Buscar

Biblioteca 552250 (1)

Esta é uma pré-visualização de arquivo. Entre para ver o arquivo original

História do Pensamento Moderno
Abordagens teóricas (I)
- Contextualismo discursivo da Escola de Cambridge
Tema da Apresentação
O princípio fundamental das aulas
- A partir dos anos 1960, historiadores como Peter Laslett, John Pocock. Quentin Skinner e John Dunn, na esteira das propostas teóricas de Robin George Collingwood (1889-1943), começaram a questionar a abordagem tradicional das formulações intelectuais desenvolvida nos campos da literatura e da filosofia. Essa formulações se pautavam nas noções de “gênio” e “obra inspirada”, enquanto as propostas analíticas do contextualismo discursivo lança luz sobre as condições de produção de um determinado texto. 
 
Tema da Apresentação
Conteúdos trabalhados
- O pensamento como tema para a pesquisa histórica.
- A Escola de Cambridge do Pensamento Político.
Tema da Apresentação
A bibliografia da aula
- JASMIN, Marcelo Gantus. História dos conceitos e teoria política e social. RBCS Vol. 20 nº. 57 fevereiro/2005. 
 
- POCOCK, J. G. A. Linguagens do ideário político. São Paulo: Ed USP, 2003.
Tema da Apresentação
O pensamento como tema para a pesquisa histórica
“O debate acerca do que seriam as formas válidas da história do pensamento para o âmbito da teoria política e social ganhou enorme impulso
com a publicação, em 1969, na revista History and Theory, do ensaio metodológico de Quentin Skinner, intitulado “Meaning and understanding in the history of ideas”. Neste ensaio, que ampliava argumentos inicialmente expostos por Dunn (1972) e por Pocock (1969) na esteira das pesquisas de Peter Laslett (1965), Skinner endereçou uma crítica violenta contra várias tradições da história das ideias políticas, acusando-as principalmente de incorrerem no erro comum do anacronismo, ou seja, de imputarem a autores e obras intenções e significados que jamais tiveram, nem poderiam ter tido, em seus contextos originais de produção.” (JASMIN; 2005, p. 27)
 
Tema da Apresentação
“Cada autor, ao publicar uma obra de teoria política, estaria portanto ingressando num contexto polêmico para definir a superioridade de determinadas concepções, produzindo alianças e adversários, e buscando a realização prática de suas ideias. Nesta chave interpretativa, sendo a elaboração de um tratado de filosofia política e social uma ação, a questão do seu significado deveria se confundir com aquela da sua intenção, sendo esta apreendida no ato de fazer (in doing) a própria obra ou asserção. Daí a reivindicação metodológica mínima conformada na noção de que, de um autor não se pode afirmar que fez ou quis fazer, que disse ou quis dizer, algo que ele próprio não aceitaria como uma descrição razoável do que disse ou fez (Skinner, 1969, p. 28). Disso resulta que a correta compreensão de uma ideia ou teoria só poderia se dar pela sua apreensão no interior do contexto em que foram produzidas. Resulta também que o objeto da análise historiográfica é deslocado da ideia para o autor, do conteúdo abstrato da doutrina para a ação ou performance concreta do ator num jogo de linguagem historicamente dado.” (JASMIN; 2005, p. 28)
 
Tema da Apresentação
A Escola de Cambridge do Pensamento Político
Peter Lasllet (1915-2001) John Pocock (1924) Quentin Skinner (1940) John Dunn (1940)
 
Tema da Apresentação
A Escola de Cambridge do Pensamento Político
A historiografia a que está se referindo é menos um trabalho de ou sobre narração do que a análise e a reconstrução do discurso político produzido pelos atores históricos, direta ou indiretamente engajados na ação política do seu tempo. Evidentemente, estudar o discurso político implica estudar fatos históricos, pois faz parte desse enfoque pensar os discursos como ações – “atos de fala”, para usar o tempo da filosofia da linguagem contemporânea -, para reagir a fatos passados, modificar fatos presentes ou criar futuros. Mas o interesse maior de seu métier são as diferentes maneiras pelas quais esses atores percebem e refletem sobre tais fatos. (POCOCK; 2003, p. 09)
 
Tema da Apresentação
A interpretação de um texto político, portanto, jamais pode resignar-se a uma leitura “vertical” da obra, como se o seu autor constituísse um depósito hermeticamente fechado de todos os sentidos da mesma. Ela deve, isso sim, situá-los (o texto e a obra) dentro de um conjunto mais amplo de “convenções” ou “questões paradigmáticas” ou modos de enfrentar essas questões, comum a vários autores mais ou menos contemporâneos – uma comunidade de “falantes” de uma linguagem política, que a atualiza através de suas intervenções particulares. Como essa atualização é pensada como atos de fala, o sentido da langue e do uso que o sujeito faz dela devem encontrar seu ponto de fuga no mundo de acontecimentos que as paroles pretendem modificar. As interações entre um e outro, por sua vez, acabam de modificar a própria langue. (POCOCK; 2003, p. 11)
 
Tema da Apresentação
A linguagem que um autor emprega já está em uso. Foi utilizada para enunciar intenções outras que não as suas. Sob esse aspecto, um autor é tanto o expropriador, tomando a linguagem de outros e usando para seus próprios fins, quanto o inovador que atua sobre a linguagem de maneira a induzir momentâneas ou duradouras mudanças na forma como ela é usada. (POCOCK; 2003, p. 11)
 
Tema da Apresentação
Na perspectiva aqui sugerida, parece ser uma necessidade prioritária estabelecer a linguagem ou linguagens em que determinada passagem do discurso político estava sendo desenvolvida... Mas nós estamos em busca de modos de discurso estáveis o suficiente para estar disponíveis ao uso de mais de um locutor e para apresentar o caráter de um jogo definido por uma estrutura de regras para mais de um jogador. Isso nos possibilitará considerar o modo pelo qual os jogadores exploram as regras uns contra os outros, e, no devido tempo, como atuaram sobre as regras com o resultado de alterá-las. Esses idiomas ou jogos de linguagem variam também na origem e, consequentemente, em conteúdo e caráter. Alguns terão se originado nas práticas institucionais da sociedade em questão: como os jargões profissionais de juristas, teólogos, filósofos, comerciantes, e todos aqueles que, por alguma razão, se tornaram reconhecidos como integrantes da prática política e entraram para o discurso político. Pode-se aprender muito sobre a cultura política de uma determinada sociedade nos diversos momentos de sua história, observando-se que linguagens assim originadas foram sancionadas como legítimas integrantes do universo do discurso político, e que tipo de intelligentsia ou profissões adquiriram autoridade no controle desse discurso.” (p.31).
 
Tema da Apresentação
Uma grande parte de nossa prática como historiadores consiste em aprender a ler e reconhecer os diversos idiomas do discurso político da forma pela qual se encontravam disponíveis na cultura e na época em que o historiador está estudando: identificá-los à medida que aparecem na textura lingüística de um determinado texto e saber o que eles comumente teriam tornado possível ao autor do texto propor ou dizer. A determinação de até que ponto o emprego que o autor faz desses idiomas era incomum vem mais tarde. O historiador persegue sua primeira meta, lento extensivamente a literatura da época e aguçando sua própria sensibilidade e intuição para detectar a presença dos diversos idiomas. Em certo grau, portanto, seu processo de aprendizado é um processo de familiarização, mas ele não pode permanecer meramente passivo e receptivo à linguagem (ou linguagens) que lê e, com freqüência, deve empregar certos procedimentos de detecção que lhe tornaram possível construir e validar hipóteses, no sentido de estabelecer que tais e tais linguagens estavam sendo empregadas e podiam ser empregadas
de tais e tais maneiras. Nessa linha de trabalho, ele terá inevitavelmente de se defrontar com problemas de interpretação, de tendência ideológica e com o círculo hermenêutico. Que indícios tem ele de presença de determinada linguagem nos textos que analisa, além de sua própria engenhosidade de detectá-las neles?” (p.33).
 
Tema da Apresentação

Teste o Premium para desbloquear

Aproveite todos os benefícios por 3 dias sem pagar! 😉
Já tem cadastro?

Outros materiais