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Christiano Cassetari responsabilidade civil16 7

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Responsabilidade Civil 
É uma fonte de obrigação, pois gera o dever de indenizar, o qual será buscado mediante a ação indenizatória, objeti-
vando o afastamento do dano causado. O prazo para a propositura da ação é de três anos (art. 206, § 3º do CC/02). 
Essa ação tem natureza condenatória, o prazo é prescricional. 
1. Constitucionalização da responsabilidade civil: a constituição federal irradia normas, regras e princípios as leis 
infraconstitucionais, inclusive na lei civil. Assim, a interpretação da norma civil é feita à luz da Constituição Fe-
deral. Quais são os princípios de direito civil constitucional? 
 
I. Princípio da Dignidade da Pessoa Humana (art. 1º, III da CF/88): é um dos fundamentos da República. 
No regime militar, muitas pessoas foram torturadas. Com o seu fim, essas vítimas começaram a falar 
sobre a tortura que sofreram. Com o passar do tempo, elas concluíram a possibilidade do pedido de 
indenização em razão desses fatos. Com a abertura política, as pessoas começaram a buscar essas in-
denizações no judiciário, contra a União, a partir da década de 90. 
Quando a União contestava tais ações, mencionava a prescrição da referida demanda. Entretanto, os 
autores destacavam que não era um ato ilícito usual, e sim um ato que vilipendiava a dignidade da 
pessoa humana. Dessa forma, em razão da hierarquia das normas, o referido princípio prevalece sobre 
a regra prescricional prevista em lei ordinária. Desse modo, o STF manifestou-se no sentido de que a 
indenização proveniente de tortura é imprescritível. 
 
II. Princípio da solidariedade social (art. 3º, I, da CF/88): tal princípio busca a sociedade justa, livre e so-
lidária. Assim, no âmbito civil, foi trabalhada a tese do Abandono Afetivo, também conhecida com a 
teoria do Desamor. Inicialmente, o STJ não concedeu a possibilidade de indenização no caso de aban-
dono afetivo, pela dificuldade de se afirmar o fato de um filho pedir indenização por essa omissão de 
afeto, entendendo que o indivíduo não era obrigado a dar afeto, se assim não quiser. Todavia, os pais 
não podem alegar que um filho é concebido sem querer. Em razão da vinda de um filho, sem querer, a 
criança sofre o desamor por parte de seus pais. A ideia da tese do abandono afetivo é valorizar o prin-
cípio da paternidade responsável. Há a necessidade dos pais saberem a importância do exercício da 
paternidade e maternidade responsável. 
 
� Recurso Especial n. 159242/SP: recurso paradigma de acolhimento da tese do abandono afe-
tivo pelo STJ. 
 
• Há responsabilidade civil sobre questões que versam sobre o direito de família; 
• Há responsabilidade civil pela quebra da promessa de casamento (esponsais), em ca-
so de expectativa da realização do matrimônio; 
• Há responsabilidade civil dos pais em caso de abandono afetivo e material; 
• O afeto gera uma obrigação de fazer, por ser importante na formação psicológica do 
ser humano; 
• Em relação à lei Maria da Penha, violência doméstica, podem acarretar a cobrança de 
indenização, no âmbito do direito de família. 
 
III. Princípio da Igualdade ou Isonomia (art. 5º, caput, da CF/88): pode ser trabalhado na questão do ar-
bitramento do valor devido na hipótese de responsabilização civil, principalmente no dano moral ou 
estético. 
 
IV. Princípio da Reparação Integral (art. 944, caput, CC/02): a indenização mede-se pela extensão do da-
no. A dificuldade está em aferir tal dimensão. Dessa forma, os magistrados aplicam a tese Punitive 
Damages, que tem por objetivo estabelecer que além da extensão do dano, deve ter o caráter peda-
gógico. Entretanto, essa tese não tem previsão legal, sendo uma construção doutrinária, assim, uns ju-
ízes aplicam, outros não, ocorrendo a desproporção na determinação do montante da indenização. 
 
 
 
 
 
2. Conceito de responsabilidade civil: é a obrigação imposta a uma pessoa de ressarcir os danos causados a ou-
trem por fato próprio ou por fato de pessoas ou coisas que dela dependam. 
 
3. Elementos da responsabilidade civil (art. 186 do CC/02): “aquele que, por ação ou omissão voluntária, negli-
gência ou imprudência, violar direito e causar dano a outrem ainda que exclusivamente moral, comete ato ilíci-
to.”. 
 
a. Ação ou omissão do agente (conduta comissiva ou omissiva); 
b. Dolo (conduta voluntária), culpa (negligência ou imprudência). Observa-se que a imperícia não está previs-
ta no art. 186 do CC; 
c. Dano (pode ser exclusivamente moral); 
d. Nexo Causal/Causalidade (está implícito, pois entre o dano e a conduta deve haver uma relação de causa e 
efeito); 
Classificação: 
• Responsabilidade subjetiva: exige a prova da culpa. São os 4 elementos elencados anteriormente. 
• Responsabilidade objetiva: independe da culpa. São três elementos, eliminando o elemento dolo ou cul-
pa. 
 
4. Ação ou omissão do agente: trabalha a conduta comissiva ou omissiva, trazendo a ideia do ilícito a ser estudo. Há 
dois tipos de ilícito: 
I. Ilícito civil: é estudado no âmbito civil, diferenciando-se do ilícito penal. Para tanto, segue na sequência uma tabela 
com os pontos diferentes entre os dois ramos do direito. 
II. Ilícito penal: é estudado no direito penal. 
Ilícito civil Ilícito penal 
Não se pune tentativa A tentativa é punível 
A pena é pecuniária A pena é privativa de liberdade ou restritiva de 
direitos 
O dolo não agrava o valor da indenização O dolo agrava a pena 
A imperícia é irrelevante A imperícia é relevante 
 
� Existe a ação ex delicto: é possível, mediante uma sentença penal irrecorrível, executar no juízo cível para se 
cobrar uma indenização decorrente da sentença penal, que está sujeita ao prazo de três anos, contados a par-
tir do momento do trânsito em julgado da decisão. 
Ilícito civil: 
I. Contratual (art. 389 e seguintes do CC/02): decorre do inadimplemento das obrigações (modalidade já estuda). 
II. Extracontratual (art. 927 e seguintes do CC/02): independe de contrato. Pode ocorrer de duas maneiras: 
• Ato ilícito (art. 186 do CC/02); 
• Abuso de direito (art. 187 do CC/02): o titular de um direito que, ao exercê-lo, excede, manifestamente, os li-
mites impostos pelo seu fim econômico, social, pela boa fé objetiva (impõe regra de conduta nos deveres ane-
xos) ou pelos bons costumes. 
 
� Ato Emulativo: é o fundamento do abuso de direito. É um ato vazio, sem utilidade, feito com o intuito de pre-
judicar terceiros. Vide art. 1228, § 2º do CC/02: 
 
 
 
 
 
Art. 1.228. O proprietário tem a faculdade de usar, gozar e dispor da coisa, e o direito de reavê-la do poder de 
quem quer que injustamente a possua ou detenha. § 2o São defesos os atos que não trazem ao proprietário 
qualquer comodidade, ou utilidade, e sejam animados pela intenção de prejudicar outrem. 
� Segundo o Enunciado 37 do CJF, a responsabilidade civil por abuso de direito é objetiva, ou seja, independe de 
culpa. 
 
5. Dolo ou culpa: a culpa lato sensu engloba o dolo e a culpa estrito sensu, assim o dolo é um tipo de culpa. Qual a 
diferença entre dolo e culpa estrito sensu? O dolo é a conduta voluntária, onde o agente deseja produzir certo resulta-
do. Já a culpa estrito sensu é um prejuízo causado de maneira não intencional. As modalidades de culpa são: 
I. Imprudência: é a culpa por ação, também conhecida por culpa in comittendo; 
II. Negligência: é a culpa in omittendo; 
III. Imperícia: é a falta de uma conduta técnica, podendo decorrer de uma conduta ou omissão. 
� Princípio da Reparação Integral (art. 944 do CC) recebeu uma exceção do parágrafo único do art. 944 do CC: 
"Parágrafo único. Se houver excessiva desproporção entre a gravidade da culpa e o dano, poderá o juiz reduzir, 
equitativamente, a indenização.". 
Vide o enunciado n. 46 do CJF. Essa ideia ressuscita os graus de culpa (lata ou grave - qualquer pessoa medío-
cre evitaria o dano causado, leve ou ligeira-o dano poderia ser evitado com atenção normal, levíssima - o dano 
só seria evitado com a atenção extraordinária).

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