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TREINAMENTO DE AVALIADORES Profa. Roberta Juliano Ramos 2016-1 TREINAMENTO Os voluntários são informados sobre como ocorrem as percepções de gostos e odores, geralmente treinados para um tipo de produto, para observar características de textura específicas. Discussões em mesa redonda ajudam a esclarecer os termos e criar um espírito de grupo. O tempo de treinamento está relacionado à complexidade do produto e variedades existentes. Para treinamento e motivação dos membros da equipe, os resultados parciais, após cada sessão, e os resultados gerais, depois de terminado o estudo, são fornecidos como informação. Principais objetivos do treinamento: Familiarizar o julgador com os procedimentos dos testes; Aperfeiçoar sua capacidade em reconhecer e identificar atributos sensoriais nos alimentos; Melhorar sua capacidade sensitiva e de memória; Obter julgamentos precisos e consistentes por meio de uma padronização das medidas sensoriais, a fim de que os resultados possam ser reproduzidos; Cabe ainda ao orientador da equipe de degustação: fazer com que os candidatos entendam a importância dos testes, e que a concentração e memória são fatores primordiais para o desenvolvimento de sua capacidade sensitivas; comunicar aos candidatos que eles devem evitar sensações de sabores fortes e contato com materiais odoríferos pelo menos 20 minutos antes dos teste; orientá-los sobre a necessidade de bem estar geral para efetuar os testes, devendo ser dispensados quando as suas condições físicas não forem satisfatórias; Fatores que podem afetar as respostas Os fatores que podem induzir a erros de resultados de análise devem ser controlados, monitorados ou evitados, dependendo da situação e do tipo de teste. Esses fatores podem ser de natureza: FISIOLÓGICA PSICOLÓGICA Fatores fisiológicos Adaptação: é a modificação temporária da acuidade sensorial, devido à estimulação contínua ou repetida. Ampliação ou diminuição: em misturas pode-se observar a ampliação ou diminuição de um estímulo, através de: • Antagonismo (ação conjugada de dois ou mais estímulos, que provoca um nível de sensação abaixo do esperado); • Sinergismo (ação conjugada de dois ou mais estímulos, cuja associação provoca um nível de sensação superior ao esperado); • Camuflagem (diminuição da intensidade ou modificação da qualidade de percepção de um estímulo por ação simultânea de outro); • Ampliação (aumento da intensidade ou modificação da qualidade de percepção de um estímulo por ação simultânea de outro). Fatores psicológicos Erro de expectativa: somente deverão ser fornecidas aos avaliadores informações estritamente necessárias sobre os testes, evitando que estas informações possam influenciar as respostas dos avaliadores; Erro de habituação: aparecem normalmente nas provas de séries de amostras, quando os estímulos vão gradualmente aumentando ou diminuindo de intensidade, a habituação é muito frequente. Erro de estímulo: o julgador pode ser influenciado por características não relevantes dos produtos. Necessário que a aparência seja mais uniforme possível, podem ser utilizadas lâmpadas coloridas. Fatores psicológicos Erro lógico: ocorre quando um julgador acha erroneamente que uma característica está logicamente associada à outra. Efeito de halo: pode ocorrer quando se avalia simultaneamente duas ou mais características do produto, podendo levar o julgador a uma avaliação global. Ordem de apresentação das amostras: os efeitos de ordem são evitados utilizando um delineamento aleatório balanceado na apresentação das amostras. Fatores psicológicos Erro de sugestão mútua: quando a resposta é influenciada pelos outros julgadores, evitar conversas, e sempre que possível utilizar as cabines individuais. Erro de extravagância e timidez: alguns julgadores tendem a utilizar os extremos das escalas, o que pode influenciar o resultado global da equipe. Falta de motivação: importante que as provas se desenvolvam de forma planejada e eficiente, já que a desorganização poderá provocar o desinteresse dos julgadores. Características gerais da equipe de provadores Deve ter, preferencialmente, entre 18 e 50 anos, desde que as pessoas pertencentes às faixas etárias excluídas não sejam objeto do estudo. Crianças ainda não têm capacidade de usar uma terminologia adequada para expressar suas próprias impressões sensoriais e pessoas com mais de 50 anos já não possuem uma boa acuidade sensorial devido à perda da sensibilidade das células sensoriais da língua. Características gerais da equipe de provadores Quando crianças e idosos são os principais alvos do produto em estudo, deve-se fazer uma exceção, preferindo-as, mesmo que se tenha maior trabalho para treiná-las. Possuir paladar geneticamente normal (capacidade de reconhecer gostos básicos). Possuir boa saúde, sem infecções bucais ou nasais e bom apetite, não deve usar dentaduras, aparelhos, etc (dispensar o provador caso ele esteja gripado). Características gerais da equipe de provadores Possuir habilidade de concentração. Possuir sensibilidade média. Ter curiosidade intelectual. Possuir capacidade de reproduzir os resultados (reprodutibilidade) e ter boa memória sensorial. E, principalmente ter boa vontade e demonstrar interesse em participar dos testes. Tamanho da equipe de julgadores Experts Apenas 1 indivíduo e no máximo 2 ou 3. Devem possuir alta acuidade sensorial e reprodutibilidade, são altamente treinados com opinião muito respeitada, quando os padrões já estão definidos, por exemplo: café, vinho, queijos. São geralmente treinados por outro expert em aulas particulares. São atribuições de um expert: -Devem conhecer todos os defeitos; -Devem identificar os defeitos através de uma expressão verbal e apropriada; -Devem avaliar a intensidade do defeito; -Devem ser capazes de graduar (classificar) os produtos de uma maneira coerente. Tamanho da equipe de julgadores Equipes de laboratórios ou equipes de discriminação/descrição Compostas por 6 a 20 julgadores treinados, com alta acuidade e capacidade de discriminação. Antes de serem treinados são selecionados com base na acuidade sensorial, usados para testes de pequena diferença, para medir a intensidade da característica e para análise descritiva. Não se deve utilizar essas pessoas para testes afetivos que devem ser feitos com consumidor. Eles são treinados para medir diferenças e não preferências. Tamanho da equipe de julgadores Equipe piloto ou equipe de aceitação de laboratório ou equipe de laboratório não treinada • Preferencialmente devem ter mais de 50 pessoas. • Podem ser pessoas que trabalhem na instituição (cuidando para que as pessoas não sejam treinadas). • Essa equipe é mais fácil de ser controlada e organizada do que a de consumidores. Usada para testes de preferência/aceitação, gostar/desgostar. Ela é utilizada no início dos testes. Não é interessante fazer os testes em duplicata, isso só mede a capacidade de repetir a resposta. Tamanho da equipe de julgadores Equipe de consumidores Normalmente grande, com 100 a 500 pessoas. Não são treinadas, mede a atitude, opinião. Preferência/aceitação. Gostar/desgostar. Pode-se fazer o teste em um ponto central (biblioteca, escolas, etc.), pode ser feito na casa da pessoa, porém é mais difícil de controlar. Referências bibliográficas • ASSOCOAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS – ABNT. NBR 12994. Métodos de análise sensorial de alimentos e bebidas. Classificação. São Paulo: ABNT, 1993 • DUTCOSKY, S.D. Análise sensorial de alimentos. Curitiba: Champagnat, 2011. • OLIVEIRA, A.F. Análise sensorial de Alimentos. Londrina: Universidade Tecnológica Federal do Paraná,2010. • OLIVEIRA, M.A.B. Análise sensorial de alimentos: práticas e experimentos. Cachoeira do Itapemirim: Noryam, 2009. • TEIXEIRA, E.; MEINART, E. M.; BARBETTA, P. A. Análise sensorial de Alimentos. Florianópolis: Universidade Federal de Santa Catarina, 1987.
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