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Resenha Descritiva_"O que faz do brasil, Brasil?", Roberto DaMatta_2ºb._7EPROD

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INSTITUTO DE ENSINO SUPERIOR DO ESPÍRITO SANTO – IESES 
MULTIVIX – CACHOEIRO DE ITAPEMIRIM 
Aluno (s): Matrícula: 
Giselle Ladeira Macarineli 18985 
José Antonio da Silva Jr. 18910 
Robson Resiano Marquezini Marconsini 18067 
 
Professor (a): Raquel Carvalheiro Navarro Período: 
Curso: Engenharia de Produção 7º 
Disciplina: Sociologia 
 
RESENHA DESCRITIVA DO LIVRO “O QUE FAZ DO BRASIL, BRASIL?” 
 
O que faz do brasil, Brasil? 
Roberto DaMatta 
Ilustrado por Jimmy Scott 
Rio de Janeiro, Rocco, 1986, 82 páginas 
 
1. O que faz do brasil, Brasil? A questão da identidade 
Em sua introdução ao assunto, Roberto DaMatta justifica seu título onde faz 
uso das palavras “brasil” e “Brasil”. Em sua justificativa, afirma que “brasil” diz 
respeito a uma madeira de lei e também remete ao fato de o país ter sido 
intensamente explorado quando o país foi colonizado; em contrapartida, 
“Brasil” diz respeito ao país em sua totalidade, enquanto nação, envolvendo 
pessoas, costumes e crenças. Por várias vezes o autor afirma que o Brasil esta 
em “toda parte”. Com isso, quis dizer que em toda parte é possível ver um 
pouco da identidade brasileira. Seja nas pessoas, comidas ou costumes, por 
exemplo, ao contrario do que é comumente tratado em livros didáticos. 
DaMatta justifica que apesar de a condição humana preestabelecer questões 
universais para espécie, tais como “comer, dormi trabalhar, reproduzir-se e 
rezar”, as especificidades são dadas de indivíduo para indivíduo, de sociedade 
para sociedade. Trata-se de uma questão de identidade social se distinguir por 
se associar a uma serie de atributos especiais dois quais se originam uma 
história. 
Tratando de identidade social, o autor orienta como descobrir a cultura ou 
ideologia de cada sociedade segundo conceitos antropológicos: 
“A construção de uma identidade social, então, como a construção de uma 
sociedade, é feita de afirmativas e de negativas diante de certas questões. 
Tome uma lista de tudo o que você considera importante – leis, ideias relativas 
a família, casamento e sexualidade; dinheiro; poder político; religião e 
moralidade; artes; comida e prazer em geral – e com ela você poderá saber 
quem é quem. Não é de outro modo que se realizam as pesquisas 
antropológicas e sociológicas.” (pág. 12) 
E é segundo esses conceitos listados pelo autor é definido o perfil do 
“brasileiro”, cuja fórmula pela qual o perfil traçado é dada pela própria 
sociedade: 
“Sei, então, que sou brasileiro e não norte-americano, porque gosto de comer 
feijoada e não hambúrguer; porque sou menos receptivo a coisas de outros 
países, sobretudo costumes e idéias; porque tenho um agudo sentido de 
ridículo para roupas, gestos e relações sociais; porque vivo no Rio de Janeiro e 
não em Nova York; porque falo português e não inglês; porque, ouvindo música 
popular, sei distinguir imediatamente um frevo de um samba; porque futebol 
para mim é um jogo que se pratica com os pés e não com as mãos; porque vou 
à praia para ver e conversar com os amigos, ver as mulheres e 12 tomar sol, 
jamais para praticar um esporte; porque sei que no carnaval trago à tona 
minhas fantasias sociais e sexuais; porque sei que não existe jamais um “não” 
diante de situações formais e que todas admitem um “jeitinho” pela relação 
pessoal e pela amizade; porque entendo que ficar malandramente “em cima do 
muro” é algo honesto, necessário e prático no caso do meu sistema; porque 
acredito em santos católicos e também nos orixás africanos; porque sei que 
existe destino e, no entanto, tenho fé no estudo, na instrução e no futuro do 
Brasil, porque sou leal a meus amigos e nada posso negar a minha família; 
porque, finalmente, sei que tenho relações pessoais que não me deixam 
caminhar sozinho neste mundo, como fazem os meus amigos americanos, que 
sempre se vêem e existem como indivíduos!” (págs. 11 e 12) 
Segundo o autor, a identidade do Brasil pode ser dada de duas formas: 
1. Por meio de dados quantitativos, objetivos e claros, conforme critérios 
estabelecidos pelo Ocidente europeu a partir da Revolução Francesa e 
da Revolução Industrial, tais como PIB e PNB, por exemplo, que o faz 
ter vergonha do regime e inflação. 
2. Por meio de dados sensíveis e qualitativos, como a comida deliciosa, a 
música envolvente, etc. 
E o autor tem como objetivo mostrar a relação entre elas. 
 
2. A Casa, a Rua, o Trabalho 
Nesse capítulo, o autor descreve “casa” e “rua” como dois cenários 
contrastantes. O primeiro não se trata de um espaço físico, e sim um lugar 
moral, sinônimo de tranquilidade; e o segundo, sinônimo de movimento, 
trabalho. Ambos constituindo a rotina diária de brasileiros, independentes de 
sua classe social. 
A percepção de casa é tida como um lugar singular, um espaço exclusivo, pois 
embora tenha os mesmos espaços físicos e objetos das demais casas, se 
diferencia por uma convivialidade social profunda entre os que ali vivem, ou 
ainda inclusivo quando consideradas pessoas que vivem no domicilio mas não 
fazem parte da família, tais como parentes distantes que vieram a passeio, 
uma amigo que precisa de abrigo ate resolver alguma questão pessoal, ate 
mesmo animais domésticos são incluídos nessa definição pelo fato de 
contribuírem com a mais profunda identidade social do individuo. 
A casa demarca um espaço definitivamente amoroso onde a harmonia deve 
reinar sobre a confusão, a competição e a desordem. Nela existe uma 
tendência de produzir sempre um discurso conservador, onde os valores 
morais tradicionais são defendidos pelos mais velhos e pelos homens. 
Em contraste a casa, tem-se a “rua”, onde há um fluxo de pessoas 
indiferenciadas e desconhecidas, com suas contradições, durezas e surpresas, 
onde o tempo e medido pelo relógio. O autor descreve esse ambiente, a rua 
brasileira, como um oceano de maldade e insegurança, um reino do engano, 
da confusão e do logro; espaço que permite a mediação pelo trabalho que, no 
nosso sistema tão marcado pelo trabalho escravo, é sinônimo de castigo e não 
uma possibilidade de enriquecer honestamente e ganhar dignidade e fazendo 
com que relações entre patrões e empregados ficaram definitivamente 
confundidas. 
A partir dessa visão negativa do trabalho por brasileiros, o autor descreve os 
perfis existentes em relação ao trabalho como: 
“malandro (aquele que vive na rua sem trabalhar e ganha o máximo com um 
mínimo de esforço), o renunciador ou o santo (aquele que abandona o trabalho 
neste e deste mundo e vai trabalhar para o outro, como fazem os santos e 
líderes religiosos) e o caxias, que talvez não seja o trabalhador, mas o 
cumpridor de leis que devem obrigar os outros a trabalhar...” (pág. 66) 
Por fim, o autor conclui que “casa e rua são mais que locais físicos. São 
também espaços de onde se pode julgar, classificar, medir, avaliar e decidir 
sobre ações, pessoas, relações e moralidades.” 
 
3. A ilusão das relações raciais 
Nesse capítulo DaMatta se mune da frase de Antonil (“O Brasil é um inferno 
para os negros, um purgatório para os brancos e um paraíso para os mulatos”) 
para desenvolver suas ideias que vão além de uma interpretação ao pé da letra 
considerando questões fisiológicas raciais, mas sim considerando o sentido 
sociológico e simbólico por de trás da frase de Antonil. 
O autor recorda da previsão do Conde de Gobineau, cônsul da França e amigo 
e interlocutor intelectual de nosso Imperador, D. Pedro II, autor de “A 
diversidade moral e intelectual das raças” (publicada em 1856), a de que o 
Brasil levaria menos de 200 anos para se acabar como povo por permitir a 
miscigenação de raças, que a seu ver era algo insano, assim como para outrosteóricos do racismo no Brasil, como Buckle, Couty e Agassiz. 
Ao contrário do que ocorre em outros países hierarquizados, como os Estados 
Unidos por exemplo, onde existe o preconceito racial radical e tem-se portanto 
a distinção dual entre “preto” e “branco”, no Brasil tem-se a miscigenação entre 
raças e até hoje tem débil aceitação social do chamado triangulo de raças, 
onde existe o preto, o branco e o mulato. 
Ao fim do capitulo o autor define o chamado triângulo de raças como um mito, 
“uma forma sutil de esconder uma sociedade que ainda não se sabe 
hierarquizada e dividida entre múltiplas possibilidades de classificação. Assim, 
o “racismo à brasileira”, paradoxalmente, torna a injustiça algo tolerável, e a 
diferença , uma questão de tempo e amor. Eis, numa cápsula, o segredo da 
fábula das três raças...” (pág.28). 
 
4. Sobre comidas e mulheres 
Nesse capítulo DaMatta se mune do estudo do antropólogo francês Claude 
Lévi-Strauss a respeito de dois processo naturais: o cru e o cozido, que sob 
visão universal se distinguem pelo fato de “sabemos que cru se liga a um 
estado de selvageria (a um estado de natureza), ao passo que o cozido se 
relaciona ao universo socialmente elaborado que toda sociedade humana 
define como sendo o de sua cultura e ideologia “ (pág.30). 
Nesse mesmo capítulo o autor também trata a respeito da distinção entre 
alimento e comida: 
“Alimento é tudo aquilo que pode ser ingerido para manter uma pessoa viva, 
comida é tudo que se come com prazer, de acordo com as regras mais 
sagradas de comunhão 37 e comensalidade.” (págs. 32 e 33). 
O autor aborda ainda a respeito de metáforas comumente utilizadas pelos 
brasileiros a partir das mais diversas definições culinárias, tais como “pão-
duro”, “comer gato por legre”, “agua na boca”, “boca na botija”, “estar com a 
faca e o queijo na mão”, “estra por cima da carne seca”, “comes e bebes”, “falar 
da boca pra fora”, “comer do bom e do melhor”, dentre outras. 
O autor descreve também o fato de as comidas se associarem a sexualidade 
na sociedade brasileira. O ato sexual é traduzido com o ato de “comer” e surge 
a metáfora para o sexo, indicando que o “comido” é totalmente abraçado pelo 
“comedor”. 
Não poderia deixar de falar também do prato arroz com feijão, o qual 
metaforicamente descreve bem a situação racial no país. A diversidade 
culinária expõe também a diversidade existente no país. 
 
5. O carnaval, ou o mundo como teatro e prazer 
Nesse capitulo o autor explora o contrate entre o que é rotineiro e aquilo que é 
extraordinário, onde rotineiro seria o trabalho, eufemismo de castigo, enquanto 
extraordinário seriam festas, que remetem a alegria, segundo definição 
brasileira. 
O autor afirma ainda que todo sistema constroem festas de muitos modos e, no 
caso do Brasil, a mais importante é sem dúvidas, o carnaval: uma ocasião em 
que a vida diária deixa de ser operativa e, por causa disso, um momento 
extraordinário é inventado, podendo ser vivido como algo de fora e, daí, como 
algo que surge como uma regra ou lei natural que teria validade para todos, 
independentemente de sua posição na estrutura social. 
 
6. As festas da ordem 
Ao contrário do que ocorre no carnaval onde o objetivo e unir, juntar sem 
distinção, nas festas de ordem o objetivo é celebrar as relações sociais tal 
como elas operam diariamente a partir de formalidades sociais, mantendo a 
ordem social, com suas diferenças e gradações, seus poderes e hierarquias. 
Um dos eventos citados é o religioso, que pretende ordenar o mundo de acordo 
com os valores que são ali articulados como os mais básicos e é um universo 
onde as coisas se ordenam de modo plenamente vertical. 
Há também eventos cívicos e patrióticos como o das Forças Armadas que 
desfilam em saudação formal às autoridades constituídas, formaturas, 
aniversários, ritos de posse de cargos públicos, batizados, crismas, 
casamentos e funerais. 
Em geral, todas essas festas comemoram ou celebram alguma coisa que, 
supomos, realmente aconteceu, ao contrario do carnaval que resulta de 
fantasias. 
 
7. O modo de navegação social: a malandragem e o “jeitinho” 
Nesse capitulo o autor aborda as relações e atitudes brasileiras em relação 
aquilo que segue as normas de bom senso e da coletividade, quando entende 
que há sempre um modo de satisfazer nossas vontades e desejos. Essa 
mesma abordagem teve em um outro livro de sua autoria: “Carnavais, 
malandros e heróis”. 
Segundo o autor, o chamado “jeitinho”, a malandragem, são uma espécie de 
mediação entre a lei e aquilo que é pessoal. “Jeitinho” esse, que acontece em 
situações como a de enfrentar uma fila quilométrica, estacionar ou fumar em 
local proibido, lidar com prazo esgotado ou uma taxa abusiva instituída pelo 
governo, dentre outras, o que não ocorre em países como Estados Unidos, 
França e Inglaterra. Em geral, o jeito é um modo pacífico e até mesmo legítimo 
de resolver tais problemas, provocando essa junção inteiramente casuística da 
lei com a pessoa que a está utilizando. 
Os problemas são normalmente solucionados pelo “jeitinho”, um modo 
harmonioso de resolver a disputa, ou então pelo “você sabe com quem está 
falando?”, um modo conflituoso e um tanto direto de realizar a mesma coisa, 
porém nele a autoridade é reafirmada, mas com a indicação de que o sistema é 
escalonado e não tem uma finalidade muito certa ou precisa. Há sempre outra 
autoridade, ainda mais alta, a quem se poderá recorrer. 
Entremeio a esses dois modos, há um terceiro: “a malandragem, que não é só 
um tipo de ação concreta situada entre a lei e a plena desonestidade, mas 
também e, sobretudo, é uma possibilidade de proceder socialmente, um modo 
tipicamente brasileiro de cumprir ordens absurdas, uma forma ou estilo de 
conciliar ordens impossíveis de serem cumpridas com situações específicas, e 
– também – um modo ambíguo de burlar as leis e as normas sociais mais 
gerais.” (pág. 65). Uma figura que soube muito bem representar esse papel da 
malandragem foi “Pedro Malasartes ao realizar uma série de transformações 
impossíveis ao homem comum. Assim, ele superou a exploração econômica e 
política do seu trabalho, condenando o fazendeiro que o espoliava.” (pág. 66). 
8. Os caminhos para Deus 
Nesse capitulo o autor aborda sobre o espaço do outro mundo. “Demarcada 
por igrejas, capelas, ermidas, terreiros, centros espíritas, sinagogas, templos, 
cemitérios e tudo aquilo que faz parte e sinaliza as fronteiras entre o mundo em 
que vivemos e esse “outro mundo” onde, um dia, também iremos habitar.” 
(págs. 68 e 69). 
Segundo o autor, a necessidade de se ter uma religião se deve ao fator 
sociológico básico, da necessidade de relação globalizada e também de 
explicação para os infortúnios, dando sentido à nossa consciência e à sua 
necessidade de dar um sentido preciso a tudo, ordenando a vida e as relações 
entre as coisas da vida. 
A religião também marca e ajuda a fixar momentos importantes na vida de 
todos nós. Desse modo, nascimentos, batizados, crismas, comunhões, 
casamentos e funerais. 
Sendo Católico, umbandista ou devoto de São Jorge, o objetivo é sempre o 
mesmo: Ir para um plano onde todos teriam valor, independente da formalidade 
ou não, do sexo, etc. Um lugar onde não haveria mais sofrimento, miséria, 
poder e impessoalidades desumanas. 
 
REFERÊNCIAS 
DaMatta; ROBERTO, O que faz o brasil, Brasil?. Editora Rocco, Rio de 
Janeiro, 1986. 82 p. Disponível no Portal da Instituição. Acesso em: 27 de maio 
de 2016.

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