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473 Emilio Betti Teoria Geral do Negócio Jurídico Tomo I Ano 1950

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T E O R I A G E R A L
oo
N E G Ó C I O J U R Í D I C O
TO M O 1
Faculdado do Diroito 
Teoria Gorai do Estado H
A presente tradução foi feita tomando por 
base a 3.a reimpressão da 2 * edição ita­
liana do livro do Prof. Em ílio B etti:
TEORIA GENERAL DEL NEGOZIO 
GIURIDICO
COPYRIGHT DY UNIONE TlPOGRAFiCO- 
- E D I T R I C E l O R t N E á E . DE TU R I H
Reservados todos os direitos. i*n lingua 
portuguesa, para Coimbra Editora. L.da 
Coimbra - Portugal
<r> i
A minha tnàe 
EM ILIA MANNUCCI BKTTI, 
símbolo im perecível de tudo 
aquilo que eu amo
PR EFÁ C IO
A exposição, que aqui fazem os, í/<? «wia P a rte geral 
referente aos negócios juríd icos, fffl d isc ip lin a que lhes 
deu o novo Código C ivil, toma por fo n te a tradição p a n - 
rfdis/fl í/a século passado, nós, representa, na
sua histórica continuidade, a tradição nacional do direito 
romano. Volta a un ir-se a ela c. ao mesmo tem po, procura 
demonstrar-lhe a capacidade de renovação, fren te aos novos 
problem as c à s novas exigências de socialidade, na f u n ­
ção ordenadora do direito, lísses problem as e exigências, 
criados pela sociedade moderna, embora novos. p odem , 
na verdade, -cr eficazmente esclarecidos e aprofundados à 
lu z de categorias dogvulticas elaboradas pela tradição 
paudetista . fazendo-os corresponder ao novo direito p o s i­
tivo. sem necessidade de renegar e rejeitar o trabalho das 
gerações de ju r is ta s , form ados na escola do direito rom ano. 
A o mesmo tem po, esta tentativa desejaria d im o n stra r que 
a nossa ciência ju r íd ica j á havia chegado a um a elabo­
ração dogmática do direito c iv il, a qual talvez p erm itisse 
atingir uma m aior perfeição técnica c um a melhor coor­
denação sistem ática, na elaboração legislativa das soluções 
adopiadas pelo novo Código C ivil.
A prim eira edição desta obra, publicada em A b ril 
de 194.1, era dedicada às cidades m ártires da Itá lia , como 
símbolo da nobreza m ilcnária do nosso povo e da c iv ili­
zação européia, em lu ta pela sua sobrevivência. P reten­
dia-se que o sen m artírio fosse recordado séculos en: fo ra , 
coniu penhor seguro do grande fu lu to reservado à E uropa
10
TEORM CCHAL do KECÓao JURÍDICO
ei ; t S - SSU Ilf a' Aos va,orct auUn,iC0i e ** <**•lizaçuo européia, e a quem. dentro e jora do nKM puh 
se ve neles ofendido e humilhado, i dedicada lambem a pré- 
Mtnte edição, a que trouxeram, com os nossos agradeci­
mentos, um contributo expontâneo de incitamentos t de 
sugestões, colegas e discípulos que nos honram com a sua 
amizade. Deve ser, agora, bem claro, para a consciência 
dos espíritos livres, libertos da psicose da última guerra 
( internacional e civil) , que a causa da civilização europcia 
posta em perigo mortal pelos ataques aéreos indiscrimi­
nados e pela impiedosa acção de desagregação e destruição, 
conttnuada depois de fi>ida a guerra— não se identifica com 
a de nenhum dos dois imperialismos contrapostos, na sua 
tendência para a hegemonia, e até repudia o seu interessado 
patrocínio. É uma forma de inhumanidade, pior do que 
a própria guerra guerreada, pressupor no adversário a 
intenção hostil e agressiva, e imputar-lhe a imoralidade 
da causa e a hipocrisia das atitudes, reservando só para 
si o monopólio da moralidade e da pureza das intenções. 
Os espíritos livres sabem em que conta devem ser tidas 
certas atitudes de paladina de ideais, com que se disfarça, 
quando lhe convêm, a razão dc estado; c devem seguir 
a direito o seu caminho, com implacável sinceridade, 
sem aceitar tutelas interessadas, nem compromissos avil­
tantes.
Não se iludam certos ingênuos zelotes que. prontos 
a prestar homenagem a presumidos ideais de j usl,(a£ 0 
reparam que. fazc»d<H>. cstSo a ajudar a 
Jorça do direito e a autonomia da nação, a uma 
sala ignara dos problemas vitais (que tem » sua or,g>
s s s s s s s s ^ S S islveis alternativas ideológicas, mas r ^ ílo
do contingente resultado de «'»<« B1
11
predomínio econômico e fe io poder do apetrechamento téc­
n ico• aquela /orça que. na sua orientação destrutiva , 
aponta hoje, sob ouropéis de civilização, />ar<* o mfwiiJo A 
utna nova barbárie. Se. amanhã, os pretensos defensores 
da Merdade* ou da *pazt, na acreditada missão de in d i­
car à humanidade inteira (não obstante as diferenças 
de horizontes espirituais) o verdadeiro cam inho a seguir, 
considerassem conveniente, e imprescindível às necessida­
des da luta, pôr em acção esse seu poder, então veríam os 
renovar-se, com uma crueldade indiferente c quase escar- 
ninha, a destruição das cidades e das populações civis, 
das obras de paz, do patrimônio de arte e de cultura da 
milenária tradição europeia. Veríamos de novo em acti- 
vidade tu ma força cega, que esmaga tudo aquilo que, nem 
que seja só por disciplina e valor, procure ainda emergir 
deste inferno de destruição: a segurança brutal c im unda 
do martelo, manejado por um operário vulgar, contra pes­
soas de valor# (*).
Aos espíritos livres e aos bons europeus, incumbe 
uma tarefa bem diferente. A chama da espiritualidade 
europeia, que sobreviveu às ruínas dos edifícios derru­
bados e das cidades destruídas, renascida do sangue dos 
massacres e das devastações dos incêndios, crescida, cm 
indômita continuidade, sobre as dores dos mortos e dos 
vivos. deve ser, por eles, conduzida a p o rto de salvamento.
ClUVào ele E rnst W íscuert. Jcvomuxkinder t 1942, 
trad. it , 1949, 372. Esta nossa posição critica não c 
nponas do hoje. Desde o tratado do Vcrsaillcs, dc 28 dc Junho
l i t V * Anmtario dtIVunivcrsiià tli Camnino, 191S-19. 
i m e seg» ), n6s aprendemos a apreciar, pelo seu valor mural,
o espirito lejjahlário dus autores (K. 1). i>Cirv. 1 'uniamsm and
. lürqi,V* l944* 259 « * * » ; * nossa. hUnprrta-.wnc 
M h i ie&e e d. alii &iur.4 334-337)
Teoria Gorai do Estado II
12 TEORIA CKRAL DO NEGÓCIO JURÍDICO
inlaeta e cr a tu, mesmo contra as hipocrisias ideológicas 
da política c os perigos ameaçadores de um renovado 
abuso da violência bélica (l), com a sinceridade da cri­
tica c a paixão tenaz do trabalho construtivo. E serão 
esses os verdadeiros vencedores, não os presumidos.
Roma, 9 de Abril ds 1950
E mílio B etti
( 1) Pela nossa parte, procuraremos induzir os homens 
do governo a rcflectircm sobre as limitações morais e jurídi­
cas resultantes da violência bélica, com algumas considerações 
quo virão à luz nos cscritos cm honra de duas nobres figuras 
de juristas: A. Cicu e A. SciaJoia. Ver: Síudi in onore de Cicu, 
li, 600-612; Seritti giuridici in onorc di Scialaia. ív. 67-88: onde 
cstA reproduzido o essencial de duas conferências proferidas 
cm 16 de Junho de 1951, em Pisa (na respectiva faculdade de 
jurisprudência), o em 21 de Novembro de 1951. em Roma (no 
centru de comparação c síntese): esta última publicada na 
revista Re$pon$abiiitd de! sapsre. u.° 27, 1952, 12-25. — Por 
conseguinte, o grito de alarme lançado por quatro ilustres 
cientistas c jwr B. Kussel, no verão de 1955, coutra o perigo 
da bomba atômica, também, apontado por Einstein, chega 
com quatro anos de atraso.
ArO STILA A SEGUNDA REIMPRESSÃO
O insigne jurista que planeou c dirigiu este Tra­
tado (*), desapareceu do número dos vivos em 16 de 
Maio de 1955. A cxcelsa figura de F iuppo V a ssa lli 
conserva-se no coração de todos os juristas da nossa 
geração, como a de um guia incomparável e de um verda­
deiro mestre do direito. Cada um de nós, os que tivemos
o inestimável incitamento da sua palavra viva, recorda, 
com a memória reconhecida, os seus ensinamentos, com 
a certeza de continuar a aprender neles. Seja licito 
ao signatário mencionar aqui, entre os muitos escritos, 
a conferência comemorativa proferida por M okiaxi sobre 
História c dogma (republicada no volume n dosE scri­
tos) e a crítica feita ao «projecto de lei n.° 175 de 1948, 
contendo disposições sobre o contracto de parceria» (na 
Riv. ilir. agrario, 1949, 1-30): crítica, em cuja profun­
didade cristalina e cm cujo elegante equilíbrio, vibra 
a personalidade de um ^grande jurista, que é nosso 
inesquecível mestre. Continuar o trabalho em que ele 
nos guiou, é, para nós, um compromisso de iá.
E. 13.
(* ) Refere-se o autor ao Tratado de Direito Civil ita­
liano. dirigido pelo Prof. F il ip p o V a s s a l l i, dc que faz parte 
a presente obra, que é o tomo n, do vol. xv.
(N . do tradutor)
CAPÍTULO 1NTRODUTIVO 
A5 vfcissffudcs das rclaçOcs jurídicas cm geral
siimAkIO I Facto juHdico. ÜtWÇSo jurídica, rolaçlo juri- 
d í a - 2. m L ç í o dos factos jurídicos. 3 Clas- 
,ific«çA« d<w neteo jurídicos. Natureza c espécie «Jas 
decUrnçócs. — 4. Vt algumas situaçOcs jurídicas: aqui­
sição (derivada, ou origin.iria) e perda de direitos.
5. Idcm: sucessão na powçlo jurídica. 6. Fuses do 
dcMJnvflvúncuto das relações jurídicas ( ).
1 — Farfo jurid ico , situação ju r íd ica , relação j u r í ­
dica. Na reforma do Código Civil italiano, que teve
( • ) Ver: Bekker, System des heut. Pandektcnrechts. n,
1880. §§ 80-81. H oe ld er , Paudekten: allgemeine Lehren. 1891, 
$ 36; Windschkid, Lthrb. d. Pandcktenrechts. 0 .a ed.. 1906, I, 
H67-G8; R ege lsoerger, Pandektcn. i, 1893, § 118; D jíknuurg, 
Pandekten. 7.* ed . 1902. I. § 79; entre os tradistas da ♦ parte 
geral» do direito actucil. ver, pur todos, Kndemann, I.efob. d. 
Húrgerl. Ji . i. 9>.cü.a 1903, $§ 57-5S; C o v ie l lo , Manuale di 
du. cit', itol., 3.» ed.. 1932, § 97; Tuhr, Per allgemeine 7Vi7. d. 
deut. M igrrf. !(.. it. 1, 1914. § 43; H en lb . Lehb .d . Biirgerl. R .. i. 
1926, § 6; sobretudo Car.meujttt, Teoria gene tale del diritto, 1940 
f§ 95.99*115. 2 .» ed.. 1946. n.®» 44, 74*91, com uma nova sis­
tema tixaçio, rica em augestivas indicações. Sobre a crítica do 
conceito de causalidade (jurídica), a literatura referida por 
Mank.k, IU í TKkhvitkiame Verhallen. 1939. pAgs. 1 e scgs.; 
e ainda. Rotjiacker. GesthUhltphUosophie. 1933, págs 44 
c scgs Sobre a siliiaçilo e os k feitos» preliminares, D. Kudino,
Jutiut'“ í* • i t t t/etu g iu iid ic i pteltm inari, 1939. p/igs. 107 
® ***•. recensão na /tfr. dir. proc. cio.. 1910. pág 122. Sobre
16
TEORIA GERAL DO NEGÓCIO JURÍDICO
lugar em 1942, nào se juigou necessário elaborar uma 
«parte geral., nem uma disciplina dos negócios jurí­
dicos. que compreendesse não só os contratos, mas tam- 
os testamentos, seguindo assim os precedentes do 
Código Civil alemão de 1900. que. também nesta parte, 
se aproveitara da elaboração cientifica dos pandetistas (l). 
Na reforma do Código Civil alemão, pensava-se, porém, 
abandonar a actual «parte geral», em obediência a certas 
necessidades de especificação e de concretaçáo, em que 
deveria inspirar-se, no projectado tCódigo do povo», 
a disciplina das relações de direito privado.
Nào iremos discutir aqui as razões técnico-legis- 
lutivas que, numa e noutra reforma, aconselharam a 
nào acolher, ou a abandonar, uma disciplina geral dos 
negócios jurídicos: o problema técnico-legislativo estâ 
fora do plano deste* trabalho. Em todo o caso, resta­
d o s o facto dc o novo Código Civil ter conservado e 
procurado melhorar a disciplina geral dos contratos 
(arts. 1321.°-1469.°), servindo-se, para esse efeito, dos 
instrumentos da *parte geral». E mesmo prescindindo 
d a solução legislativa, fica sempre de pé, para nós, 
juristas, o problem a do va lor cientifico e prático de
o conceito dc tvicissitmle», expressão por nós adoptada desde a 
primeira edição do nosso curso dc «Instituições de direito 
romano», i (1029). pág. 232. ver A lla ra . Vicenáê déf rapporto 
giiiridico e loro cause. 1939; 2.* ed., 1041. pág. 125; P i r a s , 
Novazione. em Studi sassaresi. pág. 21, 1947, 70; F edele, Ir.va- 
liditâ. 1943. pág. 2S3; B o la ffi. Socitlà semplice, 1947, pág. 399; 
D 'okazi, Ptelazione leg. e vol.. 1950, pág. 139.
( * ) Sobre esta matéria, ver: Barbero. Neussiíd di una 
parle generale nel cctltse, cm Jus, 1941; Hueck, Der allgcnieine 
Teil des r r i i alrechts. em Wort der Verteidiçung. no Archiv fúr 
die civilistische Pra.xis (cit. para adiante só por Archiv). 1940, 
págs. 146. 1-27.
AS VICISS.TUDLS DAS HHLAÇÕBS JURÍDICAS I1M CliRAl.______ 17
uma teoria geral do negócio jurídico que, sem desconhe­
cer as diferenças de natureza entre as várias catego­
rias de ncgócios da vida privada, procure oferecer à 
jurisprudência critérios e pontos dc oricntaç;lo a ter 
presentes na resolução das controvéisias quo a tais negó­
cios se refiram. Uma teoria assim construída justifi­
ca-se, não só com argumentos metodológicos estranhos 
a ela, mas também com a superior visão de conjunto 
c com aquele melhor e mais preciso conhecimento, que 
ela está, objcctivamonte, em condições de proporcionar.
Posto isto, procuremos dar-nos conta, antes de mais 
nada, do modo como funciona a norma de direito em 
relação à realidade social. A norma jurídica, conside­
rada 110 seu arranjo lógico, consta de uma previsão e 
de uma disposição correspondente. Isto 6, preve, cm 
abstracto e em geral, hipóteses de facto, classificadas por 
tipos e. ao mesmo tempo, orientadas segundo as direc- 
tivas de uma valoração jurídica — hipóteses que, cm 
terminologia técnica, são denominadas fa ttisp e c ie (2) — ,
( * ) 0 termo deriva do latim medieval fa cti species. 
que, à letra, significa figura do facto (OncSeaiç, na lingua­
gem de Teófilo). A denominação é dc preferir à outra, 
comuiumcntc usada, de «facto jurídico», porque indica tanto
o facto prúprianiente dito, como, conjuntamente, o estado de 
fucio c dc direito. cm que o facto incide c sc enquadra. Fo i 
neste sentido que nós introduzimos a palavra, na prim cir;i 
edição do nosso curso de «Instituições de direito romano», § 45; 
depois disso, eta tornou-se de uso comum. Sobre o processo 
legislativo dc configuração por tipos, veja-se o nosso D ire ito 
romano, I, §2; (iORLa, I/intcrprciasiune del d irith . 1941, pá^s. 58, 
e 139 (cujas observações devem nceitar-se com a inaior reserva): 
c agora a nossa Interpretazionc d. le^â c degli atti g iu rid . (1949). 
pA^s. 13-16, 14S-50; MGllek-Erzbácii, Das privaiú Hccht der 
Mitgfkdichafl ais Prii/stein eines kausaten Rcchtsdcnkens, 194S, 
3 — Teoria Geral — i
CAPITULO INTRO D UTIVO
As vicissifudcs das relações jurídicas em geral
SUMAKJO: I F a c lo jUrW ic<N «tm .çío j,,rid ica, rd a ç flo ju r f-
j j Cíl 2 Clnsfiftcaçio dos factos jurídícos. 3. Clas-
síficAçOrs dos netos jurídicos. Naturexa c espécie das 
declarações — 4 . D c algumas situações jurídicas: aqui­
sição (denvada ou originAria) e perda du direitos.
5. Idein; sucessão na posiçilo jurídica. 6. Fases do 
desenvolvimento das relaçOes jurídicas (•).
1 — f a d o jurídico, situação ju ríd ica , relação j u r í ­
dica - Na reforma do Código Civil italiano, que teve
( • ) Ver: B ikkek, System des heut, Pandekteurechts, ít, 
1889, H 80 81; HoEU>tüt. Pandekten: allgcmcinc Lchrcn, 1891.
5 3fl; Winosciii in. Tehrb, d. PandcUenrechts. 9 .n ed., 1906, I, 
§§ CÍ7-0S; Kkgkisokrcikk, Paudek/eii. t. 189.*), § 118; Dkknuuju;, 
Pandrkten. 7.» ed., 1902, f, § 79; entre os IradihliLS da «parte 
gcmU do direito actual, ver. por todos, Ivxdemanx, Jjthrb. d. 
Utiw rl. U . \, 9 * ed , 1903. 57-58; G ov iííllo . M amtalc di
dn. civ. Uni., 3.» ed.. 1932. $ 97; Tuim, Der allrcmcimr Tcil, d. 
dn,t. m ^ n l . U . ii. I, 1014, $ 43; Hi.nu-. U hrb .d . 13ür*erl. R., i. 
I92d,§6; sobretudo C,\itNu.urri. Tcot ia generale del di ri/to, 1940 
Ü 95,99-115, 2 » ed., 1946. n.°* 44. 74-91. com uma nova sis­
tema (Ir a ,, ; ,r k a em sugestivas indicações Sobre a crítica do 
com rito do causalidade (jurídica), a literatura referida por 
Manisk, Ihis uchtwrksameVcrhallnt. 1939. páçs. 1 e segs ; 
« ainda, Nutiiackmi, Gesclíicfjtsptithso/i/iie, 1933, págs. 44 
e *K " Sobre a situaçao e os «eíeilui» preliminares, I). Kum no, 
f g li e/tUi g iu tid k i pnUw inari, 1939, pára. Iu7 
m-cnsâo na Rw, dir. firoe. civ., 1910, p.1L' 122. Sobre
18
reO R U CERAJ, DO HECÓCIO JURÍDICO
« cstabelecc-lhes um tratamento apropriado rclacio-
T u l v m , t e ; a,nlVÍSd<!Uma * * * * * normatival como
)M n «efeitos», situações jurídicas correspondentes.
rJ H° - qU? ’ concrct°. um facto ou uma
rela rao dd vida social, que, enquadrado na sua mol­
dura circunstancial, apresente os requisitos previstos c 
corresponda ao tipo de/atisp& ie contemplado, intervém 
a sintcsc, o nexo estabelecido pela norma, dc um modo 
InpotiHico, entre aquele t i ] » de falhpêcic o a correspon­
dente disposição: isto t . produz-s* a nova situação 
jurídica disposta em previsão.
E dado que esta. então, se produz automatica­
mente, no geral com unia constância e com uma neces­
sidade inelutáveis, o nexo de carãcter normativo esta­
belecido jKíla norma entre falispécic c disposição é. no 
geral, comparado à causalidade natural, e concebido 
como um nexo de ^causalidade jurídica* (o que faz 
com quo as novas situações jurídicas que se produzem,
págs. 8-9, 17 c 21; In., Die llechtsvLissenschajt m Utnbau: 
ihr Vòrdriiígcn ?t< den besthumeiutcn Eitrnntcn der Zusammen- 
Icbcns, 1950, págs. 31-37 (•).
(•) Temos traduzido, correntemente, fattispecie por pre­
visão, pn/iivra que c-orresponde. aproximadamente. embora sem 
total cxactiãão. à palavra italiana criada por lieili. Mas porque, 
aqui. o autor nos dà. r.rita nota. o sentido exacto da palavra 
para ele. achámos p rtf crivei aportuguesar o wc&ulo para íatis- 
pícic, t cmpiegá-lo nesta obra. iaivo *ics raros casos cm que o 
autor a usa uo sentido de previsão urdadetra t própria: quando 
assim suceda, preferimos empregar A palu.va corrente por- 
tuguesa.
Cremos ser estã. na dúvida, a melhor solução: se nos enga­
narmos. o leitor. f>or cato. nos perdoará, jem correr o risco de um 
mau entendimento. pois sempre saUrá o que, cora o neologismo. 
procuramos di:rr.
(Nota do Tradutor)
W VICISSITVPM DAS ™ C™ AI »
costumem ser denominada, « fe ito » jurídicos.). Há. 
S n uma diferença essrncial. quo convim nao esquc- 
r e 'i que os chamados «efeitos jurídicos., ao contrá­
r i o * » efeitos naturais, sendo o produto do uma valo- 
« c io iuridica, sâo uma criação do espirito humano, na 
n.edida em que ele reage sobre a realidade social. Eles 
representam a *esf>osla que a ordem jurídica dá aos 
vários tipos de situações previstas: de maneira que a 
relaçio que aqui está em jogo, não 6, propriamente, a 
dc causa para eíeito, mas aquela mesma que, na acti- 
vidade liumar.a. se estabelece entre a situação dc íacto 
e a acção que esta faz determinar. Assim como it von­
tade individual se determina a agir com base 110 conhe­
cimento de uma concreta situação dc íacto, também 
aquela valoração abstracta, que estabelece e sustenta 
uma norma jurídica (chamada, por vezes, impropria­
mente, recorrendo a uma ficção antropomórfica, «vontade 
do legislador») {*) toma por base a previsão de um dado 
tipo de situações de facto, classificadas, mediante certos 
requisitos, como qualidades abstractas de pessoas, dc 
coisas ou de actos, ou categorias de comportajnentos 
do homem, e atribui-lhes o nascimento dc novas situa­
ções jurídicas. Portanto, estas, mais do que os efeitos 
de uma .causa», entendida em sentido análogo ao natu- 
ralislico (*), constituem as respostas que a ordem jurl-
wnpropriwladc, veja-se a critica fcita na
i * » " • '«5 « segs.
entendida rm" Jn tiY 1I,5uf,c":'n( ia do conceito de causa, 
pwt.i de Caim elutti nj.türallst,co’ é taailiém a rcccntc pro- 
2 ‘ ed.. 5 76. 3 ‘ 0,1 ' i s T r * ^ 5 IM * * * * ' 26° :
"ov* titn.irJo iurtóiA , ‘ t’roípectar, como causa da
■> Bonn» jurídica imprime*".U;içaü i urídiM prccmlcntc. a que 
«npnme a lorça para sc modiíicar em deter­
Tooria Gorai do Estado II
20 TEORIA CERA!. DO KEGÓCIO JURÍDICO
dica da às diferentes situações de facto, que sâo con­
figuradas à medida que vão sobrevindo os factos jurí­
dicos.
Factos jurídicos sâo, portanto, aqueles factos a que
o direito atribui relevância jurídica, no sentido de mudar 
as situações anteriores a eles e de configurar novas 
situações, a que correspondem novas qualificações jurí­
dicas. O esquema lógico do facto jurídico, reduzido à 
expressão mais simples, obtém-se estudando-o como 
um facto dotado de certos requisitos pressupostos pela 
norma, o qual incide sobre uma situação $rc-existcnle 
(in ic ia l) e a transforma numa situação nova (fina l), 
de modo a constituir, modificar ou extinguir, poderes 
e vínculos, ou qualificações e posições jurídicas (*).
A eficácia constitutiva, modificativa ou extintiva, 
é atribuída ao facto jurídico em relação à situação em 
que se ele enquadra, na medida em que forma com ela 
(como falispccic) uni objecto de previsão e de valora- 
ção jurídica, por parte da norma que estabelece aquela 
eficácia. A valoração de um facto como facto jurí-
minados casos*, e para se ver no facto jurídico, não u causa, 
mas uma simples «ocasião.. Cremos, no entanto, que sc deve »r 
mais além e reconhecer que o conceito naturalístico de causa 
não serve (cír. Hkgiil. Logik, 11, cm Wcrhe, 1841. iv, págs. 221 
e s c r s ) , reservando esse nome tradicional c técnico pira desig­
nar a função cio negócio jurii*.:cu. que é, propriamente. m o * 
causa, no sentido vulgar, mas a razão da san*ao jund.cn. 
Para uma critica do cuoceit»), veja-se a literatura citada í » r 
MANir.K. Ktchtswirksavu YeriMten. pigs. I • ***■. cm esj£ 
ciai Stammlkr. T to r i# der lUcMiswUsenschafl 2.- ed., 19-J. 
págs. 170 e scgs.. 197-99; Okkwans UceMsordu. » . Ver- 
kehrssitie. págs. 229*233. (ma«* adiante, Cap. 111).
( 6) Cír. GARSta.urr*. ieor. ^en. dt».t 2. wl.. n. * .
págs. 216-17.
* R B U C te J«» ín iC A » m» c n u L ______21
desenvolvimento daquela, uma situação nova cm que 
so converte a situação preexistente com o sobrevir 
do íacto jurídico. Especialmente quando a situação 
nova consiste em se constituir uma relação jurídica, 
u situação pré-existente consiste no particular modo 
de scr que assume uma relação da vida social, (juando 
sobrevim um íacto jurídico. Este — por ex., um con­
trato— , Íâ í nascer uma obrigação, na medida em que 
actua sobre uma situação complexa, cujos elementos já 
estão qualificados pelo direito: tais como, duas pessoas 
capazes de sc obrigar, um objecto idôneo para consti­
tuir matéria dc obrigação e que pertença à esfera jurí­
dica dc uma delas ou dc ambas, e assim sucessivamente. 
Dado que o modo dc ser conseqüente à conclusão 
do contrato constitui objecto de valoração jurídica, a
• — -----i— i '■■'“ ‘••i oujvu.i «i Mmci uiint
modificação, ou a CXtinguir-SC. com a suiwrvriiiftiri:i de
1'ara melhor se
compreender este íenúmeno, pode
Tnnrla Rornl rio Estado II
22 TEOMA OERAL DO NEGÓCIO JURÍDICO
imaginar-se o plano em que actua o direito, como sobre- 
posto àquclfc cm que vive a realidade social (*).
As qualificações jurídicas movem-se e sucedem-sc 
neste plano superior, provocadas, caso a caso. por cor­
respondentes modificações que, quando sobrevem factos 
jurídicos, têm lugar, paralelamente, no plano inferior. 
Por outro lado, a apresentação de uma situação jurí­
dica como cfalispccic* ou como idisposição», tem. essen­
cialmente, um caracter de relatividade. Na verdade, o 
que na redacção dc uma norma é objecto de disposição 
(pense-se no caso das normas que regulam a condição 
jurídica dc pessoas ou dc coisas), pode tomar-se parte 
da fatispccic prevista nos textos de uma outra norma 
(pense-se nas normas que estabelecem obrigações a cargo 
daquelas pessoas, ou relativamente àquelas coisas),c a 
disposição desta outra norma pode, por sua vez, vir 
a íazer parte da falispccic prevista por uma norma ulte- 
rior, de caráctcr sancionatório (pense-se naquelas normas 
quo previím o inadimplemento de obrigações assumidas 
por aquelas pessoas ou respeitantes àquelas coisas, ou a 
ilicitudc da sua criação, e estabelecem uma responsa­
bilidade correlativa). Tudo isto íaz compreender que 
as normas de uma mesma ordem jurídica estão ligadas 
entre si por um nexo lógico de subordinação e de coor­
denação; e. ao mesmo tempo, serve para demonstrar 
que a nova situação jurídica estabelecida por uma certa
( • ) O mundo da realidade pode ser. cm geral, imugi- 
nado como um cosmo constituído às camadas, do qual a estru­
tura superior é formada pelos modos de ser do espínto. 
Sobre essa concepção, ver N . H a r tm a s n . Das PfobUm d. gns- 
tigtn Sei ns. 1933. págs. 57 e segs.. 65 c segs. 258 e segv. c u* 
nossos ProligMeni a una Uoria frner. itiCtnUrprtlaz..
R i v. internai, f i l . dir„ 1$>4$. pãgs. 2 e segs.
neLACOBS JUKtnlCAS SM CURAI. 21 
às VICIRSITUPTO tihÈ -------------------- ' —
...Imuít coisa separada c nfnstudii 
norma. longe de scr q m j. n.m passa dc um
da ' a' T ' \ l ‘ de Z X criadas por
desenwWmK" wlvinlcnt0 provocado pola super- 
outrnsiwrn • incidindo sobre aquelas
T Í S í i T o b je c io do ultcrior valoraçào
S J Í T p T S da norma em questão (*).
Assim se esclarece. tambím, o sentido da velha 
m lsima « f.,do oritur itts. Quer dizer-se com ela que 
a lei. sô por si. não dá nunca vida a novas situações 
jurídicas, se náo se verificam algirns íactos por ela pre- 
vistas: nào porque o íacto se transforme cm direito, 
mas porque 6 uma situaçüo jurídica pré-existente que 
se converte, com o sobrevir de um dado íacto, num.i 
situação jurídica nova. As concatenaçôes dos íactos. 
naturais ou sociais, seguem, cada uma delas, as suas 
leis; as concatenaçôes dos factos jurídicos com as novas 
situações que llics correspondem, obedecem, |X'lo con­
trário, às normas jurídicas, no plano em que actua o 
direito: plano que é diferente daquele sobre que actuam 
as outras concatenaçôes.
A nova situação jurídica estabelecida pela norma, 
náo 5c produz enquanto se não veriíicar, inteiramente, 
a hipótese de facto. a fatispécic. que é o seu pressu­
posto. Quando a fatispêcü nào se realiza por uma só 
cz, r..as por gradações, através de uma progressão de 
- fftisPk** incompleta pode corres- 
dá l u J T atuação jurídica preliminar, que às vezes
* :■ « o —
üca do fcn,,m^ n j na ^H^deraçào cienti-
^ o - a denominação de situação jurídica
( ’ ) RtUNo. Faltisp. ,4 giur _ pigs 69.70 ,
Teoria Gorai do Estado II 
----- oo c c m c ç t R F 7011
24 TEORIA CC11A L DO KEfiÓCIO JURÍDICO
( Rcchlzlage) íoi, primeiramente, empregada para 
situações preliminares c reservada para situações seme­
lhantes (B). Mas, no fundo, essa limitação á arbitrária, 
porque não corresponde ao significado comum da expres­
são, que é muito mais geral e amplo, nem corres­
ponde àquele sentido de gradação que explica o desen­
volvimento de uma outra situação jurídica. Porém, 
logo que se completem os vários elementos dc facto 
constitutivos c. por conseguinte, esteja realizada a 
totalidade da Jálhpicic prevista pela norma, a nova 
situação jurídica que ela determina produz-se automà- 
ticamente, e. em regra, sem efeito retroactivo. Nenhum 
obstáculo dc índole exterior pode impedir que o meca­
nismo da norma funcione, visto que o objecto da sua 
disposição, consistindo em dadas qualificações e posi­
ções, ou em certos poderes e vínculos, é de ordem pura­
mente espiritual. Só a realização do estado de facto 
correspondente ao poder e ao vínculo produzidos pode, 
naturalmente, encontrar, c encontra na prática, os 
obstáciüos do mundo exterior e a resistência da má 
vontade dos homens: resistência precisamente para 
supc-rar a qual a ordem jurídica prevê sanções c orga­
niza o instituto do processo. Ê, portanto, natural que 
a nova situarão jurídica, não se produzindo antes de 
poder funcionar o nexo genético, estabelecido pela norma, 
entre ela e a fatispécie. se apresente sem efeito retroac­
tivo. Assim como as normas jurídicas só, em regra, 
dispõem em relação ao futuro, também, auàlogamente.
(• ) K o h le r . Lehrb. d. bãr&srl. R.. l. 1906, págs. 152 
c gs.; H ò lo l r , Pandtkttn. § 36: págs. 173 c «g s .; cfr. Car- 
NEIXTT1, Teoria geuerale del dirttlo, págs. 243 c scgs.: 2.* ed., 
págs. 109, 166 c 21S; Kuuino, Fiitlisp., pága. 107 c scgs.
«•*
oil
„as jubícica* m ci um 2*;
AH VH "*
. • .r xini nrevtatiuinctimm paraofuturo. 
"r J 1 <lc ,,|as m. havrruni verificado
" " P,*r“ m.nwüiwnti- Mim fiin r rc t.o a g lr os
mlolnuncjdc, < »K
« i t ^ jurii,icM i)ror ftd,i< ,H>' f íac'i « Dodcm consistir, ante* de mais nada, cm 
M - ..s nonms atribuem a
J i l . „ « » , .»« uctos. Av.iiu, 110 campo 
liiivulo mo essencialmente qualificativas as normas 
cm sentido lato. poderíamos chamar normas dc 
oiijuiuiaçâo* mi dc configumçflo: isto e, as normas 
destinadas, em regra, a rcaüwir uma parte daquela 
coofí^urâ^o jwr tipos em quo se alicerça a icgula- 
mndaç.lo jurídica das relações sociais, lí» o caso oacjuc- 
Jas normas que. quando concorram certos prcss\ipostos, 
atribuem As pessoas uma determinada capacidade c 
pmiçâo (o stútus da pessoa, em sentido lato), ou esta- 
lulecem, para as coisas, a comerciabilidade c a categoria 
a que pertencem, ou disciplinam, segundo certos requi­
sitos, a Ic^aliil uie, qualidade e validade dos netos.
Com maior frequência, porém, as normas do direito 
piivado destinam >c, antes, a regular conflitos de inte- 
tesses entre várias pessoas: conflitos, entenda-se, que 
|Hirturbaiiam a convivência social, se o direito não 
providenciasse para os prevenir, protegendo o interesse 
digno de prevalecer e subordinando-lhe o interesso con- 
(vário, 1. por isso, as novas situações jurídicas, que as 
normas oicin depender dos factos previstos, costumam 
con jinu r, pwcfcunenie, aspectos de. relações ju r íd ic a s .
t i . ^ l C° S'lUnJam C° nsistir wn P °dcr» c vínculos de
eonstitueni. sc modificam c se
panhidos í ' " 1" 8 intí%rcssados. c sào acom-
^seguinte, a diferença entre situa-
Teoria Geral do Estado II
TEO RIA GEHAt. DO NEGOCIO JURÍDICO
ção c relação jurídica, é apenas uma questão dc espe­
cificação e dc aspccto.
A relação jurídica, no campo do direito privado, 
pode caracterizar-se, precisamente, como uma relação 
que o direito objectivo estabelece entre uma pessoa e 
outra pessoa, na medida em que confere a uma um 
poder e impõe à outra um vínculo con-cspondente. Ao 
inesino tempo que se diferencia numa grande variedade 
dc tipos, ela constitui a espécie saliente, e mais com­
pletamente desenvolvida, do gênero «situação jurídica*, 
entendida esta expressão no seu significado mais lato (•). 
e exprime, com a bilateralidade que lhe é própria, a 
correlação necessária que ocorre entre poder e vinculo, 
entre posição activa e posição passiva. Sem descer a 
um exame pormenorizado dos vários tipos de poderes 
que se denominam direitos subjectivos, e das posições 
passivas que lhes correspondem (obrigação, sujeição, 
exclusão) — exame que não poderia ter o seu lugar 
neste estudo — , bastara, aqui, chamar a atenção para
( • ) A ideia dc se estabelecer uma diferença qualita­
tiva, em vez dc urna simples diferença dc aspccto, entre situa­
ção e relação jurídica, vendo naquela os aspectos da relação 
•considerados cada um por si*, c caracterizando-a como «cada 
um dos interesses o^istos tomado um poder ou um devei*, 
(como diz CàRNELUTTI. Teoria genctale dtl diriUo, §§ 4344). 
parece ir de encontro i necessária correlação entre poder c vín­
culo (os quais, olhados isoladamente, melhor sc qualificam como 
«posição jurídica») c desconhecer a fundamental heterogcnei- 
dade entreuma posição econômico-social (o Interesse) e uma 
posição normativa (o poder ou o dever). Na «Introdução» â* 
suas Uziom, i, 1920. págs. 61. Caknei.utti falava, com maw 
exactidão. em «sobreposição, do poder ao interesse. Conside- 
ra-sc seguro que a relação jurídica não é mais q u e a síntese 
bilateral dc um poder com um vinculo, a sua correlação nor­
mativa.
„ V,. i v n u w » M » «•■M C ft» «WBIDICM . m cr „
nM|.u.u ,|e distinguir entre « h rolatfca jurídica,
« a, * I « • • * » » « ' 'l" ' " ' ° w' " l»r «^ u p o «to . A ,
tpl(J U jurídicas tím o « • » mdwdrato «m rclaçA,,*
14 anteriormente rxif.tcnl.-s, ,• uté estranho* k
,llli; , ll jurídica: r r l ^ * * <luo ° ll,,c ilw " i‘ ° c r ia .
(lue ctuontnv im w a frente. J>rcv* e o rien ta , de acord., 
oum ...................... .valtwaçto» norm ativa*. Sd m crcé d *
vulora.fto da disciplina * sanvlo ‘ 1«® l,,cs ,1A ° <lilc' i l (>. 
u, icu ^ v » MK-iim e i'* íu« to » ci»..- as determ inam sii., 
, - U .v , . • • t o R M ia d e fa t i ip M e s , relevantes para a vicia 
,• p u a .»■. vkivatodeados relaçfies jurídicas. Sú s.- elevam 
a tal nlvel no gtttu e na medida cm que, a través de urna 
umüiintnç&o preventiva por tipos, constituam m atéria 
do valoraçio c <1.* disciplina jurldrca. I m.i espécio 
«uliento do génrro drsses factos «pie dflo lugar a relações 
hoci.ií*. vio o* negótios jurídicos; mas antes de iniciar 
.1 srvi exame, i preciso classificar os tactos c os actos 
jurídico*, e eitmkr algumas situações juríd icas de 
particular import&ncia.
'2 - ( ilos fa d o s ju r íd ic o s ( ' ) . Os íac-
to* jurídico» podi-ni clauiticar-sc segundo diversos cri-
t 1) Vci IM ivxnüi-tiiKUs C civitist.i» dt.\dos 110 prtrítgruío 
r i a l ' w ,V“ llcuUt 1 W,,K- T »U . ii. I. §5 4S-49.
, , , ' í r r ' 18al- Si 70-72; F k m i m i .
éiu u ,,,* I , ‘ ' con tp ti i . i lt rigu ard »
« • » ...... ' t - 5 ' 31 ° - sr‘!s ;
" " " « • « . « j , , j . p 5 5 ° ; cakn,' ‘
•OJ "M a, n .« l i o i r » I I r lfR * ' 7ruH ‘ l t * n n a **
nmm., IWa,«a4ofcciu lncu* co,fcwuAiio* na À íp. dir
‘ /'*•* *n . tnSr sci;s,).
• « t ; lo .. »• » - 394. aos. 408. « l » - ! » .
i lo s e «-8 *. c f r
* *. 101 o »cgk.; L lUUACIIUK.
Teoria Geral do Estado II *+ * é
TEORIA Gl-ftAL DO NEGÓCXO JURÍDICO
tínos, que se deduzem, quer a ) da sua natureza 
objcctiva cm si mesma, quer b) do modo como eles 
sao considerados e valorados pela ordem jurídica, e 
mais propriamente, segundo a relevância quo esta atri­
bui ao comportamento humano.
a ) Sob o primeiro aspecto, os factos distin-
gutm-se cm:
1 ° — factos cm sentido estrito e estados de facto, 
conforme se esgotam em eventos instantâneos, ou con­
figuram situações dc caracter mais ou menos dura- 
doiro;
2.° — factos positivos e negativos, conforme con­
sistam no mudar ou no perdurar imutável de um estado 
de coisas actual, previamente determinado;
3.° — factos (fatispécies) simples e complexos, con- 
lorme constem de um só facto, ou de vários elementos 
de facto conexos, quer sejam contemporâneos entre si, 
quer se sucedam no tempo; desta distinção voltare­
mos a falar dentro cm breve, ao discutir a possibilidade 
du efeitos antecipados, ou prodrómicos, de um facto jurí­
dico (§ 6), c dela tomaremos ainda a falar, na classifica­
ção (los ncgócios jurídicos (§ 37).
Die Ilandhn^sfühi^keii. 1903. 59 e scgs .. 73 c segs. e 96 c scgs.; 
M a n ic .k , 11'illenserklãruttg unJ \\ il!cKS$csc!iãJtt etc.: ein Sys- 
trm der juristischm Ilatidluiigen. 1ÍH)7, § 159 c scgs.; K l e i n , 
Uie JCecktshand!ttti$c) i tm ev^ereti Sm tu, 1912, S7 c s c ;^ . 104 
. so gs .. 135 o s c g s . ; c aittila, M a n ic .k . em Jherit»& Jahrhucker
I d. üogiiiatih. 83. 1933, l c s c g s .; mais rcccntc. lhts rcchls- 
svuksame VcrhalUn: sysicmettúcbfr A::fbou u*A llehnr.dlunj der 
Htchhuht* des bur:jcriicl;:n u. líandehreüds, 1939. rcc*ns.u> cm 
HttU. dir. rom.. 4G. 425; C a x i o t a - I Y r r a k a . no /l««u.ino di 
dxr. com b a to . 1941. 374 o bibliogr. ai citada. 378. n- - ; A bAN-
11 procedimento aowiÍHÍ& ativo. * m di dlT- -
ed. pela Universidade dc Milão, 1940. 175 c scgs.
. . Sol) 0 jegundo n»pccto. dlstingucm-sc: i) neto» 
jurídico»# (acto* jurídicos cm sentido ostnto; n) netos
lícitos o actos ilícitos. . . . .
A diitínçâo entro actos c simples íacto» juridjeos,
njnorta-v’ A relevância jurídico reconhecida, ou não, 
A eoiisciêiin.» e .\ vontade humanos.
I) Para se decidir quando existe, ou não existe, 
um acto jurídico, é prveiso usar da maior cautela, para 
não sc* * t induzido a considerar como actos (jurídicos) 
factos quo o não sejam. Uma doutrina corrente dis­
tingue entre factos voluntários (actos) e factos natu­
rais (íacto* em sentido estrito). Mas, assim encarada, 
a distinção provêm do aspecto já atrás apontado (su b a) 
c revelvse desprovida de interesse c, sobretudo, 6 equí­
voca. Na verdade, ela levaria a qualificar como natu­
ral e como voluntário o mesmo íacto (por exemplo, a 
sementeira ou a plantação num terreno, ou a morte de 
uma pessoa), conforme ele, no caso específico, fosse, ou 
nJo, determinado pela vontade do homem.
Ka realidade, a distinção entre actos e factos juri 
dicos, Stfi tem sentido na medida em quo tome por 
base o modo como a ordem jurídica considera e valo­
riza um di terminado íacto. Sc a ordem jurídica toma 
em consideração o comportamento do homem em si 
mesmo, e, ao atribuir-lhe efeitos jurídicos, valoriza a 
consciência que, habitualmente, o acompanha, e a von­
tade que, normalmente, o determina, o íacto deverá 
<|ualiíicar-M' como acto jurídico. Mas deverá, pelo con- 
tr. rio, qualificar-se como íacto, quando o direito tem 
? ' 1‘ ‘ " , l:' • natural t oino tal, prescindindo 
*v« ntual concorrência da vontude ou então quando
natM0.11*1 iXX' irra ,^uc,l*c* a acção do homem sobre a 
n *a exterior, mas, ao íazé lo, náo valora tanto <>
VJCIM inu>KS m » w i i açOi » i r a t w c w m o n » M . v>
T « n r t* f W n l Ho F s t f ld o II
W___________ WB»r» OKRM. 00 kegúcio njuíntcn
acro liumano m s, rtu^mo. quanto o resultado dc
<Mlo que ele tem cm vista: quer doer. a modificação
objcctiva quo de provoca no estado de coisas pré-exis- 
tente.
Isto é particularmente evidente tm alguns modos
* originária da propriedade, assim como na
acessao por sementeira ou plantação, c na espedíicaçáo. 
Na sementeira é o crescimento da planta no terreno, 
e na plantação é o enraizamento da planta, que importa 
a aquisição por parte do proprietário do terreno, e não 
a vontade do semeador ou de quem a plantou: tanto 
assim que a aquisição se produz igualmente, ainda que, 
porventura, a semente tenha sido levada, pelo vento 
ou a emissão de raízes dependa de um facto naturaL 
Na especificação é a transformação, formal ou substan­
cial, de uma coisa nunrui outra nova. e não a vontade 
do espccificador, que determina a aquisição da nova 
coisa por parte deste. Da mesma forma, também na 
acessâo é tomado cm consideração unicamente o resul­
tado da acção humana, e não a vontade, da qual, até, 
se prescinde completamente.
I I ) A considerarão em que o direito toma um 
comportamento do homem como acto jnridico, con­
siste, como já referimos* em reconhecer a esse compor­
tamento relevância jurídica, com base numa valoração 
da consciência que, habitualmente, o acompanha, e da 
Vontade que, normalmente, o dctcrmma.
üizemos «habitual* e «normalmente*, porque o direito 
aprecia o comportamento humano através de uma con­
sideração típica, baseada na previsão genérica do modo 
como ele se apresenta, orvlináriamente, na vida, e, por 
conseguinte, configurando-o de acordo com os seus 
caracteres normais e as seus aspectos constantes, &em
A S n " 1(,11CA* , w K ' ;.w-A l: ~ 31
ter em
conta, de cada ver. as circunstâncias acidentaisdü T r ^ r f w r t a m c n t o humano, a ordem ju rf- 
(llra pode. de acordo com diferentes ex.génc,as. sen t.r 
a necessidade de tomar posição, vuloram lo-o D .vc r- 
«n d o sob esse aspecto da moral (para a qu al nao ha 
..cios indiferentes), o .lireito apenas se p ropõe reso lver
ii 111 n li mero limitado de problemas. Os outios islo é, 
todos aqueles quo ficara fora do campo de previsão 
tios suas normas — não lhe interessam (3).
Podem dar-se três hipóteses: ou a ) o direito se 
desinteressa do comportamento cm questão, que, nesse 
caso, será juridicamente indiferente; ou então faz 
dele objecto de valoraçào normativa, b) positiva, ou 
c) negativa. Na valoraçào que dele faz, pode o direito
( • ) Sobre esta necessária tipicidadc da observação jurí­
dica, ver u noewso Diritto romano: parte gene rale, § 2, c, mais recen­
temente, Müllek-Krzhach, J). priva te Uecht der Mif-iicdschaft 
ais Pr üfite in eines luutsalen Rechtsdenkens, li)4«. 8-9, 21: 
Recktitíiss.. (58.
( • ) Veja-se: Scjjuuermachf.k, Uebcr dtn B e& iff des 
Erlanbien. \S2Q, Cm Werko A b t, in, vol. n. 418 o segs., ed. 
Mciner (Lripziga), 1. 417-44; G. Mavhk, Üic Lebre vom lirtaubten 
in d. Grsch. J, Ethik seit SchleiermacJicr. 1899. e, por último, 
por todos: SniELKR, Formatismus in der Ethik. 2 a ed., 215 
oscg»,; oainda: Tiion, Rechtsnorm und snbjehtivcs Uecht. 1878.
rZnAC,,KR* H« nél''"f:*W*inskeit. 1903. 96 <• sep#s.; 
d tf,h s - d dir- 2 * ,d ■**<-•is-’ c scgs.; 
M J ú itto i.!'., ,11'' 326.e Sl'KS' :‘ A ' í-kvi. Saggi di teoria
Attivii\ tir I ’ |,V • illccito' n«n tutclato. 129 e scgs.;
............. ........... - * - » i
<*‘n Studi licw m o n 4üQ° * \ ***/ mnwm ,U C01tJorntarsi etc.. 
pouco predso entre netn Um crit‘ rio (lc distinção
...................... ..
" «• Í3-Í5. 19; Ttor. £(IU, ] torlu * "> "• >™<o. 1933.
S ' * " ’• 2 4 «*•. » °* 86. &>. 141 c 142.
Teoria Geral do Estado II
teo ria cr.b a?, no w-fíócro jurídico
assumir uma dupla atitude, conforme aprove ou reprove
o comportamento como socialmente útil ou danoso, e 
procure, por conseguinte. favorecô-lo ou combate-lo 
Mais precisamente: a valoraçào jurídica pode fazer-se. 
quer no sentido b ) de ligar a um determinado com­
portamento um tratamento jurídico conforme ao inte­
resse ou ao intento normalmente determinante, quer 
c ) no sentido de lhe atribuir, por meio de preceitos de 
carácter sancionatório, efeitos jurídicos desconformes òü 
contrários a esse intento. N a primeira hipótese, b ). o 
comportamento é qualificado como lícito; na segunda, 
c ) . como ilícito. A conformidade ou a antítese dos 
efeitos jurídicos com a vontade normalmente determi­
nante, proporciona um critério seguro para distinguir 
entre a licitude e a iiicitude jurídica dos actos toma­
dos em consideração pelo direito.
Compreende-se, por isso, perfeitamente, que aque­
les actos jurídicos que, sob o aspecto agora posto em 
relevo, se apresentam como lícitos, possam, vistos de 
outro ângulo, apresentar-se como impostos, ou pelo 
menos como exigidos (para ccrtos fins) pelo direito, 
conforme sejam objecto da estatuiçâo ou da previsão 
de uma ulterior e diferente norma jurídica e, por isso, 
representem o cumprimento de uma obrigação ou de 
um encargo, por parte do interessado. Segundo este 
diferente critério, os actos jurídicos lícitos distinguem-se 
em actos juridicamente obrigatórios e actos juridica­
mente livres, e estes ainda se dividem cm actos neces­
sários para a obtenção de um efeito útil pelo interessado 
e actos meramente facultativos.
Dos actos jurídicos lícitos devem manter-se cla­
ramente distintos os actos juridicamente indiferentes, 
isto ó, aqueles actos que nâo constituam objecto de 
uma valoraçào normativa por parte da ordem jurídica.
A H V I C l K M T U l l I i H í)A H K I l l . A Ç Õ f » JV W lP tC A t i I M C l .P M » U
v. v-jarn, \H)t conseguinte, irrelevantes P*'1,1 (l1 , ^ jf,< 
Icv fm c ia tem com o Couscquôncia qu « <> n c » jürk lica- 
mente, ind iferen te mio provoca, c01,10 41 ' J |
..... iH ka,a-.na M * r . « I » ; * * »
Quando pareça provocar uma mudança, o «| .e. na 
mdidad.-, a a . n t i 6 o direito reíenr a n o ^ M u ^ o
r e • / ^uwtiiuvtvnto como tal, c í.ouiiuridica, tutu já. ao comporiam ,1
« „ rtndr mas a um conjunto dc;Ikuw: numa valoraçao deste,
OUtran < ii. m i11'un ■ dl itC tO * r( ‘1 ‘° 
,,,n „K >rla ,„,n .o tó acidcntalmente 6 concoifl tante. ou 
.•ntiio, s e . i feclivaincnlc, é seu clcmenlo constante-, não 
tem aquele valor decisivo, para a valorarão normati va, que 
pce m\ no» verdadeiros actos .jurWicos fpens* --se, de novo, 
na « ,p(ciíira«,a.»ou noutra operarão Ermelhanle, ou no 
chamado facto de terceiro, estranho a situaçao j11rí<lif .1 
que w? desenvolve entre as partes f1)]. Ho mesmo 
modo, são juridicamente irrelevantes, como tais, os 
octot sociais dc (jòzo de um bem, muito embora ocor­
ram sob a protecção do direito: irrelevantes, no sentido 
de (jtir este não pode garantir-lllcs o resultado útil 
na medida em que elo dependa da capncidii^lc indi­
vidual c de outras circunstâncias de facto, quo não 
constituem objecto de valoração normativa — nem, por
coMojjuintc, lhes refere qualquer nova siluarao j uri- 
dica (*). 1 J
A categoria mais importante dos actos lícitos, 
m ti. inic o», 6 coustilulda pelos negócios jurídicos.
camL I m H/Óh! Z , T ''i I r í T : v t ....... . por **■
{* ) Tihin fítthimat od., n.«» 52,01.
Kahi ii i a i, l ‘rhiHf>, d íZ T ‘ «n k i. 1878,203;
...................... ............, j í / i v r T a ,iv o ' " " * • m - 3 *
. Thcii» . . , CÍV" I®®®*
* * -----------------t b q r i a C n m L n o hh fíÓ ciQ i t - R / n i c o
i -, também, possível delinear, acerca destes, uma teo-
,w.' U,n mUsmsí doa P ^ p i o s gerais que os regem:
) Tincípios que exporem os nos capítulos seguintes. Antes 
so. para fazer o enquadramento dos negócios entre 
os outros actos. procuraremos estabelecer uma classi­
ficação geral dos actos jurídicos.
3* Classificações doa actos jurídicos. Natureza c 
especie das declarações (* ) .— A lém do aspecto da liei— 
tiide , que já estudámos, os actos jurídicos, segundo a 
diferenciação que fizemos, podem, ainda, ser classi­
ficados dc acordo com muitos outros aspectos. Não 
interessam aqui as classificações deduzidas das relações 
d o acto com a situação inicial sobre que actua, ou com 
a n ova situação ju ríd ica (final) a que so dirige, e do 
respectivo m odo de ag ir sobre uma ou sobre a outra: 
trata-se dc classificações que não sào especificamente pró­
prias dos actos. mas antes comuns aos outros factos jurí­
dicos. K o caso d a distinção entre factos consiitutivos, 
e>:tiritivos, m odificativos. im peditivos, integrativos (com- 
plcrhentarcs), ou en tre factos objectivos, subjectivos e 
m istos. l i ainda o da cli.ainção dus actos (por ex., 
processuais), segundo a respectiva função técnica atri-
( * ) l i fundamental a swtcmatizaÇÍO dos actos proces­
suais delineada pur Caknm.utti. Sistema del üir. proc. c i v u, 
Ií>39, «o> 391, 3í)5. 408. 420*428 e 431; para outras classifica* 
çòos, ver o nosso Dir. ptoc. civ. ilul., 1936, §21. ealitciatuiaaf 
citada, alem da referida antes, no §2. l*ara a classificação dos 
n itu» administrativos;: Komano, Corso dir. a m m in 1930. 177;
3 .“ ed., 1937, 227 c scgs. (parcialmente modificada cm hramm. 
di ion. £Íur.. 4. 27): o nosso estudo na Ettcicl. it.. 24 . 505: nego­
cio jurídico (apond.); K ag io law . Vatíú ammin, » . $wst. amm.. 
em Sludi Iiomnuo, n. 2H9 e scgs.; Z a n o u in i. D ir. amm..
4.tt ed., i, 203 e scgs,
\mlda a cada um deles na complexa economia ,1a rela- 
(ilü em sc enquadram: en. part.cular. segundo 0 
modo como cada um deles concorro para ser a t .n yd o
o resultado visado polo conjunto da rclaçü» (p or ex.,a distinção dos actos processuais cm actos do aqmsi- 
c io do orientação, de elabom\ào, dc com posição pro- 
■' .t/jx nu em actos imediatamente operativos e
l l \ I» v . .
actos optntivoB ou cxcitativos, tendentes a um resul­
tado que não depende apenas deles) (3).
Interessam, pelo contrário, tendo cm conta o estudo 
do negócio jurídico, as classificações que sc deduzem 
da estrutura social e jurídica dos actos, ou do aspecto 
funcional do poder que por eles se manifesta.
Sob o aspccto da estrutura social e jurídica, os 
actos relevantes para o direito podem distinjjuir-se de 
acordo com a modificação, isto é, com o even to pelo qual
o acto se manifesta, cm actos de evento psíquico (interno) 
e actos de evento material (externo). Quanto aos p ri­
meiros, distinguein-se, conforme a sede do even to psí­
quico, isto d, conforme o espirito em que a mudança 
deva ocorrer seja o dos outros (destinatários), ou o do 
próprio autor do acto (4). Quando o evento psíquico 
diz respeito aos outros, o acto toma a figura de decla­
ração, nas suas múltiplas variedades; quando, pelo 
contrário, se refere ao proprio autor, o acto consiste
AS V IC 1S M T U P B » PA» . M M U M .______ «
(M Carhelutti, SuUtna, ir, n 395-107.
<’ h ts Jt' o:ess a h Hfchtstugfi, m a , 364
difara.to c' ,U‘m l" U num totalm ente
2»1; 3.* ed . 224 Teoria çcnctale del d ir., I . 5 ed.,
SUkntJ ii x) 1 cl'ssIficnçâo delineada por C arnk lu ttí,
* r . . 370 o‘ J ; , ° , * f \ ,0W 0 : 1 ». Teoria g c r r a U ,M
• **• eu., «G2 c se^s.
T n o r ln G o ra i d o E s tn d o II
3 6 ------ -------- — g ^ C T i m . 1 10 KROQcio Jt-Rluico
ein tomar conhecimento (pcrcencào r. in*
<l»er na forma activa da 2 ? ' "\tc? ret^ ) .
da recepção. Pode descurar-so. Í J J 0 
outros actos com evento psiquico; mas. pelo coatrdrio 
é premente aprofundar, pela sua importância na <eo! 
na do negocio, aquilo <,ue. de un, modo geral, constitui 
a natureza da declaração.
O fenômeno quo se nos apresenta na declararão 
pode caracterizar-se como uma evasão do pensamento 
de dentro de nós. uma objectivaçâo. para se toruar 
expressão dotada de vida própria, comunicável e apre­
ciável no inundo social^). A mudança do csiado 
preexistente, isto é, o evento a que visa e se destina 
este tipo do acto que é a declaração, transcende o meio 
físico, para se realizar no interior de um sujeito dife­
rente do autor, e desse modo se concretizar no espi­
rito de outra pessoa. Conforme a declaração apenas 
se destine a dar a conhecer qualquer coisa (quer se 
trate de um facto externo ou interno), ou tenda a indi­
car a orientação de um comportamento, pode dizer-se 
que o evento psíquico do acto se limita a dar incita­
mento à inteligência, chamando-a apenas a uma tarefa 
interpretai iva, ou que, pelo contrário, visa a fazer 
pressão sobre a vontade daqueles a quem se dirige, 
apontando-lhes uma linha de conduta»
A necessária destinação a outros (ainda que estes 
outros sejam destinatárias determinados ou não), è
( 4) Para a anil»M <W c f.tcto cspiritu.il. W. v. Hi.5£ 
BO LD T. WerMe. « 1 . UilMHum. V II. 170. 56 • 1
(o nosso com. na liiv. it. « • S‘ur- _ ’ ~ L lirli
JiilerprdatioH dtr Gtsflu u. HscUsgati- 56-57. Henl». u 
rf. i íirgerl. R.. I. 203 b: CaRxflutti. lug. cit.
ra caracterizar a natureza da declaração.
, suficiente l'ar jiusúrio, no terreno social e juri-
’ iv exccsavo. « r ihe a {unçã0 na «transm issão do p en- 
dico. ir P ^ clirE q cxct;ss0 pode ser fonte de equívocos, 
sarnento* ()• coiiceber a declaração com o um a espécie 
IWrqU<! ólucro» ou «embalagem» do pensam ento que 
í portanto;como qualquer coisa que, no m undo
d” nâo teria valor primário e autônom o, mas sim- 
íSm éilte valor instrumental. A verdade é qu e este 
tino de ac Cos exige sempre, para atingir o seu escopo, 
a colaboração interpretativa do destinatário, d a parte 
do qual «as portas do espírito só se abrem do lado dc 
dentro* (7). Desde que, com a declaração, o pensa­
mento, saindo de si mesmo, se tom ou unia coisa ob jcc- 
tiva, essa coisa, que é, precisamente, a declaração, 
passou a ter, no mundo social, um va lo r em si m esm o 
objetivamente reconhecível, que já não depende do 
pensamento do seu autor, c abre cam inho p o r con ta 
própria, segundo as regras que governam tod a a com u­
nicação expressiva entre os homens.
Os actos dc evento m a te r ia l (ex terno ) p o d e m 
incluir-se na qualificação genérica dc operações. T od av ia ,
( • ) C a r n r l u t t j , Teoria generale del diritto. § 14S. 2 . ft e d . , 
i» . ° 119; 2 6 8 ; n .°* 1 2 4 -2 A »
‘Uisnussão do pensamento*. O fenômeno 
:c. muito mais complexo: W. I I umuoldt, 
Mtâuom. â. Gcistns (Lasspn), 330 e 
Hcrmeneutik n. K ritih , cm W crke,
• Ha e SC2S* n .................... .. r;..«/>•-
, lu g a r cit. Ksta reserva 6 neçcssAria 
há dc materialista, e, por isso, de falso.
• d- i,Uerpretas.. Ha l i iv . in t. fil. d ir.,TC *
L* si'gs.; e também os nossos P ro lt-
aAr.ll do Estado II
___________TEORIA CÜRAL DO NGQ0C1O JURÍDICO
6 preciso haver o cuidado dc prevenir que. baseando-se 
a distinção entre actos e íactos jurídicos soUrc a rel* 
vancia. ou nao. du consciência c vontade humanas tipica­
mente configuradas, a operação nao passa de um simples 
íacto, quando o direito nào valore a actividadc humana 
em si mesma, mas apenas o resultado de íacto por cia 
visado. Pelo contrário, a operação eleva*sc a acto jurí­
dico (lícito ou ilícito, segundo a sua relevância política) 
quando o direito, ao referi-la a uma nova situação jurí­
dica, valoriza, em atenção ao autor, a consciência que 
habitualmente a acompanha e a vontade que, normal­
mente, a determina. Diferindo da declaração, a o]>e- 
ração nào conta com a colaborarão psíquica alheia e 
adquiro relevância com a simples produção dc uma 
mudança do mundo exterior, reconhecível no ambiente 
social. Como se verá mais adiante (Cap. II, § 1U), 
esta diferença toma a apresentar-se no negócio jurídico 
considerado sob o aspecto da forma.
As declarações, por sua vez, podem classificar-se 
segundo um duplo ciitério lógico. Antes de mais,
1) segundo o nexo da declaração com o seu conteúdo, 
e portanto secundo a íunçàoque a declaração 6 chamada 
a desempenhar, cm relaçflo ao que é declarado. Além 
disso, 2) segundo a natureza do respectivo conteúdo, 
ou seja daquilo que 6 declarado. Os dois critérios de 
classificarão sào interferentes um em relação ao outro, 
de tal maneira que a classificaçao obtida com base 
num deles, só tendcncialmente se mostra coincidente 
com a qtie se obtém com base no outio.
1) Conforme o nexo da declaração com o seu 
conteúdo, podem distinguir-sc duas espécies de dccla-
rações. . , . -
a ) A declaração ú, por vezes, simples m d a çu o .
manifestação de u.n estado de espirito, de um propo-
rc IUS nrUÇf»KS JURÍDICAS H.M CEWAL 30 
Vic -------- — -------------------- —
. _ n e\islente nu sujeito independenU- 
sito, dc uni c^ nstrtlvc| tsunbAn por ou ira for,.,a,
mente «wa. .... (|jvcnias formas, entre si eqtiip,,-
c *uce*av»mc i |(wjg (lu.nsc So ,Ms dedarft<r„-s
i T Í t o ^ d e ópü»iS0 , dc sentimento, de propósito, 
Aqui, a dcclamçio, v i*m d„
. i T r i w , a t o ' « t o » ............... C; " Sa
M b t a » efcto. um aro»>
instrumental, em relação ao quo <5 comunicado. . endo 
destinada a tornar manifesto e a comunicar um dado 
conteiSdo da consciência do declanmte, cia não tem 
um valor próprio e existente só por si, mas uina fun­
ção simplesmente semântica, co m u n ica tiva c represen­
tativa daquele conteúdo, para o qual, por sua natureza, 
ela devolve e remete (°).
Tambt?m se poderia dizer quo ela tem, em sentido 
lato, uma função confessória, dirigida para o in terior
( • ) H oe lvex , P a rM te n . 218; H r c n isb e r g e r , P a n * 
drhUn. «193; cír. Hf.ni.e, VorsUlIungs-und W ilhn sth torie . 314; 
In . Ltt.rb. d. burgetl. li.. I. 41; LaRRNZ, Auslêgung d. R e i kt .. 
32; Durma, La notifícation de la volontê. 1030, n.° 19 e 13lox- 
dbl, jxir dc citado.
( #) A devolução para a coisa significada está fn s ila na 
junção genericamente semântica. que se s o b re ^ e à p r im it iv a 
íunvao apoíAutica do íunnna e que a linguagem, m ercê do seu
I _ , hUO# d^mpenlia na vida social, com o instrum ento
ünti* i ,,U " ° l )t,ls;ln,c,,lo• ^°l>re ac duas funções, apo- 
- o T Z Z T °Apr^ ÍVa d(í « t i m e n l o - c sem ântica
^poesia. m X i T o l ,jARATONO> A ' [ *
M47, 207 e m- ’ Prtm a gram w a/ica. 2 .* a \ . ,
loeo ojwííntico o l ò g ? S n‘ “ “ UÍSlÍ,,Ça° C" lrU 
dincurso, mais do « ! . a ««"antico, em rcfcrCncia ao
M tniul. J.ogih, 1 í)3 j) iog ' " 8u,18c,n- U m , Untersuch. t . h tr- 
Ai*. I ‘)|7. 2JJ o j ° A,-oc*i,“ >. EiUIica. istorica. sem i » -
t-a c u ld a d c do D iro ito
TTORiA GERAL DO NCXüJCIO JURÍDICO
da consciência do declarantc (p.nsc-se nas demonstra­
ções de reconciliação: art. 154.»); função destinada a 
po-la em comunicação corn o espírito alheio. Pense-se 
no depoimento, que a testemunha interrogada faz ao 
juiz, ou na narração, que o espectador ou testemunha 
de um facto faz a quem o escuta sem ter visto, ou que
o jornalista redige para quem procura a notícia, ou na 
exposição de observações ou de teorias, que o profes­
sor faz aos seus alunos. E aqui, mas só aqui, mani­
festa-se, espontanea, a ideia de que a declaração serve 
dc mero instrumento transmissor do pensamento (10).
b ) Outras vezes, pelo contrário, a declaração é 
indicação dircclriz de unia linha de conduta: indicação 
que aponta, limita, estatui e dirige, de maneira umas 
vezes mais, outras vezes menos imperativa, conforme os 
casos.uma conduta futura, a ter na vida social (pense-se 
em declarações dc encomenda e de adimplemento. de 
proposta e dc aceitação, ou de renúncia, de adesão ou 
dc oposição, de decisão ou de protesto, etc.). Aqui 
a declaração, decidindo ou estatuindo uma linha de 
conduta a observar, tem uma função constitutiva insubs­
titu ível, em relação a um conteúdo que lhe está ligado 
e que vive nela, e não c relevante ou valido por outra 
forma (ll) : íunçào constitutiva, no sentido dc que a
( 10) Os juristas alemães incluem nesta categoria as 
«Kundgcbungcn» c as .WiUensmitteüungen». Por todos: K lew . 
Jírchtsluiiitilungen. 136 c sejps.. 165 c scgs.; Manick. ntlU n - 
serMarung u. WiUtnsgtscI,.. 701 o «p s .; Tuhr Allgcm Ic tl. n, 
113 c scgs.. 128 o scgs.: J CoLi.scnaini. Proxess ais hechts-
!"Se. W c « 2 ^ [ürmai quc tem valor por si
mesma, sem remessa para outra c que c irew tetiltívd porou tra. 
n:> medida cm quc d;l exigência o torna prisui t ; ut ( v 
(ali-rn do rcprcscnlA-lo). são lambun própr i
- - -as yicissrTUDKj— — —
41
as y ic i w ^ ^ _ — ------
• n;-l0 sc limita a representar o con - 
dedaração, aqui. ^ qs isnaTOs, mas que, ao mesmo 
teiido e a iníorn'a (> institui, o toma presente no mundo 
fcopo, lhed-i'’1 a> tnr.se dele inseparável e insubs-
social, ^ n'° ,°jnsubstituabilidade deste tipo dc dccla-
títufvd ( }• , próprio c constante, deve
S t t U I " " . <**>• *
Z , * . . * p i * * P » 1 « M * <“ • P “ r“ d a r
vida, ou para o te c r conhecer por qualquer modo (•=>).
fica. pelo valor expressivo potcnciado — tam bém chamado
icAstko__que nela atinge o semantema da lin gu agem : sobre
esta, veja-se I>aratono, A ft t t poesia, j 6, 93, 1/6, lí**/ e 189, 
M/brè a ausência de devolução, neste livro, 35 e 201; J l m io pava - 
/(osso. 30; sobre o valor icástico, ainda A rte e pors ia , 38, 43, 
56. 61, 89, 94, 95, 89, 100 e seg*.; Jlm ioparadosso. 34. O p a ra ­
lelismo 6 inegável, embora a insubstituabilidade tenha, num 
e noutro caso, razões diferentes. O carácter constitutivo é 
sdientodo por R e iíc ls rx rg e r , PanJtk lcn . 493, c sobretudo 
l**r FoKSTHon , ticchl u. Sprache: J 'role^omeiia zu en: a ricJM r- 
luhcn Hmnnwutik (Kòniesberj;, 1940), 9.
í 11) A diferença entre os dois tij>os de declaração, coin- 
itde, substancmlnn nic, com a diferença que, cm termos de 
pMcologia, é formulada entre «prop</sições representafivas* ou 
«Ito/intica», ou «dc enunciarão. (Auaage) e .proposivões 
enwcümá-voljtivns. (S Ia ieb , Ptychplogit des e:;ioiii»:itLn Dev­
em. citado por L a re k z . Autogun- ,!. Hefl.UgesrJi.. 5 0 -5 3 ;.
’ ^ w 0l0'‘U n5° 6 Ut,!izAvel Iw juristas,
mrfciiim n™ • n,ancir», aind.i q lic pudesse provar-sc uma
enadoir entre ú u m o u n to E "^ q" C “ Ji r o l1 u ,,h ‘1,n
á coodusSo de qw dc facií* T b;,stam PanilcVi,r
/. u,c o caso ,lo m l £ i ‘ V‘C , U ' ^ a í-,ltiir <é <:ir°- 
d w i d a en. reLieSoà .!í!«“ " A íun;:i,"li(la'lc Í , , , i * 
»I-«IW qw conv^isse ° ,n“a^‘° du fonchnr o contraio).
- * * * t o i u Z 7 : z z v'c q T - ú ,tin,ns v ° " i - k s <,,,dulco.nnado si-nlido, iíf.o
F a c u ld a d o d c D ire ito
*■ _____________ Tr.ORI,\ GCRAL DO NEGÓCIO JURÍDICO
P. nse-se na declaração legislativa em relação à norma por 
ela estabelecida, ou na declaração de uma sentença do 
juiz ou de um despacho administrativo, ou na declaração 
com quc se conclui uni contrato, ou se exprime unia dis­
posição testamcntária (“ ). Declarações destas não sàu 
substituíveis por cquipoUntos deduzidos de qualquer 
maneira, nem repetíveis (“ ) : cm relação a elas só é pos- 
sivel uma substituição por absorção (novação ou reno­
vação), mediante uma declaração que estabeleça o seu 
próprio teor ou a sua própria natureza, que lhe absorva 
e transfimda em si o conteúdo ( ,0).
não bastaria para criar uni equivalente do testamento. Ana­
logamente, em arte, a destemperada expressão psicológica dc 
impressões ou sentimentos, sempre substituível por outra. 6 
simples anotação, mas ainda não é obra dc arte, ou dc poesia 
(Goi-.THE, Gcspráchc v iit Echenttann, 26 de Jan. 1826; B a u a - 
t o x o , Arte c poesia, 76).
( 11) Por ex., A. W a c h , Hb. d. deuL Civilprozesserechts. i, 
256. É preciso distinguir, bem entendido, a íunçâo constitu­
tiva, dc que aqui sc íala, e que é concernente à relação da decla­
ração com o conteúdo quc se trata de declarar, e à. função cons­
titu tiva , que pode ser, por outro lado, atribuída ao documento, 
relativam ente ã declararão nele representada (ex., Cód. Civ., 
1350). Trata-se dc um d iíe ivn le e uUcrior aspecto da rclc- 
vància da forma, que sú será estudado mais ít frente (5 34-bis).
( 15) O fenômeno da irrcpclibilidadc ó posto em relevo, 
de um m odo bastante aproximativo, por G ok la , lu i tiptotlu - 
lion e del iwgozio g iu r.. UKJo. 29-30.
( 16) É precisamente no caracter insubstituível da decia- 
ração que deve procurar-se a razão dc ser do ícnómcno nova- 
tório, pelo qual ela ó tam bém substituída, na uiedida em que 
é absorvida (C a r n e lu t t i , D o c . e iieg.. na I 'iv . proc., 1926, 197 
e segs., cm Studi. u , 91 e segs.; C anw an . Documento e «zgozxo 
g iu r,, 122; Gorla, Riproduzionc del ntg., 30). A interpretaçao 
auteutica corresponde a um problema prático diíercute (\er 
a n. Iuterpretasione d. le^gc. 91 e segs.).
In a decliuaçío tem. socialmente, uma
Sal>Cr qT d e comunicação (isto é. f-onêricament,.
simples mnÇ-'° ^ do em Ve/. disso, tem uma
reprcscnwtrW/. rcla<íão àquilo que por cia c-
função constu > • decidir de acordo com a sua 
f c t a k d C M * « 2 , Jo ri| içau
.1. » * »
” at 2 )ÜSCònforme a natureza daquilo que é declarado, 
podem, ainda, distinguir-se. cm regra, dois tipos d- 
declarações:. « ; declarações de conteúdo testemunhai, du 
asserção ou de confissão, destinadas a outros, sobretudo 
como m atéria de conhecimento (docere); b ) declara- 
çôcs de conteúdo preceptivo, relevante para outros 
como critdrio de conduta (inbcrc).As primeiras sâo 
qualificadas, em sentido amplo, como declarações enun- 
ciativas, ou meramente representativas; as segundas, 
como declarações prcccplivas, 011 dispositivas ( ,T). Esta 
distinção, que projecta uma luz decisiva sobre o con­
teúdo do negócio jurídico, voltará a ser estudada 110 
Cap. II (J 15). Aqui, há, apenas, que acrescentar que 
a natureza preceptiva do que é declarado imj;oría sem­
pre uma íunçào constitutiva insubstituível da declaração, 
a respeito de um certo conteúdo, não sendo verdadeira 
a recíproca, a não ser na medida em que a distinção 
seja baseada sobre o critério, não da estrutura lógica, 
mas do alcance prático no plano social. Na verdad-, 
a nattmza «muiciativa daquilo que sc declara, r.â<> 
<|ut ailtjuir.i, » a vida de relação, um alcance
«“Ocoldi. C?RNm !!!f**rdirU lNV" KA- ub cil- » °* 215. 235; 
<V«io«, 2 t ^ l e ” - S " i. d u .. 2.» ed., 2G1; Cakoian.
44 TEORIA g e r a l DO NEGÓCIO JURÍDICO
pratico de critério dc conduta, de modo a aproximar 
a respectiva declaração, por si mesma enunciativa na 
rstrutura lógica, da categoria das declarações precep- 
tivas, e a imprimir-lhe uma função constitutiva insubs­
tituível. Pense-se numa declaração afirmativa, com a 
qual se enuncie uma afirmação de carácter valorativo 
(valoração dc verdade, de idoneidade, de conformidade 
com o direito, etc.) (**), ou com a qual se manifesta um 
desejo vinculativo para o destinatário. Neste caso, não 
obstante a estrutura lógica enunciativa, há a afirmação 
de um valor ou de um dever ser, que, nas relações entre 
as partes, assume um alcance ordenativo, em vista do 
comportamento futuro, e imprime à declaração uma 
função constitutiva insubstituível, relativamente a tal 
conteúdo. As relações entre as partes da relação social 
( m que se enquadra a declaração, são também decisi­
vas para, perante uma declaração idêntica sob o aspecto 
lógico, a enquadrar ora numa categoria, ora na outra,
l l assim quc o conselho que o amigo dá ao amigo, só 
tem interesse na niedida em quc comunica uma maneira 
dc ver, quc pode, também, manifestar-se, sucessiva­
mente, sob diversas formas, porque aqui o essencial é 
dar a saber, por parte de um, o que pensa acerca dos 
negócios do outro. Pelo contrário, o parecer que 6 
dado pelo órgâo consultivo, sob pedido, ao órgão deli­
berativo do Estado ou da autarquia, é indicação direc-
( * « ) Cfr. o nosso Dir. proc. civ. Uai.. n.u* 75, 122-123; 
um iauto diferente é a primeira construção delineada por C a r - 
nislutti. Sistema, li. 101 e segs., baseada na antítese entro 
♦declaração dc ci£ncia* e «declarações de vontadet, a respeito 
da qual faremos algumas observações criticas no § 15; G. A. 
Miciielt, Kinuncia c ricon.. na Tíic. dir. proc. civ.. 1937, 354. 
Ver também, mais para diante, 117, 155, 157.
A
Af ' _>----- - **
-------^ línlia dc conduta, nu .ilo em b ora o cons.,-
tivsd c a m » * » a scgui-la, c a correspondem,. 
Ieotc n io sej. unKl (unv,ío constitutiva, nào
í S f v d ! n m susceptível de rej*tiçOo. .nas apenas
do poder ;iue
-e te 2 manifesta, os actos jurid.cos podem distm- 
ptiir-sc conforme se destinam a regular .nteresses role- 
vantes para o dirtito. dispondo da respectiva tutela 
jurídica, ou provejam à satisfação desses interesses,
efectivando a tutela de que eles já gozam.
1) Os actos da primeira categoria, na medida em
que sc destinam a estatuir um dever ser jurídico, 
podem qualificar-se como actos preceptivos ( ,J). pare- 
ccrss normativos cm sentido latissimo, e subciistinguir-se, 
conforme a regra seja ditada por tuna autoridade ou 
jjelos próprios interessados, em a ) providências (actos de 
comando hetero-normativos) e b) negócios jurídicos
(actos dc autonom ia).
2) Os actos da segunda categoria podem quali­
ficar-se. por contraposição, como actos de cumprimento, 
no sentido de abrangerem não só os actos consensuais c 
devidos, como o pagamento (pouco felizmente quali­
ficados como «intransitivos» (2ü), por também atingirem 
a esfera jurídica alheia), mas também os actos forçados, 
isto 6, executivos, c auto-satisfatúrios, ou seja, de 
auto-tutela legalmente autorizada. A diferença entre 
as duas categorias de actos e encarada, bem enten­
dido, como uma simples diferença de aspecto, podendo, 
** —
d ir, 2.* ed n 'T ” 'lt,vos* '<lina CARNturnri, T co i ia gener.
225; . , « , , 6 . 201.
M } 109; 2 . ed n O H7 o ’ 69"í; lD " T t0 ria Re" era,e
■ n.« o7; 3 .» ed., n.o 93
f
I
Z?________________TGOKIA t#T!RM. do NEGÓCIO JURÍniCO
perfeitamente, um acto de cumprimento realizar-sc atra- 
ves dc uma providGncia ou de um negócio, que nesse 
c:iso hão se limita a estatuir um dever ser, mas assume, 
também, uma função dc cumprimento (ex., o art. 2932.° 
do Cód. Civ.) (-*). a diferença entre as duas; catego­
rias de aetos tem dc entender-se, o que facilmente se 
compreende, como uma simples diferença de aspecto, 
podendo, perfeitamente, um acto dc cumprimento ter 
lugar através de uma providencia ou de um negócio, 
que em tal caso não se limita a estatuir um dever ser, 
mas assume, também, uma função de cumprimento 
(ex. art. 2932°) (» ) .
Por sua vez, as declarações normativas são provi­
dências da autoridade, ou negócios dos interessados, 
podem estar vinculados quanto às dircctivas a seguir na 
maneira de regular os interesses em jogo, ou podem, pelo 
contrário, ser o fruto de uma apreciação discricionária, 
acerca dos meios e dos critérios mais convenientes ao 
íim cia sua equitativa arrumação na órbita do direito. 
Verdadeiramente, os conceitos de discricionalidade e 
de vínculo, que (como, dc resto, o dc declaração norma­
tiva) tem sido elaborados no campo do direito público, 
só nesse terreno tem tido um desenvolvimento côn- 
gruo. O que lhes corresponde no plano do direito 
privado, é apenas uma limitação, umas vezes maior 
outras menor, que, em particulares situações, é imposta
ii liberdade dc estatuir, nos seus elementos, o con­
teúdo prcceptivo do negócio: limitarão que tanto pode 
derivar das fontes legislativas (art. 1339.° do Cód. Civ.), 
como de fontes subordinadas (arts. 206o.° a 2077.° do
( 2l) Veja-se o no*so Dir. f/roc. civ. ital-, §4 .
( s:) Ver Riv. dir. comm.t 1933. 837. luaccitávd, Rf.s- 
CIGNO, Incapucità na/., i)0, 10S c scgs.
^ ‘ Í, K U — £
. , tu) ■ o t«n»U<m pode resulta, da vinci.la.;;\o ao
“ Kl tlV tanto na orientaçAo compartilhada pelo 
iiiMiv®*’ “ " virtude do mu» função (•'•). l i . Sein
- ; n ; iltl. ;l noçao d.‘ um ♦comando comple-
,IÚVKli'' „• í iiia «funcionar» em concreto a norma 
iukAo cuja indistinta aplicação a declarações 
, v i « ilc diicito público tf a ncgócios do direito 
'" "."'l' it.u>|XKlrtConsidcrar-se legitima, porquo escondo 
C L piofunda diferença entre fenômenos l>em distintos. 
r .„'i.4r *|ii.uh1ose descobre, na sentença de acerta,v.ento, 
umâ dcdtuaç&o normativa complementar, relativa à 
n o w » « qualificação de «complementar* seria
, «tendida no sentido de que o acertamento, bem longe 
Kl- parte do processo real dc concrotação do 
piecvito de lei. constitui uma mera aplicação, o funcio­
namento jurisdicional de um preceito legislativo que já 
temou concreto, ou seja, que já entrou em vigor numa 
dada situação jurídica. lV lo contrário, se for usada
(“ ) Sô com reta reserva, o portanto com as maiores cau- 
tvUü, ]\\K? acolhcr-se a distinção de carácter geral quo Cawnk- 
iv tn . $\>íi ij. u. 71 e segs.; li>.. Trtr:a :v*trrii»'? del Jiiiito, 
| 112, S.* ed» n* £$. projve. entrv actos jurídicos discricionú- 
c vuK\t’VaTv Ali.U, na nes^a opmíào. estas qualiiuraçOes 
«Co Uu\ v : jvara o ditvito subjectivo privado. \ iia-sc#
retc rr>',vtto. a ivrssu En>c*t\ã strvi.Lze ilctcruüu.iiiv*
" : * * 1921. 21. n * 3. 132. em nota.
d* ‘ V 4 tnntaçio pode derivar n u» só do uma fonte
O© J U úwnrçòcs vinculantes quo o autor
t * W vr^ *f° tltvs inter\»v> em jogo
a a N ' ' ^u da íunçâo ctNístíl
cnmo uma circnnstímvia 
K; y ^ a apreciação do inte-
•***• A«á«a •* *if' . 63 e scgs.: C VN-
^ i s T " u# * * • c •> • * > *
48
te o r ia g e pal do negócio JURÍDICO
pura o acto administrativo ou para o negócio jurídico, 
a qualificação de «complementar» tomará um sentido 
muito diferente, visto que ambos os tipos dc actos são, 
essencialmente, criações de uma regra que, antes da decla­
ração. não dizia respeito àqueles determinados interesses 
quc estão cm jogo na situação em questão; e por isso. 
quando muito, eles constituem um desenvolvimento e um 
incremento da ordem preexistente, e nào uma aplica­
ção dela ). Esta diferença lógica entre a mera realização 
de situações jurídicas preexistentes e a criação de situa­
ções jurídicas novas, que se verifica no campo da auto­
nomia mediante negócios e no campo da heteronomia por 
meio dc providências ou despachos, não pode superar-se 
com um conceito de «produção jurídica complementar» 
(contraposta a uma produção principal. Tealuada pela 
le i): conceito que, por excessiva generalidade, se revela 
insuficiente, e até capaz dc confundir fenômenos total­
mente diversos.
Passadas, assim, em revista as classificações gerais 
dos factos e doá actos jurídicos, que mais interessam
( 14) Ei?a observaçüo crítica, por nes expressa no A kiü ju i- 
f io d: dir. comparjto t di sJtidi legtíiativi. II, 192S, 152 e segs. 
(Osservaitoui sul ptjtgetto di cod. d i proc. e n .. 31 c scçsa, c 
repetida na IiitsTpreiaz. d. U^ce. 160-162, étarolcra de mauter. 
mesmo em face dos desenvolvimento? construtiva» de Caknív- 
i m r i . Sistema, n. 71 e segs.. SO. In.. Teeria z:*ur*U d:i dinilo. 
291 c segs., 195 e scgs.. 2.% ed., n.° 6©: 213- 14. Deve, tam­
bém, notar-se quc nào se txata dc «produzir direito* (como àiz. 
por ex.. K e ls e n , Hattfi^obUiae. 54*5: AOgnrn* SluuUkre. 
2 3 6 ; R . RetktsSehrc. » • 29 . 32 , c.). mas de dasenTohrer situa- 
çôes e relações jurídicas. A quoUncaçâo de «pcodatrva» só 
pode ser dada, correctamente, a um a ÍMite de norz^is iu n - 
d ic a s . cfr. a r.essa I hL r s t j : . d. xgge . § 45 ; mais adunte. 
§ 2 , n .° 7.
ítflA I. 4 <>
A »
83 c
, , Viris*'T,,w
. negtfdo jurídico. l.A que 
uina teori* ‘ inai4 importantes hitua-
S * • carae.eri,ar.se rela-
ç.vs cm q*,f »MH
^ iUrUl1 . ^ indicas: aquisição fderi-
4 de direitos (*)• Aqui jú
a: P lí FKANCISCI, I I tra i-
rara * , mtica di «»'« doitrina. I‘)24,
, 2 1 » j r r „ " , i 7 •
C K * ' 16» * C . 2 6 * Cd.. 1923. § 13. 4.% c « * Ks..
^ a i o . ^ " / ; ^ > « * ■ ^ v v 7 5,'° 4S S ‘nol.i SM: D*"*-/* , n,i t ,*»sto. cm i>la,: -u „. 1915,
Mru!-> ‘‘ •'K'1 * ^ 355 no mesnio sen tid o S iijkk ,
<0. 336 **?*■ ^ V r j L rf,> Vtrítsuug. "•
iw e lf/ f • 00 K |c i924.|925, •obro a 7 m d:zione, 03 
e - f . 37-39) ; en. scnt,dom -*a;
V T k S l u m * * fl/" ' * r,í" " f '
^ (2. ’ IUr!t, (UM dc 1927-1928). 10» o segs. (o qual, 
^ « r o u Z «ilniito [105] que o corfcter d.íerencal da 
wiuwcio derivada nâo consistia. para os clássicos, na perm a- 
nvncsa do direito com a mudança das jnssoas [ao que se cham a 
sucado singular], mas na dependòncia tio d ire ito d o novo 
dominus do direito do anterior). Sobre os assuntos deste pará­
grafo, veja-se, ainda, para as formulações dogm áticas correntes: 
Püciita, ParMten. 12 • c tl. 1877. §$ 47-48; W a e c iit e k , A i i i - 
dektcn. ISSO. §§ 0849; PtfcXMJRr,, PandtkUn. cit., §§ 80-81; 
ü f.kk fr. Pmdãtenuelt, ti. §j 33-34, assim com o os outros 
pamfeh.stas citadas no parágrafo anterior; cír. C o v i e l l o , 
JUm . du civ rtal. § t>8. Tuhk, Allgcm. Tdl. iv. §§ 44-45; 
ÁLLQHto, U tosa giudicút* uspctto ai terzi. 1035, 191 e segs.; 
PvauATTt, Ttotia dti tmJmmtnU coattui, 1934; I i> , liscuzione 
/or:aía r dn. mtamiale. 1935. 175 e so^s.; TriüPEL, Vom Stil 
d n l i tch ts. hU7. 49 c sega., previne contra u txírigo de en tender
i viriteiliide da relação jurídica eni sentido iiaturalíütico. 
lvira uma vftJontçio crftiva do conceito de tx e rd e iu do
J - \\ orln Ovràl — •
UNIVERSIDAOE DE SÃO PAULO 
Faculdado do Direito
_ _________ teoria CKRAL Dq MEOQCIO JUHÍDlco
nSo interessa analisar a estrutura das relações jurídicas 
sob o aspecto estático (estrutura, de que se pressupõe
0 a no<^ » ) . mas apenas ter-lhe em conside­
ração o movimento e o desenvolvimento, sob um ponto 
de vista dinâmico. Consideram-se, portanto, os modos 
corno os factos jurirlicos actuam sobre as relações jurí­
dicas (§§ 4-5) c as fases de desenvolvimento porque 
passam as relações (§6).
Mais do que pelo seu alcance objcctivo— que 
consiste, normalmente, em fazer nascer, ou mudar, ou 
cessar posições e relações jurídicas— , os factos jurí­
dicos interessam aqui pelo seu modo de actuar rdali- 
vamcnU aos sujeitos a quem se dirigem as relações 
jurídicas (Cap. II, § 2).
Em relação a um sujeito, o facto contemplado pela 
norma jurídica pode produzir, sobretudo, uma das 
seguintes situações jurídicas. Numa relação jurídica,
I) pelo lado activo, pode dar-se: a ) a aquisição;
b ) a perda ou a limitação; c) o exercício de um direito 
subjectivo; II ) pelo lado passivo, pode haver: a ) nas­
cimento dc um ónus; b) libertação deste; c) apli­
cação da sanção que acompanha o ónus.
Das situações que se produzem em relação ao 
sujeito passivo, ocupam-se a teoria do acto ilicito e a 
do processo. Neste estudo, convém fixar a atenção 
sobre as situações quc se produzem para o sujeito 
activo.
direito V . Thon. Rechtsnorm und subjektives R., 288 c segs..
b™ £ » . * .a- H M : w *
Rechtsausübuns: Vervielfálúgung der R^ te‘ • 
C a rn h lu tti. Appun li sulla prtscnzwn'. na Rev. d,r. proc. ou..
1933, 43 e segs.
AS VICISSITUDÜS DAS RCUÇOES JURÍDICAS HM CKRAL
A aquisição por parte dc uma pessoa, consiste 
tomar-sc esta titular dc um dctermmado d,re,to sub. 
jectivo. A perda, na cessação d^ à re ,t °- Da Perda 
distingue-se a limitação, a q u a l s c d a ando 0 d.reito
subjectivo dc que se continua a ser titular, <■ onerado,
a favor d^ outros, com «m d.re.to que em relação a 
ele funciona como uma « « « . um h vn U de carácter
I an° ro íxerc fc io de um direito subjectivo consiste em
1 realizar com referência a outros, um estado de facto ou
uma situação jurídica conforme àquele interesse p ara
M l cuja protecção ele fo i criado. Revela-se nele, e com ele
sc satisfaz, a finalidade do direito subjectivo privado,7 o qual é, dessa maneira, por assim dizer, projcctado
/ no mundo dos factos, ou tornado gerador de novas
situações jurfdicas. Na situação jurídica conform e ao 
interesse protegido, realiza-se o poder que a ordem 
jurídica sobrepõe ao interesse, quando, precisamente, o 
protege. Por conseguinte, na m edida em que a pro­
tecção jurídica ó posta à disposição do su jeito inte­
ressado, este tem a possibilidade de Jhe p rom over a 
efectivação, e de defender o direito, tanto por v ia extra­
judicial, como através do processo.
O nascimento de uni direito im porta sem pre a sua 
atribuição a um sujeito, e portanto a sua aquisição, 
visto que qu a lqu er direito é adquirido com base na va lo­
ração de uma ordem jurídica, e que nenhum d ireito é 
inato, no sentido de poder p reex istir a essa ordem. 
Inversamente, porém , a aquisição não co incide com o 
nascimento: pode adquirir-se um d ire ito quc já preexis- 
tia noutros. P e la mesma razão, a p erd a de um direito, 
por p a ite de uma pessoa, tam bém não co in c id e com a 
sua extinção. N ão é, de resto, p on to essencial ao con­
ce ito do d ire ito subjectivo, que ele tenha, con stan te-
- ______________TC01tU OBRAI DO NEOdCIO AIRtDICO
monte, um titular a c tm l: o direito, embora destinado 
a uma pessoa, pode encontrar-se. em dado

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