Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
www.cers.com.br OAB XIX EXAME DE ORDEM Direito Penal Geovane Moraes e Ana Cristina Mendonça 1 RESPOSTA À ACUSAÇÃO ► INTRODUÇÃO O presente assunto é um dos mais importantes nas provas da OAB, seja pela grande incidência em questões práticas ou pela vasta quantidade de assuntos que envolve, o que também faz com que ele seja bem explorado em provas discursi- vas. Iremos abordar primeiramente a resposta à acu- sação no rito comum ordinário e sumário, men- cionando todas as peculiaridades desta peça de defesa. Posteriormente, iremos abordar a res- posta à acusação no rito do tribunal do júri de forma isolada, tendo em vista as suas particula- ridades. ► MOMENTO EM QUE OCORRE A RES- POSTA À ACUSAÇÃO A resposta à acusação é o procedimento a ser adotado após o recebimento da denúncia ou da queixa, onde o acusado deve, no prazo de 10 dias, arguir, se for o caso, matéria preliminar, ou seja, toda e qualquer falha de natureza proces- sual apresentada na peça acusatória, objeti- vando induzir a uma possível absolvição sumá- ria ou motivar exceções. Além disso, na res- posta à acusação o réu deverá alegar tudo o que interesse a sua defesa, oferecer documentos e justificações, especificar as provas pretendidas e arrolar testemunhas, qualificando-as e reque- rendo sua intimação, quando necessário. Ou seja, procuram-se três elementos para haver a resposta à acusação: ter havido denúncia ou queixa, esta ter sido recebida e o réu ter sido ci- tado. Vale lembrar que a resposta à acusação é uma peça OBRIGATÓRIA, ou seja, se ela não for feita o processo não anda, havendo nulidade por afronta ao princípio da ampla defesa e do con- traditório. A antiga defesa prévia era antes um ato meramente formal, mas com as mudanças ocorridas em 2008, mais precisamente com a o advento da Lei nº 11.719 de 2008, regra geral, a resposta à acusação é a única oportunidade de apresentar TODA a tese de defesa por escrito, pois os memoriais, via de regra, são realizados de forma oral, sendo exceção a apresentação desta última peça por escrito. Tamanha é a importância da resposta à acusa- ção que caso ela não seja apresentada no prazo legal, ou se o acusado, citado, não constituir de- fensor, o próprio juiz nomeará um defensor para oferecê-la, concedendo-lhe vista dos autos por 10 dias, nos termos do art. 396-A, § 2º, do CPP. Caso a resposta à acusação seja feita pela de- fensoria pública o prazo DOBRA, pois a lei que instituiu a defensoria pública previu este benefí- cio, nos termos da Lei Complementar nº 80/94, art. 44, I, art. 89, I e art. 128, I. O prazo de 10 dias da resposta à acusação ini- cia-se a partir da citação, valendo salientar que é um prazo contado de forma processual. ► CONTEÚDO DA RESPOSTA À ACUSAÇÃO A resposta à acusação é a oportunidade que o réu possui de apresentar, por escrito, toda a sua matéria de defesa, razão pela qual o candidato deve ter um bom domínio acerca de quais maté- rias podem ser alegadas nesta peça. ► FUNDAMENTAÇÃO DA RESPOSTA À ACUSAÇÃO NO RITO ORDINÁRIO, SUMÁRIO E SUMARÍSSIMO A Resposta à Acusação tem seu fundamento nos artigos 396 e 396-A do Código de Processo Penal. ► DEMAIS INFORMAÇÕES SOBRE RES- POSTA À ACUSAÇÃO 1ª) Oferecimento de documentos e requeri- mento de produção de provas: Deve haver uma solicitação formal de juntada de documentos como certidões, alvarás e atestados, bem como de produção de provas que a defesa julgue ne- cessário (exame de corpo de delito, acareações, busca e apreensões, entre outros). 2ª) Oferecimento de justificações: Estas justifi- cações nada mais são do que a arguição de pos- síveis excludentes de ilicitude, previstos no ar- tigo 23 do CP que acarretarão a absolvição su- mária nos termos do art. 397, I, do CPP. Ex: Se a defesa entender que no caso analisado existe um estado de necessidade, causa de exclusão de ilicitude e consequentemente, do crime, deve arguir já na resposta à acusação, como forma de tentar forçar a absolvição sumária. www.cers.com.br OAB XIX EXAME DE ORDEM Direito Penal Geovane Moraes e Ana Cristina Mendonça 2 3ª) Arrolar testemunhas e qualificá-las: Devem ser listadas todas as testemunhas e obrigatoria- mente qualificadas, mediante indicação de to- dos os elementos de identificação possíveis destas. Não se admite arrolamento de testemu- nhas sem a devida qualificação. OBSERVAÇÃO O requerimento de intimação das testemu- nhas não é obrigatório, podendo estas serem arroladas independentemente de intimação. Todavia, recomenda-se fazer o pedido de ex- pedição de intimação. Caso não tenham sido intimadas e não compareçam para serem ou- vidas, as testemunhas não poderão ser con- duzidas coercitivamente, nem substituídas por outras, o que pode prejudicar substancial- mente a defesa. OBSERVAÇÃO Rito ordinário até 8 testemunhas por parte e por acusado (art. 401 CPP); Rito sumário até 5 testemunhas por parte e por acusado (art. 532 CPP). MUITO IMPORTANTE A resposta à acusação, sempre que possível, deve tentar levar a uma absolvição sumária, de- vendo este pedido ser explícito na peça. ► RESPOSTA À ACUSAÇÃO NO JUIZADO ESPECIAL CRIMINAL Nos Juizados Especiais Criminais (art. 81 da Lei 9.099/95), a resposta à acusação é feita oral- mente, nada impedindo que haja a sua feitura por meio escrito. Novamente, vale lembrar que a resposta à acusação é obrigatória, se ela não for feita o processo não anda havendo nulidade por afronta ao princípio da ampla defesa. A an- tiga defesa prévia era antes um ato meramente formal, mas com as mudanças ocorridas em 2008, regra geral, a resposta à acusação e a única oportunidade de apresentar a tese de de- fesa por escrito, pois as alegações finais, via de regra, são realizadas de forma oral, e a exceção é que ela seja realizada por escrito. ► RESPOSTA À ACUSAÇÃO PARA OS CRI- MES PREVISTOS NA LEI DE LICITAÇÃO A resposta à acusação, é possível ainda, na Lei 8.666/93 que institui normas para a licitação e contratos. O art. 104 da referida lei prevê o cabi- mento da Resposta à acusação, no prazo de 10 dias, contados do interrogatório do acusado. ► RESPOSTA À ACUSAÇÃO PARA OS CRI- MES PREVISTOS NO CÓDIGO ELEITORAL O Código Eleitoral traz, em seu artigo 359, pará- grafo único, a possibilidade de apresentação da Resposta à Acusação para os crimes previstos no Código Eleitoral – Lei nº 4.737/65, e deverá ser apresentada em 10 dias. Destaca-se que, o mencionado dispositivo traz a expressão “alegações escritas”. Assim, caso o tema seja abordado na peça prático-profissio- nal, recomenda-se escrever RESPOSTA À ACUSAÇÃO, com fundamento no artigo 359, parágrafo único do Código Eleitoral. Todavia, se for cobrado em uma questão discursiva, reco- menda-se a utilização do termo descrito no Có- digo Eleitoral, qual seja, ALEGAÇÕES ESCRI- TAS. ► RESPOSTA À ACUSAÇÃO NO RITO DO TRIBUNAL DO JÚRI A resposta à acusação no rito do Tribunal do júri segue a mesma lógica da resposta à acusação no rito ordinário e sumário, devendo ser reali- zada no prazo de 10 dias a contar da citação do acusado ou do momento que este ou seu defen- sor constituído, comparecer em juízo, em casos de citação inválida ou feita por edital. Não sendo procedida esta resposta, o juiz nomeará defen- sor para oferece-la, no prazo de 10 dias, conce- dendo-lhe vista aos autos. Os artigos que funda- mentam a resposta à acusação no rito do júri são 406 a 408 do Código de Processo Penal. Um ponto de suma importância no rito do Tribu- nal do Júri diz respeito ao pedido que poderá ser feito neste rito, tendo em vista que, além das matérias tratadas na resposta à acusação do rito comum ordinário e sumário que poderá ser ob- jeto de pedido também no rito do tribunal do júri, quandose pretender tratar do mérito já na res- posta à acusação no rito do tribunal do júri, o pe- dido poderá ser de: Absolvição Sumária – Neste caso utiliza-se por analogia as hipóteses de absolvição sumária constantes no art. 397 do CPP, tendo em vista www.cers.com.br OAB XIX EXAME DE ORDEM Direito Penal Geovane Moraes e Ana Cristina Mendonça 3 que NÃO existe um artigo específico que trate destas hipóteses de absolvição no rito do tribu- nal do júri. Ou seja, embora não exista previsão em lei a manifestação da absolvição sumária, no rito do júri, atualmente muitos doutrinadores de- fendem a tese de que a defesa deve adentrar, em alguns casos, no mérito da questão, já na resposta à acusação, objetivando a decretação da absolvição sumária. A hipótese prevista no art. 415 do CPP, apesar de conter o mesmo nome, trata-se de absolvição sumária diversa da tratada em sede de resposta à acusação. Sobre esse artigo falaremos nos memoriais. ► RESPOSTA À ACUSAÇÃO X DEFESA PRÉVIA (OU PRELIMINAR) RESPOSTA À ACUSAÇÃO = é o nome da peça no Rito comum ordinário, rito comum sumário e no rito do tribunal do júri. Ela ocorre com o pro- cesso penal já em curso, ela ocorre após o início do processo, este começa com o RECEBI- MENTO da peça acusatória. Ela é considerada de natureza PROCESSUAL e tem como objetivo promover a absolvição sumária do réu. Ela é considerada obrigatória e caso NÃO seja apre- sentada deverá ser nomeado um defensor pú- blico para a sua realização, sob pena de nuli- dade absoluta do processo pelo cerceamento de defesa. DEFESA PRELIMINAR = é feita ANTES do re- cebimento da peça acusatória, sendo de natu- reza PRÉ-PROCESSUAL, não é considerada obrigatória e tem como objetivo que a ação pe- nal não se inicie. ► ARGUIÇÃO DAS PRELIMINARES Nas preliminares, deve-se fazer o levantamento de todas as falhas técnicas, de natureza proces- sual, que possam existir na peça de acusação, como a ausência de justa causa, a inépcia da peça acusatória, falta de interesse processual da ação, crime prescrito, fato atípico, dentre ou- tros. Lembrando que não se deve entrar no mérito propriamente dito da defesa, mas apenas discu- tir questões formais ou técnicas. Existe uma sequência a ser seguida para a ale- gação das preliminares, vejamos: 1. ART. 107 CP – CAUSAS EXTINTIVAS DE PUNIBILIDADE No caso de existir uma causa de extinção da pu- nibilidade não era para sequer ter havido ação penal, razão pela qual elas devem ser arguidas preliminarmente. OBSERVAÇÃO Se o caso for de queixa-crime deve-se verifi- car se houve decadência ou perempção (art. 60 do Código de Processo Penal), pois se ale- gará em preliminar da resposta à acusação a ocorrência destes institutos. Normalmente em queixa-crime, é muito comum haver a existên- cia de uma preliminar desta natureza, como a renúncia ao direito de queixa, o perdão, pe- rempção, etc. 2. ART. 109 CP – PRESCRIÇÃO Deve-se ficar atento para verificar se já houve a prescrição do crime que foi supostamente prati- cado pelo réu, pois a prescrição é outra causa extintiva da punibilidade prevista no art. 107, IV e 109 do Código Penal. São cinco tipos de pres- crição: Prescrição da Pretensão Punitiva (PPP), Prescrição Intercorrente (PI), Prescrição Retro- ativa (PR), Prescrição Superveniente (PS) e Prescrição da Pretensão Executória (PPE). OBSERVAÇÃO PPP = prescrição da pretensão punitiva (pela pena em abstrato) PI = prescrição intercorrente ou processual, que ocorre durante o curso do processo (pela pena em abstrato) PPE = prescrição da pretensão executória (após o trânsito em julgado, pela pena em concreto) Ainda em relação à prescrição, deve-se ter cui- dado com as hipóteses em que o prazo prescri- cional é reduzido pela metade, nos termos do art. 115 do Código Penal. Como no caso de o réu ser menor de 21 anos a data do crime ou maior de 70 anos de idade na data da sentença. Lembrando que, segundo atual posicionamento jurisprudencial, o Estatuto do Idoso NÃO alterou o prazo prescricional previsto no art. 115 do CP, www.cers.com.br OAB XIX EXAME DE ORDEM Direito Penal Geovane Moraes e Ana Cristina Mendonça 4 razão pela qual ainda prevalece que o réu de- verá ter 70 anos de idade na data da sentença para poder se beneficiar da redução do prazo prescricional. OBSERVAÇÃO A prescrição, via de regra, tem sua contagem iniciada na data do fato (data da consumação do crime), contudo, devemos estar atentos às seguintes hipóteses: Tentativa: do dia em que cessou a tenta- tiva, ou seja, da data do último ato de exe- cução. Crimes permanentes: do dia em que ces- sou a permanência. Se cessar após o rece- bimento da denúncia ou após a data da pri- são do agente, o dies a quo será a data do recebimento da inicial ou da prisão, respec- tivamente. Crimes continuados: trata-se de ficção jurí- dica de crime único, não havendo termo ini- cial de contagem do prazo para cada crime, o que interessa é o último ato. Crimes qualificados pelo resultado: do dia em que se produziu o resultado mais grave. Crimes de bigamia e falsificação do regis- tro civil: do dia em que o fato se tornou co- nhecido pela autoridade. Crimes contra a dignidade sexual de crian- ças e adolescentes: da data em que a vítima completar 18 (dezoito) anos, salvo se a esse tempo já houver sido proposta ação penal, aos crimes cometidos após a entrada da Lei nº 12.650/12. 3. ART. 564 CPP – NULIDADES O art. 564 do Código de Processo Penal lista to- das as nulidades, só que na resposta à acusa- ção e memoriais elas são essenciais, valendo lembrar as seguintes nulidades de suma impor- tância contidas neste artigo: I – Incompetência, suspeição e suborno: A alegação deste tipo de nulidade está intima- mente ligada ao assunto “Exceções”, previsto no art. 95 do CPP. Ela é uma peça processual a ser usada quando a peça acusatória deveria ter sido rejeitada, mas foi recebida. Vamos supor que existia uma falha técnica da ação, porém mesmo sendo caso de rejeição liminar, o juiz acaba re- cebendo a denúncia ou queixa. Neste caso, será cabível a exceção prevista no art. 95 CPP, pois houve falha no recebimento da peça acusatória. OBSERVAÇÃO A regra é que as matérias das exceções se- jam apresentadas de forma apartada e AN- TES da resposta à acusação ou SIMULTANE- AMENTE a esta. Entretanto, como a peça de exceções dificil- mente será cobrada de forma isolada em uma questão prática da OAB, vem se admitindo a alegação de toda a matéria das exceções na própria resposta à acusação e em sede de preliminar. Vale lembrar que o rol das exceções é TAXA- TIVO. Regra geral, existindo uma das hipóte- ses do art. 95 será cabível a exceção, porém se não for qualquer das hipóteses do art. 95 não caberão exceções. Estas exceções subdividem-se em duas es- pécies: • Dilatórias – quando não buscam o encerra- mento do processo, mas apenas a sua regu- larização; • Peremptórias – quando buscam o encerra- mento do processo sem apreciação do mérito; As principais exceções são as seguintes: • Suspeição – dilatória • Impedimento – dilatória • Incompetência – dilatória • Litispendência – peremptória • Coisa Julgada – peremptória • Ilegitimidade da parte – peremptória a) Suspeição e impedimento: O STF já se ma- nifestou no sentido de que o tratamento proces- sual do reconhecimento das suspeições será o mesmo na hora que identificar o impedimento. Isso não está previsto na lei, é jurisprudencial. A suspeição vai se manifestar quando, no caso concreto, tiver alguma circunstância que irá aba- lar, principalmente, a imparcialidade do magis- trado. O impedimento é notório, taxativo. Alémwww.cers.com.br OAB XIX EXAME DE ORDEM Direito Penal Geovane Moraes e Ana Cristina Mendonça 5 disso, a exceção de suspeição ou impedimento pode ser alegada contra os demais serventuá- rios da justiça. Ex. Juiz e MP ambos casados com parceiros diferentes, foram pegos na praia tomando uma cerveja juntos, mesmo que nada exista entre eles é colocada em suspeição a im- parcialidade do julgamento. b) Incompetência do juízo: Importante desta- car que na hipótese de incompetência do juízo, muitas vezes, as questões trazem as competên- cias da justiça federal, art. 109, incisos IV, V, V- A, VI, VII, IX, X, XI da Constituição Federal. I – os crimes políticos, previstos na Lei nº 7170\83; II – as infrações penais praticadas em detri- mento de bens, serviços ou interesse da União ou de suas entidades autárquicas ou empresas públicas, excluídas as contravenções e ressal- vada a competência da Justiça Militar e da Jus- tiça Eleitoral; Ex. Estelionato previdenciário praticado contra o INSS, ele está no art. 171, parágrafo 3º, do CP, havendo o aumento de pena de 1/3. Neste sen- tido temos a Súmula 24 do STJ. Ex.2: Falsificação de moeda é crime sujeito à justiça federal, pois toda emissão de papel mo- eda é de competência da justiça federal. Ex.3: Crimes contra o sistema financeiro. III – os crimes previstos em tratado ou conven- ção internacional, quando, iniciada a execução no País, o resultado tenha ou devesse ter ocor- rido no estrangeiro, ou reciprocamente; Tem os crimes transnacionais que são aqueles que começam a execução em um país e termina em outro, ele se inicia dentro ou fora do Brasil e deve terminar fora ou dentro do Brasil. Ex. Tráfico internacional de seres humanos. IV – as causas relativas a direitos humanos (EC 45\2004) Nas hipóteses de grave violação de direitos hu- manos, o Procurador-Geral da República, com a finalidade de assegurar o cumprimento de obri- gações decorrentes de tratados internacionais de direitos humanos dos quais o Brasil seja parte, poderá suscitar, perante o Superior Tribu- nal de Justiça, em qualquer fase do inquérito ou processo, incidente de deslocamento de compe- tência para a Justiça Federal. V – os crimes contra a organização do trabalho; Nos crimes contra a organização do trabalho, ou seja, os crimes que ofendam interesse coletivo da organização do trabalho ou o interesse cole- tivo e geral dos trabalhadores. NA REGRA GE- RAL os crimes contra a organização do trabalho são de competência da Justiça Estadual, salvo se tiver interesse coletivo envolvido, que a com- petência será da justiça federal, como o art. 204 e art. 206 do Código Penal. VI – crimes contra o sistema financeiro e a or- dem econômico-financeira, nos casos previstos na Lei nº 7492\86; Todos os crimes contra o sistema financeiro na- cional (Lei 7.492/86) são de competência da jus- tiça federal, por expressa disposição do art. 26 da referida lei, sendo a ação penal pública in- condicionada intentada pelo Ministério Público federal perante a justiça federal. Nos crimes contra a Ordem Tributária a compe- tência somente será da justiça federal se houver ofensa à competência de tributo da UNIÃO, nos demais casos, se o tributo for estadual ou muni- cipal a competência será da justiça COMUM, como bem prevê o art. 1 a 3º da Lei nº 8.137/1990. VII – os “habeas-corpus”, em matéria criminal de sua competência ou quando o constrangimento provier de autoridade cujos atos não estejam di- retamente sujeitos a outra jurisdição; VIII – os crimes cometidos a bordo de navios ou aeronaves, ressalvada a competência da Jus- tiça Militar; Deve-se levar em consideração apenas navios ou aeronaves de carga e passageiro de grande porte, capazes de fazer viagens internacionais se necessário. Logo, não é todo e qualquer crime cometido a bordo de navios ou aeronaves que será de competência da justiça federal. IX – os crimes de ingresso ou permanência irre- gular de estrangeiro; www.cers.com.br OAB XIX EXAME DE ORDEM Direito Penal Geovane Moraes e Ana Cristina Mendonça 6 X – cumprimento de cartas rogatórias, após exame e expedição do STJ; XI – aplicação de sentença estrangeira, após ho- mologação do STJ; XII – crimes contra comunidades e direitos cole- tivos dos indígenas; NÃO é todo crime contra indígena que é da com- petência da justiça federal, apenas os crimes que ofendam interesses coletivos ou difusos dos índios é que são da competência da justiça fe- deral, se houver interesse individual de indígena envolvido, neste caso a competência será da justiça estadual, conforme súmula 140 do STJ. OBSERVAÇÃO ► Justiça Federal – cabe processar e julgar crimes cometidos contra funcionários públicos federais, no exercício de suas funções (Sú- mula 145 do STJ) ► Justiça Estadual – na regra geral, cabe pro- cessar e julgar crimes praticados por funcio- nários públicos federais, ainda que no exercí- cio da função, caso estes crimes sejam da al- çada estadual; ► Crimes contra a fauna – a competência de- penderá do local em que foi praticado o crime; sendo área de proteção ambiental da união, a competência será da Justiça Federal (Súmula 91 do STJ foi revogada). ► Tráfico de Drogas – regra geral será a com- petência da Justiça Estadual (Súmula 522 do STF) ► Crimes contra ou praticados por indígenas – regra geral será competente a Justiça Esta- dual (Súmula 140 do STJ): ► Falsificação e uso de documento relativo à autarquia federal – competência será da jus- tiça federal, ainda que o documento seja utili- zado em empresa ou instituição privada. No caso de crimes políticos (Lei de Segurança Nacional – Lei nº 7170/1983), a competência será da Justiça Federal e o 2º Grau de jurisdi- ção será o STF, em recurso ordinário (CF, art. 102, II, b). OBSERVAÇÃO Competência do Tribunal do Júri - Compete julgar os crimes dolosos contra a vida, tenta- dos ou consumados. Cuidado com as cascas de banana: A competência por prerrogativa da função, desde que estabelecida na Constituição Fe- deral, prevalece sobre a competência do júri (STF, HC 83.543/PE, 2ª T, Rel. Ellen Gracie, 2004). Ex. Presidente da república em infra- ções penais comuns tem prerrogativa de foro no STF, se ele vem a matar uma pessoa não será julgado pelo Tribunal do Júri e sim pelo STF. CUIDADO! Quando a prerrogativa de função for estabelecida EXCLUSIVAMENTE na Constituição Estadual, será competência do Tribunal do Júri e NÃO prevalecerá o foro por prerrogativa de função, nos termos da súmula 721 do STF. OBSERVAÇÃO Prefeito pode ser julgado pelo TJ ou TRF a depender de o crime ser da alçada estadual ou federal, além disso, o prefeito é julgado pelo Tribunal a que ele tiver o mandato, mesmo que o crime tenha sido cometido fora do município a que ele tem mandato, nos ter- mos da Súmula 702 do STF. Ex. Prefeito – PE que comete homicídio con- tra fiscal do ministério do trabalho quando este estava fazendo investigação do crime de redução à condição análoga de escravo, sendo julgado na justiça comum. Neste caso, entra-se com exceção de incompetência, pois o crime foi contra funcionário público federal em detrimento das razões que ele exerce e a competência é da Justiça Federal. OBSERVAÇÃO A história do assalto ao Banco do Brasil e o processo está na Justiça Federal, caberá ex- ceção de incompetência, pois o Banco do Bra- sil é SOCIEDADE DE ECONOMIA MISTA e a www.cers.com.br OAB XIX EXAME DE ORDEM Direito Penal Geovane Moraes e Ana Cristina Mendonça 7 competência é da JUSTIÇA ESTADUAL (Sú- mula 42 do STJ). OBS.: Se o crime for cometido contra a CAIXA ECONÔMICA FEDERAL a competência seráda JUSTIÇA FEDERAL. c) Exceção de coisa julgada: Importante saber duas coisas: 1ª) Da sentença que decreta a extinção da puni- bilidade com base em certidão de óbito falsa não caberá exceção de coisa julgada, pois a sen- tença não fará coisa julgada. Só caberá a alega- ção da exceção caso o juiz, quando da certidão de óbito acostada aos autos, não realizar o pro- cedimento necessário para a averiguação da ve- racidade da informação. 2º) Não pode arguir exceção de coisa julgada em inquérito policial, pois este é mero procedi- mento administrativo. d) Exceção de ilegitimidade da parte: Ocorre quando a ação penal é mal feita, pois era para ter havido rejeição liminar da denúncia em face da ilegitimidade da parte, mas a denúncia aca- bou sendo recebida, mesmo não tendo a parte legitimidade para ingressar com a ação penal pública ou privada. II – Ilegitimidade da parte É outra nulidade que poderá ser arguida em sede de preliminar, sendo ela esclarecida no item anterior, quando da abordagem do assunto exceção de ilegitimidade da parte. III – Por falta das fórmulas ou dos termos se- guintes É bastante comum a ocorrência das seguintes nulidades referentes a este ponto: Ausência do exame de corpo de delito nos cri- mes que deixam vestígios. Deve ser observado o art. 158 do CPP, tendo em vista que nos cri- mes que deixam vestígios o exame de corpo de delito é obrigatório, sob pena da alegação da nu- lidade ora mencionada. Cuidado com a Jurisprudência do STJ refe- rente ao estupro! Segundo o STJ, nos crimes que deixam vestígios é indispensável o exame de corpo de delito, salvo o de estupro, pois este pode ser demonstrado de outros meios. O Tribu- nal leva em consideração que o exame de corpo de delito no estupro é altamente invasivo e não é razoável obrigar a realização do exame de corpo de delito. Logo, no caso especifico do es- tupro não se deve arguir a nulidade referida. Ausência de intervenção do MP nos casos em que for necessário. Esta hipótese ocorre muito na ação penal privada subsidiária da pública. Quando o juiz recebe este tipo de ação o pro- cesso é baixado e deve o MP se habilitar no pro- cesso. Neste caso o MP poderá aditar a queixa em 3 dias ou oferecer denúncia substitutiva, se ele não o fizer no prazo de 3 dias o juiz irá pre- sumir que não há o que ser editado. No caso acima ou o MP se habilita ou irá haver nulidade, ou seja, deve haver a intervenção do MP sob pena de nulidade. Essas são as hipóteses mais frequentes em prova. Mas, deve ser feita a leitura do artigo 564 do Código de Processo Penal para conhecer as demais hipóteses. 4. ART. 23 CP – CAUSAS DE JUSTIFICAÇÃO (EXCLUDENTES DE ILICITUDE DO FATO) Na Resposta à Acusação, o art. 396-A do CPP fala de justificações – nada mais são do que as hipóteses de exclusão de ilicitude do Art. 23 CP, que devem ser alegadas em preliminar. Se não há crime em decorrência de uma excludente de ilicitude NÃO era para ter havido sequer pro- cesso. 5. TODO E QUALQUER OUTRO DEFEITO QUE LEVARIA A OCORRÊNCIA DE REJEI- ÇÃO LIMINAR NA PEÇA ACUSATÓRIA. Nesse caso, argui-se não só o art. 395 do Có- digo de Processo Penal já abordado anterior- mente, como toda e qualquer falha processual que venha a ocorrer durante o processo que de- veria ter ocasionado a rejeição liminar da inicial acusatória. DICAS IMPORTANTES Da rejeição liminar da denúncia ou da queixa cabe recurso em sentido estrito – RESE (recurso este que será abordado em um capítulo especí- fico), nos termos do art. 581, I, do CPP. Quando intenta com o RESE e o recurso for provido deve-se ter cuidado para não haver supressão de instância. Neste caso o órgão recursal pede para que o processo volte para o primeiro grau www.cers.com.br OAB XIX EXAME DE ORDEM Direito Penal Geovane Moraes e Ana Cristina Mendonça 8 e que a denúncia ou queixa seja recebida, o tri- bunal devolverá o feito para o juiz singular rece- ber a ação. O efeito do RESE neste caso é de- volutivo, pois o órgão recursal cabe a reanálise da matéria. Haverá supressão de instância quando o órgão recursal superior analisa o mé- rito sem que o órgão de primeiro grau tenha se manifestado, o órgão de 2º grau não pode ana- lisar o que era para ser analisado pelo órgão de 1ª instancia. Resumidamente: caso o magis- trado rejeite liminarmente a denúncia ou a queixa, com base no art. 395 do CPP, esta não poderá ser recebida pelo Tribunal, no lugar do Juiz, pois estaria configurada supressão de ins- tância. Ex: O juiz rejeita liminarmente a queixa por en- tender ser ela inepta – caso o Tribunal dê provi- mento ao recurso, devem os autos retornar a ori- gem, para que o magistrado proceda ao recebi- mento, sob pena de ocorrer supressão de ins- tância. Caso o juiz rejeite a denúncia ou a queixa com base em qualquer outro fundamento que não os listados no art. 395 do CPP, poderá o Tribunal receber a peça acusatória, nos exatos termos da súmula 709 do STF. OBSERVAÇÃO Cada preliminar deve estar em um parágrafo, cada uma delas deve ser justificada normati- vamente, em lei, e, além disso, não irá apro- fundar as discussões de mérito. As prelimina- res são de natureza técnica processual, há in- dicação da falha e no mérito é que serão apre- sentadas as teses que foram levantadas nas preliminares. ATENÇÃO! Esta sequência indicada pelos pro- fessores para a arguição das preliminares (check list) é apenas para facilitar, durante a prova, a localização das principais possibilida- des de preliminares possíveis de serem cobra- das em sua prova. Assim sendo, caso o aluno escreva em ordem diversa da indicada, não es- tará incorreto. www.cers.com.br OAB XIX EXAME DE ORDEM Direito Penal Geovane Moraes e Ana Cristina Mendonça 9 ESTRUTURA DA RESPOSTA À ACUSAÇÃO Endereçamento: EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ DE DIREITO DA ____ VARA CRIMINAL DA COMARCA DE ___________ (Regra Geral) EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ FEDERAL DA ____ VARA CRIMINAL DA SEÇÃO JUDICIÁ- RIA DE ___________ (Crimes da Competência da Justiça Federal) EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ DE DIREITO DA ____ VARA DO TRIBUNAL DO JÚRI DA COMARCA DE ________________ (Competência do Tribunal do Júri – regra geral) EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ FEDERAL DA ____ VARA DO TRIBUNAL DO JÚRI DA SE- ÇÃO JUDICIÁRIA DE _________________ (Crimes da Competência da Justiça Federal) EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ DE DIREITO DA ___ ZONA ELEITORAL DA COMARCA DE ____ (crimes eleitorais – regra geral) Porém, se a comarca for a CAPITAL do Estado coloque: EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ DE DIREITO DA ____ VARA CRIMINAL DA COMARCA DE ________ CAPITAL DO ESTADO DE __________ EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ DE DIREITO DO ____ JUIZADO ESPECIAL CRIMINAL DA COMARCA _____________________ (Endereçamento no Juizado Especial:) Processo número: Coloque 4 dedos ou 3 dedos de espaçamento após o processo número para começar a qualificação, desde que quando for colocar o rol de testemunhas colocar o mesmo espaçamento, também de 4 ou 3 dedos. Este dado já facilitará a qualificação, pois ela será de forma mais resumida, uma vez que se foi indicado o processo e pode-se fazer referência as folhas do processo. Qualificação: (Fazer parágrafo) Nome, já qualificado nos autos do processo às folhas (), por seu advogado e bastante procurador que a esta subscreve, conforme procuração em anexo, vem, muito respeitosamente a presença de Vossa Excelência, apresentar com fundamento nos artigos 396 e 396–A (OU artigo 406 – No caso de Tribunal do Júri) do Código de Processo Penal (não colocar abreviatura) a sua (sem saltar linhas) RESPOSTA À ACUSAÇÃO pelos motivos de fato e de direito a seguir aduzidos. (Pula-seuma linha) 1. Dos Fatos O candidato deve externar os fatos de forma sucinta. Não copie igual aos fatos, se a questão deu 20 linhas para os fatos devem-se usar menos linhas, umas 10, por exemplo. Deve-se fazer uma síntese, trazer os fatos de forma resumida. Os períodos devem ser sempre curtos, 5 ou 6 linhas. Recomenda-se primeiro narrar os fatos e depois arguir as preliminares no próximo ponto, tendo em vista que é melhor primeiro mencionar os fatos para depois se arguir eventuais defeitos decorrentes dos fatos. 2. Das Preliminares Buscam-se falhas, defeitos que possam inviabilizar a defesa. NÃO se deve entrar no MÉRITO. Nas alegações das preliminares basta fazer um parágrafo apontando a preliminar, esta é uma indicação inicial de um erro, de um equívoco existente no processo. Ela é uma indicação de ordem técnica, devendo mencionar o fundamento legal. DICA! Indique as preliminares na sequência a seguir: www.cers.com.br OAB XIX EXAME DE ORDEM Direito Penal Geovane Moraes e Ana Cristina Mendonça 10 Como já foi explicado existe uma sequência a ser seguida. Abra os artigos na seguinte ordem: 1º) Art. 107 CP – Causas extintivas de punibilidade. 2º) Art. 109 CP – Prescrição 3º) Art. 564 CPP – Nulidades 4º) Art. 23 CP – Causas de exclusão de ilicitude. 5º) Deve-se buscar todo e qualquer outro defeito que levaria a ocorrência rejeição liminar da peça acusató- ria. OBS.: Com já foi dito, as preliminares são apenas mencionadas, no mérito é que se poderá apro- fundar alguma tese das preliminares, como no caso da preliminar de exclusão da ilicitude. 3. Do Mérito Deve-se alegar o que mais salta aos olhos, devendo demonstrar conhecimento. Se nas preliminares citou-se o instituto jurídico, como, por exemplo, legitima defesa, deve discorrer sobre os requisitos da legitima defesa. Deve-se discorrer sobre os institutos demonstrando os requisitos do instituto. Toda vez que falar de uma preliminar deve-se falar no mérito sobre ela em um parágrafo. Deve-se mencionar de forma geral, segundo a melhor doutrina, ou segundo o entendimento da dou- trina dominante, ou conforme o entendimento dos tribunais superiores. OBS.: Ao elaborar sua tese de defesa tente sempre demonstrar a necessidade de absolvição su- mária do réu. DICAS! • Sempre quando for discutir o mérito deve-se discorrer sobre o instituto de direito penal já demonstrando que em cada elemento do instituto há o enquadramento deste no caso concreto. Faça períodos sempre curtos, no máximo de 5 ou 6 linhas. • Deve-se explorar bem a tese principal. • Entretanto vale ressaltar que no mérito também se deve mencionar as preliminares que já foram suscita- das, comentando-as de forma mais resumida do que a tese principal. 4. Dos Pedidos • PEDIDO PRINCIPAL = ABSOLVIÇÃO SUMÁRIA. (Fazer parágrafo – regra dos dois dedos) Diante de todo exposto, requer-se a Vossa Excelência que decrete a absolvição sumária do acusado, nos termos do art. 397 do Código de Processo Penal – indicar o inciso correspondente (Rito do Júri – peça também a absolvição sumária, mencionando também o art. 397 do CPP) como medida de preservação da mais lídima justiça. Vale transcrever o art. 397 do CPP: Art. 397. Após o cumprimento do disposto no art. 396-A, e parágrafos, deste Código, o juiz devera absolver sumariamente o acusado quando verificar: I – a existência manifesta de causa excludente da ilicitude do fato; II – a existência manifesta de causa excludente da culpabilidade do agente, salvo inim- putabilidade; ► O caso foi de isenção de pena do cliente em decorrência da exclusão da culpabilidade. Ex. Sujeito estava submetido à coação moral irresistível art. 22 do CP. Ex. Estrito cumprimento de superior hierárquico a ordem não manifestamente ilegal. Ex. Inexigibilidade de conduta diversa. OBS.: Salvo a hipótese de inimputabilidade, neste caso o sujeito é “louco”, nos termos do art. 26 do CP, o sujeito era inteiramente incapaz de entender o caráter ilícito do fato ou de comportar-se de acordo com este entendimento. Neste caso NÃO se pode fundamentar a inimputabilidade no pedido de absolvição su- mária, pois ele é doente mental, devendo receber medida de segurança. www.cers.com.br OAB XIX EXAME DE ORDEM Direito Penal Geovane Moraes e Ana Cristina Mendonça 11 III – que o fato narrado evidentemente não constitui crime; ou Ex. Contaram a história de algum que cometeu crime de dano contra o próprio patrimônio Ex. Pessoa é acusada de invadir o próprio domicilio. IV – extinta a punibilidade do agente. DICAS! • Absolvição Sumaria do art. 397 CPP – é para os crimes do Rito Ordinário. Esta absolvição sumária ocorre após o recebimento da denúncia e antes da instrução probatória. • Absolvição Sumaria do rito do tribunal do júri – se a resposta à acusação for no rito do tribunal do júri peça a absolvição sumária e INDIQUE por ANALOGIA o ARTIGO 397 do CPP. O Código de Processo Penal não prevê a resposta à acusação com pedido de absolvição sumária para o rito do Tribunal do Júri, pois a absolvição sumária do art. 415 CPP é um instituto completamente diferente do art. 397 CPP. Não se deve confundir a absolvição sumária da resposta à acusação com a absolvição sumária do art. 415 CPP, este artigo fala de absolvição sumária, o nome é o mesmo, mas os institutos jurídicos são distintos, pois a ab- solvição sumária do art. 415 ocorre no FINAL DA INSTRUÇÃO PROBATÓRIA e é alegada em sede de MEMORIAIS. Por conta disso, como não existe artigo de lei que fundamente a absolvição sumária no Rito do Júri para a resposta à acusação, deve-se alegar por analogia o art. 397 do CPP. • PEDIDO SUBSIDIÁRIO (Fazer parágrafo – regra dos dois dedos) Apenas por cautela, no caso de não ser acolhida a tese de absol- vição sumária, requer que seja decretada a anulação do recebimento da peça acusatória em razão da visível nulidade (alegar a nulidade ou outra tese subsidiária) Ex. se for nulidade pede-se a anulação do recebimento da peça acusatória Arrolamento e intimação das testemunhas. No final dos pedidos deve-se fazer parágrafo pedindo o arrolamento e intimação das testemunhas ao final arroladas. Não se esqueça de pedir intimação. Após terminar os pedidos pula 1 linha e coloca Nestes termos, (no canto da página) Pede deferimento. (em outra linha sem saltar) Após salte 2 ou três linhas, vá para o meio da página e coloque Comarca, data (centralizado). Advogado, OAB Este espaço é o mesmo do início da peça, espaço deixado antes de realizar a qualificação. Rol de testemunhas. 1. 2. 3. DICA! Para evitar que o corretor não vire para outra página o ideal é que se termine na mesma página. www.cers.com.br OAB XIX EXAME DE ORDEM Direito Penal Geovane Moraes e Ana Cristina Mendonça 12 CASOS PRÁTICOS Caso Prático Resolvido Henrique, brasileiro, estudante da Universidade Federal do Rio Grande do Norte, residente e domiciliado na cidade de Natal, foi denunciado pelo Ministério Público, nos seguintes termos: “No dia 12 de agosto de 2014, por volta das 22h00min, na Cidade de Natal, situada no Estado do Rio Grande do Norte, o réu Henrique, subtraiu para si, sem o emprego de violência ou grave ameaça o automóvel de Amadeu, jor- nalista, quando o veículo se encontrava estacionado na referida Universidade, conforme informação cons- tante no Inquérito Policial que embasa esta peça acusatória, sendo denunciado pelo crime tipificado no art. 155, § 1º do Código Penal.” A investigação do delito foi bastante complicada A investigação do delito foi bastante complicada, pois as testemunhas ouvidas em sede policial não sabiam da existência do crime, tão pouco quem teria cometido o delito. Após demasiada busca da autoria criminosa, Henriquefoi encontrado, sendo interrogado em sede policial e informando que de fato tinha praticado a conduta, mas porque precisava do carro para levar Adriano, estudante da mesma Universidade, ao hospital, pois este estava tendo um infarto no mo- mento, situação confirmada por Adriano, que também foi encontrado e relatou que só conseguiu sobre- viver em virtude da rapidez do socorro. O representante do Ministério Público ofereceu a denúncia, tendo o juiz da 3º Vara Criminal da Comarca de Natal, capital do Estado do Rio Grande do Norte, recebido a exordial acusatória no dia 10 de setembro de 2014, acolhendo a imputação em todos os seus termos. Perícias no local e no veículo foram realizadas e acostadas aos autos, bem como laudo médico atestando a intercorrência cardíaca de Adriano, sendo Henrique citado no dia 07 de outubro de 2014 (terça-feira). Contratado por Henrique, redija a peça processual cabível ao caso, desenvolvendo as teses defensivas que podem ser extraídas do enunciado com indicação dos respectivos dispositivos legais. Apresente a peça no último dia do prazo para protocolo. www.cers.com.br OAB XIX EXAME DE ORDEM Direito Penal Geovane Moraes e Ana Cristina Mendonça 13 EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ DE DIREITO DA 3ª VARA CRIMINAL DA COMARCA DE NATAL CAPITAL DO ESTADO DO RIO GRANDE DO NORTE Processo número: Henrique, já qualificado nos autos do processo às folhas ( ), por seu advogado e bastante procurador que a esta subscreve, conforme procuração em anexo, vem, muito respeitosamente a presença de Vossa Excelência, com fundamento nos artigos 396 e 396-A do Código de Processo Penal apresentar a sua RESPOSTA À ACUSAÇÃO pelos motivos de fato e de direito a seguir aduzidos. 1. Dos Fatos O agente foi denunciado pela prática do crime capitulado no artigo 155, parágrafo 1º do Código Penal, pois teria subtraído, sem emprego de violência ou grave ameaça o veículo de Amadeu, que se encontrava estacionado na Universidade. Localizado e interrogado em sede policial, Henrique confirmou a prática da conduta, realizando-a porque o seu colega de Universidade, no momento, estava tendo um infarto, informação confirmada pelo estudante que também foi ouvido na fase inquisitorial e pelo laudo médico juntado ao processo. O representante do Ministério Público ofereceu a denúncia, tendo o juiz da 3º Vara Criminal da Co- marca de Natal, capital do Estado do Rio Grande do Norte, recebido a exordial acusatória em todos os seus termos. Perícias no local e no veículo foram realizadas e acostadas aos autos, bem como laudo médico ates- tando a intercorrência cardíaca de Adriano, sendo Henrique citado para oferecimento da resposta à acusa- ção. 2. Das Preliminares Preliminarmente cumpre esclarecer a ocorrência manifesta do estado de necessidade, causa de ex- clusão da ilicitude do fato, nos termos do artigo 23, I em combinação com o artigo 24, ambos do Código Penal. É imperioso destacar, ainda, em sede de preliminar, que não existe interesse de agir, faltando uma condição para o exercício da ação penal, nos termos do artigo 395, II, do Código de Processo Penal. 3. Do Mérito Cumpre esclarecer que, no caso concreto, resta configurada a excludente de ilicitude de estado de necessidade, pela simples leitura das provas produzidas no decorrer do processo, razão pela qual o reque- rente deveria ter sido absolvido sumariamente. Consta dos autos que o agente, no intuito socorrer um colega de Universidade, subtrai um veículo estacionado na localidade, para levá-lo ao hospital, salvando, assim, a sua vida. Conforme ensina a melhor doutrina, percebe-se que todos os requisitos do estado de necessidade estão presentes no caso concreto, nos exatos termos dos artigos 23, I e 24 do Código Penal. O agente estava diante de um perigo atual (é o perigo que está ocorrendo, é o perigo presente, concreto), pois Adriano, estudante da Universidade, estava tendo um infarto. Houve ameaça a direito alheio já que a vida de outrem estava em jogo. A situação de perigo não foi causada voluntariamente pelo reque- rente, tendo em vista que não criou a situação pela qual decorreu. Não havia outra forma de proteger a vida do estudante, ou seja, não tinha alternativa senão a sub- tração do veículo no intuito de garantir a vida de Adriano. E, por fim, o sacrifício do direito ameaçado do requerente, nas circunstâncias, não era razoável exigir-se, ou seja, a situação de perigo atual pela qual passou o agente não exigia que ele sacrificasse o direito à vida de outrem em virtude do patrimônio de Amadeu. Desta forma, estão presentes todos os requisitos do estado de necessidade, razão pela qual a ab- solvição sumária se impõe a Henrique. www.cers.com.br OAB XIX EXAME DE ORDEM Direito Penal Geovane Moraes e Ana Cristina Mendonça 14 Apenas por cautela, cumpre esclarecer a falta de uma condição para o exercício da ação penal, qual seja, o interesse de agir. Ora, como o agente está amparado pela excludente da ilicitude do fato de estado de necessidade, artigo 23, I e artigo 24, ambos do Código Penal, haverá a exclusão do crime, razão pela qual o processo penal não terá um fim útil, já que não será aplicada uma pena privativa de liberdade ao final do processo, restando configurada a falta de interesse de agir. 4. Dos Pedidos Diante de todo exposto, requer-se a Vossa Excelência a absolvição sumária do réu, com fundamento no artigo 397, inciso I do Código de Processo Penal, em virtude da existência manifesta de causa excludente da ilicitude do fato, qual seja, estado de necessidade. Apenas por cautela, não sendo acolhido o pedido de absolvição sumária, o que não se espera, re- quer-se ao douto julgador seja decretada a anulação do recebimento da peça acusatória em virtude da ocorrência manifesta de falta de pressuposto processual ou condição para o exercício da ação penal, nos termos do artigo 395, II, do Código de Processo Penal. Por fim, requer, desde logo, que sejam intimadas e inquiridas as testemunhas ao final arroladas. Termos em que, Pede deferimento. Natal, Rio Grande do Norte, 17 de outubro de 2014. Advogado, OAB. Rol de testemunhas: 1. 2. 3. www.cers.com.br OAB XIX EXAME DE ORDEM Direito Penal Geovane Moraes e Ana Cristina Mendonça 15 CASO PRÁTICO PROPOSTO Gabriela, no dia 10 de julho de 2015, em seu aniversário de 22 anos, depois de ter ingerido bebida alcoó- lica de forma voluntária, começa a discutir com Catarina, da mesma idade, em virtude desta ter aberto um dos presentes que Gabriela tinha ganho. Face à discussão, as duas iniciaram agressões mútuas, ocasião em que Catarina, munida de um canivete, começa a agredir Gabriela, com a intenção de lesionar a amiga. Gabriela, revida a agressão com socos e pontapés em Catarina, pegando o canivete da amiga, no intuito de cessar a agressão, sendo a briga apartada pelos amigos da festa. Em virtude das lesões sofridas, Catarina foi levada ao hospital e, por estar muito nervosa com o ocorrido, começou a ter um sangramento muito forte, o que acarretou na perda do seu bebê, pois estava grávida de 07 semanas e, no dia do aniversário de Gabriela, também foi comemorar pela sua gravidez com os amigos, sendo estado gestacional do conhecimento de todos os convivas. Assim que deixou o estabele- cimento de saúde, foi a Delegacia competente informar os fatos e, após prestar os seus esclarecimentos, foi encaminhada ao Instituto Médico Legal para a realização da perícia traumatológica,mas não fez o exame porque no dia tinha muita gente, esquecendo-se, todavia, de realizar a perícia posteriormente. Gabriela foi chamada em sede policial, mas não compareceu, pois estava viajando para um Congresso. Duas testemunhas presenciais também depuseram em sede policial, confirmando a prática da lesão de Gabriela em Catarina, informando ser de conhecimento das pessoas da festa o estado gestacional da vítima. Ainda em sede policial, Juliana, amiga de Gabriela e de Catarina, ao prestar o seu depoimento, informou que Gabriela só lesionou a agente porque Catarina se encontrava munida de um canivete, tentando agredi-la, mas sem sucesso em virtude da péssima pontaria. Além disso, informou também que acusada e vítima são muito amigas e que a discussão se iniciou porque as duas estavam sob efeito de substância alcoólica. Com base nas informações colhidas na fase inquisitorial, o representante do Ministério Público ofereceu denúncia pela prática do delito de lesão corporal gravíssima, com fundamento no art. 129, § 2º, V do Código Penal. A exordial acusatória foi recebida pelo Juiz da 12ª Vara Criminal da Comarca de Alfa, capital do Estado Beta, amigo íntimo e professor de Catarina, entendendo o magistrado que a inicial cumpriu todos os requisitos previstos no art. 41 do Código de Processo Penal. A citação de Gabriela ocorreu em 14 de julho de 2015, terça-feira. Em face da situação hipotética apresentada, na condição de advogado consti- tuído por Gabriela, redija a peça processual adequada à defesa de sua cliente, alegando AS TESES DEFENSIVAS pertinentes. Date o documento no último dia do prazo para protocolo. www.cers.com.br OAB XIX EXAME DE ORDEM Direito Penal Geovane Moraes e Ana Cristina Mendonça 16 RESPOSTA: Peça: RESPOSTA À ACUSAÇÃO, com fundamento nos artigos 396 e 396-A do Código de Processo Penal. Competência: EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ DE DIREITO DA 12ª VARA CRIMINAL DA COMARCA DE ALFA CAPITAL DO ESTADO DE BETA. Teses: Indicação da preliminar de nulidade em virtude de suspeição do Juiz, por ser amigo íntimo da vítima, nos termos do art. 564, I em combinação com o art. 254, I, ambos do Código de Processo Penal. Indicação da preliminar de ausência do exame de corpo de delito com fundamento no art. 564, III, “b” em combinação com o artigo 158, todos do Código de Processo Penal. Indicação da preliminar de legítima defesa, causa de excludente de ilicitude ao teor do disposto no artigo 23, II em combinação com o artigo 25, ambos do Código Penal. Indicação da preliminar de ausência de justa causa e necessidade/interesse para o exercício da ação, nos termos do art. 395, II e III do Código de Processo Penal. Desenvolvimento fundamentado acerca do instituto da legítima defesa, nos termos dos artigos 23, II e 25, todos do Código Penal. Desenvolvimento fundamentado da nulidade do processo pela suspeição do magistrado, bem como da falta do exame de corpo de delito nos crimes que deixam vestígios, conforme previsão nos artigos 564, I e III, “b”, além dos artigos 158 e 254, I, todos do Código de Processo Penal. Desenvolvimento fundamentado acerca da ausência de justa causa para o exercício da ação e interesse/necessidade de agir, já que não há prova da materialidade do crime, com fundamento no artigo 395, II e III do Código de Processo Penal. Pedidos: Pedido de absolvição sumária, com indicação do art. 397, inciso I, do Código de Processo Penal, em virtude da existência manifesta de causa excludente da ilicitude do fato. Pedido de anulação do recebimento da peça inicial em virtude da nulidade pela suspeição do magistrado, bem como pela falta de exame de corpo de delito, nos termos do artigo 564, I e III, “b” em combinação com o artigo 158 e artigo 254, I, todos do Código de Processo Penal. Pedido de anulação do recebimento da peça acusatória em virtude da ocorrência manifesta de falta de pressuposto processual ou condição para o exercício da ação penal, bem como ausência de justa causa, com fundamento no artigo 395, II e III do Código de Processo Penal. Pedido de intimação e inquirição das testemunhas.
Compartilhar