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estrutura conceitual basica da contabilidade

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ESTRUTURA CONCEITUAL BÁSICA DA CONTABILIDADE
1 Introdução
	
De acordo com o mencionado no capítulo 3 “Princípios Fundamentais de Contabilidade”, do livro “Manual de Contabilidade das Sociedades por Ações” (IUDÍCIBUS, MARTINS e GELBCKE, 1995, p. 58-91), através do estudo elaborado pelo IPECAFI – Instituto Brasileiro de Pesquisas Contábeis, Atuariais e Financeiras, aprovado pelo IBRACON – Instituto Brasileiro de Contadores e referendado pela CVM – Comissão de Valores Mobiliários (1986), através da Deliberação n. 29/86, foram conceituados os Princípios Fundamentais de Contabilidade.
Objetivos da Contabilidade
Contabilidade: sistema de informação e avaliação que visa o provimento de demonstrações e análises de natureza econômica, financeira, física e de produtividade aos seus usuários.
Sistema de informação: conjunto organizado de dados, técnicas de acumulação, ajustes e emissões de relatórios.
Usuário: pessoa física ou jurídica com interesse na avaliação da situação e evolução de uma entidade. Usuários preferenciais ou externos são:
acionistas;
credores em geral e emprestadores de recursos; e
integrantes do mercado de capitais.
Usuários secundários são os administradores da entidade e o fisco.
Informação de natureza econômica: deve ser considerada a visão do que seja econômico para a contabilidade (demonstração do resultado do exercício, capital e patrimônio).
Informação de natureza financeira: fluxos de caixa, capital de giro, etc.
Informação de natureza física: complemento aos valores monetários (quantidades geradas de produto ou serviços, número de depositantes num banco, número de clientes numa empresa, número de funcionários numa empresa,etc).
Informação de natureza de produtividade: se refere à utilização mista de conceitos de avaliação (financeiros) e quantitativos (físicos), como: receita bruta per capita, depósitos por cliente, etc.
As informações de natureza financeira e econômica constituem o Núcleo Central da Contabilidade. As informações de natureza física e de produtividade são complementares às demonstrações contábeis tradicionais.
Objetivo principal da contabilidade: permitir que os usuários avaliem a situação financeira e econômica da entidade e possam inferir sobre as tendências futuras da mesma.
Os objetivos da contabilidade devem contribuir para o processo decisório dos usuários, não se justificando por si mesma. Antes, deve ser um instrumento útil à tomada de decisões.
Para tal, devem ser observados dois pontos:
1. As empresas devem evidenciar ou divulgar todas aquelas informações que contribuem para a adequada avaliação de sua situação patrimonial e de resultados, permitindo inferências em relação ao futuro. As informações que não estiverem explícitas nas demonstrações, devem constar em Notas Explicativas ou Quadros Complementares.
2. A contabilidade tem íntimo relacionamento do com os aspectos jurídicos os quais, muitas vezes não conseguem retratar a essência econômica. Visando bem informar, a contabilidade deve seguir a essência ao invés da forma.
	Exemplo:
	Uma empresa faz a venda de um ativo, assumindo o compromisso de efetuar sua recompra por um certo valor em determinada data. Obedecendo a essência ao invés da forma, deve-se registrar na contabilidade uma operação de financiamento (essência) e não de compra e venda (forma).
	A não utilização da informação contábil ou utilização restrita pode ser resultado de:
deficiências na estrutura do modelo informativo;
limitações do próprio usuário;
baixa credibilidade por parte dos usuários;
linguagem inadequada nas demonstrações contábeis.
A contabilidade é uma ciência social no que se refere às suas finalidades, mas, quanto a metodologia de mensuração, reúne tanto o social quanto o quantitativo.
Quanto as finalidades é social, uma vez que por suas avaliações do progresso das entidades permite conhecer-se a posição de rentabilidade e financeira, e de forma indireta auxilia os acionistas, tomadores de decisões, investidores a aumentar a riqueza da entidade. Igualmente, por que sua evolução tem ocorrido historicamente em função da evolução da própria sociedade.
Como metodologia é parcialmente social, uma vez que seus critérios de avaliação envolvem muitas vezes subjetividade e incerteza, oriundas do próprio ambiente social e econômico no qual as entidades estão operando.
É parcialmente quantitativa, por materializar-se através da equação patrimonial básica (ATIVO = PASSIVO + PATRIMÔNIO LÍQUIDO).
Cenários Contábeis
Cenários Contábeis Primitivos
O surgimento da contabilidade deu-se num cenário social, econômico e institucional denominado de primitivo, cujas principais características eram:
entidades comerciais e industriais apresentavam um desenvolvimento embrionário;
os empreendimentos tinham normalmente uma duração limitada;
a figura central da ação empresarial era o proprietário e não a entidade ou gerência;
os mercados eram perfeitamente delimitados e os preços relativamente estáveis;
avanços lentos na tecnologia, qualidade e características operacionais dos produtos.
A Revolução Industrial produziu o primeiro grande choque na contabilidade face a mudança de cenário. Hendriksen e Van Breda (1999,p. 47) relatam que 
o advento do sistema fabril e da produção em massa, resultou na transformação de ativos fixos em custo significativo do processo de produção e distribuição, tornando o conceito de depreciação mais importante. À medida que aumentava a necessidade de informação gerencial sobre os custos de produção e os custos a serem atribuídos à avaliação de estoques, o mesmo acontecia com a necessidade de sistemas de contabilidade de custos. A exigência de grandes volumes de capital, demandando a separação entre investidor e administrador, significou que um dos principais objetivos da contabilidade passou a ser a elaboração de relatórios a proprietários ausentes. As informações financeiras, que tinham sido geradas principalmente para fins de gestão, passaram a ser demandadas cada vez mais por acionistas, investidores, credores e pelo governo (...) As grandes exigências de capital também conduziram à criação da sociedade por ações e, com o tempo, a auditorias obrigatórias.
A partir do Século XX, no entanto, vem-se enfrentando novos cenários o que representa um grande desafio para a contabilidade.
Cenário Modificado
Vive-se atualmente o chamado cenário modificado, caracterizado por:
grande desenvolvimento das entidades de modo geral;
empreendimentos com duração normalmente muito longa;
entidade como figura central da ação empresarial;
mercados globalizados e preços relativamente instáveis;
mudanças rápidas na tecnologia, qualidade e características operacionais dos produtos.
Princípios (Conceitos) Fundamentais de Contabilidade
Os Princípios (Conceitos) Fundamentais de Contabilidade são classificados em três categorias:
Postulados ambientais da contabilidade
Princípios contábeis propriamente ditos
Restrições aos princípios contábeis fundamentais – Convenções
Os postulados ambientais significam as condições sociais, econômicas e institucionais dentro das quais a contabilidade atua.
Os princípios são a resposta da disciplina contábil aos postulados. Constituem o núcleo central da estrutura contábil. Procuram delimitar como a profissão deve se posicionar em relação à realidade social, econômica e institucional admitida pelos postulados.
As convenções ou restrições aos princípios representam os condicionamentos de aplicação dos princípios, considerando-se as situações práticas vivenciadas.
“Os Princípios representam a larga estrada a seguir rumo a uma cidade. As Convenções seriam os sinais ou placas indicando, com mais especificidade, o caminho a seguir, os desvios, as entradas, saídas, etc.” (IUDÍCIBUS, MARTINS e GELBCKE, 1995).
Postulados Ambientais da Contabilidade
Postulado da Entidade Contábil
Enunciado: A contabilidade é mantida para as entidades; os sócios ou quotistas destas não seconfundem, para efeito contábil, com aquelas.
A contabilidade procura manter registros separados para cada entidade. No caso de uma entidade, Empresa ABC Ltda., cujos sócios são A, B e C, o contador ao manter a contabilidade para a mesma., está procurando acompanhar a evolução do seu patrimônio líquido e não dos seus sócios. Por outro lado, o mesmo contador poderia manter a contabilidade para as pessoas físicas dos sócios A, B e C. Tratam-se de quatro entidades distintas, mas com grandes relacionamentos de interesse.
Os Teóricos da Contabilidade, em geral, consideram o Postulado da Entidade dentro da dimensão tratada acima. No entanto, este significado não explica toda a dimensão do termo Entidade para a contabilidade.
Nesse sentido pode-se dizer que o Postulado da Entidade tem as seguintes dimensões:
Jurídica > nessa dimensão a entidade é perfeitamente distinta dos sócios (separação cuidadosa do que é dos sócios e do que é da entidade).
Econômica > nessa dimensão a entidade se caracteriza como massa patrimonial, cabendo à contabilidade acompanhar sua evolução qualitativa e quantitativa (comparação da situação patrimonial da entidade, como um todo, em vários períodos).
Organizacional > nessa dimensão a entidade pode ser considerada como um grupo de pessoas ou pessoa, exercendo controle de receitas e despesas, investimentos e distribuições (abertura de centros de custo, lucro ou investimento).
Social > nessa dimensão considera-se que a entidade pode ser avaliada não só pela utilidade que a si acresce, bem como pela sua contribuição no campo social (comentários em notas explicativas sobre programas de complementação de aposentadoria, etc.).
O entendimento da contabilidade e de sua forma de atuação, requer o entendimento do pano de fundo de sua atuação, isto é, as entidades, de toda natureza e fins, e para captar a essência operacional destas, além do estudo do seu processo operacional interno deve-se entender o ambiente dentro do qual atuam.
Na verdade quem deve enfrentar o cenário são as entidades e não a contabilidade. Porém, esta vive em função daquelas.
Postulado da Continuidade das Entidades
Enunciado:Para a contabilidade, a entidade é um organismo vivo que irá viver (operar) por um longo período de tempo (indeterminado) até que surjam fortes evidências em contrário..
Através do Postulado da Continuidade, encara-se a entidade como algo capaz de produzir riqueza e gerar valor continuadamente, sem interrupções. Nesse sentido, o exercício financeiro anual ou semestral é uma ficção que decorre da necessidade de conhecer-se o andamento do empreendimento de tempos em tempos. As operações produtivas da entidade, no entanto, têm continuidade fluidificante.
Em princípio a contabilidade não desconhece a possibilidade de descontinuidade. Porém, considera tal possibilidade somente quando há fortes e claras evidências de sua ocorrência. Em tais situações, os Princípios Contábeis Fundamentais não se aplicam às essas entidades, uma vez que as mesmas não estão “em marcha”.
Os auditores independentes devem fazer constar em seu relatório (parecer) o perigo de descontinuidade, desde que tenham todas as evidências a respeito da mesma. Antes de tal reconhecimento, a entidade deve ser considerada em continuidade, aplicando-se todos os princípios contábeis como definidos a seguir.
Uma conseqüência imediata desse postulado é a consideração de que os ativos da entidade não são mantidos para que sejam vendidos no estado em que se encontram, mas para, devidamente manipulados pela mesma, produzirem receitas superiores às despesas (consumo de ativos para produzir receitas), gerando um resultado positivo ou gerando serviços ou benefícios para a coletividade (entidades de fins não lucrativos).
Isso significa que os ativos, enquanto em estoque (em seu estado original ou nos estoques de produtos em fabricação e acabados), devem ser avaliados por algum tipo de custo. A avaliação usual dos ativos pelo custo (valor de entrada), é conseqüência do Postulado da Continuidade.
Para os autores mencionados, “a verdadeira natureza íntima da contabilidade consiste, basicamente, no confronto entre sacrifícios (mensurados por custos) e realizações (mensuradas por valores de venda).”
Por último cabe concluir que a Entidade em Continuidade é a premissa básica da contabilidade.
Os Princípios propriamente ditos
Os princípios fornecem as linhas filosóficas de resposta da contabilidade aos desafios do sistema de informação contábil, atuando num cenário marcado pela complexidade, ao nível de Postulados.
Os princípios constituem o núcleo central da doutrina contábil.
Princípio do custo como base de valor
Enunciado:...O custo de aquisição de um ativo ou dos insumos necessários para fabricá-lo e colocá-lo em condições de gerar benefícios para a entidade representa a base de valor para a contabilidade, expresso em termos de moeda de poder aquisitivo constante..
Trata-se do mais antigo princípio de contabilidade e é considerado dentro da Teoria da Contabilidade como uma conseqüência direta do Postulado da Continuidade, como já foi visto.
No caso de doações de ativos, os mesmos devem ser registrados pelo valor que custaram, originalmente, para quem os doou. Também é aceito admitir-se como base de valor para doações de ativos, o preço que seria pago por um bem no mesmo estado de conservação, no mercado de novos ou usados, se existir.
Portanto, para base de registro para a contabilidade deve prevalecer o valor de entrada. A rigor, existem vários valores considerados como de entrada, o que leva a pensar-se que seria melhor considerar o custo original (histórico) como base de registro inicial e não como base de valor.
As hipóteses de avaliação com base nos valores de entrada são várias devendo considerar-se aquela capaz de maximizar a função contábil que se compõe das variáveis: relevância, praticabilidade e objetividade. Na verdade, a contabilidade é um permanente exercício de busca do equilíbrio entre estas três variáveis. O conjunto de Postulados, Princípios e Convenções igualmente deve ser levado em conta na escolha da hipótese.
O valor da transação pode ser considerado uma aproximação razoável do que se considera o valor econômico de um ativo por ocasião da transação. No decorrer do tempo, no entanto, devido a diversos fatores (desgaste físico, flutuações do poder aquisitivo da moeda, mudanças tecnológicas, obsolescência, etc.), o valor registrado tende a perder parte de sua validade, como estimador do valor econômico.
Princípio do denominador comum monetário
Enunciado: As demonstrações contábeis, sem prejuízo dos registros detalhados de natureza qualitativa e física, serão expressas em termos de moeda nacional de poder aquisitivo da data do último Balanço Patrimonial...
Esse princípio traduz a dimensão financeira da contabilidade, pois a mesma deve tratar de homogeneizar, para o usuário das demonstrações contábeis, ativos e passivos que apresentam natureza bastante diferenciada entre si, pelo denominador comum monetário, isto é, sua avaliação deve ser feita em moeda corrente do País.
Esse padrão de mensuração (moeda), não deveria sofrer alterações em sua essência. O período inflacionário vivido no Brasil até pouco tempo, não reunia as condições para ser considerado um padrão de mensuração afiançável, a não ser no exato momento da transação.
Princípio de realização da receita
Enunciado:A receita é considerada realizada e, portanto, passível de registro pela Contabilidade, quando produtos ou serviços produzidos ou prestados pela entidade são transferidos para outra entidade ou pessoa física com a anuência destas e mediante pagamento ou compromisso de pagamento especificado perante a entidade produtora...
A contabilidade deve se preocupar com a objetividade e consistência em seus princípios e procedimentos, com possíveis reflexos na área do direito.
Sabe-se que o processo produtivo adiciona valor aos fatores manipulados de forma contínua, porém não se podede forma objetiva escolher pontos ao acaso e sempre determinar com grau de confiança aceitável, o valor adicionado. Isso ocorre porque o processo produtivo nem sempre é linear.
Por exemplo: diferentes etapas na execução de um processo de produção podem adicionar valor não proporcional ao tempo decorrido na etapa e mesmo ao custo, embora a proporcionalidade entre custos incorridos e receita/valor gerado tem sido usada em certos casos.
O Princípio de realização da receita adota como ponto normal para reconhecimento e registro da receita na contabilidade da empresa, aquele em que há transferência de produtos ou serviços ao cliente. Normalmente este ponto coincide com o momento da venda. Procede-se dessa forma na contabilidade, porque:
a transferência do produto ou serviço em geral é concretizada quando todo ou praticamente todo o esforço para obtenção da receita já foi realizado;
nesse ponto conhece-se com mais exatidão e objetividade o valor de mercado (da transação) para a devida transferência;
também nesse ponto já são conhecidos todos os custos de produção do referido produto ou serviço transferido, bem como outras despesas ou deduções da receita associáveis aos mesmos, como: comissões sobre vendas, despesas com consertos ou reformas em decorrência da garantia concedida, etc. Tais despesas normalmente são pagas após a transferência, porém o montante destas é conhecido ou estimável já no ato da transferência.
Essas três condições determinam quando uma receita pode ser reconhecida na contabilidade da entidade, independente dos interesses de ordem fiscal. 
Muitas vezes há a tendência de avaliação dos estoques de produtos ou serviços a valores de mercado, antes da transferência ao cliente. Tal atitude tem os seguintes inconvenientes:
o mercado, de modo geral, só considera que “deu seu veredito” sobre o valor da transação quando esta se completa;
muitas vezes este reconhecimento da receita tem por objetivo favorecer esta ou aquela configuração de resultados, significando uma utilização indevida dos princípios de contabilidade.
Cabe destacar, ainda, que em atendimento ao Postulado da Continuidade, os ativos figuram nos registros pelos seus valores de entrada (custo original) até o “sacrifício” dos mesmos no esforço de gerar receita. A receita é dada pelo valor de “saída”; o confronto, portanto, deve ser com valores de entrada.
Receitas a serem reconhecidas proporcionalmente a certo período contábil já decorrido
	Existem determinados serviços, aluguéis, empréstimos, etc., que estão relacionados ao decurso de determinado período de apropriação contábil através de contrato. Este período normalmente é mensal. Na verdade o serviço é prestado continuamente, até o encerramento do contrato.
	O que se faz, é reconhecer em cada um destes períodos, uma parcela da receita total (do serviço total) em termos proporcionais ao período ou evento decorrido, não esperando até o final para reconhecimento total, de uma só vez.
	Na prestação de serviços de consultoria e de auditoria, por exemplo, em que se caracteriza este fluxo de serviço, em geral as horas de serviço acumuladas no mês ou período de apuração contábil indicam a base para o faturamento da receita ao cliente. Segundo vão se acumulando as horas, vai também crescendo a receita numa base contínua de tempo decorrido. O valor da receita a reconhecer, necessariamente não é proporcional ao esforço realizado ou custos incorridos no mesmo período, mas diretamente proporcional ao tempo transcorrido ou horas gastas no serviço.
	De qualquer forma, o tempo transcorrido ou as horas de esforço que foram aplicadas, constituem o fator preponderante para reconhecimento da receita em períodos menores que o lapso de tempo necessário para completar o contrato ou serviço.
Produtos cuja produção é contratada para execução no longo prazo
	Nos casos de produção sob encomenda com prazo de fabricação longo (prédios, navios, etc.), é mais conveniente reconhecer, durante o transcurso do exercício financeiro (no final do período de apuração contábil) uma parcela da receita proporcional:
às etapas físicas de construção completadas (grau de acabamento); ou
aos custos incorridos no período de apuração.
Justifica-se tal comportamento, considerando-se que certamente os acionistas poderiam discordar de demonstrações contábeis que não revelassem nenhum lucro num exercício em que foi empregado muito esforço e foram gastos muitos recursos para obtenção de uma parte do acabamento do contrato total que permitirá um lucro final, com adequado grau de probabilidade.
A escolha do critério deve levar em conta conceitos teoricamente sustentáveis, especialmente considerando-se a comparabilidade por parte do usuário externo, de várias entidades que atuam no mesmo ramo.
Entidades que produzem produtos de longo período de maturação ou acabamento, tanto do ponto de vista teórico como prático, devem reconhecer a receita em proporção aos fatores considerados, observando as seguintes condições:
o preço total do produto é determinado por contrato ou por correção contratual de seu preço atual;
a incerteza quanto ao recebimento em dinheiro da transação é mínima ou a mesma pode ser bem estimada;
os custos necessários para completar a produção podem ser razoavelmente bem estimados.
Apura-se a receita a ser reconhecida em determinado exercício, dividindo-se os custos incorridos no mesmo pelos custos totais estimados do produto, sendo o resultado multiplicado pela receita de venda do produto completo o que resulta na receita a ser apropriada.
Em se tratando de etapa física de acabamento, calcula-se um percentual em relação ao grau de acabamento total que, da mesma maneira, é aplicado ao preço do produto totalmente acabado.
Reconhecimento da receita antes da transferência por valoração de estoques
	Existem produtos que têm um processo de produção que reúne características especiais, como crescimento natural ou acréscimo de valor vegetativo (entidades agropecuárias, mineradoras, produtoras de vinho, etc.), e outros cujo valor de mercado é possível determinar-se prontamente, e em que o risco de não venda praticamente não existe (mineração, lapidação de metais e pedras preciosas), os quais se pode, em circunstâncias bem determinadas, reconhecer receita antes do ponto de transferência ao cliente, observando-se as condições a seguir:
os estoques existentes no final do período contábil são avaliados com base no valor de realização naquele momento, quando objetivamente determinável, através de amplo consenso do mercado sobre o valor dos mesmos, deduzindo-se por estimativa o montante necessário para o acabamento e suporte de todas as despesas e custos a incorrer para venda efetiva do produto. Se o produto estiver totalmente acabado, deduzem-se as despesas para sua venda como produto final;
o processo para obtenção de lucro nessa atividade se caracteriza mais pela atividade física de nascimento, crescimento, envelhecimento ou outra, do que pela venda de entrega do bem.
Reconhecimento da receita após o período de transferência do produto ou serviço
	É possível reconhecer-se a receita após o ponto de transferência em alguns casos excepcionais como, por exemplo, um determinado ativo ser recebido em troca de uma venda realizada, o qual não tem valor reconhecido de mercado. Nestas circunstâncias, transfere-se o custo do ativo vendido para o ativo recebido em troca e quando esse último for vendido, reconhece-se um resultado.
Princípio do confronto das despesas com as receitas e com os períodos contábeis
Enunciado:Toda despesa diretamente delineável com as receitas reconhecidas em determinado período, com as mesmas deverá ser confrontada; os consumos ou sacrifícios de ativos (atuais ou futuros), realizados em determinado período e que não puderam ser associados à receita do período nem às dos períodos futuros, deverão ser descarregados como despesa do período em que ocorrerem...
A base de confronto são as receitas reconhecidas (ganhas) e as despesasincorridas (consumidas) no período.
Portanto, toda e qualquer despesa ou perda ocorrida num determinado período, deve ser confrontada com as receitas reconhecidas no mesmo período ou a ele atribuídas, com exceção de:
gastos de períodos em que a empresa é total ou parcialmente pré-operacional. Estes gastos são normalmente ativados e começam a serem amortizados como despesa a partir do exercício em que a empresa, ou parte do ativo, comece a gerar receitas;
parte dos gastos do departamento de pesquisa e desenvolvimento que superar o montante necessário para o funcionamento do mesmo, independentemente da quantidade de projetos em execução.
É importante ressaltar que todos aqueles gastos que foram diferidos e que não vierem a gerar receitas, terão seus valores descarregados como perda no período em que se confirmar a impossibilidade da geração de receita ou desmobilização do projeto.
Este princípio e o princípio de realização da receita em seu conjunto são conhecidos por Regime de Competência.
Convenções Contábeis (restrições aos Princípios)
Constituem um complemento dos Postulados e dos Princípios na medida em que lhes delimitam os conceitos, atribuições e direções que devem ser seguidos.
Convenção da Objetividade
Enunciado: Para procedimentos igualmente relevantes, resultantes da aplicação dos Princípios, preferir-se-ão, em ordem decrescente: a) os que puderem ser comprovados por documentos e critérios objetivos; b) os que puderem ser corroborados por consenso de pessoas qualificadas da profissão, reunidas em comitês de pesquisa ou em entidades que têm autoridade sobre princípios contábeis...
Em obediência a esta convenção, os contadores devem decidir em relação ao atributo ou evento que será mensurado, selecionando os procedimentos de mensuração adequados, a fim de garantir a confiabilidade das demonstrações contábeis.
Convenção da Materialidade ou Relevância
Enunciado:O contador deverá, sempre, avaliar a influência e materialidade da informação evidenciada ou negada para o usuário à luz da relação custo-benefício, levando em conta aspectos internos do sistema contábil...
No que se refere ao usuário da informação contábil, uma determinada cifra ou informação é material na medida em que se não evidenciada ou mal evidenciada, pode levá-lo a cometer um sério erro na avaliação do empreendimento e de suas tendências.
No âmbito interno, é material o procedimento ou cifra que se não for processado, prejudica a qualidade e confiabilidade do sistema de informação e do próprio controle interno.
Exemplo: Analisando-se as contas a receber, constata-se que em cerca de 12% dos casos apresentam-se pequenos erros. Mesmo que o valor dos erros é de pequena monta, o fato de se verificarem em 12% dos registros pode significar a existência de alguma falha grave no sistema o que os torna relevantes do ponto de vista da auditoria e de controle interno.
É relativamente difícil julgar sobre a materialidade ou não de uma cifra. Alguns critérios poderiam ser:
Quanto ao usuário externo, a evidenciação ou não de determinada cifra e a correta adoção ou não dos princípios contábeis, serão mais ou menos materiais quando se referirem:
a eventos que refletem tendências do empreendimento;
a eventos que afetam apenas um exercício.
Os valores correspondentes a receitas e despesas operacionais, normalmente são mais materiais, para efeitos de avaliação de tendência, do que possíveis ganhos e perdas ou efeitos de exercícios anteriores.
As cifras oriundas de mudanças de critérios usados no passado são consideradas materiais com relação à avaliação do usuário. A evidenciação é necessária nesses casos.
Naturalmente, o conceito da materialidade sempre considerará uma alta dose de julgamento e de bom senso do contador, em cada situação.
Convenção do Conservadorismo ou Prudência
Enunciado: Entre conjuntos alternativos de avaliação para o patrimônio, igualmente válidos, segundo os Princípios Fundamentais, a contabilidade escolherá o que apresentar o menor valor atual para o ativo e o maior para as obrigações...
O conservadorismo ou prudência em contabilidade, deve ser entendido sob dois aspectos:
Vocacional e histórico da profissão, segundo o qual, dentre várias disciplinas que avaliam, pelo menos em parte, o valor de uma empresa, a contabilidade é a que tenderia, consideradas as mesmas condições, a apresentar o menor valor.
Operacional que se refere ao fato de que considerados os amplos graus de julgamento que a aplicação dos Princípios permite empregar, a contabilidade tende a escolher a menor das avaliações igualmente relevantes para o ativo e a maior para o passivo.
Não se deve pensar em manipulação dos resultados contábeis, e sim considerar o aspecto de resguardo e neutralidade que a contabilidade deve apresentar. 
Convenção da Consistência ou Uniformidade
Enunciado:A contabilidade de uma entidade deverá ser mantida de forma tal que os usuários das demonstrações contábeis tenham possibilidade de delinear a tendência da mesma, com o menor grau de dificuldade possível...
O contador deverá refletir muito antes de decidir pela adoção de determinado procedimento de avaliação, para garantir a utilização dos mesmos procedimentos na maior seqüência possível de exercícios. Ressalta-se que se uma mudança de procedimento, que seja material se faz necessária, essa deve ser evidenciada em notas explicativas e seus efeitos, tanto em relação ao balanço quanto aos resultados, devem ser mensurados e bem enunciados. 
Em se tratando de avaliação de tendência do empreendimento, é fundamental que a consistência exista nos períodos abrangidos pelas demonstrações.
É difícil estabelecer regras precisas e matemáticas em relação à consistência e materialidade, o que exige um sólido conhecimento de teoria, por parte do contador, para que este possa escolher o melhor conjunto de procedimentos, em cada situação.
O Conselho Federal de Contabilidade emitiu em 29/12/93, a Resolução CFC nº 750 que dispõe sobre os Princípios Fundamentais de Contabilidade, tornando obrigatória sua observância no exercício profissional e constituindo condição de legitimidade das Normas Brasileiras de Contabilidade.
Igualmente ressalta que na aplicação destes princípios a situações concretas, a essência da transação deve prevalecer sobre seus aspectos formais (essência x forma).
Segundo o CFC os Princípios Fundamentais de Contabilidade, são:
da Entidade
da Continuidade
da Oportunidade
do Registro pelo valor original
da Atualização Monetária (revogado)
da Competência
da Prudência

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