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Genética do tabagismo 
 
O tabagismo envolve múltiplos fatores genéticos e ambientais. Estudos com gêmeos 
mostraram que fatores genéticos parecem ser mais importantes do que fatores ambientais 
na iniciação ao tabagismo e desenvolvimento de dependência. 
 
A dopamina apresenta cinco receptores diferentes (DRD1, DRD2, DRD3, DRD4 e DRD5), 
entre eles o D2-símile é o mais investigado por sua relação com outros comportamentos 
aditivos, como uso de drogas lícitas ou ilícitas, jogo compulsivo, obesidade, e pelos efeitos 
liberadores deste neurotransmissor pela nicotina. 
 
O polimorfismo nos alelos DRD2 é mais comum entre fumantes do que entre não 
fumantes, estando geralmente associado a indivíduos com defeito na regulação da 
dopamina, necessitando de nicotina para a liberação de quantidades de 
neurotransmissores suficientes para produzir a sensação de prazer. 
 
Indivíduos com essas características genéticas apresentam uma menor quantidade de 
receptores dopaminérgicos, começam a fumar mais precocemente, utilizam uma maior 
quantidade de cigarros por dia e apresentam maior dificuldade em parar de fumar. 
 
Estudos mostram que polimorfismos ligados ao transporte de dopamina estão diretamente 
relacionados ao comportamento de fumantes em relação à quantidade de cigarro 
consumido. Indivíduos com o polimorfismo SLC6A3-9, responsável pela codificação da 
proteína transportadora da dopamina, apresentam menor predisposição a tornarem-se 
fumantes, consomem menos tabaco e apresentam maior facilidade em deixar de fumar. 
 
O metabolismo da nicotina também apresenta variação genética que influencia no 
comportamento de indivíduos. A principal enzima responsável pela metabolização da 
nicotina a cotinina é a CYP2A6. O polimorfismo no gene CYP2A6 está associado à 
metabolização lenta da nicotina, tendo como conseqüência efeitos adversos mais 
prolongados e mais intensos, devido à concentração plasmática da nicotina manter-se alta 
por mais tempo. 
 
 
Os insensíveis à nicotina 
 
As diversidades genéticas estão abrindo vasto campo novo do tabagismo, ressaltando a 
existência de substanciais diferenças orgânicas nas respostas à nicotina e, em 
conseqüência, quanto ao comportamento em relação ao consumo do tabaco. 
 
Há indivíduos que são infensos à ação da nicotina, não sentindo maior prazer em usá-la, e 
fumam apenas por estímulos sociais. Consomem em torno de cinco cigarros por dia, 
durante décadas, sem se tornarem dependentes, o que se comprova por não sofrerem 
nenhum dos efeitos adversos da síndrome de abstinência quando abandonam o tabaco. 
 
Na literatura inglesa, esses indivíduos, que se comportam como insensíveis ao tabaco, são 
denominados chippers. Podem fumar durante 20 anos, totalizando o consumo de uns 40 
mil cigarros, sem se tornarem dependentes. Deixam de fumar quando querem, sem sentir 
qualquer sintoma desagradável, sem compulsão para voltar a fumar e quando o fazem, é 
por decisão ocasional, talvez para melhor se enquadrarem no ambiente social. 
 
Esse comportamento estranho para com o tabagismo é evidentemente genético. Essas 
pessoas não metabolizam a nicotina e essa característica é familiar, podendo ser 
transmitida por gerações. 
 
 
Sensibilidade, Tolerância e Dependência 
 
Os 3 tipos mais comuns de tabagistas são: 
 
A – Indivíduos com alta sensibilidade. Ao fumar pela primeira vez, têm fortes sintomas 
desagradáveis. Com a continuidade, fumando, desaparecem as respostas adversas e se 
estabelece tolerância crônica. O consumo de tabaco é grande. Implanta-se forte 
dependência. Com a suspensão do fumar, surge a síndrome de abstinência com 
intensidade elevada, sendo os sintomas adversos agudos e dificilmente suportáveis. Este 
tipo de fumante tem alta compulsão por fumar. São fumantes pesados. 
 
B – Baixa sensibilidade. Ao iniciar a fumar, os sintomas de intolerância são fracos. Com o 
continuar de fumar, estabelece-se completa tolerância. São fumantes moderados. 
Estabelecimento de dependência em grau médio. Com a suspensão de fumar, a síndrome 
de abstinência é discreta, com sintomas adversos, mais suportáveis. Existe risco de 
reincidência, porém, não muito elevada. 
 
C – Sensibilidade discreta ou nula, sem sintomas desagradáveis ao se iniciar a fumar. A 
intolerância é nula. Consumo muito baixo de tabaco. A continuação do fumar decorre mais 
da interferência de fatores ambientais-sociais. A dependência pode não ser mensurável. A 
cessação de fumar não desencadeia a crise de abstinência. A nicotina é pouquíssimo ou 
nada metabolizada. São praticamente insensíveis. 
 
* Nicotina e tabagismo (PDF): ARTIGO BASE

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