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T E O R I A G E R A L oo N E G Ó C I O J U R Í D I C O TO M O 1 Faculdado do Diroito Teoria Gorai do Estado H A presente tradução foi feita tomando por base a 3.a reimpressão da 2 * edição ita liana do livro do Prof. Em ílio B etti: TEORIA GENERAL DEL NEGOZIO GIURIDICO COPYRIGHT DY UNIONE TlPOGRAFiCO- - E D I T R I C E l O R t N E á E . DE TU R I H Reservados todos os direitos. i*n lingua portuguesa, para Coimbra Editora. L.da Coimbra - Portugal <r> i A minha tnàe EM ILIA MANNUCCI BKTTI, símbolo im perecível de tudo aquilo que eu amo PR EFÁ C IO A exposição, que aqui fazem os, í/<? «wia P a rte geral referente aos negócios juríd icos, fffl d isc ip lin a que lhes deu o novo Código C ivil, toma por fo n te a tradição p a n - rfdis/fl í/a século passado, nós, representa, na sua histórica continuidade, a tradição nacional do direito romano. Volta a un ir-se a ela c. ao mesmo tem po, procura demonstrar-lhe a capacidade de renovação, fren te aos novos problem as c à s novas exigências de socialidade, na f u n ção ordenadora do direito, lísses problem as e exigências, criados pela sociedade moderna, embora novos. p odem , na verdade, -cr eficazmente esclarecidos e aprofundados à lu z de categorias dogvulticas elaboradas pela tradição paudetista . fazendo-os corresponder ao novo direito p o s i tivo. sem necessidade de renegar e rejeitar o trabalho das gerações de ju r is ta s , form ados na escola do direito rom ano. A o mesmo tem po, esta tentativa desejaria d im o n stra r que a nossa ciência ju r íd ica j á havia chegado a um a elabo ração dogmática do direito c iv il, a qual talvez p erm itisse atingir uma m aior perfeição técnica c um a melhor coor denação sistem ática, na elaboração legislativa das soluções adopiadas pelo novo Código C ivil. A prim eira edição desta obra, publicada em A b ril de 194.1, era dedicada às cidades m ártires da Itá lia , como símbolo da nobreza m ilcnária do nosso povo e da c iv ili zação européia, em lu ta pela sua sobrevivência. P reten dia-se que o sen m artírio fosse recordado séculos en: fo ra , coniu penhor seguro do grande fu lu to reservado à E uropa 10 TEORM CCHAL do KECÓao JURÍDICO ei ; t S - SSU Ilf a' Aos va,orct auUn,iC0i e ** <**•lizaçuo européia, e a quem. dentro e jora do nKM puh se ve neles ofendido e humilhado, i dedicada lambem a pré- Mtnte edição, a que trouxeram, com os nossos agradeci mentos, um contributo expontâneo de incitamentos t de sugestões, colegas e discípulos que nos honram com a sua amizade. Deve ser, agora, bem claro, para a consciência dos espíritos livres, libertos da psicose da última guerra ( internacional e civil) , que a causa da civilização europcia posta em perigo mortal pelos ataques aéreos indiscrimi nados e pela impiedosa acção de desagregação e destruição, conttnuada depois de fi>ida a guerra— não se identifica com a de nenhum dos dois imperialismos contrapostos, na sua tendência para a hegemonia, e até repudia o seu interessado patrocínio. É uma forma de inhumanidade, pior do que a própria guerra guerreada, pressupor no adversário a intenção hostil e agressiva, e imputar-lhe a imoralidade da causa e a hipocrisia das atitudes, reservando só para si o monopólio da moralidade e da pureza das intenções. Os espíritos livres sabem em que conta devem ser tidas certas atitudes de paladina de ideais, com que se disfarça, quando lhe convêm, a razão dc estado; c devem seguir a direito o seu caminho, com implacável sinceridade, sem aceitar tutelas interessadas, nem compromissos avil tantes. Não se iludam certos ingênuos zelotes que. prontos a prestar homenagem a presumidos ideais de j usl,(a£ 0 reparam que. fazc»d<H>. cstSo a ajudar a Jorça do direito e a autonomia da nação, a uma sala ignara dos problemas vitais (que tem » sua or,g> s s s s s s s s ^ S S islveis alternativas ideológicas, mas r ^ ílo do contingente resultado de «'»<« B1 11 predomínio econômico e fe io poder do apetrechamento téc n ico• aquela /orça que. na sua orientação destrutiva , aponta hoje, sob ouropéis de civilização, />ar<* o mfwiiJo A utna nova barbárie. Se. amanhã, os pretensos defensores da Merdade* ou da *pazt, na acreditada missão de in d i car à humanidade inteira (não obstante as diferenças de horizontes espirituais) o verdadeiro cam inho a seguir, considerassem conveniente, e imprescindível às necessida des da luta, pôr em acção esse seu poder, então veríam os renovar-se, com uma crueldade indiferente c quase escar- ninha, a destruição das cidades e das populações civis, das obras de paz, do patrimônio de arte e de cultura da milenária tradição europeia. Veríamos de novo em acti- vidade tu ma força cega, que esmaga tudo aquilo que, nem que seja só por disciplina e valor, procure ainda emergir deste inferno de destruição: a segurança brutal c im unda do martelo, manejado por um operário vulgar, contra pes soas de valor# (*). Aos espíritos livres e aos bons europeus, incumbe uma tarefa bem diferente. A chama da espiritualidade europeia, que sobreviveu às ruínas dos edifícios derru bados e das cidades destruídas, renascida do sangue dos massacres e das devastações dos incêndios, crescida, cm indômita continuidade, sobre as dores dos mortos e dos vivos. deve ser, por eles, conduzida a p o rto de salvamento. ClUVào ele E rnst W íscuert. Jcvomuxkinder t 1942, trad. it , 1949, 372. Esta nossa posição critica não c nponas do hoje. Desde o tratado do Vcrsaillcs, dc 28 dc Junho l i t V * Anmtario dtIVunivcrsiià tli Camnino, 191S-19. i m e seg» ), n6s aprendemos a apreciar, pelo seu valor mural, o espirito lejjahlário dus autores (K. 1). i>Cirv. 1 'uniamsm and . lürqi,V* l944* 259 « * * » ; * nossa. hUnprrta-.wnc M h i ie&e e d. alii &iur.4 334-337) Teoria Gorai do Estado II 12 TEORIA CKRAL DO NEGÓCIO JURÍDICO inlaeta e cr a tu, mesmo contra as hipocrisias ideológicas da política c os perigos ameaçadores de um renovado abuso da violência bélica (l), com a sinceridade da cri tica c a paixão tenaz do trabalho construtivo. E serão esses os verdadeiros vencedores, não os presumidos. Roma, 9 de Abril ds 1950 E mílio B etti ( 1) Pela nossa parte, procuraremos induzir os homens do governo a rcflectircm sobre as limitações morais e jurídi cas resultantes da violência bélica, com algumas considerações quo virão à luz nos cscritos cm honra de duas nobres figuras de juristas: A. Cicu e A. SciaJoia. Ver: Síudi in onore de Cicu, li, 600-612; Seritti giuridici in onorc di Scialaia. ív. 67-88: onde cstA reproduzido o essencial de duas conferências proferidas cm 16 de Junho de 1951, em Pisa (na respectiva faculdade de jurisprudência), o em 21 de Novembro de 1951. em Roma (no centru de comparação c síntese): esta última publicada na revista Re$pon$abiiitd de! sapsre. u.° 27, 1952, 12-25. — Por conseguinte, o grito de alarme lançado por quatro ilustres cientistas c jwr B. Kussel, no verão de 1955, coutra o perigo da bomba atômica, também, apontado por Einstein, chega com quatro anos de atraso. ArO STILA A SEGUNDA REIMPRESSÃO O insigne jurista que planeou c dirigiu este Tra tado (*), desapareceu do número dos vivos em 16 de Maio de 1955. A cxcelsa figura de F iuppo V a ssa lli conserva-se no coração de todos os juristas da nossa geração, como a de um guia incomparável e de um verda deiro mestre do direito. Cada um de nós, os que tivemos o inestimável incitamento da sua palavra viva, recorda, com a memória reconhecida, os seus ensinamentos, com a certeza de continuar a aprender neles. Seja licito ao signatário mencionar aqui, entre os muitos escritos, a conferência comemorativa proferida por M okiaxi sobre História c dogma (republicada no volume n dosE scri tos) e a crítica feita ao «projecto de lei n.° 175 de 1948, contendo disposições sobre o contracto de parceria» (na Riv. ilir. agrario, 1949, 1-30): crítica, em cuja profun didade cristalina e cm cujo elegante equilíbrio, vibra a personalidade de um ^grande jurista, que é nosso inesquecível mestre. Continuar o trabalho em que ele nos guiou, é, para nós, um compromisso de iá. E. 13. (* ) Refere-se o autor ao Tratado de Direito Civil ita liano. dirigido pelo Prof. F il ip p o V a s s a l l i, dc que faz parte a presente obra, que é o tomo n, do vol. xv. (N . do tradutor) CAPÍTULO 1NTRODUTIVO A5 vfcissffudcs das rclaçOcs jurídicas cm geral siimAkIO I Facto juHdico. ÜtWÇSo jurídica, rolaçlo juri- d í a - 2. m L ç í o dos factos jurídicos. 3 Clas- ,ific«çA« d<w neteo jurídicos. Natureza c espécie «Jas decUrnçócs. — 4. Vt algumas situaçOcs jurídicas: aqui sição (derivada, ou origin.iria) e perda de direitos. 5. Idcm: sucessão na powçlo jurídica. 6. Fuses do dcMJnvflvúncuto das relações jurídicas ( ). 1 — Farfo jurid ico , situação ju r íd ica , relação j u r í dica. Na reforma do Código Civil italiano, que teve ( • ) Ver: Bekker, System des heut. Pandektcnrechts. n, 1880. §§ 80-81. H oe ld er , Paudekten: allgemeine Lehren. 1891, $ 36; Windschkid, Lthrb. d. Pandcktenrechts. 0 .a ed.. 1906, I, H67-G8; R ege lsoerger, Pandektcn. i, 1893, § 118; D jíknuurg, Pandekten. 7.* ed . 1902. I. § 79; entre os tradistas da ♦ parte geral» do direito actucil. ver, pur todos, Kndemann, I.efob. d. Húrgerl. Ji . i. 9>.cü.a 1903, $§ 57-5S; C o v ie l lo , Manuale di du. cit', itol., 3.» ed.. 1932, § 97; Tuhr, Per allgemeine 7Vi7. d. deut. M igrrf. !(.. it. 1, 1914. § 43; H en lb . Lehb .d . Biirgerl. R .. i. 1926, § 6; sobretudo Car.meujttt, Teoria gene tale del diritto, 1940 f§ 95.99*115. 2 .» ed.. 1946. n.®» 44, 74*91, com uma nova sis tema tixaçio, rica em augestivas indicações. Sobre a crítica do conceito de causalidade (jurídica), a literatura referida por Mank.k, IU í TKkhvitkiame Verhallen. 1939. pAgs. 1 e scgs.; e ainda. Rotjiacker. GesthUhltphUosophie. 1933, págs 44 c scgs Sobre a siliiaçilo e os k feitos» preliminares, D. Kudino, Jutiut'“ í* • i t t t/etu g iu iid ic i pteltm inari, 1939. p/igs. 107 ® ***•. recensão na /tfr. dir. proc. cio.. 1910. pág 122. Sobre 16 TEORIA GERAL DO NEGÓCIO JURÍDICO lugar em 1942, nào se juigou necessário elaborar uma «parte geral., nem uma disciplina dos negócios jurí dicos. que compreendesse não só os contratos, mas tam- os testamentos, seguindo assim os precedentes do Código Civil alemão de 1900. que. também nesta parte, se aproveitara da elaboração cientifica dos pandetistas (l). Na reforma do Código Civil alemão, pensava-se, porém, abandonar a actual «parte geral», em obediência a certas necessidades de especificação e de concretaçáo, em que deveria inspirar-se, no projectado tCódigo do povo», a disciplina das relações de direito privado. Nào iremos discutir aqui as razões técnico-legis- lutivas que, numa e noutra reforma, aconselharam a nào acolher, ou a abandonar, uma disciplina geral dos negócios jurídicos: o problema técnico-legislativo estâ fora do plano deste* trabalho. Em todo o caso, resta d o s o facto dc o novo Código Civil ter conservado e procurado melhorar a disciplina geral dos contratos (arts. 1321.°-1469.°), servindo-se, para esse efeito, dos instrumentos da *parte geral». E mesmo prescindindo d a solução legislativa, fica sempre de pé, para nós, juristas, o problem a do va lor cientifico e prático de o conceito dc tvicissitmle», expressão por nós adoptada desde a primeira edição do nosso curso dc «Instituições de direito romano», i (1029). pág. 232. ver A lla ra . Vicenáê déf rapporto giiiridico e loro cause. 1939; 2.* ed., 1041. pág. 125; P i r a s , Novazione. em Studi sassaresi. pág. 21, 1947, 70; F edele, Ir.va- liditâ. 1943. pág. 2S3; B o la ffi. Socitlà semplice, 1947, pág. 399; D 'okazi, Ptelazione leg. e vol.. 1950, pág. 139. ( * ) Sobre esta matéria, ver: Barbero. Neussiíd di una parle generale nel cctltse, cm Jus, 1941; Hueck, Der allgcnieine Teil des r r i i alrechts. em Wort der Verteidiçung. no Archiv fúr die civilistische Pra.xis (cit. para adiante só por Archiv). 1940, págs. 146. 1-27. AS VICISS.TUDLS DAS HHLAÇÕBS JURÍDICAS I1M CliRAl.______ 17 uma teoria geral do negócio jurídico que, sem desconhe cer as diferenças de natureza entre as várias catego rias de ncgócios da vida privada, procure oferecer à jurisprudência critérios e pontos dc oricntaç;lo a ter presentes na resolução das controvéisias quo a tais negó cios se refiram. Uma teoria assim construída justifi ca-se, não só com argumentos metodológicos estranhos a ela, mas também com a superior visão de conjunto c com aquele melhor e mais preciso conhecimento, que ela está, objcctivamonte, em condições de proporcionar. Posto isto, procuremos dar-nos conta, antes de mais nada, do modo como funciona a norma de direito em relação à realidade social. A norma jurídica, conside rada 110 seu arranjo lógico, consta de uma previsão e de uma disposição correspondente. Isto 6, preve, cm abstracto e em geral, hipóteses de facto, classificadas por tipos e. ao mesmo tempo, orientadas segundo as direc- tivas de uma valoração jurídica — hipóteses que, cm terminologia técnica, são denominadas fa ttisp e c ie (2) — , ( * ) 0 termo deriva do latim medieval fa cti species. que, à letra, significa figura do facto (OncSeaiç, na lingua gem de Teófilo). A denominação é dc preferir à outra, comuiumcntc usada, de «facto jurídico», porque indica tanto o facto prúprianiente dito, como, conjuntamente, o estado de fucio c dc direito. cm que o facto incide c sc enquadra. Fo i neste sentido que nós introduzimos a palavra, na prim cir;i edição do nosso curso de «Instituições de direito romano», § 45; depois disso, eta tornou-se de uso comum. Sobre o processo legislativo dc configuração por tipos, veja-se o nosso D ire ito romano, I, §2; (iORLa, I/intcrprciasiune del d irith . 1941, pá^s. 58, e 139 (cujas observações devem nceitar-se com a inaior reserva): c agora a nossa Interpretazionc d. le^â c degli atti g iu rid . (1949). pA^s. 13-16, 14S-50; MGllek-Erzbácii, Das privaiú Hccht der Mitgfkdichafl ais Prii/stein eines kausaten Rcchtsdcnkens, 194S, 3 — Teoria Geral — i CAPITULO INTRO D UTIVO As vicissifudcs das relações jurídicas em geral SUMAKJO: I F a c lo jUrW ic<N «tm .çío j,,rid ica, rd a ç flo ju r f- j j Cíl 2 Clnsfiftcaçio dos factos jurídícos. 3. Clas- síficAçOrs dos netos jurídicos. Naturexa c espécie das declarações — 4 . D c algumas situações jurídicas: aqui sição (denvada ou originAria) e perda du direitos. 5. Idein; sucessão na posiçilo jurídica. 6. Fases do desenvolvimento das relaçOes jurídicas (•). 1 — f a d o jurídico, situação ju ríd ica , relação j u r í dica - Na reforma do Código Civil italiano, que teve ( • ) Ver: B ikkek, System des heut, Pandekteurechts, ít, 1889, H 80 81; HoEU>tüt. Pandekten: allgcmcinc Lchrcn, 1891. 5 3fl; Winosciii in. Tehrb, d. PandcUenrechts. 9 .n ed., 1906, I, §§ CÍ7-0S; Kkgkisokrcikk, Paudek/eii. t. 189.*), § 118; Dkknuuju;, Pandrkten. 7.» ed., 1902, f, § 79; entre os IradihliLS da «parte gcmU do direito actual, ver. por todos, Ivxdemanx, Jjthrb. d. Utiw rl. U . \, 9 * ed , 1903. 57-58; G ov iííllo . M amtalc di dn. civ. Uni., 3.» ed.. 1932. $ 97; Tuim, Der allrcmcimr Tcil, d. dn,t. m ^ n l . U . ii. I, 1014, $ 43; Hi.nu-. U hrb .d . 13ür*erl. R., i. I92d,§6; sobretudo C,\itNu.urri. Tcot ia generale del di ri/to, 1940 Ü 95,99-115, 2 » ed., 1946. n.°* 44. 74-91. com uma nova sis tema (Ir a ,, ; ,r k a em sugestivas indicações Sobre a crítica do com rito do causalidade (jurídica), a literatura referida por Manisk, Ihis uchtwrksameVcrhallnt. 1939. páçs. 1 e segs ; « ainda, Nutiiackmi, Gesclíicfjtsptithso/i/iie, 1933, págs. 44 e *K " Sobre a situaçao e os «eíeilui» preliminares, I). Kum no, f g li e/tUi g iu tid k i pnUw inari, 1939, pára. Iu7 m-cnsâo na Rw, dir. firoe. civ., 1910, p.1L' 122. Sobre 18 reO R U CERAJ, DO HECÓCIO JURÍDICO « cstabelecc-lhes um tratamento apropriado rclacio- T u l v m , t e ; a,nlVÍSd<!Uma * * * * * normatival como )M n «efeitos», situações jurídicas correspondentes. rJ H° - qU? ’ concrct°. um facto ou uma rela rao dd vida social, que, enquadrado na sua mol dura circunstancial, apresente os requisitos previstos c corresponda ao tipo de/atisp& ie contemplado, intervém a sintcsc, o nexo estabelecido pela norma, dc um modo InpotiHico, entre aquele t i ] » de falhpêcic o a correspon dente disposição: isto t . produz-s* a nova situação jurídica disposta em previsão. E dado que esta. então, se produz automatica mente, no geral com unia constância e com uma neces sidade inelutáveis, o nexo de carãcter normativo esta belecido jKíla norma entre falispécic c disposição é. no geral, comparado à causalidade natural, e concebido como um nexo de ^causalidade jurídica* (o que faz com quo as novas situações jurídicas que se produzem, págs. 8-9, 17 c 21; In., Die llechtsvLissenschajt m Utnbau: ihr Vòrdriiígcn ?t< den besthumeiutcn Eitrnntcn der Zusammen- Icbcns, 1950, págs. 31-37 (•). (•) Temos traduzido, correntemente, fattispecie por pre visão, pn/iivra que c-orresponde. aproximadamente. embora sem total cxactiãão. à palavra italiana criada por lieili. Mas porque, aqui. o autor nos dà. r.rita nota. o sentido exacto da palavra para ele. achámos p rtf crivei aportuguesar o wc&ulo para íatis- pícic, t cmpiegá-lo nesta obra. iaivo *ics raros casos cm que o autor a usa uo sentido de previsão urdadetra t própria: quando assim suceda, preferimos empregar A palu.va corrente por- tuguesa. Cremos ser estã. na dúvida, a melhor solução: se nos enga narmos. o leitor. f>or cato. nos perdoará, jem correr o risco de um mau entendimento. pois sempre saUrá o que, cora o neologismo. procuramos di:rr. (Nota do Tradutor) W VICISSITVPM DAS ™ C™ AI » costumem ser denominada, « fe ito » jurídicos.). Há. S n uma diferença essrncial. quo convim nao esquc- r e 'i que os chamados «efeitos jurídicos., ao contrá r i o * » efeitos naturais, sendo o produto do uma valo- « c io iuridica, sâo uma criação do espirito humano, na n.edida em que ele reage sobre a realidade social. Eles representam a *esf>osla que a ordem jurídica dá aos vários tipos de situações previstas: de maneira que a relaçio que aqui está em jogo, não 6, propriamente, a dc causa para eíeito, mas aquela mesma que, na acti- vidade liumar.a. se estabelece entre a situação dc íacto e a acção que esta faz determinar. Assim como it von tade individual se determina a agir com base 110 conhe cimento de uma concreta situação dc íacto, também aquela valoração abstracta, que estabelece e sustenta uma norma jurídica (chamada, por vezes, impropria mente, recorrendo a uma ficção antropomórfica, «vontade do legislador») {*) toma por base a previsão de um dado tipo de situações de facto, classificadas, mediante certos requisitos, como qualidades abstractas de pessoas, dc coisas ou de actos, ou categorias de comportajnentos do homem, e atribui-lhes o nascimento dc novas situa ções jurídicas. Portanto, estas, mais do que os efeitos de uma .causa», entendida em sentido análogo ao natu- ralislico (*), constituem as respostas que a ordem jurl- wnpropriwladc, veja-se a critica fcita na i * » " • '«5 « segs. entendida rm" Jn tiY 1I,5uf,c":'n( ia do conceito de causa, pwt.i de Caim elutti nj.türallst,co’ é taailiém a rcccntc pro- 2 ‘ ed.. 5 76. 3 ‘ 0,1 ' i s T r * ^ 5 IM * * * * ' 26° : "ov* titn.irJo iurtóiA , ‘ t’roípectar, como causa da ■> Bonn» jurídica imprime*".U;içaü i urídiM prccmlcntc. a que «npnme a lorça para sc modiíicar em deter Tooria Gorai do Estado II 20 TEORIA CERA!. DO KEGÓCIO JURÍDICO dica da às diferentes situações de facto, que sâo con figuradas à medida que vão sobrevindo os factos jurí dicos. Factos jurídicos sâo, portanto, aqueles factos a que o direito atribui relevância jurídica, no sentido de mudar as situações anteriores a eles e de configurar novas situações, a que correspondem novas qualificações jurí dicas. O esquema lógico do facto jurídico, reduzido à expressão mais simples, obtém-se estudando-o como um facto dotado de certos requisitos pressupostos pela norma, o qual incide sobre uma situação $rc-existcnle (in ic ia l) e a transforma numa situação nova (fina l), de modo a constituir, modificar ou extinguir, poderes e vínculos, ou qualificações e posições jurídicas (*). A eficácia constitutiva, modificativa ou extintiva, é atribuída ao facto jurídico em relação à situação em que se ele enquadra, na medida em que forma com ela (como falispccic) uni objecto de previsão e de valora- ção jurídica, por parte da norma que estabelece aquela eficácia. A valoração de um facto como facto jurí- minados casos*, e para se ver no facto jurídico, não u causa, mas uma simples «ocasião.. Cremos, no entanto, que sc deve »r mais além e reconhecer que o conceito naturalístico de causa não serve (cír. Hkgiil. Logik, 11, cm Wcrhe, 1841. iv, págs. 221 e s c r s ) , reservando esse nome tradicional c técnico pira desig nar a função cio negócio jurii*.:cu. que é, propriamente. m o * causa, no sentido vulgar, mas a razão da san*ao jund.cn. Para uma critica do cuoceit»), veja-se a literatura citada í » r MANir.K. Ktchtswirksavu YeriMten. pigs. I • ***■. cm esj£ ciai Stammlkr. T to r i# der lUcMiswUsenschafl 2.- ed., 19-J. págs. 170 e scgs.. 197-99; Okkwans UceMsordu. » . Ver- kehrssitie. págs. 229*233. (ma«* adiante, Cap. 111). ( 6) Cír. GARSta.urr*. ieor. ^en. dt».t 2. wl.. n. * . págs. 216-17. * R B U C te J«» ín iC A » m» c n u L ______21 desenvolvimento daquela, uma situação nova cm que so converte a situação preexistente com o sobrevir do íacto jurídico. Especialmente quando a situação nova consiste em se constituir uma relação jurídica, u situação pré-existente consiste no particular modo de scr que assume uma relação da vida social, (juando sobrevim um íacto jurídico. Este — por ex., um con trato— , Íâ í nascer uma obrigação, na medida em que actua sobre uma situação complexa, cujos elementos já estão qualificados pelo direito: tais como, duas pessoas capazes de sc obrigar, um objecto idôneo para consti tuir matéria dc obrigação e que pertença à esfera jurí dica dc uma delas ou dc ambas, e assim sucessivamente. Dado que o modo dc ser conseqüente à conclusão do contrato constitui objecto de valoração jurídica, a • — -----i— i '■■'“ ‘••i oujvu.i «i Mmci uiint modificação, ou a CXtinguir-SC. com a suiwrvriiiftiri:i de 1'ara melhor se compreender este íenúmeno, pode Tnnrla Rornl rio Estado II 22 TEOMA OERAL DO NEGÓCIO JURÍDICO imaginar-se o plano em que actua o direito, como sobre- posto àquclfc cm que vive a realidade social (*). As qualificações jurídicas movem-se e sucedem-sc neste plano superior, provocadas, caso a caso. por cor respondentes modificações que, quando sobrevem factos jurídicos, têm lugar, paralelamente, no plano inferior. Por outro lado, a apresentação de uma situação jurí dica como cfalispccic* ou como idisposição», tem. essen cialmente, um caracter de relatividade. Na verdade, o que na redacção dc uma norma é objecto de disposição (pense-se no caso das normas que regulam a condição jurídica dc pessoas ou dc coisas), pode tomar-se parte da fatispccic prevista nos textos de uma outra norma (pense-se nas normas que estabelecem obrigações a cargo daquelas pessoas, ou relativamente àquelas coisas),c a disposição desta outra norma pode, por sua vez, vir a íazer parte da falispccic prevista por uma norma ulte- rior, de caráctcr sancionatório (pense-se naquelas normas quo previím o inadimplemento de obrigações assumidas por aquelas pessoas ou respeitantes àquelas coisas, ou a ilicitudc da sua criação, e estabelecem uma responsa bilidade correlativa). Tudo isto íaz compreender que as normas de uma mesma ordem jurídica estão ligadas entre si por um nexo lógico de subordinação e de coor denação; e. ao mesmo tempo, serve para demonstrar que a nova situação jurídica estabelecida por uma certa ( • ) O mundo da realidade pode ser. cm geral, imugi- nado como um cosmo constituído às camadas, do qual a estru tura superior é formada pelos modos de ser do espínto. Sobre essa concepção, ver N . H a r tm a s n . Das PfobUm d. gns- tigtn Sei ns. 1933. págs. 57 e segs.. 65 c segs. 258 e segv. c u* nossos ProligMeni a una Uoria frner. itiCtnUrprtlaz.. R i v. internai, f i l . dir„ 1$>4$. pãgs. 2 e segs. neLACOBS JUKtnlCAS SM CURAI. 21 às VICIRSITUPTO tihÈ -------------------- ' — ...Imuít coisa separada c nfnstudii norma. longe de scr q m j. n.m passa dc um da ' a' T ' \ l ‘ de Z X criadas por desenwWmK" wlvinlcnt0 provocado pola super- outrnsiwrn • incidindo sobre aquelas T Í S í i T o b je c io do ultcrior valoraçào S J Í T p T S da norma em questão (*). Assim se esclarece. tambím, o sentido da velha m lsima « f.,do oritur itts. Quer dizer-se com ela que a lei. sô por si. não dá nunca vida a novas situações jurídicas, se náo se verificam algirns íactos por ela pre- vistas: nào porque o íacto se transforme cm direito, mas porque 6 uma situaçüo jurídica pré-existente que se converte, com o sobrevir de um dado íacto, num.i situação jurídica nova. As concatenaçôes dos íactos. naturais ou sociais, seguem, cada uma delas, as suas leis; as concatenaçôes dos factos jurídicos com as novas situações que llics correspondem, obedecem, |X'lo con trário, às normas jurídicas, no plano em que actua o direito: plano que é diferente daquele sobre que actuam as outras concatenaçôes. A nova situação jurídica estabelecida pela norma, náo 5c produz enquanto se não veriíicar, inteiramente, a hipótese de facto. a fatispécic. que é o seu pressu posto. Quando a fatispêcü nào se realiza por uma só cz, r..as por gradações, através de uma progressão de - fftisPk** incompleta pode corres- dá l u J T atuação jurídica preliminar, que às vezes * :■ « o — üca do fcn,,m^ n j na ^H^deraçào cienti- ^ o - a denominação de situação jurídica ( ’ ) RtUNo. Faltisp. ,4 giur _ pigs 69.70 , Teoria Gorai do Estado II ----- oo c c m c ç t R F 7011 24 TEORIA CC11A L DO KEfiÓCIO JURÍDICO ( Rcchlzlage) íoi, primeiramente, empregada para situações preliminares c reservada para situações seme lhantes (B). Mas, no fundo, essa limitação á arbitrária, porque não corresponde ao significado comum da expres são, que é muito mais geral e amplo, nem corres ponde àquele sentido de gradação que explica o desen volvimento de uma outra situação jurídica. Porém, logo que se completem os vários elementos dc facto constitutivos c. por conseguinte, esteja realizada a totalidade da Jálhpicic prevista pela norma, a nova situação jurídica que ela determina produz-se automà- ticamente, e. em regra, sem efeito retroactivo. Nenhum obstáculo dc índole exterior pode impedir que o meca nismo da norma funcione, visto que o objecto da sua disposição, consistindo em dadas qualificações e posi ções, ou em certos poderes e vínculos, é de ordem pura mente espiritual. Só a realização do estado de facto correspondente ao poder e ao vínculo produzidos pode, naturalmente, encontrar, c encontra na prática, os obstáciüos do mundo exterior e a resistência da má vontade dos homens: resistência precisamente para supc-rar a qual a ordem jurídica prevê sanções c orga niza o instituto do processo. Ê, portanto, natural que a nova situarão jurídica, não se produzindo antes de poder funcionar o nexo genético, estabelecido pela norma, entre ela e a fatispécie. se apresente sem efeito retroac tivo. Assim como as normas jurídicas só, em regra, dispõem em relação ao futuro, também, auàlogamente. (• ) K o h le r . Lehrb. d. bãr&srl. R.. l. 1906, págs. 152 c gs.; H ò lo l r , Pandtkttn. § 36: págs. 173 c «g s .; cfr. Car- NEIXTT1, Teoria geuerale del dirttlo, págs. 243 c scgs.: 2.* ed., págs. 109, 166 c 21S; Kuuino, Fiitlisp., pága. 107 c scgs. «•* oil „as jubícica* m ci um 2*; AH VH "* . • .r xini nrevtatiuinctimm paraofuturo. "r J 1 <lc ,,|as m. havrruni verificado " " P,*r“ m.nwüiwnti- Mim fiin r rc t.o a g lr os mlolnuncjdc, < »K « i t ^ jurii,icM i)ror ftd,i< ,H>' f íac'i « Dodcm consistir, ante* de mais nada, cm M - ..s nonms atribuem a J i l . „ « » , .»« uctos. Av.iiu, 110 campo liiivulo mo essencialmente qualificativas as normas cm sentido lato. poderíamos chamar normas dc oiijuiuiaçâo* mi dc configumçflo: isto e, as normas destinadas, em regra, a rcaüwir uma parte daquela coofí^urâ^o jwr tipos em quo se alicerça a icgula- mndaç.lo jurídica das relações sociais, lí» o caso oacjuc- Jas normas que. quando concorram certos prcss\ipostos, atribuem As pessoas uma determinada capacidade c pmiçâo (o stútus da pessoa, em sentido lato), ou esta- lulecem, para as coisas, a comerciabilidade c a categoria a que pertencem, ou disciplinam, segundo certos requi sitos, a Ic^aliil uie, qualidade e validade dos netos. Com maior frequência, porém, as normas do direito piivado destinam >c, antes, a regular conflitos de inte- tesses entre várias pessoas: conflitos, entenda-se, que |Hirturbaiiam a convivência social, se o direito não providenciasse para os prevenir, protegendo o interesse digno de prevalecer e subordinando-lhe o interesso con- (vário, 1. por isso, as novas situações jurídicas, que as normas oicin depender dos factos previstos, costumam con jinu r, pwcfcunenie, aspectos de. relações ju r íd ic a s . t i . ^ l C° S'lUnJam C° nsistir wn P °dcr» c vínculos de eonstitueni. sc modificam c se panhidos í ' " 1" 8 intí%rcssados. c sào acom- ^seguinte, a diferença entre situa- Teoria Geral do Estado II TEO RIA GEHAt. DO NEGOCIO JURÍDICO ção c relação jurídica, é apenas uma questão dc espe cificação e dc aspccto. A relação jurídica, no campo do direito privado, pode caracterizar-se, precisamente, como uma relação que o direito objectivo estabelece entre uma pessoa e outra pessoa, na medida em que confere a uma um poder e impõe à outra um vínculo con-cspondente. Ao inesino tempo que se diferencia numa grande variedade dc tipos, ela constitui a espécie saliente, e mais com pletamente desenvolvida, do gênero «situação jurídica*, entendida esta expressão no seu significado mais lato (•). e exprime, com a bilateralidade que lhe é própria, a correlação necessária que ocorre entre poder e vinculo, entre posição activa e posição passiva. Sem descer a um exame pormenorizado dos vários tipos de poderes que se denominam direitos subjectivos, e das posições passivas que lhes correspondem (obrigação, sujeição, exclusão) — exame que não poderia ter o seu lugar neste estudo — , bastara, aqui, chamar a atenção para ( • ) A ideia dc se estabelecer uma diferença qualita tiva, em vez dc urna simples diferença dc aspccto, entre situa ção e relação jurídica, vendo naquela os aspectos da relação •considerados cada um por si*, c caracterizando-a como «cada um dos interesses o^istos tomado um poder ou um devei*, (como diz CàRNELUTTI. Teoria genctale dtl diriUo, §§ 4344). parece ir de encontro i necessária correlação entre poder c vín culo (os quais, olhados isoladamente, melhor sc qualificam como «posição jurídica») c desconhecer a fundamental heterogcnei- dade entreuma posição econômico-social (o Interesse) e uma posição normativa (o poder ou o dever). Na «Introdução» â* suas Uziom, i, 1920. págs. 61. Caknei.utti falava, com maw exactidão. em «sobreposição, do poder ao interesse. Conside- ra-sc seguro que a relação jurídica não é mais q u e a síntese bilateral dc um poder com um vinculo, a sua correlação nor mativa. „ V,. i v n u w » M » «•■M C ft» «WBIDICM . m cr „ nM|.u.u ,|e distinguir entre « h rolatfca jurídica, « a, * I « • • * » » « ' 'l" ' " ' ° w' " l»r «^ u p o «to . A , tpl(J U jurídicas tím o « • » mdwdrato «m rclaçA,,* 14 anteriormente rxif.tcnl.-s, ,• uté estranho* k ,llli; , ll jurídica: r r l ^ * * <luo ° ll,,c ilw " i‘ ° c r ia . (lue ctuontnv im w a frente. J>rcv* e o rien ta , de acord., oum ...................... .valtwaçto» norm ativa*. Sd m crcé d * vulora.fto da disciplina * sanvlo ‘ 1«® l,,cs ,1A ° <lilc' i l (>. u, icu ^ v » MK-iim e i'* íu« to » ci»..- as determ inam sii., , - U .v , . • • t o R M ia d e fa t i ip M e s , relevantes para a vicia ,• p u a .»■. vkivatodeados relaçfies jurídicas. Sú s.- elevam a tal nlvel no gtttu e na medida cm que, a través de urna umüiintnç&o preventiva por tipos, constituam m atéria do valoraçio c <1.* disciplina jurldrca. I m.i espécio «uliento do génrro drsses factos «pie dflo lugar a relações hoci.ií*. vio o* negótios jurídicos; mas antes de iniciar .1 srvi exame, i preciso classificar os tactos c os actos jurídico*, e eitmkr algumas situações juríd icas de particular import&ncia. '2 - ( ilos fa d o s ju r íd ic o s ( ' ) . Os íac- to* jurídico» podi-ni clauiticar-sc segundo diversos cri- t 1) Vci IM ivxnüi-tiiKUs C civitist.i» dt.\dos 110 prtrítgruío r i a l ' w ,V“ llcuUt 1 W,,K- T »U . ii. I. §5 4S-49. , , , ' í r r ' 18al- Si 70-72; F k m i m i . éiu u ,,,* I , ‘ ' con tp ti i . i lt rigu ard » « • » ...... ' t - 5 ' 31 ° - sr‘!s ; " " " « • « . « j , , j . p 5 5 ° ; cakn,' ‘ •OJ "M a, n .« l i o i r » I I r lfR * ' 7ruH ‘ l t * n n a ** nmm., IWa,«a4ofcciu lncu* co,fcwuAiio* na À íp. dir ‘ /'*•* *n . tnSr sci;s,). • « t ; lo .. »• » - 394. aos. 408. « l » - ! » . i lo s e «-8 *. c f r * *. 101 o »cgk.; L lUUACIIUK. Teoria Geral do Estado II *+ * é TEORIA Gl-ftAL DO NEGÓCXO JURÍDICO tínos, que se deduzem, quer a ) da sua natureza objcctiva cm si mesma, quer b) do modo como eles sao considerados e valorados pela ordem jurídica, e mais propriamente, segundo a relevância quo esta atri bui ao comportamento humano. a ) Sob o primeiro aspecto, os factos distin- gutm-se cm: 1 ° — factos cm sentido estrito e estados de facto, conforme se esgotam em eventos instantâneos, ou con figuram situações dc caracter mais ou menos dura- doiro; 2.° — factos positivos e negativos, conforme con sistam no mudar ou no perdurar imutável de um estado de coisas actual, previamente determinado; 3.° — factos (fatispécies) simples e complexos, con- lorme constem de um só facto, ou de vários elementos de facto conexos, quer sejam contemporâneos entre si, quer se sucedam no tempo; desta distinção voltare mos a falar dentro cm breve, ao discutir a possibilidade du efeitos antecipados, ou prodrómicos, de um facto jurí dico (§ 6), c dela tomaremos ainda a falar, na classifica ção (los ncgócios jurídicos (§ 37). Die Ilandhn^sfühi^keii. 1903. 59 e scgs .. 73 c segs. e 96 c scgs.; M a n ic .k , 11'illenserklãruttg unJ \\ il!cKS$csc!iãJtt etc.: ein Sys- trm der juristischm Ilatidluiigen. 1ÍH)7, § 159 c scgs.; K l e i n , Uie JCecktshand!ttti$c) i tm ev^ereti Sm tu, 1912, S7 c s c ;^ . 104 . so gs .. 135 o s c g s . ; c aittila, M a n ic .k . em Jherit»& Jahrhucker I d. üogiiiatih. 83. 1933, l c s c g s .; mais rcccntc. lhts rcchls- svuksame VcrhalUn: sysicmettúcbfr A::fbou u*A llehnr.dlunj der Htchhuht* des bur:jcriicl;:n u. líandehreüds, 1939. rcc*ns.u> cm HttU. dir. rom.. 4G. 425; C a x i o t a - I Y r r a k a . no /l««u.ino di dxr. com b a to . 1941. 374 o bibliogr. ai citada. 378. n- - ; A bAN- 11 procedimento aowiÍHÍ& ativo. * m di dlT- - ed. pela Universidade dc Milão, 1940. 175 c scgs. . . Sol) 0 jegundo n»pccto. dlstingucm-sc: i) neto» jurídico»# (acto* jurídicos cm sentido ostnto; n) netos lícitos o actos ilícitos. . . . . A diitínçâo entro actos c simples íacto» juridjeos, njnorta-v’ A relevância jurídico reconhecida, ou não, A eoiisciêiin.» e .\ vontade humanos. I) Para se decidir quando existe, ou não existe, um acto jurídico, é prveiso usar da maior cautela, para não sc* * t induzido a considerar como actos (jurídicos) factos quo o não sejam. Uma doutrina corrente dis tingue entre factos voluntários (actos) e factos natu rais (íacto* em sentido estrito). Mas, assim encarada, a distinção provêm do aspecto já atrás apontado (su b a) c revelvse desprovida de interesse c, sobretudo, 6 equí voca. Na verdade, ela levaria a qualificar como natu ral e como voluntário o mesmo íacto (por exemplo, a sementeira ou a plantação num terreno, ou a morte de uma pessoa), conforme ele, no caso específico, fosse, ou nJo, determinado pela vontade do homem. Ka realidade, a distinção entre actos e factos juri dicos, Stfi tem sentido na medida em quo tome por base o modo como a ordem jurídica considera e valo riza um di terminado íacto. Sc a ordem jurídica toma em consideração o comportamento do homem em si mesmo, e, ao atribuir-lhe efeitos jurídicos, valoriza a consciência que, habitualmente, o acompanha, e a von tade que, normalmente, o determina, o íacto deverá <|ualiíicar-M' como acto jurídico. Mas deverá, pelo con- tr. rio, qualificar-se como íacto, quando o direito tem ? ' 1‘ ‘ " , l:' • natural t oino tal, prescindindo *v« ntual concorrência da vontude ou então quando natM0.11*1 iXX' irra ,^uc,l*c* a acção do homem sobre a n *a exterior, mas, ao íazé lo, náo valora tanto <> VJCIM inu>KS m » w i i açOi » i r a t w c w m o n » M . v> T « n r t* f W n l Ho F s t f ld o II W___________ WB»r» OKRM. 00 kegúcio njuíntcn acro liumano m s, rtu^mo. quanto o resultado dc <Mlo que ele tem cm vista: quer doer. a modificação objcctiva quo de provoca no estado de coisas pré-exis- tente. Isto é particularmente evidente tm alguns modos * originária da propriedade, assim como na acessao por sementeira ou plantação, c na espedíicaçáo. Na sementeira é o crescimento da planta no terreno, e na plantação é o enraizamento da planta, que importa a aquisição por parte do proprietário do terreno, e não a vontade do semeador ou de quem a plantou: tanto assim que a aquisição se produz igualmente, ainda que, porventura, a semente tenha sido levada, pelo vento ou a emissão de raízes dependa de um facto naturaL Na especificação é a transformação, formal ou substan cial, de uma coisa nunrui outra nova. e não a vontade do espccificador, que determina a aquisição da nova coisa por parte deste. Da mesma forma, também na acessâo é tomado cm consideração unicamente o resul tado da acção humana, e não a vontade, da qual, até, se prescinde completamente. I I ) A considerarão em que o direito toma um comportamento do homem como acto jnridico, con siste, como já referimos* em reconhecer a esse compor tamento relevância jurídica, com base numa valoração da consciência que, habitualmente, o acompanha, e da Vontade que, normalmente, o dctcrmma. üizemos «habitual* e «normalmente*, porque o direito aprecia o comportamento humano através de uma con sideração típica, baseada na previsão genérica do modo como ele se apresenta, orvlináriamente, na vida, e, por conseguinte, configurando-o de acordo com os seus caracteres normais e as seus aspectos constantes, &em A S n " 1(,11CA* , w K ' ;.w-A l: ~ 31 ter em conta, de cada ver. as circunstâncias acidentaisdü T r ^ r f w r t a m c n t o humano, a ordem ju rf- (llra pode. de acordo com diferentes ex.génc,as. sen t.r a necessidade de tomar posição, vuloram lo-o D .vc r- «n d o sob esse aspecto da moral (para a qu al nao ha ..cios indiferentes), o .lireito apenas se p ropõe reso lver ii 111 n li mero limitado de problemas. Os outios islo é, todos aqueles quo ficara fora do campo de previsão tios suas normas — não lhe interessam (3). Podem dar-se três hipóteses: ou a ) o direito se desinteressa do comportamento cm questão, que, nesse caso, será juridicamente indiferente; ou então faz dele objecto de valoraçào normativa, b) positiva, ou c) negativa. Na valoraçào que dele faz, pode o direito ( • ) Sobre esta necessária tipicidadc da observação jurí dica, ver u noewso Diritto romano: parte gene rale, § 2, c, mais recen temente, Müllek-Krzhach, J). priva te Uecht der Mif-iicdschaft ais Pr üfite in eines luutsalen Rechtsdenkens, li)4«. 8-9, 21: Recktitíiss.. (58. ( • ) Veja-se: Scjjuuermachf.k, Uebcr dtn B e& iff des Erlanbien. \S2Q, Cm Werko A b t, in, vol. n. 418 o segs., ed. Mciner (Lripziga), 1. 417-44; G. Mavhk, Üic Lebre vom lirtaubten in d. Grsch. J, Ethik seit SchleiermacJicr. 1899. e, por último, por todos: SniELKR, Formatismus in der Ethik. 2 a ed., 215 oscg»,; oainda: Tiion, Rechtsnorm und snbjehtivcs Uecht. 1878. rZnAC,,KR* H« nél''"f:*W*inskeit. 1903. 96 <• sep#s.; d tf,h s - d dir- 2 * ,d ■**<-•is-’ c scgs.; M J ú itto i.!'., ,11'' 326.e Sl'KS' :‘ A ' í-kvi. Saggi di teoria Attivii\ tir I ’ |,V • illccito' n«n tutclato. 129 e scgs.; ............. ........... - * - » i <*‘n Studi licw m o n 4üQ° * \ ***/ mnwm ,U C01tJorntarsi etc.. pouco predso entre netn Um crit‘ rio (lc distinção ...................... .. " «• Í3-Í5. 19; Ttor. £(IU, ] torlu * "> "• >™<o. 1933. S ' * " ’• 2 4 «*•. » °* 86. &>. 141 c 142. Teoria Geral do Estado II teo ria cr.b a?, no w-fíócro jurídico assumir uma dupla atitude, conforme aprove ou reprove o comportamento como socialmente útil ou danoso, e procure, por conseguinte. favorecô-lo ou combate-lo Mais precisamente: a valoraçào jurídica pode fazer-se. quer no sentido b ) de ligar a um determinado com portamento um tratamento jurídico conforme ao inte resse ou ao intento normalmente determinante, quer c ) no sentido de lhe atribuir, por meio de preceitos de carácter sancionatório, efeitos jurídicos desconformes òü contrários a esse intento. N a primeira hipótese, b ). o comportamento é qualificado como lícito; na segunda, c ) . como ilícito. A conformidade ou a antítese dos efeitos jurídicos com a vontade normalmente determi nante, proporciona um critério seguro para distinguir entre a licitude e a iiicitude jurídica dos actos toma dos em consideração pelo direito. Compreende-se, por isso, perfeitamente, que aque les actos jurídicos que, sob o aspecto agora posto em relevo, se apresentam como lícitos, possam, vistos de outro ângulo, apresentar-se como impostos, ou pelo menos como exigidos (para ccrtos fins) pelo direito, conforme sejam objecto da estatuiçâo ou da previsão de uma ulterior e diferente norma jurídica e, por isso, representem o cumprimento de uma obrigação ou de um encargo, por parte do interessado. Segundo este diferente critério, os actos jurídicos lícitos distinguem-se em actos juridicamente obrigatórios e actos juridica mente livres, e estes ainda se dividem cm actos neces sários para a obtenção de um efeito útil pelo interessado e actos meramente facultativos. Dos actos jurídicos lícitos devem manter-se cla ramente distintos os actos juridicamente indiferentes, isto ó, aqueles actos que nâo constituam objecto de uma valoraçào normativa por parte da ordem jurídica. A H V I C l K M T U l l I i H í)A H K I l l . A Ç Õ f » JV W lP tC A t i I M C l .P M » U v. v-jarn, \H)t conseguinte, irrelevantes P*'1,1 (l1 , ^ jf,< Icv fm c ia tem com o Couscquôncia qu « <> n c » jürk lica- mente, ind iferen te mio provoca, c01,10 41 ' J | ..... iH ka,a-.na M * r . « I » ; * * » Quando pareça provocar uma mudança, o «| .e. na mdidad.-, a a . n t i 6 o direito reíenr a n o ^ M u ^ o r e • / ^uwtiiuvtvnto como tal, c í.ouiiuridica, tutu já. ao comporiam ,1 « „ rtndr mas a um conjunto dc;Ikuw: numa valoraçao deste, OUtran < ii. m i11'un ■ dl itC tO * r( ‘1 ‘° ,,,n „K >rla ,„,n .o tó acidcntalmente 6 concoifl tante. ou .•ntiio, s e . i feclivaincnlc, é seu clcmenlo constante-, não tem aquele valor decisivo, para a valorarão normati va, que pce m\ no» verdadeiros actos .jurWicos fpens* --se, de novo, na « ,p(ciíira«,a.»ou noutra operarão Ermelhanle, ou no chamado facto de terceiro, estranho a situaçao j11rí<lif .1 que w? desenvolve entre as partes f1)]. Ho mesmo modo, são juridicamente irrelevantes, como tais, os octot sociais dc (jòzo de um bem, muito embora ocor ram sob a protecção do direito: irrelevantes, no sentido de (jtir este não pode garantir-lllcs o resultado útil na medida em que elo dependa da capncidii^lc indi vidual c de outras circunstâncias de facto, quo não constituem objecto de valoração normativa — nem, por coMojjuintc, lhes refere qualquer nova siluarao j uri- dica (*). 1 J A categoria mais importante dos actos lícitos, m ti. inic o», 6 coustilulda pelos negócios jurídicos. camL I m H/Óh! Z , T ''i I r í T : v t ....... . por **■ {* ) Tihin fítthimat od., n.«» 52,01. Kahi ii i a i, l ‘rhiHf>, d íZ T ‘ «n k i. 1878,203; ...................... ............, j í / i v r T a ,iv o ' " " * • m - 3 * . Thcii» . . , CÍV" I®®®* * * -----------------t b q r i a C n m L n o hh fíÓ ciQ i t - R / n i c o i -, também, possível delinear, acerca destes, uma teo- ,w.' U,n mUsmsí doa P ^ p i o s gerais que os regem: ) Tincípios que exporem os nos capítulos seguintes. Antes so. para fazer o enquadramento dos negócios entre os outros actos. procuraremos estabelecer uma classi ficação geral dos actos jurídicos. 3* Classificações doa actos jurídicos. Natureza c especie das declarações (* ) .— A lém do aspecto da liei— tiide , que já estudámos, os actos jurídicos, segundo a diferenciação que fizemos, podem, ainda, ser classi ficados dc acordo com muitos outros aspectos. Não interessam aqui as classificações deduzidas das relações d o acto com a situação inicial sobre que actua, ou com a n ova situação ju ríd ica (final) a que so dirige, e do respectivo m odo de ag ir sobre uma ou sobre a outra: trata-se dc classificações que não sào especificamente pró prias dos actos. mas antes comuns aos outros factos jurí dicos. K o caso d a distinção entre factos consiitutivos, e>:tiritivos, m odificativos. im peditivos, integrativos (com- plcrhentarcs), ou en tre factos objectivos, subjectivos e m istos. l i ainda o da cli.ainção dus actos (por ex., processuais), segundo a respectiva função técnica atri- ( * ) l i fundamental a swtcmatizaÇÍO dos actos proces suais delineada pur Caknm.utti. Sistema del üir. proc. c i v u, Ií>39, «o> 391, 3í)5. 408. 420*428 e 431; para outras classifica* çòos, ver o nosso Dir. ptoc. civ. ilul., 1936, §21. ealitciatuiaaf citada, alem da referida antes, no §2. l*ara a classificação dos n itu» administrativos;: Komano, Corso dir. a m m in 1930. 177; 3 .“ ed., 1937, 227 c scgs. (parcialmente modificada cm hramm. di ion. £Íur.. 4. 27): o nosso estudo na Ettcicl. it.. 24 . 505: nego cio jurídico (apond.); K ag io law . Vatíú ammin, » . $wst. amm.. em Sludi Iiomnuo, n. 2H9 e scgs.; Z a n o u in i. D ir. amm.. 4.tt ed., i, 203 e scgs, \mlda a cada um deles na complexa economia ,1a rela- (ilü em sc enquadram: en. part.cular. segundo 0 modo como cada um deles concorro para ser a t .n yd o o resultado visado polo conjunto da rclaçü» (p or ex.,a distinção dos actos processuais cm actos do aqmsi- c io do orientação, de elabom\ào, dc com posição pro- ■' .t/jx nu em actos imediatamente operativos e l l \ I» v . . actos optntivoB ou cxcitativos, tendentes a um resul tado que não depende apenas deles) (3). Interessam, pelo contrário, tendo cm conta o estudo do negócio jurídico, as classificações que sc deduzem da estrutura social e jurídica dos actos, ou do aspecto funcional do poder que por eles se manifesta. Sob o aspccto da estrutura social e jurídica, os actos relevantes para o direito podem distinjjuir-se de acordo com a modificação, isto é, com o even to pelo qual o acto se manifesta, cm actos de evento psíquico (interno) e actos de evento material (externo). Quanto aos p ri meiros, distinguein-se, conforme a sede do even to psí quico, isto d, conforme o espirito em que a mudança deva ocorrer seja o dos outros (destinatários), ou o do próprio autor do acto (4). Quando o evento psíquico diz respeito aos outros, o acto toma a figura de decla ração, nas suas múltiplas variedades; quando, pelo contrário, se refere ao proprio autor, o acto consiste AS V IC 1S M T U P B » PA» . M M U M .______ « (M Carhelutti, SuUtna, ir, n 395-107. <’ h ts Jt' o:ess a h Hfchtstugfi, m a , 364 difara.to c' ,U‘m l" U num totalm ente 2»1; 3.* ed . 224 Teoria çcnctale del d ir., I . 5 ed., SUkntJ ii x) 1 cl'ssIficnçâo delineada por C arnk lu ttí, * r . . 370 o‘ J ; , ° , * f \ ,0W 0 : 1 ». Teoria g c r r a U ,M • **• eu., «G2 c se^s. T n o r ln G o ra i d o E s tn d o II 3 6 ------ -------- — g ^ C T i m . 1 10 KROQcio Jt-Rluico ein tomar conhecimento (pcrcencào r. in* <l»er na forma activa da 2 ? ' "\tc? ret^ ) . da recepção. Pode descurar-so. Í J J 0 outros actos com evento psiquico; mas. pelo coatrdrio é premente aprofundar, pela sua importância na <eo! na do negocio, aquilo <,ue. de un, modo geral, constitui a natureza da declaração. O fenômeno quo se nos apresenta na declararão pode caracterizar-se como uma evasão do pensamento de dentro de nós. uma objectivaçâo. para se toruar expressão dotada de vida própria, comunicável e apre ciável no inundo social^). A mudança do csiado preexistente, isto é, o evento a que visa e se destina este tipo do acto que é a declaração, transcende o meio físico, para se realizar no interior de um sujeito dife rente do autor, e desse modo se concretizar no espi rito de outra pessoa. Conforme a declaração apenas se destine a dar a conhecer qualquer coisa (quer se trate de um facto externo ou interno), ou tenda a indi car a orientação de um comportamento, pode dizer-se que o evento psíquico do acto se limita a dar incita mento à inteligência, chamando-a apenas a uma tarefa interpretai iva, ou que, pelo contrário, visa a fazer pressão sobre a vontade daqueles a quem se dirige, apontando-lhes uma linha de conduta» A necessária destinação a outros (ainda que estes outros sejam destinatárias determinados ou não), è ( 4) Para a anil»M <W c f.tcto cspiritu.il. W. v. Hi.5£ BO LD T. WerMe. « 1 . UilMHum. V II. 170. 56 • 1 (o nosso com. na liiv. it. « • S‘ur- _ ’ ~ L lirli JiilerprdatioH dtr Gtsflu u. HscUsgati- 56-57. Henl». u rf. i íirgerl. R.. I. 203 b: CaRxflutti. lug. cit. ra caracterizar a natureza da declaração. , suficiente l'ar jiusúrio, no terreno social e juri- ’ iv exccsavo. « r ihe a {unçã0 na «transm issão do p en- dico. ir P ^ clirE q cxct;ss0 pode ser fonte de equívocos, sarnento* ()• coiiceber a declaração com o um a espécie IWrqU<! ólucro» ou «embalagem» do pensam ento que í portanto;como qualquer coisa que, no m undo d” nâo teria valor primário e autônom o, mas sim- íSm éilte valor instrumental. A verdade é qu e este tino de ac Cos exige sempre, para atingir o seu escopo, a colaboração interpretativa do destinatário, d a parte do qual «as portas do espírito só se abrem do lado dc dentro* (7). Desde que, com a declaração, o pensa mento, saindo de si mesmo, se tom ou unia coisa ob jcc- tiva, essa coisa, que é, precisamente, a declaração, passou a ter, no mundo social, um va lo r em si m esm o objetivamente reconhecível, que já não depende do pensamento do seu autor, c abre cam inho p o r con ta própria, segundo as regras que governam tod a a com u nicação expressiva entre os homens. Os actos dc evento m a te r ia l (ex terno ) p o d e m incluir-se na qualificação genérica dc operações. T od av ia , ( • ) C a r n r l u t t j , Teoria generale del diritto. § 14S. 2 . ft e d . , i» . ° 119; 2 6 8 ; n .°* 1 2 4 -2 A » ‘Uisnussão do pensamento*. O fenômeno :c. muito mais complexo: W. I I umuoldt, Mtâuom. â. Gcistns (Lasspn), 330 e Hcrmeneutik n. K ritih , cm W crke, • Ha e SC2S* n .................... .. r;..«/>•- , lu g a r cit. Ksta reserva 6 neçcssAria há dc materialista, e, por isso, de falso. • d- i,Uerpretas.. Ha l i iv . in t. fil. d ir.,TC * L* si'gs.; e também os nossos P ro lt- aAr.ll do Estado II ___________TEORIA CÜRAL DO NGQ0C1O JURÍDICO 6 preciso haver o cuidado dc prevenir que. baseando-se a distinção entre actos e íactos jurídicos soUrc a rel* vancia. ou nao. du consciência c vontade humanas tipica mente configuradas, a operação nao passa de um simples íacto, quando o direito nào valore a actividadc humana em si mesma, mas apenas o resultado de íacto por cia visado. Pelo contrário, a operação eleva*sc a acto jurí dico (lícito ou ilícito, segundo a sua relevância política) quando o direito, ao referi-la a uma nova situação jurí dica, valoriza, em atenção ao autor, a consciência que habitualmente a acompanha e a vontade que, normal mente, a determina. Diferindo da declaração, a o]>e- ração nào conta com a colaborarão psíquica alheia e adquiro relevância com a simples produção dc uma mudança do mundo exterior, reconhecível no ambiente social. Como se verá mais adiante (Cap. II, § 1U), esta diferença toma a apresentar-se no negócio jurídico considerado sob o aspecto da forma. As declarações, por sua vez, podem classificar-se segundo um duplo ciitério lógico. Antes de mais, 1) segundo o nexo da declaração com o seu conteúdo, e portanto secundo a íunçàoque a declaração 6 chamada a desempenhar, cm relaçflo ao que é declarado. Além disso, 2) segundo a natureza do respectivo conteúdo, ou seja daquilo que 6 declarado. Os dois critérios de classificarão sào interferentes um em relação ao outro, de tal maneira que a classificaçao obtida com base num deles, só tendcncialmente se mostra coincidente com a qtie se obtém com base no outio. 1) Conforme o nexo da declaração com o seu conteúdo, podem distinguir-sc duas espécies de dccla- rações. . , . - a ) A declaração ú, por vezes, simples m d a çu o . manifestação de u.n estado de espirito, de um propo- rc IUS nrUÇf»KS JURÍDICAS H.M CEWAL 30 Vic -------- — -------------------- — . _ n e\islente nu sujeito independenU- sito, dc uni c^ nstrtlvc| tsunbAn por ou ira for,.,a, mente «wa. .... (|jvcnias formas, entre si eqtiip,,- c *uce*av»mc i |(wjg (lu.nsc So ,Ms dedarft<r„-s i T Í t o ^ d e ópü»iS0 , dc sentimento, de propósito, Aqui, a dcclamçio, v i*m d„ . i T r i w , a t o ' « t o » ............... C; " Sa M b t a » efcto. um aro»> instrumental, em relação ao quo <5 comunicado. . endo destinada a tornar manifesto e a comunicar um dado conteiSdo da consciência do declanmte, cia não tem um valor próprio e existente só por si, mas uina fun ção simplesmente semântica, co m u n ica tiva c represen tativa daquele conteúdo, para o qual, por sua natureza, ela devolve e remete (°). Tambt?m se poderia dizer quo ela tem, em sentido lato, uma função confessória, dirigida para o in terior ( • ) H oe lvex , P a rM te n . 218; H r c n isb e r g e r , P a n * drhUn. «193; cír. Hf.ni.e, VorsUlIungs-und W ilhn sth torie . 314; In . Ltt.rb. d. burgetl. li.. I. 41; LaRRNZ, Auslêgung d. R e i kt .. 32; Durma, La notifícation de la volontê. 1030, n.° 19 e 13lox- dbl, jxir dc citado. ( #) A devolução para a coisa significada está fn s ila na junção genericamente semântica. que se s o b re ^ e à p r im it iv a íunvao apoíAutica do íunnna e que a linguagem, m ercê do seu I _ , hUO# d^mpenlia na vida social, com o instrum ento ünti* i ,,U " ° l )t,ls;ln,c,,lo• ^°l>re ac duas funções, apo- - o T Z Z T °Apr^ ÍVa d(í « t i m e n l o - c sem ântica ^poesia. m X i T o l ,jARATONO> A ' [ * M47, 207 e m- ’ Prtm a gram w a/ica. 2 .* a \ . , loeo ojwííntico o l ò g ? S n‘ “ “ UÍSlÍ,,Ça° C" lrU dincurso, mais do « ! . a ««"antico, em rcfcrCncia ao M tniul. J.ogih, 1 í)3 j) iog ' " 8u,18c,n- U m , Untersuch. t . h tr- Ai*. I ‘)|7. 2JJ o j ° A,-oc*i,“ >. EiUIica. istorica. sem i » - t-a c u ld a d c do D iro ito TTORiA GERAL DO NCXüJCIO JURÍDICO da consciência do declarantc (p.nsc-se nas demonstra ções de reconciliação: art. 154.»); função destinada a po-la em comunicação corn o espírito alheio. Pense-se no depoimento, que a testemunha interrogada faz ao juiz, ou na narração, que o espectador ou testemunha de um facto faz a quem o escuta sem ter visto, ou que o jornalista redige para quem procura a notícia, ou na exposição de observações ou de teorias, que o profes sor faz aos seus alunos. E aqui, mas só aqui, mani festa-se, espontanea, a ideia de que a declaração serve dc mero instrumento transmissor do pensamento (10). b ) Outras vezes, pelo contrário, a declaração é indicação dircclriz de unia linha de conduta: indicação que aponta, limita, estatui e dirige, de maneira umas vezes mais, outras vezes menos imperativa, conforme os casos.uma conduta futura, a ter na vida social (pense-se em declarações dc encomenda e de adimplemento. de proposta e dc aceitação, ou de renúncia, de adesão ou dc oposição, de decisão ou de protesto, etc.). Aqui a declaração, decidindo ou estatuindo uma linha de conduta a observar, tem uma função constitutiva insubs titu ível, em relação a um conteúdo que lhe está ligado e que vive nela, e não c relevante ou valido por outra forma (ll) : íunçào constitutiva, no sentido dc que a ( 10) Os juristas alemães incluem nesta categoria as «Kundgcbungcn» c as .WiUensmitteüungen». Por todos: K lew . Jírchtsluiiitilungen. 136 c sejps.. 165 c scgs.; Manick. ntlU n - serMarung u. WiUtnsgtscI,.. 701 o «p s .; Tuhr Allgcm Ic tl. n, 113 c scgs.. 128 o scgs.: J CoLi.scnaini. Proxess ais hechts- !"Se. W c « 2 ^ [ürmai quc tem valor por si mesma, sem remessa para outra c que c irew tetiltívd porou tra. n:> medida cm quc d;l exigência o torna prisui t ; ut ( v (ali-rn do rcprcscnlA-lo). são lambun própr i - - -as yicissrTUDKj— — — 41 as y ic i w ^ ^ _ — ------ • n;-l0 sc limita a representar o con - dedaração, aqui. ^ qs isnaTOs, mas que, ao mesmo teiido e a iníorn'a (> institui, o toma presente no mundo fcopo, lhed-i'’1 a> tnr.se dele inseparável e insubs- social, ^ n'° ,°jnsubstituabilidade deste tipo dc dccla- títufvd ( }• , próprio c constante, deve S t t U I " " . <**>• * Z , * . . * p i * * P » 1 « M * <“ • P “ r“ d a r vida, ou para o te c r conhecer por qualquer modo (•=>). fica. pelo valor expressivo potcnciado — tam bém chamado icAstko__que nela atinge o semantema da lin gu agem : sobre esta, veja-se I>aratono, A ft t t poesia, j 6, 93, 1/6, lí**/ e 189, M/brè a ausência de devolução, neste livro, 35 e 201; J l m io pava - /(osso. 30; sobre o valor icástico, ainda A rte e pors ia , 38, 43, 56. 61, 89, 94, 95, 89, 100 e seg*.; Jlm ioparadosso. 34. O p a ra lelismo 6 inegável, embora a insubstituabilidade tenha, num e noutro caso, razões diferentes. O carácter constitutivo é sdientodo por R e iíc ls rx rg e r , PanJtk lcn . 493, c sobretudo l**r FoKSTHon , ticchl u. Sprache: J 'role^omeiia zu en: a ricJM r- luhcn Hmnnwutik (Kòniesberj;, 1940), 9. í 11) A diferença entre os dois tij>os de declaração, coin- itde, substancmlnn nic, com a diferença que, cm termos de pMcologia, é formulada entre «prop</sições representafivas* ou «Ito/intica», ou «dc enunciarão. (Auaage) e .proposivões enwcümá-voljtivns. (S Ia ieb , Ptychplogit des e:;ioiii»:itLn Dev em. citado por L a re k z . Autogun- ,!. Hefl.UgesrJi.. 5 0 -5 3 ;. ’ ^ w 0l0'‘U n5° 6 Ut,!izAvel Iw juristas, mrfciiim n™ • n,ancir», aind.i q lic pudesse provar-sc uma enadoir entre ú u m o u n to E "^ q" C “ Ji r o l1 u ,,h ‘1,n á coodusSo de qw dc facií* T b;,stam PanilcVi,r /. u,c o caso ,lo m l £ i ‘ V‘C , U ' ^ a í-,ltiir <é <:ir°- d w i d a en. reLieSoà .!í!«“ " A íun;:i,"li(la'lc Í , , , i * »I-«IW qw conv^isse ° ,n“a^‘° du fonchnr o contraio). - * * * t o i u Z 7 : z z v'c q T - ú ,tin,ns v ° " i - k s <,,,dulco.nnado si-nlido, iíf.o F a c u ld a d o d c D ire ito *■ _____________ Tr.ORI,\ GCRAL DO NEGÓCIO JURÍDICO P. nse-se na declaração legislativa em relação à norma por ela estabelecida, ou na declaração de uma sentença do juiz ou de um despacho administrativo, ou na declaração com quc se conclui uni contrato, ou se exprime unia dis posição testamcntária (“ ). Declarações destas não sàu substituíveis por cquipoUntos deduzidos de qualquer maneira, nem repetíveis (“ ) : cm relação a elas só é pos- sivel uma substituição por absorção (novação ou reno vação), mediante uma declaração que estabeleça o seu próprio teor ou a sua própria natureza, que lhe absorva e transfimda em si o conteúdo ( ,0). não bastaria para criar uni equivalente do testamento. Ana logamente, em arte, a destemperada expressão psicológica dc impressões ou sentimentos, sempre substituível por outra. 6 simples anotação, mas ainda não é obra dc arte, ou dc poesia (Goi-.THE, Gcspráchc v iit Echenttann, 26 de Jan. 1826; B a u a - t o x o , Arte c poesia, 76). ( 11) Por ex., A. W a c h , Hb. d. deuL Civilprozesserechts. i, 256. É preciso distinguir, bem entendido, a íunçâo constitu tiva, dc que aqui sc íala, e que é concernente à relação da decla ração com o conteúdo quc se trata de declarar, e à. função cons titu tiva , que pode ser, por outro lado, atribuída ao documento, relativam ente ã declararão nele representada (ex., Cód. Civ., 1350). Trata-se dc um d iíe ivn le e uUcrior aspecto da rclc- vància da forma, que sú será estudado mais ít frente (5 34-bis). ( 15) O fenômeno da irrcpclibilidadc ó posto em relevo, de um m odo bastante aproximativo, por G ok la , lu i tiptotlu - lion e del iwgozio g iu r.. UKJo. 29-30. ( 16) É precisamente no caracter insubstituível da decia- ração que deve procurar-se a razão dc ser do ícnómcno nova- tório, pelo qual ela ó tam bém substituída, na uiedida em que é absorvida (C a r n e lu t t i , D o c . e iieg.. na I 'iv . proc., 1926, 197 e segs., cm Studi. u , 91 e segs.; C anw an . Documento e «zgozxo g iu r,, 122; Gorla, Riproduzionc del ntg., 30). A interpretaçao auteutica corresponde a um problema prático diíercute (\er a n. Iuterpretasione d. le^gc. 91 e segs.). In a decliuaçío tem. socialmente, uma Sal>Cr qT d e comunicação (isto é. f-onêricament,. simples mnÇ-'° ^ do em Ve/. disso, tem uma reprcscnwtrW/. rcla<íão àquilo que por cia c- função constu > • decidir de acordo com a sua f c t a k d C M * « 2 , Jo ri| içau .1. » * » ” at 2 )ÜSCònforme a natureza daquilo que é declarado, podem, ainda, distinguir-se. cm regra, dois tipos d- declarações:. « ; declarações de conteúdo testemunhai, du asserção ou de confissão, destinadas a outros, sobretudo como m atéria de conhecimento (docere); b ) declara- çôcs de conteúdo preceptivo, relevante para outros como critdrio de conduta (inbcrc).As primeiras sâo qualificadas, em sentido amplo, como declarações enun- ciativas, ou meramente representativas; as segundas, como declarações prcccplivas, 011 dispositivas ( ,T). Esta distinção, que projecta uma luz decisiva sobre o con teúdo do negócio jurídico, voltará a ser estudada 110 Cap. II (J 15). Aqui, há, apenas, que acrescentar que a natureza preceptiva do que é declarado imj;oría sem pre uma íunçào constitutiva insubstituível da declaração, a respeito de um certo conteúdo, não sendo verdadeira a recíproca, a não ser na medida em que a distinção seja baseada sobre o critério, não da estrutura lógica, mas do alcance prático no plano social. Na verdad-, a nattmza «muiciativa daquilo que sc declara, r.â<> <|ut ailtjuir.i, » a vida de relação, um alcance «“Ocoldi. C?RNm !!!f**rdirU lNV" KA- ub cil- » °* 215. 235; <V«io«, 2 t ^ l e ” - S " i. d u .. 2.» ed., 2G1; Cakoian. 44 TEORIA g e r a l DO NEGÓCIO JURÍDICO pratico de critério dc conduta, de modo a aproximar a respectiva declaração, por si mesma enunciativa na rstrutura lógica, da categoria das declarações precep- tivas, e a imprimir-lhe uma função constitutiva insubs tituível. Pense-se numa declaração afirmativa, com a qual se enuncie uma afirmação de carácter valorativo (valoração dc verdade, de idoneidade, de conformidade com o direito, etc.) (**), ou com a qual se manifesta um desejo vinculativo para o destinatário. Neste caso, não obstante a estrutura lógica enunciativa, há a afirmação de um valor ou de um dever ser, que, nas relações entre as partes, assume um alcance ordenativo, em vista do comportamento futuro, e imprime à declaração uma função constitutiva insubstituível, relativamente a tal conteúdo. As relações entre as partes da relação social ( m que se enquadra a declaração, são também decisi vas para, perante uma declaração idêntica sob o aspecto lógico, a enquadrar ora numa categoria, ora na outra, l l assim quc o conselho que o amigo dá ao amigo, só tem interesse na niedida em quc comunica uma maneira dc ver, quc pode, também, manifestar-se, sucessiva mente, sob diversas formas, porque aqui o essencial é dar a saber, por parte de um, o que pensa acerca dos negócios do outro. Pelo contrário, o parecer que 6 dado pelo órgâo consultivo, sob pedido, ao órgão deli berativo do Estado ou da autarquia, é indicação direc- ( * « ) Cfr. o nosso Dir. proc. civ. Uai.. n.u* 75, 122-123; um iauto diferente é a primeira construção delineada por C a r - nislutti. Sistema, li. 101 e segs., baseada na antítese entro ♦declaração dc ci£ncia* e «declarações de vontadet, a respeito da qual faremos algumas observações criticas no § 15; G. A. Miciielt, Kinuncia c ricon.. na Tíic. dir. proc. civ.. 1937, 354. Ver também, mais para diante, 117, 155, 157. A Af ' _>----- - ** -------^ línlia dc conduta, nu .ilo em b ora o cons.,- tivsd c a m » * » a scgui-la, c a correspondem,. Ieotc n io sej. unKl (unv,ío constitutiva, nào í S f v d ! n m susceptível de rej*tiçOo. .nas apenas do poder ;iue -e te 2 manifesta, os actos jurid.cos podem distm- ptiir-sc conforme se destinam a regular .nteresses role- vantes para o dirtito. dispondo da respectiva tutela jurídica, ou provejam à satisfação desses interesses, efectivando a tutela de que eles já gozam. 1) Os actos da primeira categoria, na medida em que sc destinam a estatuir um dever ser jurídico, podem qualificar-se como actos preceptivos ( ,J). pare- ccrss normativos cm sentido latissimo, e subciistinguir-se, conforme a regra seja ditada por tuna autoridade ou jjelos próprios interessados, em a ) providências (actos de comando hetero-normativos) e b) negócios jurídicos (actos dc autonom ia). 2) Os actos da segunda categoria podem quali ficar-se. por contraposição, como actos de cumprimento, no sentido de abrangerem não só os actos consensuais c devidos, como o pagamento (pouco felizmente quali ficados como «intransitivos» (2ü), por também atingirem a esfera jurídica alheia), mas também os actos forçados, isto 6, executivos, c auto-satisfatúrios, ou seja, de auto-tutela legalmente autorizada. A diferença entre as duas categorias de actos e encarada, bem enten dido, como uma simples diferença de aspecto, podendo, ** — d ir, 2.* ed n 'T ” 'lt,vos* '<lina CARNturnri, T co i ia gener. 225; . , « , , 6 . 201. M } 109; 2 . ed n O H7 o ’ 69"í; lD " T t0 ria Re" era,e ■ n.« o7; 3 .» ed., n.o 93 f I Z?________________TGOKIA t#T!RM. do NEGÓCIO JURÍniCO perfeitamente, um acto de cumprimento realizar-sc atra- ves dc uma providGncia ou de um negócio, que nesse c:iso hão se limita a estatuir um dever ser, mas assume, também, uma função dc cumprimento (ex., o art. 2932.° do Cód. Civ.) (-*). a diferença entre as duas; catego rias de aetos tem dc entender-se, o que facilmente se compreende, como uma simples diferença de aspecto, podendo, perfeitamente, um acto dc cumprimento ter lugar através de uma providencia ou de um negócio, que em tal caso não se limita a estatuir um dever ser, mas assume, também, uma função de cumprimento (ex. art. 2932°) (» ) . Por sua vez, as declarações normativas são provi dências da autoridade, ou negócios dos interessados, podem estar vinculados quanto às dircctivas a seguir na maneira de regular os interesses em jogo, ou podem, pelo contrário, ser o fruto de uma apreciação discricionária, acerca dos meios e dos critérios mais convenientes ao íim cia sua equitativa arrumação na órbita do direito. Verdadeiramente, os conceitos de discricionalidade e de vínculo, que (como, dc resto, o dc declaração norma tiva) tem sido elaborados no campo do direito público, só nesse terreno tem tido um desenvolvimento côn- gruo. O que lhes corresponde no plano do direito privado, é apenas uma limitação, umas vezes maior outras menor, que, em particulares situações, é imposta ii liberdade dc estatuir, nos seus elementos, o con teúdo prcceptivo do negócio: limitarão que tanto pode derivar das fontes legislativas (art. 1339.° do Cód. Civ.), como de fontes subordinadas (arts. 206o.° a 2077.° do ( 2l) Veja-se o no*so Dir. f/roc. civ. ital-, §4 . ( s:) Ver Riv. dir. comm.t 1933. 837. luaccitávd, Rf.s- CIGNO, Incapucità na/., i)0, 10S c scgs. ^ ‘ Í, K U — £ . , tu) ■ o t«n»U<m pode resulta, da vinci.la.;;\o ao “ Kl tlV tanto na orientaçAo compartilhada pelo iiiMiv®*’ “ " virtude do mu» função (•'•). l i . Sein - ; n ; iltl. ;l noçao d.‘ um ♦comando comple- ,IÚVKli'' „• í iiia «funcionar» em concreto a norma iukAo cuja indistinta aplicação a declarações , v i « ilc diicito público tf a ncgócios do direito '" "."'l' it.u>|XKlrtConsidcrar-se legitima, porquo escondo C L piofunda diferença entre fenômenos l>em distintos. r .„'i.4r *|ii.uh1ose descobre, na sentença de acerta,v.ento, umâ dcdtuaç&o normativa complementar, relativa à n o w » « qualificação de «complementar* seria , «tendida no sentido de que o acertamento, bem longe Kl- parte do processo real dc concrotação do piecvito de lei. constitui uma mera aplicação, o funcio namento jurisdicional de um preceito legislativo que já temou concreto, ou seja, que já entrou em vigor numa dada situação jurídica. lV lo contrário, se for usada (“ ) Sô com reta reserva, o portanto com as maiores cau- tvUü, ]\\K? acolhcr-se a distinção de carácter geral quo Cawnk- iv tn . $\>íi ij. u. 71 e segs.; li>.. Trtr:a :v*trrii»'? del Jiiiito, | 112, S.* ed» n* £$. projve. entrv actos jurídicos discricionú- c vuK\t’VaTv Ali.U, na nes^a opmíào. estas qualiiuraçOes «Co Uu\ v : jvara o ditvito subjectivo privado. \ iia-sc# retc rr>',vtto. a ivrssu En>c*t\ã strvi.Lze ilctcruüu.iiiv* " : * * 1921. 21. n * 3. 132. em nota. d* ‘ V 4 tnntaçio pode derivar n u» só do uma fonte O© J U úwnrçòcs vinculantes quo o autor t * W vr^ *f° tltvs inter\»v> em jogo a a N ' ' ^u da íunçâo ctNístíl cnmo uma circnnstímvia K; y ^ a apreciação do inte- •***• A«á«a •* *if' . 63 e scgs.: C VN- ^ i s T " u# * * • c •> • * > * 48 te o r ia g e pal do negócio JURÍDICO pura o acto administrativo ou para o negócio jurídico, a qualificação de «complementar» tomará um sentido muito diferente, visto que ambos os tipos dc actos são, essencialmente, criações de uma regra que, antes da decla ração. não dizia respeito àqueles determinados interesses quc estão cm jogo na situação em questão; e por isso. quando muito, eles constituem um desenvolvimento e um incremento da ordem preexistente, e nào uma aplica ção dela ). Esta diferença lógica entre a mera realização de situações jurídicas preexistentes e a criação de situa ções jurídicas novas, que se verifica no campo da auto nomia mediante negócios e no campo da heteronomia por meio dc providências ou despachos, não pode superar-se com um conceito de «produção jurídica complementar» (contraposta a uma produção principal. Tealuada pela le i): conceito que, por excessiva generalidade, se revela insuficiente, e até capaz dc confundir fenômenos total mente diversos. Passadas, assim, em revista as classificações gerais dos factos e doá actos jurídicos, que mais interessam ( 14) Ei?a observaçüo crítica, por nes expressa no A kiü ju i- f io d: dir. comparjto t di sJtidi legtíiativi. II, 192S, 152 e segs. (Osservaitoui sul ptjtgetto di cod. d i proc. e n .. 31 c scçsa, c repetida na IiitsTpreiaz. d. U^ce. 160-162, étarolcra de mauter. mesmo em face dos desenvolvimento? construtiva» de Caknív- i m r i . Sistema, n. 71 e segs.. SO. In.. Teeria z:*ur*U d:i dinilo. 291 c segs., 195 e scgs.. 2.% ed., n.° 6©: 213- 14. Deve, tam bém, notar-se quc nào se txata dc «produzir direito* (como àiz. por ex.. K e ls e n , Hattfi^obUiae. 54*5: AOgnrn* SluuUkre. 2 3 6 ; R . RetktsSehrc. » • 29 . 32 , c.). mas de dasenTohrer situa- çôes e relações jurídicas. A quoUncaçâo de «pcodatrva» só pode ser dada, correctamente, a um a ÍMite de norz^is iu n - d ic a s . cfr. a r.essa I hL r s t j : . d. xgge . § 45 ; mais adunte. § 2 , n .° 7. ítflA I. 4 <> A » 83 c , , Viris*'T,,w . negtfdo jurídico. l.A que uina teori* ‘ inai4 importantes hitua- S * • carae.eri,ar.se rela- ç.vs cm q*,f »MH ^ iUrUl1 . ^ indicas: aquisição fderi- 4 de direitos (*)• Aqui jú a: P lí FKANCISCI, I I tra i- rara * , mtica di «»'« doitrina. I‘)24, , 2 1 » j r r „ " , i 7 • C K * ' 16» * C . 2 6 * Cd.. 1923. § 13. 4.% c « * Ks.. ^ a i o . ^ " / ; ^ > « * ■ ^ v v 7 5,'° 4S S ‘nol.i SM: D*"*-/* , n,i t ,*»sto. cm i>la,: -u „. 1915, Mru!-> ‘‘ •'K'1 * ^ 355 no mesnio sen tid o S iijkk , <0. 336 **?*■ ^ V r j L rf,> Vtrítsuug. "• iw e lf/ f • 00 K |c i924.|925, •obro a 7 m d:zione, 03 e - f . 37-39) ; en. scnt,dom -*a; V T k S l u m * * fl/" ' * r,í" " f ' ^ (2. ’ IUr!t, (UM dc 1927-1928). 10» o segs. (o qual, ^ « r o u Z «ilniito [105] que o corfcter d.íerencal da wiuwcio derivada nâo consistia. para os clássicos, na perm a- nvncsa do direito com a mudança das jnssoas [ao que se cham a sucado singular], mas na dependòncia tio d ire ito d o novo dominus do direito do anterior). Sobre os assuntos deste pará grafo, veja-se, ainda, para as formulações dogm áticas correntes: Püciita, ParMten. 12 • c tl. 1877. §$ 47-48; W a e c iit e k , A i i i - dektcn. ISSO. §§ 0849; PtfcXMJRr,, PandtkUn. cit., §§ 80-81; ü f.kk fr. Pmdãtenuelt, ti. §j 33-34, assim com o os outros pamfeh.stas citadas no parágrafo anterior; cír. C o v i e l l o , JUm . du civ rtal. § t>8. Tuhk, Allgcm. Tdl. iv. §§ 44-45; ÁLLQHto, U tosa giudicút* uspctto ai terzi. 1035, 191 e segs.; PvauATTt, Ttotia dti tmJmmtnU coattui, 1934; I i> , liscuzione /or:aía r dn. mtamiale. 1935. 175 e so^s.; TriüPEL, Vom Stil d n l i tch ts. hU7. 49 c sega., previne contra u txírigo de en tender i viriteiliide da relação jurídica eni sentido iiaturalíütico. lvira uma vftJontçio crftiva do conceito de tx e rd e iu do J - \\ orln Ovràl — • UNIVERSIDAOE DE SÃO PAULO Faculdado do Direito _ _________ teoria CKRAL Dq MEOQCIO JUHÍDlco nSo interessa analisar a estrutura das relações jurídicas sob o aspecto estático (estrutura, de que se pressupõe 0 a no<^ » ) . mas apenas ter-lhe em conside ração o movimento e o desenvolvimento, sob um ponto de vista dinâmico. Consideram-se, portanto, os modos corno os factos jurirlicos actuam sobre as relações jurí dicas (§§ 4-5) c as fases de desenvolvimento porque passam as relações (§6). Mais do que pelo seu alcance objcctivo— que consiste, normalmente, em fazer nascer, ou mudar, ou cessar posições e relações jurídicas— , os factos jurí dicos interessam aqui pelo seu modo de actuar rdali- vamcnU aos sujeitos a quem se dirigem as relações jurídicas (Cap. II, § 2). Em relação a um sujeito, o facto contemplado pela norma jurídica pode produzir, sobretudo, uma das seguintes situações jurídicas. Numa relação jurídica, I) pelo lado activo, pode dar-se: a ) a aquisição; b ) a perda ou a limitação; c) o exercício de um direito subjectivo; II ) pelo lado passivo, pode haver: a ) nas cimento dc um ónus; b) libertação deste; c) apli cação da sanção que acompanha o ónus. Das situações que se produzem em relação ao sujeito passivo, ocupam-se a teoria do acto ilicito e a do processo. Neste estudo, convém fixar a atenção sobre as situações quc se produzem para o sujeito activo. direito V . Thon. Rechtsnorm und subjektives R., 288 c segs.. b™ £ » . * .a- H M : w * Rechtsausübuns: Vervielfálúgung der R^ te‘ • C a rn h lu tti. Appun li sulla prtscnzwn'. na Rev. d,r. proc. ou.. 1933, 43 e segs. AS VICISSITUDÜS DAS RCUÇOES JURÍDICAS HM CKRAL A aquisição por parte dc uma pessoa, consiste tomar-sc esta titular dc um dctermmado d,re,to sub. jectivo. A perda, na cessação d^ à re ,t °- Da Perda distingue-se a limitação, a q u a l s c d a ando 0 d.reito subjectivo dc que se continua a ser titular, <■ onerado, a favor d^ outros, com «m d.re.to que em relação a ele funciona como uma « « « . um h vn U de carácter I an° ro íxerc fc io de um direito subjectivo consiste em 1 realizar com referência a outros, um estado de facto ou uma situação jurídica conforme àquele interesse p ara M l cuja protecção ele fo i criado. Revela-se nele, e com ele sc satisfaz, a finalidade do direito subjectivo privado,7 o qual é, dessa maneira, por assim dizer, projcctado / no mundo dos factos, ou tornado gerador de novas situações jurfdicas. Na situação jurídica conform e ao interesse protegido, realiza-se o poder que a ordem jurídica sobrepõe ao interesse, quando, precisamente, o protege. Por conseguinte, na m edida em que a pro tecção jurídica ó posta à disposição do su jeito inte ressado, este tem a possibilidade de Jhe p rom over a efectivação, e de defender o direito, tanto por v ia extra judicial, como através do processo. O nascimento de uni direito im porta sem pre a sua atribuição a um sujeito, e portanto a sua aquisição, visto que qu a lqu er direito é adquirido com base na va lo ração de uma ordem jurídica, e que nenhum d ireito é inato, no sentido de poder p reex istir a essa ordem. Inversamente, porém , a aquisição não co incide com o nascimento: pode adquirir-se um d ire ito quc já preexis- tia noutros. P e la mesma razão, a p erd a de um direito, por p a ite de uma pessoa, tam bém não co in c id e com a sua extinção. N ão é, de resto, p on to essencial ao con ce ito do d ire ito subjectivo, que ele tenha, con stan te- - ______________TC01tU OBRAI DO NEOdCIO AIRtDICO monte, um titular a c tm l: o direito, embora destinado a uma pessoa, pode encontrar-se. em dado
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