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DIREITOS FUNDAMENTAIS - Sigilo das comunicações/bancário/fiscal: a Constituição trouxe uma disciplina específica em relação ao sigilo. As comunicações em geral podem ser tratadas como o sigilo das correspondências e ligações telefônicas, sendo que essa última gera grande debate. A conversa entre dois interlocutores é sigilosa, não podendo terceiros ter acesso ao conteúdo. Todavia, é possível a quebra desse sigilo por intermédio da interceptação, que é a mais comum, disciplinada pela Constituição e pela Lei n. 9.296/96. Dentre os requisitos para a interceptação, é necessária uma ordem judicial com fins penais, ou seja, deve haver um inquérito ou ação penal em curso. O sigilo de dados telefônicos, por sua vez, não se confunde com o conteúdo da interlocução, pois aquelas dizem respeito às informações das ligações, e não ao conteúdo da conversa. Os dados telefônicos podem ser quebrados pela operadora de telefonia, por comissão parlamentar de inquérito, bem como pelo juiz. Ademais, quando um dos interlocutores grava o conteúdo da conversa, esta poderá ser utilizada por ele e, quando em benefício do réu, também é possível utilizar de gravação telefônica sem autorização judicial. Os sigilos bancário e fiscal estão disciplinados nas leis complementares nº 104 e 105 de 2001, e dizem respeito, respectivamente, às informações contidas nos bancos e em relação aos tributos armazenados pelo fisco. As leis complementares preveem que o juiz, a CPI e a administração fazendária podem determinar a quebra do sigilo das informações bancárias e fiscais. Para a administração fazendária ser legitimada para quebrar o sigilo bancário, a LC prevê que deve estar em andamento um processo administrativo, bem como deve ser utilizado como última ne- cessidade, quando não for possível obter a informação por outro meio. Todavia, o STF mudou seu posicionamento, entendendo que a quebra do sigilo bancário deve se dar por reserva de jurisdição, de modo que a administração fa- zendária não poderia quebrar o sigilo bancário, devendo recorrer a uma decisão judicial. Lembrando que esse posicio- namento do STF foi em caso difuso e concreto, cujos efeitos só valem entre as partes no processo, mas demonstra o entendimento do Supremo. I. Nacionalidade É um vínculo jurídico e político que liga o indivíduo a um determinado Estado, sendo um direito fundamental. O apátrida é aquele que não tem vínculo com algum Estado. A nacionalidade pode ser de duas formas, a originária, tam- bém chamada de primária e involuntária, a qual independe da vontade do indivíduo, e secundária, que depende do processo de naturalização, sendo necessária a manifestação da vontade do indivíduo e a aquiescência do Estado em recebê-lo como nacional. - Originária: a nacionalidade originária pode ser de duas formas, ius solis, segundo a qual a nacionalidade decor- re do espaço físico, ou seja, a pessoa nasce em determinado Estado e se torna nacional, e ius sanguini, decorrente em razão do parentesco, sendo nacionais os filhos e descendentes dos nacionais de determinado país. No Brasil, temos as seguintes hipóteses de nacionalidade brasileira: a) Território (ius solis): serão brasileiros natos aqueles que nascerem em território brasileiro, salvo se filho de pai e mãe estrangeiros a serviço do país. b) Filho de pai ou mãe brasileiros, nascido no estrangeiro (ius sanguini): nessa hipótese, se os pais estiverem fora do país a serviço deste e nasce o filho, a criança será considerada brasileira nata. c) Opção: filho de pai ou mãe brasileiros, nascido no estrangeiro, que decide residir no Brasil, a qualquer tempo e, alcançada a maioridade, opte pela nacionalidade brasileira. - Derivada: a nacionalidade derivada se trata de naturalização, podendo ser de duas formas, ordinária e extra- ordinária. A ordinária está prevista na Lei n. 6.815/80, sendo necessário o preenchimento de diversos requisitos ali previstos. Já na hipótese de nacionais de países de língua portuguesa, basta um ano de residência no país e ter idonei- dade moral para ser naturalizado. A extraordinária, por sua vez, exige a residência no país pelo período de 15 anos e não ter sido condenado criminalmente. Temos ainda a hipótese de “quase nacionalidade”, sendo o caso dos portugueses residentes no Brasil, pois há reciprocidade entre os países, e nesse caso vários direitos são assegurados, mas não adquire a nacionalidade brasileira. II. Perda da nacionalidade a) Naturalizado: por sentença judicial transitada em julgado, por atividade nociva ao interesse nacional. b) Nato: o brasileiro nato perderá a nacionalidade quando optar por outra, salvo quando a outra também for o- riginária ou para exercer direitos civis em outro país. A Constituição prevê que a lei não pode diferenciar brasileiros natos e naturalizados e, dessa forma, somente a Constituição pode fazer essa diferenciação, podendo ser citada algumas: cargos exclusivos para brasileiros natos, ex- tradição, entre outras. III. Direitos políticos São normas jurídicas que disciplinam a participação do cidadão na vida política do seu Estado. O estudo dos di- reitos políticos parte do tipo de regime de governo adotado, sendo a democracia no Brasil. Em uma democracia, o indivíduo pode participar do processo político, tendo sua vontade considerada. Além da possibilidade de participar no processo eleitoral através do voto, o exercício da democracia ocorre através de outros instrumentos, tais como a mani- festação, a expressão, a iniciativa popular, entre diversas formas que possibilitam a participação do povo na vida políti- ca do Estado. Nem todo indivíduo ou nacional é cidadão, pois para ser é necessário estar no pleno gozo dos direitos políticos, desse modo, cidadão é o titular dos direitos políticos. O art. 14 da CF/88 elenca quatro instrumentos de exercício da soberania popular: o plebiscito, o referendo e a iniciativa popular. O plebiscito e o referendo são formas de consulta à população acerca de matéria constitucional relevante. A diferença básica entre os dois instrumentos é que o plebiscito se trata de uma consulta prévia, enquanto o referendo é posterior à medida. Além disso, o plebiscito é convocado pelo Congresso Nacional e o referendo é autori- zado por este. A iniciativa popular é a possibilidade dos cidadãos iniciarem um projeto de lei e encaminharem ao Con- gresso Nacional. Para que os cidadãos possam iniciar um projeto de lei, é necessário o requerimento de pelo menos 1% dos eleitores do país, que estes estejam divididos em cinco estados e, com no mínimo 3/10% dos eleitores desses esta- dos. No âmbito dos municípios, deve haver o requerimento de 5% dos eleitores e deve versar sobre matéria local. a) Positivos - Capacidade eleitoral ativa: também chamada de alistabilidade, é a capacidade de se alistar e de votar. O voto é obrigatório para quem tiver entre 18 e 70 anos, sendo facultativo para os menores de 16 e maiores de 70 anos. - O voto é direto, universal, secreto e periódico: o voto direto, que é uma cláusula pétrea, significa que o indiví- duo vota direto, sem intermediários, com exceção da hipótese do art. 83 da CF/88. O voto também é secreto, de modo que o indivíduo tem o direito de preservar sua escolha; universal, ou seja, não cabem restrições ao voto e, periódico, pois periodicamente novas eleições são convocadas. Essas quatro características do voto constituem cláusula pétrea, mas outras também podem ser citadas, como ser personalíssimo e igualitário. - Capacidade eleitoral passiva: é a elegibilidade, que é a possibilidade de concorrer para um cargo público. A ele- gibilidade depende do preenchimento de alguns requisitos e condições, primeiro, ter nacionalidade brasileira, nato ou naturalizado; ser eleitor, ou seja, ser alistado como eleitor; pleno gozo dos direitos políticos; domicílio eleitoral na cir-cunscrição, devendo estar registrado como eleitor na circunscrição em que deseja se candidatar; filiação partidária, sendo obrigatório estar filiado a um partido político; e, por fim, ter idade mínima exigida para cada cargo. b) Negativos - Inelegibilidades: são circunstâncias que impedem a candidatura. A Constituição prevê que são inelegíveis os i- nalistáveis, que são os estrangeiros e os conscritos, e os analfabetos. A chamada desincompabilização é a uma inelegibilidade relativa, pois é relativo a determinados cargos, quais se- jam, chefes do executivo. Ademais, nenhum parente, consanguíneo ou afim até segundo grau do presidente, governa- dor e prefeito ou quem o suceder faltando menos de 6 meses para o pleito, poderá concorrer na circunscrição do titu- lar. Essa medida visa evitar que o chefe do executivo utilize da máquina administrativa para atender seus interesses e de seus parentes, tentando elegê-los, salvo se o parente já é titular de mandato eletivo e está concorrendo a reeleição.
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