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8 - PRODUTOS CONTENDO ÓLEOS E GORDURAS. De alguma forma, quase todos os alimentos contem óleos ou gorduras, ou pelo menos algum tipo de lipídeo. No entanto, alguns produtos são caracterizados como derivados diretos do processamento de óleos e gorduras. esses produtos são: 8.1 - ÓLEOS DE COZINHA E SALADA. Os óleos de cozinha e salada são os produtos mais simples do processamento de óleos e gorduras. Refinados ou não, são ingredientes essenciais na preparação da maioria dos alimentos consumidos pelo Homem. As "receitas" para o preparo de quase todos os pratos das refeições domésticas ou industriais começam com os óleos ou gorduras. Para utilização na cozinha, conforme o alimento que vai ser preparado, o uso de óleos ou gorduras é indiferente. Para a utilização em saladas, a permanência no estado líquido é essencial. Por isto, apenas óleos vegetais insaturados são usados como "óleo de salada". Geralmente , esses óleos são refinados para apresentarem sabor mais neutro possível mas alguns óleos de salada são consumidos sem refinação, exatamente pelo sabor característico. O principal desse óleos de salada é o "azeite de oliva". Nas regiões mais frias, mesmo os óleos vegetais insaturados podem apresentar cristalização parcial de alguns triglicerídeos que contem ácidos graxos saturados, adquirindo a aparência turva. Nessa regiões, os óleos são tratados pelo processo de "winterização", que consiste em um resfriamento controlado, seguido da separação da fração solidificada. Em alguns casos, óleos muito insaturados (soja) são levemente hidrogenados para diminuir o grau de insaturação e aumentar a resistência à oxidação. Também esses óleos deve ser "winterizados" para serem utilizados como óleos de salada. Nas regiões mais quentes, oleínas separadas do óleo de palma podem ser utilizadas como óleo de salada. 8.2 - ÓLEOS ESPECIAIS ("SHORTENINGS"). O termo "shortening" em Inglês, referia-se inicialmente a gorduras usadas em panificação. A gordura lubrifica as partículas dos ingredientes, diminuindo ("shortening") o tempo e o esforço para misturar a massa ou para mastigar e engolir os produtos. Atualmente, o termo ainda é usado para gorduras de panificação, pastelaria e confeitaria mas inclui também óleos e gorduras para fritura ou qualquer óleo e gordura modificado para um fim específico. A primeira gordura usada para panificação foi a manteiga e depois a banha. As características mais importantes dessas gorduras são a plasticidade e a capacidade de incorporar ar quando batidas com outros ingredientes. Com o uso de fracionamento, esterificação e, principalmente da hidrogenação, qualquer tipo de óleo ou gordura pode ser modificado e misturado com outros na formulação de produtos que atendem a qualquer característica de ponto de fusão, tipo de cristalização, teor de gordura sólida e plasticidade. Em alguns casos, adiciona-se a essas gorduras, aditivos como Administrador Caixa de texto Administrador Caixa de texto Administrador Caixa de texto emulsificantes, corantes, vitaminas, antioxidantes e outros que melhoram as sua propriedades físicas, químicas e nutricionais. Alem da influência na aparência, sabor e textura do produto final, óleos e gorduras são o meio de transmissão de calor nos processos de fritura. Por isto a principal característica das gorduras usadas em processos de fritura é a resistência à oxidação. Algumas dessas gorduras resistem a mais de 200 horas nos testes de estabilidade (ver capítulo 4a) . Por isto, em processo de fritura industrial, a maioria das gorduras é hidrogenada para diminuir a insaturação e aumentar a resistência à oxidação. Aditivos como antioxidantes e antiespumantes melhoram a qualidade dessas gorduras. 8.3 - MAIONESE E MOLHOS. A maionese tradicional, é uma emulsão do tipo "óleo em água" ou seja , é formada pela dispersão de gotículas de óleo na água que é a fase contínua. A estabilidade da dispersão é mantida pela gema do ovo que contem lecitina e colesterol como emulsificantes. Na fabricação da maionese, a fase aquosa é colocada em um recipiente dotado de um agitador ou misturador de alta velocidade. A fase aquosa contem vinagre, gema de ovo, sal e outros condimentos hidrossolúveis. Com o agitador ligado, o óleo é adicionado lentamente, até que a emulsão atinja a consistência desejada. Industrialmente, a emulsão é refinada em "moinhos coloidais". A gema de ovo, alem de agir como emulsificante, contribui para a cor e o sabor. O vinagre, alem de contribuir para o sabor, age como preservativo, aumentando a acidez. O óleo deve ser refinado, claro, de sabor neutro e permanecer líquido sob refrigeração. A maionese tradicional continha de 60 a 70 % de óleo, sendo proibida a utilização de espessantes. Produtos com menos de 60 % de óleo eram chamados de "molho à base de maionese". Atualmente, com a restrição ao consumo de alimentos calóricos, a legislação foi modificada, permitindo-se o nome de maionese para produtos com teores reduzidos de óleo e que usam espessantes como o amido e outras gomas. 8.4 -MARGARINAS. A margarina foi inventada em 1869, por um químico francês, Hypolite Mège Mouriès, à pedido de Napoleão III que desejava um produto com características semelhantes às da manteiga, muito cara e escassa na época, para atender às necessidades da população e do exército francês. A invenção de Mège Mouriès era uma emulsão de água em óleo, formada pela dispersão de gotículas de leite desnatado em uma gordura, a fração líquida do sebo ( oleomargarina ), separada por cristalização e fracionamento. Como ambas as matérias-primas eram muito baratas, o preço da margarina era apenas a metade do preço da manteiga. Durante a década de 1880 -1890, surgiram várias fábricas na Europa e nos Estados Unidos. Em 1900 a produção mundial era da ordem de 500 mil toneladas/ano, mantendo-se estável até o final da grande guerra de 1914 -1918. Com período de escassez que se seguiu, a produção se expandiu rapidamente, chegando a 1 milhão de Administrador Caixa de texto Administrador Caixa de texto Administrador Caixa de texto Administrador Caixa de texto toneladas/ano em 1925. Na década de 1950 a produção de margarina ultrapassou a produção de manteiga. No início do século 20 a fase oleosa de algumas margarinas já era preparada pela diluição de sebo ou banha com óleos vegetais líquidos, como óleos de amendoim e algodão. Em 1910, já existiam margarinas fabricadas apenas com de óleos vegetais, formuladas à partir de gordura de coco ou Óleo de Palma. A partir de 1930 gorduras vegetais hidrogenadas passaram a ser o principal componente das gorduras sólidas das margarinas substituindo aquelas de origem animal. Atualmente, a fase oleosa das margarinas é preparada pela mistura de dois ou, geralmente, mais componentes de diferentes pontos de fusão e conteúdo de gordura sólida O processamento moderno de margarinas envolve as seguintes operações, que geralmente são efetuadas em equipamentos contínuos: -Preparação da fase oleosa: consiste na mistura de óleos líquidos com gorduras semi-sólidas, preparadas por hidrogenação, interesterificação ou fracionamento. Aditivos lipossolúveis como corantes, vitaminas e emulsificantes são adicionados nessa fase. -Preparação da fase aquosa: consiste em dissolver em água potável os ingredientes hidro-solúveis como sal, acidulantes como o ácido cítrico, conservantes como o benzoato de sódio e leite desengordurado, em pó ou líquido, natural ou fermentado. -Emulsificação: as duas fases, aquecidas à temperaturas suficientes para manter a gordura em estado líquido são misturadas com agitação necessária para formar uma emulsão. -Resfriamento:a emulsão é resfriada rapidamente em trocadores de calor de alta eficiência, sob agitação constante, a temperaturas abaixo do ponto de cristalização da fase oleosa. -Cristalização: a emulsão resfriada e parcialmente cristalizada é transferida para outra unidade onde, ainda sob agitação constante, o processo de cristalização continua. -Embalagem - Estocagem: a margarina é transferida para embalagens por meio de bombas dosadoras e transferida para câmaras frigoríficas onde o processo de cristalização é concluído. 8.5 - OUTROS PRODUTOS. Alguns produtos não são considerados como óleos ou gorduras mas são derivados ou produzidos à partir de óleos e gorduras Administrador Caixa de texto 8.5.1 - EMULSIFICANTES. Emulsificantes são substâncias que diminuem a tensão superficial entre duas fases liquidas, facilitando a mistura de dois líquidos imiscíveis, geralmente óleo e água. Moléculas de emulsificantes tem uma parte polar ou hidrofílica , solúvel em água e outra apolar ou hidrofóbica, solúvel em óleos e gordura. As partículas da fase dispersa são recobertas por uma camada moléculas de emulsificante que impedem ou dificultam o seu reagrupamento. Em grande parte dos emulsificantes, a parte hidrofóbica , solúvel em óleos é a cadeia de hidrocarboneto de um ácido graxo. A parte hidrofílica geralmente contem hidroxilas e pode ser o glicerol, um açúcar, ou, geralmente , um poliol. A capacidade de um emulsificante formar emulsões de água em óleo ou óleo em água pode ser calculada pelo valor do HLB ou BHL ( Balanço Hidrofílico - Lipofílico ), que é uma relação entre a massa da parte hidrofílica da molécula e a massa da molécula inteira. Geralmente é igual á 1/5 da porcentagem ( em massa ) da parte hidrofílica da molécula do emulsificante e pode varia de 0 a 20. Mono e diglicerídeos ( BHL = 3 - 4 ) são os emulsificantes da margarina ( emulsão água /óleo ) enquanto fosfatídeos ( BHL = 12 - 13 ) são os emulsificantes da maionese ( emulsão óleo /água ) . 8.5.2 - CREME DE LEITE - MANTEIGA. O creme de leite e a manteiga não são considerados óleos e gorduras mas são produtos gordurosos. O leite cru, se deixado em repouso separa uma camada gordurosa, uma emulsão do tipo óleo em água contendo 30 a 40 % de gordura. Industrialmente o processo de separação do creme é acelerado pela centrifugação do leite, produzindo leite desnatado e creme de leite. Para a produção da manteiga , o creme de leite é "batido". Parte da água se separa, a camada de emulsificantes é rompida e ocorre uma "inversão" da emulsão, formando a manteiga, emulsão de água em óleo. A manteiga é uma gordura com características de plasticidade e sabor muito especiais. Atualmente os consumidores estão mudando a preferência para a margarina que é considerada mais saudável que a manteiga. "Butter oil" é o óleo separado da manteiga. É conhecido como " manteiga de garrafa " , no Nordeste do Brasil e como " Ghee " na Índia , onde é considerado um alimento sagrado . E usado como qualquer outro óleo no comércio internacional. 5.8.3 - CHOCOLATE. O chocolate é preparado á partir dos grãos de cacau fermentados e torrados. A gordura dos grãos, extraída por prensagem e a torta residual, são misturadas em diversas proporções com açúcar, leite em pó, e outros ingredientes para a fabricação de chocolate. Administrador Caixa de texto Administrador Caixa de texto Administrador Caixa de texto 5null Apesar do elevado teor de gorduras, e principalmente de gorduras saturadas, o chocolate não é considerado como um alimento perigoso como a manteiga, talvez por não concorrer diretamente com a margarina ou com gorduras hidrogenadas. Chocolates de má qualidade substituem parte da manteiga de cacau por gorduras hidrogenadas mais baratas. 5.8.4 - SUBSTITUTOS DE ÓLEOS E GORDURAS. A ingestão exagerada de óleos e gorduras causa obesidade e outros problemas derivados do excesso de peso. Por isto, um grande esforço tem sido dedicado ao desenvolvimento de produtos que possam substituir óleos e gorduras no processamento de alimentos. Esses produtos são derivados de carbohidratos, como amidos especiais, fibras e gomas, ou proteínas como gelatinas ou precipitados de estrutura modificada. Muitos deles conseguem reproduzir algumas das características dos óleos e gorduras , principalmente no aspecto de textura, em produtos específicos como molhos, cremes e sorvetes. Nenhum desses substitutos tem resistência ao tratamento térmico. Os produtos que mais se aproximam dos óleos e gorduras naturais são os poliésteres de ácidos graxos com sacarose, patenteados com o nome de "Olestra". Esses ésteres não são hidrolisados pelas lipases e portanto não são absorvidos no intestino. Nos Estados Unidos e na Europa o uso de poliésteres de sacarose é permitido em alguns produtos. O principal problema com esses produtos é que eles podem causar diarréia. As principais funções dos óleos e gorduras nos alimentos são relacionadas com gosto, cheiro, textura, aparência, e no processamento, transmissão de calor. Nenhum dos substitutos até agora consegue suprir todos esses aspectos. Alem disso, esses produto não proporcionam a mesma sensação de saciedade causada pela gordura. Os indivíduos consome menos calorias por porção mas acabam consumindo mais porções ou porções maiores. 5.8.5 - Produtos não Alimentícios Óleos e gorduras são a base de um vasto campo da química industrial, a oleoquímica. Se olharmos a molécula de um ácido graxo, veremos que a maior parte da molécula é um " hidrocarboneto " . Óleos e gorduras são usados para produzir tintas, vernizes, plásticos, lubrificantes e uma infinidade de produtos semelhantes aos derivados do petróleo, inclusive o " biodiesel " . Administrador Caixa de texto Administrador Caixa de texto
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