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Aula 02 O PARADIGMA FORDISTA

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Aula 02 O PARADIGMA FORDISTA
Disciplina: Pedagogia nas Instituições Não Escolares
(p.2) 
OBJETIVO DESTA AULA
Ao final desta aula, você será capaz de:
1. Caracterizar o paradigma fordista como um padrão de acumulação capitalista, que conjuga um paradigma tecnológico - o fordismo - e um modo de regulação - o Estado de Bem-Estar Social;
2. caracterizar o fordismo como um paradigma tecnológico, como uma forma de organização do trabalho e da produção específica;
3. analisar o papel desempenhado pelo Estado de Bem-Estar Social no paradigma fordista e sua atuação na manutenção do equilíbrio econômico da pós-guerra;
4. caracterizar a crise dos anos 70;
5. analisar criticamente a explicação neoliberal para a crise dos anos 70 e as propostas formuladas pelo pensamento neoliberal para a superação da crise econômica;
6. analisar as mudanças políticas vividas pelos Estados após a crise dos anos 70;
7. identificar o novo cenário da economia mundial.
(p.3)
As transformações, atualmente em curso nos cenários econômico, político e social, têm sido analisadas por diferentes correntes do pensamento teórico. Entre elas se destaca a interpretação da Escola de Regulação Francesa, que adotamos nesta disciplina. Essa corrente teórica vê as transformações pelas quais o capitalismo da atualidade vem passando como fruto não só do esgotamento de um regime de acumulação capitalista (que emergiu na pós-guerra e se prolongou por mais de um quarto de século, até meados dos anos 70), o paradigma fordista, como também da ascensão de um novo paradigma, o flexível. (CLARKE, 1991)
(p.4)
Dois conceitos são caros à Escola de Regulação Francesa:	
Regime de acumulação
O regime de acumulação busca compreender o modo como se dá o processo de acumulação capitalista e mostra como esse processo está assentado sobre princípios gerais de organização do trabalho e de uso das técnicas que constituem um paradigma tecnológico.
Modo de regulação
O modo de regulação busca explicar como esse regime de acumulação funciona e se consolida através de mecanismos superestruturais, isto é, de mecanismos jurídicos e políticos.
(p.5)
O paradigma fordista ou fordismo pode ser entendido como um regime de acumulação assentado sobre um uma forma específica de organizar o trabalho: o chamado paradigma tecnológico fordista. Esse paradigma tecnológico estava fundamentado numa produção e num consumo de massas, em economias de escala e a produção se realizava em uma estrutura de base rígida, metal e mecânica. (CLARKE, 1991)
Esse regime de acumulação fordista estava associado a um determinado modo de regulação, a um marco institucional – o Estado de Bem-Estar Social, que implementava amplos sistemas de seguridade social e atendia a demandas sociais de vários tipos, regulando o processo de acumulação capitalista. (CLARKE, 1991)
Assim, o paradigma, ou regime de acumulação fordista, durante os 30 anos que se seguiram à segunda guerra mundial, foi marcado pela presença do paradigma tecnológico fordista e por um conjunto de relações econômicas, sociais e políticas (o Estado de Bem-Estar Social), que garantiu a conquista de um nível elevado de produção e consumo, eficaz na preservação do processo de acumulação do capital.
Para conhecer mais o regime fordista, clique no ícone.
Anexo
 O Regime Fordista 
Esse regime fordista de acumulação e seu modo de regulação: o Estado de Bem Estar Social entram em crise nos anos 70 e ocorre uma transição no regime de acumulação e no modo de regulamentação social e política a ele associado. A década de 1970 representou um momento histórico central, quando consideramos as mudanças ocorridas no âmbito do sistema capitalista. A partir desta década, ocorre uma nova configuração do sistema do capital, caracterizada, principalmente, por seu acentuado processo de mundialização e pelo advento de um novo formato de regulação estatal: o Estado Neoliberal. Trata-se de um novo regime de acumulação: o paradigma flexível. 
O paradigma flexível está assentado em novas técnicas e modelos produtivos caracterizados pelo uso intensivo de tecnologias de base microeletrônica. A nova base técnica provoca um impacto na configuração dos processos de produção, orientando um novo paradigma tecnológico, o paradigma da produção flexível, cujo exemplo mais emblemático é o toyotismo. O novo paradigma está fundado na automação e na informatização, e é caracterizado pela: integração, flexibilidade e descentralização do processo produtivo. 
O regime de acumulação flexível está associado, por sua vez, à regulação neoliberal. O neoliberalismo pode ser apontado, então, como a estratégia de gestão do capital frente às mudanças estruturais no capitalismo, a partir de uma nova divisão internacional do trabalho, onde a circulação de mercadorias e a mundialização da produção se ampliam progressivamente a partir do acirramento do processo de internacionalização do capital. As políticas neoliberais de modo geral foram bastante eficazes no desmonte das instituições e das formas de coordenação do Bem Estar Social. Uma nova realidade toma conta do cenário social, político e cultural.
(p.6)
São essas transformações que você estudará nesta aula e na próxima. Mas, antes, você precisa aprender um pouco da história que explica o processo de constituição do fordismo. 
Clique no ícone (anexo)
(p.1)
UM POUCO DE HISTÓRIA
Na sociedade capitalista, a história da relação capital/trabalho corresponde à história da submissão do trabalho humano ao capital. Essa relação caminha da submissão formal à submissão real do trabalho ao capital. Assim, ao longo da história do capitalismo, podemos identificar três formas de organização do trabalho.
A fase inicial do processo de acumulação capitalista vai até meados do século XVIII. Nela predominou uma forma de organização do trabalho denominada de Cooperação Simples. Inicialmente os trabalhadores eram agrupados pelos capitalistas em um mesmo local de trabalho, de modo a favorecer o controle das horas trabalhadas pelos operários. Cada trabalhador realizava individualmente todo o processo de trabalho. Apesar de estarem juntos em um galpão, cada operário trabalhava sozinho. Sabia fazer seu trabalho. Dominava o ritmo e o conhecimento sobre o trabalho. Os operários controlavam os instrumentos de trabalho, detinham a tecnologia. Não havia controle por parte do capital em relação ao trabalho realizado. Nesta primeira forma de organização do trabalho ocorria apenas uma subordinação formal do trabalhador ao capital. A posse do instrumento de trabalho dava poder de resistência ao trabalhador sobre a vontade do capital. O capitalista dependia, para que houvesse a acumulação de capital, da habilidade do trabalhador. Pertencia ao trabalhador o domínio do ritmo e do conhecimento sobre o trabalho, além da posse dos instrumentos de trabalho. (DELUIZ, 1995)
Com a Primeira Revolução Industrial e o advento do tear, da máquina a vapor, etc., ocorreu uma primeira mudança na base técnica do trabalho, que se estendeu até meados do século XIX. Esse foi o período do predomínio da segunda forma de organização do trabalho: a Manufatura. O capital se apropriou da ciência e da tecnologia e passou a comandar, segundo seus interesses específicos, a divisão e a organização do trabalho. Cada trabalhador ficava fixo num posto de trabalho e executava uma parte do processo produtivo. Havia uma divisão técnica do trabalho: um grupo controlava e concebia o processo de trabalho e o outro executava tarefas parceladas. Havia uma especialização operária. Assim, o capital controlava a divisão e a organização do trabalho e era dono da força produtiva do trabalho coletivo. Entretanto, os meios de produção e as máquinas dependiam que o trabalhador os alimentasse para que pudessem funcionar. O trabalhador ainda controlava o manejo dos meios de produção. A tecnologia ainda estava ligada ao trabalhador. Portanto, o capitalista ainda não 
(p.2)
tinha o controle total do trabalhador. Este estava subordinado apenas formalmente ao capital. (DELUIZ, 1995)O controle total do capital sobre o trabalho só vai ocorrer na terceira forma de organização do trabalho, a Maquinaria, que passa a predominar a partir da segunda metade do século XIX, com a Segunda Revolução Industrial e a introdução de novas mudanças tecnológicas (energia elétrica, petróleo, aço, etc.). Essas mudanças favoreceram uma crescente substituição da força humana física pela força eletro-mecânica, abrindo espaço para a subordinação real da força de trabalho ao capital. Ciência e tecnologia passam a ser agora aplicadas à produção. Ocorreu a substituição da força física pela eletro-mecânica. Os trabalhadores foram substituídos pelas máquinas. Os trabalhadores passam a realizar tarefas parceladas e perdem o controle do processo de trabalho. A máquina é que comanda o trabalhador. O saber dos trabalhadores é transferido para as máquinas. O trabalhador e sua habilidade não são mais limites ao capital. (DELUIZ, 1995)
Na submissão formal, o trabalhador ainda tinha controle do processo de produção. Já na submissão real, o capital incorpora o instrumento de trabalho e o progresso técnico. O trabalhador vira instrumento de produção. Em vez de o operário usar os meios de produção, esses é que utilizam o operário.
O paradigma fordista corresponde, do ponto de vista da organização da estrutura produtiva e da organização do trabalho, à etapa da maquinaria. Ele se caracteriza pela presença da grande empresa e pela estrutura oligopólica, e é marcado pelo uso da máquina em grandes unidades produtivas e pela incorporação de grandes massas de trabalhadores.
(p.7)
O Padrão de Acumulação Fordista e os Anos Dourados da Economia
Desde as últimas décadas do século XIX, o sistema capitalista vinha, em seu processo de expansão, concentração e centralização, tentando sem sucesso generalizar um modelo de desenvolvimento mais equilibrado, sem tantas crises. Após a segunda guerra mundial, a consolidação do paradigma fordista trouxe essa possibilidade.
De fato, Hobsbawm (1986) mostra que, no início século XX, havia uma crise estrutural no capitalismo, decorrente das dificuldades de regulação do sistema. O Estado não conseguia regular o sistema, isto é, não conseguia promover uma correspondência entre a estrutura produtiva, a estrutura de salários e os padrões de consumo. Assim, nem tudo que era produzido era consumido. Os trabalhadores não tinham poder aquisitivo suficiente. Segundo Mattoso (1995), o que ocorria era uma discrepância entre as demandas e a estrutura do crescente complexo industrial e a relação salarial herdada do século XIX, que debilitava a situação dos trabalhadores e estreitava o consumo. Quando se dá a reestruturação tecnológica e industrial na pós-guerra (o fordismo), e se fortalece o movimento dos trabalhadores, é que são criadas as condições para a superação das antigas relações salariais. Ocorre então uma elevação do poder aquisitivo dos salários, que se torna compatível com o ritmo da acumulação e da produtividade, favorecendo a ampliação dos níveis de consumo.
ATENÇÃO
Desta forma, só na pós-guerra é que o Estado de Bem-Estar Social, com seu modelo de gestão econômica e suas políticas sociais e de pleno emprego, acaba por ser bem sucedido na regulação da acumulação capitalista, assegurando uma compatibilidade entre os níveis de produção, consumo e salários. Produção e consumo se equilibram.
(p.8)
O fordismo, entendido como um regime de acumulação, marcou os cerca de 30 anos que se seguiram ao pós-guerra nos países de capitalismo central. O fordismo atingiu seu ápice nas décadas de 50 e 60 e foi fruto da articulação entre um padrão de estrutura produtiva e tecnológica (baseado nas conquistas da Segunda Revolução Industrial e em formas específicas de organização do trabalho) e a introdução de mudanças no papel e na estrutura do Estado.
Esse período foi denominado por muitos economistas de anos dourados e foi caracterizado por um conjunto de relações econômicas, sociais e políticas que asseguraram a conquista de um nível elevado de produção, consumo, produtividade e comércio que foram eficazes, durante quase 30 anos, na preservação do processo de acumulação do capital. 
Hobsbawm assinala que a chamada Era de Ouro “pertenceu essencialmente aos países capitalistas desenvolvidos, que, por todas essas décadas, representaram cerca de três quartos da produção do mundo, e mais de 80% de suas exportações manufaturadas”. (HOBSBAWM, 1995, p. 255).
De acordo com Singer (1996, p.9): 
Os anos dourados do capitalismo foram caracterizados por taxas elevadas, historicamente as mais altas, de crescimento da produção e da produtividade, por pleno emprego e intenso aumento do consumo. Esse período se iniciou com o fim da Segunda Guerra Mundial, e nele se operou, nos países capitalistas adiantados, uma transformação fundamental: as classes trabalhadoras foram arrancadas de sua pobreza ancestral e passaram a usufruir níveis de consumo (inclusive de escolaridade) comparáveis aos das classes até então privilegiadas. Obviamente, os gastos e os investimentos sociais, que constituíam o Estado de bem-estar social, foram extremamente importantes para esta transformação.
Os anos dourados corresponderam a um período que se caracterizou por altas taxas de crescimento, por um aumento na produtividade, pela elevação dos salários, pela redução nas taxas de desemprego, pela ampliação do consumo e pela expansão dos sistemas de proteção ao bem-estar dos cidadãos.
(p.9)
O Paradigma Tecnológico Fordista
A estrutura produtiva que se consolida nesta fase apresenta as seguintes características:
Liderança dos setores industriais voltados para a produção em massa de bens de consumo duráveis; incremento do comércio internacional.
Aumento da participação do emprego industrial e dos serviços (que passam a assumir a lógica industrial).
Abandono das fontes sólidas de energia (carvão), que são substituídas pelo petróleo (PINHEIRO, 1999).
Presença da indústria como centro que irradia e sinaliza a evolução dos demais setores da economia.
Crescimento dos mercados internos nos países do capitalismo central.
Crescimento internacional da produção e da produtividade.
Queda da participação do emprego agrícola; internacionalização produtiva.
SAIBA MAIS
A produção fordista, baseada na eletromecânica característica desta fase, de modo geral operava com equipamentos rígidos, adequados à produção em larga escala e era provocadora de grande rotatividade da força de trabalho. Adotava-se um processo de trabalho igualmente rígido, onde havia uma intensa divisão e fragmentação do trabalho, com acentuado controle da supervisão sobre o funcionamento de linhas de produção. Os trabalhadores passavam a exercer tarefas específicas, fixas, repetitivas e monótonas, que significavam uma real desqualificação (PINHEIRO, 1999).
(p.10)
Ford, em sua fábrica de automóveis, adota os princípios tayloristas de organização do trabalho, introduzidos desde o fim do século XIX. O taylorismo é, portanto, anterior ao fordismo. Taylor buscou obter maior produtividade, organizando racionalmente o trabalho na fábrica. A gerência pensava e os trabalhadores executavam apenas uma pequena parcela do processo de trabalho, que era dividido de modo a aumentar a produção. Para aumentar a produção, e consequentemente os lucros, Taylor dava prêmios aos operários que produzissem mais e buscava ensinar os movimentos que cada operário deveria fazer para agilizar o processo de produção. Se cada um fizesse os movimentos adequados, sem desperdício, não haveria tempos mortos (intervalos) na produção e o número de peças produzidas aumentaria (CATTANI, 1997).
(p.11)
Taylor intensificava o trabalho pelo estudo dos tempos e movimentos realizados pelos trabalhadores, propondo uma forma melhor, ideal, mais rápida e mais eficaz de realizar a atividade, eliminando os movimentos inúteis, os tempos mortos. Com isso, garantia o nível de produção e os lucros desejados pelo capital. Assim, Taylor propôs a intensificação do trabalho pela sua racionalização científica,pelo estudo dos tempos e movimentos dos trabalhadores, eliminando os movimentos inúteis. O saber empírico extraído da habilidade operária é transformado em saber codificado nos departamentos de métodos das empresas, voltando aos trabalhos sob a forma de normas imperativas (CATTANI, 1997).
OS PRINCÍPIOS DO TAYLORISMO
Separação entre concepção e execução do processo de trabalho.
Intensificação do trabalho pela determinação das formas “adequadas” para a realização do trabalho→ the one best way. Controle de tempos e movimentos, visando o fim da porosidade.
Cada tarefa era realizada em um posto de trabalho, para o qual era recrutado “o melhor homem para o lugar” (isto é, com as características adequadas às exigências do posto de trabalho).
Eram fornecidos estímulos, prêmios por produção.
Havia o predomínio de uma estrutura hierarquizada.
Para conhecer mais sobre o Taylorismo, clique no ícone
(anexo)
 O Taylorismo 
O Taylorismo propõe a separação entre projeto e execução, entre trabalho manual e trabalho intelectual, entre teoria e prática. Permanece até os dias de hoje enquanto organização científica do trabalho. (CATTANI, 1997) 
Braverman (1981) se refere aos três princípios básicos do taylorismo como sendo os seguintes: a) dissociação do processo de trabalho das especialidades dos trabalhadores (o que significa que cabe à gerência a coleta e o desenvolvimento dos processos de trabalho, que com isso passa a se tornar independente do ofício e do conhecimento dos trabalhadores); b) separação entre concepção e execução; c) utilização, pela gerência, do monopólio do conhecimento adquirido sobre o processo de trabalho para o controle de cada fase desse processo e do modo como é executado. 
Braverman (1981) aponta como a adoção dos princípios tayloristas acaba por rebaixar a grande maioria da classe trabalhadora a níveis inferiores de especialidade e funções, destruindo de vez com os antigos ofícios da fase inicial do capitalismo (etapa da cooperação simples), onde existia uma relação mais estreita entre a prática diária do ofício e o conhecimento técnico e científico disponível na época.
(p.12)
O fordismo, enquanto paradigma tecnológico, é um método de organização da produção e do trabalho complementar ao taylorismo:
[...] que se caracteriza pelo gerenciamento tecnoburocrático de uma mão de obra especializada sob técnicas repetitivas de produção de serviços ou de produtos padronizados. Como paradigma gerencial, o fordismo surge no setor secundário da economia e mais especificamente na indústria automobilística. Seu conteúdo é originado em uma fábrica de veículos, passando a fazer “escola” nos demais setores econômicos (TENÓRIO, 2011, p.1.151).
Assim, Ford amplia a lógica taylorista, aplicando os princípios tayloristas nas produções em larga escala, instituindo as linhas de montagem. Arrumados em fila, cada operário executa apenas uma parcela do trabalho. Os operários não saem do seu posto de trabalho e a esteira leva o produto. Com a esteira mecânica, não era mais necessário realizar os movimentos corretos, mas sim obedecer ao ritmo da esteira. Com a obediência ao ritmo da esteira, eram eliminados os tempos mortos e o trabalho era intensificado. Quanto mais depressa a esteira se movia, mais intenso era o ritmo de trabalho dos operários. No fordismo, a obrigação de respeitar os tempos determinados não está mais ligada a esquemas de recompensa e prescrição, nem à adoção dos movimentos “adequados”, como no taylorismo, mas à velocidade da esteira.  O ritmo de trabalho é deslocado do individual para o coletivo.
(p.13)
As principais características do fordismo são:
Intensificação da separação entre concepção e execução do processo de trabalho.
A atividade de concepção do processo de trabalho, o trabalho qualitativo, se realiza fora de linha produção.
A execução do trabalho se dá mediante a realização de um trabalho fragmentado e repetitivo, que traz uma real desqualificação operária.
Presença de salários elevados.
Controle e disciplina fabris para eliminar a autonomia e o tempo ocioso.
Produção de lotes de produtos padronizados.
Consumo de massa.
Máquinas rígidas.
Velocidade e ritmo do trabalho estabelecidos pelas máquinas.
Mecanização da produção em larga escala, tendo em vista o consumo de massas.
Presença da linha de montagem, com a esteira mecânica, que garante o fluxo contínuo de peças e a redução de tempos mortos.
(p.14)
Em síntese é possível afirmar que:
[...] o fordismo se baseia na produção em massa de produtos homogêneos, utilizando a tecnologia rígida da linha de montagem, com máquinas especializadas e rotinas de trabalho padronizadas (tayloristas). Consegue-se uma maior produtividade através das economias de escala, assim como da desqualificação, intensificação e homogeneização do trabalho. Isto dá origem ao trabalhador de massa, organizado em sindicatos burocráticos que negociam salários uniformes que crescem em proporção aos aumentos na produtividade. Os padrões de consumo homogêneos refletem a homogeneização da produção e fornecem um mercado para os bens de consumo padronizados, enquanto os salários mais altos oferecem uma demanda crescente para fazer face à oferta crescente (CLARKE, 1991, p.119).
O fordismo assim se consolida na indústria e, paulatinamente, se expande para o setor de serviços. Articulada à produção em massa de produtos de consumo padronizados, a organização do trabalho fordista se impõe como uma importante estratégia de racionalização da produção. O fordismo estava voltado para a produção em série de produtos que envolviam a adoção de uma tecnologia mais complexa, lançando mão da introdução de inovações tanto no produto quanto nas técnicas de montagem.
(p.15)
ATIVIDADE PROPOSTA
Neste momento da aula, sugerimos uma atividade para aprofundar a sua compreensão sobre o paradigma tecnológico fordista. Assista aos primeiros 18 (dezoito) minutos do filme Tempos Modernos de Charles Chaplin. Nesses primeiros minutos, Chaplin mostra Carlitos buscando sobreviver na sociedade capitalista do início do processo de industrialização. Através das situações vividas por Carlitos, Chaplin faz uma crítica ao capitalismo, ao fordismo, à maquinaria e às relações de trabalho próprias da indústria da época.
Para assistir ao filme completo, clique atalho. https://www.youtube.com/watch?v=0gY0JR6s38g
 
1) Que elementos e cenas mostrados no filme, característicos do modo de organização da produção e do trabalho no fordismo, correspondem a críticas de Chaplin ao fordismo?
2) Qual o papel cumprido pela supervisão e pela gerência da fábrica no filme?
3) Que consequências a organização do trabalho fordista traz para a qualificação dos operários?
Respostas gabarito:
Anexo
 Gabarito: 
1) É possível elencar, entre outros, os seguintes elementos: 
 O relógio na abertura do filme faz uma crítica aos capitalistas, para quem, na sua busca pelo aumento da produtividade e dos lucros, “tempo é dinheiro” 
 O rebanho de ovelhas, na cena inicial, que, comparando os trabalhadores a ovelhas, faz uma crítica à docilidade e à passividade necessárias aos trabalhadores. O capital os trata como “gado”. Uma coletividade “sem face”, sem individualidade. 
 Na cena da mosca Chaplin mostra que a linha de montagem não perdoa: não permite folgas, tempos mortos. 
 Na cena da ida de Carlitos ao banheiro, Chaplin mostra o total controle da gerência sobre os operários. Não é permitido nenhum intervalo na produção. 
 Na cena em que Carlitos é substituído por outro operário na linha de montagem, Chaplin mostra como a produção não pode ser interrompida. 
 Cada trabalhador executa uma parcela, um fragmento do processo de trabalho, sem noção da totalidade do produto. 
 Na cena da máquina de alimentar operários, Chaplin mostra como, para o capital, importa sempre aumentar a produtividade, e evitar os tempos mortos na produção. 
 Na cena de Carlitos entrando na engrenagem, Chaplin critica o fato de, no fordismo, os operários serem “engolidos” pela máquina.É ela que comanda. O operário no fordismo passa a ser peça de uma engrenagem. 
2) A gerência e a supervisão controlam os operários e ditam o ritmo da esteira, regulando a produção de acordo com os interesses do capital. 
3) Os trabalhadores são desqualificados e adestrados para o fazer. Não refletem sobre seu trabalho, nem o produto do seu trabalho lhes pertence. Alienação operária
(p.16)
O Estado de Bem-Estar Social
Antes de continuar a aula, conheça um pouco mais sobre o Estado de Bem-Estar Social.
Anexo
(p.1)
O ESTADO DE BEM ESTAR SOCIAL 
O paradigma fordista supunha a presença de um Estado planejador, regulador do processo de acumulação, articulador dos interesses conflitantes entre capital e trabalho. Esse Estado fazia intervenções e atuava como um grande regulador da economia. O Estado passa então a realizar de modo sistemático o planejamento e a administração econômica do país, de modo a garantir a reprodução ampliada do capital. 
O regime de acumulação fordista implicou a ampliação e diversificação da intervenção do Estado. No fordismo instala-se uma forma de gestão da força de trabalho compatível com as necessidades de acumulação capitalista, fazendo com que os níveis salariais e de consumo se tornassem adequados ao padrão tecnológico e de produção industrial em grande escala. 
De um lado, o Estado de Bem–estar Social impedia que os capitalistas colocassem em risco o próprio sistema com sua ânsia por lucros. Nesse sentido realizava uma intervenção nos mercados, estabelecendo subsídios, preços mínimos, estoques reguladores. O Estado contribuia para o processo de acumulação capitalista também quando construía obras de infra-estrutura para diminuir os custos da circulação das mercadorias. O capital lucrava mais. 
De outro lado, o Estado de Bem-estar Social desenvolvia uma política de pleno emprego e políticas sociais (tais como: saúde, habitação, educação, previdência social, etc) para que a classe trabalhadora tivesse condições de consumir a produção fordista, garantindo os lucros. O Estado de bem-estar promovia a redução das desigualdades sociais, através desta rede de serviços sociais. Sem ter que pagar por esses serviços, era possível ampliar o consumo que a classe trabalhadora realizava. Essas políticas sociais eram universais, isto é, valiam para todos. O Estado de Bem-estar foi o responsável pela distribuição de benefícios sociais e criou as condições de possibilidade de universalização dos direitos sociais de cidadania. Por isso os sindicatos e as classes trabalhadoras o legitimavam. 
Em síntese é possível afirmar que a adesão da classe trabalhadora ao novo projeto político teve como núcleo central o compromisso estatal com dois aspectos: o pleno emprego e a redução das desigualdades, obtida através da rede de serviços sociais gerados pelo Estado de bem-estar. (PINHEIRO, 1999) 
Nesse sentido, foram generalizadas normas de trabalho e emprego relativamente padronizadas, ampliaram-se e diversificaram-se formas de segurança do trabalho. O Estado assumiu parte do custo do processo de reprodução da força de trabalho, mediante o 
(p.2)
desenvolvimento de políticas de habitação, saúde, educação, seguridade social, transportes, saneamento, etc. A sociedade assumiu (através da ampliação de impostos) e delegou ao Estado (através das políticas públicas) a responsabilidade pelas maiores parcelas dos custos de reprodução da força de trabalho. (PINHEIRO, 1999) 
Como resultado das políticas econômicas desenvolvidas pelo Estado de Bem-estar, é possível afirmar que cresceu o nível de emprego no período, o que permitiu a incorporação no mercado de trabalho urbano tanto das suas populações quanto dos imigrantes. Como contrapartida, o desemprego diminui, restando apenas um desemprego residual, relativo à rotatividade do trabalho e ao tempo necessário para a busca de trabalho. 
Assim, é possível caracterizar o Estado de bem-estar como uma forma específica de regulação social que: 
se expressa pela transformação das relações entre o Estado e a economia, entre o Estado e a sociedade, a um dado momento do desenvolvimento econômico. Tais transformações se manifestam na emergência de sistemas nacionais públicos ou estatalmente regulados de educação, saúde, previdência social, integração e substituição de renda, assistência social e habitação que, a par das políticas de salário e emprego, regulam direta ou indiretamente o volume, as taxas e os comportamentos de emprego e do salário da economia, afetando, portanto, o nível de vida da população trabalhadora. Concretamente, trata-se de processos que, uma vez transformada a própria estrutura do Estado, expressam-se na organização e produção de bens e serviços coletivos, na montagem de esquemas de transferências sociais, na interferência pública sobre a estrutura de acesso a bens e serviços públicos e privados e, finalmente, na regulação da produção e distribuição de bens e serviços sociais privados. (DRAIBE, 1989, p.18)
(p.17)
A Crise do Fordismo
A realidade do desenvolvimento das economias capitalistas dos anos dourados foi radicalmente alterada pela crise que se iniciou nos anos 70. O dinamismo do padrão de industrialização esgotou-se, os mercados internacionalizados saturaram-se, cresceu a financeirização da riqueza produzida, ampliou-se a concorrência intercapitalista, o processo inflacionário foi iniciado e constatou uma retração dos investimentos. A elevação dos preços do petróleo em 1973 contribui para a ampliação da crise. Deflagrada pelo esgotamento do bem-sucedido período de acumulação capitalista, essa crise inaugurou uma nova fase do capitalismo e determinou profundas transformações em todas as esferas da vida social (PINHEIRO, 1999).
(p.18)
A globalização e o domínio do capital financeiro predominam no mundo após os anos 70. 
O capital financeiro comanda o sistema. São os bancos que passam a manter o domínio do capitalismo. Esse processo é chamado de financeirização da economia, por oposição ao processo anterior, onde a indústria predominava (processo de industrialização). Com o predomínio do capital financeiro, os Estados de Bem-estar passam a arrecadar menos e não conseguem mais ter recursos para regular a sociedade e pagar o custo da reprodução/manutenção da classe trabalhadora, isto é, desenvolver políticas sociais para estimular o consumo da classe trabalhadora. É, portanto, uma crise do fordismo, entendida como um regime de acumulação.
Outras interpretações para a crise dos anos 70 foram realizadas.  Dentre as várias explicações para essa crise, atreladas às matrizes teóricas das várias tendências e correntes, é possível destacar a visão liberal-conservadora, que faz parte do pensamento dominante e pode ser entendida como a versão mais frequentemente difundida pelos neoliberais.
Para conhecer mais sobre a crise dos anos 70 e a posição neoliberal, clique no ícone.
Anexo
(p.1)
A crise dos anos 70 e a posição neoliberal
A posição neoliberal parte da noção de que os anos de ouro representaram uma tentativa condenada ao insucesso, em função da pretensão de substituir a lógica natural dos mercados pela politização das relações econômicas, concretizada por meio da intervenção do Estado de Bem-estar, mediante pactos “corporativistas” entre grupos ou classes sociais.
Anderson (1996) mostra que o neoliberalismo, do ponto de vista teórico e político, já constituía, desde os fins dos anos 40, uma reação às limitações ao mercado impostas pelas intervenções na economia realizas pelo Estado de Bem Estar. Desde 1947, neoliberais como Hayek, Popper, Friedman e outros combatiam o igualitarismo proporcionado pelo Estado de bem-estar, acusado por eles de destruir a liberdade dos cidadãos e a vitalidade da concorrência, da qual dependia a prosperidade de todos. Para os neoliberais a desigualdade tinha um valor positivo.
Essas idéias foram derrotadas pelo sucesso dos anos de ouro, mas reascenderam quando ocorreu a crise recessiva de 1973. Segundo os neoliberais, o movimento operário havia corroído as bases da acumulaçãocapitalista, com a pressão sobre os salários e sobre o aumento dos gastos sociais. Esses dois processos foram entendidos pelos neoliberais como os responsáveis pela diminuição dos níveis de lucro, pela inflação e pela crise das economias nos anos 70. A solução para os neoliberais era um novo formato estatal capaz de romper com o poder dos sindicatos, de reduzir os gastos sociais e acabar com as intervenções econômicas. Um Estado governado com rigor orçamentário e que tivesse como meta a restauração do desemprego e a quebra dos sindicatos. Além disso, os neoliberais recomendavam a realização de reduções de impostos sobre os rendimentos mais altos, de modo a restabelecer o que consideravam ser fundamental: a desigualdade social.
Assim, na avaliação do pensamento neoliberal, a associação da política econômica de pleno emprego com a concessão de benefícios sociais desenvolvidos pelo Estado de Bem-Estar Social teria levado à ampliação de déficits orçamentários que, por seu turno, acabaram por ampliar a dívida pública, restringindo o investimento e provocando processos inflacionários. (PINHEIRO, 1999)
Para os neoliberais, a intervenção do Estado e as práticas corporativas, na medida em que buscaram induzir a expansão de certos setores ou proteger outros da concorrência intercapitalista, acabaram por provocar distorções nos sistemas de preços. Esses
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procedimentos, de acordo com o pensamento dominante, concorrem para aumentar a ineficiência e a multiplicação de grupos que se abrigam sob o “guarda-chuva” do Estado.
Além disso, segundo a lógica neoliberal, a quebra das regras competitivas dos mercados, promovida pela intervenção do Estado de Bem-estar, teria trazido consequências negativas também para os mercados de trabalho. A rigidez dos salários e o estabelecimento de regras políticas (como a do salário mínimo) impediam que os salários atingissem seu ponto de equilíbrio mediante a lei da oferta e da procura. (PINHEIRO, 1999)
Em síntese, a obstrução das leis espontâneas dos mercados imposta pelo corporativismo e pela intervenção estatal teria sido, de acordo com os neoliberais, a responsável pela inflação, pelo aumento do desemprego e pelo baixo crescimento econômico, fenômenos que começam a surgir na década de 70. (PINHEIRO, 1999)
Segundo o receituário neoliberal, a economia só voltaria a crescer quando fossem abolidos os estímulos e as restrições impostas ao mercado. O combate aos mecanismos de intervenção deveria se manifestar nos vários mercados, garantindo sua livre atuação. Assim o neoliberalismo defende: a desregulamentação dos mercados financeiros e a eliminação das barreiras à livre movimentação de capital-dinheiro; a eliminação das políticas protecionistas às empresas, deixando os mercados de bens submetidos à concorrência global; além da flexibilização das relações trabalhistas. (PINHEIRO, 1999)
A implantação desse modelo ou programa se inicia na Inglaterra de Tacher a partir de 1979 e nos USA, com Reagan em 1980, e Khol na Alemanha em 1982 e acaba por se consolidar nos países centrais, assegurando a hegemonia da ideologia neoliberal no hemisfério Norte. A América Latina foi palco da primeira experiência neoliberal sistemática do mundo com o Chile de Pinochet que, dez anos antes de Tacher, iniciou um programa de desregulações, privatizações dos bens públicos, desemprego massivo, repressão sindical, redistribuição de renda em favor dos mais ricos, etc. Já no final da década de 80 (com Salinas em 88 no México, Menem em 89 na Argentina, Fujimori em 90 no Peru, Collor em 90 no Brasil) o projeto neoliberal avançou pelo continente latino-americano. (PINHEIRO, 1999)
As políticas fundadas no receituário neoliberal de modo geral foram bastante eficazes no combate à inflação e no desmonte das instituições e das formas do Bem Estar-social. Essas políticas foram bem sucedidas na recuperação dos lucros, na derrota do movimento sindical e na contenção dos salários.
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O ajustamento econômico traduz-se, basicamente, na desregulamentação da economia, na privatização das empresas estatais, na reforma da aparelhagem estatal, na redução com gastos sociais e na supremacia do mercado.
Na maioria dos países de capitalismo avançado, assim, foram implementadas reformas estatais orientadas pelos argumentos neoliberais em defesa da liberdade individual e do mercado, determinando maior responsabilização individual e por parte da sociedade civil pelo atendimento às demandas sociais. Como conseqüência, as políticas sociais passam a não ser necessariamente capitaneadas pelo Estado e desaparecem espaços tradicionais de participação social de amplos setores da população. (PINHEIRO, 1999)
Nos países periféricos foram implementadas reformas estruturais visando levar as economias mundiais ao ajuste e às exigências do capital globalizado. Esse processo de atrelamento passivo das economias periféricas aos ditames dos pólos centrais do capitalismo mundial se concretiza nas diretrizes dos planos econômicos, a níveis nacionais, e de renegociação da dívida externa, a níveis internacionais, evidenciando, assim, a intervenção direta das agências financiadoras internacionais (FMI e Banco Mundial).
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O Novo Cenário Mundial
A crise dos anos 70, no plano político, condicionou a reforma do Estado e uma redefinição das relações do Estado com a sociedade civil. No plano econômico, a crise teve como resposta uma série de mudanças na esfera da produção e do trabalho, marcando uma nova etapa do processo de acumulação do capital.
A partir de meados dos anos 70, assiste-se a uma maior aceleração, concentração e mobilidade do capital que vem impondo uma nova ordem nas relações econômicas entre as nações. Esse processo, denominado por muitos de globalização econômica, a um só tempo dinamiza a economia, internacionalizando mercados e serviços financeiros, e provoca novos arranjos estruturais, aprofundando as contradições sociais e políticas.
ATENÇÃO
O novo cenário da economia mundial pode, em grandes linhas, ser caracterizado pela presença dos seguintes elementos: revolução tecnológica (ancorada na incorporação da microeletrônica), redução do ritmo de crescimento da produtividade e lucratividade das atividades industriais e mudança nos padrões de demanda (que se tornam menos padronizados e mais diferenciados) (PINHEIRO, 1999).
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O capitalismo torna-se mundializado. Ocorre a transnacionalização do capital e de seu sistema produtivo. O mundo do trabalho torna-se cada vez mais transnacional.
Com a reconfiguração tanto do espaço quanto do tempo de produção, novas regiões industriais emergem e muitas desaparecem, além de inserirem-se cada vez mais no mercado mundial, como a indústria automotiva, na qual os carros mundiais praticamente substituem o carro nacional. Esse processo de mundialização produtiva desenvolve uma classe trabalhadora que mescla sua dimensão local, regional, nacional com a esfera internacional. Assim como o capital se transnacionalizou, há um complexo processo de ampliação das fronteiras no interior do mundo do trabalho (ANTUNES, 2004, p. 341).
Assiste-se ao advento de uma nova organização social da produção, que passa a exigir formas distintas de cooperação capitalista, agora marcadas pela necessidade de articulação e integração, ao mesmo tempo em que determina a busca de estratégias de elevação da competitividade, mediante a utilização intensiva de tecnologia e inovações nos processos de gestão do trabalho.
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Nessa perspectiva, as atividades produtivas passam por um amplo processo de ajustamento, que envolve um redirecionamento de suas estratégias de mercado e produção. Assim, convive-se com o questionamento dos princípios fordistas de produção e com a introdução da produção flexível. O conjunto dessas mudanças pressupõe: o abandono dos equipamentos dedicados e rígidos, a introdução de novas técnicas organizacionais e mudanças na gestão da força de trabalho. Além disso, alteram-se as relações interfirmas, num movimento de terceirização da produção e dos serviços (PINHEIRO,1999).
A crise dos anos 70 o processo de reestruturação do capital nos anos 80
A crise dos anos 70 acirrou a concorrência internacional e a realização de um processo de reestruturação econômica e produtiva da economia mundial, que foi realizado “sob o comando dos países avançados e sob o predomínio do capital reestruturado subsumido no movimento mais geral de gestão e realização da riqueza sob dominância financeira”. (MATTOSO, 1995, p. 57). A financeirização da economia capitalista internacionalizada, ao combinar-se com o processo de reestruturação, iniciou um processo de modernização que, ao mesmo tempo, acentuou ganhos de produtividade e determinou uma distribuição desigual dos benefícios do progresso técnico.
Assim, o processo de reestruturação do capital ocorrido durante os anos 80 caracterizou um movimento de transformações estruturais bastante contraditório. Por um lado, esse processo se baseou em novas tecnologias que impactaram de forma abrangente as principais economias capitalistas, marcando o que muitos denominam de Terceira Revolução Industrial. Por outro lado, essas mudanças tecnológicas tiveram um caráter restrito, isto é, não só os seus custos foram pagos pela crise financeira dos Estados, pelos trabalhadores e pelos países periféricos, como também seus benefícios ficaram restritos a determinados países, empresas e indivíduos. Essa modernização conservadora acarretou uma transformação produtiva e tecnológica acompanhada de uma maior heterogeneidade e desigualdade sociais (MATTOSO, 1995).
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Cabe ressaltar que, embora a reestruturação tenha sua base material nos planos produtivo, tecnológico e da organização industrial, esse processo vai ultrapassar os limites industriais e da própria empresa, passando a abarcar o conjunto da estrutura econômica e da organização do trabalho.
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SÍNTESE DA AULA
Nesta aula, você:
Aprendeu os aspectos políticos e econômicos centrais que predominaram no cenário mundial durante o período que vai do pós-guerra à década de 80;
viu como o paradigma fordista é entendido como um regime de acumulação capitalista que associa um padrão tecnológico a um modelo político, isto é, a uma forma específica de regulação estatal: o Estado de Bem-Estar Social. Como paradigma tecnológico, o fordismo pode ser entendido como um modo de organização da produção e do trabalho no qual estão presentes os seguintes elementos: a linha de montagem, a produção em massa de produtos padronizados, a desqualificação operária, a separação entre concepção e execução do processo de trabalho. O Estado de Bem-Estar Social assegura, com o desenvolvimento de políticas sociais, que essa produção em massa possa ser consumida, mantendo elevados os níveis de lucratividade e, por conseguinte, garante a continuidade do processo de acumulação capitalista;
viu como o Estado de bem-estar desenvolvia uma política de pleno emprego e oferecia uma ampla rede de serviços sociais. Ele foi o responsável pela distribuição de benefícios sociais e criou as condições de possibilidade de universalização dos direitos sociais de cidadania. Por isso, os sindicatos e as classes trabalhadoras o legitimavam;
aprendeu também que, com a crise dos anos 70 e a ascensão do neoliberalismo, ocorre uma série de mudanças no plano político. A globalização e o domínio do capital financeiro passam a predominar no mundo. O capital financeiro comanda o sistema. São os bancos que mantêm o domínio do capitalismo. Esse processo é chamado de financeirização da economia, por oposição ao do fordismo, onde a indústria era o centro irradiador da economia. Com o predomínio do capital financeiro, os Estados de Bem-estar passam a arrecadar menos e não conseguem mais ter recursos para regular a sociedade, isto é, para desenvolver políticas sociais a fim de estimular o consumo da classe trabalhadora. Vive-se, portanto, uma crise do fordismo, entendido como regime de acumulação, o que abre espaço para o surgimento de uma nova realidade: um novo modelo de regulação estatal e um novo modelo produtivo/tecnológico: o paradigma flexível.
O QUE VEM NA PRÓXIMA AULA
Na próxima aula, você vai estudar:
As transformações econômicas e políticas que ocorrem no cenário mundial após a crise do fordismo, configurando um novo paradigma de acumulação: o paradigma flexível
REGISTRO DE FREQUENCIA
1. Tendo em vista as características do paradigma tecnológico fordista, assinale com um "V" as alternativas verdadeiras e com um "F" as falsas. 
No fordismo:
( ) há a presença da máquina em grandes unidades produtivas, com uso do petróleo e eletricidade, e a incorporação de grandes massas de trabalhadores
( ) há liderança dos setores industriais voltados para a produção em massa de bens de consumo duráveis
( ) os trabalhadores exercem tarefas específicas, fixas, repetitivas e monótonas, que significavam uma real desqualificação.
( ) há um acentuado controle da produção adequado ao funcionamento de linhas de montagem. 
Assinale a opção que indica a seqüência correta de afirmativas verdadeiras e falsas sobre o modelo de produção fordista:
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1) F/F/V/V
2) F/V/V/V
3) V/V/V/V
4) V/V/F/V
5) V/F/V/V
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2. Em relação ao Estado de Bem-estar Social foram elencadas as seguintes afirmativas:
I. A adesão da classe trabalhadora ao projeto político do Estado de Bem-estar social teve como núcleo central o compromisso estatal com o pleno emprego e com a redução das desigualdades
II. O Estado passa a realizar de modo sistemático o planejamento e a administração econômica do país, de modo a garantir a reprodução ampliada do capital.
III. O Estado assumiu parte do custo do processo de reprodução da força de trabalho, mediante o desenvolvimento de políticas sociais.
Assinale a alternativa correta:
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1) Somente as afirmativas I e II são verdadeiras.
2) Somente as afirmativas II e III são verdadeiras.
3) Somente a afirmativa I é verdadeira.
4) Somente a alternativa III é verdadeira.
5) Todas as afirmativas são verdadeiras.
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3. Conceituar fordismo como um paradigma de acumulação capitalista significa entendê-lo como uma articulação entre duas dimensões: a econômica e a política.
Assinale a opção que indica corretamente essa articulação. O paradigma fordista articula:
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1) uma intensa desqualificação dos trabalhadores dedicados à concepção do processo de trabalho e uma forma estatal comprometida com a liberação dos mercados.
2) uma estrutura produtiva e tecnológica voltada para a produção em massa e um modelo de organização estatal que garante a manutenção da força de trabalho pela introdução de políticas sociais.
3) uma maior qualificação dos funcionários que atuam no centro da produção e um formato estatal que defende a pouca intervenção na economia.
4) uma estrutura produtiva com equipamentos de base flexível e a criação de um sistema de proteção social voltado para as camadas sociais mais carentes.
5) uma organização da produção marcada pela diversidade de produtos e uma formação estatal comprometida com a flexibilização das relações de trabalho.
Resposta: 1-3, 2-5, 3-2.
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