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Emilio Betti - Teoria Geral do Negócio Jurídico - Tomo II - Ano 1969 (1)

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P R O F . E M l L I O B E T T I
Catedrátlco dc Direito civit da Univcrwdnde de Roma.
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N E G Ó C I O J U R Í D I C O
T O M O II
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DEDALUS - Acervo - FD
20400065150
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«• COLECÇAO COIMBRA EDITORA
D LR U H D A PE LO D E . F E R N A líD O DE M IR AN D A
h lo -d t publioar-30, em cr iter iosa «olccçíio e em cuidadas edições, obras 
da D ire ito , F ilo so fia , H istória , Econom ia, Sociologia e Citnoias pura* 
con stitu in d o , assim , uma verdade ira B iblioteca de eu ltura modorna*. 
ind ispensáve l a todos os que, verdadeiram ente, te interessam pelo» 
p rob lem as do esp irito .
V olu m es J á p u b lica d o ti
1 .— M. PuuAcx— Introdução ao Estudo da ÇríminologUk.
3. — O. MabcukTTI F liu lak t* — A ntlt.fo de hisloa, o Santo l »
Pádua.
8. — Prof. L . D a t t is t e l l i — A Uen£ira nos Tribunais.
4. — Prof, A_ CBUS80X — Os Sitiemos Filosíjicos.
5. — Ajldr.ut N oüLtT — A Democracia Inglesa*
6. 7 • 8. — Prof. E. A I/ ta v i l la — O Delinqüente * o Lei P«nal.
tola. I. l i o m .
0 .— Prof. à lh i:i;to Auniccn iO — A Sitnulatõo no Segáclo Jurídico.
10. — Prof. O. us RuGuiKftO— Drtve IlistJria da Filosofia.
11, 12 o 13. — Prof. A. C u v iL L ita — ltanual de Sociologia, vol*. X,
l i e I I I .
14 .— Prof. JcaH Uulmo — O Pensamento Cientifico Moderno.
1 5 .— Prof. O. B k tt io i. — O ProHema PctuiL 
1C. — Prof. J. 8KOOX!)— O Problema do Gfnio.
1 7 .— J. LUCAS-DüORKTOíí — Madrid— J7útJria dr «ma Capital.
18. — Prof. A. GttOPPAl»!— /ntrodufSo ao E tiu io do Direito.
1 Q.— Prof. M, ALOSM O lc a — Jr.trodUfJo a» Direito do Trabalho. 
2o e 21. — Prof. O. n.M.UAi*oac P a l l im i — A IW r in a da Estado, 
vots. 1 e u .
22. -3 e 24 — Prof. F.. D BITI — TeorU» Geral do Stgtcio Jurídico, 
tomos 1 , IX e l l l .
Em preparação»
P a u l RôflTMXHt:— Deus 4 Cte&r— Filosofit da CivíHsaçio Od* 
dental.
G. WtAUTiB — A Ifito loçia Grega.
Prof. E. 1.x ROV — O Pensamefüo lfatemdtico Puro.
Pro f. KuaAxiO DOMMÜIXI — O Acidente de TrAns\to.
P ro f O. LEKsnvc* — Xapoltdo.
Prof. ÈMILK J.vxsa — Dietória suvuiria do Pernamente Kce-
ndtnico. -
T ro f. O. B b t t io l — Direito Penal — Perle Geral.
P ro f. T u l l i o M ooko — d. yiUfta/ia.
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t e o r i a g e r a l
DO
N E GÓCI O J U R l D I C O
TOMO I I
DCO - t
D ir e i t
1.* EDIÇÃO
Novembro <U 1960
COMPOSTO E IMPRESSO 
NAS OFICINAS DA COIMBRA EDITORA, L.DA 
COIMBRA — PORTUGAL
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C o l b c ç X o C O I M H H A R D 1 T O R A
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T E O R I A G E R A L
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/ NEGÓCIO JURÍDICO
TOMO II
1* K A l> 11 Ç X O U K
FERNAND O DE M IR AN D A
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C O I M B R A 
1 9 6 9
DF(» ' nra. COMERCIAI
R K H . 1 , »■ / W
M . 1
AHKLM |
A presente tradução fo i fe ita tomando por 
base a 3.a reimpressão da 2.* edição ita­
liana do livro do Prof. E m ílio DeUi:
TEORIA GENERAL DEL NEGOZIO 
GIURIDICO
COPYRIGHT BY UNIONE T1POGRAF1CO- 
-E D IT R IC E TOR1NESE,
Reservados todos os direitos, em língua 
portuguesat para Coimbra E ditora. L.da 
Coimbra — Portuffal
CAPÍTULO IV
Pressupostos e efeitos do negócio jurídico ( * )
SUMARIO: 25. Conceito c classificação dos pressupostos 
do ncgócio jurídico.— 26. A ) Capacidade da parte.— 
26 bis. O problema da chamada incapacidade natu­
ral. — 27. D ) Legitimidade da parte, como pressuposto 
do negócio. — 23. C ) Idoneidade do objecto do negó­
c io .— 29. Tratamento dos pressupostos do negócio com 
efeitos diferidos. — 30. Efeitos essenciais e naturais do 
negócio. Efeitos directos c indirectos. — 31. Vicissitu- 
des do negócio entre as partes: modificação, revogação, 
confirmação, renovação, inter*p rel ação autêntica do 
negócio. — 31 bis. Vicissitudcs determináveis pelas par­
tes na sua relação: denúncia, cessão, novação, reconheci­
mento, acertamento. — 32. Efeitos do negócio jurídico 
quanto aos terceiros. Categorias de terceiros.—33. Pres­
supostos e efeitos, no tempo c no espaço: direito inter­
nacional privado (devolução).
25. Conceito e classificação (los pressupostos 
do negócio jurídico. — Para que ao negócio se pos­
sam Jigar efeitos jurídicos correspondentes à sua 
típica função cconómico-social e, portanto, próprios 
para o regulamento de interesses estabelecido pelas 
partes, deve, lògicamentc, existir lima correlação 
entre esses efeitos c algumas circunstâncias extrínse- 
cas ao negócio considerado em si mesmo, a que
( * ) Os 3 primeiros capítulos, constituem o 1.* tomo 
desta obra (Vol. X X tia Colccção Coimbra Editora).
TEORIA CF.RAL DO NEGÓCIO JURÍDICO
— para as diferenciar dos elementos constitutivos 
estudados nos Capítulos I e I I — chamaremos pres­
supostos de validade, ou simplesmente pressupostos. 
Se o reconhecimento da autonomia privada confi­
gura, essencialmente, um fenômeno de recepção, 
m ercê do qual o arranjo dado pelas partes aos seus 
interesses e adm itido na esfera do direito (§ 2 ), é 
lógico que a ordem jurídica providencie para fixar 
também os pressupostos a que subordina o seu reco­
nhecimento.
Na verdade, a ordem jurídica atribui eficácia, 
não a um actu qualquer, mas só ao acto de auto­
nomia privada que corresponde a um modelo pré- 
-estabelecido, ou seja, a um cerlo con junto dc requi­
sitos, os quais podem fazer parte da estrutura e 
função interna do negócio, ou ser exteriores a ela. 
A intervenção da ordem jurídica pode, portanto, 
manifestar-se num duplo sentido: ou exigindo que 
os elementos constitutivos do negócio (forma, con­
teúdo, causa) tenham uma determinada conforma­
ção, ou dispondo que o negócio, ainda que a sua 
estrutura interna corresponda ao tipo pré-estabele- 
cido, não atinja os seus efeitos, se não for acompa­
nhado p o r certas circunstâncias. Circunstâncias, 
entenda-se, extrínsecas, efectivãmente, ao negócio 
em si, mas integralivas do regulamento de interesses 
que se teve cm vista, numa complexa situação de 
facto, de que fazem parte essas circunstâncias, c na 
qual o negócio se insere (§ l prelim .). Quando essas 
circunstâncias integralivas devam estar presentes 
no m om ento em que o negócio se efcetua ou enlra 
em vigor (§ 2 9 ) , são chamadas pressupostos (pres­
supostos de va lidade) do negócio; ao passo que, 
quando a sua presença e exigida num momento pos-
»•*'* •‘t íM O S 1 I I I I l o s IX) VI UM , o ,, , h . ( u
terlor, podem designar-se, cm sentido amplo, pelo 
nome de condições (iu ris ou /acíí). Quando, 
porém, kc trale de antecedentes lógicos do tipo dc 
negócio, ainda que esperados em processo do tempo 
(§ 62), não pode considerar-se impróprio alargar 
ate eles a qualificação de pressupostos. E porque 
este nosso estudo nüo quer afastar se muito da sis- 
icmati/açâo tradicional, e prefere aprofundar os 
problemas de carúcter substancial, cm vez dc lhes 
modlíicar a ordem expositivn, a teoria dos pressu­
postos é desenvolvida neste capitulo, ao passo que 
a teoria das condições virá a ser estudada no Cap. ix. 
Mas convem observar que os dois estudos são, em 
certo sentido, complementares.
Os pressupostos de validade do negócio agru­
pa m-se cm três categorias, conforme respeitam: 
J.a — ao sujeito do negocio, ou 2.*— ao objccto 
do negócio considerado em si mesmo, ou ainda 
3* — à situação dos sujeitos em relação ao objecto. 
Na primeira hipótese, trata-se da capaculadc da 
jhfssoa; nn segunda, da idoneidade do sujeito; na 
terceira, díi legitimação para o negócio (§ 17).Daremos, antes de mais, uma noção provisória 
destas categorias conceituais, que mais tarde serão 
delineadas com maior precisão. E de uma maneira 
licraI observe-se, ressalvando uma melhor justifica- 
ç:lo tambem deste aspecto, que os problemas rela­
tivos aos pressupostos do negócio jurídico se apre­
sentam, cm regra, como problemas negativos, isto é, 
com o problemas respeilantes à ausência dos pres­
supostos exigidos; a incapacidade, a inidoneidade do 
objccto, a fa lta de legitimação. É normal a capaci­
dade do su je ito , e a idoneidade do objccto; e e tam- 
inJm normal a lepitim idade da pessoa, que seja
10 TlttR fA c rp ^ l. DO NEGÓCIO JURÍDICO
su jeito de relações ju ríd icas com um determ inado 
ob jccto , para rea lizar negócios ju ríd icos respeitan- 
tcs a esse ob jecto.
Ora, desde os p rim eiros tem pos em que a m o­
derna dogm ática ju ríd ica procurou fazer uma sis­
tem atização dos pressupostos do negócio, fo ram 
consideradas as figu ras da capacidade e da idonei­
dade do ob jecto . Pe lo con trário , a leg itim ação, 
cu jo conce ito é m ais delicado, só recentem ente fo i 
d istingu ida da capacidade, na qual costum ava, ante­
riorm ente, ser com preendida. A ide ia da leg itim ação 
fo i trazida para o d ire ito p rivado do d ire ito p ro ­
cessual, no âm b ito do qual a leg itim idade activa e 
passiva para a acção, ocupa um lugar im portan te 
c serve para ex p lica r fenôm enos com o a substitu ição 
processual, a in tervenção na causa e o litiscon sórc io 
n ecessá rio : sem fa la r da leg itim ação para o p ro ­
cesso p o r parte d o representante e da leg itim ação 
para o ju lga m en to , na ó rb ita da ju risd ição, que se 
designa com o te rm o técn ico de com petência (* ) . 
M as 110 d ire ito su bstan tivo o conce ito de leg itim a ­
ção é igua lm en te ind ispensável, para o enquadra­
m ento de algum as norm as c figu ras ju ríd icas qu e 
não podem inclu ir-se na capacidade. Quando se nos
( ’ ) A estreita afinidade entre os conceitos de legiti­
midade e competência (entre os quais, quando entendidos 
no sentido mais amplo, pode estabelecer-se uma equação) 
e a sua inclusão no conceito mais amplo de qualificação, 
é salientada, com razão, por CARNixtnrn, Teor. getter. dir 
2.* ed., n.* 72, 176-77, a quem cabe o maior mérito na elabo­
ração destes conceitos. Uma orientação para a problemática 
geral da potes tas e dos poderes jurídicos, pode encontrar-se 
nas reflexões de Romako, Frammcnti dizion. giur., 172-203,e de 
Caunemjtti, ob. cit., n ." 59-60.
pergunta se um menor de vinte e um anos pode 
realizar negócios jurídicos, e l\ pergunta se dá urrja 
resposta negativa, formula-se e resolve-se um pro­
blema de capacidade. Mas quando se indaga, por 
exemplo, se a sociedade anônima pode comprar as 
suas próprias acções* ° falido podo dispor dos 
bens caídos em falência, se o procurador ou o tuior 
podem adquirir bens confiados â sua administração, 
c também a estas perguntas se responde que não] 
com base nos artigos 2357.*, 378.° e 1471.° do Código 
Civil e 42. do R. D. de 16 de Março de 1947, n.° 207, 
então já não se trata de capacidade, mas entra-se 
num campo diferente. Jã não estão cm discussão 
qualidades intrínsecas da pessoa, que a tornam mais 
ou menos idônea para exercer a sua autonomia pri­
vada: está, pelo contrário, cm discussão a posição 
da pessoa relativamente a determinadas coisas ou 
bens, considerados como possível objecto de auto- 
-regulamento privado em geral, ou de especiais cate­
gorias de negócios. E por isso a questão está rela­
cionada com aquilo que dissemos acerca do preceito 
da autonomia privada, no qual se estabeleceu o con­
teúdo do negócio (§ 17).
Nesta orientação, a distinção entre capacidade 
e legitimidade manifesta-se com toda a evidencia: 
a capacidade é a aptidão intrínseca da parte (§ 5) 
para dar vida a actos jurídicos; a legitimidade c unia 
posição de competência, caracterizada quer pel° 
poder de realizar actos jurídicos que tenham um 
dado objecto, quer pela aptidão para lhes sentir os 
efeitos, em virtude de uma relação, em que a parte 
estã, ou se coloca, com o objecto do acto (§ 5 ) .
Na doutrina que se formou recentemente sobre 
o problema da legitimidade, aflora, porém, uni con
t u i • i | i s m i i 1 : 1 1 i t o *í i rn M • i n n j ^
12 TEORIA C rR A I, M) NEGÓCIO J l R Í O K ü
cc ilo diverso, e desenha-se a diferença entre eap.u:- 
dado e legitim idade desta outra m aneira : capacidade 
e legitim idade seriam duas form as de aptidão para 
rea lizar actos ju ríd icos; apenas com a diferença de 
a capacidade dever ser entendida com o idoneidade 
natural, e a legitim idade, pelo contrário, com o ido­
neidade adquirida; cm suma, a capacidade com o 
aptidão do hom em individualm ente considerado, 
a leg itim idade com o aptidão do homem considerado 
no m eio social ( 2). N ão há que perguntar se esta 
delim itação, d ivergen te da prim eiram ente proposta, 
das categorias «le g it im id a d e » e «capacidade», é justa 
cm si mesma, considerada em abstracto; é antes de 
perguntar se é mais ou menos conveniente e coerente 
com o sistema da d iscip lina positiva. Ora, a delim i­
tação por nós seguida mostra-se pre ferível, até por 
uma questão de conven iência : bastará observar que, 
segundo a sistem atização criticada, ao passo que o 
m enor é um incapaz, o in terd ito po r doença mental 
seria um não leg itim ado. S ituações reguladas pela 
le i de m odos substancialm ente semelhantes, são 
colocadas, dessa m aneira, em categorias ju ríd icas 
d iferen tes — na capacidade uma, e na !c3 iiim idadca 
ou tra — apenas por um a diferença, que nem sequer 
parece m uito relevante, das respectivas fatispécies. 
£ verdade que a idade in fe r io r a vin te e um anos 
c uma qualidade natural da pessoa, ao passo que a 
in terd ição depende de uma providência da autori­
dade ju d icia l, mas essa providência , por sua vez, 
pressupõe e declara a doença mental, ou seja, um
(*) Carnei.itti, Sistema, u, n. 445: 137; n.449: !42escgS.; 
Teor. Rcntr. dir., 2.* ed., 179.
estado fis io-psíqu ico não m enos natural que a idade. 
E po r sua vez, a relevância ju r íd ica da m enoridade é, 
tam bém , o resu ltado dc um a aprec iação norm ativa 
da ordem ju ríd ica , e nâo a conseqüência de neces­
sidades naturais a ela superiores (1426.°). A d ificu l­
dade qu e acabam os de re fe r ir , não existe para quem 
vê na capacidade a idoneidade da pessoa para o acto 
ju ríd ico , independentem ente de qualquer relação 
entre o su jeito e o ob jccto do acto, e por ou tro lado, 
•reconhece na leg itim idade a com petência da pessoa 
para o acto ju ríd ico , na m edida em que depende de 
uma p articu la r relação do su jeito com o ob jecto do 
m e s m o acto . Segundo esta m aneira de ver, menori- 
d .rufe e in te rd iç ã o são, am bas elas, figuras de incapa- 
c id a d c : o que co rrespon de à linguagem comum e à 
d o C ú d ig o C iv il (a r is . 1425.'*, c fr . 1426."; explicita- 
m e n te , o a r t . 110ó.° d o c ó d ig o a n te r io r ).
Paia apreciar em toda n sun im portân cia o neces­
sário concurso dos apontados pressupostos para a 
validade do negócio, c preciso remontar ao conteúdo 
preccptivo deste (§ 16) e ter presentes os caracteres 
a que deve corresponder o preceito da autonomia 
privada (§ 17) ao estabelecer o discutido regula- 
m ento de interesses das relações entre consociados. 
Sc a estrutura do negócio se limita a uma «mani- 
festação dc vontade» destinada a ter eleitos jurídicos, 
segundo a qualificação puramente formal correspon­
dente ao dogma cia vontade (§ 3), seria bem difícil 
dav-sc conta, sem esforço ou artificio, da ligação 
necessária entre o negócio c aquelas circunstâncias, 
cxtrinsccas a e/c, cm que deveser enquadrado. Efec- 
tivainente, então, ou seria preciso transformar as cir- 
%iinstâncias apontadas cm elementos constitutivos 
j próp ria fa tispécie do ncgúcio — o que seria, mais
i vst r -s tu s r. t i u n o s ihi niiuócio j u r íd ic o
14 TEORIA C.URAL DO NEGÓCIO JURÍDICO
que uma manifesta exageração daquelas, uma v io­
lenta deformação dessa fatispccie, incoerente e con­
traditória com a própria premissa do dogma da von­
tade ( ' ) — ; ou, ao contrário, seria preciso deslocar 
a sede da ligação, da fatispócie para o tratamento 
juríd ico do negócio, e relegar os pressupostos de que 
falamos para simples condições de eficácia, cuja 
falta reagiria sobre o negócio como uma causa 
estranha a ele, que lhe paralisa ab extra os efeitos ( 4). 
Este último ponto de vista, que alguns sustentam 
para os requisitos atinentes ao objecto, em razão da 
recuperabilidade que lhes e atribuída nas hipóteses 
dos artigos 1347.M8.0 ( s), tem o defeito de não ter 
cm conta, como dado fundamental, que o negócio, 
antes até do reconhecimento juríd ico, é um acto de 
autonom ia privada, e que este seu carácter importa 
a necessidade de uma concxão intrínseca, e não 
meramente extrínseca, com o;» termos do regula­
mento de interesses que se leve cm vista.
Ê claro que, perante o problem a do tratamento 
a dar à falta de um pressuposto do negócio, a le i 
não está vinculada a esquemas conceituais pré-esta- 
belccidos c pode adoptar a solução que parecer mais 
oportuna, isto é, que m elhor corresponda â conlin-
( ’ ) 11 o expediente a quo recorre Oito, Note snlltt isti- 
tnz. (li non coiuscpiti, t, nu UiV. trírn. dir. prac. civ., IM8, 
82, 86, o qual fala, cm termos psicológicos, de «previsão voli- 
tiva», na qual se encontrariam valiosos «elementos do negó­
cio », para explicar a disciplina do caso estudado. A incoe­
rência é notada por Giouoano, na Riv. dir. comin., \W), 18WJ7.
(4) Assim, Fhuiilc, Invaliditd d. tieg. giur., cm Dir. priv., 
1913, M 0-111.
(*) SantokoPassmuuxi, Istituz. ( 1944)# 86, 170: criticado 
por Oito, lug. cit., 87.
rm nni i «Htttt r. snuws is
gcntc va lorização comparativa dos in teresses em 
con flito . Sob cstc aspecto 6 in stru t.vo u m con- 
fron to en tre o tratamento da venda de co .sa a hcia 
no cód igo dc 1665 (arts. 1459.*) e no ac.ua ! (1478.-- 
-79. - ) : naquele o negócio ora nulo neste 6 apenas 
resolúvcl (1479.°) c a falta dc legitimidade e repa­
rável (1478/, parágr.), no que diz lespeito à elicácia 
transiativa do negócio. M as a necessária ligação 
entre o ne&ôcio c os seus pressupostos apresenta-se 
numa perspectiva bem diversa, quando seja referida 
no conteúdo prcceptivo do negócio. Compreende-se, 
nesse caso, que o regulamento de interesses que se 
teve em vista, não entre em vigor enquanto não dis- V puser do necessário termo dc referência. Pense-se nas 
hipóteses de um contrato a termo com prestações
r inicialmente impossíveis (art. 1347.°) ou com objecto ainda não existente (1348.°, 1472°), ou nas de testa­mento ou doação com destinatário ainda não con­cebido (462.*, últ. parágr.; 643.°, 715.°, últ. parágr.; 
7S4.°). Sc, por lei, aquele termo de referência é 
ainda recuperável — como acontece nos casos atrás 
mencionados—, isso não significa que o negócio 
não esteja já formado, quer dizer, seja incom­
pleto ou «imperfeito» na sua estrutura, estática» 
wente considerada (§ 10), c nem sequer significa 
que lalta, por um mero impedimento cxtrínseco, 
a li/*ação normativa com os efeitos jurídicos; mas 
significa, antes, que, embora estando completada 
0 w d a w a o prcCcptiva (§§ 15-16), ainda não <í efi­
ciente, sob o aspecto dinâmico c telcológico (§ 20), 
o picccito da autonomia privada, precisamente por­
que o discutido regulamento de interesses ainda 
esld incomplotó, isto 6, privado (mas não irre- 
we iàwlmcnte) de um dos seus termos dc rcfc-
TEORIA GRRAL DO Nl.wiCIO JUKÍDICO
rência (§ 17) ( 4). Se, c na medida cm que, a fa lia 
desse termo não é irremediável, pode bem dizer-se 
que o preceito da autonomia privada se conserva cm 
estado dc pendência (com o qualquer prcccito hipo­
tético : § 62), à espera de que ele sobrevenha ou fa lte : 
por conseguinte, a pendência está destinada a escla­
recer-se e a resolver-se (§ 6, /, prelim .), não no sen­
tido de se «com pletar» um negócio dc formação 
sucessiva, mas no sentido de que o preceito estabe­
lecido entrará em vigor ou deixará dc existir ( ’ )• 
Mas se, pelo contrário, a solução legislativa do pro­
blema fosse a de considerar irreparável a falta do 
pressuposto no momento em que o negócio se rea­
liza, então é claro que o negócio seria tratado como 
irrem ediavelm ente inválido, e não em estado de 
pendência. Mas seja, iporém, com o for, a solução, 
num ou noutro sentido, resulta, não de puras pre­
missas conceituais, mas de razões de oportunidade, 
que determinam a apreciação comparativa dos inte­
resses em conflito. No plano da construção dogmá­
tica. só o aspecto telcológico do negócio como auto- 
-regulamento de interesses privados, pode explicar, 
dc m odo satisfatório, o seu necessário enquadra- 
m en ío — intrínseco e não extrinseco — no número 
daqueles elementos que, sem serem constitutivos, 
são, porém , pressupostos essenciais do negócio, c
(4) Oiordano, na Riv. dir. comm., 1<M9, lS+Só, preci­
sando uma observação dc Flrrara, ivi, 1937, 157 c 199.
( ') Onu, lug. cit., 82, concode que o «negócio não é 
mera fórmula lógica, mas e instrumento dc efeitos práticos 
e jurídicos». Mas não repara que essa concepção não á coe­
rente com o dogma da vontade, que ele não deixa de manter 
lirmemente, na sua imobilidade.
, ,|..u d i Jtiufoico I-»
i*m nhuih,>ton » * * * i ‘ ‘ ' _ l f
» n tio ücm possívelicrvc para esclarecer a rtu i -^nci
ilc/vctus. ___ , .
A re feren c ia dos pressupostos «o con feudo pro.
ccptivo cio nejOciu. revela, lnnil.cn. o erro do uma
recente eonslruçAo obstrui is ta. quo tentou dc3ni.
dar à categoria dc pura c simples «possibilidade
objectiva» ou «pressuposto de facto» — mero « re. 
flcvo» atribuído pelo ordenamento a uma relação 
com o direito subjectivo—, o poder de disposição, 
em que, por vezes. $e consubstancia a legitimação ( s). 
Revela-se, nesta construção, uma tendência para 
reduzir o alcance da autonomia privada, deprimin­
do-lhe as manifestações ao nível de qualquer outra 
fatispccie juridicamente relevante: o que constitui, 
por conseguinte, o exagero oposto ao que representa
o dogma da vontade. Não conseguimos ver o que 
se ganha com essa redução de perspectiva, com a 
sua absíracti/ante uniformidade. No entanto, deve 
objcctar-se, desde já, que ela ignora os termos do 
problema que, neste ponto, a autonomia privada 
suscita: um problema de legitimidade, que não pos­
tula apenas uma simples possibilidade de lacto, mas 
também um poder dc autonomia (§ 17). Mas disio 
falaremos mais para diante (§ 27).
26. A ) Caiwciilade da parte ( ' ) . — A capaci­
dade, que está em discussão como pressuposto de
( ' ) PuGUAin. Alto di disposizionc, 180; agora, Dir» 
civilc (sajyji), 10, 60; Mcnconí, Ai quisto <i non domino. 28-29; 
crítica cm Giokmno, lug. cit.. 1S2-86.
( ' ) Veja-se Etrouciicn, Die Handtuiigsfiihigkcit, 190-*; 
Bhi it, Oeschtiftsfàlrfgkeit, 1903; Covu.uo, Man, dir. civ* 
$ 112; D » Rtu;iiito-M.Uto(, Istit., § 36; Mi ssimo, Manual*- 
$ 15; SiMOK^PvssuüiM. Istit., § 1, n.‘ 3; iíiusur, Verkehn-
3 - * T m H| Gr<aI — i t
1# TEORIA CURAI. DO KBGÓCIO JU R Ín tro
validade do negócio ju ríd ico, é a capacidade da jfcirte 
para agir. É ccrlo que também são pressuposto* 
de validade do negócio, a existência da pessoa c a 
sua aptidão genérica para se tornar sujeito dc rela­
ções jurídicas, ou seja a sua capacidade dc direito. 
Mas dado que, aclualm enlc, esta é, em regra, reco­
nhecida a toda a gente Cart. 1.° do Cód. C ivil), a 
questão da capacidade, praticam ente, diz apenas 
respeito à capacidade legal para agir. Ora esta é 
defin ida pela lei mais em sentido negativo, do que 
em sentido positivo. O cód igo determ ina os casos 
dc incapacidade: e a doutrina va i deduzir da disci­
plina desses casos, a con trário , a noção da capaci­
dade lega l para agir, porque as hipóteses de incapa­
cidade constituem os lim ites da capacidade.
A incapacidade para a g ir pode ter carácier geral 
e absoluto ou parlicu lar c re la tiv o : isto é, pode 
con figu rar uma in idoneiilade para rea lizar negócios 
ju ríd icos de qualquer espécie, ou uma inidoneidade 
para efcctuar sòm entc alguns negócios.
Em referência ao modo como deve ser integrada 
a deficiente capacidade dc agir. c portanto como 
deve prover-se â tutela dos interesses do incapaz, 
desenha-se, no interior da categoria «incapacidade», 
uma outra distinção relevante. A falta de capaci­
dade remedeia-se. algumas ve/es, com a interposição 
dc uma outra pessoa capaz, que c chamada em lugar 
do incapaz, c outras vezes, pelo contrário, com a 
cooperação de outra pessoa, que c chamada a agir 
conjuntamente, junta ao incapaz. Na primeira
sichcrhtit tt. Geschiiftsfãhigkcit, 193ó; cfr. Carneu m . Teor. 
gcncr. reato, 1933. n.‘ “ 29 e segs.; Tuabucciii, Istit., 5.* ed.,
n ." 32-38.
PRESSUPOSTOS E EFEITOS DO NTCÓCtO J U R ÍD t c o
hipótese, liá representação; c simples assistência na 
segunda. E, respectivamente, incapacidade absolut* 
(to ta l) no primeiro caso, e incapacidade relativa 
(parcial) na segunda hipótese (*)•
Há um outro critério descritivo cm tema de capa­
cidade: o dc estabelecer desci iminações na massa 
dos aclos jurídicos, segundo o respectivo alcance 
patrimonial: c assim que um sujeito, considerado 
idôneo para realizar alguns tipos dc ncgócios mais 
simples e correntes, pode ser considerado inapto 
para praticar actos cuja deliberação ó mais com­
plexa. ou cujas repercussões sobre o patrimônio 
são mais sensíveis. Segundo esse critério, costu­
mam distinguir-se (c a distinção deverá voltar a ser 
tratada mais adiante, § 36) os actos de vulgar admi­
nistração dos actos que excedem a administração 
corrente. Mas os actos que excedem a vulgar admi­
nistração não são todos tratados da mesma maneira; 
a lei gradua, também neste campo (c fr . arts. 374.°, 
375.°, 394.° do Cód. Civil). Esta graduação ulterior 
é, por outro lado, relevante, não para atribuir ou 
negar a capacidade, mas para estabelecer os meios 
como deve ser integrada a capacidade deficiente.
Apresentadas estas distinções gerais, vamos, 
agoia, passar em rápida revista as razões de inca­
pacidade e as principais configurações cjuc a incapa­
cidade reveste no direito vigente.
S*to fundamentos dc incapacidade a m enoridade, 
a interdição, judicial ou legal, e, cm grau mais limi­
tado, a inabilitação. Como se sabe, o limite da 
menoridade e fixado, tambem pelo novo código
( ) Sobre estas situações, C a rn iílu tt í, S istem a, if# 
erncr. <//>., 2: ed., 178.
20 TEORIA GF.RAL DO NtlCdClO JLKÍDItO
(a rt. 2.°), nos vinte e um anos completos. A inc. 
pacidadc do menor deve entcndcr-sc com o incapa­
cidade para realizar os negócios patrimoniais entre 
vivos ( § 39). Deve, por outro lado, exccptuar-se o 
contrato de trabalho, para intervir no qual o menor 
é declarado capaz logo que tenha completado os 
dezoito anos, «sa lvo as Jeis especiais quo esiabcle 
çam uma idade in fer io r» (a rt. 3.1' do Cód. C iv il). 
O menor emancipado, quer de direito, pelo casa­
mento, quer por decisão do ju ízo tutelar, desde que 
tenha, neste últim o caso, completado os dezoito anos 
(a rts . 390." e 391.° do Cód. C iv il), é capaz para os 
actos de adm inistração corrente; n u s ó incapaz 
para praticar sozinho os actos que excedam essa 
adm inistração, para os quais carece da assistência 
de um curador (a rt. 394.° do Cód. C iv il). Quanto à 
capacidade para fazer testamento, á atingida ao 
com pletar o 18.° ano dc idade: o que 6 justificado 
pelo caracter peculiar próprio do negócio mor tis 
causa (§ 39). Quanto aos negócios dc direito fam i­
liar, em que o indivíduo e legitimado não pela per­
tença de um patrim ônio, mas pelo particular status 
fa m ilia e em que se encontra, ou se coloca, no âmbito 
da sociedade nacional a que pertence, o 1 im ite 
m ín im o de idade c igualmente in ferior ao dos vinte 
c um anos. Assim, o reconhecimento do filho natu­
ral, pode ser fe ito pelo pai que tenha completado 
13 anos e pela mãe quo haja atingido os 14; e até 
antes, se tiver lugar na altura do seu casamento 
(a rt. 250.® do Cód. C iv il). O casamento pode ser 
contra ído aos 16 anos «por parte do homem e aos 14 
p o r parte da m u lher: lim ites que uma dispensa do 
Chefe de Estado, a conceder por m otivos graves, 
pode reduzir a 14 c 12 respectivamente (art. £>4. do
iv> '..st r ,i,i. i; iir.nos no km/k m Ji ufim,,
( «nl C iv i l ). o adoptando que tenha fe ito 18 anos
i ipaz para dar o consentimento à ndupção (art 
d o Cód. C iv il). ■
A incapacidade conseqüente da in terdirão ju j j 
c ia i, decretada por doença mental, refere-se aos
negócios, tanto patrimoniais, com o de d ireito f ami
l ia r : «porqu e o fundamento da incapacidade lega] 
nesta hipótese é tal que, se realm ente existe, imp(>rta 
tam bém incapacidade de querer, e portanto, natural 
im possibilidade de realizar qualquer manifestação 
de vontade* ( ' ) . A interdição legal, resultante de 
condenação penal e pela duração da pena, tem 
alcance mais restrito e está subm etida às «normas 
da lei civ ií sobre a interdição ju d ic ia l», apenas «para 
o que diz respeito à d isponibilidade c administração 
dos bens»: o interdito legal não é, sem mais nada, 
declarado incapaz, relativam ente aos negócios de 
direito fam iliar. Distinguem-se propriam ente dois 
graus de interdição legal, con form e a relevância que 
tem sobre o status fam iliae. Quando ela resulta dc 
condenação em pena m aior, « im p o rta também a 
perda da autoridade m arital e da capacidade dc 
testar, e torna nulo o testam ento fe ito antes da con­
denação». Aqui, porém , não se trata de uma incapa­
cidade retroactiva, mas de uma incapacidade de 
d ire ito .superveniente: a de ter herdeiros da sua 
c: colha (te s ta m en tá r io s ): uma incapacidade para 
aquela re lação sucessória.
P e lo con trário , quando p rovém de condenaç^0 
«e m p risão por tempo não in fe r io r a cinco anos*, 
n ão in flu i na capacidade tes tam en tá ria : e aPc,na* 
«p ro d u z , durante a pena, a suspensão do exere
. ______ 2|
( ' ) Relatório do código penal, sobre o aitia0 32/
do pá trio poder c da autoridade m arita l», sal\o, 
porém , «q u e o ju iz decida de outra m an eira » (a r t .32,° 
do Cód. Pena l).
A inab ilitação — fo rm a de incapacidade m ais a te­
nuada que a in terd ição p o r doença m ental, aplicá­
vel a pessoas que sc reve lam ineptas para p rove­
rem à defesa dos seus interesses (a rt . 415.° d o Cód. 
C iv il ) — , não con figu ra uma incapacidade total, mas 
apenas uma incapacidade parcia l. O inab ilitado e 
co locado na m esm a situação cm que se encontra o 
m enor em an cip ad o : isto é, pode praticar sòzinho os 
negócios de adm in istração corren te , m as para os 
n egóc ios que excedam essa adm in istração ( § 36) 
precisa da assistência de um cu rador ( 4) .
26 bis. O problema da chamada incapacidade 
natural ( l) . — A incapacidade de agir, nas diversas 
fo rm a s até aqu i exam inadas, tem uma ratio itirís 
constan te. A lei, ao es tabe lecer a in idoncidade de 
determ inadas pessoas para rea liza r actos ju ríd icos , 
pa rte sem pre da con sideração da natural in eptidão 
desses su jeitos para cu idarem dos seus interesses 
m ateria is ou m orais, e essa in ep tidão deriva de 
urna d e fic iênc ia fis iops iqu ica , cm v irtu d e da qual os 
su je itos em questão não têm cla ra consciência do
O Sobre uma hipótese inversa, de ampliação da capa­
cidade, veja-se Crosa, em Giur. it., 194S, ll, 134.
( ' ) Covihllo, Man. dir. civ., § 112; Degní, Incapacità 
natiuale e incapacità tegale, na Riv. dir. coinm., 1932, n, 
573; Giorgianní, La c. d. incapacità naturale m l prim o libro 
del nnovo codice civil?, na Riv. dir. civ., 1939, 393 (outra 
bibliografia aí citada); Rescigno, Incapacità natnràle c adem- 
pimento, 1950, 33 e scgs.
alcance das suas acçõts, determinando-se a elas 
maneira irreflcctida. *
Este substraeto cxislc na incapacidade do m 
nor; c ú de toda a evidência na incapacidade T 
interdito por doença mental. Pode, pelo coninh-j^ 
parecer duvidoso que a deficiência fisiopsíqUiCa ^ 
pensamento da lei, seja também iundamento 
interdição legal consetiuente a pena; mas que a sua 
raiio itiris deva procurar-se, precisamente, na pIc. 
suinível deficiência fisiopsíquica, da qual a deterio- 
ração moral do delinqüente é sintoma o índice 
J demonstra-o a citada norma do artigo 32.u 
Código Penal, segundo a qual o testamento anterior 
à condenação em pena maior perde a eficácia apôs 
a condenação.
Estas observações fazem nascer o problema da 
capacidade natural, ao Jado do da capacidade legal. 
O problema da capacidade ou incapacidade natural 
reveste dois aspectos, a ) No primeiro aspecto, per­
gunta-se se será válido o acto do legalmente incapaz 
que, no momento cm que agiu, era naturalmente 
capa/, isto c, era psiquicamente norm al; por exem­
plo, o acto do menor que, não obstante a idade 
juven il, tenha já atingido uma maturidade mental 
do adulto, ou o acto do interdito por doença mental 
que esteja num intervalo lúcido; b ) No segundo 
aspecto, pergunta-se se c inválido o acto da pessoa 
legalm ente capaz, que esteja, no momento de ajiir. 
naturalmente incapacitada, por uma causa perma­
nente, com o o louco não interdito, ou por um motivo 
transitório, como o cbrio, ou o homem sob a acçao 
de estupefacientes ou cm estado dc hipnose.
o ) À prim eira pergunta responde-se com SL^ 
rança que não. A capacidade legal é pressup
HíSIliS li I I I IIOS IN) M u k l l ) JtUÍDICO
23
24 TEORIA <;e k a l 1)0 tw w fc io JURÍuico
indefectível da validade do acto; a previsão, dc 
que a pessoa legalmente incapaz seja. também, natu­
ralmente incapaz, c uma previsão feita a p rio ri pela 
lei, sem possibilidade de fiscalização e dc desmen­
tido por parte do ju iz no caso concreto.
b ) A secunda questão, de saber se ao lado da 
capacidade legal também é relevante a capacidade 
natural, como pressuposto de validade do negócio, 
fo i muito debatida no passado. Tratava-se, porém,
<ie uma questão mal apresentada. Em principio, e 
segundo o sistema legal, na medida em que não há 
normas concretas que divirjam desse sistema, a falta 
dc idoneidade psíquica do autor do acto é, certa­
mente, relevante, e exclui a validade do negócio: 
mas é relevante, não com o ausência de um pres- 
suposlo , que seria a capacidade, mas sim como falta 
dc um demento do negócio, com o é a vontade ou a 
consciência dc quem o pratica (§ 19).
Gó porque o problem a foi erradamente incluído 
na órbita da capacidade ( e eslava errada, neste sen­
tido, a inclusão, porque se falava cie incapacidade 
na tu ra l), fo i possível haver quem afirmasse que a 
ineptidão psíquica de quem não é legalmente inca­
paz, nf.o im poria a nulidade do negócio. Esta op i­
nião n; o foi, de faelo , seguida pela jurisprudência, 
a qual, com toda a razão, viu na ineptidão natural 
uma causa de invalidade do negócio : uma causa, 
segundo a distinção que adiante será apresentada 
(cap. \ j11), antes de nulidade, que não de simples 
anulabilidade, com o, ao contrário, acontece com a 
incapacidade legal.
A op in ião que negava relevância à ineptidão 
natural, tirava argum ento dc algumas normas, 
a^ora ab-rogadas, Ao Cúdigo C ivil dc 1863, sobre-
tudo do . artigos 336.' c 337/ lVlo «n lg » 336 ".
«a o s «ttlerlorcs h In icw M * * « * * ^ « " « b * * , 
M! d cau sa da intordi^o já cxlst.a nu tempo e n quo 
tiveram lugar os mesmo» actos. c d*.wL quj. pela 
qualidade do contraio. ou polo grave p.vjuí/o quo 
dele tenha derivado,ou pos*a derivar, paia o in ter- 
dito ou de qualquer roaneira, sc demonstre a má-fé 
dc quem contratou com o mesmo». Pelo artigo 337.* 
•depois da morte de um indivíduo, os actos por cie 
praticados n3o poderão ser impugnados por enfermi- 
s. d.»dc mcnlal, a menos que tenha sido requerida a 
Interdição antes da sua morte, ou n prova da enfer­
midade resulte do próprio acto que ó Impugnado». 
Com base nestes textos, argumentava se assim : se 
o legislador, para decretar a nulidade do acto pra­
ticado pc!o doente mental não interdito, não se con­
tenta com a pro a da doença, mas c\i^e a má-fé da 
contraparte, a deduzir de sinais externos, entre os 
quais avulfa o prejuízo resultante do acto para o 
seu autor, isso quer dizer que a ineptidão psíquica 
nao é relevante só por si c não lira a validade ao 
ncgócio, Replica va-sc, porém, com razão, cjue os 
artigos em discussão nâo se referem, na realidade, 
à «incapacidade - natural, mas ;i capacidade lega! de 
•u!ii. csla\ !ccck\ um alargamento da incapacidade 
egal resultante da interdição c dão lugar, dc corto 
modo, a unia interdição antecipada. Estes artigos 
nao sc id eu n i a ineptidão psíquica no m om en to do 
•,i 0# mas n presença, anterionnente h interdição, e 
no p a io t o em que foi praticado o acto, de tuna per­
turbação mental habitual, capaz de poder justificar 
â nter içflo, Euibora, no insiante preciso tio acto, 
n o ouvesse uma desordem mental, c ate <> autor
o acto se encontrasse em intervalo lúcido, a exis*
tência dc uma doença m ental habitual, junta a 
outras circunstâncias dc facto, referidas nos arti­
gos 336. e 337.° do C ód igo C ivil de 1865. dá lugar 
â invalidade do acto. Os artigos em questão não 
podiam , portanto, in flu ir sobre o problem a da «in ca ­
pacidade» natural, e em especia l não tinham nada a 
v e r com as hipóteses de ineptidão psíquica devida 
a causas transitórias, diversas da doença m ental, 
tais com o em briaguez, sonam bulism o ou hipnose.
Nenhum artigo do cód igo anterior im pedia, pois, 
que se resolvesse o prob lem a da «incapacidade» 
natural de harm onia com os princíp ios. O novo 
cód igo , pe lo con trário , v e io in ovar nesta m atéria, 
tem perando as exigências do sistema, com as que 
a lei considera serem exigências de equidade ( 2).
26 TFARIA GERAL DO NEGÓCIO JLRÍUIGO
(•') A locução pessua nâo mentalmente sã, do artigo 422.*, 
Livro I, do novo Código «Civil, exprimia um conceito mais 
amplo que a outra: doente mental, pois que nâo está. neces­
sariamente, ligada a estados patológicos, mas pede também 
derivar de casos em que a obnubilavão da vontade depende 
de circunstâncias que não constituam doença cm sentido 
técnico. As palavras pessoa incapaz de entender e de que- 
rer, do artigo 428.“ do Código Civil unificado (R. D. dc 30 de 
Março de 1942, n.* 313) substituindo, por via interpretativa, 
a predita íórmula do artigo 422/, vieram tornar mais pre­
ciso o conceito de incapacidade natural, pondo em evidência 
o elemento intelectual e o elemento volitivo do negócio, que 
para ser valido deve scr realizado com .plena consciência 
do seu alcance jurídico. O novo código civil acolheu, explici­
tamente, a noção de incapacidade natural, distinta da incapa­
cidade legal (art. 42$:). Para a incapacidade natural, não 
estando, como acontece na incapacidade legal, antecipada­
mente feita a sua prova, é preciso demonstrar, em cada caso, 
rigorosamente e de um modo específico, a existência do 
estado mental anormal no momento, ou seja. durante o 
espaço de tempo necessãrio para a formação do actojuri-
rui s>t r.<*)<’> t iii*f*w *** níwHjjo 11 ,!l," i 'i ^
tudo dos artigos 336. o 337. Pelo artigo 336.*' « rw
i « * i
uelos anteriores ã interdição podem ser anulado* 
sc a causa da interdição já existia ao tem p o cm que* 
tiveram lugar os mesmos actos, c desde que, pc|;| 
qualidade do contraio, ou pelo grave prejuízo clvtc 
dele le Jia derivado, ou possa derivar, para o inter- 
dito, ott de qualquer maneira, se demonstre a ntá-fj 
de quem contratou cum o mesmo». Pelo artigo 3 370 
«depois da morte de um indivíduo, os actos por ele
I praticados nào poderão ser impugnados por enfermi- 
dtfdc mental, a menos que tenha sido requerida a 
interdição antes da sua morte, uu a prova da enfer- 
midarL- resulte do próprio acto quo c impugnado» 
Com base nestes textos, argum enlayase assim: se 
o legislador, para decretar a nulidade do acto pra­
ticado pelo doente mental nào interdito, não sc con- 
lenta com a prova da doença, mas exige a má-fé dn 
contraparte, a deduzir de sinais externos, entre os 
quais avulía o prejuízo resultante do acto para o 
seu autor, isso quer dizer que a ineptidão psíquica 
nao c relevante só por si e não tira a validade ao 
negócio. Replicava-se, porém , com razão, que os 
artigos em discussão não sc referem , na realidade, 
a «incapacidade natural, mas â capacidade legal de 
agii : e.st. !\ íecc .i um alargam ento da incapacidade 
legal resultante da interdição c dão lugar, de certo 
modo, a uma interdição antecipada. Estes arli^o* 
não se tv leu m à ineptidão psíquica no m om ento do 
neto, mas à presença, anteriorm ente i\ interdição, c 
no p c iio J o em que lo i praticado o acto, de uma p^1 
furbação mental hahiitu il, capaz dc poder ju stili^u 
a interdição. Fm boia , no instante preciso do 
não houvesse .uma desordem m ental, e •de <> *lUl^ 
ilo acto se encontrasse cm in terva lo lúcido, 1
tência dc uma doença mental habitual, junta a 
outras circunstâncias de facto, referidas nos arti­
gos 336. c 337.° do Código Civil de 1865, dá lugar 
à invalidade do acto. Os artigos em questão não 
podiam, portanto, in flu ir sobre o problema da «in ca ­
pacidade» natural, e em especial não tinham nada a 
ve r com as hipóteses de ineptidão psíquica devida 
í\ causas transitórias, diversas da doença mental, 
tais com o embriaguez, sonambulismo ou hipnose.
Nenhum artigo do cód igo anterior impedia, pois, 
que se resolvesse o problem a da «incapacidade» 
natural de harmonia com os princípios. O novo 
código, pelo contrário, veio inovar nesta matéria, 
temperando as exigências do sistema, com as que 
a lei considera serem exigências de equidade ( 2).
26 11 OKI A CLRAL IX) KEUfclO JLRÍUICO
(s) A locução pessoa não mentalmente sã, do artigo 422.*, 
Livro I, do novo Código»Civil, exprimia um conceito mais 
amplo quo a outra: doente mental, pois que não está, neces­
sariamente, ligada a estados patológicos, inas pode também 
derivar de casos em que a obnubilação da vontade depende 
de circunstâncias que não constituam doença em sentido 
técnico. As palavras pessoa incapaz dc entender e de que­
rer, do artigo 428.” do Código Civil unificado (R. D. de 30 de 
Março de 1942. n.* 3lá) substituindo, por via interpretativu, 
a predita fórmula do artigo -122/. vieram tornar mais pre­
ciso o conceito de incapacidade natural, ponüo cm evidência 
o elemento intelectual e o elemento volitivo do negócio, que 
para v r válido deve ser realizado com plena consciência 
do seu alcance jurídico. O novo codigo civH acolheu, explici­
tamente, a noção de incapacidade natural, distinta dn incapa­
cidade legal (art. 423.*). Para a incapacidade natural, não 
estando, como acontece na incapacidade legal, antecipada­
mente feita a sua prova, é preciso demonstrar, em cada caso, 
rigorosamente e de um modo específico, a existência do 
estado mental anormal no momento, ou seja, durante o 
esjwço de tempo necessário para a formação do acto jun-
I \
l'Wl I . l i v ie i i; t u . i r o u in i M ( . , k ia J t l t t a i t o«_ - . » - - , i at.l
tudo dos artigos 336.*' c 337.” Pelo artigo 336.“, fc(JS 
aetos anteriores i\ interdição podem ser anulados 
fie a causa da interdição já exislia ao tempo cm que 
tiveram lugar os mesnios actos, c desde que, jvla 
qualidade do contraio, ou pelo grave prejuí/.o que 
dele te.dia derivado, ou possa derivar, para o inter­
dito, ou de qualquer maneira, se demonslre a má-fé 
de «quem contratou com o mesmo». Pelo artigo 337.°
* depois da morte de um indivíduo, os actos por ele 
praticados não poderão ser impugnados por enfermi­
dade mental, a menos que tenha sido requerida a 
interdição antes da sua morte, ou a prova da enfer­
midade resulte do próprio aclo que é impugnado», 
r >m base nestes textos, argumentava-se assim: se 
o legislador, para decretar a nulidade do aclo pra- 
ticado pelo doente mental não interdito, não se con- 
tenta com a prova cia doença, mas exige a má-fé da 
contra parte, a deduzir de sinais externos, entre os 
quais avulta o prejuízo resultante do aclo para o 
seu autor, isso quer dizer que a inoptidão psíquica 
jkio d relevante só por si c nâo lira a validade ao 
n c jó c io . replicava se, porém, com razão, quo os 
iívtigos cm discussão não sc referem, na realidade, 
à «incapacidade > natural, mas a capacidade lega! de 
a t;ir : es ta b .ioce*:i um alargamento da incapacidade 
L:gal resultante da interdição e dão lugar, de certo 
m od o, a uma interdição antecipada. Estes arligos 
jtS o sc rc íe rcm ã ineptidão psíquica no m om ento do 
ac/o, uras a presença, anteriorm ente à interdição, o 
nt> p â r io d o etn quo fo i praticado o acto, de uma per- 
t u r b ^ J u m enta l Iw biíual, capaz dc poder justilicar 
a in te rd içã o . l::inboru, no insíante preciso cio aclo, 
n âo houvesse unia desordem m ental, c ate o autor 
d o a c to sc cn con tra ssc cm in tervalo lúcido, a cxis-
téncia dc uma doença mental habitual, junta a 
outras circunstâncias dc Facto, referidas nos arti­
gos 336." e 337.° do Código Civil de 1865, dá lugar 
à invalidade do acto. Os artigos em questão não 
podiam, portanto, influir sobre o problema da «inca­
pacidade» natural, e em especial não tinham nada a 
ver com as hipóteses de ineptidão psíquica devida 
o causas transitórias, diversas da doença mental, 
tais com o embriaguez, sonambulismo ou hipnose.
Nenhum artigo do código anterior impedia, pois, 
que se resolvesse o problema da «incapacidade» 
natural dc harmonia com os princípios. O novo 
código, pelo contrário, ve io inovar nesta matéria, 
temperando as exigências do sistema, com as que 
a lei considera serem exigências de equidade ( 2).
26 1I.0UIA GliRAL IX) KCCÔCIO JÜKÍUICO
O A locução pessoa não mentalmente sã, do artigo 422.*, 
Livro I, do novo Cóiligo‘ Civil, exprimia um conceito mais 
amplo que a outra: doente mental, pois que não está, ncces- 
sàriarneiue, ligaria a estados patológicos, mas pude também 
derivar de casos em que a obnubilação da vontade depende 
dc circunstâncias que não constituam doença em sentido 
técnico. As palavras pessoa incajxtz dc entender c dc que­
rer, do artigo 428." do Código Civil unificado (R. D. de 30 dc 
Março de 1942. n.* 313) substituindo, por via interpretativa, 
a predita fórmula do artigo 422.'*, viciam tornar mais pre­
ciso o conceito dc incapacidade natural, pondo cm evidência
o elemento intelectual c o elemento volitivo do negócio, que 
para ser válido deve ser realizado com .plena consciência 
do seu alcance jurídico. O novo código civil acolheu, explici­
tamente, a noção de incapacidade natural, distinta da incapa­
cidade legal (art. 42$.“ ). Para a incapacidade natural, não 
estando, como acontece na incapacidade legal, antecipada­
mente feita a sua prova, é preciso demonstrar, em cada caso, 
rigorosamente e de um modo especifico, a existência do 
estado mental anormal no momento, ou seja, duranteo 
espaço de tempo necessário para a formação do acto jun-
.. L,wli«o dispõe: -Os actos
O artigo 428.v do novo ^ a|nda quo nflo interdi- 
praticados por pessoa qlin|qucr causa, mosnu,
tadu, se prove ter esiat oa t.(|tei1t|cr 0« dc querer 
transitória, inc*p#tfi,n‘ a(.,0!t foram praticados, 
no momento cm Mut ' reqlK.rjmcnto dn própria 
podem ser anui.» . jros oU sllCessurcs, se deles 
pessoa ou dos«J»■ „ autor. A anulação
resultar um giau scr ordenada, a não .ser
dos que deles haja derivado ou
ql'“ni‘ vir i derivar para a pessoa incapaz de enten- 
der^ju dequerer. ou pela qualidade do contrato ou 
L qualquer outra maneira. se verificar haver má-hí 
da parte do outro contracnto». Deste texto deduz-se: 
l*_qu o a ineptidão psíquica sc toinou io/ao dc 
simples anulabilidadc do acto, e não de nulidade;
2.»_quo a ineptidão psíquica não é nem sequer
suficiente, só por si, para provocar a anulabilidadc 
do acto: mas deve scr acompanhada pelo «g ra le pre­
juízo» (§ 3); e, nos contratos, deve conjugar-se com 
a niá-fi? do outro contraente ( 3).
dicu, nu-smo que .i incapadJadc não seja transitória. D.is
condições do sujeito, anteriores e posteriores ao aclo,
podem extrair-se úteis indícios para d iagnosticar, a través
t/e urn.i indagação por ilaçócs, se o consenso manifestado
constitui, vc«ladeíramente, a síntese de um acto livre e 
consaertte.
.. 7 / 1 w JaSLj n^ unsPrudi‘ncia, Cass., 8 de Julho de 1W0 
c 23 dc Maio de <M| {Foro ,94) 5]() 8()4); Cass >
E *iT sd £ i5 L - n,aSi' loro‘ ,9L>- co1- 5S6- n “ 24S9)-
e/n üie no'*m' * ° í’ '.11 :‘"u,‘unu'n|c interessantes na medida
u n i , L nisciX.M an°toqL V r ÍBü ^ d° nüVO CÓ* ? ° A ..,. , , » ' o cio* acios para os quais o código
àihnn aao jpiicava os arlii/us 334* , 1 1 7 . . • : » i0<ix*iü iiKMm.vM.d ■ e 337.*, como dos viciados1*1 iJii.jp.iifande iiafuml »
rai' «íabeJccendo, tanto para uns
28 TIÍOHIA OHRAL IX> KUDÓCIO JURÍDICO
Sob o aspecto cxcgético, ih vc notar-se que, nos 
con tratos, o «g ra ve p re ju ízo » da parte psíquica*
ccmo paru os outros, a anulabüidade. V. também Cass.,
13 d j Fevereiro dc 1945 ( Cfttr. it., 194-6. i, 1, 13).
Repare-sc, além disso, quo a jurisprudência segue, con­
corde mente, a tese exposta no texto, segundo a qual a inca- 
paridade natural é a falta, não de um pressuposto absiracto,
) • , do um demento constitutivo do negócio om concreto. 
Ncsra orLntaçSo, per um lado, foi decidhlo que «as pala- 
vr.. i pessoa incapaz dc entender c de querer, do artigo 428/ 
do Código Civil unificado, substituindo, interpretativamente, 
a fórmula pessoa não nzznUi'.:::cntc sã do artieo 422.*, 
liv ro f. do mt -mo código, tornam mais precitc o conceito 
do incapacidade natural om retacío ao olemento intelectual 
do negócio, c não estão, ncee sàiiamentc, li-jadas a estados 
3>a!o!ó<MCos preexistentes, abrandando também casos em 
quo o ofuscamento da vont; de d.per.da de circunstâncias 
quo não constituem doença ent sentido técnico» (Cass. 
ttreseia, 15 do Fevereiro de 1-M5, r.o Rcn. Fora, 1945, col. IGS4, 
n." 47 c; ver também Cass.. 8 de Acosto de 1942. cit., e apel. 
do Mápoks, S du A^c .to c;c l*íU, nu F.cp. Fow, 1942, col. 713, 
io 17); por uutro lado, que *a prova dessa incapacidade 
natural deve ser rigorosa e precisa, e não pode, por isso, 
limitar-se a uma verificr.r:“ o genérica de um estado dc 
doença psíquica, sendo necessário, p*o!o contrário, deduzir
1actos e episódios objectivos, idôneos para se tirar uma 
ilação precisa sobre o estado mental do obrijpdo, no 
momento da formação do negócio» (Car.s., 29 de Março 
do 1C-43, em Rep. Foro, 1 >-53. Col. £4, nr 51; ver, também, 
A:>. Veneza, 25 de Maio de l ' ' l l , em Furo it., 1941, i, 1929).
Quanto ao «grave prejuízo», a jurisprudência tem con- 
cordemente decidido que ele não constitui um elemento 
necessário para a anulação Jos contratos concluídos por 
incapacidade natural, «mas apenas um elemento secundá­
rio, quer dizer, um indício do requisito essencial da má-fé 
do outro contigente» (Cass., 31 de Dezembro de 1946, cm 
R i. Foro, 1*46, col. 561. n.*‘ 19-21; ver lambem C.i>s., 23 dc 
Maio dc 1941, acima cit.); sobre a suficiência desse ele-
» ' ! " ’ K " 2'J
.................• , .*,ii im p o rtâ n c ia c o m o in d íc io d;»
S ? r £ ^ r M * > : c- quando esta resulte dc
iim ila d ti o C O M rA tç
viánioU P»ra u tonuocnlc quo cra pslqutomc-iHe 
incapaz Sob o aspecto da oportunidade, a inovn- 
çflo rrspeitante aos negócios unilaterais podo ser 
discutida. Ainda mesmo que a tendência para con- 
senar a eK ^da do negócio, e portanto para con- 
verter a nulidade em cnulabilidade, mereça apro- 
\-nr .o. r.xM.ij c.i dorroga o sistema (scguncio 
O qual a falia d*- elementos essenciais do negócio e, 
em rc^ro. razão de nulidade verdadeira e própria: 
art. 14!S.'; cír. 1325.”). pode, todavia, prirecer exces­
sivo ter estabdecido como requisito ulterior, para 
a anulabil idade, o «grave prejuízo* derivado do negó­
cio para o s-u ^utor. Porque é claro que este, se 
o > não *ihe causa dano, não pedirá a sua 
anulação; portanto, se lhe causa um dano nfio 
«gra\c», c solução discutível que este dano deva 
ficar b.-m leparaçâo, só porque não é «grave » (c fr . 
art. 1+18.*, 2, que está sujeito a uma critica aná-
mcaiu hi, p.-to tumrárío, Jccisôcs discordas, na medida 
em que, ao p a n o que a Apct.^âo dc B olonha (30 d.* M arço 
oc J94J. no IUp. lo to . 19-13, cot. 1035, n.- S4) s j pronunciou 
pe a nejativa «por. cfeclivam in tc, a tei nâo p c rn iiiir a m á-fc», 
a , por dcc&io dc 31 dc D ezem bro de 1946, cit., a firm a r 
que. P io .jt ij a adstfn da d.) p reju ízo grave, a roá-fô está
« I n TC tp^Q%
Mm, j tilad íl na nü,a an terior (Cass., 28 de
do amtncftiV F° r° ,/ ‘ ,941, *• <04)* iden tifica a m á fé
ncntaU c 7 #rU c**ncia ^ coniralar com um doente
0o pr. jifií0 Jr^ ' r*dü cb «pode resultar, dircctamcnte# 
ou Uní,a ^cr*v:*do ou pus*a derivar para o
u. w.. 4 ^ülldadj do contrato, ou dc qualquer outra
30 TEORIA CtflAL M NEGÓCIO JURÍDICO
Ioga ) ( 5). Quanto à má-fé da contraparte, que c 
apresentada como u lterior requisito para a anulabi-
1 idade dos contratos, distingue-se, sem dúvida, con- 
ceitualmente, do dolo, que é razão de anulabilidade 
do negócio (§ 56). Praticamente, porém, parece 
d ifíc il im aginar um caso, em que alguém haja con­
tratado conhecendo a ineptidão psíquica do outro 
contraente, e. por conseguinte, aproveitando-se dela, 
sem agir com dolo.
Com a norm a que temos estado a discutir, a 
ineptidão psíquica tem-se vindo a aproxim ar da 
incapacidade legal de agir, porque tanto a prim eira, 
co ino a segunda, são hoje razões de anulabilidade 
do negócio. Ainda, porém , não se pode qualificar a 
ap iidão fis iopsiqu ica com o pressuposto do negócio, 
porque, p o r um lado, ela está sem pre ligada a um 
elem ento intrínseco d o negócio, que c a consciência 
e a vontade e, po r ou tro lado, a apreciação dela, em 
conexão com outros elem entos, com o o pre ju ízo do 
negócio para o seu au tor e, nos contratos, o estado 
su b jectivo da contraparte, é uma va lo ração de facto, 
toda ela efectuada a p o s te r io r i: contrariam ente 
â va loração dos pressupostos de validade verdadei­
ros e próprios, que deve, naturalmente, ser toda 
realizada a p r io r i .
27 D ) A leg itim ida d e da parle c o m o pressuposto 
d o n egóc io ( l ) . — D epois da capacidade, pressuposto
(*) Veja-se o que dis&CBUK em Rendicouli l*tit. Lotiib.,
1940-1911,339, 344.
( ' ) Sobre a U ltim ação, ver. em geral, os trabalhos 
dc CARNEtum, Teoria gcncralc del reato. 130 c >egs.; Iwiu, 
Sistema di dir. proc. civ., li. n." 44M52; IüCM, Teoria g ea *
nloS examinar aquilo que poderia clia. 
subjectivo, va subjcctivo-objoctivo do ucgó-
„ iav.Sc o Pre*s1f itirnidadc.
do ' ° UseSX ervou que a legitimidade,ao contrário 
, -Llndc depende de uma particular relaça0
£ 3 S £ • . « & * > « ? > • . C o m ™
dar aqui uma definição mais precisa. A legitim idade 
dn parte pode definir-se como a sua com petência 
para obter ou para suportar os efeitos ju ríd icos do 
regulamento dc interesses que sc tem em v is ta : com ­
petência que resulta de uma específica posição do 
sujeito, a respeito dos interesses que se trata de 
regulamentar. Questão de legitim idade c a dc veri- 
íicar por quem, e a respeito dc qnem, o negócio pode 
scr correctamente concluído, a fim de poder pro­
duzir os efeitos jurídicos conformes à sua função e, 
por outro lado, aderentes ao regulamento de inte­
resses pretendido pelas partes. Segundo a ideia da 
autonomia privada, esses efeitos não poderão, em 
regra, deixar de ficar circunscritos à esfera ju ríd ica 
das partes (art. 1377.°) (§ 5 ); c, a fim dc que se 
produzam entre cias, deverão as mesmas ter uma 
posição específica de competência em relação à 
mattíria do negócio.
rf/r, §§ 122-129. 2/ ed., n.‘ 72, 176 c segs.; e I d.:m ,
m * 232. cm b ü v . aw . c o w m ., 1935 , 5 0 2 ;
D irZ Í,n ' ' ,lir- r0::i- Ví29‘ 3,9 **BS: 332 c segs.;
. Í P - J S * 2I7' W I - 12: 292-
ici.iôs fin » ' ' l09' ,27< 2W- 2 IÍ- 22<)> *>?6, 450. Man-
coiuni., j o n ’ J!", 1,11110 o nosso desacordo (Rev. dir. 
t,a mesiin ' ‘ . c!;rcn oportunidade de uma extensão
' ' ' S n r " 1’ aos • « < « i im io s , c «K u u m .
a Iwnwbaia ,i / 1 sces.), embura rjconliccendo
crias situa;6cs ivlalivas à iliciIudc. N*1
32 TEORIA GHRAL UU NHCÚCIO JUUÍDlLO
A o precisar, agora, em que consiste essa espe­
c ífica posição cic com petência , deve dizer-se que a 
regra fundam ental, em m atéria de leg itim idade, e a 
da iden tificação ou co incid ênc ia en tre o su je ito cio 
n egócio (ou o su je ito para quem o n egóc io é ofcc- 
tn a d o ) e o su je ito dos interesses, particu larm en te 
dos interesses ju r íd ico s , sobre qu e in c ide o negócio . 
Todas as vezes que o n egócio pressuponha um a 
re lação ju ríd ica , de q u e deva regu lar as v ic issitudes
— com o quando se tra te d e a lienar, ceder, lim ita r, 
d estin a r m o r t is causa um d ire ito , m od ifica r , trans­
fo rm a r ou ex tin gu ir um a re lação p reex is ten te — 
pode d izer-se que o n egó c io é qu a lificad o ( 2) pela 
re la çã o a que se re fe re , e que o su je ito leg itim ad o 
pat a o n egóc io se id en tifica , non Y ia lm cn te.com o p ró­
p r io su je ito dessa re la çã o ( 5). l i nessa co incidência 
que con s is te a q u ilo a q u e se p od e ch am ar leg itim a ­
ção o rd in á r ia ou n o rm a l. E isto m ostra que a teoria 
da le g it im a çã o se rad ica na ideiu dom in an te de toda 
esta m a té r ia : a id e ia tía au ton om ia p r ivad a (cap. i ) . 
Cada um tem a sua p ró p r ia es fe ra da com petônc ia
literatura reccnte, o conceito é utilizado por C\uuota-Fi:r- 
kaka, Ne%ozi sul patrim. altrui, 27 c segs., 76 e segs.; Ne&o- 
zio gin r., n.* 132: 626-2-1; por Goula, ISutto di disposizione di 
d iiit t i, cm Anuali tiniv. Pesaria, U33;i, n.* 5 e s*‘gs. Compra- 
vendita c perniuta (1937), n.* 7: 21 c segs., e por outros 
( Fürrara-Santamaria, I I potere di disposizione, 1937;
Pu;; j.vi i r, na Riv. Dir. com m ., bMO, 513 e segs.); repudiado 
pelos conservadores, agarrados aos dognr.is tradicionais.
(•') Sobre o conceito de qualificação, ainda Carni:I.utti, 
Teor. gener. dir., 2." edição, n.“' 70, 72, 3.* ed., n.“* 76, 77.
(*) Para utna aplicação deste critério, veja-se o nosso 
breve apontamento na nota sobre «legitim idade para agir 
e relação substancial», na Giur. it., 1940, i, 763.
dl
• |Vo • árbitro dos seus interesses, c destes npc. 
cispo.-"1'* _*dc jngcrir-.se na esfera de interesses 
ni,s\ n.a0pi)r isso. cada um dispõe das coisas q Ue ||le 
"Vencem ; renuncia aos seus d ire itos ; aliena o s 
[ -n- nróprios; adquire paia si; assume obrigações
' : i-orrelativamente, reconhece ou im pugn* o
IH/J ^• ■ _ t , * ,
seu acto de disposição ou obrigação, nas hipóteses 
permitidas pela lei; confirma-o se d invá lido, revo­
ga-o se <i revogável ( ).
0 princípio da coincidência — observado c pos- 
lulado pela consciência dos consooiados, também no 
plano social da autonomia p r iva d a — é form u lado 
c aplicado pela lei de várias maneiras (a rts . 651.°,
1188.“. I I 89.". 1192.", 1478.°, 1480.", 2731.“, 2822.", dó 
Cód. Civil; cfr. ainda, 320.", últim a parte, 347.°, 360.", 
n.* I, 596/, 1394.", etc.). E le apresenta um duplo 
aspecto: a ) o aspecto retrospectivo , na m edida em 
que se tem em conta a situação preexistente ( in i ­
cia l), na qual o negócio se enquadra; b ) o aspecto 
prospectivo, na medida em que se considera a nova 
situação (f in a l), ã qual o negócio se d ir ig e e des­
tina (cap. prelim., § 1). O p rin c íp io postu la que o 
sujeito do negócio se identifique, tanto com o su jeito 
da situação inicial, com o com o su je ito da situação 
tiiial. Mas também sofre derrogações e desvios em 
duplo sentido.
Antes dc mais, sob o aspecto re tros p ec tivo , 
lendo em conla a situação in ic ia l, o princípio da 
coincidência sofre cxccpção, p o r um lado, nos casos
obJecrl * co‘ncidòncia da legitimidade para dispor do 
cenf ' Para impuE|K“ ' o acto de disposição, ou para <> 
(Jir <iV '^107 *nv;,üdo, é apontada por CuviiUO, ^ <l" ’
* -T<VÜ* l í r f » ! - . , ,
34 n .ou íA c i.u a i . ik ) N r c o c io ji k íu ic o
cm que o interessado, ou seja, quem é o sujeito A .s 
interesses ou relações jurídicas em questão, nú » 
es/á legitimado para realizar (pelo menos só por si) 
o negócio que incide sobre cies. Recorda-se aqui, 
a título de exemplo, a posição da mulher, que não 
.pode dispor dos bens compreendidos no dote ou na 
comunhão, embora seja proprietária ou, respectiva­
mente, comproprietária desses bens, porque a admi­
nistração do dote e da comunhão está reservada ao 
marido (arts. 184.° e 220.° do Cód. Civil). Ê afim 
desta, a posição dos membros componentes da famí­
lia em regime de colonato, r»a medida cm que são 
representados pelo chefe da família (art. 2150.**’). 
Recorda se, também, a posição do falido, relativa­
mente aos bens sujeitos ao vinculo de indisponibili­
dade criado pe!a declaração de falência (R . D. de 16 
de Março dc 1942, art. 42. ) : vinculo que torna invá­
lidos ( § 6 / prelim .) os eventuais actos de disposi­
ção que interessem à massa dos credores (no mesmo 
lugar, art. 44.''; também art. 507.°, n.° 3) ( 5).
Inversamente, apresentam-se categorias d e h ip ó ­
teses em que a legitimação para realizar o n egóc io 
prescinde da coincidência entre sujeito do n egóc io 
e sujeito dos interesses ou relações jurídicas, sobre 
os quais incide o negócio; c para realizar o negócio 
tem legitimidade quem não é o sujeito desses inte­
resses. Em antítese com a legitimação ordinária, de 
prim eiro grau, configura-se aqui uma legitimação 
contingente, de segundo grau, que pode revestir 
diversas formas ( 6).
(*) E dc outra opinião P fc i.tAm , Is t iiu t i ilir. civ., 147.
(*) Carnulutti, Sistcnui, n, 144 c segs., fala de uma
legitimação derivada, que ê secundária ou mediaia através
------- - ~ — ■
s vezes, o problema prático, que a lei
I) ou determinando que o negócio
,vsolv*J P*1? 1 ^ p esso a estranha, que nfio é aquela 
seja ^ ah/, ‘ em se deverão produzir os efeitos
a cm*® '() Jc proteger o interesse da pessoa
jurídicos, ‘ jti|naçáo ci aqui um dire ito do legi.
eStra?, configurando um poder dc d isposição, que 
íh abc no seu próprio interesse. £ este o tipo 
de legitimidade de segundo grau quo menos se afasta 
da legitimidade ordinária.
Nesta figura — que já era conhecida dos juris­
tas romanos (ex., Gaio, i i , 62-64) como «po tes ta s 
alicmmlae rei»— o poder dc dispor nasce por via 
de aq u is ição constitutiva (§ 4 prel.), sob a forma de 
encargo ou limite de um direito preexistente (o do 
titular), ao qual vai buscara sua qualificação (simul­
tânea). Erradamente se pretendeu negar qualquer 
razão de ser ã figura em discussão, afirmando que, 
para realizar um acto de disposição de um direito, 
basta a «possibilidade dc facto, que pertence a 
quem tenha a capacidade de agir, com o manifesta* 
çào especifica desta capacidade» ( 7). Quem assim 
argumenta, submete-se, sem disso dar conta, à 
frágil e descolorida concepção do negócio como
i'Má Jigada à outrà p,lnapa*- Nem sempre, porém, unia 
Propõe um critõrio i Ium nexo de derivação. Carnelutti 
dir- n.* 72; 3 . - ^ cassificaçáo diferente, em Teor. gen.
O Desta m • ' p;Í8- ,85-
(1, N. 2íi, 401',Ura SC cxPrimc Mcnconi, Acqttislo a non
Cun»o «aiituítu enern;? 0 cni‘IC,c,ristica designação do poder
"bji-ctiv , 1 Ul ^;i Vün,«de» (31), quando, numa
l ai!U |,'lrn u eveirf1-*VOnl‘K,L* ^ q iKU,do muito, instru*
0 Ji podcr* Cfr, ainda PuctiAn».
m an ifestação de von tade ( « ) . v isto que só a quem 
reduza o negócio a puro «a c to de von tade» pode 
im portar, unicam ente, a presença da capacidade dc 
agir, e deve ser ind iferen te o concurso de uma con- 
gruen te leg itim ação. Por outro lado, só um a visão 
abstractizante, que reduza a perspectiva do negócio 
ao n ível dc qua lqu er outra fa íisp éc ic va lorada pelo 
d ire ito , p od e levar a dispensar a leg itim ação com o 
anteceden te lóg ico d o negócio, c recorrer, com um 
m an ifes to ysteron p ro te ro u , ao expediente de averi­
guar a quem cabe o d ire ito , com o se isso fosse um 
«req u is ito de e ficá c ia », a que a lei atribua um dado 
tra tam en to ju ríd ico ( 9). Desta form a, porém , per- 
de-se de vista, precisam ente, aqu ilo que é o núcleo 
essencia l do negócio — o auto-regulam cnto de inte­
resses .p r ivad os— , c ignora-se a situação ju ríd ica 
em que deve enquadrar-se o poder de autonom ia 
p a ra ser leg itim am en te exercido, sem invasão da 
es fe ra de interesses alheios, ou seja, para ser quali- 
fic á v e l com o com petênc ia d ispositiva ( ,0).
36______________ r i O R H c u r a i . 1)0 s r . o k io n R í n ,u >
( ' ) Oue Mengoni não tem consciência de seguir na 
esteira do dogma da vontade, resulta da sua tomada dc 
posição (25 e segs.) contra este dogma.
(*) Para esta construção manifestamente errónca, Car- 
karo, Mandato ad allicnare, 1947, 59, 251; ver, cm sentido 
contrário, as observações criticas de Giouijano, na Riv. dir. 
conun., 1949, ISO e segs.
( ,#) Cfr. Giordano, Tradizione e potere di disposizione, 
na Riv. dir. com m ., 1949, 192 c segs., 195 e segs. e, sob este 
aspecto, Salvi, Ccssionc dei beni ai creditori, 134 e segs., 
153. Entre os csciitorcs menos recentes, merece ser citado, 
pelo particular aprofundamento do poder de dispor nas 
suas mais variadas configurações, Hi u.wio. Wcscn n. s"b ,tk - 
íive Bc^rcnziota, der Rechtskrult, 1901, 97 e segs.. 183 e segs..
m sc nesta figura a legitim ação do marido, 
/ r d-, mulher, cm relação aos n egócio » de 
n" . f .L c i iO corrente, que digam respeito ás rela- 
" , ,mís «»*' * coinunhüo conjugal dos be.js
‘ lfi4 t. 220. do Cód. C iv il), c a IcgiiiniaçAo
conjunta de ambos, marido e mulher, para <JS 
actos do disposição de bens ou créditos dotais, 
a u to riza d o s em casos d e reconhecida necessidade ou 
u tilid ad e (arts. 187.". 190.’ ) ( " ) . Nela cabe, também, 
a re p re se n ta ç ã o organicamente ligada ã posição c 
fu n ção de chefe de família, que nas relações relati­
vas a parceria cabe ao parceiro cm relação ao con- 
ccdcntc, na medida em que é chamado a defender 
os interesses comuns a todos os com ponentes da 
família em colonato (art. 2150.°) ( ,:). Inclui-se, igual­
mente, sob ouiro aspecto, na figura de que estamos 
a falar, o poder dc disposição conferido, com a auto- 
ri/avão implícita, no pacto de um preço, que se 
convenciona entre as partes no contrato estimató- 
rio (art. 1556.°): poder que desempenha as funções 
de limite paralizante ao d ireito de quem consigna
275 c 's j!, t ! ' ; CivilPro^s,ech ls , ,. 1903, 215.
a aqui*içi0 .. * Sf’ convcm observar que. apresen- 
wteaçâo do caso iuh* l,íu^ COmo Sucessão referida à comu- 
c « S U nrejudiia „ r <R ech ,skra f t - 253; Civilproz., r. 283 
(* 5 Preliin.) QürinA rrcUa compreensão do fenômeno 
d.i coisa ^ cxP**car a validade da dis-
,u*ia disposiijva Ua C,n a,cnV^o a uma adequada coinpo*
^^ ndZ^ io.' NemÍ° e'Ur" 63°' n-’ M , iN ’
i s * * capu <u" “ c° io,,ica *
■ * * * n s ,ei ra,,P- na Rh, dir. la^ro.
_ _______________ T I g R IA GERAL DO KO/iCtO JUKÍDtCO
as coisas, visto este nãò poder d ispor delas enquanto 
não lhe fo rem restitu idas (a rt. 1558.°) ( n ).
Também nela, igualmente, se inclui a legitimação 
do credor, que nos termos do artigo 2900.° do Código 
Civil, exerce, extrajudicialmente, os direitos do pró­
prio devedor perante a inércia deste (por ex., o res­
gate de um imóvel por ele vendido); bem como a legi­
timação conferida pelo artigo 524.° do Código Civil, 
aos credores daquele que renuncia a uma herança 
prejudicando-os, na medida em que, mediante prévia 
autorização judicial, a podem aceitar «em nome e 
em lugar do renunciante*. Configuram uma legiti­
mação do credor para a pratica dc negócios que 
digam respeito ao patrimônio do devedor, tam­
bém o direito do credor pignomtício (arts. 2796.°, 
cfr. 2744.*) e o atribuído, em certos casos, ao credor, 
de fazer vender coact iva mente, por sua própria 
autoridade, coisas pertencentes ao devedor relapso 
(arts. 1515.° do Cód. Civil; 48. das condições ferro* 
viárias aprovadas pelo R. D. de 12 de Novembro 
de 1921, n.° 1585).
Mas também a actividade que se desenvolve em 
nome alheio e à custa alheia — cm representação 
(Cód. Civil. 1398.°) — pode, por vezes, reconduzir-se 
ao tipo dc legitimação que estamos a considerar, 
quando configure uma legitimação conferida no 
interesse prevalente do legitimado. Na verdade, a 
representação é. por vezes, estabelecida no interesse 
do representante, além e mais que no do represen­
tado; em tais casos, ela é índice de um direito prò-
(•») Gkhumno, Trad. t pol. di disp. net contralto ts ti- 
tnntoriü, na Riv. di. camm., \<W. 17* c segs.. IM e « s . . 
193, 195 e segs.
,no se esgota num simples poder em relação 
l>r,Ü f ‘ u -. tanto assim que, quando deriva do
m^ndáto o artigo 1723.", parãg.. do novo cód igo, 
seguindo na esteira da jurisprudência an terior ( " ) , 
resolve nfii inativamente o problem a da irrevogabi- 
lidade deste mandato. Uma curiosa ligura de repre­
sentação e, ao mesmo tempo, dc in terposição gcs- 
tória (§ 71) no interesse próprio do gestor, portanto 
mna figura de legitimação p o r d ire ito p ró p r io , apa­
rece-nos na cessão dos bens aos credores para fins 
de liquidação, agora disciplinada pelos artigos 1977.", 
1979."-80." tio Código C ivil. Os in térpretes tio 
artigo 26. da pauta de registo (a i. /I do T. U. apro- 
vadu pelo R. D. tle 30 de Dezembro dc 1923, n.° 3269) 
já .i entendiam como um mandato para liqu idação, 
Conferido no interesse do m andatário: ao qual, po r­
tanto, cabe o d ireito de adm inistrar, para o.s fins 
da liquidação, os bens «ced id os», os quais, no 
entanto, continuam a pertencer no devedor ( ,s) (c fr . 
art. 507.“ ).
I ' 1 _ ---------------------------- — —
(" ) Cass., 12 de Março de 1940, cm Temi gmi., 19-10, 295; 
ld., 30 de Dezembro de 1939, no Foro, 1940, i, 279; Id„ 12 de 
Abril de 1939, na Gitir. it.. 1939, j, 1, 732; Apel. de I3ari, 30 de 
Junho de 19-42, no Rcp. Foro. 1943, col. 999, n." 2ó bis. Entre 
as (Icusõcs posteriores ao novo código civil, c de notar a da 
C'," íia,‘i. de 14 de Janeiro dc 1946 (Rcp. Foroit-, 
. col. 679, n.' 24) segundo a qual «é conseqüência neccs-
■ ■iii.i i i iiivvogabilidade dc lais mandatos (in rem l>r(h 
17 rí !V ' SUJ. so*Jrcv''éncÍH à inorte do mandnnU*»; e a Cass., 
CVCrCÍr<l de ,W ° (M<ISX- ln ru ■ V m ' coL 55• 237)' 
«'«íuimr i' l*U l* “° manila,° in rem i>i opiam não pode scr
W ro d o nxin, acto de úUima vontade».
Jutiiiu a,. sen tido , na ju r is p ru d ê n c ia : C ass ., 1 1,0
TEORIA CRKAL 1)0 NRGÒC10 JURÍDICO
Pon d o dc p a r le a h ipótese de representação, os 
casos até agora expostos , que con figu ram uma legi- 
t im a ça o p o r i l i r e i t o p ró p r io , serão m ais para d iante 
d e lin id o s como casos de substitu ição (C ap . x ) : esta 
a c t iv id a d e , de q u e aqu i estam os a tratar, é aquela 
qu e a lgu ém exerce p o r con ta p róp ria , e no p reva- 
len tc , ou con co rren te , in teresse p róp rio , mas que 
se d estin a a te r e f icá c ia na es fe ra pa trim on ia l 
a lh e ia ( ,ó).
2 ) D es la fig u ra , que sc qu a lifica com o le g it i­
m a çã o p o r d ir e ito p ró p r io , d istingue-se c laram ente 
un ia ou tra le g it im a çã o de segundo grau , que se 
c o n fig u ra co m o s im p les p o d e r cm re la çã o a o u tre m , 
i^ to é, a o s u je ilo in teressado ( ,7) : leg it im ação esta
de 1937, no l :oro it.. 1937, j. 1193; Cass., 27 de Julho dc 1933, 
na Riv. (li. conim., 1935, tt, 304. com uma anotação nossa. 
Sobre o tcina, veja-se, recentemente, a boa exposição crítica 
de F. Salvi, La cessiqtic dei beni ai creditori, 1947 (Seminá­
rio giur. Bolonha, v i l ) , 134 e segs., 151 e segs. (que fala dc 
«transm issão» (135), mas entende concessão constitutiva, 
designando-a, inexactamenic (155). por «sucessão»); Bai.- 
zaxo, na Riv. di. proe., 1951, H, J24-26; cfr. Cakkksi, na Riv. 
dir. cotum., 1947, 137; Romano, Frunnnmli dizion. giur., 199.
('*) Ao lado da substituição, no âmbito dos negócios de 
direito biibslancial, coloca-se a substituição processual, nas 
diversas configurações que não é preciso estar aqui a enu­
m erar (Hii.i.wk;, Lchrb. d. deul. Civil prazessr., i, 155-160; 
Klagrccht it. Kla&nõghchkcit, 1905, 69-71; o nosso Dir. 
proe. civ. it., n.M 37, ló2 e scgs. e literatura ai cit.; Cxrni-i.utti, 
Teor. gener. dir., 2: ed., 178 e scgs.). Substituição na reJa- 
ção substancial da divida de impostos (as nossas observa­
ções na Riv. dir. conini.» 1927, 568, 571), dã*sc nas hipóteses 
previstas por leis fiscais, pelo que é erradamente negada 
por Au.orio, Dir. proc. iribut., 1942, 191, n." 44.
C7) O que explica a cousunção por conflito de interes­
ses; arts. 1394.* e 2373." Para iluminar esla segunda figura
i i l l H W !«> M W K I H .11 U l i . l t o
nKi ^ '^ " sJL— — - -------. J g
' . ...,0 no interesse do legitimado. nv,..
quc« co"^1 Uj e's,inotãriU dos efeitos jurídicos <j()
(h qUC'" a representação, na sua figura n0nTla, 
,K‘g^ ' unia legitimação secundária ou dciivada 
isP aPivscntante, no interesse do representado. 
E no conceito desta legilimaçao, c,uc se apresenta 
como simples poder em relaçao a outrem, enqua- 
dram-se tanto a representação necessária (achamada 
representaçüo legal do incapaz), e a «representação» 
orgânica de pessoas colectivas, como, pelo monos na 
maior parte (los casos (cfr. 1723.”, parág.), a repre­
sentação conferida polo interessado (§ 73: art. 1704”) 
ou por ele tolerada (ex.: art. 212.", 3; 329.', 1). Nela 
se compreendem também, por um lado, a gestão de 
negócios alheios (arts. 2028.°, 1393.°-1399.°) e, por 
outro lado, as formas de habilitação que são neces­
sárias para determinadas categorias do pessoas ou 
de bens (aprovação, autorização, homologação) ( lf).
3) Mas há ainda outros casos em quo a legiti­
mação de segundo grau nào pode conslruir-sc, nem 
como um direito próprio, nem como um poder em 
relação ao titular: são aqueles casos em que o negó-
nocâoTr 1^ * 8 dlspositiva- Puclc scr ú til ter presente a 
Ttíl I un *Machtbefugnis» elaborada por T im R. AUgei»- 
v k a r l ; ^ 0U :',intla a * * * > . lam bem geral, de 
n.- 95.105 '■HnI,lda Por Is-vri v, p a rtc g Clier. r ia dir- 
niátka K r a M 3 ranec- Para uin;i o r ien ta rão na P * >1’ '' 
'"eitti, 17) .. 1 ° s P0l*ercs, citarem os ainda Romano. ^ 0 . 
I,M 59-60- 3 ■ ,.7^' C Ca|(NI |1 i t i . Teoria gencr. dir.. 2-* c "
(" ) t u Cá ' n‘ 6US- 
!?ni us outràs esrr espL’c,c dc formas c sobre a sua ,rK^j0
* uma FRRRAR'- t ‘ °™ drí í0 " trü/ü ^
T‘ e scgs Ç dC Casos. CARfOITA-Fi’.HW'R'- '
47. i touiA çrutAf. Jxi M.cuciu j i kíuicu
c io é ce lebrado por quem não está, na realidade, 
legitim ado, nem segundo as regras, nem segundo 
os critérios contingentes dc leg itim ação que tem os 
estado a ver até aqui, c aos quais, todavia, a e ficácia 
é con ferida, para p rotecção dos interesses de ter­
ce iros de boa-fé, que tiveram razão para con fia r 
na legitim ação aparen te de quem aparece, perante 
eles. com o contraparte d o negócio. A posição desta 
configura-se, aqui, com o leg itim a çã o aparente.
Ainda convém estudar aqui (cap . [irei., § 4 ) esta 
figu ra de legitim ação, à luz da já apontada ( § 3 ) 
exigência de rocognòscib ilidade, que dom ina a vida 
social, e em particu lar as m an ifestações da autono­
m ia privada. Quando o negócio se ja destinado a 
regu lar as v ic iss iludcs de uma relação ju ríd ica e, 
portanto , seja q u a lificad o p o r essa relação ( l0), a sua 
eficácia , considerada de acordo com uma pura ex i­
gência lógica , deveria se r subordinada ao pressuposto 
da existência, a fa vo r d o su je ito do negócio, da re la ­
ção qualifican te. Quem aliena ou vincu la um bem, 
quem cede ou destina um d ire ito , quem ex ige um 
créd ito , deve ser aquele a quem ele p erten ce : à 
posição de titu lar, andaria ligada a leg itim idade para 
o negócio e, portanto , a usual e licácia . E isto por­
que aquela das partes que tem interesse nessa e f i­
cácia (aqu is it iva , liberatória , e, nas hipóteses dos 
arts. 1396.'' e 2206.°, até au toriza i iv a ), pode não esta r 
em situação de conhecer exactam ente, ou de veri- 
lica r com segurança, a ex istência, na con traparte , da 
relação qualifican te. P o r isso, para quem considere 
o con flito dos interesses sob um pon to de vista d e
('*) Caknulmu, Teor. g«íif. dir., 2.* ed., n.'* 70 e 72; 
it., 1949, 1, 763-766.
. , |iva é possível que a a p o n ia d a exj
.......deva ceder perante um a va to raçfio
..JLnitinda pela oportun idade de rem oVer 
I» circulaçfio: o risco p ro ven ien te da d ifi.
(ll. conhecer c tornar certa a re la ção quati.
l" , *) O interesse social da rccogn osc ib ilid n d e 
tjcasn forma, a a tr ibu ir re levâ n c ia ju r íd ica 
ríjw rfncia da relação qu a lifican te, ten d o en i v is la 
ô sou valor social re lativam ente aos te rc e iro s de 
boa-fé que, sendo estranhos as re lações in ternas 
ivfeivntes a posição de titulaic.s, suo k v.ilIds, ou até 
forçados, a confiar na rea lidade d aqu e la re lação, 
dada a íornia como cia se lhes ap resen ta . E é por 
isso quo, então, no interesse da recogn osc ib ilid ad e 
c para protecção da boa-fé dos te rc e iro s quo par­
ticipam na circulação, se im p õe o p rob lem a de 
substituir a presença e fec tiva da re la çã o qualili- 
cante, pda sua aparência re la tiva m en te aos terce iros 
(adquirente.s, etc.) de boa-fé. T rata-sc, n ão de afas­
tar da relação qualificante o v e rd a d e iro t itu la r e de 
p*'r na sua posição um in truso (p o is a té su cede que 
a lelaçao interna entre um e o u tro se m an tém inal- 
Urá\ol). mas unicamente de re s o lv e r o c o n f l ito de 
inteiesses entre u titu lar e os te rc e iro s de boa-fé, 
a a\or destes ultintos. E para tan to é su fic ien te

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