terminada) sobre respectivo suporte fático revela-se suficiente ao seu nascimento. Destaque-se que, segundo tal corrente, é “perfeitamente admissível representar o direito subjetivo através do verbo ‘ter’.” (ASSIS, Araken de. Cumulação de ações. p. 76). Não podem ser baralhados, todavia, direito subjetivo e pretensão. À luz da doutrina em destaque, enquanto o primeiro encontra-se vinculado ao verbo ter, o segundo identifica-se com o verbo exigir. “Certamente, na normalidade dos casos, há direito subjetivo e, há a respectiva pretensão, que não é outro direito, mas o pró- prio direito subjetivo potencializado, dotado desse dinamismo capaz de torná-lo” ESA - OAB/RS 45 efetivo. (BAPTISTA DA SILVA, Ovídio A. Direito subjetivo, pretensão de direito material e ação. p. 103.) Sustenta-se, então: uma coisa é a existência do direito, outra a possibilidade de exigi-lo. O exemplo do direito de crédito submetido a termo mostra-se sempre bem-vindo à compreensão da distinção. Haverá direito subjetivo do mutuante em face do mutuário (pondo o suposto credor em posição de vantagem jurídica perante o suposto devedor), ainda que não lhe seja possível exigir sua satisfação antes da data pactuada para o cumprimento da obrigação. A pretensão é a faculdade de se poder exigir a satisfação do direito subjetivo, sen- do tal realidade inconfundível com o direito em si. À guisa do exemplo, portanto, é o alcance do termo (elemento acidental do negócio jurídico) que fará surgir para o credor pretensão (no caso, material), potencializando seu direito de crédito. Equi- vale-se a pretensão à mera faculdade, de maneira que poderá ou não efetivar-se. É plenamente possível, por exemplo, que o credor, ainda que lhe seja permitido, mantenha-se inerte em relação à satisfação de sua vantagem jurídica. Mas a noção de pretensão, segundo a doutrina dualista, não corresponde, em última análise, a um agir. O suposto titular de um direito subjetivo, já exigível, poderá buscar sua satisfação perante o suposto obrigado e o faz, por definição, mediante a pre- mência (verbo premir) do obrigado. No estágio do efetivo exercício da pretensão (o premir) o titular do direito conta, sempre, com um ato voluntário do sujei- to passivo da relação jurídica material: o cumprimento espontâneo da obrigação assumida. Satisfeito o direito, ponto final. Inexistindo, contudo, o cumprimento espontâneo, nasce para o titular do suposto direito subjetivo, segundo a doutrina em destaque, ação material. É precisamente nesse estágio (de desenvolvimento do plano material) que a mera exigência dá lugar ao agir do insatisfeito. A ação de direito material “é o agir para a realização do próprio direito”. (BAPTISTA DA SILVA, Ovídio A. Direito subjetivo, pretensão de direito material e ação. p. 104). O Estado moderno, como sabido, monopolizou o poder-dever de dicção/concre- tização do direito, vendando, salvo raríssimas exceções, o agir privado. É, pois, esse o momento, pelo menos para a teoria dualista, de transição do plano material para o plano processual. Situado no plano processual afirma-se haver um direito subjetivo, de natureza pública – porque exercível em face do Estado – à tutela juris- dicional, que, a rigor, não se confunde com a posição jurídica suscitada em juízo (o direito subjetivo material). Para além da afirmativa, sustenta tal corrente ser apli- cável ao plano processual a distinção entre direito e pretensão (agora processuais). Para parcela da doutrina, inclusive, o “direito à tutela jurídica” já “nasce dotado de pretensão”, ou seja, exigível. Não nos parece, contudo, seja a afirmativa universa- lizável. Seja como for, consoante tal corrente, é do efetivo exercício da pretensão à tutela jurídica estatal (ou pretensão processual) que nasce relação jurídica diversa ESA - OAB/RS 46 da supostamente existente no plano material: a relação jurídica de direito proces- sual. “Existe, portanto, o direito público à jurisdição, provido da pretensão à tutela jurídica, a qual, exercida, põe o Estado a dever a prestação jurisdicional.” Segundo a doutrina dualista, a “demanda estabelece a relação processual, que tem por sujei- to ativo o autor, e por passivo, o Estado.” (ASSIS, Araken de. Cumulação de ações. p. 85.) E mais: a demanda conduz à satisfação do direito à prestação jurisdicional, ou seja, do direito subjetivo público pertencente a todo e qualquer jurisdicionado, oriundo da vedação estatal à realização da justiça privada. Nesse diapasão, inde- pendentemente da procedência ou improcedência do pedido, o direito de acesso aos tribunais encontrar-se-á satisfeito. 2. Interesse de agir. Na tradição pátria, dada à influência da doutrina profes- sada por Enrico Tullio Liebman, é possível afirmar que o conceito de interesse de agir, identifica-se com a lição sustentada pelo renomado jurista. O interesse pro- cessual consuma-se mediante a verificação da necessidade e da utilidade da tutela jurisdicional requerida. 3. Legitimidade para a causa. La titolarità (ativa e passiva) dell’azione. Trata- se, segundo a tradição engendrada no direito pátrio, do elemento verificador da pertinência subjetiva da ação. A legitimação indica para cada processo as justas partes, as partes legítimas, ou seja, as pessoas que devem estar presentes, para que o juiz possa enfrentar, meritoriamente, determinado caso concreto. 4. Manutenção da teoria eclética do direito de agir? Qual a teoria da ação albergada pelo NCPC? Artigo 18: 1. Legitimação ordinária. Regra. Processo Civil individual. Salvo expressa au- torização legal, o acesso aos tribunais deve ser realizado em nome próprio para benefício próprio. 2. Legitimação extraordinária. Substituição processual. Exceção. Processo Civil individual. Pleiteia-se, mediante expressa autorização de lei, em nome pró- prio visando-se benefício alheio. 3. Legitimação extraordinária. Processo Coletivo. Tutela Coletiva dos Direi- tos Individuais. Direitos acidentalmente coletivos. O ordenamento brasileiro nega legitimidade ao cidadão comum, individualmente considerado, para a propositura da ação coletiva que tenha por objeto a proteção/promoção de direitos individuais homogêneos. A prerrogativa, entre nós, pertence exclusivamente a determinados entes ideais que, processualmente falando, atuam na condição de substitutos dos verdadeiros beneficiários da tutela jurisdicional. ESA - OAB/RS 47 Artigo 19: 1. As ações, tradicionalmente, são classificadas a partir da averiguação da efi- cácia preponderante da tutela jurisdicional requerida. De um lado, os defensores da teoria quinária reconhecem cinco eficácias possíveis: declaratória, constitutiva, condenatória, mandamental e executiva lato sensu; de outro, os adeptos da teoria ternária reduzem-nas a três: declaratória, constitutiva e condenatória. 2. Diz-se, a despeito da teoria adotada, que com a propositura de uma ação (meramente) declaratória o máximo que o autor poderá obter (uma vez que juiz julga pedido!) é uma sentença de procedência com eficácia preponderantemen- te declaratória. As ações (meramente) declaratórias têm por objeto, tão somente, versar acerca (a) da (in)existência ou do modo de ser de uma relação jurídica (ma- terial) ou, (b) examinar a autenticidade ou a falsidade de determinado documento. A sentença que acolhe o pedido do autor é, por definição, autosatisfativa. Artigo 20: 1. O Código admite que o interesse do demandante se limite à obtenção de tutela meramente declaratória (por definição, reitere-se, autosatisfativa), cingin- do-se o objeto da demanda à declaração requerida, a despeito da comprovada ocorrência de violação a direito inerente a relação jurídica material que serviu de base ao pleito declaratório. TÍTULO II DOS LIMITES DA JURISDIÇÃO NACIONAL E DA COOPERAÇÃO INTERNACIONAL CAPÍTULO I DOS LIMITES DA JURISDIÇÃO NACIONAL Art. 21. Compete à autoridade judiciária brasileira processar e julgar as ações em que: I - o réu, qualquer que seja a sua nacionalidade, estiver domiciliado