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- Permeabilidade iônica da membrana plasmática e o potencial de repouso celular - Excitabilidade celular Prof. Aldo Rogelis A. Rodrigues 2a aula de Fisiologia Potencial de membrana As células exibem uma diferença de potencial elétrico através da membrana plasmática. O lado intracelular é carregado negativamente em relação ao extracelular. Microeletrodo intracelular Eletrodo extracelular Potencial de repouso Tempo P o t e n c i a l ( m V ) Voltímetro O potencial de membrana (Vm) é definido como: Vm=VInt −−−− VExt Por convenção, VExt= 0 mV, portanto Vm=VInt Na+ + −−−− −−−−+ K+ Na+ K+ K+ K+ K+ Geração de um potencial de difusão através da membrana, pela difusão de íons potássio. Canal de K+ A B 0,15 Molar NaCl 0,15 Molar KClK + Na+ K+ K+ K+ Na+ −−−− + Gradiente químico=Gradiente elétrico Potencial de equilíbrio eletroquímico + −−−− −−−−+ K+ Na+ K + + −−−− K+ K + K+ K+ Na+ Gradiente elétrico Gradiente químico Quando a magnitude do gradiente químico é igual ao gradiente elétrico e de sentido contrário, o íon se encontra em equilíbrio eletroquímico através da membrana. Extra Intra −−−− −−−− −−−− −−−− − −−−− − + + + + + Forças atuando no íon K+: Gradiente eletroquímico (∆µ∆µ∆µ∆µ) de um íon X Permite comparar a contribuição relativa do gradiente químico e do elétrico entre os dois lados da célula para o movimento de um íon. [X]Int∆µX= RT ln [X]Ext + zF(VInt−VExt) ∆µ= Diferença de potencial eletroquímico entre os lados intra e extracelular R= Constante do gás ideal T= Temperatura absoluta ln[X]Int/[X]Ext= logaritmo natural da razão da concentração z=carga do íon F=Número de Faraday VInt−VExt= Diferença de potencial elétrico entre os meios interno e externo No equilíbrio eletroquímico ∆∆∆∆µµµµ=0 [X+]ExtVInt−VExt= RT zF ln [X+]Int A equação permite calcular a diferença de potencial elétrico, necessária para produzir uma força elétrica que é igual é de sentido oposto à força gerada por uma diferença de concentração. Quando os dois gradientes (químico e elétrico) são iguais e de sentido opostos (ou seja, ∆µ=0): Não existirá uma força resultante atuando no íon. Nenhum fluxo resultante ocorrerá entre os dois lados e o íon estará em equílíbrio eletroquímico. ln X=2.303 log10 X RT/F= 26.7 mV (a 37 Co) Equação de Nernst∆V= 61 mV log z [X+]E [X+]I [X]IntRT ln [X]Ext + zF(VInt−VExt)=0 Potencial de equilíbrio eletroquímico dos íons Na+ e K+ na célula do músculo esquelético EK= 61 log [K]Ext [K]Int ENa=61 log [Na]Ext [Na]Int ENa= +66 mV; EK= −97 mV No repouso existe uma alta permeabilidade da membrana ao K+ que, ao fluir em direção ao seu potencial de equilíbrio eletroquímico (EK=−97 mV), gera a maior parte do potencial de repouso. Na fibra muscular o potencial de repouso é de −−−−90 mV. Compare este valor com o potencial de equilíbrio eletroquímico calculado para o íon K+. O que se pode deduzir? Qual a origem do potencial de repouso (Vr)? No repouso, a maioria das células apresenta, além da atividade dos canais de K+, um pequeno número de canais de Na+ abertos. Gradiente químico Gradiente elétrico A entrada de Na+ (positivo) desvia o Vr do valor de EK. Quanto maior a entrada de Na+, mais positivo o Vr (despolarização). Se a célula fosse permeável somente ao K+, o Vr seria igual a EK, mas… Forças atuando no íon Na+: Quando o potencial de membrana (Vm) é determinado tanto pelo íon K+ como Na+ A equação de Goldman indica que quanto maior a permeabilidade da membrana a um íon, maior será o papel desse íon em determinar o potencial de membrana (Vm). Quando a permeabilidade da membrana a um íon é muito alta, a equação de Goldman se reduz à equação de Nernst para aquele íon: (exemplo PK> >PNa): Vm= log [K]EXT[K]INT No repouso: PK : PNa=1 : 0.04 PK[K+]EXT + PNa[Na]EXTVm= log PK[K+]INT + PNa[Na]INT 61 61 A alta permeabilidade da membrana a um íon dirige o potencial de membrana para próximo do potencial de equilíbrio eletroquímico desse íon K+ Na+ No de repouso: Permeabilidade ao K+ é maior EK ENa -90 +60-60 -30 0 +30 Vm Considerando que no repouso existe um efluxo de K+ e um influxo de Na+, como as células mantêm o gradiente de concentração desses íons? • Ela transporta 3 íons Na+ para o extracelular para cada 2 íons K+ que ela move para o intracelular, gerando separação de carga (a bomba é eletrogênica, ou seja, o potencial de repouso é mais negativo do que esperado somente pela difusão passiva dos íons K+ e Na+). Não ocorre dissipação do gradiente químico devido à atividade da bomba Na+/K+-ATPase. Transporte ativo Movimentos passivos No repouso, a célula se encontra em equilíbrio dinâmico… A geração de atividade elétrica nas células excitáveis é crucial para o funcionamento de nosso corpo. Excitabilidade Celular Potencial de ação: É definido como a capacidade que alguns tipos de células apresentam de mudar, de forma rápida e transitória, o potencial de membrana (Vm). O potencial de ação das células excitáveis Alteração rápida e transitória do potencial de membrana. Quais íons e que tipos de canais iônicos são responsáveis pelo potencial de ação? • A redução da concentração de Na+ reduz a amplitude do potencial de ação. Axônio gigante de lula Estímulo Vm (mV) Vm Estímulo ↓↓↓↓ ENa=61 log [Na]Ext [Na]Int Para esses valores de permeabilidade, a equação de Goldman se aproxima da equação de Nernst para o Na+: Vm≈ +66 mV Vm ≈≈≈≈ ENa Vm=61 log [Na]EXT[Na]INT Medida do potencial de membrana no pico do potencial de ação, indica os seguintes valores da permeabilidade da membrana: PK : PNa =1 : 20PK[K +]EXT + PNa[Na]EXTVm= RTF ln PK[K+]INT + PNa[Na]INT 1- Fechado (repouso) 2- Aberto (despolarização) 3- Inativado Comporta de ativação Comporta de inativação Alterações conformacionais dos canais de Na+ em resposta à despolarização Na+ Despolarização Abertura de canais de Na+Influxo de Na+ (corrente) Ciclo de retroalimentação positivo Se a membrana for despolarizada o suficiente para abrir alguns canais de Na+ voltagem-dependentes, o influxo de Na+ causa mais despolarização. Essa despolarização adicional induz a abertura de mais canais de Na+ gerando mais despolarização, e assim sucessivamente. Um posterior aumento na condutância ao K+ leva à repolarização do potencial de ação K+ • A despolarização da membrana também ativa canais para K+ voltagem dependentes (mais lentos que os de Na+), gerando efluxo de cargas positivas. Essa ativação dos canais de K+ e a inativação dos canais de Na+, leva à repolarização da membrana. Potencial de ação Abertura sequencial de canais de Na+ e de K+ dependentes de voltagem, gera o potencial de ação Tempo (ms) C o n d u t â n c i a / c m 2 V m ( m V ) Abertura sequencial de canais de Na+ e de K+ dependentes de voltagem, gera o potencial de ação Características do potencial de ação 1- Não ocorre se não houver uma despolarização que seja suficiente para alcançar o potencial limiar. 2- É do tipo tudo ou nada, ou seja, sempre que a membrana for despolarizada até o limiar, ele irá ocorrer, se a despolarização não atingir o limiar, o potencial de ação não irá ocorrer. 3- Sua amplitude independe do evento iniciador; não pode ser somado. 4- Sua amplitude não decai à medida que se propaga na superfície celular. Características do potencial de ação Nos neurônios o PA é gerado na zona de gatilho Neurônio sensorial Condução de potenciais Local da despolarizaçãoinicial ← → Direção da corrente Decaimento da voltagem com a distância. Constante de comprimento (λ): Distância na qual o sinal elétrico decai para 37% de seu valor inicial. Distância do local de despolarização Decaimento exponencial da voltagem: Vx=V0 2,72-x/λλλλ rm rin i Um axônio se assemelha a um cabo condutor Quanto maior a relação Rm/Rin, menos corrente é perdida pela membrana e melhor o axônio pode funcionar como um cabo condutor. Constante de comprimento (λ)= rm rin Membrana plasmática do neurônio Axoplasma Bainha de mielina Nodo de Ranvier A célula de Schwann envolve o axônio formando uma bainha de mielina e os nodos de Ranvier A mielinização aumenta a Rm. Propagação do potencial de ação em axônios mielizados: Impulso saltatório Propagação do PA em axônios não mielizados: Impulso Contínuo O PA se propaga ao longo do axônio sem decremento de sinal. Tempo zero 1 ms depois Axônios mielinizados Axônios não- mielinizados V e l o c i d a d e d e c o n d u ç ã o ( m / s e g ) A mielinização aumenta a velocidade de condução de potenciais de ação Diâmetro do axônio mielinizado (µµµµm) Diâmetro do axônio não-mielinizado (µµµµm) Neuropatias Bibliografia ♦Geração e condução de potenciais de ação. In: Fisiologia, 5a edição. Berne RM, Levy MN, Koeppen BM & Stanton BA. Capítulo:3, pag. 33-45, Elsevier, Brasil, 2004. ♦Propagated signaling: The action potential. In: Principles of neural science. Cap. 9, pag. 150-170, McGraw Hill, USA, 2000. ♦ Geração e condução de potenciais de ação. In: Fundamentos de Fisiologia. 4a edição. Levy MN, Koeppen BM & Stanton BA. Capítulo 1, pag. 31-41, Mosby, Brasil, 2006.
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