AgNO3 1 mmol As2O3 0,1984 g As2O3 0,7023 mmoles AgNO3 6 mmoles AgNO3 mmol As2O3 % As2O3 = x 100 9,13 g amostra = 0,254 %
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