Buscar

DIREITO CONSTITUCIONAL I

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você viu 3, do total de 352 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você viu 6, do total de 352 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você viu 9, do total de 352 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Prévia do material em texto

1 
 
 
 
DIREITO CONSTITUCIONAL 
INTENSIVO I 
Prof. Marcelo Novelino 
 
 
 
I 
 CONSTITUCIONALISMO (EVOLUÇÃO DO DIREITO CONSTITUCIONAL) .................................................................. 2 
Características do Neoconstitucionalismo: ............................................................................................................... 13 
PRINCÍPIOS INSTRUMENTAIS ......................................................................................................................................... 16 
CONTROLE DE CONSTITUCIONALIDADE ....................................................................................................................... 27 
Teoria Geral .......................................................................................................................................................................... 27 
Parâmetro (Normas de referência) para o Controle de Constitucionalidade .............................................. 32 
FORMAS DE INCONSTITUCIONALIDADE ..................................................................................................................... 35 
1.2 Inconstitucionalidade por Omissão ................................................................................................................................ 36 
2.Quanto à Norma ofendida (Parâmetro para o Controle de Constitucionalidade) .............................................. 36 
2.2 Inconstitucionalidade Material......................................................................................................................................... 37 
3.Quanto à Extensão ......................................................................................................................................................................... 39 
4.1 Inconstitucionalidade Originária ..................................................................................................................................... 40 
5.Quanto ao Prisma/Ângulo de Apuração de Inconstitucionalidade ........................................................................... 42 
Classificação importante para controle concentrado ou difuso ........................................................................ 42 
FORMAS DE CONTROLE DE CONSTITUCIONALIDADE ............................................................................................ 45 
Essa classificação só se aplica ao PJ, não se aplica ao PE e PL. ........................................................................... 45 
1.Quanto à Competência Jurisdicional ...................................................................................................................................... 45 
2.Quanto à Finalidade do Controle ............................................................................................................................................. 46 
2.1 Controle Concreto/Incidental/por via de Defesa/por via de Exceção ............................................................. 46 
2.2 Controle Abstrato/Principal/por via de Ação ............................................................................................................ 47 
Art. 60, §4º, CF – Cláusulas pétreas .............................................................................................................................. 50 
LIMITAÇÕES MATERIAIS: ................................................................................................................................................. 50 
FORMAS DE DECLARAÇÃO DE INCONSTITUCIONALIDADE .................................................................................. 55 
1.Quanto ao aspecto objetivo ........................................................................................................................................................ 55 
1.1 Controle Difuso – Concreto ................................................................................................................................................ 55 
2.Quanto ao aspecto Subjetivo ..................................................................................................................................................... 60 
3.Quanto ao aspecto temporal ..................................................................................................................................................... 62 
4.Quanto à extensão da declaração ............................................................................................................................................ 67 
DIREITOS DA PESSOA HUMANA ..................................................................................................................................... 75 
1.Noções introdutórias .................................................................................................................................................................... 75 
2.Classificação dos Direitos Fundamentais (baseada na de Jellinek)........................................................................... 79 
3.Características dos Direitos Fundamentais (JAS) ............................................................................................................. 81 
4.Eficácia Vertical e Horizontal dos Direitos Fundamentais ........................................................................................... 84 
5.Limites dos Limites ....................................................................................................................................................................... 90 
6.Dignidade da Pessoa Humana................................................................................................................................................... 95 
7.Direitos Individuais .................................................................................................................................................................... 102 
Título II - Dos Direitos e Garantias Fundamentais .............................................................................................. 102 
7.1 Inviolabilidade do direito à vida ........................................................................................................................................ 104 
DIREITO CONSTITUCIONAL 
INTENSIVO I 
Prof. Marcelo Novelino 
 
 
 
II 
7.2 Princípio da Isonomia ............................................................................................................................................................ 109 
7.3 Direitos ligados à Liberdade ................................................................................................................................................ 118 
7.3.1 Liberdade de Manifestação de Pensamento ........................................................................................................ 118 
5.3.5 Liberdade e Privacidade .............................................................................................................................................. 127 
Gravação clandestina 127 
Quebra de sigilo 130 
Interceptação das comunicações 132 
Inviolabilidade de domicílio 136 
Direito de Propriedade 138 
Classificação das normas Constitucionais .............................................................................................................. 145 
Outra condição 146 
Integral ........................................................................................................................................................................................ 147 
IMUNIDADE MATERIAL / ABSOLUTA / INVIOLABILIDADE / REAL / SUBSTANTIVA ............................... 148 
2.Contida ............................................................................................................................................................................................149 
3.Limitada .......................................................................................................................................................................................... 151 
3.2 Normas de Princípio Programático .................................................................................................................................. 155 
Essa é a classificação de José Afonso da Silva. ....................................................................................................... 157 
Outros autores fazem outras classificações, como Maria Helena Diniz. ...................................................... 157 
Maria Helena Diniz ......................................................................................................................................................................... 157 
DIREITOS SOCIAIS ............................................................................................................................................................ 160 
Escolhas Trágicas............................................................................................................................................................................ 161 
1.Intervenção do PJ em Políticas Públicas ............................................................................................................................ 161 
2.Reserva do Possível.................................................................................................................................................................... 163 
3 dimensões – Ingo Sarlet: ..................................................................................................................................................... 163 
3.Mínimo Existencial ..................................................................................................................................................................... 164 
4.Orçamento: Mínimo Existencial X Reserva do Possível .............................................................................................. 182 
5.Vedação de Retrocesso ............................................................................................................................................................. 197 
Poder Constituinte .......................................................................................................................................................... 201 
1.PC Originário ................................................................................................................................................................................. 201 
1.1 PC Histórico ........................................................................................................................................................................... 201 
1.2 PC Revolucionário ............................................................................................................................................................... 201 
1.3 PC Transicional – CF 1988 ............................................................................................................................................... 202 
Natureza ........................................................................................................................................................................................ 202 
Poder de Fato (Político). Marcar este entendimento na prova objetiva. 202 
Poder de Direito (Direito Natural). 202 
2.PC Decorrente ............................................................................................................................................................................... 205 
3.PC Derivado Reformador ......................................................................................................................................................... 215 
4 limitações ao PCDR: .............................................................................................................................................................. 217 
DIREITO CONSTITUCIONAL 
INTENSIVO I 
Prof. Marcelo Novelino 
 
 
 
III 
LIMITAÇÕES MATERIAIS: .............................................................................................................................................. 230 
II - o voto direto, secreto, universal e periódico; a obrigatoriedade pode ser abolida! ......................... 231 
Cláusulas Pétreas Explícitas ........................................................................................................................................ 232 
LIMITAÇÕES CIRCUNSTANCIAIS: ................................................................................................................................ 234 
LIMITAÇÃO PROCEDIMENTL/FORMAL AO PCDR ................................................................................................. 234 
LIMITAÇÕES MATERIAIS/SUBSTANCIAIS: .............................................................................................................. 235 
Ex.: alterar o art. 60, § 2º, diminuindo a dificuldade para fazer a reforma política. É também uma 
fraude à CF. ................................................................................................................................................................................ 235 
Por isso, o 60 inteiro seria uma cláusula pétrea. ................................................................................................. 236 
Normas Constitucionais no tempo ............................................................................................................................ 237 
Tudo o que está no texto da Constituição é formalmente constitucional. .................................................. 239 
Teoria da Recepção ......................................................................................................................................................... 240 
Constitucionalidade Superveniente .......................................................................................................................... 241 
Repristinação .................................................................................................................................................................... 241 
STF ......................................................................................................................................................................................... 242 
ADI ......................................................................................................................................................................................... 242 
STF ......................................................................................................................................................................................... 243 
Mutação Constitucional =/= Reforma (60) – Emendada ................................................................................... 243 
Controle de Constitucionalidade ................................................................................................................................ 258 
Estudaremos apenas o Controle de Constitucionalidade feito pelo PJ, o Controle Jurisdicional. ...... 258 
1.Controle difuso ............................................................................................................................................................................. 259 
2.Controle Concentrado ............................................................................................................................................................... 267 
3.Objeto ...............................................................................................................................................................................................275 
4.PGR .................................................................................................................................................................................................... 284 
5.AGU ................................................................................................................................................................................................... 285 
6.Efeitos das Decisões ................................................................................................................................................................... 288 
7.Controle de Omissões Inconstitucionais ........................................................................................................................... 292 
Efeitos da Medida Cautelar: ............................................................................................................................................. 295 
2.2 Concretista Individual ............................................................................................................................................ 300 
2.3 Concretista Intermediária ..................................................................................................................................... 301 
NACIONALIDADE ................................................................................................................. Erro! Indicador não definido. 
DIREITOS POLÍTICOS ........................................................................................................................................................ 313 
MÉTODOS DE INTERPRETAÇÃO DA CONSTITUIÇÃO ................................................. Erro! Indicador não definido. 
 
 
 
 
 
 
 
DIREITO CONTITUCIONAL 
INTENSIVO I 
 Prof. Marcelo Novelino
 
Acesse: http://materiaisparaconcursos.blogspot.com/ 
Contato: chenqs.hondey@uol.com.br 
1 
 
 
*INDICAÇÃO BIBLIOGRÁFICA: 
- vide na Área do Aluno. 
- Ler um livro base (ex: José Afonso da Silva); um livro para 
concursos (ex: Pedro Lenza), além de livros específicos sobre os temas: 
Teoria dos direitos fundamentais; Controle de constitucionalidade. 
 
*DICAS DE ESTUDO: 
- Estudar em intervalos de 50 min até 2h; 
- Estudar a matéria dada em sala de aula em até 48h após a aula; 
- Definir matérias importantes por meio de análise de provas 
anteriores; 
- Ler Informativos STF; 
 
 
DIREITO CONTITUCIONAL 
INTENSIVO I 
 Prof. Marcelo Novelino
 
Acesse: http://materiaisparaconcursos.blogspot.com/ 
Contato: chenqs.hondey@uol.com.br 
2 
 
CONSTITUCIONALISMO 
(EVOLUÇÃO DO DIREITO 
CONSTITUCIONAL) 
 
O constitucionalismo contrapõe-se ao Absolutismo. É a busca 
pela limitação do poder do Estado. Há três idéias básicas para se relacionar 
com o constitucionalismo: 1) garantia de direitos; 2) princípio do governo 
limitado; 3) separação dos poderes. 
 As etapas históricas da evolução do direito constitucional são as 
seguintes: 
 
 1) Constitucionalismo da antiguidade (ou 
antigo): vai até o final do séc. XVIII. A primeira experiência do 
constitucionalismo antigo foi a do Estado Hebreu, onde já havia uma 
limitação do poder por dogmas religiosos (Estado teocrático). Em seguida, 
temos as experiências grega e romana. Na Grécia e em Roma, tivemos as 
primeiras experiências chamadas de “democracia constitucional”, que é a 
participação popular nas decisões políticas. Por fim, temos a experiência 
 
DIREITO CONTITUCIONAL 
INTENSIVO I 
 Prof. Marcelo Novelino
 
Acesse: http://materiaisparaconcursos.blogspot.com/ 
Contato: chenqs.hondey@uol.com.br 
3 
inglesa, onde se deu a concretização do Estado de Direito. Esta experiência 
foi intitulada de “Rule of Law”, que é o governo das leis em substituição ao 
governo dos homens. Na Inglaterra, tivemos vários pactos e documentos 
importantes, como a Magna Carta de 1215, o Petition of Rights de 1628, o 
Habeas Corpus Act de 1679 e o Bill of Rights de 1689. São os embriões das 
Constituições modernas. As características comuns a estas quatro 
experiências (Hebreu, Grécia, Roma e Inglaterra) são: a) conjunto de 
princípios que garantem a existência de direitos perante o monarca, 
limitando o seu poder; b) Constituições consuetudinárias. *Uma 
Constituição consuetudinária pode ter supremacia formal sobre as leis 
escritas? Se não existe uma distinção formal entre lei e Constituição, o 
mesmo Parlamento que modifica uma lei pode modificar uma norma 
constitucional. Logo, quando a Constituição é costumeira, não há 
supremacia formal da Constituição. Igualmente, se não existe supremacia 
formal, por conseqüência não existirá controle de constitucionalidade; c) 
supremacia do Parlamento. 
 
 2) Constitucionalismo liberal (ou clássico): no final 
do séc. XVIII, temos as Revoluções Liberais. O marco histórico de 
surgimento desta nova etapa de constitucionalismo é 1787, quando surge a 
primeira Constituição escrita, que é a Constituição norte-americana. Com 
isso, surge a ideia de Constituição rígida (*estudar classificação das 
Constituições em casa – focar a classificação ontológica da Constituição de 
Karl Loewestein). Constituição rígida é aquela que tem um processo mais 
 
DIREITO CONTITUCIONAL 
INTENSIVO I 
 Prof. Marcelo Novelino
 
Acesse: http://materiaisparaconcursos.blogspot.com/ 
Contato: chenqs.hondey@uol.com.br 
4 
solene de modificação do que o processo legislativo ordinário. Surge, então, 
a ideia de supremacia formal da Constituição. Neste período, a corrente 
filosófica principal era o Jusnaturalismo, que prevê a existência de direitos 
inatos ao homem, eternos, universais e imutáveis. Tanto que a Constituição 
norte-americana não contempla direitos individuais, justamente porque os 
federalistas achavam que se se positivassem tais direitos, estariam 
limitando-os, haja vista que esses direitos já são inatos ao homem. Dentro 
do constitucionalismo liberal, temos duas experiências importantes: a) a 
experiência dos EUA, com a ideia de supremacia da Constituição (e não 
mais do Parlamento). É uma supremacia relacionada às chamadas “Regras 
do jogo”. Significa que a Constituição estabelece as regras do jogo político 
(divisão dos poderes). Assim, por uma questão lógica, ela deve estar acima 
dos que dele participam. Outra ideia fundamental do constitucionalismo 
norte-americano foi a ideia de garantia jurisdicional. Cabe ao Poder 
Judiciário assegurar a supremacia da Constituição. Isto porque, dentre os 
atores políticos, o poder que tem maior neutralidade é exatamente o Poder 
Judiciário. Daí a justificativa da escolha feita. A primeira vez que houve o 
controle de constitucionalidade foi em 1803, justamente nos EUA, no caso 
Marbury x Madison, feito pelo juiz John Marshall. *Esta experiência norte-
americana não foi importada de imediato para a Europa; b) experiência 
francesa, com a Revolução Francesa de 1789. Visou-se assegurar os direitos 
de liberdade e de propriedade do povo e da burguesia ascendente. Surge a 
Constituição Francesa de 1791, que durou apenas 2 anos, sendo substituída 
pela Constituição de 1793. A Constituição de 1791 foi a segunda 
constituição escrita da Europa (a primeira foi a Polonesa). Era uma 
 
DIREITO CONTITUCIONAL 
INTENSIVO I 
 Prof. Marcelo Novelino
 
Acesse: http://materiaisparaconcursos.blogspot.com/ 
Contato: chenqs.hondey@uol.com.br 
5 
Constituição extremamente prolixa. Quanto maior ela é, mais provável de 
ser modificada também é. O constitucionalismo francês contribuiu 
fortemente com as ideias de garantia de direitos e separação dos poderes, 
que estão bem delineadas na DeclaraçãoUniversal dos Direitos do Homem 
e do Cidadão de 1789, precipuamente em seu art. 16. Ocorre que na França, 
ao contrário dos EUA, a Constituição era um documento de caráter político 
(de recomendação. Eram conselhos, exortações morais), e não jurídico 
(vinculante). Esta visão vai até meados do séc. XX (fim da 2ª Guerra 
Mundial). Na Europa, a supremacia não era da Constituição, mas sim do 
Parlamento. O raciocínio que havia na Europa é que o Legislativo nunca 
violaria direitos. Pelo contrário, ele era o órgão máximo de representação 
popular. Daí a supremacia do parlamento na Europa, e não da Constituição. 
Nos EUA, não havia confiança no Legislativo porque este poder foi o que 
mais violou direitos e devido a isso foi atribuído ao Judiciário o controle. Na 
Europa não foi assim. 
 *Nesta fase do constitucionalismo, surge a primeira 
geração dos direitos fundamentais. As gerações (ou dimensões) dos direitos 
fundamentais foram criadas em 1979 pelo polonês Karel Vazak e difundida 
pelo italiano Norberto Bobbio. No Brasil, Paulo Bonavides deu publicidade a 
esta classificação. A ideia é que as Constituições foram consagrando os 
direitos gradativamente, em momentos históricos distintos. Deve-se 
associar as gerações com o lema da Revolução Francesa: Liberdade (1ª 
Dimensão); Igualdade (2ª Dimensão) e Fraternidade (3ª Dimensão). Alguns 
autores preferem falar em dimensão justamente porque a palavra “geração” 
nos dá o aspecto de substituição, e não é assim. Os direitos fundamentais 
 
DIREITO CONTITUCIONAL 
INTENSIVO I 
 Prof. Marcelo Novelino
 
Acesse: http://materiaisparaconcursos.blogspot.com/ 
Contato: chenqs.hondey@uol.com.br 
6 
coexistem. A 1ª Dimensão de Direitos Fundamentais refere-se aos 
direitos civis e políticos, ligados à liberdade. Surgem com as 
reivindicações das revoluções liberais. Pretendia-se que a liberdade do 
indivíduo fosse assegurada em face do Estado. Estes direitos têm caráter 
eminentemente negativo, pois exigem uma abstenção por parte do Estado. 
Tais direitos são eminentemente individuais, oponíveis ao Estado. Tinham, 
pois, eficácia vertical (indivíduo – Estado). Dentro do constitucionalismo 
clássico ou liberal, surge a primeira sistematização coerente do chamado 
Estado de Direito. Estado de Direito é sinônimo de Estado Liberal. A 
característica marcante deste modelo de Estado é o abstencionismo. As 
concretizações do Estado Liberal foram: a) Rule of Law (governo das leis 
em substituição ao governo dos homens, na Inglaterra); b) Recchtsstaat 
(ocorrida na Prússia); c) État Legal (na França). Todas significam Estado de 
Direito. As características principais de um Estado de Direito são: os 
direitos fundamentais correspondem aos direitos da burguesia (liberdade e 
propriedade). Para as classes inferiores, eram apenas direitos formais; a 
limitação do Estado pelo Direito (lei feita pelo Parlamento) estende-se ao 
soberano; a atuação da Administração Pública dentro da lei (princípio da 
legalidade administrativa); a atuação do Estado limita-se à defesa da ordem 
e segurança pública. *Quando se fala em liberalismo político, fala-se em 
Estado (poder) limitado pelo Direito. Por sua vez, quando se fala em 
liberalismo econômico, fala-se em Estado mínimo (não intervenção estatal 
em aspectos sociais e econômicos). Nessa época, Na Europa, principalmente 
na França, a interpretação era vista como uma atividade mecânica dos 
juizes. Na expressão de Montesquieu, o juiz era a boca da lei. Como se 
 
DIREITO CONTITUCIONAL 
INTENSIVO I 
 Prof. Marcelo Novelino
 
Acesse: http://materiaisparaconcursos.blogspot.com/ 
Contato: chenqs.hondey@uol.com.br 
7 
percebe, o Poder Judiciário tinha uma profunda desconfiança na Europa. 
Este modelo de constitucionalismo (liberal) surge até o fim da 1ª Guerra 
Mundial. 
 
 3) Constitucionalismo moderno (ou 
social): o Estado Liberal se mostrou impotente diante das demandas 
sociais que abalaram o séc. XIX. A mantença do Estado Liberal estava 
levando a desigualdades sociais gritantes. Urgia a intervenção estatal. A 
partir do séc. XX, já começa a surgir uma visão positivista do direito, 
capitaneada por Hans Kelsen (substituindo a visão jusnaturalista). A ideia 
principal é que Direito é aquilo que é posto pelo Estado. Importa quem faz a 
norma, e não seu conteúdo. No positivismo, uma característica marcante é a 
inexistência de uma relação necessária entre direito e moral. Assim, o 
Estado Nazista Alemão era um Estado de Direito, a despeito de seu 
conteúdo anti-ético. Surge aqui a 2ª Dimensão de Direitos Fundamentais, 
ligados à igualdade. São os chamados direitos sociais, econômicos e 
culturais. Destaca-se aqui a Constituição Mexicana de 1917 (primeira que 
consagrou de forma estruturada esses direitos de segunda geração) e a 
Constituição alemã de Weimar (1919). *No Brasil, o direito à moradia e o 
direito à alimentação são os dois direitos sociais que não estavam 
originariamente no art. 6º da nossa Constituição. Foram acrescentados por 
Emendas Constitucionais. Os direitos de segunda geração são frutos da 
Revolução Industrial. Igualmente, são direitos conquistados pela sociedade, 
e não dados pelo Estado. São direitos que exigem uma atuação positiva por 
 
DIREITO CONTITUCIONAL 
INTENSIVO I 
 Prof. Marcelo Novelino
 
Acesse: http://materiaisparaconcursos.blogspot.com/ 
Contato: chenqs.hondey@uol.com.br 
8 
parte do Estado, e não uma mera abstenção. Aqui entra em cena o aspecto 
orçamentário do Estado. Tais direitos são essencialmente coletivos. Temos 
aqui o modelo de Estado Social, que abandona a postura abstencionista do 
Estado Liberal e se transforma em um verdadeiro prestador de serviços. O 
Estado Social busca fazer um equilíbrio, uma superação da dicotomia entre 
igualdade política e desigualdade social. As características marcantes do 
Estado Social são: a intervenção do Estado nos âmbitos econômico, social e 
laboral (Estado intervencionista); o papel decisivo na produção e 
distribuição de bens; a garantia de um mínimo de bem-estar social 
(“Welfare State”). No Brasil, temos ainda um resquício deste Estado, 
garantindo um mínimo de bem-estar social. Existe, na Lei Orgânica de 
Assistência Social, um benefício de prestação continuada devido 
independentemente de contribuição previdenciária. Por fim, a respeito da 
interpretação constitucional neste período, temos que: a interpretação, 
antes mecânica, passa a ser atividade intelectual e sofisticada. Começa-se a 
ter uma discricionariedade maior para a interpretação judicial. Na segunda 
metade do séc. XIX, Savigny desenvolve alguns famosos elementos de 
interpretação: gramatical ou literal (significado literal da palavra ou 
expressão); lógico ou científico (ex: não contradição); sistemático (parte da 
premissa de que o ordenamento jurídico constitui uma unidade coerente. 
Logo, uma norma não pode ser interpretada de forma isolada); histórico 
(analisa-se o surgimento e, então, a finalidade para qual a norma foi criada. 
Analisa-se a norma dentro do contexto de sua criação. Este elemento não 
tem valor científico, mas é importante). Surge, após, um quinto elemento de 
 
DIREITO CONTITUCIONAL 
INTENSIVO I 
 Prof. Marcelo Novelino
 
Acesse: http://materiaisparaconcursos.blogspot.com/ 
Contato: chenqs.hondey@uol.com.br 
9 
interpretação: o teleológico. Busca-se a finalidade da norma, os objetivos 
que ela pretende alcançar. 
 
 4) Constitucionalismo contemporâneo 
(neoconstitucionalismo): surge com o fim da 2ª Guerra Mundial. A 
partir daí, fala-se também em pós-positivismo. O pós-positivismo busca um 
equilíbrio entre o direito natural e o direito positivo.Busca uma superação 
da dicotomia entre direito natural e direito positivo através de uma 
reaproximação entre direito e moral. Encabeçam tal teoria Paulo Bonavides 
e Luis Roberto Barroso. O aspecto justo do direito passa a ser uma 
preocupação pós-positivista. Tanto os jusnaturalistas quanto os positivistas 
faziam uma diferenciação entre normas (vinculantes) e princípios (meras 
recomendações). No pós-positivismo, esta diferenciação é abandonada. 
Hoje, coloca-se a norma como um gênero, tendo as regras e os princípios 
como espécies de normas. Destaca-se aqui o alemão Robert Alexy. 
 Fala-se aqui na 3ª Dimensão de Direitos de Direitos 
Fundamentais, associada ao valor “fraternidade” ou “solidariedade”, de 
acordo com a classificação de Paulo Bonavides. O rol é exemplificativo 
(numerus clausus), sendo eles: direito ao progresso ou desenvolvimento, 
direito de autodeterminação dos povos, direito de comunicação, direito ao 
meio ambiente, direito de propriedade sobre o patrimônio comum da 
humanidade etc. São direitos transindividuais. Na classificação original de 
Karel Vazak, a paz era incluída como direito fundamental de terceira 
dimensão. Contudo, o professor Paulo Bonavides a coloca como direito de 
 
DIREITO CONTITUCIONAL 
INTENSIVO I 
 Prof. Marcelo Novelino
 
Acesse: http://materiaisparaconcursos.blogspot.com/ 
Contato: chenqs.hondey@uol.com.br 
10 
quinta geração pois é “o objetivo a ser buscado pelos povos, que ainda não 
fora alcançado”. 
 Dentro dos Direitos Fundamentais de 4ª Dimensão 
estariam os direitos de democracia, informação e pluralismo. Surgem com a 
globalização política. A democracia, atualmente, não é vista apenas em seu 
aspecto formal, ou sentido estrito, que está diretamente ligada à premissa 
majoritária (vontade da maioria). Para Habermas, o exercício dos direitos 
políticos deveriam assegurar as liberdades de reunião, de associação e de 
expressão do pensamento. Para que se tenha uma liberdade real de escolha, 
é necessário que se assegurem estes direitos fundamentais básicos. 
Portanto, a democracia deve ser entendida em seu sentido material ou 
amplo, como não apenas a vontade da maioria, mas também a fruição de 
direitos básicos por todos, inclusive pelas minorias. Fala-se hoje, pois, em 
democracia no sentido material (ou amplo). Em sentido material, 
democracia é não apenas a vontade da maioria, mas também a fruição de 
direitos básicos por todos, inclusive pelas minorias. A vontade das maiorias 
é expressa através das leis. Poder Legislativo e Executivo fazem valer a 
vontade da maioria. Ao revés, a fruição de direitos pelas minorias será 
efetivado principalmente pelo Poder Judiciário, exatamente por não ser 
eleito pelo povo. É o Judiciário quem exerce este papel contra-majoritário, 
haja vista que não tem vinculação à vontade da maioria, agindo conforme a 
lei. Bobbio associa a democracia com as regras do jogo, dizendo que a 
maioria é representada por alguém do próprio povo, eleito por eles, mas 
que para escolhê-lo tem que ser através de regras legítimas (regras do 
jogo), desde que existam regras preexistentes. Democracia seria a 
 
DIREITO CONTITUCIONAL 
INTENSIVO I 
 Prof. Marcelo Novelino
 
Acesse: http://materiaisparaconcursos.blogspot.com/ 
Contato: chenqs.hondey@uol.com.br 
11 
observância das regras que conferem legitimidade aos representantes da 
maioria. E para que o jogo possa ser jogado, deve haver regras pré-jogo, que 
corresponde aos direitos mínimos de Habermas (ex: liberdade de reunião). 
 *Dworkin utiliza o conceito de democracia 
constitucional. Ele contrapõe a democracia constitucional à premissa 
majoritária. A democracia constitucional consistiria no tratamento de todos 
com igual respeito e consideração. Assim, o que caracteriza uma 
democracia não é a vontade da maioria, mas sim o tratamento igualitário. 
Formar-se-ia uma comunidade de princípios. Ex: na Alemanha nazista não se 
tinha uma comunidade de princípios. 
 O pluralismo, um dos fundamentos da República 
Brasileira, deve ser associado ao respeito à diversidade, ao direito das 
minorias. Vide art. 1º, V, CRFB. O pluralismo de que trata a Constituição não 
é apenas o pluralismo de ideologias políticas (político-partidário), mas 
também religioso, artístico, cultural, de opções e orientações pessoais. É o 
respeito à diferença; a tolerância pelos outros. Dalai Lama disse, certa vez, 
que o maior problema da sociedade não é a falta de solidariedade, mas sim 
a falta de tolerância. Isto tem tudo a ver com o pluralismo. Sem prejuízo, o 
pluralismo também pode ser extraído do preâmbulo da nossa Constituição, 
que fala em sociedade pluralista. Este pluralismo terá reflexo nas normas 
constitucionais, Daí a razão dos conflitos de normas. Boaventura de Souza 
Santos sintetiza essa questão da seguinte forma: “Temos o direito de ser 
iguais quando a diferença nos inferioriza e temos o direito de ser diferentes 
quando a igualdade nos descaracteriza”. 
 
DIREITO CONTITUCIONAL 
INTENSIVO I 
 Prof. Marcelo Novelino
 
Acesse: http://materiaisparaconcursos.blogspot.com/ 
Contato: chenqs.hondey@uol.com.br 
12 
 Como visto, Paulo Bonavides classifica o direito à paz 
como sendo um direito fundamental de 5ª dimensão, pois é algo que 
deve ser buscado pelos Estados. São direitos transnacionais. 
 Nesta toada, surge o modelo de Estado Democrático de 
Direito, que busca sintetizar as conquistas das experiências anteriores e 
superar suas deficiências. Alguns preferem falar em Estado Constitucional 
Democrático. Isto porque o Estado Democrático de Direito está ligado ao 
império da lei. Hoje, no entanto, o paradigma é a ideia de força normativa da 
Constituição. Falam em Estaco Constitucional, pois, para reforçar esta nova 
tendência de valorização da Constituição. As características principais do 
Estado Democrático de Direito (ou Estado Constitucional Democrático) são: 
a) o ordenamento jurídico introduz mecanismos de participação do povo no 
governo do Estado. Exemplos: plebiscito, referendo, iniciativa popular de 
leis, ação popular; b) preocupação não apenas com o caráter formal, mas 
também como caráter substancial dos direitos fundamentais. Não há mais 
necessidade de consagração de direitos na Constituição. A preocupação 
agora é com a efetividade dos direitos, fazendo com que eles cumpram sua 
função social. Assim é que na época da Revolução Francesa pregava-se 
apenas a igualdade e liberdade formal. Hoje, porém, a igualdade e liberdade 
possuem conteúdo material; c) a limitação do Poder Legislativo deixa de ser 
meramente formal (preocupação positivista), e passa a ter também um 
aspecto material (preocupação pós-positivista). Até meados do século 
passado, o legislador era limitado pela Constituição para fazer a lei, mas era 
um controle só formal. Kelsen entendia que os direitos fundamentais nem 
deveriam ser colocado na Constituição, porque não limitam o poder do 
 
DIREITO CONTITUCIONAL 
INTENSIVO I 
 Prof. Marcelo Novelino
 
Acesse: http://materiaisparaconcursos.blogspot.com/ 
Contato: chenqs.hondey@uol.com.br 
13 
legislador, de modo que a preocupação era com a forma de produção das 
leis. Hoje, todavia, o controle não é meramente formal, mas também 
substancial. Ex: lei de crimes hediondos. STF disse que vedação da 
progressão de regime era inconstitucional, por violar o princípio da 
individualização da pena – isso é controle material. Os direitos 
fundamentais limitam hoje o Poder Legislativo, sob pena da lei ser 
declarada inconstitucional; d) jurisdição constitucional voltada a assegurar 
a supremacia da Constituição e a proteção efetiva dos direitos fundamentais(Judiciário mais ativo). 
 
 
 Características do 
Neoconstitucionalismo: 
 a) normatividade da Constituição: até 
meados do séc. passado, a Constituição era vista como um documento de 
caráter meramente político, e não jurídico, sobretudo na parte dos direitos 
fundamentais. O legislador não era visto como inimigo dos direitos 
fundamentais No entanto, houve uma evolução e a Constituição passou a 
ser vista com caráter político, de força vinculante. Em 1959, Konrad Hesse 
elaborou a “A força normativa da Constituição”, a principal obra referente a 
evolução do caráter jurídico (e não mais político) da Constituição; 
 
DIREITO CONTITUCIONAL 
INTENSIVO I 
 Prof. Marcelo Novelino
 
Acesse: http://materiaisparaconcursos.blogspot.com/ 
Contato: chenqs.hondey@uol.com.br 
14 
 b) superioridade da Constituição: a 
supremacia do Parlamento europeu abre espaço para a supremacia da 
Constituição. Desde o final do séc. XVIII a Constituição americana já era 
dotada de supremacia; 
 c) centralidade da Constituição: fala-se, hoje, 
em constitucionalização do direito. O primeiro aspecto primordial á a 
consagração de normas de outros ramos do direito na Constituição. O 
segundo aspecto da constitucionalização do direito é a filtragem 
constitucional. A interpretação das normas de outros ramos do direito deve 
ser feita à luz da Constituição. Segundo Luís Roberto Barroso, toda 
interpretação jurídica é uma interpretação constitucional. Para se 
interpretar uma lei, o primeiro passo é verificar sua compatibilidade 
constitucional. Daí pode se fazer a filtragem constitucional. O terceiro 
aspecto da constitucionalização do direito refere-se à eficácia horizontal 
dos direitos fundamentais. Hoje, admite-se a aplicação direta da 
Constituição entre os particulares; 
 d) rematerialização das Constituições: as 
Constituições foram rematerializadas no sentido de consagrarem um 
extenso rol de direitos fundamentais. As Constituições atuais são prolixas 
(analíticas ou regulamentares), tratando de forma ampla das matérias. 
Tratam também de metas a serem alcançadas, programas de atuação a 
serem seguidos pelo Poder Público. É uma Constituição tipicamente 
dirigente. 
 
DIREITO CONTITUCIONAL 
INTENSIVO I 
 Prof. Marcelo Novelino
 
Acesse: http://materiaisparaconcursos.blogspot.com/ 
Contato: chenqs.hondey@uol.com.br 
15 
 e) maior abertura na interpretação e 
aplicação do Direito: antigamente, a aplicação da norma dava-se por 
meio da subsunção. Tem-se a premissa maior (norma), premissa menor 
(fato) e a conclusão. Isto só é possível em se tratando de regras. Os 
princípios não são aplicáveis mediante a técnica subsuntiva. Fala-se, hoje, 
em ponderação. A doutrina da ponderação aqui aplicada, inclusive pelo STF, 
é a de Robert Alexy. A ponderação é uma espécie de sopesamento e 
balanceamento de princípios. Entra aqui a teoria da argumentação jurídica, 
que complementa a ponderação; 
 f) fortalecimento do Poder Judiciário: antes, 
o Judiciário era visto como o mais fraco dos poderes. Hoje, os 
neoconstitucionalistas costumam dizer que o Poder Judiciário é 
considerado o principal protagonista, pos é ele que vai garantir a 
supremacia constitucional. Luiz Prieto Sanchis descreve o 
constitucionalismo da seguinte forma: “mais princípios do que regras, mais 
ponderação que subsunção, constelação plural de valores consagrados na 
Constituição e onipotência judicial”. 
 
 já se fala 5)Constitucionalismo do futuro:
nesta espécie de constitucionalismo, mas que não é a fase atual 
(contemporâneo). O autor argentino José Roberto Dromi fala deste assunto, 
tentando profetizar quais os valores que as Constituições do futuro irão 
consagrar. Segundo ele, o constitucionalismo do futuro buscará o equilíbrio 
 
DIREITO CONTITUCIONAL 
INTENSIVO I 
 Prof. Marcelo Novelino
 
Acesse: http://materiaisparaconcursos.blogspot.com/ 
Contato: chenqs.hondey@uol.com.br 
16 
entre as concepções dominantes do constitucionalismo moderno e os 
excessos praticados pelo constitucionalismo contemporâneo. Lembre-se da 
máxima de que a virtude está no meio termo. Para Dromi, as Constituições 
do futuro terão sete valores fundamentais: a) verdade: no sentido de não 
estabelece promessas, mas apenas realizações, possíveis de se efetivar; b) 
solidariedade entre os povos; c) consenso; d) continuidade: seguem um certo 
rumo, sem a quebra da lógica do sistema; e) participação mais ativa da 
sociedade na vida política; f) integração: a Constituição é o principal 
elemento de integração da comunidade; g) universalização: no que se refere 
aos direitos fundamentais. 
 
 
PRINCÍPIOS INSTRUMENTAIS 
 
 Princípios Instrumentais não se confundem com 
Princípios Materiais. Os princípios instrumentais são aqueles utilizados na 
interpretação dos princípios materiais. São mecanismos para se interpretar 
os princípios materiais. Materiais são os princípios que consagram valores 
constitucionais, aplicados para a solução de caso concreto. Ex: princípio da 
igualdade é um princípio material; princípio da dignidade da pessoa 
humana é um princípio material. Ambos, por exemplo, embora também 
 
DIREITO CONTITUCIONAL 
INTENSIVO I 
 Prof. Marcelo Novelino
 
Acesse: http://materiaisparaconcursos.blogspot.com/ 
Contato: chenqs.hondey@uol.com.br 
17 
possam ser utilizados para interpretar, são eminentemente valorativos. 
Igualmente, o postulado da moralidade administrativa e material. 
 Para Robert Alexy, norma é gênero, dos quais princípios 
e regras são espécies. As Regras são “mandamentos de definição”, ou seja, 
normas que determinam que algo seja cumprido na medida exata de suas 
prescrições. As regras obedecem a lógica do tudo ou nada. Significa que não 
há como ponderar uma regra. A regra, ou se aplica toda ou não se aplica. 
Esta expressão também é utilizada por Dworkin. As regras são aplicadas 
por meio da técnica de subsunção. Ex: estabilidade no serviço público após 3 
anos; aposentadoria compulsória aos 70 anos; “matar alguém” etc. São 
todas regras, pois não se pondera sobre a conveniência de aplicação da 
norma. Por sua vez, Princípios são, segundo Alexy, “mandamentos de 
otimização”, ou seja, normas que ordenam que algo seja cumprido na maior 
medida possível, de acordo com as possibilidades fáticas e jurídicas 
existentes. O peso do princípio é um peso relativo, pois depende das 
circunstâncias do caso concreto. Os princípios obedecem a lógica do mais ou 
menos. São protegidos em diferentes medidas. Os princípios aplicam-se por 
meio da ponderação, que é o sopesamento dos princípios. A ponderação é 
subjetiva. Ex: STF julgou HC sobre anti-semitismo (preconceito contra 
judeus). No HC, o paciente afirmou que judeu não era raça, e que deveria 
prevalecer o direito à liberdade de expressão. Nesse caso, Gilmar Mendes 
ponderou os princípios da dignidade dos judeus e da liberdade de 
expressão de pensamento, e deu prevalência ao primeiro. Já o Min. Marco 
Aurélio fez a mesma ponderação e chegou a resultado completamente 
oposto. 
 
DIREITO CONTITUCIONAL 
INTENSIVO I 
 Prof. Marcelo Novelino
 
Acesse: http://materiaisparaconcursos.blogspot.com/ 
Contato: chenqs.hondey@uol.com.br 
18 
 Para Humberto Ávila, regras são normas imediatamente 
descritivas, de comportamentos devidos ou atributivos de poder. Já os 
princípios são normas que estabelecem determinados fins a serem 
buscados, consagrando valores a serem alcançados pela sociedade. Ávila 
acrescenta, ainda, uma terceira categoria, que seriam os postulados 
normativos. São metas normas que estabelecem um dever de segundo grau, 
consistenteem estabelecer a estrutura de aplicação e prescrever modos de 
raciocínio e argumentação em relação a outras normas. Veja-se que o que 
Ávila chama de postulados normativos assemelha-se com os princípios 
instrumentais. São deveres de segundo grau justamente porque servem 
para interpretar e argumentar em cima da norma de primeiro grau, que 
seria a norma aplicável ao caso concreto (princípios materiais). 
 Os autores que elaboraram o catálogo de princípios 
instrumentais são Friedrich Muller e Konrad Hesse. No entanto, foi 
Canotilho quem primeiro falou em língua portuguesa. Os princípios 
instrumentais são os seguintes: 
 
 1) PRINCÍPIO DA UNIDADE: a Constituição 
deve ser interpretada de forma a evitar contradições (antinomia, antagonia) 
entre as suas normas. Ou seja, a Constituição deve ser interpretada como 
um todo, de forma sistemática e contextual. Tal postulado é uma 
especificação da interpretação sistemática. Ex: direito de propriedade e 
função social da propriedade. Cabe ao intérprete harmonizar ambos os 
 
DIREITO CONTITUCIONAL 
INTENSIVO I 
 Prof. Marcelo Novelino
 
Acesse: http://materiaisparaconcursos.blogspot.com/ 
Contato: chenqs.hondey@uol.com.br 
19 
preceitos, de modo a evitar antinomia. *Este princípio afasta a tese de Otto 
Bachof, que, em seu livro “Normas constitucionais inconstitucionais”, 
defende a existência de normas constitucionais hierarquicamente 
superiores e inferiores em uma mesma Constituição. Logo, havendo 
incompatibilidade entre elas, as inferiores podem ser declaradas 
inconstitucionais. Trata-se de uma tese referente às próprias normas feitas 
pelo Poder Constituinte Originário. Isto porque se sabe a possibilidade de 
fazer controle de constitucionalidade de Emenda Constitucional. 
Recentemente, o Partido Social Cristão sustentou esta tese, pedindo ao STF 
declarar inconstitucional a norma do art. 14 da CRFB. Sustentou que este 
dispositivo era hierarquicamente inferior ao princípio da igualdade, do 
sufrágio universal e da não discriminação, devendo ser declarada 
inconstitucional. Nada obstante, o Min. Cezar Peluso extinguiu de plano o 
processo pela impossibilidade jurídica do pedido, haja vista que inexiste 
hierarquia entre normas constitucionais originárias. É justamente o 
postulado da unidade que afasta a tese de hierarquia entre normas 
constitucionais; 
 
 2) PRINCÍPIO DO EFEITO INTEGRADOR:
alguns autores nem colocam este princípio como autônomo, pois liga-se 
diretamente com o princípio da unidade. Nas resoluções de problemas 
jurídico-constitucionais, deve ser dada primazia aos critérios que 
favoreçam a integração política e social, produzindo um efeito criador 
 
DIREITO CONTITUCIONAL 
INTENSIVO I 
 Prof. Marcelo Novelino
 
Acesse: http://materiaisparaconcursos.blogspot.com/ 
Contato: chenqs.hondey@uol.com.br 
20 
e conservador da unidade. É uma especificação do princípio da unidade, 
porque trata da unidade no âmbito político e social; 
 
 3) PRINCÍPIO DA CONCORDÂNCIA 
 também está ligado ao postulado PRÁTICA OU HARMONIZAÇÃO:
da unidade. A unidade é utilizada quando, abstratamente, existe tensão 
entre normas constitucionais. Quando se tem um conflito no caso concreto, 
por sua vez, chamado de colisão, utiliza-se o princípio da concordância 
prática ou harmonização. Assim, cabe ao intérprete coordenar e 
combinar os bens jurídicos em conflito, realizando uma redução 
proporcional do âmbito de aplicação de cada um deles. Não se deve 
sacrificar totalmente um em detrimento do outro. Ambos devem ser 
aplicados proporcionalmente. Ex: privacidade x informação. Quando for 
possível, deve haver a sub existência de ambos princípios colidentes, 
reduzindo-os proporcionalmente; 
 
 4) PRINCÍPIO DA RELATIVIDADE OU 
 refere-se apenas CONVIVÊNCIA DAS LIBERDADES PÚBLICAS:
aos princípios, e não às regras. Este postulado diz que não existem 
princípios absolutos, pois todos encontram limites em outros 
princípios também consagrados na Constituição. Para que as 
liberdades publicam possam conviver, elas devem ser relativas. 
 
DIREITO CONTITUCIONAL 
INTENSIVO I 
 Prof. Marcelo Novelino
 
Acesse: http://materiaisparaconcursos.blogspot.com/ 
Contato: chenqs.hondey@uol.com.br 
21 
Contrariando este princípio, muitos autores dizem que a dignidade da 
pessoa humana é absoluta. A ADPF 54, em trâmite no STF, discute a questão 
do aborto de feto anencefálico. O interessante é que o argumento de ambas 
as teses é a proteção da dignidade humana. Mas veja que um dos dois lados 
terá que ceder. Daí parece que a dignidade da pessoa humana não é 
absoluta. Deve-se lembrar, aqui, que as regras podem, sim, ser absolutas. A 
proibição de torturas, por exemplo, não é princípio. Logo, não se pondera. 
Isto é uma regra. Aplica-se ou não se aplica, da maneira do tudo ou nada. 
Igualmente se dá com a proibição do trabalho escravo; 
 
 não é 5) PRINCÍPIO DA FORÇA NORMATIVA:
um critério de interpretação, mas sim um apelo ao intérprete. Significa que 
na interpretação da Constituição, deve ser dada preferência às 
soluções densificadoras de suas normas, que as tornem mais eficazes e 
permanentes. Encontra-se muito este postulado no STF para afastar 
interpretações divergentes da Constituição. Isto porque interpretações 
divergentes afastam a força normativa da Constituição. Ex: relativização da 
coisa julgada inconstitucional. Para o STF, mesmo que tenha transitado em 
julgado uma decisão de um juiz, se ela contrariar o STF, cabe ação rescisória 
para relativizar a coisa julgada, uma vez que a divergência afeta a força 
normativa da Constituição. Aplicável a toda a CF. 
 
 
DIREITO CONTITUCIONAL 
INTENSIVO I 
 Prof. Marcelo Novelino
 
Acesse: http://materiaisparaconcursos.blogspot.com/ 
Contato: chenqs.hondey@uol.com.br 
22 
 6) PRINCÍPIO DA MÁXIMA EFETIVIDADE:
está ligado diretamente aos direitos fundamentais. Invocado no âmbito dos 
direitos fundamentais, impõe lhe seja conferido o sentido que lhes dê a 
maior efetividade possível. Ao interpretá-los é preciso que seja dada a 
maior eficácia possível para atingir sua função social. Para alguns autores 
este princípio é encontrado no art. 5º, § 1º, da CF. *O conceito desse 
princípio é basicamente o mesmo do principio da força normativa, mas 
neste, o apelo é feito em toda CF e o da máxima efetividade tem apelo 
apenas aos direitos fundamentais. 
 
 7) Princípio da “Justeza” ou Conformidade 
 não confundir justeza com justiça. Justeza é no sentido de Funcional:
ajuste. Impõe aos órgãos encarregados da interpretação constitucional 
cuidados para não chegar a resultado que subverta ou perturbe o 
esquema organizatório funcional estabelecido pela Constituição. O 
principal destinatário é o STF, pois é o Tribunal Constitucional. Cada Poder 
deve agir conforme as funções que lhe foram atribuídas. Ex: art. 52, X, da CF 
(papel do Senado). 
 
 8) Princípio da Proporcionalidade 
 no Brasil, também costuma ser chamado de Princípio da (Alemanha):
Razoabilidade (vide Livro: Teoria dos Princípios – Humberto Ávila). A 
 
DIREITO CONTITUCIONAL 
INTENSIVO I 
 Prof. Marcelo Novelino
 
Acesse: http://materiaisparaconcursos.blogspot.com/ 
Contato: chenqs.hondey@uol.com.br 
23 
maioria da doutrina não distingue proporcionalidade de razoabilidade, 
tratando-os como se fossem idênticos. A principal distinção entre a 
nomenclatura varia de acordo com a formação dos autores que falam sobre 
o assunto. No direito germânico se fala em proporcionalidade. Mas quem 
tem influencia do direito norte-americano fala em razoabilidade, mas não 
há diferença de conteúdo; apenasde nomenclatura. Este termo 
“proporcional” é encontrado em vários dispositivos constitucionais (ex: 
direito de resposta proporcional ao agravo), mas o princípio, em si, não está 
expresso na Constituição da República. Trata-se, portanto, de um princípio 
implícito, abstraído de norma expressa. 
 Existem 3 teorias principais que falam sobre a origem 
deste princípio (local de onde pode ser extraído): a) está implícito no 
sistema de direitos fundamentais. Se tais direitos foram criados para limitar 
o poder do Estado, este não pode praticar atos desproporcionais. Qualquer 
medida estatal que não seja proporcional será violadora de direitos 
fundamentais. É um entendimento pouco usado no Brasil; b) vem do regime 
germânico: o princípio da proporcionalidade seria deduzido do princípio do 
Estado de Direito; c) o princípio da proporcionalidade pode ser 
deduzido da cláusula do Devido Processo Legal, em seu caráter 
substantivo, ou seja, deriva do art. 5º, LIV, da CRFB. É o entendimento 
geralmente cobrado nos concursos. É o entendimento do STF. 
 *Concretização do Princípio da Proporcionalidade por 
meio da doutrina: “Máximas Parciais” (teoria de Alexy): o princípio da 
proporcionalidade sofreu uma densificação, uma concretização, que 
 
DIREITO CONTITUCIONAL 
INTENSIVO I 
 Prof. Marcelo Novelino
 
Acesse: http://materiaisparaconcursos.blogspot.com/ 
Contato: chenqs.hondey@uol.com.br 
24 
chamaremos de máximas parciais. Essas máximas parciais, segundo Alexy, 
tem caráter de regra. A proporcionalidade seria mesmo um princípio? Para 
Alexy a proporcionalidade não é considerada princípio. Isto porque você 
não pondera a proporcionalidade com outros princípios. A 
proporcionalidade não é objeto de ponderação. É, na verdade, um critério 
aferidor da legitimidade de determinados atos praticados pelos Poderes 
Públicos. Proporcionalidade é uma máxima e não um princípio. Máxima tem 
o mesmo sentido de postulado normativo, ou seja, utiliza a 
proporcionalidade para verificar a aplicação de outros princípios. Em suma, 
não se pondera o princípio da proporcionalidade com os demais para ver 
qual tem maior peso. Utiliza-se a proporcionalidade como critério aferidor. 
Ex: liberdade de expressão x intimidade – proporcionalidade é utilizada 
como critério para fazer a ponderação. 
 As máximas parciais decorrentes da proporcionalidade 
são: 
 significa uma relação entre meio e fim. Para 1) adequação:
que um ato seja proporcional, o meio utilizado pelo Poder Público tem que 
ser um meio apto para atingir o fim almejado. Não sendo o meio idôneo, 
ele será inadequado e, portanto, desproporcional. 
Ex: o prefeito expede um decreto durante o carnaval para impedir 
a venda de bebida alcoólica, com a finalidade de reduzir a contaminação 
pelo vírus HIV. Veja que não há relação de adequação entre a medida 
utilizada e o fim almejado, sendo, pois, desproporcional. Ao revés, a 
 
DIREITO CONTITUCIONAL 
INTENSIVO I 
 Prof. Marcelo Novelino
 
Acesse: http://materiaisparaconcursos.blogspot.com/ 
Contato: chenqs.hondey@uol.com.br 
25 
proibição de venda das bebidas alcoólicas nas partidas de futebol, para 
reduzir a violência dentro dos estádios é adequada. Ora, ao ingerirem álcool 
as pessoas ficam mais valentes. A medida está apta a atingir o fim almejado, 
não podendo ser considerada uma medida inadequada e desproporcional; 
2) necessidade ou exigibilidade ou Princípio da 
 (embora Alexy diga que é regra): para se Menor Ingerência Possível
atingir um determinado fim, pode-se ter vários meios aptos. Quando se fala 
em necessidade, significa que dentre os vários meios existentes, deve-se 
optar por aquele que seja menos gravoso possível às liberdade 
individuais. 
Ex: para diminuir violência dos estádios eu proíbo a ida em 
partidas de futebol. O meio é apto (atinge o fim almejado), mas não é um 
meio razoável (não tem sentido). São medidas excessivamente gravosas e, 
portanto, desproporcionais. De certa forma, isto acaba sendo uma 
intervenção no mérito do ato administrativo, o que é possível atualmente. 
Ex: ADIn nº 4103 - foi proposta pela ABRASEL- questiona a violação da 
regra da necessidade. Quando o Judiciário vai analisar o critério, tem que 
ser prudente, não podendo substituir a vontade do legislador pela sua, 
bastando dizer se o meio utilizado foi legítimo. Se o Judiciário começar a 
querer substituir o legislador, ele violará a conformidade funcional (não 
tem dever de estabelecer normas jurídicas, mas dizer se aquela norma viola 
ou não a Constituição). Assim, em havendo dois meios razoáveis possíveis, o 
Judiciário não vai interferir; 
 
DIREITO CONTITUCIONAL 
INTENSIVO I 
 Prof. Marcelo Novelino
 
Acesse: http://materiaisparaconcursos.blogspot.com/ 
Contato: chenqs.hondey@uol.com.br 
26 
3) proporcionalidade em sentido estrito: corresponde à 
ponderação, sendo para Alexy, portanto, uma regra de aplicação dos 
princípios. A proporcionalidade em sentido estrito (ou ponderação) é uma 
relação entre o custo da medida tomada e os benefícios trazidos por ela. 
Se a medida trouxer maiores benefícios do que custos, será proporcional. 
Caso contrário, será desproporcional. 
 *Para que o ato seja proporcional, o meio tem que ser 
adequado para o fim almejado. Além da adequação, o meio tem que ser o 
menos gravoso possível e o custo da medida ser menor do que o benefício. 
Para Alexy, essas três regras são inferidas do caráter lógico dos princípios. 
Ademais, sendo os princípios mandamentos de otimização (normas que 
obrigam que algo seja cumprido na maior medida possível conforme as 
possibilidades fáticas e jurídicas existentes), Alexy diz que a adequação e a 
necessidade decorrem do fato dos princípios serem mandamentos de 
otimização em relação às possibilidades fáticas e a proporcionalidade em 
sentido estrito em relação às possibilidades jurídicas (nesse ultimo, quer 
dizer que precisa ser feita uma ponderação entre os princípios para ver 
qual medida traz maiores benefícios à sociedade do que custos). 
 *Parte da doutrina faz distinção entre Proibição de 
Excesso e Proibição de Insuficiência (relacionado ao princípio da 
proporcionalidade). Se um ato é excessivo, não é proporcional. Da mesma 
maneira, se for insuficiente também será desproporcional. Quando se fala 
em proibição de excesso, tem por finalidade evitar cargas coativas 
excessivas na esfera jurídica dos particulares, ou seja, de se evitar medidas 
 
DIREITO CONTITUCIONAL 
INTENSIVO I 
 Prof. Marcelo Novelino
 
Acesse: http://materiaisparaconcursos.blogspot.com/ 
Contato: chenqs.hondey@uol.com.br 
27 
excessivas que possam violar direitos individuais. Cargas excessivas 
coativas estão diretamente ligadas à regra da necessidade (2ª regra da 
proporcionalidade). Por sua vez, a proibição de insuficiência impõe aos 
poderes públicos sejam tomadas medidas adequadas e suficientes para 
tutelar os direitos fundamentais. Está relacionada à primeira regra de 
proporcionalidade (adequação), de modo que se o meio não for apto para 
atingir o fim almejado, será insuficiente. 
 
 
 
CONTROLE DE 
CONSTITUCIONALIDADE 
 
Teoria Geral 
 A primeira ideia aqui é a de Supremacia da Constituição. 
Existem 2 sentidos em que a supremacia pode ser utilizada: material e 
formal. A supremacia material se preocupa com a matéria, substância. 
Decorre do fato da Constituição estabelecer os fundamentos do Estado, 
atribuir competências aos Poderes Públicos e assegurar direitos 
fundamentais. As normas que tratam destes três temas (estrutura do 
 
DIREITO CONTITUCIONAL 
INTENSIVO I 
 Prof. Marcelo Novelino
 
Acesse:http://materiaisparaconcursos.blogspot.com/ 
Contato: chenqs.hondey@uol.com.br 
28 
Estado, organização dos poderes e direitos fundamentais) são chamadas 
normas materialmente constitucionais. A doutrina diz que a Constituição 
tem uma supremacia de conteúdo, exatamente por tratar destes três temas. 
Toda Constituição, seja rígida ou flexível, possui esta supremacia material. 
Por sua vez, a supremacia formal está ligada à forma, ao procedimento. Para 
que uma Constituição tenha supremacia formal sobre as leis tem que ser 
rígida, de difícil alteração através de um procedimento mais complexo. Em 
suma, o que caracteriza a rigidez constitucional é o processo de elaboração 
mais solene, mais complexo do que o processo legislativo ordinário. É 
exatamente daqui que decorre o controle de constitucionalidade, para 
assegurar a supremacia da constituição. 
 No que tange à hierarquia entre normas, existe 
hierarquia entre Lei Ordinária e Lei Complementar? Hoje, o entendimento 
uniforme do STJ e do STF é de que não existe hierarquia entre estas leis, 
pois ambas retiram o seu fundamento de validade da Constituição. A 
matéria é que serão distintas, apenas. Quando a matéria tiver que ser 
regulada por lei complementar, haverá texto expresso da constituição para 
tanto; caso não fale nada deverá ser feito por lei ordinária (residual). Estas 
leis têm duas diferenças básicas: material (quanto à matéria tratada) e 
formal (procedimento de elaboração – quórum de votação. Enquanto a lei 
ordinária, para ser aprovada, precisa de maioria simples, vale dizer, mais de 
50% dos presentes na sessão – art. 49, CRFB -, a lei complementar exige 
maioria absoluta, vale dizer, mais de 50% dos membros da Casa – art. 69, 
CRFB). Em nenhuma hipótese, as matérias reservadas à lei complementar 
poderão ser tratadas por outros atos normativos (lei ordinária, medida 
 
DIREITO CONTITUCIONAL 
INTENSIVO I 
 Prof. Marcelo Novelino
 
Acesse: http://materiaisparaconcursos.blogspot.com/ 
Contato: chenqs.hondey@uol.com.br 
29 
provisória, lei delegada), sob pena de ser considerada inconstitucional 
(formalidade violada). Por outro lado, se uma lei complementar tratar de 
matéria de lei ordinária (residual), ela não deverá ser invalidada por uma 
questão de economia legislativa. No entanto, esta lei, apesar de ser 
formalmente complementar, será materialmente ordinária. Tem-se que o 
procedimento da lei complementar é mais complexo que o da lei ordinária, 
e, portanto, engloba o quorum exigido para a lei ordinária. Por uma questão 
de economia legislativa é aceita esta possibilidade. *Quando uma lei é 
formalmente complementar, mas materialmente ordinária, pode ser 
revogada por lei ordinária. Cuidado com isso! É possível, pois, uma lei 
ordinária revogar uma lei complementar, desde que esta seja 
materialmente ordinária. 
 Relativamente à hierarquia entre leis federais, estaduais 
e municipais, tem-se que: não existe qualquer hierarquia entre estas leis, 
porque o fundamento de validade de todas elas está na Constituição da 
República. A conseqüência é que, se não existe hierarquia, não há 
prevalência entre elas. Havendo conflito entre uma e outra, ele será 
resolvido através da Constituição, analisando qual competência foi invadida 
pelas normas (art. 22 trata da competência da União; art. 25, § 1º trata da 
competência dos Estados; art. 30 trata da competência dos Municípios). Ex: 
lei federal que fale sobre questão municipal - esta lei é inconstitucional. 
Igualmente, assim será a lei municipal que trata de Direito Penal, matéria 
reservada à União. *O Tribunal competente para julgar, em última instância, 
conflito entre lei federal e lei municipal é o STF, art. 102, III, ‘d’, da CRFB, 
através de recurso extraordinário. Antes da Emenda 45, era o STJ (guardião 
 
DIREITO CONTITUCIONAL 
INTENSIVO I 
 Prof. Marcelo Novelino
 
Acesse: http://materiaisparaconcursos.blogspot.com/ 
Contato: chenqs.hondey@uol.com.br 
30 
da legislação federal). A impressão que dava era que lei federal prevalece 
sobre estadual, o que era um equivoco. A Emenda 45 corrigiu isso – art. 102, 
III,”d”, da CRFB – se lei local é contestada em face de lei federal quem 
decidirá em ultima instância é o STF. Veja que se existisse hierarquia entre 
as leis seria o STJ, mas a emenda corrigiu isso, já que se trata de matéria 
constitucional. 
 Quanto à hierarquia entre normas gerais e normas 
específicas, tem-se que existe, sim, hierarquia entre estas normas, porque se 
se tem uma norma geral, o conteúdo da norma específica não pode 
contrariar o conteúdo da norma geral. É razão de subordinação de 
conteúdo, portanto. Ex: CTN é norma geral. Deste modo, as normas de 
Direito Tributário devem observância às normas gerais do CTN, uma vez 
que a lei específica tem seu conteúdo subordinado pelas diretrizes gerais da 
norma geral. Caso a lei específica colida com a normal geral, há violação 
direta à lei e indireta à Constituição. 
 *Por fim, quanto aos Tratados Internacionais, temos o 
seguinte: Quando a Constituição de 1988 entrou em vigor, o STF adotava o 
entendimento de que todo e qualquer tratado internacional tinha o status 
de lei ordinária. No entanto, alguns autores internacionalistas (Flávia 
Piovesan, Celso Lafer, Cançado Trindade) começaram a sustentar que nem 
todos os tratados tinham o status de lei ordinária, dizendo que apenas 
aqueles que não tratam de direitos humanos que tem status de lei ordinária; 
caso sejam relacionados aos direitos humanos (direitos fundamentais), têm 
status de norma constitucional, com observância do art. 5º, § 2º, da CRFB. É 
 
DIREITO CONTITUCIONAL 
INTENSIVO I 
 Prof. Marcelo Novelino
 
Acesse: http://materiaisparaconcursos.blogspot.com/ 
Contato: chenqs.hondey@uol.com.br 
31 
uma concepção material dos direitos fundamentais. Esta tese chegou a ter 
repercussão em alguns tribunais brasileiros, mas o STF manteve seu 
entendimento anterior (lei ordinária). Diante disso, a Emenda nº 45/2004 
introduziu ao art. 5º da CRFB o § 3º, dizendo que se o tratado internacional 
for de direitos humanos (aspecto material) e observar o quorum exigido 
(aspecto formal), terá status de Emenda Constitucional. Após isto, o STF, no 
RE 466.343/SP, prevalecendo o entendimento de Gilmar Mendes, conferiu 
aos tratados internacionais uma tríplice hierarquia: 
a) tratados internacionais, que forem de direitos humanos e 
aprovados segundo o quorum do § 3º, terão status de Emenda Constitucional. 
Ex: Convenção sobre os direitos das pessoas portadoras de deficiências 
(incorporado ao direito brasileiro pelo Dec. 6949/09); 
b) se o tratado for de direitos humanos, mas não for aprovado por 
aquele quorum (anteriores à Emenda 45, como por ex. o Pacto de São José da 
Costa Rica, feita por meio de lei ordinária), vai ter status supralegal, ou seja, 
vai estar acima da lei e abaixo da Constituição; 
c) qualquer tratado que não seja de direitos humanos, terá status de 
lei ordinária. 
 O art. 5º, LXVII, da CRFB, fala da prisão civil por dívida 
(dívida alimentícia e depositário infiel). Neste caso, é preciso que lei 
infraconstitucional regulamente a prisão civil. O Decreto-lei 911/69 
(recepcionado pela Constituição de 1988 como lei ordinária) falava da 
prisão do depositário infiel. Só que o Brasil assinou o Pacto de São José da 
 
DIREITO CONTITUCIONAL 
INTENSIVO I 
 Prof. Marcelo Novelino
 
Acesse: http://materiaisparaconcursos.blogspot.com/ 
Contato: chenqs.hondey@uol.com.br 
32 
Costa Rica, em que só haverá prisão civil por ocasião da obrigação 
alimentar. Como o STF entendeu que este pacto tem caráter de norma 
supralegal, ou seja,superior ao decreto (lei infraconstitucional), não poderá 
mais haver prisão do depositário infiel. Em outras palavras, como a pessoa, 
para ser presa, necessita dessa regulamentação infraconstitucional, estando 
essa lei abaixo do pacto (supralegal), não pode haver mais previsão de 
prisão do depositário infiel (o pacto só permite no caso de obrigação 
alimentar). É o entendimento da Súmula Vinculante nº 25. É como se o 
pacto criasse um bloqueio, impedido a regulamentação em razão dessa 
prisão. Ele não está violando a CF? Não, porque ele está ampliando um 
direito (liberdade), embora alguns entendam que há redução de um direito 
fundamental do credor. Predomina a posição do STF, no sentido de que 
prevalece o Pacto. 
 
Parâmetro (Normas de referência) para o 
Controle de Constitucionalidade 
 Parâmetro é a norma da Constituição. O objeto do 
controle, por sua vez, é o ato que vai ser submetido ao controle de 
constitucionalidade. Ex: a lei não é parâmetro do controle, mas sim objeto 
de controle. Ex: vedação da progressão do regime viola individualização da 
pena - o objeto é a lei de crimes hediondos. No Brasil, o parâmetro para o 
controle de constitucionalidade são as normas formalmente constitucionais. 
Formalmente, a Constituição Brasileira pode ser dividida em 3 partes: 
preâmbulo, normas permanentes (todo o texto) e o ADCT. Destes, somente 
 
DIREITO CONTITUCIONAL 
INTENSIVO I 
 Prof. Marcelo Novelino
 
Acesse: http://materiaisparaconcursos.blogspot.com/ 
Contato: chenqs.hondey@uol.com.br 
33 
servem de parâmetro para o controle as normas permanentes e o ADCT. Ou 
seja, o preâmbulo não serve, porque não é norma jurídica (segundo o STF). 
Uma lei não pode ser declarada inconstitucional por ter violado o 
preâmbulo, pois preâmbulo não vincula. É a tese da irrelevância jurídica do 
preâmbulo. *Ex: o único Estado brasileiro que não coloca no preâmbulo “sob 
a proteção de Deus” é o Acre. Ajuizaram no STF uma ADI questionando o 
preâmbulo da Constituição Estadual do Acre, porque violava o preâmbulo 
da Constituição da República. O STF disse que preâmbulo não é norma de 
observância obrigatória, muito menos norma jurídica, não podendo obrigar 
outras Constituições. Para que serve, então, o preâmbulo? O preâmbulo é 
importante para interpretação da CF, consubstanciando-se em uma diretriz 
hermenêutica. No preâmbulo, há os valores supremos da sociedade, de 
modo que o intérprete deve observar esses valores supremos. Isso não é 
unânime na doutrina. *Os princípios expressos e também os princípios 
implícitos são considerados normas formalmente constitucionais, servindo, 
pois, de parâmetro para o controle. Assim é que o princípio da 
proporcionalidade (princípio implícito, deduzido de normas expressas da 
Constituição) pode ser utilizado como parâmetro. Além do texto da 
Constituição, os tratados internacionais de direitos humanos, aprovados 
por 3/5, em dois turnos (como Emenda Constitucional, portanto) são 
parâmetros de controle (normas de referência). 
 O Ministro do STF Celso de Melo utiliza, dentro do 
estudo do parâmetro, a expressão bloco de constitucionalidade. Foi 
utilizada na ADI 514/PI e ADI 595/ES, mas foi criada pelo francês Louis 
Favoreu para designar todas as normas que tenham valor constitucional. 
 
DIREITO CONTITUCIONAL 
INTENSIVO I 
 Prof. Marcelo Novelino
 
Acesse: http://materiaisparaconcursos.blogspot.com/ 
Contato: chenqs.hondey@uol.com.br 
34 
Não existe um consenso sobre o que vai integrar o bloco de 
constitucionalidade. Na França, por exemplo, fazem parte desse bloco de 
constitucionalidade não apenas a Constituição Francesa de 1958 (atual 
Constituição), mas também o preâmbulo da Constituição Francesa anterior 
(de 1946), além da Declaração Universal dos Direitos do Homem e do 
Cidadão (Revolução francesa de 1789). Igualmente, entram os princípios 
criados pelo Conselho Constitucional (órgão de cúpula que existe na França. 
Não é órgão do Judiciário, mas ele serve de ultima instancia tanto da 
jurisdição judicial quanto administrativa). Esta expressão que surgiu na 
França passou a ser difundida em vários países, mas cada país adota essa 
expressão em um sentido. No Brasil, temos duas vertentes acerca do bloco 
de constitucionalidade: a) em sentido estrito: a expressão abrange apenas as 
normas formalmente constitucionais, que são as normas expressas e o 
princípios implícitos (Canotilho defende esta ideia de incluir os princípios 
implícitos no bloco de constitucionalidade. Para o autor português, 
ademais, bloco de constitucionalidade é sinônimo de parâmetro ou norma 
de referência); b) em sentido amplo: a expressão abrange, também, além das 
normas formalmente constitucionais, as normas vocacionadas a 
desenvolver a eficácia dos princípios consagrados na Constituição. Ex: lei de 
moradia, que regulamenta um direito fundamental social, expresso na 
Constituição, também entraria no bloco de constitucionalidade. *Na maioria 
das vezes, bloco de constitucionalidade é utilizado como sinônimo de 
parâmetro para o controle de constitucionalidade. 
 
 
DIREITO CONTITUCIONAL 
INTENSIVO I 
 Prof. Marcelo Novelino
 
Acesse: http://materiaisparaconcursos.blogspot.com/ 
Contato: chenqs.hondey@uol.com.br 
35 
 
FORMAS DE INCONSTITUCIONALIDADE 
 
Quando se fala em ato do Poder Público, fala-se em objeto ou 
parâmetro do Controle? 
 
1. Quanto ao Tipo de Conduta (Objeto do Controle de 
Constitucionalidade) 
 
1.1 Inconstitucionalidade por Ação – STF: 
 O Poder Público age, toma 1 conduta em contrariedade 
com a CF. 
 
 ADI 
 ADC 
 ADPF 
 
 
 
DIREITO CONTITUCIONAL 
INTENSIVO I 
 Prof. Marcelo Novelino
 
Acesse: http://materiaisparaconcursos.blogspot.com/ 
Contato: chenqs.hondey@uol.com.br 
36 
1.2 Inconstitucionalidade por Omissão 
 O Poder Público deixa de praticar 1 conduta exigida pela 
Constituição. A CF tem 1 norma diretamente dirigida ao PP, para editar 1 
norma para regular determinada situação. Geralmente ocorre quando há 1 
Norma Constitucional de Eficácia Limitada. Conduta omissiva 
inconstitucional. 
 ADO (controle concentrado) 
 MI (controle difuso, concreto) 
* Erosão Constitucional 
 
 Celso de Melo: Fenômeno da Erosão Constitucional 
(ADI 1.484/DF) – ligado à omissão inconstitucional dos Poderes Públicos. 
Consiste no perigoso processo de desvalorização funcional da CF. Karl 
Loewenstein. Se a norma constitucional precisa de 1 norma para ter 
efetividade, à medida em que ela não é editada, isso causa 1 erosão da CF, 
porque, na prática, ela não se aplica. 
 
2. Quanto à Norma ofendida (Parâmetro para o Controle de 
Constitucionalidade) 
 
 
DIREITO CONTITUCIONAL 
INTENSIVO I 
 Prof. Marcelo Novelino
 
Acesse: http://materiaisparaconcursos.blogspot.com/ 
Contato: chenqs.hondey@uol.com.br 
37 
2.1 Inconstitucionalidade Formal 
 Ligada à formalidade, processo ou procedimento. A 
norma ofendida estabelece 1 competência, 1 formalidade ou 1 
procedimento. 
 
 Subjetiva 
- Sujeito competente para o ato 
 
 Objetiva 
- Quórum de votação 
- Turnos de votação 
 
2.2 Inconstitucionalidade Material 
Violação à norma que estabelece direitos e deveres. 
STF – HC 82.959 – vedação da progressão de regime, nos crimes 
hediondos, violava o princípio da individualização da pena, norma que 
estabelece 1 direito fundamental. 
 
 
DIREITO CONTITUCIONAL 
INTENSIVO I 
 Prof. Marcelo Novelino
 
Acesse: http://materiaisparaconcursos.blogspot.com/ 
Contato: chenqs.hondey@uol.com.br 
38 
Inconstitucionalidade Formal Subjetiva: preocupa-se

Outros materiais

Perguntas Recentes