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Aula 01 PAPEL DO PEDAGOGO NAS ORGANIZAÇÕES

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Aula 01 PAPEL DO PEDAGOGO NAS ORGANIZAÇÕES
Disciplina: Pedagogia nas Instituições não Escolares
(p.2) 
OBJETIVO DESTA AULA
Ao final desta aula, você será capaz de:
1. Identificar o papel do pedagogo nas instituições e seus diferentes lócus de atuação;
2. distinguir a natureza do trabalho pedagógico nas organizações; 
3. planejar, executar, coordenar/acompanhar e/ou avaliar a ação educativa;
4. conceituar Pedagogia e trabalho pedagógico, diferenciando este do trabalho docente e escolar;
5. reconhecer que o trabalho do pedagogo poderá ocorrer em qualquer organização onde quer que haja uma prática pedagógica sistematizada.
(p.3)
O atual cenário mundial é marcado por inúmeras mudanças: avanços tecnológicos, globalização econômica e sociocultural; aumento da competitividade e das incertezas econômicas; degradação ambiental; incremento dos espaços de comunicação e interação social, entre outros aspectos. O conjunto dessas mudanças faz com que sejam ampliadas, em várias esferas da prática social, a produção e a disseminação de saberes e modos de ação (conhecimentos, conceitos, habilidades, hábitos, procedimentos, crenças, atitudes), o que envolve a expansão das práticas pedagógicas na sociedade.
Anexo:
 Assim é possível afirmar como Libâneo (2001, p.3 -4) que: 
A sociedade atual é eminentemente pedagógica, ao ponto de ser chamada de sociedade do conhecimento. Vejamos alguns exemplos. Está se acentuando o poder pedagógico dos meios de comunicação: TV, imprensa, escrita, rádio, revistas, quadrinhos. A mídia se especializa em fazer cabeças, não apenas no campo econômico, político; especialmente no campo moral, vemos diariamente a veiculação de mensagens educativas, a disseminação de saberes e modos de agir através de programas, vinhetas e chamadas sobre educação ambiental, AIDS, drogas, saúde. Há práticas pedagógicas nos jornais, nas rádios, na produção de material informativo, tais como livros didáticos e paradidáticos, enciclopédias, guias de turismo, mapas, vídeos, revistas; na criação e elaboração de jogos, brinquedos; nas empresas, há atividades de supervisão do trabalho, orientação de estagiários, formação profissional em serviço. Há uma prática pedagógica nas academias de educação física, nos consultórios clínicos. Na esfera dos serviços públicos estatais, são disseminadas várias práticas pedagógicas de assistentes sociais, agentes de saúde, agentes de promoção social nas comunidades etc. São práticas tipicamente pedagógicas. Os programas sociais de medicina preventiva, informação sanitária, orientação sexual, recreação, cultivo do corpo, assim como práticas pedagógicas em presídios, hospitais, projetos culturais são ampliados. [...] Ano a ano aumenta o número de congressos, simpósios, seminários. São desenvolvidas, em todo o lugar, iniciativas de formação continuada nas escolas, nas indústrias. As empresas reconhecem a necessidade de formação geral como requisito para enfrentamento da intelectualização do processo produtivo. O mundo assiste hoje à 3.a Revolução Industrial, caracterizada pela internacionalização da economia, por inovações tecnológicas em vários campos, como a informática, a microeletrônica, a bioenergética. Essas transformações tecnológicas e científicas levam à introdução, no processo produtivo, de novos sistemas de organização do trabalho, mudança no perfil profissional e novas exigências de qualificação dos trabalhadores, o que acaba afetando o sistema de ensino. Não é casual que parcela do empresariado, surpreendentemente, esteja redescobrindo o papel da escola na formação geral, para além do interesse pela requalificação profissional. De fato, com a “intelectualização” do processo produtivo, o trabalhador não pode mais ser improvisado. São requeridas novas habilidades, mais capacidade de abstração, de atenção, um comportamento profissional mais flexível. Para tanto, a necessidade de formação geral se repõe, implicando reavaliação dos processos de aprendizagem, familiarização com os meios de comunicação e com a informática, desenvolvimento de competências comunicativas, de capacidades criativas para análise de situações novas e cambiantes, capacidade de pensar e agir com horizontes mais amplos. 
A educação penetra na sociedade, ocorrendo, assim, uma diversificação da ação pedagógica, que atravessa todo o tecido social, mediante modalidades de educação informais e não-formais, extrapolando o âmbito da escola.
(p.4)
A Natureza e a Identidade da Pedagogia
Pedagogia: ciência da educação. Seu objeto de estudo e sua relação com as demais ciências da educação.
A pedagogia é uma área de conhecimento que investiga a realidade educativa. Muitos autores, como Pimenta (1996) e Mazzotti (1996), afirmam que a pedagogia deve ser considerada como ciência, distinta das demais ciências da educação, porém a elas articulada.
As chamadas ciências da educação correspondem aos estudos das ciências sociais aplicados ao campo da educação, configurando as áreas da Sociologia da Educação, Psicologia da Educação, Economia da Educação, História da Educação etc.
Cada uma das ciências da educação se ocupa em observar e descrever os fenômenos educativos, a partir dos seus ângulos próprios de investigação. Todas elas elaboram suas interpretações a partir das problemáticas específicas de cada uma dessas ciências, o que é, sem dúvida, insuficiente para dar conta da compreensão da totalidade dos fenômenos educativos.
A pedagogia se insere no conjunto das demais ciências da educação, mas delas se difere por ser responsável por uma reflexão unificadora, global, dos problemas educativos. Ela vai além dos enfoques parciais das demais ciências da educação.
A pedagogia tem como objeto de investigação a educação como prática social. Diferencia-se das demais ciências da educação não só porque investiga a problemática educativa na sua totalidade e historicidade, mas também e, principalmente, porque busca elaborar uma diretriz orientadora para a ação educativa. É uma ciência prática. Parte da prática e a ela se dirige.
A pedagogia, então, busca ser um instrumento para a ação dos educadores. Ela não apenas explica ou descreve os fenômenos como as demais ciências da educação, mas orienta a ação, formulando enunciados teóricos da e para a prática educacional. Tem, portanto uma dimensão praxiológica.
(p.5)
Assim, por exemplo, enquanto a Psicologia da Educação (com Piaget e Vygosky) busca descrever os processos do desenvolvimento infantil, a Pedagogia vai além. Toma como referência as contribuições desses autores, procurando explicitar propostas educativas que orientem a ação do professor de educação infantil para promover o desenvolvimento integral da criança de 0 a 6 anos. O desenvolvimento integral da criança é, de acordo com a LDB, lei 9394/96, a finalidade da educação neste segmento de ensino (BRASIL, 1996).
Para Schimied-Kowarzik (1983, apud LIBÂNEO, 2001), a Pedagogia é uma ciência: 
da e para a educação, portanto é a teoria e a prática da educação. Ela tem um caráter ao mesmo tempo explicativo, praxiológico e normativo da realidade educativa, pois investiga teoricamente o fenômeno educativo, formula orientações para a prática a partir da própria ação prática e propõe princípios e normas relacionados aos fins e meios da educação.
(p.6)
A pedagogia, então, realiza uma reflexão sobre as práticas educativas, de modo a orientar o trabalho educativo. Tem como campo de estudo os elementos da ação educativa e sua contextualização. 
Assim, estuda-se: o educando (o aluno, o aprendiz) enquanto sujeito do processo de socialização e aprendizagem; os agentes de formação (o professor, os educadores); as situações em que se dão os processos formativos; o saber como objeto de transmissão/assimilação e o contexto das instituições (escolas e salas de aula).
(p.7)
A ação Pedagógica e seu Caráter Social e Político
Libâneo (2001, p.7) apresenta um conceito ampliado de educação e afirma que ela compreende processos, estruturas e práticas voltados para o desenvolvimento de pessoase grupos em um contexto de relações entre classes sociais, visando à formação humana. A educação, então, é uma prática social que modifica as pessoas em diferentes dimensões: físicas, mentais, espirituais, culturais.
(p.8)
A Identidade da Atuação do Pedagogo  -  A Diferença entre a Ação Docente e a Ação Pedagógica
A seguir, veja, de acordo com o autor, princípios que podem vir a orientar, efetivamente, a prática dos educadores.
As práticas educativas não se realizam apenas nos espaços
escolares. Elas acontecem na sociedade como um todo (na família, no trabalho, na rua, nos meios de comunicação, nos hospitais, na política, nas fábricas, nos museus, etc.) e estão cada vez mais presentes na contemporaneidade. A pedagogia, portanto, não se refere apenas ao ensino e à escola, mas ao conjunto das práticas educativas.
As práticas educativas ocorrem em todos os contextos e âmbitos 
da existência individual e social, em instituições ou não, sob várias modalidades. Algumas práticas acontecem de forma dispersa, nas quais o processo de construção/reconstrução de saberes ocorre de forma não intencional, configurando a educação informal.
Outras práticas educativas ocorrem em instituições não convencionais de educação, mas incluem um certo nível de intencionalidade e sistematização, tais como as que ocorrem nas empresas, nos meios de comunicação, nas ONGs. Trata-se de educação não formal.
Por fim, existem as práticas educativas com maior intencionalidade, sistematização e institucionalização. São as que se realizam nas escolas ou em outras instituições de ensino, compreendendo a educação formal (LISITA, 2007, p. 512).
Para Libâneo (1996, p.120), o trabalho pedagógico não se reduz ao trabalho escolar e docente, embora todo trabalho docente seja um trabalho pedagógico. O trabalho docente é pedagógico porque é uma atividade intencional, implicando uma direção. Todo ensino supõe uma direção pedagógica, intencional, consciente, organizada.
Nessa perspectiva, é possível distinguir ação pedagógica de ação didática. O didático 
se refere especificamente ao trabalho docente, à teoria e prática do ensino e aprendizagem, considerando o ensino como um tipo de prática educativa, uma das modalidades de trabalho pedagógico.
Entretanto, os conteúdos da educação são, antes de mais nada, conhecimentos pedagógicos, não necessariamente relacionados ao ensino estritamente escolar. A base da identidade profissional do educador é, portanto, a ação pedagógica, não a ação docente.
SAIBA MAIS
Para o autor, a ação pedagógica corresponde ao processo intencional de transmissão/apropriação ativa de saberes e modos de ação, considerando os objetivos da formação humana em cada contexto histórico e social. 
É possível afirmar que, em síntese, a Pedagogia:
mediante conhecimentos científicos, filosóficos e técnico-
-profissionais, investiga a realidade educacional em transformação, para explicitar objetivos e processos de intervenção metodológica e organizativa referentes à transmissão/assimilação de saberes e modos de ação. Ela visa o entendimento, global e intencionalmente dirigido, dos problemas educativos e, para isso, recorre aos aportes teóricos providos pelas demais ciências da educação (LIBÂNEO, 2001, p.10).
(p.9)
O Pedagogo: suas Esferas de Formação e sua Atuação
O Pedagogo: Conceito e Tipos
O pedagogo é o profissional que atua em várias instâncias da prática educativa, indireta ou diretamente vinculadas à organização e aos processos de aquisição de saberes e modos de ação, com base em objetivos de formação humana definidos em sua contextualização histórica.
Com base nessa conceituação, Libâneo (2001, p.11) conclui sobre a existência de três tipos de pedagogos. O primeiro tipo é o que ele denomina de pedagogo lato sensu, que inclui todos os profissionais envolvidos com a prática educativa em suas várias manifestações e modalidades. São os professores de todos os níveis e modalidades de ensino.
O segundo tipo é chamado
pelo autor de pedagogo stricto sensu, relativo aos profissionais que não restringem sua atuação profissional ao ensino e trabalham com “atividades de pesquisa, documentação, formação profissional, educação especial, gestão de sistemas escolares e escolas, coordenação pedagógica, animação sociocultural, formação continuada em empresas, escolas e outras instituições”.
No terceiro grupo estariam os pedagogos ocasionais, que dedicam apenas parte do seu tempo a atividades relacionadas à “assimilação e reconstrução de uma diversidade de saberes”.
O curso de Pedagogia, na atualidade, forma um profissional qualificado para atuar em vários campos educativos, atendendo a demandas de educação formal, não formal e informal. E isso, é claro, inclui as demandas da atual sociedade pedagógica, isto é, inclui atuação nos seguintes âmbitos: educação ambiental, novas tecnologias da informação e comunicação, movimentos sociais, lazer e animação cultural, programas sociais, qualificação profissional, produção de vídeos e filmes, editoras etc.
Assim, em todo espaço onde houver uma ação educativa intencional existirá ação pedagógica e, consequentemente, haverá lugar para a atuação do pedagogo.
(p.10)
As Esferas da Ação Educativa
Libâneo (2001, p.12-13) identifica ainda duas esferas de ação educativa: a escolar e a extraescolar.
No campo da ação pedagógica escolar há três tipos de atividades que se distinguem:
A. a de professores do ensino público e privado, de todos os níveis de ensino e dos que exercem atividades correlatas fora da escola convencional;
B. a de especialistas da ação educativa escolar operando nos níveis centrais, intermediários e locais dos sistemas de ensino (supervisores pedagógicos, gestores, administradores escolares, planejadores, coordenadores, orientadores educacionais etc.);
C. a de especialistas em atividades pedagógicas paraescolares atuando em órgãos públicos, privados e públicos não estatais, envolvendo associações populares, educação de adultos, clínicas de orientação pedagógica/psicológica, entidades de recuperação de portadores de necessidades especiais etc. (instrutores, técnicos, animadores, consultores, orientadores, clínicos, psicopedagogos etc.).
No campo da ação pedagógica extraescolar há profissionais que exercem sistematicamente atividades pedagógicas e os que ocupam apenas parte de seu tempo nessas atividades:
A. formadores, animadores, instrutores, organizadores, técnicos, consultores, orientadores, que desenvolvem atividades pedagógicas (não escolares), em órgãos públicos, privados e públicos não estatais, ligadas às empresas, à cultura, aos serviços de saúde, alimentação, promoção social etc.;
B. formadores ocasionais, que ocupam parte de seu tempo em atividades pedagógicas, em órgãos públicos estatais, não estatais e empresas, referentes à transmissão de saberes e técnicas ligados a outra atividade profissional especializada.
Falo, por exemplo, de engenheiros, supervisores de trabalho, técnicos etc., que dedicam boa parte de seu tempo a supervisionar ou ensinar trabalhadores no local de trabalho, orientar estagiários etc.
Nessa categoria, são incluídos trabalhadores sociais, monitores e instrutores de recreação e educação física, bem como profissionais das mais diversas áreas, nas quais ocorre algum tipo de atividade pedagógica, tais como: administradores de pessoal, redatores de jornais e revistas, comunicadores sociais e apresentadores de programas de rádio e TV, criadores de programas de TV, de vídeos educativos, de jogos e brinquedos, elaboradores de guias urbanos e turísticos, mapas, folhetos informativos, agentes de difusão cultural e científica etc.
SAIBA MAIS
O curso de pedagogia, certamente, não irá formar todos os tipos de profissionais que atuam em todas essas esferas, sobretudo na esfera extraescolar. Muitos profissionais mencionados nesta esfera são pedagogos apenas em sentido amplo. Apenas realizam uma atividade de caráter pedagógico. Para alguns deles, deveriam até ser pensadas certas alternativasde capacitação profissional, na área pedagógica, tais como cursos de aperfeiçoamento, atualização etc. (LIBÂNEO, 1996, p.125).
O curso de Pedagogia na atualidade forma os legítimos profissionais da educação, os pedagogos, especialistas e docentes. O curso de Pedagogia está destinado à formação de profissionais que realizam estudos do campo teórico-
-investigativo da educação e atuam no exercício técnico-
-profissional, como pedagogos no sistema de ensino, nas escolas e em outras instituições educacionais, inclusive as não escolares. (LIBÂNEO; PIMENTA, 1999).
(p.11)
O curso de Pedagogia na atualidade forma os legítimos profissionais da educação, os pedagogos, especialistas e docentes. O curso de Pedagogia está destinado à formação de profissionais que realizam estudos do campo teórico-investigativo da educação e atuam no exercício técnico-profissional, como pedagogos no sistema de ensino, nas escolas e em outras instituições educacionais, inclusive as não escolares. (LIBÂNEO; PIMENTA, 1999).
A Formação do Pedagogo
O curso de Pedagogia na atualidade forma os legítimos profissionais da educação, os pedagogos, especialistas e docentes. O curso de Pedagogia está destinado à formação de profissionais que realizam estudos do campo teórico-
-investigativo da educação e atuam no exercício técnico-
-profissional, como pedagogos no sistema de ensino, nas escolas e em outras instituições educacionais, inclusive as não escolares. (LIBÂNEO; PIMENTA, 1999)
Foi uma longa história até que esse perfil de formação fosse assumido para os pedagogos. Uma história repleta de ambiguidades.
A primeira regulamentação do curso de Pedagogia ocorre em 1939 e prevê a formação do bacharel (técnico em educação) e do licenciado em Pedagogia. Era um esquema de formação com blocos separados para o bacharelado e a licenciatura. Os professores dos antigos primário e pré-primário eram formados nas escolas normais e os professores do ginasial e colegial nos cursos de licenciatura.
A legislação posterior, o parecer CFE 251/62, em atendimento à LDB 4024/61, estabelece para o curso de pedagogia o encargo de formar professores para os cursos normais e “profissionais destinados às funções não docentes do setor educacional”, os chamados técnicos de educação ou especialistas de educação, tais como: supervisores, orientadores e administradores educacionais. Assim, fica mantido o bacharelado para formar os especialistas em educação. Entretanto, apoiado na ideia de “formar o especialista no professor”, o formado no curso de Pedagogia passa a receber o título de licenciado. (LIBÂNEO, 1996).
Posteriormente, o Parecer nº252/96 define a estrutura curricular do curso de Pedagogia que vigorou até a LDB de 1996. A função do curso era formar professores para o ensino Normal, e especialistas para as atividades de: orientação, administração, supervisão e inspeção no âmbito das escolas e dos sistemas escolares. O currículo mínimo compreendia uma parte comum a todas as habilitações e outra, diversificada, em função da habilitação específica escolhida pelo aluno. Embora fosse possível que o licenciado em Pedagogia também exercesse o magistério das séries iniciais, não foi prevista uma habilitação específica para lecionar nessas séries.
As críticas a esse esquema de formação foram muitas. O curso de Pedagogia foi considerado “tecnicista”, introdutor da divisão técnica do trabalho na escola (já que separava os especialistas – que concebiam o trabalho pedagógico – dos docentes – que apenas executavam, sem refletir, as práticas docentes), além de responsável pela fragmentação da formação do pedagogo, reproduzindo a separação entre teoria e prática (COELHO, 1998).
(p.12)
Ainda ao longo dos anos 80, no contexto de democratização do país, tomam vulto os debates em torno da proposta de formação defendida pela Anfope, centrada na discussão da especificidade do curso de Pedagogia. Na pauta da reivindicação da Anfope estavam: a exigência de formação em nível superior dos professores da 1ª à 4ª série, a valorização profissional do professor, a gestão democrática da escola e a docência como base da formação de todo educador.
(anexo)
Proposta de formação defendida pela Anfope
(p.1)
 Em função dessas críticas e da proposta da ANFOPE, alguns cursos de Pedagogia, a partir dos anos 80, suspenderam as habilitações convencionais e passaram a oferecer apenas duas habilitações: professor das séries iniciais do 1º grau e professor de cursos de habilitação ao magistério. Esses cursos investiram num currículo centrado na formação de professores para as séries iniciais, com a idéia de formar um novo tipo de professor, capaz de exercer as funções de direção, supervisão, orientação, etc. (LIBÂNEO, 1996). 
Em função disso alguns autores, como Pimenta (1998), afirmam que grande parte da fundamentação teórica do curso ficou de fora, acarretando no curso um afastamento do tratamento das temáticas próprias da ciência da Pedagogia. O estudo da ciência da educação que tem a prática social da educação como objeto de investigação, isto é, da pedagogia, perdeu sua centralidade no curso. 
Libâneo (1996; 2001) também faz a crítica às propostas da ANFOPE, mostrando que a idéia de que a docência constitui a base da identidade profissional de todo educador, de que todos os cursos de formação do educador deverão ter uma base comum, pois “são todos professores”, levou e leva a alguns reducionismo. Entre estes reducionismos o autor destaca: o esfacelamento dos estudos no âmbito da ciência pedagógica em virtude da descaracterização do campo teórico-investigativo da pedagogia e das demais ciências da educação; e a identificação dos estudos pedagógicos a uma licenciatura (redução da formação do pedagogo à docência). Nessa perspectiva, é possível afirmar que, para o autor, é como se a supressão do caráter de bacharelado do curso de Pedagogia e a ênfase no caráter de licenciatura fossem os aspectos responsáveis por esses problemas. 
A LDB, promulgada em 20 de dezembro de 1996, dispõe no Titulo VI que, em síntese, devem existir: a) Cursos de licenciatura plena para formar professores de educação básica, em universidades e Institutos Superiores de Educação; b) Curso Normal Superior (licenciatura para formar docentes de educação infantil e séries iniciais do Ensino Fundamental); c) e licenciaturas para formar professores do 2º segmento do Ensino Fundamental e Ensino Médio; d) programas de formação pedagógica para portadores de diplomas de educação superior; e) programas de educação continuada; f) Cursos de graduação e pós-graduação em pedagogia para formar profissionais da educação para administração, planejamento, inspeção, supervisão e orientação educacional; g) Cursos de preparação para o magistério de Ensino Superior. 
Libâneo e Pimenta (1999) defendem o ordenamento legal e funcional de todo o conteúdo do Titulo VI da LDBA e Libâneo (1999) faz uma proposta: que haja dois cursos, um de pedagogia para formar o pedagogo stricto sensu e um de licenciatura para formar professores para os níveis fundamental e médio. Para o autor, assim, as Faculdades de Educação deveriam oferecer dois cursos distintos: um de pedagogia e um de licenciatura para a docência no ensino fundamental e médio. O pedagogo receberia formação especializada através de habilitações, entre elas a pedagogia escolar. O licenciado obteria habilitações para a docência no curso de magistério, nas disciplinas de 5ª a 8ª série e ensino médio ou nas séries iniciais do ensino fundamental. 
(p.2)
A disputa entre a proposta formulada por autores como Libâneo e Pimenta e a proposta da ANFOPE tomou conta do cenário educacional ao longo dos anos 90 e nos anos iniciais do século XXI. Assim, em disputa estavam basicamente duas identidades propostas para o curso de Pedagogia: uma concepção de licenciatura separada do bacharelado, e uma concepção de curso de estrutura única, tendo como foco a formação para a docência (AGUIAR et al, 2006, p.821). As Diretrizes Curriculares Nacionais de certa forma tentaram superaresta polarização, propondo um enfoque globalizador.
(p.13)
As Diretrizes Curriculares Nacionais para o Curso de Pedagogia
Diretrizes Curriculares Nacionais (DCN)
As Diretrizes Curriculares Nacionais (DCN) para o curso de Pedagogia aplicam-se: 
- à formação inicial para o exercício da docência na educação infantil e nos anos iniciais do ensino fundamental; 
- aos cursos de ensino médio de modalidade normal e em cursos de educação profissional;
- na área de serviços e apoio escolar; 
- em outras áreas nas quais sejam previstos conhecimentos pedagógicos (BRASIL, 2006).
A formação, assim, abrange de forma integrada a docência, a participação da gestão e avaliação de sistemas e instituições de ensino em geral, a elaboração, a execução, o acompanhamento de programas e as atividades educativas.
As DCN rompem com visões fragmentadas sobre a organização escolar e os sistemas de ensino, superando os modelos de organização curricular estruturados para formação por “habilitação”, que culminavam na formação dos denominados “especialistas em educação”, como o supervisor, o orientador, o administrador, o inspetor educacional, entre outros (AGUIAR et al., 2006).
Veja como isto pode ser percebido através dos artigos 4º e 5ºResolução CNE/CP n. 01/2006
Anexo 2
(p.1)
Isso pode percebido pelos artigos 4° e 5° da Resolução CNE/CP n. 01/2006, que definem a finalidade do curso de pedagogia e as aptidões requeridas do profissional desse curso: 
Art. 4º - O curso de Licenciatura em pedagogia destina-se à formação de professores para exercer funções de magistério na Educação Infantil e nos anos iniciais do Ensino Fundamental, nos cursos de Ensino Médio, na modalidade Normal, de Educação Profissional, na área de serviços e apoio escolar e em outras áreas nas quais sejam previstos conhecimentos pedagógicos. 
Parágrafo único. As atividades docentes também compreendem participação na organização e gestão de sistemas e instituições de ensino, englobando: 
I - planejamento, execução, coordenação, acompanhamento e avaliação de tarefas próprias do setor da Educação; 
II - planejamento, execução, coordenação, acompanhamento e avaliação de projetos e experiências educativas não-escolares; 
III - produção e difusão do conhecimento científico-tecnológico do campo educacional, em contextos escolares e não-escolares. 
Art. 5º O egresso do curso de Pedagogia deverá estar apto a: 
I - atuar com ética e compromisso com vistas à construção de uma sociedade justa, equânime, igualitária; 
II - compreender, cuidar e educar crianças de zero a cinco anos, de forma a contribuir, para o seu desenvolvimento nas dimensões, entre outras, física, psicológica, intelectual, social; 
III - fortalecer o desenvolvimento e as aprendizagens de crianças do Ensino Fundamental, assim como daqueles que não tiveram oportunidade de escolarização na idade própria; 
IV - trabalhar, em espaços escolares e não-escolares, na promoção da aprendizagem de sujeitos em diferentes fases do desenvolvimento humano, em diversos níveis e modalidades do processo educativo; 
V - reconhecer e respeitar as manifestações e necessidades físicas, cognitivas, emocionais, afetivas dos educandos nas suas relações individuais e coletivas; 
VI - ensinar Língua Portuguesa, Matemática, Ciências, História, Geografia, Artes, Educação Física, de forma interdisciplinar e adequada às diferentes fases do desenvolvimento humano; 
VII - relacionar as linguagens dos meios de comunicação à educação, nos processos didático-pedagógicos, demonstrando domínio das tecnologias de informação e comunicação adequadas ao desenvolvimento de aprendizagens significativas; 
VIII - promover e facilitar relações de cooperação entre a instituição educativa, a família e a comunidade; 
(p.2)
IX - identificar problemas socioculturais e educacionais com postura investigativa, integrativa e propositiva em face de realidades complexas, com vistas a contribuir para superação de exclusões sociais, étnico-raciais, econômicas, culturais, religiosas, políticas e outras; 
X - demonstrar consciência da diversidade, respeitando as diferenças de natureza ambiental-ecológica, étnico-racial, de gêneros, faixas geracionais, classes sociais, religiões, necessidades especiais, escolhas sexuais, entre outras; 
XI - desenvolver trabalho em equipe, estabelecendo diálogo entre a área educacional e as demais áreas do conhecimento; 
XII - participar da gestão das instituições contribuindo para elaboração, implementação, coordenação, acompanhamento e avaliação do projeto pedagógico; 
XIII - participar da gestão das instituições planejando, executando, acompanhando e avaliando projetos e programas educacionais, em ambientes escolares e não-escolares; 
XIV - realizar pesquisas que proporcionem conhecimentos, entre outros: sobre alunos e alunas e a realidade sociocultural em que estes desenvolvem suas experiências nãoescolares; sobre processos de ensinar e de aprender, em diferentes meios ambiental- ecológicos; sobre propostas curriculares; e sobre organização do trabalho educativo e práticas pedagógicas; 
XV - utilizar, com propriedade, instrumentos próprios para construção de conhecimentos pedagógicos e científicos; 
XVI - estudar, aplicar criticamente as diretrizes curriculares e outras determinações legais que lhe caiba implantar, executar, avaliar e encaminhar o resultado de sua avaliação às instâncias competentes.
(p.14)
É possível constatar, então, que a formação do licenciado em pedagogia fundamenta-se no trabalho pedagógico realizado em espaços escolares e não escolares, tendo a docência como base. A docência ganha um sentido ampliado, não ficando restrita a ministrar aulas. O trabalho docente implica uma articulação com o contexto mais amplo, com os processos pedagógicos e os espaços educativos em que se desenvolvem, assim como demandam a capacidade de reflexão crítica da realidade em que se situam. (AGUIAR et al., 2006).
As DCN propõem para o pedagogo uma formação abrangente, o que supõe situar a pedagogia em um contexto mais amplo das práticas sociais construídas no processo de vida real dos homens. Parte-se da ideia de que a prática educativa na atualidade desenvolve-se no contexto mais amplo da educação, da escola e da própria sociedade, e, sendo assim, a formação para tal exercício profissional deve fornecer elementos para o domínio desse contexto.
Constata-se ainda que o foco do trabalho do pedagogo está centrado nas atividades de: planejar, executar, coordenar, acompanhar e avaliar projetos e experiências educativas. Além dessas atividades, é central na atuação do pedagogo a responsabilidade pela produção e difusão do conhecimento científico-tecnológico do campo educacional. São essas as atividades a serem realizadas pelo profissional em educação, quer aconteçam em contextos escolares ou em contextos não escolares.
(p.15)
O curso de pedagogia é definido pelas DCN como um curso de licenciatura. Para Aguiar et al. (2006), o curso implica uma sólida formação teórica, fundada no estudo das práticas educativas escolares e não escolares e no desenvolvimento do pensamento crítico, reflexivo, realizado com base na contribuição das diferentes ciências e dos campos de saberes que atravessam o campo da pedagogia.
Entretanto, na medida em que, de acordo com as DCN, o curso forma o profissional da educação para atuar no ensino, na organização e gestão de sistemas, unidades e projetos educacionais e na produção e difusão do conhecimento, em diversas áreas da educação, ele acaba sendo, de fato, uma licenciatura – formação de professores – e um bacharelado – formação de educadores/cientistas da educação. Com esse entendimento, para a autora, não faz sentido nesta formação manter a histórica dicotomia entre bacharelado e licenciatura (SCHEIBE, 2007).
SAIBA MAIS
Assim, Sheibe (2007) afirma que dois grandes princípios de natureza epistemológica foram considerados fundamentais ou representativos nas DCN para o desenvolvimento de uma formação adequada para o pedagogo: a docênciacomo base dessa formação; e a unidade da licenciatura e do bacharelado nos cursos de Pedagogia.
Entretanto, a disputa em torno do tema sobre a formação do pedagogo está inconclusa. Alguns autores continuam a criticar a concepção de formação posta nas DCN, tais como Rodrigues e Kuenzer (2007) e Libâneo (2006). Mas isso é outra história...
(p.16)
O Pedagogo nas Instituições Não Escolares
Vimos como a atividade profissional do pedagogo se desenvolve em um amplo leque de práticas educativas (informais, não formais e formais) e que ele pode atuar em vários espaços: nos sistemas de ensino (gestores, supervisores, administradores, planejadores de políticas educacionais, pesquisadores ou outros); nas escolas (professores, gestores, coordenadores pedagógicos, pesquisadores, formadores etc.); nas instâncias educativas não escolares (formadores, consultores, técnicos, orientadores que ocupam de atividades pedagógicas em empresas, órgãos públicos, movimentos sociais, meios de comunicação; na produção de vídeos, filmes, brinquedos, nas editoras, na formação profissional etc.).
E vimos também como as DCN referendam essa concepção, definindo para o profissional as atividades de produção e difusão do conhecimento científico, além do planejamento, execução, coordenação, acompanhamento e avaliação das práticas educativas intencionais. Essas atividades são centrais na atuação do pedagogo, em qualquer que seja seu espaço de atuação. 
Pensem que, em qualquer espaço onde houver uma atividade que envolva um processo intencional de transmissão/assimilação ativa de saberes e modos de ação, haverá lugar para a atuação do pedagogo.
(p.17)
O Pedagogo nas Organizações do Terceiro Setor
Dentre os possíveis espaços de atuação profissional do pedagogo, ganharam destaque, na literatura da atualidade, dois tipos de organizações: as ONGs e as empresas. As primeiras surgem e se intensificam em função dos processos de Reforma do Estado, que ocorreram a partir dos anos 90, no contexto da ascensão do neoliberalismo e da globalização.
Ceroni (2006), em pesquisa realizada com o objetivo de definir o perfil do Pedagogo que exerce suas atividades profissionais em espaços não escolares, identificou que, em ONGs, os pedagogos exercem funções mais diversificadas, com predominância na área de projetos, seja na coordenação ou execução.
Veja mais sobre o pedagogo nas organizações do Terceiro Setor.
anexo
 Nos anos 90 ocorrem transformações no papel e funções do Estado, que muda não só o modo de desenvolver políticas públicas, mas também de se relacionar com a sociedade civil. Esse novo tipo de relação Estado-sociedade encontra seu fundamento na reforma do aparelho de Estado que, ao transferir parte de suas responsabilidades para o mercado e a sociedade civil organizada, reduz suas funções sociais. A partir dessa redução, é então possível assistir o surgimento de uma série de instituições – como as ONGs – que, em seu conjunto, exercem um papel de mediação entre coletivos de indivíduos organizados e as instituições do sistema governamental. Trata-se do terceiro setor, que passa a ocupar um espaço entre o mercado e o Estado, marcando a existência de uma esfera entre o público e o privado, isto é, uma esfera pública não-estatal (GOHN, 2000) Políticas públicas de educação (principalmente, na educação de adultos e na educação infantil, áreas secundarizadas pelo poder público) e de educação profissional passam assim, em muitos casos a serem realizadas pelo Terceiro Setor, ampliando as práticas educativas realizadas pelas ONGs. 
No campo educacional, a atuação das ONGs ocorre, tanto na ação direta de oferta de serviços educacionais, em que o Estado se retira ou não entra, como em decorrência da redução do corpo técnico das diversas secretarias na produção de materiais didáticos, capacitação de professores e atuação no plano das orientações pedagógicas (OLIVEIRA e HADDAD, 2001, p.80).
Vale destacar que, entre os pedagogos que atuam em ONGs, muitos responderam à pesquisa da autora relatando que o curso de Pedagogia os auxiliou no planejamento e organização dos conteúdos e na prática docente desenvolvida no Terceiro Setor. Para os profissionais pesquisados, o conhecimento de teóricos estudados no curso de Pedagogia ofereceu subsídio para a compreensão de toda a dinâmica social e os estudos realizados na graduação foram de grande valia para o cargo que ocupam atualmente.
O Pedagogo nas Organizações Empresariais
Nas empresas, por sua vez, o papel do pedagogo vem assumindo maior destaque em função dos processos de reestruturação produtiva e de emergência do paradigma flexível que vem trazendo um novo perfil para o trabalhador. No atual paradigma produtivo, com a introdução de inovações tecnológicas e organizacionais, se constrói, no centro da produção, um novo tipo de profissional, com novos atributos. Um profissional capaz de se antecipar, prevenir e solucionar problemas; trabalhar em equipe; introduzir inovações e melhorias; ter mais autonomia e criatividade. 
Um profissional com mais conhecimentos, com capacidade de liderar e se comunicar, com mais responsabilidade, conhecimento do processo de trabalho e capacidade de aprendizagem contínua. Agora, diferentemente do fordismo, onde o processo de acumulação capitalista dependia da força física dos trabalhadores, a acumulação flexível se faz com base na subjetividade operária. As taxas de lucratividade dependem da capacidade do trabalhador de criar, inovar e usar suas capacidades e características próprias a favor da empresa.
SAIBA MAIS
Para saber mais sobre o pedagogo nas organizações empresariais.
 Num contexto de globalização e maior competitividade empresarial, as organizações passam a ficar mais preocupadas com a educação e a aprendizagem de seus funcionários. Mais interessadas nos processos através dos quais as pessoas constroem conhecimentos e no modo como os utilizam para resolver problemas do cotidiano da organização. À medida que muda o ambiente organizacional, a empresa precisa aprender a executar novas tarefas e melhorar as antigas tarefas em termos de rapidez e eficácia, além de aplicar e produzir continuamente novos conhecimentos organizacionais. Nesse sentido, complexificam-se os processos internos voltados para a gestão dos funcionários e ampliam-se os processos educativos internos, voltados para a formação profissional dos funcionários. As propostas de educação corporativa constituem o melhor exemplo dessas novas práticas empresariais. 
Nas empresas, a necessidade de manter a competitividade no mercado exige desenvolver sempre novas competências nos funcionários. Nesse campo, a tarefa do pedagogo é crucial, colaborando não só nos processos de capacitação em serviço, como também na avaliação permanente que permita diagnosticar as novas necessidades em função de cada contexto e os meios para gerá-las mais rapidamente nos grupos de trabalho (RAMAL, 2008, p4) 
Na pesquisa realizada por Ceroni (2006) a autora percebeu que existem pontos em comum no que se refere ao perfil exigido para atuação do pedagogo em espaços não escolares. Os pedagogos que atuam em empresas e ONGs descreveram o perfil exigido pelas instituições empregadoras conforme o quadro a seguir apresentado: 
Fonte: CERONI, (2006)
(p.18)
Ceroni (2206) encerra o relato de sua pesquisa identificando alguns indicadores para o perfil do pedagogo em sua atuação em espaços não escolares que, de acordo com a autora, já haviam sido também sinalizados pelas Diretrizes Curriculares do curso. São eles:
Flexibilidade em suas ações; conhecimento e experiências relativos à gestão participativa; competência e habilidade na busca de soluções para os impasses enfrentados, com compreensão do processo histórico, social, administrativo e operacional em que está inserido; comprometimento e envolvimento com o trabalho; ter preparo para administrar conflitos; zelar pelo bom relacionamento interpessoal; gostar de trabalharcom pessoas; comunicação eficaz; conhecimento de princípios de educação popular; ter competência e habilidade para planejar, organizar, liderar, monitorar, empreender.
Esse contexto do mundo do trabalho que apenas esboçamos neste momento será aprofundado ao longo das próximas aulas. Por ora, é importante destacar que o conjunto dessas mudanças, dá um enorme destaque ao papel do pedagogo na formação profissional nas organizações.
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O Pedagogo: Outros Lócus de Atuação e Diferentes Públicos
Embora tenhamos destacado, no âmbito dos espaços não escolares a importância do papel do pedagogo em ONGs e empresas, sabemos que sua atuação ocorre onde quer que haja uma prática educativa sistematizada. Logo, do ponto de vista do seu lócus de atuação, este profissional poderá trabalhar nas organizações as mais diversas, tais como: associações, sindicatos, clubes, empresas, parques e unidades de conservação, igrejas, entre outras.
Do ponto de vista da diversidade de campos de atuação, o pedagogo pode desempenhar atividades distintas no que se refere à especificidade do trabalho pedagógico - planejar, executar, coordenar, acompanhar e avaliar projetos e experiências educativas de acordo com as mais diversas necessidades da “sociedade pedagógica”. 
Portanto, seu saber fazer permite que atue na educação ambiental; com tecnologias educacionais, produzindo programas, projetos e materiais educativos; na educação profissional; em programas sociais, responsabilizando-se por projetos de alfabetização e escolarização; na área de inclusão digital, entre outras possibilidades.
Além disso, cumpre ressaltar que este seu saber fazer pedagógico terá lugar quando qualquer instituição/organização sistematizar e propuser um processo educativo voltado para seus diferentes “públicos” (partes interessadas): para os seus funcionários, clientes, comunidades de seu entorno e/ou até mesmo para os seus fornecedores. 
Sendo assim, podemos refletir sobre as inúmeras possibilidades de atuação do pedagogo. Em um simples exercício mental podemos combinar diversos lócus de sua atuação, diversas atividades pedagógicas, diferentes campos de atuação, para diferentes públicos das diversas instituições onde poderá trabalhar!
Por exemplo, um projeto de educação ambiental pode ser estruturado para os funcionários de uma empresa; para seus clientes e fornecedores, no intuito de ensinar como atuar de forma ambientalmente justa; assim como para as comunidades que estão no entorno da empresa a fim de que possam saber dos riscos e problemas ambientais associados às atividades produtivas com as quais convivem.
Esta mesma lógica pode ser aplicada a outros tipos de organizações se pensarmos na educação ambiental, por exemplo: programas para parques e unidades de conservação; associações de moradores; sindicatos; TV educativa etc. Este mesmo raciocínio poderá ser adotado se pensarmos ainda em programas de formação profissional; programas de inclusão digital, ensino a distância, entre outros campos de atuação do pedagogo.
(p.20)
A esta altura você deve já ter se surpreendido com o amplo leque de possibilidades de atuação desse profissional que acima de tudo deve ser um educador crítico e reflexivo! Vejamos a seguir algumas questões sobre as dimensões políticas e éticas do trabalho do pedagogo, ocorrendo este em um espaço escolar ou não escolar.
(p.21)
O Processo de Transformação e Emancipação Humana e a Atuação do Pedagogo: Algumas Considerações Iniciais
Ao pedagogo se colocam questões novas e instigantes, tais como:
Como enfrentar os desafios educacionais em uma sociedade plural, contraditória, desigual e em constante transformação?
Como atuar no campo social, na esfera educativa, onde ocorre a formação dos sujeitos trabalhadores e cidadãos?
Em qualquer espaço onde atue, o pedagogo deve procurar descrever, explicar, compreender e intervir no fenômeno educativo. Além disso e, principalmente, deve estar preparado para assumir uma postura crítica e coerente com os princípios norteadores da sua prática, na busca constante de formulação de mecanismos de democratização das relações e dos espaços sociais.
É pela mediação da especificidade de seu trabalho pedagógico, ou seja, dos processos de construção/reconstrução de saberes e modos, de ação que o pedagogo reafirma seu compromisso com os processos de transformação social.
Libâneo (2001) arrola alguns desafios e buscas que se colocam para o pedagogo na atualidade. Em primeiro lugar, como vimos, o pedagogo deve reafirmar seu compromisso com a autonomia, com a liberdade política e os processos de emancipação humana.
Como educadores comprometidos com o processo de transformação social, é fundamental lutar por uma educação democrática, inclusiva e integral, capaz de formar cidadãos críticos e autônomos. Formar indivíduos conscientes de seu papel político na sociedade, capazes de lutar por seus interesses e de lutar por uma sociedade menos desigual, onde todos tenham voz e vez.
(p.22)
O Processo de Transformação e Emancipação Humana e a Atuação do Pedagogo: Algumas Considerações Iniciais
Em segundo lugar, importa lutar contra as propostas neoliberais que definem qualidade de educação a partir de um critério mercadológico, concebendo-a como articulada apenas à eficiência da gestão dos sistemas e ao uso de novas práticas administrativas e tecnológicas, adequando os processos de trabalho da escola aos padrões de produção e consumo. Para Libâneo (2001, p.19), ao contrário desta visão, educação de qualidade é aquela em que:
*Libaneo: a escola promove para todos o domínio de conhecimentos e o desenvolvimento de capacidades cognitivas e afetivas necessários ao atendimento de necessidades individuais e sociais dos alunos, à inserção no mundo do trabalho, à constituição da cidadania (inclusive como poder de participação), tendo em vista a construção de uma sociedade mais justa e igualitária.
Em terceiro lugar, o autor propõe que os pedagogos construam uma escola como um espaço ”entre a cultura experienciada, que acontece numa cidade, nos meios de comunicação e muitos outros aportes culturais, e a cultura formal” (LIBÂNEO, 2001, p. 20). A ideia é que os alunos possam recolher, analisar e atribuir significados pessoais à informação, de modo a viabilizar os processos de construção do conhecimento.
Vivemos em um mundo da informação, mas é necessário ir além da informação: chegar ao conhecimento. Mas para que a informação possa se transformar em conhecimento, precisa ser trabalhada e analisada criticamente. É preciso realizar uma leitura crítica da informação. E essa é uma das tarefas da escola e um dos principiais desafios que os pedagogos têm que enfrentar.
Veja mais sobre a atuação do pedagogo.
Anexo
 Cabe ainda aos pedagogos a tarefa de repensar os processos de ensinar e aprender, fortalecendo a investigação sobre os processos cognitivos, voltados para o desenvolvimento da qualidade do pensar, de desenvolver habilidades e estratégias de pensamento autônomo, crítico e criativo. (LIBÂNEO, 2001, p.21). 
Por fim, Libâneo (2001, p. 23) propõe uma maior vinculação da Pedagogia com a ética, a afirmação da especificidade do campo teórico-prático da pedagogia e um reforço na formação teórica dos pedagogos, uma vez que: 
a inserção do pedagogo na condição pós-moderna os obriga a uma abertura científica e tecnológica, de modo a desenvolver uma prática investigativa e profissional interdisciplinar. Precisamente porque a Pedagogia envolve trabalho com uma realidade complexa, é necessário que invista na explicitação da natureza do seu objeto, no refinamento de seus instrumentos de investigação, na incorporação dos desenvolvimentos científicos e tecnológicos e que se insira na gama de práticas e movimentos sociais de cunho intercultural e transnacional, referentes à luta pela justiça, pela solidariedade, pela paz e pela vida. 
Para o enfrentamento de exigências colocadas pelo mundo contemporâneo, são requeridos dos educadores novos objetivos, novas habilidades cognitivas,mais capacidade de pensamento abstrato e flexibilidade de raciocínio, capacidade de percepção de mudanças. Portanto, é clara a necessidade de formação geral e profissional implicando o repensar dos processos de aprendizagem e das formas do aprender a aprender, a familiarização com os meios de comunicação e o domínio da linguagem informacional, o desenvolvimento de competências comunicativas e capacidades criativas para análise de situações novas e cambiantes.
(p.23)
Para entender melhor os conceitos estudados nesta aula, vamos fixar o conteúdo?
(p.24)
Resposta: Somente as alternativas I e III são verdadeiras.
(p.25)
Resposta: Somente as alternativas II, III e IV são verdadeiras.
(p.26)
Assim, é possível pensar no pedagogo atuando em vários campos: em um canal de TV, fazendo parte da equipe que elabora programas educativos; em um centro comunitário, planejando propostas de educação e animação cultural para a terceira idade; em órgãos públicos da área de saúde, planejando campanhas de educação e esclarecimento sobre vacinação; em indústrias de brinquedos, planejando jogos educativos;
Em uma empresa, coordenando programas de formação profissional de funcionários ou planejando projetos de educação ambiental; em uma ONG, coordenando cursos de informática em projetos de inclusão digital para jovens em situação de risco; em um hospital, implementando classes hospitalares para as crianças internadas ou planejando programas de formação continuada para os funcionários desta instituição;
na área de turismo, planejando propostas de turismo educacional, ou seja, buscando estratégias que levem os turistas a aprender sobre as diferentes culturas e a valorizar os saberes de cada região etc.
(p.27)
SÍNTESE DA AULA
Nesta aula, você:
Compreendeu o papel do pedagogo nas instituições, teve a oportunidade de conhecer a diversidade das práticas educativas atuais e de caracterizar a natureza do trabalho pedagógico;
aprendeu qual é o foco do trabalho do pedagogo, analisando as possibilidades de atuação desse profissional no que diz respeito ao planejamento, à execução, à coordenação/acompanhamento e/ou à avaliação da ação educativa realizada nas organizações.
O QUE VEM NA PRÓXIMA AULA
Na próxima aula, você vai estudar:
As principais transformações da organização da produção e do trabalho que ocorreram após a segunda guerra mundial e que impactaram o cenário político e econômico mundial na segunda metade do século XX;
O principal tema a ser abordado é o Paradigma Fordista, padrão de acumulação capitalista que envolve duas dimensões: o regime fordista de acumulação, isto é o conjunto de princípios gerais de organização do trabalho e de uso das técnicas (proposto por Taylor e Ford) que constituíram um modelo tecnológico sobre o qual se assentou a acumulação do capital; um modo de regulação, isto é, um conjunto de os mecanismos jurídicos e políticos, cujo marco institucional foi o Estado de Bem Estar Social, que organizou o funcionamento da acumulação capitalista até meados dos anos 70;
A chamada Era de Ouro, período de 30 anos que se seguiu à segunda guerra mundial. Marcado pelo paradigma fordista, esse período corresponde a uma época na qual o processo de acumulação capitalista se realiza em meio ao crescimento e ao equilíbrio econômico;
Por fim, estudaremos a crise do paradigma fordista e as características do novo cenário mundial que a ela se seguiu.
REGISTRO DE FREQUENCIA
1. Dentre as alternativas abaixo, indique a opção que apresenta os elementos específicos e indispensáveis para a atuação do pedagogo:
Parte superior do formulário
1) processos relativos à prática educativa 
2) estruturas econômicas de crise e desemprego
3) situações de miséria e carência cultural
4) ocasiões de degradação do meio ambiente
5) situações de violação dos direitos humanos
Parte inferior do formulário
2. É função do pedagogo nas empresas:
Parte superior do formulário
1) Administrar a empresa, os seus trabalhadores e seus recursos.
2) Recrutar novos colaboradores e definir o sistema de remuneração.
3) Cuidar do financiamento para os projetos organizacionais.
4) Planejar, acompanhar/coordenar e avaliar os programas de formação continuada dos trabalhadores
5) Selecionar funcionários com base nas suas características físicas e psicológicas
Parte inferior do formulário
3. O trabalho do pedagogo, seja ele realizado nas organizações escolares ou não-escolares, assume uma direção política. Para atuar no sentido de contribuir para a emancipação humana e a transformação social, o pedagogo deve:
Parte superior do formulário
1) Adequar os processos formativos às necessidades do sistema capitalista.
2) Reproduzir os processos educativos já implementados nas escolas.
3) Objetivar a socialização do conhecimento, formando para a reflexão crítica e para a autonomia.
4) Preparar para o atendimento das demandas do mercado de trabalho.
5) Promover a difusão de valores e idéias dominantes na sociedade.
Parte inferior do formulário
Resposta: 1-1, 2-4, 3-3.

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