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Trabalho Social e Relaçoes Neoburocráticas

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1 
 
 
Para além da ‘desprofissionalização’: que futuro para o saber profissional em 
trabalho social e em organizações neo-burocrátcas? 
 
Margarida Santos Silva1 
Telmo H. Caria2 
 
In: Telmo H. Caria, Vera Fartes e Amélia Lopes (2013, orgs.) Saber e formação no 
trabalho profissional de relação. Salvador da Bahia: Editora da Universidade 
Federal da Baia, pp. 61-80. 
 
1
 Docente do Curso de Serviço Social da Faculdade de Ciências Sociais da Universidade Católica Portuguesa 
(mc_santossilva@netcabo.pt) e Investigadora do Centro de Investigação e Intervenção Educativas (CIIE) da 
Faculdade de Psicologia e Ciências da Educação da Universidade do Porto. 
2
 Docente de Sociologia e Ciências Sociais do Departamento de Economia, Sociologia e Gestão da Universidade 
de Trás-os-Montes e Alto Douro (tcaria@utad.pt) e Investigador Efectivo do Centro de Investigação e 
Intervenção Educativas (CIIE) da Faculdade de Psicologia e Ciências da Educação da Universidade do Porto. 
Página Web: www.home.utad.pt/~tcaria/ . 
 2 
1. As “novas” políticas sociais: emergência do debate em torno da desprofissionalização do 
trabalho social 
O final da década de 80, início da década de 90, inaugura uma nova era ao nível da política 
social e, particularmente, da política de protecção social. Como pano de fundo das mudanças 
que se anunciam, multiplicam-se e diversificam-se as formas de exclusão social, resultado de 
novas dinâmicas económicas, sociais e demográficas cujas consequências, ao nível da vida 
dos cidadãos, não tardam a intensificar os seus efeitos perversos. Face à designada “nova 
questão social”3 e aos “novos” problemas sociais que lhe dão forma, toda a lógica de 
intervenção neste campo começa a anunciar “novas” soluções, enquadradas, no âmbito da 
política social por uma “nova geração de políticas”, as designadas “políticas sociais activas”, 
cuja fundamentação assenta nos princípios da territorialização e contratualização, no 
estabelecimento de parcerias diversas para a concretização dos objectivos da política e no 
discurso da participação e do empowerment. 
Começa a ser posto em causa o que François Dubet designa de “programa institucional” que, 
durante muito tempo, “definiu a principal forma de trabalho sobre os outros”, encarado como 
um “processo social que transforma valores e princípios em acção e em subjectividade através 
de um trabalho profissional específico e organizado (...) uma actividade específica e 
profissional de socialização”, um programa cujo sentido e orientação são ditados “a partir de 
cima” (Dubet, 2006: 32 – 33). 
Esta nova geração de políticas faz entrar em cena novos actores que baralham as regras do 
jogo do programa institucional, pelo protagonismo conferido ao contexto local de aplicação 
das políticas, à subjectividade dos destinatários e à heterogeneidade de 
agentes/profissionais/entidades que participam no “trabalho sobre os outros”. São 
questionados os próprios processos de socialização e de trabalho nas organizações que 
enquadram o trabalho social e a voz dos “objectos” da intervenção social entra em campo, 
legitimada pelos princípios de participação e empowerment. 
Esta reconfiguração dos instrumentos de regulação social, expressa na mudança do discurso 
político e do discurso sobre as políticas, introduz novas lógicas na relação do Estado com os 
cidadãos, particularmente no que se refere ao campo do bem-estar, desencadeando a 
necessidade de repensar a própria relação do Estado com as organizações prestadoras de 
serviços sociais que, no limite, tem impactos na forma de prestação desses serviços e no 
 
3
 Para uma análise mais detalhada desta questão consultar Rosanvallon, 1984; Paugam, 1991; Castel, 1995, 
2009. 
 3 
trabalho dos profissionais que os asseguram. A intervenção social confronta-se com uma 
orientação gestionária, ancorada nos pressupostos do “New Public Management”/”Nova 
Gestão Social”, aos quais se associam um aumento da prescrição e controle da intervenção, a 
partilha do campo com profissionais provenientes de diversas áreas disciplinares e a 
orientação das práticas ancorada em guidelines4, fundamentados no conhecimento e nas 
práticas baseados na evidência. 
A partir desta configuração da intervenção no social e dos seus efeitos nos contextos de 
prática dos trabalhadores sociais, tem vindo a ganhar forma o debate em torno das “teses da 
desprofissionalização” do trabalho social, assentes no pressuposto de que estas novas 
orientações de política e a sua expressão nos contextos de intervenção, colocam em causa, 
particularmente, a autonomia e a autoridade do trabalho dos profissionais. 
2. A desprofissionalização do trabalho social 
Na última década, temos vindo a assistir a um aprofundamento deste debate que se vem 
intensificando, particularmente, na literatura anglo-americana. Em 2006, um número da 
revista Social Work & Society (vol. 4) é especialmente dedicado às questões do 
profissionalismo no trabalho social. Nesta publicação Dewe, Otto e Schnurr (2006) enunciam 
tendências de desprofissionalização evidenciadas, entre outros factores, no facto de se assistir, 
cada vez com maior frequência à supervisão de trabalhadores sociais profissionalmente 
qualificados por parte de quadros administrativos ou por profissionais de outras áreas. São 
ainda referidas tendências para substituir trabalhadores sociais qualificados por “para-
profissionais”, desclassificando desta forma os profissionais e colocando em causa os seus 
postos de trabalho, pela concorrência de grupos ocupacionais com remuneração mais baixa 
(Clark, 2005). Por outro lado, como uma parte significativa dos propósitos de controlo está 
baseada em critérios financeiros, resultante da crise financeira do Estado-Providência, dá-se a 
entrada em cena de outras especialidades profissionais, particularmente as provenientes da 
área da gestão, justificadas pela necessidade de haver um controlo central da despesa pública 
e da avaliação do sucesso das intervenções com base em critérios de eficácia. 
Esta orientação gestionária passa a ser parte integrante do conteúdo do trabalho social 
(mesmo dos mais qualificados), levando Parton (1998, cit. in Fook, 2004) a colocar a ênfase 
da desprofissionalização na transformação dos trabalhadores sociais em “gestores de casos” 
 
4
 No caso português estas orientações expressam-se na profusão de Manuais de Boas Práticas e Guiões 
Técnicos, concebidos ao nível da tutela e na imposição de processos de acreditação e avaliação das organizações 
prestadoras de serviços sociais. 
 4 
(case managers), destinados à avaliação de necessidades e riscos e à distribuição de pacotes 
de ajuda, mais do que ao exercício efectivo da sua actividade de trabalhadores sociais de 
casos (case workers), dimensão da prática que envolve questões como o uso de habilidades 
terapêuticas e o domínio das relações humanas. Para o autor, a lógica do “case management” 
está na origem de processos de desprofissionalização, pelo carácter instrumental e técnico que 
lhe está subjacente, abrindo espaço a atritos entre profissionais de fronteira, com formações 
diversas na área das Ciências Sociais e Humanas, cultivando a competição entre profissões e 
disciplinas, com muitos a reclamarem a exclusividade em domínios em que a lógica da gestão 
de casos impera, oculta no desígnio de uma prática inter/multidisciplinar. 
Independentemente de veicularmos, ou não, a ideia de que o trabalho social como profissão 
está comprometido e de que a desprofissionalização é o diagnóstico mais válido, não é 
possível ignorar o facto de que estas mudanças têm, efectivamente, impactos significativos ao 
nível da organização do trabalho destes profissionais. 
“Quantomais nos afastamos do programa institucional, menos o trabalho sobre os outros se 
apresenta como o complemento de um papel e cada vez mais como uma experiência 
composta, experiência que remete para a experiência (...). Hoje em dia vivemos a 
decomposição de elementos e representações que o programa institucional teve a capacidade 
de integrar num sistema percepcionado como mais ou menos coerente. Os valores perderam a 
sua unidade, a vocação choca com os requerimentos de eficácia profissional (...). A 
decadência do programa institucional é uma ampla mutação e não só uma crise” (Dubet, 
2006: 23). 
Sintetizando os efeitos das mudanças ocorridas, salientamos algumas das dimensões em que a 
sua expressão mais questiona a autonomia e autoridade profissionais. Dessacralizam a 
relação de confiança entre trabalhador social e cliente, pela interferência de factores externos 
a esta relação, nomeadamente a prestação de contas da actividade que aí se desenvolve 
(negociação e partilha com os próprios objectos de intervenção), abalam a concepção de 
trabalho isolado, pela introdução de controle nos processos de trabalho, por parte da tutela, 
mesmo que exercido à distância, e pela presença de outros actores profissionais que, com 
maior ou menor relação ao trabalho social, têm vindo a conquistar espaço neste domínio de 
intervenção. Desta forma, perde significado a equivalência do trabalho do profissional ao 
trabalho independente e artesanal, liberto de constrangimentos organizacionais e da prestação 
de contas sobre resultados. 
2.1 Contributos para situar o debate no caso português 
 5 
Como anteriormente referimos, a expressão das orientações da “nova gestão do social” nas 
organizações prestadoras de serviços sociais tem manifestado os seus impactos, no caso 
português, particularmente através de processos de acreditação e avaliação destas 
organizações e serviços e, em consequência, na profusão de manuais de boas práticas e guiões 
técnicos, concebidos e impostos pela tutela, como normativos orientadores das práticas 
profissionais. Contudo, a evidência destas orientações não nos permite desenvolver 
considerações acerca dos impactos da nova gestão do social na autonomia e autoridade dos 
profissionais e, desta forma, do seu potencial de indução de processos de 
desprofissionalização, mas somente indicar alguns factos que possam ajudar a situar este 
debate face á realidade portuguesa. 
Considerando os impactos destas novas orientações nas academias, os dados de que dispomos 
parecem enunciar duas tendências.5Por um lado, os currículos de formação, particularmente 
ao nível do 1º ciclo de Serviço Social, dão conta da preocupação de ajustar a oferta formativa 
aos novos desígnios do mercado de trabalho. Através da análise dos planos de estudos das 
principais escolas de Serviço Social6 podemos verificar a existência de unidades curriculares 
voltadas para o planeamento e gestão das instituições e serviços sociais, o que é indicativo da 
interiorização, por parte das academias, da necessidade de dotar os futuros profissionais de 
ferramentas que os habilitem a lidar com a lógica gestionária de programas e serviços sociais. 
Simultaneamente, as universidades têm vindo a aumentar a sua oferta formativa na área da 
gestão das organizações, ao nível da formação pós-graduada, particularmente aquelas com 
tradição de formação na área do serviço social. 
Por outro lado, ao nível da investigação, esta preocupação parece ainda não ter encontrado 
eco, particularmente se estabelecermos comparação com a reflexão desencadeada noutros 
países, como expressamos no ponto anterior. Olhando esta questão a partir dos dados 
relativos à investigação em Serviço Social, em Portugal, verificamos que, nos últimos anos, 
os assistentes sociais, grupo profissional com maior expressão e tradição na área do trabalho 
social, têm manifestado um forte investimento na investigação, fruto do desenvolvimento da 
formação pós-graduada, que se constitui num espaço privilegiado de análise do carácter da 
investigação realizada. Um estudo de Rodrigues e Branco (2008) sobre os temas de 
 
5
 Salvaguardamos a exiguidade e limitações dos dados apresentados e a impossibilidade de estabelecer 
quaisquer generalizações a partir da sua leitura, entre outros factores, porque baseados na formação em 
Serviço Social que, apesar de ser a área com maior tradição no trabalho social em Portugal, pode não ser 
representativa das diversas áreas que o constituem. 
6
 Universidade Católica Portuguesa (Braga e Lisboa); Instituto Superior de Serviço Social do Porto, Instituto 
Superior Miguel Torga, Universidade Lusíada, Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro. 
 6 
investigação na formação pós-graduada em Serviço Social7 em Portugal, no período 
compreendido entre 1990 e 2003, conclui que existe uma clara concentração da investigação 
na temática das Políticas Sociais (63,6% dos trabalhos apresentados), sendo que os restantes 
34,4% se distribuem por temas muito variados e dispersos (história do serviço social; serviço 
social em sectores e campos específicos - hospitalar, autárquico, educação, habitação...; 
campos emergentes do serviço social - democracia local e os movimentos sociais, mediação, 
etc.).8 Grande parte destes trabalhos versam os meios e recursos da acção, contextualizando e 
explicando o trabalho social a partir de cinco vectores de análise: as organizações e 
instituições que o enquadram, as políticas sociais que o orientam e prescrevem, o 
desenvolvimento sócio-económico que o determina, as particularidades dos públicos e utentes 
a que se destina, as trajectórias e identidades sociais dos trabalhadores sociais que o realizam. 
Assim, o saber e o fazer dos assistentes sociais, como grupo profissional central ao trabalho 
social, é visto como um resultado (um efeito ou uma variável dependente) de uma explicação 
que é sempre exterior ao próprio grupo: as organizações, as políticas, as estruturas 
económico-sociais, as culturas dos utentes e as trajectórias sociais dos profissionais, aparecem 
sempre como as dimensões explicativas dos processos e dos resultados do trabalho social 
numa dada delimitação territorial, espaço-temporal. Neste contexto de pesquisa o conceito de 
(des)profissionalização não contém uma perspectiva dual sobre a estrutura da vida social, 
dado que as explicações apresentadas determinam a acção e o pensamento dos protagonistas 
centrais deste processo, os profissionais; a prática e a subjectividade dos agentes sociais têm 
um lugar epistemológico subalterno e dependente (Giddens, 1990). 
3. Contributos da Sociologia das Profissões 
Este debate em torno da desprofissionalização não é alheio a um debate mais amplo realizado 
pela Sociologia das Profissões em que o mesmo tema é tratado na maioria dos trabalhos - 
autores ligados a uma perspectiva de análise neoweberiana (Sacks, 2010) - como uma 
burocratização do trabalho profissional (Macdonald, 1995: 61-65; Dubar e Tripier, 1998:118-
125; Rodrigues, 1997: 69-136). Nesta perspectiva, desenvolve-se uma análise macro centrada 
no poder simbólico que alguns grupos profissionais têm na sociedade para, através de jogos e 
 
7
 A preocupação e actualidade deste debate é expressa num trabalho posterior (cf. Branco, 2008), onde o autor 
explora a “relação entre conhecimento e acção” como eixo central a desenvolver no domínio da formação para 
incentivar a reflexão e debate sobre a profissão e o grupo profissional. 
 
8
 Os dados apresentados respeitam exclusivamente a trabalhos de investigação sobre Serviço Social, dada a 
incapacidade, no âmbito deste trabalho, de recolher dados que integrem outras profissões do trabalho social. 
Contudo, julgamos serem exemplificativos do carácter da investigação desenvolvida em Portugal,neste domínio 
de intervenção. 
 
 7 
disputas políticas e económicas, manterem e preservarem um dado capital simbólico e 
desenvolverem projectos profissionais que visam uma mobilidade social colectiva ascendente. 
Critica-se uma idealização do trabalho e do saber profissional – típico dos autores 
influenciados pelo funcionalismo - porque os factores e atributos sociais que são descritos 
como típicos do profissionalismo não são vistos em abstracto, como um resultado necessário 
aos processos de modernização e racionalização da sociedade, mas como um resultado 
histórico, possível e contingente, mas regularmente verificado nas sociedades ocidentais, de 
que o poder profissional existe e se desenvolve através de instituições próprias, também elas 
em transformação. Em consequência, não se tem uma visão unitária e hierárquica do 
profissionalismo e, portanto, a análise do poder profissional não é reduzida apenas à 
existência, ou não, de algumas formas e entidades institucionais específicas que o possam 
garantir. 
No quadro de um sistema de relações entre várias instituições sociais e várias profissões, o 
poder profissional é visto nas relações de interdependência que tem com o seu meio 
envolvente. É visto umas vezes em competição e conflito e outras vezes em cooperação activa 
ou subordinação, podendo, nesta visão de natureza ecológica, o profissionalismo ser tão 
potenciado quanto constrangido (Abbott, 2005). A existência e desenvolvimento de 
burocracias profissionais no sector público, como suporte para o desenvolvimento do Estado 
Providência na Europa, dá conta de quanto as hierarquias administrativas podem coexistir 
com a autoridade profissional, sem que o assalariamento, a parcial rotinização do trabalho e a 
parcial centralização da decisão estratégica sejam incompatíveis com a autonomia e a acção 
colegial dos profissionais (Mintzberg, 2008: 309-345; Brewer, 1996). 
Alguns destes autores influenciados pelas correntes neo-weberianas não deixam de falar em 
desprofissionalização e de descrever o mesmo tipo de fenómenos que acima referimos no 
trabalho social em organizações tuteladas pelo Estado. Colocam a hipótese, com base na 
análise histórica, de algumas profissões mais institucionalizadas poderem resistir e opor-se à 
globalização dos mercados de serviços profissionais e à lógica de comando centralizado das 
burocracias (Faulconbridge e Muzio, 2012; Noordegraaf, 2007; Freidson, 2001). No entanto, 
relativizam o seu impacto no poder profissional, porque são as próprias relações entre 
organizações, profissões e mercado que estão também em transformação . 
Ao nível da análise macro, três hipóteses são colocadas sobre a burocratização do trabalho 
profissional: 
-o profissionalismo torna-se a forma discursiva hegemónica que orienta as transformações de 
todas as formas institucionalizadas de organização do trabalho, incluindo as empresariais, 
 8 
dado, em conjunto com o conceito de competência-desempenho, parecer ser um dos 
conteúdos ideológicos centrais inscrito no “novo espírito capitalista” (Evetts, 2003; Boltanski 
e Chiapello, 1999; Ropé e Tanguy, 1994); 
-a nova gestão pública faz emergir um novo grupo profissional, os gestores, que é transversal 
a todas as burocracias públicas de prestação de serviços (educação, saúde, segurança social, 
urbanismo, justiça, etc.) e que vai competir e disputar o poder com as profissões existentes 
(mais ou menos instituídas) em cada um dos sectores de actividade, obrigando a uma 
redefinição do sistema geral de profissões e das ideologias profissionais que o suportam 
(Bezes e Demazière, 2011; Evetts, 2002; Boussard, 2010). 
-a complexidade de uma sociedade de risco torna mais claro que o trabalho típico do 
profissionalismo não é mecânico e repetitivo, nem é instrumental, porque, para além de ter 
rotinas e ser constrangido por prescrições formais, ele envolve sempre casos, valores, 
incertezas e saberes tácitos, que implicam maior imprevisibilidade nos resultados obtidos e 
autonomia acrescida face à massificação mercantil e aos centros organizacionais e 
burocráticos (Freidson, 2001; Abott, 1988; Champy, 2011; Caria, 2005). 
Actualmente, mais do que uma burocratização do trabalho profissional, segundo a Sociologia 
das Profissões, estamos perante o pós-profissionalismo, fenómeno que é acompanhado pelo 
desenvolvimento das formas pós-burocráticas das organizações e pelo impacto da 
reflexividade social sobre a modernização (incluindo uma modalidade de reflexividade onde 
as profissões são centrais: a reflexividade institucional). Deste modo, é possível colocar a 
hipótese de haver uma coexistência entre a especificidade e conteúdo do trabalho profissional 
e as mudanças nas formas burocráticas de organização do trabalho, sem que umas se 
oponham às outras (e vice-versa). 
Retomando exemplos que podem ilustrar esta questão por relação ao caso português, será de 
todo conveniente olhar para o que se passa no interior das organizações. Os dados de que 
dispomos não parecem evidenciar qualquer forma de colonização das direcções técnicas por 
parte da área da gestão. A exiguidade da informação não nos permite generalizações, mas 
pode ajudar a elucidar a forma como a nova gestão do social está a ser introduzida nas 
organizações do terceiro sector. Um estudo conduzido em 2009 no concelho de Braga ,no 
âmbito de um trabalho de Mestrado sobre Serviço Social e Gestão Social (Noronha, 2011), 
dá conta dos seguintes dados: num total de 82 organizações de solidariedade social com 
estatuto de IPSS e com acordos com a Segurança Social, as direcções técnicas eram 
assumidas na sua maioria por profissionais da área da educação (44%) cuja forte presença se 
destacava em organizações com respostas sociais voltadas para a área da infância e juventude. 
 9 
Seguiam-se os assistentes sociais com uma presença de cerca de 31%; os psicólogos e outros 
profissionais com formação na área das Ciências Sociais e Humanas representavam, 
respectivamente, 9% das direcções técnicas; os sociólogos cerca de 4% e os profissionais de 
enfermagem cerca de 3%. Neste caso específico não foram identificados quaisquer 
profissionais com formação na área da gestão a desempenhar cargos de direcção. 
Considerando as determinações da tutela na implementação de orientações gestionárias no 
trabalho social, os dados de que dispomos parecem evidenciar uma tendência, no caso 
português, para preparar e familiarizar os trabalhadores sociais com a retórica e a ideologia 
gestionária, o que poderá, eventualmente, constituir-se num acréscimo de capital social e 
simbólico para estes “trabalhadores sociais gestores” e não tanto numa colonização do seu 
campo de trabalho por áreas da gestão ou em processos de desprofissionalização induzidos 
por essa via. 
4. Repensar o trabalho social na sua relação com o profissionalismo 
Para melhor compreender esta conceptualização do poder profissional em associação com as 
velhas e as novas formas burocráticas de organização do trabalho intelectual, importa, do 
nosso ponto de vista distanciarmo-nos das abordagens neo-weberianas (Saks, 2009), dado 
serem demasiado centradas na análise macro e socio-históricas das profissões (articulação 
mercado de trabalho, universidades e investigação, atributos de estatuto social e ideologia 
profissional). Distância que, julgamos, não é incompatível com uma abordagem histórica e 
especificada do poder profissional (Champy, 2011), mas que ao mesmo tempo pretende ver a 
construção social do profissionalismo (a profissionalização) a partir da subjectividade dos 
actores em situação de agir, no quadro dos constrangimentos organizacionais em curso: o 
profissionalismo situado (Noordegraff, 2007). Em consequência, influenciados pelas várias 
correntes teóricas da microssociologia, os estudos realizados em Portugal pela linha de 
investigação ASPTI9 (Caria, 2000, 2003, 2005, 2008,2011; Granja, 2008, 2011; Pereira, 
2008; Filipe, 2008; Loureiro, 2009) têm privilegiado uma análise compreensiva e etnográfica, 
centrada nos conteúdos de trabalho, nas interacções e nos saberes quotidianos profissionais. 
No âmbito desta linha de investigação está em curso o projecto SARTPRO (“Saberes, 
Autonomias e Reflexividades: o Trabalho Profissional no Terceiro Sector)10, cujos dados 
 
9
 Grupo de investigadores em Análise Social das Profissões em Trabalho Técnico-Intelectual (ASPTI) com 
origens disciplinares e institucionais variadas, criado em 2001 por Telmo H. Caria e localizado no norte de 
Portugal. Desde 2007 que o grupo ASPTI está sedeado no CIIE (Centro de Investigação e Intervenção 
Educativas da Faculdade de Psicologia e Ciências da Educação da Universidade do Porto) com a denominação 
de Núcleo de Etnografias do Conhecimento Profissional (NECP). 
10
 Projecto de investigação de Ciências Sociais, financiado pela Fundação para a Ciência e Tecnologia (FCT) em 
Portugal (de Fevereiro de 2010 a Julho de 2013- PTDC/CS-SOC/098459/2008). Trata-se de uma parceria de 
 10
preliminares permitem algumas reflexões sobre o nosso tema. Os dados que dispomos foram 
recolhidos em 40 pequenas organizações do norte de Portugal junto de 60 sujeitos, através de 
entrevistas estruturadas, e de 20 sujeitos, através entrevistas semi-directivas, todos 
trabalhadores sociais com diplomas de ensino superior baseados em Ciências Sociais e 
Humanas (assistentes sociais, psicólogos, sociólogos, gerontólogos, educólogos e educadores 
sociais). 
Nestas entrevistas tivemos oportunidade de recolher informação sobre o modo como os 
profissionais de trabalho social do terceiro sector descreviam e interpretavam os seus 
contextos e conteúdos de trabalho e, portanto, como indirectamente percepcionavam a sua 
autonomia em organizações do terceiro sector, a saber: como relacionavam o trabalho social 
profissional com o clima e a hierarquia sócio-organizacional e com os dispositivos que 
contêm as prescrições práticas e simbólicas das políticas sociais que são aplicadas. 
Os resultados são bastante desiguais e têm variações significativas de acordo com a posição 
hierárquica ocupada e a antiguidade na organização. Mas é interessante assinalar, de modo 
resumido, alguns dados que dão conta que a relação entre trabalho social profissional, 
estruturas organizacionais e prescrições políticas não é descrita e interpretada como 
necessariamente desqualificante ou constrangedora. 
- Inúmeros são os profissionais inquiridos que referem a necessidade e a possibilidade de 
improvisar e adaptar processos de trabalho 
“Há normas, digamos assim, que vão surgindo, que depois vão sendo alteradas, porque 
temos que nos adequar , às pessoas com quem trabalhamos, a… ao número de pessoas, aos 
sítios em que trabalhamos e essas normas não… acabam por não ser normas muito rígidas 
e muito fixas” 
 e de ter tido uma participação muito significativa na definição do seu trabalho ao longo do 
tempo nestas organizações, incluindo a actividade criativa de produzirem ou transformarem 
dispositivos escritos para a organização do processo de trabalho 
“propus de outra forma, reformulei... mesmo em termos de instrumentos, criei-os todos de 
raiz... reestruturei completamente a forma de trabalho com as famílias, alguns timings 
definidos e isso foi criado por mim”. 
 
investigação entre três centros de investigação universitários portugueses - CIIE Faculdade de Psicologia e 
Ciências da Educação da Universidade do Porto (Telmo H. Caria, Margarida Silva, Berta Granja, Armando 
Loureiro e Fernando Pereira), CICS do Instituto de Ciências Sociais da Universidade do Minho (Ana Paula 
Marques) e CETRAD da Escola de Ciências Humanas e Sociais da Universidade de Trás-os-Montes e Alto 
Douro (Isabel M. Costa) - a que foi associada a Universidade Federal da Bahia, através da Professora Vera Lúcia 
Fartes. Tem ainda a consultoria externa da Professora Julia Evetts da Universidade de Notthingam e da 
Professora Susana Durão da Instituto de Ciências Sociais da Universidade de Lisboa. 
 
 11
- Quando se referem às relações existentes na hierarquia das organizações, salientam a 
importância de existirem direcções profissionais, (capazes de “compreender o trabalho que é 
realizado”), o valor da complementaridade com o pessoal auxiliar (são os nossos “olhos e os 
nosso ouvidos” no terreno), a necessidade de haver trabalho de equipa 
“as equipas têm que funcionar, não é uma pessoa sozinha a mandar; discutimos muito na 
equipa (…) cada caso é colocado por mais de um técnico na reunião (...) é definida uma 
estratégia para cada caso e aí essa estratégia tem que ser consensual na equipa (…)” 
 e o clima fácil de relações interpessoais 
“como a equipa já se conhece muito bem... já sabemos os pontos fortes e fracos de cada 
um, acho que é mais fácil chegarmos a um consenso a favor do utente, não é?” (…) 
“Direcção... ela está aqui no gabinete em frente e eu desde que vim para a instituição que 
ela é directora... tenho alguma confiança e afinidade (...) falo, transmito-lhe sempre a 
informação e articulo muito com ela” (...) “temos uma coordenadora superior, uma 
coordenadora da instituição – coordena um bocadinho o trabalho da equipa, mas temos 
autonomia as três para desenvolver o nosso trabalho e trocamos sempre... é os saberes de 
cada área que isso é fundamental (…) para termos certezas que realmente a melhor 
intervenção é aquela…”. 
- Em quase todas as organizações inquiridas existem, em desenvolvimento, dispositivos 
informáticos de avaliação da qualidade do serviço e de prestação de contas sobre o trabalho 
realizado. Nenhum dos profissionais inquiridos refere uma relação directa entre a existência 
destes dispositivos e um maior controlo sobre a organização do trabalho social. Pelo 
contrário, referem que os dispositivos têm um valor positivo para a organização do trabalho 
 “facilita muito porque torna fácil encontrar a informação que necessitamos, fácil 
encontrar a informação que queremos (...) o que temos de registos do nosso trabalho é 
muito rico e não era fácil encontrar o que queríamos”. 
Mas reconhecem que chegaram a recear os seus efeitos 
“nós temos os procedimentos de gestão da equipa de rua, é um documento que é 
elaborado com as normas quase básicas de todo o tipo de actividade que fazemos, não 
é? é lógico que todos nós temos a noção que há alturas em que teremos que flexibilizar, 
teremos muitas vezes que adaptar aonde estamos, não é? quando eu fiz o procedimento 
de gestão da equipa, tinha medo que – e foi uma coisa que eu tive que sensibilizar os 
outros membros da equipa que não deveriam ser… ser… não deviam interiorizar aquilo 
e só fazer assim, porque nós muitas vezes temos coisas que temos que fazer de maneira 
diferente, não é? Mas é muito importante termos os procedimentos básicos e então temos 
o procedimento de gestão de todas as actividades, com os documentos todos que têm que 
 12
ser preenchidos, quando, quem que tipo de informação é que tem que ter lá e é um 
guião, é quase um guião das actividades, quem vier aqui pela primeira vez, pelo menos, 
com o procedimento de gestão tem uma noção de como é que vai começar a trabalhar na 
rua”. 
- Vários profissionais referem ter um contacto directo com a tutela em reuniões para análise e 
coordenação do trabalho realizado e dão-lhe um valor positivo, descrevendo-as como 
interessantes porque permitem trocar experiências de trabalho de diferentes equipas 
“Temos as outras reuniões com o CRI (centro de respostas integradas), com a ET 
(Equipa Técnica), com o IDT (Instituto da Droga e Toxicodependência), noPorto. Que 
acaba por ser muito importante (...) acaba por ser as equipas todas e é muito 
interessante (...) Estas mais-valias, este intercâmbio de conhecimentos, realidades” 
Com base em dados deste tipo, terá todo o sentido perguntar: podemos falar de 
desprofissionalização do trabalho social em Portugal na perspectiva dos seus principais 
agentes sociais? 
5. Repensar a investigação em trabalho social 
Fazendo “eco” destas mesmas orientações e perguntas, alguns autores do trabalho social têm 
vindo a desenvolver reflexões que advogam a necessidade de pensar o trabalho social a partir 
de vectores de análise micro, que privilegiem os contextos e as situações em que a profissão 
se constrói e desenvolve, para ultrapassar algumas das questões que sustentam as teses da 
desprofissionalização (Fook, 2004; Karvinen-Niinikoski, 2005; Kunneman, 2005). 
Para enfrentar as complexas mudanças a que o trabalho social está exposto, Karvinen-
Niinikoski, (2005: 262) defende o desenvolvimento de uma “expertise” constituída por 
“elementos cognitivos, que integre formação teórica (factual e conceptual), prática e 
experimental (os procedimentos e habilidades, o tácito e intuitivo) e elementos auto-
reguladores (metacognitivos e reflexivos)”. 
Por sua vez, Harry Kunneman (2005) defende o conceito de “profissionalização normativa” 
como orientador da prática profissional. O objectivo é dar conta da importância dos valores 
morais e existenciais presentes no trabalho social e que colocam dilemas éticos aos 
profissionais. Estes dilemas estão intimamente relacionados com as modalidades 
organizacionais de enquadramento das práticas, com os valores experienciados como centrais 
para o exercício e significado do seu trabalho (a justiça social e a solidariedade) e com os 
valores que respeitam às vivências e experiências dos clientes. Segundo Kunneman, esta 
dimensão valorativa da prática tem vindo a ser ocultada pelo desenvolvimento, entre outros 
factores, da própria investigação em trabalho social que, na última década, tem aumentado, 
 13
lenta mas constantemente, sob o signo das intervenções “evidence-based”, focada na 
objectivação e na adjectivação científica, mais favorecedora de processos de estandardização 
das práticas e medição dos resultados. Ancorado nos trabalhos desenvolvidos por Gibbons e 
Nowotny (1995, cit. in Kunneman, 2005: 195-197), Kunneman chama a atenção para o 
desenvolvimento, por via da investigação, de um modo de conhecimento que integre nas suas 
características um “intento prático”, isto é, a solução de problemas, que assuma um novo 
conhecimento científico baseado na interpenetração de diferentes perspectivas adequadas a 
soluções para problemas práticos e capaz de elucidar formas conflituais de deliberação e 
negociação. A partir da compatibilização de uma dimensão experiencial do conhecimento 
com formas mais instituídas (que designa de conhecimento académico), Kunneman 
desenvolve um conceito de prática, capaz de compatibilizar as conexões reflexivas entre 
contributos cognitivos, normas organizacionais e valores morais e existenciais ao nível do 
processo de intervenção social, que designa de “profissionalização normativa”. 
Na mesma direcção, desenvolvem-se as reflexões de Ian Fook (2004) que acrescenta a este 
questionamento centrado nas formas de produção de conhecimento a própria redefinição do 
conceito de profissão. Fook propõe novas formas de olhar o trabalho social que permitam a 
compreensão e desenvolvimento de instrumentos úteis a uma prática efectiva e valorativa 
(“sensível”). Para o autor a questão central é a de conciliar a dimensão do conhecimento, dos 
valores e do controlo em ambientes caracterizados pela incerteza, a complexidade e a 
mudança. 
 
Em conclusão, tanto os contributos da sociologia das profissões, quanto as reflexões 
desenvolvidas pelo trabalho social, dão claras indicações da necessidade de considerar 
alternativas, em termos conceptuais e metodológicos, que permitam analisar o trabalho social 
a partir do que os trabalhadores sociais fazem e da forma como pensam o que fazem. 
Como evidenciámos através dos dados, os profissionais do trabalho social reconhecem ter 
autonomia nas organizações, as formas burocráticas mais típicas de organização não parecem 
ser uma ameaça e os dispositivos existentes parecem ter algum valor reflexivo para quem os 
usa. O desenvolvimento da linha de análise ASPTI, actualmente centrada no saber 
profissional em trabalho social, poderá contribuir para melhor entender a actual complexidade 
deste trabalho técnico-intelectual assalariado: o modo como a expertise em trabalho social 
“convive” a reconfiguração de velhas e novas burocracias e políticas públicas (neo-
burocratização, Ferrell e Morris, 2003), por contraposição à eventual simplificação analítica 
das “teses da desprofissionalização”. 
 14
 
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