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Responsabilidade Civil É uma fonte de obrigação, pois gera o dever de indenizar, o qual será buscado mediante a ação indenizatória, objeti- vando o afastamento do dano causado. O prazo para a propositura da ação é de três anos (art. 206, § 3º do CC/02). Essa ação tem natureza condenatória, o prazo é prescricional. 1. Constitucionalização da responsabilidade civil: a constituição federal irradia normas, regras e princípios as leis infraconstitucionais, inclusive na lei civil. Assim, a interpretação da norma civil é feita à luz da Constituição Fe- deral. Quais são os princípios de direito civil constitucional? I. Princípio da Dignidade da Pessoa Humana (art. 1º, III da CF/88): é um dos fundamentos da República. No regime militar, muitas pessoas foram torturadas. Com o seu fim, essas vítimas começaram a falar sobre a tortura que sofreram. Com o passar do tempo, elas concluíram a possibilidade do pedido de indenização em razão desses fatos. Com a abertura política, as pessoas começaram a buscar essas in- denizações no judiciário, contra a União, a partir da década de 90. Quando a União contestava tais ações, mencionava a prescrição da referida demanda. Entretanto, os autores destacavam que não era um ato ilícito usual, e sim um ato que vilipendiava a dignidade da pessoa humana. Dessa forma, em razão da hierarquia das normas, o referido princípio prevalece sobre a regra prescricional prevista em lei ordinária. Desse modo, o STF manifestou-se no sentido de que a indenização proveniente de tortura é imprescritível. II. Princípio da solidariedade social (art. 3º, I, da CF/88): tal princípio busca a sociedade justa, livre e so- lidária. Assim, no âmbito civil, foi trabalhada a tese do Abandono Afetivo, também conhecida com a teoria do Desamor. Inicialmente, o STJ não concedeu a possibilidade de indenização no caso de aban- dono afetivo, pela dificuldade de se afirmar o fato de um filho pedir indenização por essa omissão de afeto, entendendo que o indivíduo não era obrigado a dar afeto, se assim não quiser. Todavia, os pais não podem alegar que um filho é concebido sem querer. Em razão da vinda de um filho, sem querer, a criança sofre o desamor por parte de seus pais. A ideia da tese do abandono afetivo é valorizar o prin- cípio da paternidade responsável. Há a necessidade dos pais saberem a importância do exercício da paternidade e maternidade responsável. � Recurso Especial n. 159242/SP: recurso paradigma de acolhimento da tese do abandono afe- tivo pelo STJ. • Há responsabilidade civil sobre questões que versam sobre o direito de família; • Há responsabilidade civil pela quebra da promessa de casamento (esponsais), em ca- so de expectativa da realização do matrimônio; • Há responsabilidade civil dos pais em caso de abandono afetivo e material; • O afeto gera uma obrigação de fazer, por ser importante na formação psicológica do ser humano; • Em relação à lei Maria da Penha, violência doméstica, podem acarretar a cobrança de indenização, no âmbito do direito de família. III. Princípio da Igualdade ou Isonomia (art. 5º, caput, da CF/88): pode ser trabalhado na questão do ar- bitramento do valor devido na hipótese de responsabilização civil, principalmente no dano moral ou estético. IV. Princípio da Reparação Integral (art. 944, caput, CC/02): a indenização mede-se pela extensão do da- no. A dificuldade está em aferir tal dimensão. Dessa forma, os magistrados aplicam a tese Punitive Damages, que tem por objetivo estabelecer que além da extensão do dano, deve ter o caráter peda- gógico. Entretanto, essa tese não tem previsão legal, sendo uma construção doutrinária, assim, uns ju- ízes aplicam, outros não, ocorrendo a desproporção na determinação do montante da indenização. 2. Conceito de responsabilidade civil: é a obrigação imposta a uma pessoa de ressarcir os danos causados a ou- trem por fato próprio ou por fato de pessoas ou coisas que dela dependam. 3. Elementos da responsabilidade civil (art. 186 do CC/02): “aquele que, por ação ou omissão voluntária, negli- gência ou imprudência, violar direito e causar dano a outrem ainda que exclusivamente moral, comete ato ilíci- to.”. a. Ação ou omissão do agente (conduta comissiva ou omissiva); b. Dolo (conduta voluntária), culpa (negligência ou imprudência). Observa-se que a imperícia não está previs- ta no art. 186 do CC; c. Dano (pode ser exclusivamente moral); d. Nexo Causal/Causalidade (está implícito, pois entre o dano e a conduta deve haver uma relação de causa e efeito); Classificação: • Responsabilidade subjetiva: exige a prova da culpa. São os 4 elementos elencados anteriormente. • Responsabilidade objetiva: independe da culpa. São três elementos, eliminando o elemento dolo ou cul- pa. 4. Ação ou omissão do agente: trabalha a conduta comissiva ou omissiva, trazendo a ideia do ilícito a ser estudo. Há dois tipos de ilícito: I. Ilícito civil: é estudado no âmbito civil, diferenciando-se do ilícito penal. Para tanto, segue na sequência uma tabela com os pontos diferentes entre os dois ramos do direito. II. Ilícito penal: é estudado no direito penal. Ilícito civil Ilícito penal Não se pune tentativa A tentativa é punível A pena é pecuniária A pena é privativa de liberdade ou restritiva de direitos O dolo não agrava o valor da indenização O dolo agrava a pena A imperícia é irrelevante A imperícia é relevante � Existe a ação ex delicto: é possível, mediante uma sentença penal irrecorrível, executar no juízo cível para se cobrar uma indenização decorrente da sentença penal, que está sujeita ao prazo de três anos, contados a par- tir do momento do trânsito em julgado da decisão. Ilícito civil: I. Contratual (art. 389 e seguintes do CC/02): decorre do inadimplemento das obrigações (modalidade já estuda). II. Extracontratual (art. 927 e seguintes do CC/02): independe de contrato. Pode ocorrer de duas maneiras: • Ato ilícito (art. 186 do CC/02); • Abuso de direito (art. 187 do CC/02): o titular de um direito que, ao exercê-lo, excede, manifestamente, os li- mites impostos pelo seu fim econômico, social, pela boa fé objetiva (impõe regra de conduta nos deveres ane- xos) ou pelos bons costumes. � Ato Emulativo: é o fundamento do abuso de direito. É um ato vazio, sem utilidade, feito com o intuito de pre- judicar terceiros. Vide art. 1228, § 2º do CC/02: Art. 1.228. O proprietário tem a faculdade de usar, gozar e dispor da coisa, e o direito de reavê-la do poder de quem quer que injustamente a possua ou detenha. § 2o São defesos os atos que não trazem ao proprietário qualquer comodidade, ou utilidade, e sejam animados pela intenção de prejudicar outrem. � Segundo o Enunciado 37 do CJF, a responsabilidade civil por abuso de direito é objetiva, ou seja, independe de culpa. 5. Dolo ou culpa: a culpa lato sensu engloba o dolo e a culpa estrito sensu, assim o dolo é um tipo de culpa. Qual a diferença entre dolo e culpa estrito sensu? O dolo é a conduta voluntária, onde o agente deseja produzir certo resulta- do. Já a culpa estrito sensu é um prejuízo causado de maneira não intencional. As modalidades de culpa são: I. Imprudência: é a culpa por ação, também conhecida por culpa in comittendo; II. Negligência: é a culpa in omittendo; III. Imperícia: é a falta de uma conduta técnica, podendo decorrer de uma conduta ou omissão. � Princípio da Reparação Integral (art. 944 do CC) recebeu uma exceção do parágrafo único do art. 944 do CC: "Parágrafo único. Se houver excessiva desproporção entre a gravidade da culpa e o dano, poderá o juiz reduzir, equitativamente, a indenização.". Vide o enunciado n. 46 do CJF. Essa ideia ressuscita os graus de culpa (lata ou grave - qualquer pessoa medío- cre evitaria o dano causado, leve ou ligeira-o dano poderia ser evitado com atenção normal, levíssima - o dano só seria evitado com a atenção extraordinária).
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