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Fichamento livro "O QUE E SOCIOLOGIA" (Martins, 1997)

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MULTIVIX
SERRA
VICTÓRIA NETO BONFIM
PSICOLOGIA – NOTURNO.
FICHAMENTO DO LIVRO:
O QUE É SOCIOLOGIA
SERRA – ES 
2016
CAPITULO PRIMEIRO: O SURGIMENTO
 A sociologia juntamente com a queda da sociedade feudal e consolidação do capitalismo como uma forma de entender as mudanças vindas com isso. Seu nascimento “não é obra de um único filósofo ou cientista, mas representa o resultado da elaboração de um conjunto de pensadores que se empenharam em compreender as novas situações de existência que estavam em curso” (MARTINS, 1994, p. 5). 
 O século XVIII teve grande importância na formação da sociologia. “A dupla revolução que este século testemunha – a industrial e a francesa – constituía os dois lados de um mesmo processo, qual seja, a instalação definitiva da sociedade capitalista” (MARTINS, 1994, p.5).
 A importância da revolução industrial para a sociologia esta com “a profundidade das transformações em curso colocava a sociedade num plano de análise, ou seja, esta passava a se constituir em “problema”, em “objeto”, que deveria ser investigado” (MARTINS, 1994, p.7). 
 Nos primeiros momentos após revolução, a pobreza já começou a se intensificar notavelmente com o intenso êxodo rural, dando origem a uma nova classe social nas cidades: a do proletariado, trabalhadores industriais.
 “As consequências da rápida industrialização e urbanização levadas a cabo pelo sistema capitalista foram tão visíveis quanto trágicas [...]” (MARTINS, 1994, p.7). 
 Essas mudanças desencadeiam uma necessidade de estudo da sociedade e seus problemas. 
 A sociologia constitui em certa medida uma resposta intelectual as novas situações colocadas pela revolução industrial. Boa parte de seus temas de analise e reflexão foi retirada das novas situações, como por exemplo, a situação da classe trabalhadora, a organização do trabalho na fabrica, etc. (MARTINS, 1994, p.8).
 A estaticidade das sociedades pré-capitalistas não impulsionava uma reflexão aprofundada sobre os problemas da sociedade, estaticidade essa, inexistente com a formação da estrutura social capitalista. 
 As modificações no pensamento também se tratam de uma circunstância para o surgimento da sociologia. As mudanças econômicas ocorrentes na Europa desde o século XVI desencadearam uma nova visão sob a forma do saber sobre a natureza e cultura, perdendo aquela visão de um mundo sobrenatural e substituindo por pensamentos mais lógicos e racionais. 
 “O emprego sistemático da razão, do livre exame da realidade – traço que caracterizava os pensadores do século XVII, os chamados racionalistas – representou um grande avanço para liberar o conhecimento do controle teológico, da tradição, da “revelação” e, consequentemente, para a formulação de uma nova atitude intelectual diante fenômenos da natureza e da cultura” (MARTINS, 1994, p.9).
 Foi o século XVIII, um século de produtivos avanços, como que em relação ao método de estudo da sociedade a partir de seus grupos e não por indivíduos isolados. Também o surgimento de um grupo de filósofos franceses ideólogos da burguesia, que eram de extrema oposição aos fundamentos da sociedade feudal. 
 Os iluministas tinham o intuito de estudar o mundo social de sua época para que pudessem mostrar que era injusto e irracional, atentando contra a natureza humana, ou seja, a liberdade. 
 A revolução de 1789 foi de total contribuição para a sociologia, visto que durante esse processo de tomada de poder da burguesia, surgem os grandes pensadores pais da sociologia, como Durkheim, que diante revolução industrial diz: “a tempestade revolucionaria passou, constitui-se como que por encanto a noção de ciência social”.
 Comte, outro fundador da nova ciência “a sociologia deveria orientar-se no sentido de conhecer e estabelecer aquilo que ele denominava leis imutáveis da vida social, abstendo-se de qualquer consideração critica, eliminando também qualquer discussão sobre a realidade existente, deixando de abordar, por exemplo, a questão de igualdade, da justiça, da liberdade (MARTINS, 1994, p.16)”.
 Teria a sociologia que se separar da das outras ciências, ter uma “autonomia” da filosofia e da economia política, tornando os fenômenos sociais independentes dos econômicos. 
 [...] Sociologia sempre foi algo mais do que mera tentativa de reflexão sobre a moderna sociedade. Suas explicações sempre contiveram intenções práticas, um desejo de interferir no rumo desta civilização, tanto para manter como para alterar os fundamentos da sociedade que a impulsionaram e a tornaram possível (MARTINS, 1994, p.17).
CAPÍTULO SEGUNDO: A FORMAÇÃO
De inicio, a sociologia não possuía um entendimento unanime entre sociólogos devido à divisão da sociedade em classes. 
 O caráter antagônico da sociedade capitalista, ao impedir um entendimento comum por parte dos sociólogos em torno ao objeto e aos métodos de investigação desta disciplina, deu margem ao nascimento de diferentes tradições sociológicas ou distintas sociologias, como preferem afirmar alguns sociólogos (MARTINS, 1994, p. 18).
 Uma dessas tradições usa o conservadorismo como fonte de inspiração para formá-la conceitos que explicam a realidade. Os conservadores, chamados “profetas do passado” eram de oposição aos iluministas, defendiam a sociedade feudal, e culpavam os pensamentos iluministas de desencadear a revolução de 1789 – que eles consideram o castigo de Deus na Terra – aniquilando com isso a propriedade, autoridade religião e a própria vida em si, o que pode ser entendido no seguinte trecho:
A sociedade moderna, na visão conservadora, estava em franco declínio. Não viam nenhum progresso numa sociedade cada vez mais alicerçada no urbanismo, na indústria, na tecnologia, na ciência e no igualitarismo. Lastimavam o enfraquecimento da família, da religião, da corporação etc. Na verdade, julgavam eles, a época moderna era dominada pelo caos social, pela desorganização e pela anarquia. Não mediam esforços ao culparem a Revolução Francesa por esta escalada do declínio da história moderna. A Revolução de 1789 era, na visão dos "profetas do passado", o último elo dos acontecimentos nefastos iniciados com o Renascimento, a Reforma Protestante e a Era da Razão (MARTINS, 1994, p.19, 20).
 As ideias dos conservadores serviram como base para os pioneiros da sociologia, que defendiam a nova ordem econômica e política, implantados na sociedade europeia no final do século XIX, adaptando as concepções às novas circunstâncias da época. Entre esses pioneiros positivistas destaca-se Saint-Simon, August Comte e Emile Durkkheim, todos com grande influência conservadora. “São estes autores que, de modo destacado, iniciarão o trabalho de rever uma série de ideias dos conservadores, procurando dar a elas uma nova roupagem, com o propósito de defender os interesses dominantes da sociedade capitalista” (MARTINS, 1994, p.20).
 O socialismo nasce com Marx e Engels, em uma sociedade inteiramente industrial, meio a opressão de empresários ao proletariado, que passaram a se revoltar contra essa minoria dominante. 
 Tanto Marx quanto Engels não tinham como interesse a fundação da sociologia como ciência especifica. “Em suas obras, disciplinas que hoje chamamos de antropologia, ciência política, economia, sociologia, estão profundamente interligadas [...]” (MARTINS, 1994, p.28).
 Visto que ambos concluem “serem os fatos econômicos a base sobre a qual se apoiavam os outros níveis da realidade, como a religião, a arte e a política, e que a análise da base econômica da sociedade deveria ser orientada pela economia política [...]” (MARTINS, 1994, p.30). Eram contra a visão egoísta de economistas da Escola Clássica, que falavam da produção de bens materiais da sociedade como impulsionada pela satisfação particular de cada um. 
Argumentando contra essa concepção extremamente individualista, procuravam assinalar que o homem era um animal essencialmente social. A observação histórica da vida social demonstrava que os homensse achavam inseridos em agrupamentos que, dependendo do período histórico, poderia ser a tribo, diferentes formas de comunidades ou a família (MARTINS, 1994, p.30).
 Ao contrario de Marx e Engels, Max Weber tinha como objetivo a criação de uma reputação cientifica a sociologia. Propunha uma sociologia neutra, sem interferências do ideológico do sociólogo. 
[...] Desejava assinalar que um cientista não tinha o direito de possuir, a partir de sua profissão, preferências políticas e ideológicas. No entanto, julgava ele, sendo todo cientista também um cidadão, poderia ele assumir posições apaixonadas em face dos problemas econômicos e políticos, mas jamais deveria defendê-los a partir de sua atividade profissional (MARTINS, 1994, p.33). 
 Também em diferenciação com Marx, Weber não vê o capitalismo como de todo mal, tentando entende-lo em toda sua essência, “para ele, as instituições produzidas pelo capitalismo, como a grande empresa, constituíam clara demonstração de uma organização racional que desenvolvia suas atividades dentro de um padrão de precisão e eficiência” (MARTINS, 1994, p.36).
 Independendo do que defendiam, os clássicos da sociologia buscam de modo geral uma forma de explicação eloquente das transformações da sociedade europeia de suas épocas. 
Seus trabalhos forneceram preciosas informações sobre as condições da vida humana, sobre o problema do equilíbrio e da mudança social, sobre os mecanismos de dominação, sobre a burocratização e a alienação da época moderna. Geralmente, estes estudos clássicos, ao examinarem problemas históricos de seu tempo, forneceram uma imagem do conjunto da sociedade da época. Suas análises também estabeleceram, via de regra, uma rica relação entre as situações históricas e os homens que as vivenciavam, propiciando assim uma importante contribuição para a compreensão da vinculação entre a biografia dos homens e os processos históricos (MARTINS, 1994, p.37). 
CAPÍTULO TERCEIRO: O DESENVOLVIMENTO 
 Coincidir a chegada do capitalismo com o surgimento da sociologia gerou um sentimento de otimismo em relação à nova ordem mundial, mas passar do tempo essa ideia de não passava de ilusão. A burguesia da época larga a ideia de fraternidade e igualdade, passando para ideologias mais conservadoras e opressoras. 
 Guerras, revoluções da classe operaria, o crescente poder nas mãos de grandes empresas, são exemplos de motivos para a descrença na civilização capitalista. 
A profunda crise em que mergulhou a civilização capitalista em nosso tempo não poderia deixar de provocar sensíveis repercussões no pensamento sociológico contemporâneo. O desmoronamento da civilização capitalista, levado a cabo pelos diversos movimentos revolucionários e pela alternativa socialista fez com que o conhecimento científico fosse submetido aos interesses da ordem estabelecida. As ciências sociais, de modo geral, passaram a ser utilizadas para produzir um conhecimento útil e necessário à dominação vigente (MARTINS, 1994, P.38). 
 Com a Segunda Guerra Mundial, o estudo da sociologia recebe um ponta pé, avançando bruscamente, em principal, a respeito da civilização capitalista e seus efeitos. 
 Mas apesar dos avanços, havia suas limitações. As pesquisas da época eram de inspiração nos trabalhos de Durkheim, que “relegaram decididamente a segundo plano as classes sociais como elemento explicativo dos fenômenos sociais” (MARTINS, 1994, p.41).
 Com a sociologia vinda a se tornar um trabalho, e sociólogos assalariados comuns, houve um desacelerar no desenvolver do pensamento sociológico, mecanizando esses estudos. 
Em grande medida, a função do sociólogo de nossos dias é liberar sua ciência do aprisionamento que o poder burguês lhe impôs e transformar a sociologia em um instrumento de transformação social. Para isso, deve colocá-la ao lado - sem paternalismo e vanguardismo - dos interesses daqueles que se encontram expropriados material e culturalmente, para junto deles construir uma sociedade mais justa e mais igualitária do que a presente (MARTINS, 1994, p.50).
CONCLUSÃO:
 Nessa obra o autor nos leva a uma viajem na historia da sociologia, nos dando caminho para entendermos melhor todo o processo de surgimento, crescimento e desenvolvimento dessa ciência. Partindo do inicio do capitalismo como chave ao seu surgimento, da evolução dele como evolução da própria ciência e chegando aos dias de hoje, em que a sociologia já tem certa independência. 
 Com livro, o autor procura deixar mais claro os fatos do que suas próprias opiniões, nos dando liberdade para concluir através de seus relatos o que é sociologia, e apesar e ser um conceito difícil de definir, o livro ajuda bastante a formação de uma visão mais concreta sobre a questão. 
 Após a leitura, pude ver a sociologia como a jovem ciência nascida para nos ajudar a entender as mudanças que passamos em escala social, em que tudo e todos são afetados. Uma ciência que procura resolver problemas gerados por nos mesmo, que precisam ser pensados e analisados para que assim, haja uma ideia de solução. Há nos dias atuais muitos fatos a serem analisados, estudados e “concertados” devido as constantes mudanças que nosso mundo está predisposto, tornando a sociologia uma ciência cada vez mais necessária.

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