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Aula 12 - DA

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CURSO DE DIREITO ADMINISTRATIVO 
– TEORIA E EXERCÍCIOS – 
DELEGADO DE POLÍCIA FEDERAL 
 
 
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Olá pessoal, 
 
Hoje vamos ver o seguinte: 
 
AULA 12: 12 Responsabilidade civil do Estado. 12.1 
Responsabilidade patrimonial do Estado por atos da 
administração pública: evolução histórica e fundamentos 
jurídicos. 12.2 Teorias subjetivas e objetivas da 
responsabilidade patrimonial do Estado. 12.3 
Responsabilidade patrimonial do Estado por atos da 
administração pública no direito brasileiro. 
 
Então, vamos ao que interessa. 
 
Responsabilidade Civil do Estado 
 
Conforme ressalta Celso Antônio Bandeira de Mello 
“todos os povos, todas as legislações, doutrina e 
jurisprudência universais, reconhecem, em consenso pacífico, 
o dever estatal de ressarcir as vítimas de seus 
comportamentos danosos”. 
 
O Estado, assim como os demais sujeitos de direito 
existente em uma sociedade, se sujeita às determinações proscritas 
no ordenamento jurídico. Não há qualquer sujeito que se intitule fora 
da ordem normativa, eis que é próprio do Estado Democrático de 
Direito à sujeição de todos à ordem jurídica. 
 
Com efeito, estando o Estado também sujeito à 
incidência do ordenamento jurídico (princípio da jurisdicidade), é 
normal que ele responda pelos danos que causar, sobretudo, quando 
o causa em nome da coletividade em detrimento de um ou de alguns. 
 
Nesse sentido, a título de curiosidade, os dois últimos 
Estados a se sucumbirem à teoria da responsabilidade, foram Estados 
Unidos e Inglaterra, respectivamente em 1946 e 1947, entendendo 
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que o Estado não está imune à responsabilidade de reparar danos 
causados a terceiros. 
 
Nos Estados Unidos a teoria da irresponsabilidade 
perdurou até 1946, quando por meio do Federal Tort Claim Act foi 
abolida, e na Inglaterra até 1947 quando foi editado o Crown 
Proceding Act. Nestes dois Estados passou-se a responder de forma 
subjetiva, ou seja, quando seus agentes tiverem causado o dano por 
ato culposo. 
 
Dessa forma, com apoio na lição de Dirley da Cunha 
Junior (Curso de Direito Administrativo, 2006:287), pode-se dizer que 
a responsabilidade extracontratual do Estado “é a obrigação que 
incumbe ao Estado de reparar os danos lesivos a terceiros e 
que lhe sejam imputáveis em virtude de comportamentos 
unilaterais, lícitos ou ilícitos, comissivos ou omissivos, 
materiais ou jurídicos”. 
 
Celso Antônio, sempre com maestria, assevera que se 
“entende por responsabilidade patrimonial extracontratual do Estado 
a obrigação que lhe incumbe de reparar economicamente os danos 
lesivos à esfera juridicamente garantida de outrem e que lhe sejam 
imputáveis em decorrência de comportamentos unilaterais, lícitos ou 
ilícitos, comissivos ou omissivos, materiais ou jurídicos”. 
 
Para Maria Sylvia Zanella Di Pietro “a 
responsabilidade extracontratual do Estado corresponde à 
obrigação de reparar danos causados a terceiros em 
decorrência de comportamentos comissivos ou omissivos, 
materiais ou jurídicos, lícitos ou ilícitos, imputáveis aos 
agentes públicos”. 
 
É importante, portanto, percebemos que nem sempre 
vigeu a teoria da responsabilidade do Estado pelos seus atos, ou seja, 
evoluiu-se da irresponsabilidade para a responsabilidade. 
 
Evolução: 
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Teoria da Irresponsabilidade do Estado 
 
Então, como destacado, na origem dos Estados 
modernos, vigia o sistema de irresponsabilidade do Estado, visto que 
o Rei, representante divino e por vezes a própria divindade, jamais 
poderia errar ou cometer atos que supostamente fossem reprováveis 
sob qualquer aspecto, pois sua vontade era algo absolutamente 
irretocável. 
 
Nesse período, vigorava o princípio da 
irresponsabilidade do Estado, de maneira que não haveria meios de 
responsabilizar o Estado pelos seus atos ou omissões. Conhecidas as 
expressões que marcam sobremaneira essa fase (Le roi ne peut 
mal faire ou The king can do not wrong). 
 
Nesse período, denominado absolutista, o Rei, que se 
confundia com a própria figura do Estado, não respondia por seus 
atos, portanto, insuscetível de qualquer reprovação. Destarte, o 
Estado não respondia por quaisquer danos que causasse a seus 
súditos, porque se isso ocorresse era a própria manifestação do poder 
do Rei, da divindade. 
 
Nessa fase é possível verificar a evolução do sistema de 
responsabilidade, passando em alguns países a haver 
temperamentos, tal como na França, onde leis específicas passaram a 
prevê a responsabilidade do Estado (Lei do 28 pluvioso do Ano 
VIII) ou de seu agente, quando o ato pudesse ser imputado 
diretamente a ele. 
 
Obviamente que com a derrocada dos regimes 
absolutistas, impondo-se limitações ao Estado, submetendo-o ao 
regime das leis, passou-se a adotar a teoria da responsabilidade. 
 
Teoria da Responsabilidade por Culpa (Civilista) 
 
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A teoria da responsabilidade surge sob a idéia da 
responsabilidade estatal baseada na culpa, discutia-se acerca da 
culpa do agente. Em primeiro momento, havendo distinção entre os 
atos chamados de império (no qual o Estado não respondia) e os 
chamados atos de gestão, sob os quais o Estado responderia. 
 
É valioso saber que a teoria da responsabilidade 
civilista do Estado nasce sob o auspício da jurisprudência francesa, à 
margem do tratamento legal, tendo como marco histórico o 
julgamento proferido pelo Tribunal de Conflitos Francês no caso 
Blanco (1873). 
 
Conforme narra a Profa. Di Pietro: 
 
“A menina Agnes Blanco, ao atravessar uma rua em 
Bordeaux, foi colhido por uma vagonete da Cia. 
Nacional de Manufatura do Fumo; seu pai promoveu 
ação civil de indenização, com base no princípio de que 
o Estado é civilmente responsável por prejuízos 
causados a terceiros, em decorrência de ação danosa 
de seus agentes. Suscitado conflito de atribuições entre 
a jurisdição comum e o contencioso administrativo, o 
Tribunal de Conflitos decidiu que a controvérsia deveria 
ser solucionada pelo tribunal administrativo, porque se 
tratava de apreciar a responsabilidade decorrente de 
funcionamento do serviço público. Entendeu-se que a 
responsabilidade do Estado não pode reger-se pelos 
princípios do Código Civil, porque se sujeita a regras 
especiais que variam conforme as necessidades do 
serviço e a imposição de conciliar os direitos do Estado 
com os diretos privados". 
 
Tal evolução se deve ao memorável Conselheiro Davi, 
que apontou a necessidade de evolução no tocante à 
responsabilidade civil do Estado, que tal responsabilidade é distinta 
da estabelecida nas relações privadas, de maneira que não fosse 
necessário demonstrar a culpa individual, mas a culpa do serviço. 
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Surge daí, em abandono a teoria civilista, a teoria da 
responsabilidade subjetiva do Estado baseada na culpa 
administrativa ou denominada faute du service. 
 
Teoria da Responsabilidade por Culpa Administrativa 
 
Inicialmente passou a adotar a responsabilidade do 
Estado nos mesmos moldes da do indivíduo, ou seja, passou o Estado 
a responder toda vez que se demonstrasse a culpa. 
 
No entanto, verificou-seque demonstrar a culpa estatal 
era sempre algo complexo, de modo que a responsabilidade subjetiva 
passou a ser entendida como decorrência da denominada culpa 
administrativa ou culpa anônima. 
 
A teoria da culpa administrativa funda-se na idéia de 
que a responsabilidade do Estado não está vinculada a culpa 
individual (subjetiva) do agente público. O Estado responderá, 
mesmo que agente não seja culpado pelo evento danoso, mas 
quando em razão de falha na prestação de suas atividades puder 
decorrer um dano para terceiros. 
 
Trata-se de culpa administrativa ou anônima do 
serviço (culpa do serviço ou faute du service), que ocorre 
quando: i) o serviço não existiu ou não funcionou quando 
devia funcionar; ii) serviço funcionou mal, iii) serviço atrasou. 
 
Nessas três hipóteses, diz-se que houve a culpa do 
serviço, conforme os franceses faute du service. Em tal situação, 
poderá ocorrer de a vítima não ter como demonstrar a culpa do 
Estado, eis que estando fora do aparelho estatal não detém poder 
para buscar as informações que comprove a culpa estatal. 
 
Assim, haverá a presunção de culpa, ficando a vítima 
desobrigada a prová-lo, ou seja, nessa modalidade a culpa é 
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presumida, cabendo ao Estado, para afastar sua responsabilidade, 
demonstrar que ela não ocorreu. 
 
Teoria da Responsabilidade Objetiva 
 
A evolução da teoria publicista da responsabilidade do 
Estado avançou para a denominada teoria da responsabilidade 
objetiva em que a obrigação de reparar o dano, por ato lícito ou 
ilícito, era cabível no caso de se comprovar a relação de causalidade 
entre o dano e o ato do agente. 
 
In casu, a responsabilidade objetiva, não perpassa por 
análise de qualquer elemento subjetivo, isto é, não se verifica a 
necessidade de demonstra que o ato se deu por culpa (culpa ou 
dolo), ainda que seja ela presumida. É que, na hipótese, não há que 
se perquirir acerca da culpa, basta que haja a relação entre o 
comportamento e o dano para que o Estado seja responsabilizado por 
este. 
 
Com efeito, na teoria da responsabilidade objetiva não 
é necessário provar a culpa do Estado ou de seus agentes, para a 
configuração de três elementos: o ato estatal, o dano e a nexo causal 
entre a ação e o dano. 
 
Outrossim, a teoria da responsabilidade objetiva evolui 
e se divide em duas teorias, a teoria do risco administrativo e a teoria 
do risco integral. 
 
É a teoria do risco que dá fundamento para 
responsabilidade objetiva, baseando-se no sentido de que se deve 
partir os benefícios gerados pela atuação do Estado. E, por isso, 
todos também devem suportar os encargos advindos dessa atuação. 
 
Nessa teoria, a ideia de culpa é substituída pelo nexo 
de causalidade entre o comportamento estatal e o dano sofrido, sem 
se cogitar em culpa do serviço ou culpa do agente. 
 
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Como ressaltado, dividi-se em risco administrativo e 
risco integral. Na Teoria do risco administrativo há possibilidade de 
causas excludentes de responsabilidade, no risco integral não se 
admite excludente, de modo que o Estado é responsável pelo simples 
fato da atividade existir. 
 
Celso Bandeira de Mello salienta que o estágio a que se 
caminha a teoria da responsabilidade é para a teoria da 
responsabilidade do risco social, onde o Estado seria responsável por 
condutas ainda que não fossem imputadas ao próprio Estado. 
 
Evolução da Responsabilidade Extracontratual no Brasil 
 
É assente na doutrina que no Brasil não se passou pelo 
período da irresponsabilidade do Estado, tendo sido adotada a teoria 
da responsabilidade. 
 
A Constituição de 1946, no seu artigo 194, no entanto, 
foi a primeira Constituição a prevê expressamente a responsabilidade 
do Estado por danos, seguindo-se pelas Constituições de 1967 (art. 
105) e 1969 (art. 107). 
 
Em todas essas Constituições, na linha preconizada 
pelo Código Civil de 1916, utilizou-se a teoria da responsabilidade 
subjetiva do Estado. 
 
No entanto, a Constituição de 1988 em seu artigo 37, 
§6º introduz a chamada responsabilidade objetiva do Estado, calcada 
na teoria do risco administrativo, segundo a qual as pessoas jurídicas 
de direito público e as de direito privado, prestadoras de serviço 
público, são responsáveis pelos danos que seus agentes, nessa 
qualidade, causarem a terceiros. 
 
§ 6º - As pessoas jurídicas de direito público e as 
pessoas jurídicas de direito privado prestadoras de 
serviço público responderão pelos danos que seus 
agentes, nessa qualidade, causarem a terceiros, 
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assegurado o direito de regresso contra responsável 
no caso de dolo ou culpa. 
 
Nesse tipo de situação, o particular lesionado não 
carece demonstrar a culpa em sentido amplo, ou seja, a culpa em 
sentido estrito (negligência, imprudência ou imperícia) ou dolo do 
servidor ou da Administração para que esta venha a responder, 
basta, tão-somente, demonstrar o dano, o nexo de causalidade, e a 
conduta atribuída à Administração ou a seu agente. 
 
Alguns autores controvertem acerca desse assunto. 
Para uns a responsabilidade objetiva somente seria aquele em que se 
deu o dano por ação do agente. A responsabilidade por omissão seria 
subjetiva. O próprio Supremo Tribunal Federal, por vezes, vacila no 
tocante ao tema, vejamos: 
 
"A teoria do risco administrativo, consagrada em sucessivos 
documentos constitucionais brasileiros desde a Carta Política 
de 1946, confere fundamento doutrinário à responsabilidade 
civil objetiva do Poder Público pelos danos a que os agentes 
públicos houverem dado causa, por ação ou por omissão. 
Essa concepção teórica, que informa o princípio 
constitucional da responsabilidade civil objetiva do Poder 
Público, faz emergir, da mera ocorrência de ato lesivo 
causado à vítima pelo Estado, o dever de indenizá-la pelo 
dano pessoal e/ou patrimonial sofrido, independentemente 
de caracterização de culpa dos agentes estatais ou de 
demonstração de falta do serviço público. Os elementos que 
compõem a estrutura e delineiam o perfil da responsabilidade 
civil objetiva do Poder Público compreendem (a) a alteridade 
do dano, (b) a causalidade material entre o eventus damni e 
o comportamento positivo (ação) ou negativo (omissão) do 
agente público, (c) a oficialidade da atividade causal e lesiva, 
imputável a agente do Poder Público, que tenha, nessa 
condição funcional, incidido em conduta comissiva ou 
omissiva, independentemente da licitude, ou não, do 
comportamento funcional (RTJ 140/636) e (d) a ausência de 
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causa excludente da responsabilidade estatal (RTJ 55/503 – 
RTJ 71/99 – RTJ 91/377 – RTJ 99/1155 – RTJ 131/417)." (RE 
109.615, Rel. Min. Celso de Mello, DJ 02/08/96) 
 
"Tratando-se de ato omissivo do poder público, a 
responsabilidade civil por tal ato é subjetiva, pelo que exige 
dolo ou culpa, esta numa de suas três vertentes, a 
negligência, a imperícia ou a imprudência, não sendo, 
entretanto, necessário individualizá-la, dado que pode ser 
atribuída ao serviço público, de forma genérica, a falta do 
serviço. A falta do serviço — faute du service dos franceses 
— não dispensa o requisito da causalidade,vale dizer, do 
nexo de causalidade entre a ação omissiva atribuída ao poder 
público e o dano causado a terceiro. Latrocínio praticado por 
quadrilha da qual participava um apenado que fugira da 
prisão tempos antes: neste caso, não há falar em nexo de 
causalidade entre a fuga do apenado e o latrocínio." (RE 
369.820, Rel. Min. Carlos Velloso, DJ 27/02/04). No mesmo 
sentido: RE 409.203, Rel. Min. Carlos Velloso, Informativo 
391. 
 
É fato, no entanto, que a corrente majoritária é no 
sentido de que a responsabilidade objetiva é decorrente de AÇÃO 
estatal, remanescendo a subjetiva, por culpa administrativa, no caso 
de omissão. 
 
Todavia, como ressaltado, a responsabilidade objetiva, 
na modalidade risco administrativo, poderá ser afastada nos casos 
de: culpa exclusiva da vítima, caso fortuito ou força maior. 
 
Entretanto, na hipótese de culpa concorrente, ou seja, 
se o dano advém também de conduta do terceiro e de conduta da 
Adminstração, a exemplo de uma pessoa que fura um sinal vermelho, 
enquanto uma viatura policial também fura de um outro lado, vindo a 
colidir os dois veículos, não ficará afastada a responsabilidade da 
Administração, ou seja, não há compensação de culpas, há a mera 
gradação da indenização a ser concedida. 
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É a denominada concausa, ou seja, a culpa 
concorrente não afasta a responsabilidade, somente atenua o 
quantum a ser indenizado. 
 
É claro que uma sendo obrigada a indenizar e a 
administração, quando conseguir demonstrar a culpa do agente, 
poderá promover a ação de regresso para se ver ressarcida do que 
despendeu. 
 
A expressão responsabilidade civil do Estado, chamada 
por alguns de responsabilidade administrativa (terminologia 
inadequada), pode advir de uma relação contratual, ou seja, qual 
decorrente de um contrato, ou extracontratual (decorrente de atos 
lícitos ou ilícitos da administração pública). 
 
Ademais, a responsabilidade do Estado pode advir de 
um ato administrativo, legislativo ou judicial. 
 
Celso Antônio Bandeira de Mello, citando lição do 
Professor Oswaldo Aranha, salienta que a responsabilidade objetiva 
do Estado será sempre por ação ou quando o Estado é o criador da 
situação que induz o risco (presídio em local habitável, paiol de 
munições etc). Outrossim, será subjetiva a responsabilidade 
decorrente de ato omissivo do Estado. 
 
De outro lado, é possível destacar que em certas 
situações, muito embora não se possa identificar uma ação condutora 
da dano, o Estado poderá propiciar que tal ocorra. É a denominada 
responsabilidade em razão de atuação propiciadora do Risco. 
 
Ocorre no caso de o Estado, embora não cause 
diretamente o dano, dá ensejo à situação propiciadora do risco. Ex. 
Depósito de material explosivo. Preso que mata outro detento. Preso 
que foge do presídio e comete vários crimes da fuga. Semáforo 
estragado. 
 
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Em todas essas situações o Estado responderá 
objetivamente. 
 
Vamos às questões. 
 
QUESTÕES COMENTADAS – CESPE 
 
1. (ANALISTA JUDICIÁRIO – TRE/ES – CESPE/2011) A marca 
característica da responsabilidade objetiva é a desnecessidade 
de o lesado pela conduta estatal provar a existência da culpa 
do agente ou do serviço, ficando o fator culpa desconsiderado 
como pressuposto da responsabilidade objetiva; a 
caracterização da responsabilidade objetiva requer, apenas, a 
ocorrência de três pressupostos: o fato administrativo; a 
ocorrência de dano e o nexo causal. 
 
Comentário: 
 
De fato, na responsabilidade objetiva não se verifica 
culpa, verificando-se, apenas, a ocorrência de três pressupostos: o 
fato (conduta) administrativo; a ocorrência de dano e o nexo causal. 
 
Gabarito: Certo. 
 
 
2. (ANALISTA TÉCNICO – MS – CESPE/2010) Consoante a 
teoria do risco administrativo, consagrada no ordenamento 
jurídico brasileiro, a responsabilidade objetiva do Estado por 
danos causados aos administrados baseia-se na equânime 
repartição dos prejuízos que o desempenho do serviço público 
impõe a certos indivíduos, não suportados pelos demais. 
 
Comentário: 
 
A responsabilidade objetiva funda-se na distribuição 
dos prejuízos, ou seja, no princípio da igualdade dos ônus ou 
encargos sociais, de modo que eventual prejuízo sofrido por um em 
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razão de atuação do Estado, deve ser suportado por toda a 
coletividade. 
 
"A responsabilidade civil do Estado, 
responsabilidade objetiva, com base no risco 
administrativo, que admite pesquisa em torno da culpa 
do particular, para o fim de abrandar ou mesmo excluir 
a responsabilidade estatal, ocorre, em síntese, diante 
dos seguintes requisitos: a) do dano; b) da ação 
administrativa; c) e desde que haja nexo causal entre o 
dano e a ação administrativa. A consideração no 
sentido da licitude da ação administrativa é irrelevante, 
pois o que interessa, é isto: sofrendo o particular um 
prejuízo, em razão da atuação estatal, regular ou 
irregular, no interesse da coletividade, é devida a 
indenização, que se assenta no princípio da 
igualdade dos ônus e encargos sociais." (RE 
113.587, Rel. Min. Carlos Velloso, julgamento em 18-2-
1992, Segunda Turma, DJ de 3-3-1992.) 
 
Gabarito: Certo. 
 
 
3. (JUIZ – TJ/PB – CESPE/2011) Mediante expressa 
determinação legal, o Estado poderá responder civilmente por 
danos causados a terceiros, ainda que sua atuação tenha 
ocorrido de modo regular e conforme com o direito. 
 
Comentário: 
 
De acordo com o art. 37, §6º, CF/88, o Estado 
responderá por ação, seja lícita ou ilícita, que seja causadora de dano 
a terceiros, sob a modalidade objetiva, quer dizer independentemente 
de culpa. 
 
Gabarito: Certo. 
 
 
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4. (JUIZ – TJ/PB – CESPE/2011) A teoria da responsabilidade 
civil objetiva do Estado deve ser aplicada de modo absoluto, 
não sendo admitida hipótese de exclusão nem de 
abrandamento. 
 
Comentário: 
 
Como observado, a teoria da responsabilidade objetiva 
não é absoluta, eis que se admite excludente de responsabilidade, tal 
como no caso de culpa exclusiva da vítima, força maior, caso fortuito 
ou fato de terceiros, bem como abrandamento no caso de culpa 
concorrente. 
 
Gabarito: Errado. 
 
 
5. (PROMOTOR DE JUSTIÇA – MPE/RO – CESPE/2008) Em uma 
rodovia estadual muito movimentada, próxima ao centro da 
cidade, João colidiu o seu veículo com uma vaca, que 
pertencia a Antônio, quando esta se encontrava 
indevidamente no meio da pista, em uma área sem qualquer 
sinalização sobre a existência de animais na região. Nessa 
situação, a responsabilidade civil do Estado será objetiva. 
 
Comentário: 
 
Observe que a responsabilidade na questão não decorre 
de ato estatal, por isso não é objetiva. Assim, somente poderia ser 
subjetiva, sob a modalidade de falta do serviço, eis que há prejuízos 
pela falta de sinalização. 
 
Gabarito: Errado. 
 
 
6. (PROCURADOR – BANCO CENTRAL – CESPE/2009) A 
responsabilidade das autarquias pelos prejuízos causados a 
terceiros não é direta, de modo que, diante da ocorrência de 
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dano, o lesado deve buscar a reparação diretamente ao ente 
federativo e não à autarquia. 
 
Comentário: 
 
Sabemos que as autarquias são pessoas jurídicas de 
direito público e como tal gozam de autonomia administrativa, 
financeira e técnica. Assim, eventual dano causado a terceiros haverá 
a responsabilidade direta da autarquia. 
 
É importante destacar que o ente criador não responde 
subsidiariamente pela autarquia, devendo ser demanda a própria 
autarquia e não o ente federativo, salvo no caso de extinção da 
entidade, quando aí será demandado o próprio criador. 
 
Gabarito: Errado. 
 
 
7. (ADVOGADO DA UNIÃO – AGU – CESPE/2009) Para sua 
configuração, a responsabilidade do Estado demanda os 
seguintes pressupostos: conduta comissiva ou omissiva, 
ocorrência de dano, bem como nexo de causalidade entre a 
conduta e o dano. No caso de responsabilização do Estado, os 
juros moratórios fluem a partir do evento danoso, no 
percentual de 12% ao ano. 
 
Comentário: 
 
Para que se verifique a responsabilidade objetiva do 
Estado é necessária a configuração dos seguintes elementos: 
 
(a) ato comissivo 
(b) dano 
(c) nexo de causalidade 
 
Nesse sentido é o entendimento do Supremo Tribunal 
Federal. Ilustrativamente: 
 
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"A responsabilidade civil do Estado, 
responsabilidade objetiva, com base no risco 
administrativo, que admite pesquisa em torno da culpa 
do particular, para o fim de abrandar ou mesmo excluir 
a responsabilidade estatal, ocorre, em síntese, diante 
dos seguintes requisitos: a) do dano; b) da ação 
administrativa; c) e desde que haja nexo causal 
entre o dano e a ação administrativa. A 
consideração no sentido da licitude da ação 
administrativa é irrelevante, pois o que interessa, é 
isto: sofrendo o particular um prejuízo, em razão da 
atuação estatal, regular ou irregular, no interesse da 
coletividade, é devida a indenização, que se assenta no 
princípio da igualdade dos ônus e encargos sociais." (RE 
113.587, Rel. Min. Carlos Velloso, julgamento em 18-2-
1992, Segunda Turma, DJ de 3-3-1992.) 
 
É importante destacar que a responsabilidade do 
Estado por omissão, conforme doutrina majoritária, é do tipo 
subjetiva, adotando-se a denomina culpa administrativa ou anônima. 
 
"Tratando-se de ato omissivo do poder público, a 
responsabilidade civil por tal ato é subjetiva, pelo 
que exige dolo ou culpa, esta numa de suas três 
vertentes, a negligência, a imperícia ou a imprudência, 
não sendo, entretanto, necessário individualizá-
la, dado que pode ser atribuída ao serviço público, 
de forma genérica, a falta do serviço. A falta do 
serviço – faute du service dos franceses – não dispensa 
o requisito da causalidade, vale dizer, do nexo de 
causalidade entre a ação omissiva atribuída ao poder 
público e o dano causado a terceiro." (RE 369.820, 
Rel. Min. Carlos Velloso, julgamento em 4-11-
2003, Segunda Turma, DJ de 27-2-2004.) No mesmo 
sentido: RE 602.223-AgR, Rel. Min. Eros Grau, 
julgamento em 9-2-2010, Segunda Turma, DJE de 12-
3-2010; RE 409.203, Rel. p/ o ac. Min. Joaquim 
Barbosa, julgamento em 7-3-2006, Segunda Turma, DJ 
de 20-4-2007; RE 395.942-AgR, Rel. Min. Ellen Gracie, 
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julgamento em 16-12-2008, Segunda Turma, DJE de 
27-2-2009. 
 
No entanto, como já destaquei, o Estado responde 
objetivamente, diante de omissões, quando é o criador do risco e 
atua na posição de garantidor, ou seja, daquele que tem o dever de 
cuidado com o bem. 
 
Acerca da condenação em danos, que pode ser moral 
ou patrimonial, é certo que os juros fluem a partir do evento danoso, 
mas fica restrito a 6% (seis por cento) conforme Lei nº 9.494/97 até 
a entrada em vigor do novo Código Civil quando deverá observar a 
SELIC, conforme reiteradamente vem decidido o Superior Tribunal de 
Justiça. Ilustrativamente: 
 
PROCESSUAL CIVIL E ADMINISTRATIVO – OFENSA AO 
ART. 535 DO CPC NÃO-CONFIGURADA – 
RESPONSABILIDADE CIVIL DO ESTADO POR OMISSÃO 
– ELEMENTO SUBJETIVO RECONHECIDO PELA 
INSTÂNCIA ORDINÁRIA – SÚMULA 7/STJ – JUROS DE 
MORA – ÍNDICE – ART; 1.062 DO CC/1916 E ART. 406 
DO CC/2002 – PRECEDENTE DA CORTE ESPECIAL – 
INDENIZAÇÃO POR DANOS MATERIAIS E MORAIS – 
REVISÃO – IMPOSSIBILIDADE – SÚMULA 7/STJ – 
HONORÁRIOS ADVOCATÍCIOS. 
1. Não há ofensa ao art. 535 do CPC, pois o Tribunal de 
origem se manifestou expressamente sobre a incidência 
da verba honorária em 15% sobre a condenação, e 
sobre os juros legais, fixados indevidamente em 12% 
ao ano. 
2. A jurisprudência dominante tanto do STF como deste 
Tribunal, nos casos de ato omissivo estatal, é no 
sentido de que se aplica a teoria da responsabilidade 
subjetiva. 
3. Hipótese em que o Tribunal local, apesar de adotar a 
teoria da responsabilidade objetiva do Estado, 
reconheceu a ocorrência de culpa dos agentes públicos 
estaduais na prática do dano causado ao particular. 
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4. Os juros relativos ao período da mora anterior 
à data de vigência do novo Código Civil 
(10.1.2003) têm taxa de 0,5% ao mês (art. 1062 
do CC/1916) e, no que se refere ao período 
posterior, aplica-se o disposto no art. 406 da Lei 
10.406, de 10.1.2002. 
5. A Corte Especial do STJ, por ocasião do 
julgamento dos Embargos de Divergência 
727.842/SP, firmou posicionamento de que o art. 
406 do CC/2002 trata, atualmente, da incidência 
da SELIC como índice de juros de mora, quando 
não estiver estipulado outro valor. 
6. A jurisprudência é pacífica no sentido de que a 
revisão do valor da indenização somente é possível, em 
casos excepcionais, quando exorbitante ou 
insignificante a importância arbitrada, em flagrante 
violação dos princípios da razoabilidade e da 
proporcionalidade, o que, todavia, in casu, não se 
configurou. 
7. É firme o entendimento da Primeira Seção quanto à 
impossibilidade de, em Recurso Especial, modificar-se o 
percentual de honorários sucumbenciais fixados pelas 
instâncias de origem, salvo quando há fixação em 
valores irrisórios ou excessivos, hipótese não 
configurada nos autos. 
8. Recurso especial parcialmente provido. 
(REsp 1069996/RS, Rel. Ministra ELIANA CALMON, 
SEGUNDA TURMA, julgado em 18/06/2009, DJe 
01/07/2009) 
 
Gabarito: Errado. 
 
 
8. (INSPETOR DE POLÍCIA – PC/CE – CESPE/2012) A 
responsabilidade civil do Estado exige três requisitos para a 
sua configuração: ação atribuível ao Estado, dano causado a 
terceiros e nexo de causalidade. 
 
Comentário: 
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De fato, como já verificamos, a responsabilidade 
objetiva do Estado exige a configuração de três requisitos, sendo: (a) 
ato comissivo (ação atribuível ao Estado); (b) dano (causado a terceiros); 
(c) nexo de causalidade (entre a ação e o dano). 
 
Gabarito: Certo. 
 
 
9. (TÉCNICO EM COMUNICAÇÃO – DPU – CESPE/2010) O nexo 
de causa e efeito não constitui elemento a ser aferido na 
apuração de eventual responsabilidade do Estado. 
 
Comentário: 
 
No âmbito da responsabilidade civil do Estado, como já 
observado, é necessária a verificação do nexo de causalidade entre a 
conduta comissiva ou omissiva estatale o dano, sob pena de não se 
configura a responsabilidade pela interrupção do nexo causal. 
 
"A responsabilidade do Estado, embora objetiva por 
força do disposto no art. 107 da EC 1/1969 (e, 
atualmente, no § 6º do art. 37 da Carta Magna), não 
dispensa, obviamente, o requisito, também objetivo, do 
nexo de causalidade entre a ação ou a omissão 
atribuída a seus agentes e o dano causado a terceiros. 
Em nosso sistema jurídico, como resulta do disposto no 
art. 1.060 do Código Civil, a teoria adotada quanto 
ao nexo de causalidade é a teoria do dano direto e 
imediato, também denominada teoria da 
interrupção do nexo causal. Não obstante aquele 
dispositivo da codificação civil diga respeito a 
impropriamente denominada responsabilidade 
contratual, aplica-se ele também à responsabilidade 
extracontratual, inclusive a objetiva, até por ser aquela 
que, sem quaisquer considerações de ordem subjetiva, 
afasta os inconvenientes das outras duas teorias 
existentes: a da equivalência das condições e a da 
causalidade adequada." (RE 130.764, Rel. Min. Moreira 
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Alves, julgamento em 12-5-1992, Primeira Turma, DJ 
de 7-8-1992.) 
 
Gabarito: Errado. 
 
 
10. (ANALISTA TÉCNICO – MS – CESPE/2010) Caracterizada 
a responsabilidade subjetiva do Estado, mediante a 
conjugação concomitante de três elementos - dano, 
negligência administrativa e nexo de causalidade entre o 
evento danoso e o comportamento ilícito do poder público -, é 
inafastável o direito à indenização ou reparação civil de quem 
suportou os prejuízos. 
 
Comentário: 
 
Como já sabemos, o Estado pode responder sob a 
modalidade responsabilidade objetiva ou sob a responsabilidade 
subjetiva. Nesta, é necessária a demonstração de três elementos, 
sendo: o dano, o nexo de causalidade, e o comportamento culposo do 
Estado. 
 
Assim, diante da configuração desses elementos, estará 
configurada a responsabilidade do Estado, que deverá suportar a 
indenização a fim de reparar os prejuízos sofridos pelo terceiro. 
 
Gabarito: Certo. 
 
 
11. (TÉCNICO EM COMUNICAÇÃO – DPU – CESPE/2010) O 
Brasil adotou a teoria da responsabilidade subjetiva do 
Estado, segundo a qual a administração pública somente 
poderá reparar o prejuízo causado a terceiro se restar 
devidamente comprovada a culpa do agente público. 
 
Comentário: 
 
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De acordo com o art. 37, §6º, da Constituição Federal, 
adotamos a teoria da responsabilidade objetiva, segundo a qual as 
pessoas jurídicas de direito público e as de direito privado, 
prestadoras de serviços públicos, respondem, independentemente de 
culpa, pelos danos que seus agentes, nesta qualidade, causarem a 
terceiros. 
 
É verdade, no entanto, que também se adota a 
responsabilidade subjetiva, nos casos de omissão estatal, desde que 
o Estado não tenha criado a situação de risco ou esteja na posição de 
garante (dever de cuidado, de proteção, tendo em vista a criação do 
risco), eis que aqui também se adota a teoria da responsabilidade 
objetiva, conforme entendimento do STF: 
 
“Responsabilidade civil do Estado. Art. 37, § 6º, da 
Constituição do Brasil. Latrocínio cometido por foragido. 
Nexo de causalidade configurado. Precedente. A 
negligência estatal na vigilância do criminoso, a inércia 
das autoridades policiais diante da terceira fuga e o 
curto espaço de tempo que se seguiu antes do crime 
são suficientes para caracterizar o nexo de causalidade. 
Ato omissivo do Estado que enseja a 
responsabilidade objetiva nos termos do disposto 
no art. 37, § 6º, da Constituição do Brasil.” (RE 
573.595-AgR, Rel. Min. Eros Grau, julgamento em 24-
6-2008, Segunda Turma, DJE de 15-8-2008.) 
 
Pode-se dizer, ademais, que também adotamos a teoria 
da responsabilidade subjetiva, sob a modalidade culpa administrativa, 
por fato de terceiros ou da natureza, em razão do mal funcionamento 
dos serviços, hipótese em que não é necessária a comprovação da 
culpa, pois o ônus se inverte, cabendo ao administrado provar apenas 
que o serviço não funcionou, funcionou mal ou não existiu. 
 
Assim, a Administração Pública poderá reparar o 
prejuízo causado a terceiro ainda que não demonstrada a culpa do 
agente público. 
 
Gabarito: Errado. 
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12. (TÉCNICO EM COMUNICAÇÃO – DPU – CESPE/2010) A 
teoria da irresponsabilidade do Estado é aplicável no direito 
brasileiro. 
 
Comentário: 
 
Não se aplica no âmbito da Administração Pública 
brasileira a teoria da irresponsabilidade do ato, na medida em que a 
Administração responde por ação ou omissão, dolosa ou culposa. 
 
A teoria da irresponsabilidade não seria aplicável tendo 
em vista que isentaria o agente e o Estado de responder pelos danos 
causados ao terceiros, de modo que, na atualidade, incide a teoria da 
responsabilidade estatal. 
 
Gabarito: Errado. 
 
 
13. (ANALISTA TÉCNICO – MS – CESPE/2010) A doutrina 
dominante é no sentido de que se aplica a teoria da 
responsabilidade subjetiva nos casos de ato comissivo estatal. 
 
Comentário: 
 
Como já observamos a responsabilidade do Estado será 
objetiva ou subjetiva. Ocorre a responsabilidade objetiva diante de 
atos estatais, ou seja, diante de ato comissivo estatal. 
 
De outro lado, em regra, a responsabilidade subjetiva 
decorre da omissão estatal, ou seja, dos atos omissivos. 
 
Gabarito: Errado. 
 
 
14. (JUIZ – TJ/PB – CESPE/2011) Na hipótese de conduta 
omissiva do Estado, incide a responsabilidade objetiva, 
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bastando a comprovação do nexo causal entre a omissão e o 
prejuízo causado ao particular. 
 
Comentário: 
 
Diante da omissão estatal, como visto, incide a 
responsabilidade subjetiva. 
 
Gabarito: Errado. 
 
 
15. (ANALISTA JUDICIÁRIO – JUDICIÁRIA – TJ/ES – 
CESPE/2011) Para se caracterizar a responsabilidade civil do 
Estado no caso de conduta omissiva, não basta a simples 
relação entre a omissão estatal e o dano sofrido, pois a 
responsabilidade só estará configurada quando estiverem 
presentes os elementos que caracterizem a culpa. 
 
Comentário: 
 
A responsabilidade subjetiva para ser configurada é 
necessária a demonstração da conduta (ação ou omissão), o nexo de 
causalidade, o dano e a culpa (culpa ou dolo). 
 
Assim, não basta provar que houve a omissão estatal, 
faz mister provar a configuração dos demais elementos, sobretudo 
que a omissão foi dolosa ou culposa (negligência). 
 
Gabarito: Certo. 
 
 
16. (TÉCNICO ADMINISTRATIVO – PREVIC – CESPE/2011) 
Em se tratando de conduta omissiva, para configuração da 
responsabilidade estatal, é necessária a comprovação dos 
elementos que caracterizam a culpa, de forma que não deve 
ser aplicada absolutamente a teoria da responsabilidade 
objetiva. 
 
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Comentário: 
 
Como visto, a regra da responsabilidade objetiva não é 
absoluta. O Estado poderá responder sob a forma subjetiva. Nesta 
hipótese, em regra, por omissão, e desde que demonstrado os 
demais elementos ensejadores da responsabilidade, tal como dano, 
nexo, culpaou dolo. 
 
Gabarito: Certo. 
 
 
17. (ANALISTA JUDICIÁRIO – TRE/ES – CESPE/2011) A 
responsabilidade civil do Estado por condutas omissivas é 
subjetiva, sendo necessária a comprovação da negligência na 
atuação estatal, ou seja, a prova da omissão do Estado, em 
que pese o dever legalmente imposto de agir, além do dano e 
do nexo causal entre ambos. 
 
Comentário: 
 
Mais uma vez, reforça-se. O Estado por omissão 
responderá sob a forma da responsabilidade subjetiva, na qual se 
deve demonstrar a conduta omissiva, o dano, o nexo causal, bem 
como a culpa (negligência). 
 
Gabarito: Certo. 
 
 
18. (TÉCNICO JUDICIÁRIO – TRE/GO – CESPE/2008) 
Joaquim, motorista de pessoa jurídica prestadora de serviço 
público, transportava documentos oficiais que necessitavam 
ser entregues com urgência. No trajeto, Joaquim, por 
imperícia e imprudência, envolveu-se em acidente de trânsito, 
no qual colidiu com veículo de particular. A Constituição 
Federal de 1988 (CF) adotou a responsabilidade objetiva do 
Estado, sob a modalidade do risco integral, razão pela qual a 
pessoa jurídica deverá responder pelos danos. 
 
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Comentário: 
 
A Constituição Federal de 1988 não adotou a teoria da 
responsabilidade administrativa sob a modalidade de risco integral. 
Essa modalidade de responsabilidade objetiva, sob o risco integral, 
não admite excludente de responsabilidade. 
 
Com efeito, a responsabilidade objetiva ficará afastada 
toda vez que houver a interrupção do nexo causal, na medida em que 
se demonstra que não há relação entre o dano e a conduta estatal. 
 
Nesse sentido, admite-se, a fim de demonstrar o 
rompimento do nexo, como causas que excluem a responsabilidade 
a: culpa exclusiva da vítima; caso fortuito; força maior. 
 
Gabarito: Errado. 
 
 
19. (TÉCNICO JUDICIÁRIO – TRE/GO – CESPE/2008) 
Joaquim, motorista de pessoa jurídica prestadora de serviço 
público, transportava documentos oficiais que necessitavam 
ser entregues com urgência. No trajeto, Joaquim, por 
imperícia e imprudência, envolveu-se em acidente de trânsito, 
no qual colidiu com veículo de particular. Trata-se de hipótese 
que exclui o dever de indenizar, visto que Joaquim estava 
executando serviço público de natureza urgente. 
 
Comentário: 
 
Que é isso? Sempre desconfie dessas aberrações. 
Devemos lembrar, nos termos do art. 37, §6º, CF/88 que as pessoas 
jurídicas de direito público e as de direito privado, prestadoras de 
serviço público, respondem pelos danos que seus agentes, nesta 
qualidade, causarem a terceiros. 
 
Então, a frase mágica da questão é pessoa jurídica 
prestadora de serviço na medida em que esta responde objetiva, ou 
seja, independentemente de dolo ou culpa. 
 
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Significa dizer que na responsabilidade objetiva não é 
necessário a configuração da culpa lato sensu, basta que exista o ato 
imputado à Administração, o dano e o nexo de causalidade entre o 
ato e dano. 
 
Portanto, percebam que o dano decorre da atuação do 
motorista. Pois é, ainda que ele (motorista) não tivesse agido com 
culpa, mas tivesse causado o dano, incidiria o dever da Administração 
de indenizar, ante a aplicação da responsabilidade objetiva. 
 
Nesse caso, como o servidor agiu com culpa (foi 
negligente) deve o Estado promover a ação regressiva a fim de que 
venha se ressarcir de eventual indenização. 
 
A propósito, só a título de curiosidade, se o servidor era 
motorista, como poderia ser culpado por imperícia, já que a imperícia 
ocorre quando o agente não tem conhecimento ou aptidão técnica 
para realizar o ato? (risos). 
 
Vale destacar que na responsabilidade objetiva, no 
risco administrativo, admite-se excludente de responsabilidade por 
meio de culpa exclusiva da vítima, caso fortuito ou força maior. 
Assim, a urgência não se insere dentre as causas de excludente. 
 
Gabarito: Errado. 
 
 
20. (TÉCNICO JUDICIÁRIO – TRE/GO – CESPE/2008) 
Joaquim, motorista de pessoa jurídica prestadora de serviço 
público, transportava documentos oficiais que necessitavam 
ser entregues com urgência. No trajeto, Joaquim, por 
imperícia e imprudência, envolveu-se em acidente de trânsito, 
no qual colidiu com veículo de particular. A responsabilidade 
civil será exclusiva de Joaquim, visto que agiu com imperícia e 
imprudência. 
 
Comentário: 
 
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Então, esse é o clássico exemplo da responsabilidade 
objetiva. É que o agente estava transportando o documento na 
realização de suas atribuições e colidiu com outro veículo. 
 
Devemos lembrar a aplicação da teoria do órgão ou da 
imputação. Assim, o dano causado pelo agente é imputado ou 
atribuído ao seu órgão e, por isso, ao ente ou entidade 
administrativa. 
 
Dessa maneira, a responsabilidade é objetiva, sendo 
atribuída ao próprio ente ou entidade e somente regressivamente ao 
servidor, que não responderá diretamente pelos danos causados. 
 
"A responsabilidade do Estado, embora objetiva por 
força do disposto no art. 107 da EC 1/1969 (e, 
atualmente, no § 6º do art. 37 da Carta Magna), não 
dispensa, obviamente, o requisito, também objetivo, do 
nexo de causalidade entre a ação ou a omissão 
atribuída a seus agentes e o dano causado a terceiros. 
Em nosso sistema jurídico, como resulta do disposto no 
art. 1.060 do Código Civil, a teoria adotada quanto 
ao nexo de causalidade é a teoria do dano direto e 
imediato, também denominada teoria da 
interrupção do nexo causal. Não obstante aquele 
dispositivo da codificação civil diga respeito a 
impropriamente denominada responsabilidade 
contratual, aplica-se ele também à responsabilidade 
extracontratual, inclusive a objetiva, até por ser aquela 
que, sem quaisquer considerações de ordem subjetiva, 
afasta os inconvenientes das outras duas teorias 
existentes: a da equivalência das condições e a da 
causalidade adequada." (RE 130.764, Rel. Min. Moreira 
Alves, julgamento em 12-5-1992, Primeira Turma, DJ 
de 7-8-1992.) 
 
Gabarito: Errado. 
 
 
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21. (TÉCNICO JUDICIÁRIO – TRE/MT – CESPE/2010) O 
Estado pode exercer o direito de regresso contra o agente 
responsável pelo dano praticado, independentemente de este 
ter agido com culpa ou dolo. 
 
Comentário: 
 
Conforme estabelece o art. 37, §6º, CF/88 quando o 
Estado for obrigado a reparar o dano, deverá promover ação 
regressiva contra o agente que deu causa ao dano, isso quando ficar 
demonstrado que este agiu com dolo ou culpa. 
 
Gabarito: Errado. 
 
 
22. (PROMOTOR DE JUSTIÇA – MPE/SE – CESPE/2010) 
Direito de regresso é o assegurado ao Estado no sentido de 
dirigir sua pretensão indenizatória contra o agente 
responsável pelo dano, independentemente de este ter agido 
com culpa ou dolo. 
 
Comentário: 
 
Direito de regresso é o direito conferido ao Estado para 
promover ação com a finalidade de se ver ressarcido do que 
eventualmente arcou no caso de danos causados a terceiros, em 
razão de conduta, dolosa ou culposa, de seus agentes. 
 
Gabarito: Errado. 
 
 
23. (TÉCNICO JUDICIÁRIO – TRE/GO – CESPE/2008) 
Joaquim, motorista de pessoa jurídica prestadora de serviço 
público, transportava documentos oficiais que necessitavam 
ser entregues comurgência. No trajeto, Joaquim, por 
imperícia e imprudência, envolveu-se em acidente de trânsito, 
no qual colidiu com veículo de particular. A responsabilidade 
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civil será da pessoa jurídica, na modalidade objetiva, com a 
possibilidade de direito de regresso contra o motorista. 
 
Comentário: 
 
É isso aí! Exatamente isso, conforme verificamos na 
questão anterior, ou seja, responde a pessoa jurídica na modalidade 
responsabilidade objetiva, com a possibilidade de direito de regresso 
contra o serviço, conforme estabelece o art. 37, §6º da CF/88, 
vejamos: 
§ 6º - As pessoas jurídicas de direito público e as de 
direito privado prestadoras de serviços públicos 
responderão pelos danos que seus agentes, nessa 
qualidade, causarem a terceiros, assegurado o direito 
de regresso contra o responsável nos casos de dolo ou 
culpa. 
Gabarito: Certo. 
 
 
24. (TÉCNICO EM COMUNICAÇÃO – DPU – CESPE/2010) As 
empresas prestadoras de serviços públicos não respondem 
pelos prejuízos que seus agentes, nessa qualidade, causarem 
a terceiros. Em tal hipótese, o ressarcimento do terceiro 
prejudicado deve ser feito diretamente pelo agente causador 
do dano. 
 
Comentário: 
 
Como observamos, tanto as pessoas jurídicas de direito 
público, quanto as pessoas jurídicas de direito privado, neste caso 
quando prestadoras de serviços públicos responderão pelos danos 
que seus agentes causarem nesta condição, conforme dicção do art. 
37, §6º, da CF/88. 
 
Gabarito: Errado. 
 
 
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25. (ANALISTA – CÂMARA – CESPE/2012) As entidades de 
direito privado prestadoras de serviço público respondem 
objetivamente pelos prejuízos que seus agentes, nessa 
qualidade, causarem a terceiros. 
 
Comentário: 
 
De fato, tanto as pessoas jurídicas de direito público, 
quanto às pessoas jurídicas de direito privado, neste caso quando 
prestadoras de serviços públicos responderão pelos danos que seus 
agentes causarem nesta condição, conforme dicção do art. 37, §6º, 
da CF/88. 
 
Gabarito: Certo. 
 
 
26. (INSPETOR DE POLÍCIA – PC/CE – CESPE/2012) As 
empresas públicas e as sociedades de economia mista que 
exploram atividade econômica respondem pelos danos que 
seus agentes causarem a terceiros conforme as mesmas 
regras aplicadas às demais pessoas jurídicas de direito 
privado. 
 
Comentário: 
 
Somente responderão de forma objetiva as pessoas 
jurídicas de direito privado prestadoras de serviços públicos (art. 37, 
§6º, da CF/88). Assim, as estatais que explorem atividade econômica 
responderão sob o regime aplicável as demais pessoas jurídicas de 
direito privado. 
 
Gabarito: Certo. 
 
 
27. (ANALISTA MINISTERIAL – MPE/PI – CESPE/2012) A 
regra da responsabilidade civil objetiva do Estado se aplica 
tanto às entidades de direito privado que prestam serviço 
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público como às entidades da administração indireta que 
executem atividade econômica de natureza privada. 
 
Comentário: 
 
Somente responderão de forma objetiva as pessoas 
jurídicas de direito privado prestadoras de serviços públicos (art. 37, 
§6º, da CF/88). 
 
Gabarito: Errado. 
 
 
28. (TÉCNICO EM COMUNICAÇÃO – DPU – CESPE/2010) A 
reparação do dano, na hipótese de prejuízo causado a 
terceiros pela administração, pode ser feita tanto no âmbito 
administrativo quanto no judicial. 
 
Comentário: 
 
É assente na doutrina que a reparação do dano pode 
ocorrer no âmbito da própria Administração, por meio de processo 
administrativo, uma vez demonstrado o dano, promovendo a própria 
Administração Pública a reparação do dano. 
 
De outro lado, como é cediço, acaso não ocorra a 
reparação no âmbito administrativo, poderá o prejudicado provocar o 
poder judiciário a fim de buscar a reparação. 
 
Gabarito: Certo. 
 
 
29. (ANALISTA JUDICIÁRIO – EXECUÇÃO DE MANDADOS – 
STM – CESPE/2011) A reparação do dano causado a terceiros 
pode ser feita tanto no âmbito judicial quanto no 
administrativo, mas, neste último caso, a administração é 
obrigada a pagar o montante indenizatório de uma só vez, em 
dinheiro, de maneira a recompor plenamente o bem ou o 
interesse lesado. 
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Comentário: 
 
De fato, a reparação do dano pode ocorrer de forma 
amigável, no âmbito da Administração, ou Judicialmente. Todavia, 
não há determinação alguma no sentido de que a Administração deva 
pagar o montante indenizatório de uma só vez. 
 
Gabarito: Errado. 
 
 
30. (TÉCNICO JUDICIÁRIO – TRE/MT – CESPE/2010) A 
reparação de danos causados a terceiros somente pode ser 
feita no âmbito judicial, pois a administração não está 
legitimada a, por si só, reconhecer a sua responsabilidade e 
definir o valor de uma possível indenização. 
 
Comentário: 
 
Pois é? É exatamente igual às anteriores. Sabido que a 
reparação, indenização, pode ocorrer no âmbito Administrativo ou 
perante o Judiciário. 
 
Lembre-se do fatídico caso ocorrido no Rio de Janeiro, 
em que um ex-aluno, ceifou a vida de diversas criancinhas. A 
prefeitura reconhecendo sua responsabilidade convocou os familiares 
para, além de assumir as despesas com funeral, também indenizá-las 
pelo ocorrido. 
 
Gabarito: Errado. 
 
 
31. (TÉCNICO JUDICIÁRIO – TRE/MT – CESPE/2010) Os 
agentes que, por ação ou omissão, podem gerar a 
responsabilidade civil do Estado são os servidores 
estatutários, uma vez que apenas eles têm relação de trabalho 
que os vincula diretamente à administração. 
 
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Comentário: 
 
Como sabido, a responsabilidade civil do Estado decorre 
de dano causado por agente, agindo nesta condição. Significa dizer 
que o agente público está atuando no exercício de suas funções ou 
em decorrência dela. 
 
A expressão agente, é importante destacar, deve ser 
concebida em sentido amplo, ou seja, de modo a compreender os 
agentes políticos, administrativos, honoríficos, credenciados e os 
delegados, não se restringindo apenas aos servidores públicos 
(estatutários). 
 
Gabarito: Errado. 
 
 
32. (PROMOTOR DE JUSTIÇA – MPE/SE – CESPE/2010) Para 
efeito de responsabilidade civil do Estado, considera-se agente 
o servidor que, em sua atuação, causar dano a terceiros. 
Exclui-se, assim, dessa noção as pessoas que não têm vínculo 
típico de trabalho com a administração e os agentes 
colaboradores e sem remuneração. 
 
Comentário: 
 
Como destacado, a expressão agente tem alcance mais 
amplo, não se referindo tão-somente aos servidores públicos, na 
medida em que engloba, inclusive, os funcionários das pessoas 
jurídicas de direito privado prestadoras de serviços públicos, os 
temporários, os honoríficos, bem como os credenciados. 
 
Gabarito: Errado. 
 
 
33. (ANALISTA JUDICIÁRIO – TRE/ES – CESPE/2011) A 
responsabilidade civil do Estado no caso de morte de pessoa 
custodiada é subjetiva. 
 
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Comentário: 
 
Como observamos nas linhas iniciais, quando o Estado 
assume a posição degarante, tal como no caso de crianças em 
escolas, pessoas encarceradas, pessoas em nosocômios etc., o 
Estado assume para si o ônus de garantir a integridade física e moral 
de alguém, a responsabilidade por dano, quando a pessoa estiver 
nessa situação, será objetiva. 
 
Nessa situação o Estado tem o dever de garantir a 
integridade física e moral, de modo que se algo acontecer a essas 
pessoas, responderá o Estado de forma objetiva, pois não cumpriu 
bem sua função. 
 
INFORMATIVO Nº 567 
TÍTULO: Rebelião - Carandiru - Responsabilidade Civil 
Objetiva - Dever de Indenizar (Transcrições) 
PROCESSO: AI - 299125 
ARTIGO 
Rebelião - Carandiru - Responsabilidade Civil Objetiva - 
Dever de Indenizar (Transcrições) AI 299125/SP* RELATOR: 
MIN. CELSO DE MELLO EMENTA: RESPONSABILIDADE CIVIL 
OBJETIVA DO ESTADO (CF, ART. 37, § 6º). CONFIGURAÇÃO. 
REBELIÃO NO COMPLEXO PENITENCIÁRIO DO CARANDIRU. 
RECONHECIMENTO, PELO TRIBUNAL DE JUSTIÇA LOCAL, DE 
QUE SE ACHAM PRESENTES TODOS OS ELEMENTOS 
IDENTIFICADORES DO DEVER ESTATAL DE REPARAR O 
DANO. NÃO-COMPROVAÇÃO, PELO ESTADO DE SÃO PAULO, 
DA ALEGADA RUPTURA DO NEXO CAUSAL. CARÁTER 
SOBERANO DA DECISÃO LOCAL, QUE, PROFERIDA EM SEDE 
RECURSAL ORDINÁRIA, RECONHECEU, COM APOIO NO 
EXAME DOS FATOS E PROVAS, A INEXISTÊNCIA DE CAUSA 
EXCLUDENTE DA RESPONSABILIDADE CIVIL DO PODER 
PÚBLICO. INADMISSIBILIDADE DE REEXAME DE PROVAS E 
FATOS EM SEDE RECURSAL EXTRAORDINÁRIA (SÚMULA 
279/STF). DOUTRINA E PRECEDENTES EM TEMA 
DERESPONSABILIDADE CIVIL OBJETIVA DO ESTADO. 
ACÓRDÃO RECORRIDO QUE SE AJUSTA À JURISPRUDÊNCIA 
DO SUPREMO TRIBUNAL FEDERAL. AGRAVO IMPROVIDO. 
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DECISÃO: O recurso extraordinário a que se refere o 
presente agravo de instrumento foi interposto contra 
acórdão, que, confirmado, em sede de embargos de 
declaração (fls. 101/103), pelo E. Tribunal de Justiça do 
Estado de São Paulo, está assim ementado (fls. 96): 
“RESPONSABILIDADE CIVIL – DETENTO FALECIDO EM 
REBELIÃO OCORRIDA NA CASA DE DETENÇÃO – 
INDENIZAÇÃO DEVIDA – EMBARGOS INFRINGENTES COM 
VOTO VENCIDO QUE ENTENDE IMPROCEDENTE A AÇÃO – 
EMBARGOS REJEITADOS.” (grifei) O Estado de São Paulo, no 
apelo extremo em questão, alega que, “Ao apontar a 
responsabilidade estatal pelo episódio, desconsiderou o E. 
Tribunal o fato de que os agentes policiais agiram no estrito 
cumprimento do dever legal, em contraposição à injusta 
agressão dos amotinados, durante rebelião nas dependências 
da Casa de Detenção” (fls. 109 – grifei). O exame destes 
autos convence-me de que não assiste razão ao Estado ora 
agravante, quando sustenta que o estrito cumprimento de 
dever legal e a prática de legítima defesa - que, 
alegadamente, teriam pautado a conduta de seus agentes - 
bastariam para descaracterizar a responsabilidade civil 
objetiva do Poder Público a respeito do evento danoso em 
causa. Com efeito, a situação de fato que gerou o trágico 
evento narrado neste processo põe em evidência a 
configuração, no caso, de todos os pressupostos primários 
que determinam o reconhecimento da responsabilidade civil 
objetivada entidade estatal ora agravante. Como se sabe, a 
teoria do risco administrativo, consagrada em sucessivos 
documentos constitucionais brasileiros, desde a Carta Política 
de 1946, revela-se fundamento de ordem doutrinária 
subjacente à norma de direito positivo que instituiu, em 
nosso sistema jurídico, a responsabilidade civil objetiva do 
Poder Público, pelos danos que seus agentes, nessa 
qualidade, causarem a terceiros, por ação ou por omissão 
(CF, art. 37, § 6º). Essa concepção teórica - que informa o 
princípio constitucional da responsabilidade civil objetiva do 
Poder Público, tanto no que se refere à ação quanto no que 
concerne à omissão do agente público - faz emergir, da mera 
ocorrência de lesão causada à vítima pelo Estado, o dever de 
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indenizá-la pelo dano moral e/ou patrimonial sofrido, 
independentemente de caracterização de culpa dos agentes 
estatais, não importando que se trate de comportamento 
positivo (ação) ou que se cuide de conduta negativa 
(omissão) daqueles investidos da representação do Estado, 
consoante enfatiza o magistério da doutrina (HELY LOPES 
MEIRELLES, “Direito Administrativo Brasileiro”, p. 650, 31ª 
ed., 2005, Malheiros; SERGIO CAVALIERI FILHO, “Programa 
de Responsabilidade Civil”, p. 248, 5ª ed., 2003, Malheiros; 
JOSÉ CRETELLA JÚNIOR, “Curso de Direito Administrativo”, 
p. 90, 17ª ed., 2000, Forense; YUSSEF SAID CAHALI, 
“Responsabilidade Civil do Estado”, p. 40, 2ª ed., 1996, 
Malheiros; TOSHIO MUKAI, “Direito Administrativo 
Sistematizado”, p. 528, 1999, Saraiva; CELSO RIBEIRO 
BASTOS, “Curso de Direito Administrativo”, p. 213, 5ª ed., 
2001, Saraiva; GUILHERME COUTO DE CASTRO, 
“A Responsabilidade Civil Objetiva no Direito Brasileiro”, p. 
61/62, 3ª ed., 2000, Forense; MÔNICA NICIDA GARCIA, 
“Responsabilidade do Agente Público”, p. 199/200, 2004, 
Fórum, v.g.), cabendo ressaltar, no ponto, a lição expendida 
por ODETE MEDAUAR (“Direito Administrativo Moderno”, p. 
430, item n. 17.3, 9ª ed., 2005, RT): “Informada pela ‘teoria 
do risco’, a responsabilidade do Estado apresenta-se hoje, na 
maioria dos ordenamentos, como ‘responsabilidade objetiva’. 
Nessa linha, não mais se invoca o dolo ou culpa do agente, o 
mau funcionamento ou falha da Administração. Necessário se 
torna existir relação de causa e efeito entre ação ou omissão 
administrativa e dano sofrido pela vítima. É o chamado nexo 
causal ou nexo de causalidade. Deixa-se de lado, para fins de 
ressarcimento do dano, o questionamento do dolo ou culpa 
do agente, o questionamento da licitude ou ilicitude da 
conduta, o questionamento do bom ou mau funcionamento 
da Administração. Demonstrado o nexo de causalidade, o 
Estado deve ressarcir.” (grifei) É certo, no entanto, que o 
princípio da responsabilidade objetiva não se reveste 
de caráter absoluto, eis que admite abrandamento e, 
até mesmo, exclusão da própria responsabilidade civil 
do Estado nas hipóteses excepcionais (de todo 
inocorrentes na espécie em exame) configuradoras de 
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situações liberatórias - como o caso fortuito e a força 
maior - ou evidenciadoras de culpa atribuível à própria 
vítima (RDA 137/233 - RTJ 55/50 - RTJ 163/1107-1109, 
v.g.). Impõe-se destacar, neste ponto, na linha da 
jurisprudência prevalecente no Supremo Tribunal Federal 
(RTJ 163/1107-1109, Rel. Min. CELSO DE MELLO, v.g.), que 
os elementos que compõem a estrutura e delineiam o perfil 
da responsabilidade civil objetiva do Poder Público 
compreendem (a) a alteridade do dano, (b) a causalidade 
material entre o “eventus damni” e o comportamento 
positivo (ação) ou negativo (omissão) do agente público, (c) 
a oficialidade da atividade causal e lesiva imputável a agente 
do Poder Público, que, nessa condição funcional, tenha 
incidido em conduta comissiva ou omissiva, 
independentemente da licitude, ou não, do seu 
comportamento funcional (RTJ 140/636) e (d) a ausência de 
causa excludente da responsabilidade estatal (RTJ 55/503 - 
RTJ 71/99 - RTJ 91/377 - RTJ 99/1155 - RTJ 131/417). A 
compreensão desse tema e o entendimento que resulta da 
exegese dada ao art. 37, § 6º, da Constituição foram bemdefinidos e expostos pelo Supremo Tribunal Federal em 
julgamentos cujos acórdãos estão assim ementados: 
“RESPONSABILIDADE CIVIL OBJETIVA DO PODER PÚBLICO - 
PRINCÍPIO CONSTITUCIONAL. - A teoria do risco 
administrativo, consagrada em sucessivos documentos 
constitucionais brasileiros desde a Carta Política de 1946, 
confere fundamento doutrinário à responsabilidade civil 
objetiva do Poder Público pelos danos a que os agentes 
públicos houverem dado causa, por ação ou por omissão. 
Essa concepção teórica, que informa o princípio 
constitucional da responsabilidade civil objetiva do Poder 
Público, faz emergir, da mera ocorrência de ato lesivo 
causado à vítima pelo Estado, o dever de indenizá-la pelo 
dano pessoal e/ou patrimonial sofrido, independentemente 
de caracterização de culpa dos agentes estatais ou de 
demonstração de falta do serviço público. - Os elementos 
que compõem a estrutura e delineiam o perfil da 
responsabilidade civil objetiva do Poder Público 
compreendem (a) a alteridade do dano, (b) a causalidade 
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material entre o ‘eventus damni’ e o comportamento positivo 
(ação) ou negativo (omissão) do agente público, (c) a 
oficialidade da atividade causal e lesiva, imputável a agente 
do Poder Público, que tenha, nessa condição funcional, 
incidido em conduta comissiva ou omissiva, 
independentemente da licitude, ou não, do comportamento 
funcional (RTJ 140/636) e (d) a ausência de causa 
excludente da responsabilidade estatal (RTJ 55/503 - RTJ 
71/99 - RTJ 91/377 - RTJ 99/1155 - RTJ 131/417). - O 
princípio da responsabilidade objetiva não se reveste de 
caráter absoluto, eis que admite o abrandamento e, até 
mesmo, a exclusão da própria responsabilidade civil do 
Estado, nas hipóteses excepcionais configuradoras de 
situações liberatórias - como o caso fortuito e a força maior - 
ou evidenciadoras de ocorrência de culpa atribuível à própria 
vítima (RDA 137/233 - RTJ 55/50). (...).” (RTJ 163/1107-
1108, Rel. Min. CELSO DE MELLO) “- Recurso extraordinário. 
Responsabilidade civil do Estado. Morte depreso no interior 
do estabelecimento prisional. 2. Acórdão que proveu 
parcialmente a apelação e condenou o Estado do Rio de 
Janeiro ao pagamento de indenização correspondente às 
despesas de funeral comprovadas. 3. Pretensão de 
procedência da demanda indenizatória. 4. O consagrado 
princípio da responsabilidade objetivado Estado resulta da 
causalidade do ato comissivo ou omissivo e não só da culpa 
do agente. Omissão por parte dos agentes públicos na 
tomada de medidas que seriam exigíveis a fim de ser evitado 
o homicídio. 5. Recurso conhecido e provido para condenar o 
Estado do Rio de Janeiro a pagar pensão mensal à mãe da 
vítima, a ser fixada em execução de sentença.” (RTJ 
182/1107, Rel. Min. NÉRI DA SILVEIRA - grifei) É por isso 
que a ausência de qualquer dos pressupostos legitimadores 
da incidência da regra inscrita no art. 37, § 6º, da Carta 
Política basta para descaracterizar a responsabilidade civil 
objetiva do Estado, especialmente quando ocorre 
circunstância que rompe o nexo de causalidade material 
entre o comportamento do agente público e a consumação 
do dano pessoal ou patrimonial infligido ao ofendido. 
Estabelecidas tais premissas, passo ao exame destes autos. 
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E, ao fazê-lo, observo que as circunstâncias do presente caso 
- apoiadas em pressupostos fáticos soberanamente 
reconhecidos pelo Tribunal “a quo” - evidenciam que todos os 
elementos identificadores da responsabilidade civil 
objetiva do Estado acham-se demonstrados no caso ora em 
análise, especialmente o nexo de causalidade material (que 
restou plenamente configurado) e cuja ruptura a parte ora 
agravante, que alegara a ocorrência de causa excludente de 
sua responsabilidade civil, não conseguiu demonstrar. Daí a 
correta observação feita pelo E. Tribunal de Justiça do Estado 
de São Paulo, quando do julgamento da apelação cível 
interposta pela parte ora agravante (fls. 81/82): “Com a 
prisão do indivíduo, assume o Estado o dever de cuidar 
de sua incolumidade física, quer por ato do 
próprio preso (suicídio), quer por ato de terceiro 
(agressão perpetrada por outro preso). Assim, ante a 
rebelião que eclodiu no Pavilhão 9, da Casa de 
Detenção, tinha o Estado o dever de proteger a 
incolumidade física dos presos e dos próprios 
revoltosos, uns dos atos dos outros. Sua intervenção 
no episódio era, portanto, de rigor. E ocorrendo ofensa 
à integridade física e morte do detento, é seu dever 
arcar com a indenização correspondente. A propósito, 
ressalta RUY BARBOSA: - ‘a legalidade do ato, ainda que 
irrepreensível, não obsta à responsabilidade civil da 
administração desde que haja dano a um direito’ (‘A Culpa 
Civil das Administrações Públicas’ – 1898, Rio, pág. 67). Tal 
dever somente restaria afastado se a ação causadora do 
evento danoso tivesse ocorrido em legítima defesa própria 
(entenda-se: - do agente policial) ou de terceiro (de outro 
preso) que, no momento, estaria sendo agredido ou na 
iminência de o ser, frise-se, pelo detento morto. Mas mesmo 
encontrando-se nessa situação lícita (legítima defesa), se 
tivesse produzido, com sua ação, a morte de outrem não 
envolvido no fato (‘aberratio ictus’), sua seria também a 
obrigação de indenizar, pois a ação, apesar de necessária, foi 
agressiva, atingindo quem não estava em posição de ataque 
(art. 1519 do Código Civil). Assim, para afastar sua 
obrigação de reparar o dano, deveria a Fazenda do Estado 
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demonstrar que o detento falecido, Francisco Ferreira dos 
Santos, estava, no momento de sua morte, agredindo os 
policiais ou outro preso. Mas esta prova não foi produzida (o 
‘onus probandi’ é seu). Como não a produziu, certa é sua 
obrigação de indenizar.” (grifei) Inquestionável, desse modo, 
que o Tribunal de Justiça local – ao reconhecer não 
comprovada, pelo Estado de São Paulo, a ocorrência da 
alegada causa de exclusão da responsabilidade estatal – 
assim decidiu com apoio no conjunto probatório subjacente 
ao pronunciamento jurisdicional em referência. Esse dado 
assume relevo processual, pois a discussão ora suscitada 
pelo Estado de São Paulo - em torno da pretendida 
existência, na espécie, de causa excludente de 
responsabilidade - revela-se incabível em sede de recurso 
extraordinário, por depender do exame de matéria de fato, 
de todo inadmissível na via do apelo extremo. Como se sabe, 
o recurso extraordinário não permite que se reexaminem, 
nele, em face de seu estrito âmbito temático, questões de 
fato ou aspectos de índole probatória (RTJ 161/992 – RTJ 
186/703). É que o pronunciamento do Tribunal “a quo” sobre 
matéria de fato reveste-se de inteira soberania (RTJ 152/612 
– RTJ 153/1019 – RTJ 158/693, v.g.). Impende destacar, 
neste ponto, que esse entendimento (inadmissibilidade do 
exame, em sede recursal extraordinária, da existência, ou 
não, de causa excludente de responsabilidade), tratando-se 
do tema suscitado pela parte ora agravante, tem pleno 
suporte no magistério jurisprudencial desta Suprema Corte 
(AI 411.502/RJ, Rel. Min. SEPÚLVEDA PERTENCE – AI 
586.270/RJ, Rel. Min. JOAQUIM BARBOSA – RE 508.315/CE, 
Rel. Min. ELLEN GRACIE – RE 595.267/SC,Rel. Min. CÁRMEN 
LÚCIA, v.g.): “ACÓRDÃO QUE DECIDIU CONTROVÉRSIA 
ACERCA DA RESPONSABILIDADE DO ESTADO COM BASE NA 
PROVA DOS AUTOS. ALEGADA OFENSA AOS ARTS. 37, § 6.º, 
E 196 DA CONSTITUIÇÃO FEDERAL. Impossibilidade da 
abertura da via extraordinária em razão da incidência, na 
hipótese, do óbice das Súmulas 279, 282 e 356 desta Corte. 
Agravo desprovido.” (AI 391.371-AgR/RJ, Rel. Min. ILMAR 
GALVÃO - grifei) Cumpre ressaltar, por tal razão, em face do 
caráter soberano do acórdão recorrido (que reconheceu, com 
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apoio no exame de fatos e provas, a ausência de 
demonstração da ruptura do nexo causal sustentada pelo 
Estado de São Paulo), que o Tribunal de Justiça interpretou, 
com absoluta fidelidade, a norma constitucional que 
consagra, em nosso sistema jurídico, a responsabilidade civil 
objetiva do Poder Público. Com efeito, o acórdão impugnado 
em sede recursal extraordinária, ao fazer aplicação do 
preceito constitucional em referência (CF, art. 37, § 6º), 
reconheceu, com inteiro acerto, no caso em exame, a 
cumulativa ocorrência dos requisitos concernentes (1) à 
consumação do dano, (2) à conduta dos agentes estatais, (3) 
ao vínculo causal entre o evento danoso e o comportamento 
dos agentes públicos e (4) à ausência de qualquer causa 
excludente de que pudesse eventualmente decorrer a 
exoneração da responsabilidade civil do Estado de São Paulo. 
Cabe acentuar, por relevante, que a colenda Segunda Turma 
do Supremo Tribunal Federal, ao apreciar controvérsia 
virtualmente idêntica à versada nesta causa, proferiu decisão 
que se reflete, por igual, no presente julgamento (RTJ 
140/636, Rel. Min. CARLOS VELLOSO). Essa orientação 
jurisprudencial - cabe enfatizar - reflete-se no magistério da 
doutrina (RUI STOCO, “Tratado de Responsabilidade Civil – 
Doutrina e Jurisprudência”, p. 1.204, 7ª ed., 2007, RT; 
ARNALDO RIZZARDO, “Responsabilidade Civil”, p. 362 e 
369/371, 1ª ed., 2005, Forense; JOSIVALDO FÉLIX DE 
OLIVEIRA, “A Responsabilidade do Estado por ato lícito”, p. 
74/82, Editora Habeas; GUILHERME COUTO DE CASTRO, 
“A responsabilidade civil objetiva no direito brasileiro”, p. 
52/55, 3ª ed., 2000, Forense; CELSO ANTÔNIO BANDEIRA 
DE MELLO, “Curso de Direito Administrativo”, p. 995/997, 
1002 e 1026/1027, 26ª ed., 2009, Malheiros; GIANNA CARLA 
RUBINO LOSS, “Responsabilidade Civil do Estado por Atos 
Lícitos”, “in” Cadernos do Ministério Público do Paraná, vol. 8, 
nº 01, janeiro/março de 2005, p. 08/12, e JOSÉ ANTONIO 
LOMONACO e FLÁVIA VANINI MARTINS MARTORI, “A 
Responsabilidade Patrimonial do Estado por Ato Lícito”, “in” 
Revista Nacional de Direito e Jurisprudência nº 06, Ano 1, 
Junho de 2000, p. 23/24), valendo referir, ante a pertinência 
de suas observações, o preciso (e sempre valioso) 
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entendimento de YUSSEF SAID CAHALI (“Responsabilidade 
Civil do Estado”, p. 44, item n. 3.5, 3ª ed., 2007, RT): “A 
responsabilidade civil do Estado, com base no risco 
administrativo, que admite pesquisa em torno da culpa do 
particular, para o fim de abrandar ou mesmo excluir a 
responsabilidade estatal, ocorre, em síntese, diante dos 
seguintes requisitos: a) do dano; b) da ação administrativa; 
e c) desde que haja nexo causal entre o dano e a ação 
administrativa. A consideração no sentido da licitude da ação 
administrativa é irrelevante, pois o que interessa é isto: 
sofrendo o particular um prejuízo, em razão da atuação 
estatal, regular ou irregular, no interesse da coletividade, é 
devida a indenização, que se assenta no princípio da 
igualdade dos ônus e encargos sociais.” (grifei) Sendo assim, 
e pelas razões expostas, nego provimento ao presente 
agravo de instrumento, eis que se revela inviável o recurso 
extraordinário a que ele se refere. Publique-se. Brasília, 05 
de outubro de 2009. (21º Aniversário da promulgação da 
Constituição democrática de 1988) Ministro CELSO DE MELLO 
Relator * decisão publicada no DJE de 20.10.2009 
 
Gabarito: Errado. 
 
 
34. (ANALISTA – CÂMARA – CESPE/2012) O fato de um 
detento morrer em estabelecimento prisional devido a 
negligência de agentes penitenciários configurará hipótese de 
responsabilização objetiva do Estado. 
 
Comentário: 
 
De fato, conforme a jurisprudência do STF, no caso de 
morte de detento, ainda que tenha ocorrido por negligência de agente 
público, aplica-se a responsabilidade objetiva. 
 
Gabarito: Certo. 
 
 
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42 
35. (ANALISTA JUDICIÁRIO – JUDICIÁRIA – STM – 
CESPE/2011) Com referência à responsabilidade civil do 
Estado e supondo que um aluno de escola pública tenha 
gerado lesões corporais em um colega de sala, com uma arma 
de fogo, no decorrer de uma aula, julgue o item abaixo. No 
caso considerado, existe a obrigação do Estado em indenizar o 
dano causado ao aluno ferido. 
 
Comentário: 
 
Como sabido, o Estado assumiu a posição de garantidor 
da integridade física do aluno. Assim, qualquer dano que venha a 
sofrer quando estiver nessa condição o Estado será chamado a 
responder. 
 
Veja que esses absurdos ocorrem todos os dias. 
 
Certa vez, uma amiga foi chamada às pressas para 
buscar sua filha, pois tinha quebrado o braço na escola, porque um 
coleguinha havia empurrado. 
 
A direção da escola, absurdamente, não tomara as 
providencias de levar a criança até o hospital mais próximo, 
acreditou-se que era obrigação dos pais, tão-somente. Pois é, ainda 
hoje assistimos dessas coisas, isto é, pessoas despreparadas 
prestando serviços públicos. 
 
Gabarito: Certo. 
 
 
36. (PROMOTOR DE JUSTIÇA – MPE/RO – CESPE/2008) 
Pedro foi preso preventivamente, acusado de praticar conduta 
descrita como crime; essa prisão durou 824 dias, após os 
quais o acusado foi devidamente inocentado, com base na 
ausência notória de autoria. Nessa situação, conforme 
entendimento do STJ, haverá responsabilidade objetiva do 
Estado por dano moral. 
 
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Comentário: 
 
Observe que o dano poderá ser moral ou material, ou 
seja, não quer dizer que o dano deve ser apenas ao patrimônio 
material (bens móveis ou imóveis) da pessoa. Pode ser em relação 
aos seus direitos de personalidade, tal como imagem, honra. 
 
Assim, se por ato da Administração (Estado) ocorreu 
um dano a terceiro, surge o dever de indenizar. 
 
Nesse sentido é o entendimento do Superior Tribunal 
de Justiça. Ilustrativamente: 
 
PROCESSUAL CIVIL. ADMINISTRATIVO. 
RESPONSABILIDADE OBJETIVA DO ESTADO. DANO 
MORAL. GARANTIA DE RESPEITO À IMAGEM E À 
HONRA DO CIDADÃO. INDENIZAÇÃO CABÍVEL. 
PRISÃO CAUTELAR. ABSOLVIÇÃO. ILEGAL 
CERCEAMENTO DA LIBERDADE. PRAZO EXCESSIVO. 
AFRONTA AO PRINCÍPIO DA DIGNIDADE DA PESSOA 
HUMANA PLASMADO NA CARTA CONSTITUCIONAL. 
MANIFESTA CAUSALIDADE ENTRE O "FAUTE DU 
SERVICE" E O SOFRIMENTO E HUMILHAÇÃO SOFRIDOS 
PELO RÉU. 
1. A Prisão Preventiva, mercê de sua legalidade, dês 
que preenchidos os requisitos legais, revela aspectos da 
Tutela Antecipatória no campo penal, por isso que, na 
sua gênese deve conjurar a idéia de arbitrariedade. 
2. O cerceamento oficial da liberdade fora dos 
parâmetros legais, posto o recorrente ter ficado

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