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Prova Processo Civil III

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Prova – Processo Civil III – 09/06
1. Teoria Geral dos Recursos
Primeiramente é importante entender o que é um recurso. 
Ora, o recurso é o meio pelo qual a parte provoca nova análise da decisão tomada no processo. Tal reanálise pode ser feita pelo mesmo órgão judicial que proferiu a decisão (exemplo: recurso de embargos de declaração, que é dirigido ao magistrado que proferiu a decisão para sanar omissão ou contradição), ou por órgão judicial hierarquicamente superior (como, por exemplo, no recurso de apelação, que é dirigido ao tribunal).
Cumpre destacar que a interposição de um recurso é ônus processual da parte interessada em ter nova análise da decisão. 
A parte não tem obrigação de recorrer, mas caso não o faça, deve suportar as consequências da decisão transitada em julgado, ou seja, sobre a qual não seja passível de recorrer pelo transcurso de tempo hábil. O recurso tem por objetivo reformar, tornar inválida, esclarecer ou integrar a decisão impugnada.
Quando a parte recorrente faz o pedido de reforma da decisão, pretende-se que a decisão seja modificada, para corrigir error in iudicando, ou seja, erro do magistrado ao analisar o mérito da causa. Já quando se fala em pedido de invalidação, pretende-se desfazer a decisão em virtude vício processual; de forma a corrigir o error in procedendo, que se relaciona com a estrutura e forma da decisão.
Por fim, o pedido de esclarecimento ou integração tem por objetivo sanar eventual omissão, imprecisão ou falta de clareza da decisão. De forma genérica, as partes são denominadas recorrente (aquele que interpõe o recurso) e recorrido (contra quem o recurso é dirigido). 
Convém destacar que em alguns recursos, a nomenclatura das partes varia, como por exemplo, nos embargos de declaração, em que as partes são denominadas de embargante/embargado; na apelação: apelante e apelado; no agravo: agravante/agravado. Tais nomenclaturas específicas serão devidamente tratadas em curso separado quando formos tratar de cada uma das modalidades recursais. Os recursos somente existirão mediante provocação, ou seja, diante de iniciativa da parte que se sentir inconformada com a decisão proferida.
Princípios recursais
Princípio do duplo grau de jurisdição
Pelo princípio do duplo grau de jurisdição é concedida à parte a possibilidade de ter sua decisão analisada por dois órgãos do Poder Judiciário; via de regra, por órgãos hierarquicamente superiores. Dissemos, via de regra, pois, às vezes, o recurso é analisado pelo mesmo magistrado que proferiu a decisão.
Tal garantia do duplo grau de jurisdição decorre do princípio do devido processo legal, devidamente previsto no art. 5º da CF/88:
Art. 5º (...)
LV- aos litigantes, em processo judicial ou administrativo, e aos acusados em geral são assegurados o contraditório e ampla defesa, com os meios e recursos a ela inerentes;
Princípio da taxatividade
Pelo princípio da taxatividade, tem-se que os recursos são aqueles devidamente previstos na legislação federal. Não há a possibilidade de a parte inventar uma modalidade recursal; se não estiver previsto em lei federal, não existe o recurso.
O Novo CPC, em seu artigo 944 trata das modalidades de recursos existentes; e por serem taxativos, dissemos que se tratam de numerus clausus. São nove modalidades de recursos previstas no NCPC:
Art. 994.  São cabíveis os seguintes recursos:
I - apelação;
II - agravo de instrumento;
III - agravo interno;
IV - embargos de declaração;
V - recurso ordinário;
VI - recurso especial;
VII - recurso extraordinário;
VIII - agravo em recurso especial ou extraordinário;
IX - embargos de divergência.
Princípio da singularidade
Pelo princípio da singularidade ou unirrecorribilidade, tem-se que as decisões judiciais somente são impugnadas por meio de um único recurso. A consequência deste princípio é a vedação de que se interponha recursos diferentes contra a mesma decisão.
Princípio da fungibilidade
Tal princípio consiste na possibilidade de converter um recurso em outro quando a parte recorrente tiver se equivocado no manejo do recurso apropriado.
Contudo tal conversão somente será admitida caso não tenha havido erro grosseiro do recorrente (se não houver dúvida, não há que se falar em fungibilidade), e não tenha ocorrido preclusão temporal (ou seja, a perda do momento processual oportuno para a interposição do recurso que se pretende a conversão). 
Além disso o recurso interposto equivocadamente deve apresentar os requisitos formais exigidos para o recurso correto sob pena de não ser viável a conversão.
Há de se registrar que o princípio da fungibilidade decorre do princípio da instrumentalidade das formas, prevista no art.188 do NCPC, que determina que os atos e termos processuais independem de forma determinada, considerando-se válidos aqueles que, se realizados de outro modo, tenham preenchido a finalidade essencial.
Como a fungibilidade somente será autorizada em casos específicos, é fundamental que os advogados façam uma análise minuciosa do processo antes de interpor qualquer recurso para evitar problemas.
Princípio da proibição da reformatio in pejus
Segundo o princípio da proibição da reformatio in pejus, a decisão do órgão competente para julgar o recurso não poderá piorar a situação do recorrente.
Cumpre destacar que nos processos em que há sucumbência recíproca (ou seja, no qual ambas as partes restaram vencidas em determinada ponto), havendo recursos de ambas as partes, o julgamento destes irá, logicamente, implicar em prejuízo para alguma das partes. Isso não fere o princípio em comento. O que o princípio veda é justamente que a situação da parte piore em decorrência do julgamento de seu próprio recurso.
Há exceções ao princípio da proibição da reformatio in pejus, que são as matérias de ordem pública; tais matérias podem ser analisadas de ofício a qualquer tempo e grau de jurisdição, e mesmo que implique em prejuízo ao recorrente, não configurará lesão ao princípio da proibição da reformatio in pejus;
Efeitos recursais
Efeito suspensivo
É aquele que impede que a decisão recorrida produza seus efeitos até o julgamento do recurso.
Efeito devolutivo
É aquele que devolve ao órgão jurisdicional responsável pelo julgamento do recurso, a reanálise da matéria que foi impugnada, ou seja, é um efeito que enseja novo julgamento sobre o tema do recurso.
Vale acrescentar que o órgão responsável pelo julgamento do recurso está adstrito a julgar a matéria que foi objeto do recurso.
Requisitos de admissibilidade
Cabimento
Verificar o cabimento é analisar se o recurso é adequado ao caso concreto.
Este requisito se relaciona aos três princípios que já estudamos, que são o princípio da fungibilidade, o princípio da singularidade e o princípio da taxatividade.
Interesse recursal
Se traduz na verificação da necessidade e proveito que o recorrente terá com a interposição do recurso. A parte faz uso do recurso, pois almeja resultado útil e necessário diante da insatisfação com o pronunciamento anterior do magistrado.
Legitimidade
Nos termos do art. 996 do CPC, o recurso será interposto pela parte vencida, pelo terceiro prejudicado ou pelo MP:
Art. 996. O recurso pode ser interposto pela parte vencida, pelo terceiro prejudicado e pelo Ministério Público, como parte ou como fiscal da ordem jurídica.
Parágrafo único. Cumpre ao terceiro demonstrar a possibilidade de a decisão sobre a relação jurídica submetida à apreciação judicial atingir direito de que se afirme titular ou que possa discutir em juízo como substituto processual.
A inexistência de impeditivos ou extintivos do recurso
Havendo renúncia, aceitação ou desistência, a parte perde o direito de recorrer. Mas qual a diferença entre elas?
Ora, a renúncia ocorre quando a parte manifesta a vontade de não recorrer, seja de forma expressa, via declaração, ou de forma tácita, quando deixa transcorrer o prazo de recorrer sem interpor recurso. 
Caso a renúncia seja feita via procurador, este deverá ser munido de poderes para renunciar.Já a desistência é a manifestação de vontade da parte no sentido de desistir de um recurso já interposto. Pode ser manifestada por escrito ou oralmente antes da decisão do recurso, e não depende de homologação judicial, podendo se dar, também, sem anuência do recorrido.
Por fim, a aceitação é a manifestação da parte de conformidade com a decisão desfavorável. Pode ser expressa, ou tácita.
Será expressa quando a parte manifestar a concordância com a decisão de forma escrita ou oral; e tácita quando exercer ato incompatível com o direito de recorrer.
Requisitos de admissibilidade extrínsecos
Tempestividade
A tempestividade é requisito de admissibilidade relativo ao prazo recursal; é a observância pelo órgão jurisdicional competente se o prazo previsto pela legislação foi devidamente observado pela parte.
Regularidade formal
Para análise do requisito da regularidade formal, será verificada se a parte recorrente observou as exigências legais para interposição de determinado recurso, ou seja, se foram observados os procedimentos legais descritos na lei para a interposição do recurso.
Para esclarecer o conceito, um exemplo é a verificação se o agravante juntou as peças obrigatórias em seu recurso de agravo de instrumento.
Preparo
O preparo é o pagamento das despesas para interposição do recurso.
2.Recursos em espécie
Apelação
O art. 1.009 do Novo CPC determina ser a apelação o recurso cabível contra a sentença, seja ela terminativa (art. 485 do Novo CPC) ou definitiva (art. 487 do Novo CPC). Afirma-se que pouco importa a espécie de processo ou do procedimento; havendo uma sentença, o recurso cabível será a apelação (prazo de 15 dias). Também é irrelevante saber-se a natureza do processo ou o tipo de procedimento, porque independentemente de qualquer dessas considerações, havendo uma apelação o dispositivo ora comentado indica o cabimento de apelação.
Nos termos do § 1º do art. 1.009 do Novo CPC, as questões resolvidas na fase de conhecimento não impugnáveis por agravo de instrumento, serão suscitadas em preliminar de apelação interposta contra sentença ou nas contrarrazões de tal recurso. No caso de alegação em preliminar de apelação, o apelado já será intimado para contrarrazoar a impugnação da decisão interlocutória e da sentença. Sendo caso de alegação em contrarrazões, o apelante deve ser intimado para responder no prazo de 15 dias.
A apelação é um recurso interposto perante o primeiro grau de jurisdição, ainda que o juízo sentenciante não tenha competência para seu juízo de admissibilidade (art. 1.010, § 3º, do Novo CPC). A competência tanto para a admissibilidade como para o julgamento do mérito recursal é exclusiva do tribunal de segundo grau (Tribunal de Justiça ou Tribunal Regional Federal). Consiste no recolhimento das custas e do porte de remessa e retorno, quando devido (preparo).
Agravo de instrumento
No novo sistema recursal criado pelo Novo Código de Processo Civil é excluído o agravo retido e o cabimento do agravo de instrumento está limitado às situações previstas em lei. O art. 1.015, caput, do Novo CPC admite o cabimento do recurso contra determinadas decisões interlocutórias, além das hipóteses previstas em lei, significando que o rol legal de decisões interlocutórias recorríveis por agravo de instrumento é restritivo, mas não o rol legal, considerando a possibilidade de o próprio Código de Processo Civil, bem como leis extravagantes, previrem outras decisões interlocutórias impugnáveis pelo agravo de instrumento que não estejam estabelecidas pelo disposto legal.
Art. 1.015. Cabe agravo de instrumento contra as decisões interlocutórias que versarem sobre:
I - tutelas provisórias;
II - mérito do processo;
III - rejeição da alegação de convenção de arbitragem;
IV - incidente de desconsideração da personalidade jurídica;
V - rejeição do pedido de gratuidade da justiça ou acolhimento do pedido de sua
revogação;
VI - exibição ou posse de documento ou coisa;
VII - exclusão de litisconsorte;
VIII - rejeição do pedido de limitação do litisconsórcio;
IX - admissão ou inadmissão de intervenção de terceiros;
X - concessão, modificação ou revogação do efeito suspensivo aos embargos à
execução;
XI - redistribuição do ônus da prova nos termos do art. 373, § 1º;
XII - (VETADO);
XIII - outros casos expressamente referidos em lei.
Parágrafo único. Também caberá agravo de instrumento contra decisões interlocutórias proferidas na fase de liquidação de sentença ou de cumprimento de sentença, no processo de execução e no processo de inventário.
O Novo Código de Processo Civil prevê o cabimento do agravo de instrumento em hipóteses não consagradas no art. 1.015 do Novo CPC, o que é plenamente admissível nos termos do inciso XIII do dispositivo, que prevê o cabimento de tal recurso em outros casos expressamente referidos em lei além daqueles consagrados de forma específica no dispositivo legal.
O Agravo de instrumento, continua sendo distribuído diretamente no tribunal, conforme na legislação anterior, e as formalidades muito semelhantes, como a qualificação das partes, advogados e as razões de reforma da decisão, seu prazo para interpor é de 15 dias. Este recurso incide em preparo que acompanhará a petição o comprovante de pagamento das respectivas custas.
O art. 1.017, expõe o que deve conter na petição de agravo de instrumento.
Art. 1.017. A petição de agravo de instrumento será instruída:
I - obrigatoriamente, com cópias da petição inicial, da contestação, da petição que ensejou a decisão agravada, da própria decisão agravada, da certidão da respectiva intimação ou outro documento oficial que comprove a tempestividade e das procurações outorgadas aos advogados do agravante e do agravado;
Agravo interno
Nos termos do art. 1.021, caput, do Novo CPC, o agravo interno cabe de toda decisão monocrática proferida pelo relator será cabível o recurso de agravo interno para o respectivo órgão colegiado, ou seja, para o órgão que teria proferido o julgamento colegiado caso não tivesse ocorrido o julgamento unipessoal pelo relator.
Nos termos do § 1.º do artigo comentado, na petição de agravo interno o recorrente impugnará especificadamente os fundamentos da decisão agravada, não bastando, portanto, apenas repetir a fundamentação do recurso ou do pedido julgado monocraticamente.
O agravo será dirigido ao relator, único magistrado a ter funcionado no recurso, reexame necessário ou processo de competência originária do tribunal julgado monocraticamente. Cabe ao relator determinar a intimação do agravado para manifestar-se sobre o recurso no prazo de 15 dias. Não tendo previsão de preparo.
Embargos de declaração
Os Embargos de Declaração ou Embargos Declaratórios são uma modalidade de recurso que tem por objetivo fazer com que o magistrado possa rever alguns aspectos de sua decisão.
Tal pedido deverá ser feito quando for verificado em determinada decisão judicial a existência de omissão, contradição, obscuridade ou erro material.
Através dos Embargos de Declaração, o magistrado poderá exercer o juízo de retratação, ou seja, sanar alguma falha existente em seu pronunciamento, a pedido de uma das partes.
A omissão pode ser explicada como a ausência de pronunciamento judicial, por algum lapso, sobre algum ponto que devia ter sido analisado. À parte, em virtude da falta do pronunciamento judicial, interpõe Embargos de Declaração para que o magistrado possa suprir a omissão se pronunciando sobre a questão que escapou a sua análise.
Na contradição há um defeito no pronunciamento, ou seja, o magistrado manifesta ideias contrárias a respeito da decisão analisada, e dessa forma, a parte irá pedir para que o magistrado explicite qual das posições é a que será assumida.
Na obscuridade, por sua vez, o magistrado não deixa claro qual seria a sua posição em relação à questão controvertida. Pela leitura da decisão, ou de algum ponto específico, a parte tem dúvidas acerca da real posição do magistrado, em virtude de uma manifestação confusa. Assim, através dos Embargosde Declaração, a parte pede ao magistrado que esclareça o seu posicionamento.
Quando constatada a existência de contradição ou obscuridade, a decisão dos Embargos de Declaração inevitavelmente implicará em alteração do conteúdo do julgado, o que se chama efeitos infringentes ou modificativos.
Contudo, não será admitido que, em sede de Embargos de Declaração, o magistrado se proponha a fazer novo julgamento da causa.
Caso o juiz verifique que o acolhimento dos embargos de declaração implicará em modificação da decisão embargada, deverá intimar o embargado para se manifestar no prazo de 5 dias.
Importante mencionar que a parte não arcará com nenhum ônus para a interposição desse tipo de recurso, ou seja, a lei informa que não se sujeitam a preparo, e por isso, são isentos de custas.
A petição será dirigida ao juiz, com a indicação do erro, obscuridade, contradição ou omissão.
Recurso ordinário
Tradicionalmente associam-se a atividade recursal do Supremo Tribunal Federal e a do Superior Tribunal de Justiça ao recurso extraordinário e especial, respectivamente. Ocorre, entretanto, que essa atividade recursal também é desempenhada por tais tribunais por meio do julgamento do recurso ordinário constitucional, previsto como recurso no art. 994, V, do Novo CPC, e com suas hipóteses de cabimento previstas tanto na Constituição Federal (arts. 102, II, e 105, II, da CF) como no Código de Processo Civil (art. 1.027 do Novo CPC).
Ainda que o recurso ordinário tenha previsão constitucional, a exemplo dos recursos extraordinário e especial, são diversas e significativas as diferenças entre eles. No julgamento do recurso ordinário os tribunais superiores referidos atuam como órgão de segundo grau de jurisdição, garantindo no caso concreto a aplicação do princípio do duplo grau de jurisdição.
A interposição do Recurso Ordinário, portanto, se faz em relação ao órgão a quo, em petição fundamentada com as razões que embasam o pedido, com o prazo de 15 dias. Depende de preparo, quando for o caso, e será debatida toda a matéria impugnada. Via de regra não terá efeito suspensivo.
- O recurso ordinário em mandado de segurança
Caberá recurso ordinário constitucional contra decisão de única instância denegatória de mandado de segurança, sendo competente o Supremo Tribunal Federal (art. 1.027, I, do Novo CPC), quando o acórdão recorrido tiver sido proferido pelos tribunais superiores (Superior Tribunal de Justiça, Tribunal Superior Eleitoral, Tribunal Superior do Trabalho, Superior Tribunal Militar), e o Superior Tribunal de Justiça (art. 1.027, II, do Novo CPC) quando o acórdão tiver sido proferido por tribunal de segundo grau (Tribunal de Justiça e Tribunal Regional Federal).
- Recurso ordinário em Habeas Data e mandado de injunção
As mesmas considerações feitas a respeito do recurso ordinário contra a decisão denegatória de mandado de segurança são aplicáveis ao habeas data e ao mandado de injunção: a decisão de única instância significa que o habeas data e o mandado de injunção sejam de competência originária de tribunal, no caso os Tribunais Superiores, em razão de expressa previsão do art. 1.027, I, do Novo CPC.
Recurso especial e Recurso extraordinário
O recurso extraordinário e o recurso especial, nos casos previstos na Constituição Federal, serão interpostos perante o presidente ou o vice-presidente do tribunal recorrido.
Os recursos extraordinário e especial constituem meios de impugnação de “fundamentação vinculada”, pois permitem reexame limitado da decisão recorrida, isto é, exclusivamente com relação à regularidade da aplicação da legislação federal (constitucional e infraconstitucional, respectivamente). Daí por que são denominados também remédios de “estrito direito”. Ambos propiciam aos tribunais superiores (STF e STJ) a possibilidade de uniformizar a interpretação e aplicação do direito federal, tarefa essa conotada por manifesto interesse público, que transcende o mero interesse do recorrente na anulação ou reforma da decisão recorrida. Os principais requisitos de cabimento dessas modalidades recursais estão assentados na Constituição Federal (arts. 102, inciso III, e 105, inciso III, respectivamente).
No art. 1.029, caput, do CPC, os recursos extraordinário e especial continuam a ser interpostos perante a presidência ou vice-presidência do tribunal que proferiu a decisão recorrida (a definição será feita pelo respectivo regimento interno). Em se tratando do recurso especial, de fato não há alternativa ao recorrente senão dirigir a peça à presidência ou vice-presidência de Tribunal de Justiça do Estado ou de Tribunal Regional Federal. Contudo, em se tratando de recurso extraordinário, qualquer órgão que tenha decidido a causa em única ou última instância pode receber um recurso extraordinário, mesmo que não se trate de um tribunal (exemplo é o do recurso extraordinário interposto em face de decisão de turma recursal no âmbito dos Juizados Especiais Cíveis, conforme sedimentado pelo STF no Verbete nº 640). Nesse caso, há que se reconhecer que a interposição se dará perante órgão diverso daquele indicado no dispositivo.
Recebida a petição do recurso pela secretaria do tribunal, o recorrido será intimado para apresentar contrarrazões no prazo de 15 dias, findo o qual os autos serão remetidos ao respectivo tribunal superior.
Agravo em recurso especial ou extraordinário
Cabe agravo contra decisão do presidente ou do vice-presidente do tribunal recorrido que inadmitir recurso extraordinário ou recurso especial, salvo quando fundada na aplicação de entendimento firmado em regime de repercussão geral ou em julgamento de recursos repetitivos.
O prazo para o ingresso dos recursos excepcionais é de 15 dias, sendo aplicáveis as regras de contagem de prazo em dobro, devendo-se alertar que a contagem em dobro do prazo na hipótese de haver na demanda litisconsortes com pluralidade de patronos de diferentes sociedades de advogados depende, além da sucumbência de mais de um dos litisconsortes, de que mais de um deles tenha ingressado com o recurso que gerou o acórdão.
Sendo caso de necessária interposição de recurso extraordinário e recurso especial, ou sendo esse o desejo do recorrente, o prazo para ambos será de 15 dias, mas correrão de forma autônoma, de maneira que não é necessária a interposição simultânea – no mesmo dia, visto que o prazo é contado em dias – dos dois recursos. O termo inicial de contagem naturalmente será o mesmo, mas dentro do prazo legal é permitida a interposição dos recursos em dias diferentes.
O recorrido será intimado para apresentar suas contrarrazões no prazo de 15 dias, e, transcorrido esse prazo, com ou sem a resposta, os autos serão remetidos ao presidente ou vice-presidente do tribunal de segundo grau para o juízo de admissibilidade recursal e outras providências, previstas nos incisos do art. 1.030 do Novo CPC.
Embargos de divergência
O art. 1.043 do Novo CPC prevê em seus incisos as hipóteses de cabimento dos embargos de divergência, enquanto no art. 1.044, caput, do Novo CPC encontra-se a previsão de que o seu procedimento será regulado por normas do regimento interno do tribunal competente para julgá-lo. Não resta dúvida de que o objetivo desse recurso é a uniformização da jurisprudência interna do Supremo Tribunal Federal e do Superior Tribunal de Justiça. Registre-se a necessidade de comprovação imediata do recolhimento do preparo para a admissibilidade dos embargos de divergência.
Tratando-se de recurso voltado à uniformização da jurisprudência interna do Supremo Tribunal Federal e do Superior Tribunal de Justiça, é indispensável que exista nos embargos de divergência uma comparação entre o acórdão recorrido e o acórdão paradigma, considerando-se que dessa análise comparativa será verificada a efetiva existência da divergência a permitir o cabimento do recurso ora analisado.
Diz o art. 1.043, I, do Novo CPC que é embargável o acórdão de órgão fracionário que em julgamento de recurso extraordinário ou em recurso especial divergir do julgamentode qualquer outro órgão do mesmo tribunal (outra turma, seção ou órgão especial), sendo os acórdãos, embargado e paradigma, de mérito.

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