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23/07/2015 O Novo CPC e sua aplicação à luz do direito intertemporal – nº 02 | Prolegis data:text/html;charset=utf8,%3Cdiv%20class%3D%22post1%20post295%20post%20typepost%20statuspublish%20formatstandard%20haspostthu… 1/6 O Novo CPC e sua aplicação à luz do direito intertemporal – nº 02 NOVO CPC SLIDER 7 de fevereiro de 2015 Clovis Brasil Pereira 2 *Clovis Brasil Pereira Introdução Muitos questionamentos começam a surgir, entre os acadêmicos de direito e os operadores do direito em geral, a respeito de uma nova norma processual, quando outra é alterada ou mesmo excluída do ordenamento jurídico pátrio. Esse é um problema que surgirá na transição entre o atual Código de Processo Civil (Lei 5.869/1973) e o Novo CPC aprovado pelo Poder Legislativo em 17 de dezembro de 2014, que aguarda a redação do texto final para posteriormente ser submetido à sanção da Presidência da República. No geral, para uma nova lei, a regra é que a nova norma processual contenha no seu bojo, o prazo em que começará a valer. Não tendo a previsão na lei específica, adotase a regra geral contida no artigo 1º da Lei de Introdução às normas do Direito Brasileiro (DecretoLei nº 4.657/1942 – exLICC, Lei de Introdução ao Código Civil Brasileiro, cuja nomenclatura foi alterada pela Lei 12.376/2010), com vigência a partir de 45 dias de sua publicação. Por sua vez, o prazo de vacatio legis, contase, incluindo o dia da publicação no Diário Oficial e também o último dia do prazo, na forma do artigo 8º, § 1º, da LC nº 95/1998. O que prevê o Novo CPC O prazo de vacatio legis do Novo CPC Estatuto Processual, é de um 23/07/2015 O Novo CPC e sua aplicação à luz do direito intertemporal – nº 02 | Prolegis data:text/html;charset=utf8,%3Cdiv%20class%3D%22post1%20post295%20post%20typepost%20statuspublish%20formatstandard%20haspostthu… 2/6 ano decorrido da data de sua publicação, o que obviamente ocorrerá após receber a sanção presidencial, quando parte do texto ( ou mesmo o seu todo), poderá inclusive ser vetado. Enumeramos a seguir, a título exemplificativo, algumas previsões contidas no LIVRO COMPLEMENTAR, DAS DISPOSIÇÕES FINAIS E TRANSITÓRIAS, para elucidar situações que por certo atormentarão os operadores do direito, quando da vigência do Novo CPC: Ao entrar em vigor este Código, suas disposições se aplicarão desde logo aos processos pendentes, ficando revogada a Lei nº 5.869, de 11 de janeiro de 1973. As disposições do CPC atual, relativas ao procedimento sumário e aos procedimentos especiais, que forem revogadas, aplicarseão às ações propostas até o início da vigência deste Código (Novo CPC), desde que ainda não tenham sido sentenciadas. Permanecem em vigor as disposições especiais dos procedimentos regulados em outras leis, aos quais se aplicará supletivamente este Código. Os procedimentos mencionados no art. 1216 do CPC vigente (Lei 5.869/1973) e ainda não incorporados por lei submetemse ao procedimento comum previsto neste Código (Novo CPC). As remissões a disposições do Código de Processo Civil revogado existentes em outras leis passam a referirse às que lhes são correspondentes neste Código. A primeira lista de processos para julgamento em ordem cronológica observará a antiguidade da distribuição entre os já conclusos na data da entrada em vigor deste Código. As disposições de direito probatório adotadas neste Código, aplicam se apenas às provas que tenham sido deferidas ou determinadas de ofício a partir da data de início da sua vigência. Sempre que a lei remeter a procedimento previsto na lei processual sem especificálo, será observado o procedimento comum previsto neste Código. Luis Fux[1], elencou de forma didática as diversas situações jurídicas geradas pela incidência da lei nova aos processos pendentes, lembrando que o atual Ministro do STF, foi um dos idealizadores do 23/07/2015 O Novo CPC e sua aplicação à luz do direito intertemporal – nº 02 | Prolegis data:text/html;charset=utf8,%3Cdiv%20class%3D%22post1%20post295%20post%20typepost%20statuspublish%20formatstandard%20haspostthu… 3/6 Projeto inicial do Novo CPC encaminhado ao Senado da República em 2010, e acompanhou as discussões nas duas casas legislativas até sua aprovação final, ocorrida em 17 de dezembro de 2014, e que pode contribuir para a solução de algumas dúvidas que possam surgir quando da entrada em vigor do Novo Diploma Processual, e que ora transcrevemos: 1. A lei processual tem efeito imediato e geral, aplicandose aos processos pendentes; respeitados os direitos subjetivo processuais adquiridos, o ato jurídico perfeito, seus efeitos já produzidos ou a se produzir sob a égide da nova lei, bem como a coisa julgada; 2. As condições da ação regemse pela lei vigente à data de propositura; 3. A resposta do réu, bem como seus efeitos, regese pela lei vigente na data do surgimento do ônus da defesa pela citação, que torna a coisa julgada. 4. A revelia, bem como os efeitos, regulamse pela lei vigente na data do escoar do prazo da resposta; 5. A prova do fato ou do ato quando ad solemnitatem, rege se pela lei vigente na época da perectibilidade deles, regulandose a prova dos demais atos pela lei vigente na data da admissão da produção do elemento da convicção conforme o preceito mais favorável à parte beneficiada pela prova; 6. A lei processual aplicase aos procedimentos em curso, impondo ou suprimindo atos ainda não praticados, desde que compatível com o rito seguido desde o início da relação processual e eu não sacrifique os fins de justiça do processo; 7. A lei vigente na data da sentença é a reguladora dos efeitos e dos requisitos da admissibilidade dos recursos; 8. A execução e seus pressupostos regemse pela lei vigente na data da propositura da demanda, aplicandose o preceito 23/07/2015 O Novo CPC e sua aplicação à luz do direito intertemporal – nº 02 | Prolegis data:text/html;charset=utf8,%3Cdiv%20class%3D%22post1%20post295%20post%20typepost%20statuspublish%20formatstandard%20haspostthu… 4/6 número seis aos efeitos e de procedimentos executórios em geral; 9. Os meios executivos de coerção e de subrogação regem se pela lei vigente na data de incidência deles, regulandose a penhora, quanto aos seus efeitos e objeto, pela lei em vigor no momento em que surge o direito à penhorabilidade, com o decurso do prazo para pagamento judicial; Em geral o problema da eficácia temporal da lei tem solução uniforme respeitado seu prazo de vacatio legis, terá aplicação imediata e geral, respeitados, os direitos adquiridos o ato jurídico perfeito e a coisa julgada. 10. Os embargos e seus requisitos de admissibilidade regem se pela vigente na data de seu oferecimento; 11. O processo cautelar, respeitado o cânone maior da irretroatividade, regese pela lei mais favorável à conjuração do periculum in mora quer em defesa do interesse das partes, quer em defesa da própria jurisdição. O Novo CPC e o direito intertemporal Na modificação das normas processuais, aplicamse as regras do direito processual intertemporal, que por sua vez, tem solução uniforme respeitado seu prazo de vacatio legis, terá aplicação imediata e em geral, respeitados, os direitos adquiridos, o ato jurídico perfeito e a coisa julgada. Bem ilustrativo é o ensinamento do Professor Luiz Guilherme Pennacchi Dellore [2], a respeito do direito intertemporal e a aplicação da regra de transição que deverá ocorrer a partir da revogação do atual CPC (Lei 5.869/1973)e o Novo CPC que passará a vigorar após o decurso do prazo de vacatio legis: … Por direito intertemporal podese entender o conjunto de regras que trata da aplicação do direito no tempo, especialmente em relação a modificações legislativas. Assim, diante de uma mudança legislativa, para saber qual regra 23/07/2015 O Novo CPC e sua aplicação à luz do direito intertemporal – nº 02 | Prolegis data:text/html;charset=utf8,%3Cdiv%20class%3D%22post1%20post295%20post%20typepost%20statuspublish%20formatstandard%20haspostthu… 5/6 deve ser aplicada (anterior ou atual), devemos nos socorrer do direito intertemporal. Em relação à matéria processual, a regra principal é que as novas regras já se aplicam aos processos que estão em trâmite (cf. CPC, art. 1.211). Contudo, esta regra não é absoluta e não deve ser interpretada sozinha. A CF 88, em seu art. 5º, XXXVI, resguarda o ato jurídico perfeito. E é possível falarse em ato jurídico processual perfeito. Por conseguinte, em regra, os atos já realizados ou consumados não são atingidos pela lei nova, mas aos processos em curso já se aplica a nova legislação. Ou seja, dúvida não há de que: a) nos processos já extintos, não se aplica a lei nova b) nos processos ajuizados pósvigência da lei nova, esta é a que será aplicada. A dificuldade será, portanto, regular os processos em curso quando da vigência da lei nova, especialmente para verificar se determinados atos /fases do processo já foram ou não consumados (teoria do isolamento dos atos processuais), para se descobrir a legislação a ser aplicada. Conclusão Não paira dúvida que em regra, o Novo CPC se aplicará desde logo à sua vigência aos processos já em trâmite, salvo algumas exceções resguardadas no próprio texto do Código aprovado, em suas Disposições Finais e Transitórias e o próprio texto constitucional, que em seu artigo 5º, inciso XXXVI preserva o ato jurídico perfeito, admitido ocasionalmente em questões de natureza processual. Muitas controvérsias serão postas em discussão, antes e após a vigência do Novo CPC, servindo o presente de singela contribuição 23/07/2015 O Novo CPC e sua aplicação à luz do direito intertemporal – nº 02 | Prolegis data:text/html;charset=utf8,%3Cdiv%20class%3D%22post1%20post295%20post%20typepost%20statuspublish%20formatstandard%20haspostthu… 6/6 SOBRE O AUTOR Clovis Brasil Pereira Advogado; Mestre em Direito; Especialista em Processo Civil; Coordenador Pedagógico da Comissão de Cultura e Eventos da OAB/Guarulhos; Diretor da ESA, Unidade Guarulhos; Professor Universitário; Coordenador Pedagógico da PósGraduação em Direito Processual Civil da FIG – UNIMESP; Palestrante convidado do Departamento Cultural da OAB/SP; Editor responsável do site jurídico www.prolegis.com.br; autor de diversos artigos jurídicos e do livro “O Cotidiano e o Direito”. para fomentar o debate, que por certo se prolongará ao longo do tempo, e desembocará nos Tribunais pátrios. _________ NOTAS 1. FUX, Luiz. Teoria Geral do processo civil. Rio de Janeiro: Forense, 2014. 2. DELLORE, Luis Guilherme Pennacchi, Lei processual no tempo e no espaço, acesso em 07/02/2015 http://www.justocantins.com.br/academicos18843aulaleiprocessual notempoenoespaco.html _________ E.T.: Deixamos de fazer alusão aos números dos artigos do Novo CPC, uma vez que seu texto final ainda não foi publicado até a data que escrevi este texto (07/02/2015), embora sua aprovação no Senado tenha ocorrido há mais de 50 dias.
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