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Medicina Legal Caderno Roberto Blanco

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TRAUMATOLOGIA FORENSE 
PROFESSOR ROBERTO BLANCO 
 
AULA 1 
Conceito de traumatologia 
Estudo dos traumas. Trauma nada mais é do que a ação da energia que é 
capaz de produzir lesão. Essa energia que fere é chamada de energia 
vulnerante. Assim, trauma é da a ação da energia vulnerante. Se a energia 
fere, o resultado dessa energia é a lesão. Assim, lesão é o resultado do 
trauma. Os traumas e as lesões vão ser estudados na traumatologia. 
Para que o trauma possa transferir essa energia para o corpo deve haver um 
objeto que o faça. Objeto é qualquer material que nós tenhamos de perceber 
com nossos sentidos, seja ou não manufaturado pelo homem. Os que foram 
manufaturados para desempenhar determinado trabalho leva o nome de 
instrumento. Assim, todo instrumento é um objeto, mas nem todo objeto é 
um instrumento. 
Os objetos e instrumentos são os meios com os quais a energia vulnerante 
será transferida para o organismo. 
Agentes vulnerantes: 
1) Física 
1.1) Mecânica – exige o movimento do agente vulnerante, sendo o 
movimento do agente (ativo), da vítima (passiva) ou de ambos 
(misto). 
1.2) Elétrica 
1.3) Térmica 
1.4) Sonora 
1.5) Barométrica 
1.6) Luminosa 
1.7) Radiante 
2) Química 
2.1) Ácidos 
2.2) Bases 
2.3) Tóxicos 
3) Biológica 
3.1) Vírus 
3.2) Bactérias 
3.3) Protozoário 
3.4) Vegetais 
3.5) Animais 
4) Mista 
4.1) Físico-química 
4.2) Biomecânica 
Agentes vulnerantes físico mecânicos: 
- Contundentes 
- Perfurante 
- Cortante 
- Misto 
• pérfuro-cortante 
• pérfuro-contunde 
• corto-contundente 
Aspecto da lesão e mecanismo de ação: 
Contundente – a lesão tem superfície plana ou romba, daí a lesão é plana 
(aspecto) e age predominantemente por pressão (mecanismo). A superfície 
de contato com o alvo é sem aresta ou ponta. 
Perfurante – o aspecto da lesão é em ponto, já que tem ponta, mas não 
tem gume, e o agente age por pressão. A superfície de contato com o alvo 
é em com uma ponta. 
Cortante – a lesão é em linha e o mecanismo de ação é 
predominantemente por deslizamento, mas também tem um pouco de 
pressão. A superfície de contato com o alvo é o gume do instrumento 
cortante. 
Quando se fala em lesão cortante se fala em lesão em arco de violino, já 
que é como se fosse um arco de violino passando sobre as cordas. 
 
 
Lesões e morte das ações contundentes. 
Nada impede que um instrumento cortante ou pérfuro-cortante, como a 
faca, faça uma lesão contundente, desde que eu bata com o cabo, mas isso 
não a torna um instrumento contundente, ele continua um instrumento 
pérfuro-cortante. Instrumento contundente não pode ter nem ponta nem 
gume. A característica dos instrumentos contundentes é o peso. 
Mas, de qualquer forma, o instrumento leva o nome relacionado às lesões 
que ele habitualmente gera, mas ele pode agir de forma anômala sem que 
isso mude sua natureza. Uma espada, que seria um instrumento corto-
contundente, se bater de lado na pessoa fará uma lesão contundente, mas 
isso não muda o tipo de instrumento que ela é. 
A pele tem como camada superficial a epiderme, logo em baixo, fica a 
camada basal, que fabrica, renova, as células da epiderme e também 
separa a epiderme da derme. Na derme é que ficam os vasos sanguíneos, os 
nervos. A epiderme não tem vasos. 
Essa camada basal tem reentrâncias, como se fosse uma montanha-russa, 
da a derme pode avançar pra dentro da epiderme, e vice-versa, não há uma 
distância regular. Fala-se em estrutura de colchão ou travesseiro de casca 
de ovo. Essas reentrâncias levam o nome de papilas dérmicas, que são 
relevantes para a impressão digital. 
Quando um individuo vivo recebe uma pancada, esse vasos que estão 
embaixo da epiderme sofrem vaso dilatação, daí fica a pele fica quente e 
avermelhada. Quando os vasos sanguíneos recebem essa pressão, o plasma 
do sangue sai dos vasos através dos seus pequenos orifício. É o 
extravasamento de plasma. Isso é o que se chama de rubefação ou 
eritema. Só ocorre em vivos porque exige a vaso dilatação. Some em 30 a 
50 minutos. A rubefação é uma conseqüência de uma lesão corporal, que 
pode decorrer de um crime de lesão corporal ou mesmo da contravenção de 
vias de fato. 
Agora, se a pressão for um pouco maior, além de o vaso se dilatar, ele 
rompe, daí o sangue extravasa e derrama em baixo da pele, na hora que a 
gente olha a pele, no lugar onde houve a pancada, aparece uma mancha. 
Essa mancha leva o nome de equimose. Essa tanto pode acontecer no vivo 
como no cadáver. 
Tipos se equimose: 
1) Petéquias – palavra que vem de peste, porque a vítimas da peste 
apresentavam hemorragias puntiformes, parecendo uma picada de 
pulga. Daí hoje chama-se essas pequenas hemorragias puntiformes de 
petéquias. Antigamente, quando se viam petéquias, dizia-se que se 
tinha morrido por asfixia, mas hoje sabe-se na asfixia existem 
petéquias, mas em outras mortes que nada tem a ver com asfixia elas 
também aparecem. Em qualquer hipótese em que a pressão dentro 
dos vasos aumenta, a tendência do sangue é extravasar na forma de 
petéquias. As vezes o que acontece é um aumento de pressão. Essa 
pressão pode ser de dentro empurrando pra fora (compressão) ou de 
fora puxando pra fora (sucção). Seja uma ou outra, quando esse 
sangue começar a sair, ele vai sair na forma de petéquia. 
2) Sugilação – é um conjunto de petéquias numa área de maior 
pressão, seja decorrente de um chupão ou de uma ventosa. Quando a 
pessoa está morta, o sangue desce para as partes mais baixas do 
corpo, daí a pressão de dentro para fora cria sugilações post mortem. 
3) Víbices - duas equimoses lineares (víbices) paralelas com centro livre, 
como no caso de lesão com instrumento cônico (cassetete). 
4) Manchas de Tardieu – petéquias um pouco maiores do tamanho de 
ervilha. Antigamente, essas manchas eras diagnosticadas como 
asfixia. Hoje sabemos que essas manchas aparecem em vários tipos 
de morte (envenenamento, infarto do miocárdio, qualquer morte que 
não haja extravasamento de sangue pode aparecer manchas de 
Tardieu). 
5) Manchas de Paltauf – quando se morre por afogamento, a água 
entra nos alvéolos, rompendo os capilares e, por conseqüência, vasos 
sanguíneos, ocorrendo hemorragia dentro do pulmão. Daí nós vemos 
algumas equimoses no pulmão do afogado. Essa equimoses recebem o 
nome de manchas Paltauf. Podem ter petéquias e manchas de Tardieu 
no pulmão do afogado, mas tem que ter mancha de Paltauf. Já uma 
pessoa que morrer por eletroplessão, infarto ou envenenamento pode 
ter petéquia, mancha de Tardieu, mas não terá mancha de Paltauf. 
Esta mancha é patognomônica de afogamento. Se você acha um cara 
morto na água sem essas manchas, você pode procurar outra causa 
de morte, porque não foi afogamento. O que de comum entre todas 
elas, é que são todas espécies de equimoses. 
6) Máscara equimótica de Morestin – para que uma pessoa respire, a 
pessoa faz movimentos de tórax, se um peso age em cima do tórax, 
dificulta o movimento do tórax. Quando há uma compressão do tórax 
o esterno fica comprimindo o coração contra a coluna, daí ele não 
consegue se expandir normalmente. Ele consegue mandar o sangue, 
mas não consegue recebê-lo porque está comprimido, daí o sangue 
começa a se acumular na cabeça. Nesse momento, ele em gotículas 
começa a extravasar em forma de petéquias. Daí, dependendo do 
tempo em que ele ficar submetido a essa compressão, já que o sangue 
não consegue voltar, depois de um tempo, aquelas petéquias viram 
sugilações. De repente, a face e o pescoço estão totalmente tomadas 
por uma máscara, como se fosse uma equimose única, mas não é 
isso, é como se fosse milhares e milhares de petéquias resultantes do 
extravasamento de sangue. Essa é a máscara deMorestin. 
7) Equimose cérvico-facial de Le Dentu – é sinônimo de máscara de 
Morestin. A presença dessas máscaras significa compressão do tórax, 
porque coração consegue fazer a sístole, ou seja, bombear o sangue, 
mas não consegue fazer a diástole, ou seja, ele não consegue captar o 
sangue que ele acabou de enviar. São formas de asfixia indireta por 
compressão do tórax. 
8) Bossa serosa – é uma lesão em cima de um osso. Este não permite 
que o sangue se expanda para baixo, daí aparece um saliência na 
pele. É o famoso “galo”. Se o material que tem é soro, linfa, não é 
sangue, nos temos uma bossa serosa. 
9) Bossa sanguínea – quando tivermos uma bossa com sangue. 
Podemos diferenciar esta da de cima é pela cor, a sanguínea é 
avermelhada, roxa, azulada. A serosa não tem cor. 
10)Hematoma – as vezes os vasos rompem e um pouco de sangue 
extravasa e se acumula naquela área. Se for uma área corporal que 
não tem osso, o sangue se espalha para cima e para baixo, formando 
um hematoma (seria um tumor de sangue, etimologicamente). É uma 
bolsa de sangue que se acumula em uma cavidade que não existia, é o 
próprio sangue que criou essa cavidade, por isso se fala que o 
hematoma é uma coleção de sangue numa cavidade neo-formada. 
Assim, se o sangue se acumular uma das cavidades já 
existentes(cavidade peritonial, pleural, pericárdica) ele não é um 
hematoma, você tem uma coleção de sangue formando uma 
hemorragia interna. O hematoma tem que criar a cavidade. O 
hematoma não é tão visível, o que é visível é a equimose. Ele não tem 
representação externa, se tiver a representação externa é a bossa, se 
for só a cor, é uma equimose. O hematoma só é visto de por exame 
cadavérico ou na cirurgia. 
11) Sufusão hemorrágica – é uma equimose extensa, que se espalha 
pela superfície do corpo, comum quando a vítima é atingida por uma 
superfície plana e larga, quando ela cai sobre o solo. 
É indispensável que o perito faça, no exame cadavérico, mesmo na ausência 
de lesões externas, um exame da cavidade craniana, independentemente de 
sinais externos de prováveis lesões internas. Não raro, não há lesões 
externas, mas há gravíssimas lesões internas. 
Dura-máter – membrana espessa que reveste o encéfalo. Uma coleção de 
sangue que fica dentro do osso do crânio, mas fora da dura-máter, é 
chamada de hematoma extra-dural. Na medida que esse hematoma vai 
aumentando, ela comprime o cérebro, ocasionando lesões principalmente no 
bulbo e na ponte. 
Quando há esse hematoma, nas primeiras horas, a vítima não sente nada. 
Daí 6 horas depois, ela começa a ter dor de cabeça, visão dupla, tonteira, 
vômitos em jato, começa a ficar desorientada, fica agressiva. Daí, quando 
isso acontece com alguém que está bebendo álcool, as pessoas pensam que 
aquele comportamento é produto de embriaguez, mas não é, ele está sendo 
vítima de um hematoma que está comprimindo o cérebro dele. Não raro, 
essas pessoas entram no hospital e são tratadas de embriaguez. Só se 
descobre a causa da morte no exame cadavérico. Agora, excepcionalmente, 
esse hematoma aparece em uma cadáver, quando ele está numa fogueira, 
sendo queimado, e o calor do fogo começa a fazer o encurtamento da 
musculatura, daí o sangue começa a ser empurrado e começa a extravasar 
no cérebro. Então, não é raro encontrar o hematoma extra-dural em 
cadáveres carbonizados. 
Através da forma da lesão, podemos saber qual foi o agente vulnerante que 
produziu aquela lesão. 
Já a tonalidade da lesão, nos temos uma idéia de há quanto tempo aquela 
lesão aconteceu. Já nas escoriações a crosta é o elemento importante. Na 
ferida, a cicatriz, na fratura, o calo ósseo. Ou seja, a descrição de 
determinados elementos da lesão, permitira ao operador de direito dizer 
qual foi o nexo temporal daquela lesão. 
Outro aspecto muito importante é a precisa localização da lesão. Essa 
localização fornecera ao operador de direito uma idéia de qual foi o dolo do 
agente. Se a equimose estiverem no pescoço, eu penso em esganadura, no 
rosto, penso em lesão, se estiverem próximas às áreas genitais, eu penso 
em crimes contra os costumes. 
No momento em que ocorre uma lesão, o vaso sanguíneo dilata e permite o 
extravasamento do sangue, e a visão desse sangue derramado permite 
identificar a equimose. Mas essa equimose tem uma forma. Imagine uma 
pessoa agredida com um cassetete, um tubo de PVC, fio, mangueira, bastão 
de basebol, daí com a pressão, o sangue extravasa, e se alinha na lateral da 
superfície atingida. Assim, o sangue não fica no exato local em que o objeto 
acertou, ele fica nas áreas adjacentes, já que é empurrado pela pressão 
para longe do local em que o agente vulnerante acertou. Assim, no caso 
desses agentes, vamos ter faixas paralelas de equimose, com um centro 
pálido. A espessura entre as faixas arroxeadas da uma idéia da espessura do 
instrumento, o tamanho da lesão da uma idéia do tamanho mínimo do 
instrumento. As faixas não são exatamente paralelas, porque a ponta do 
instrumentos bate com mais forca que a base, se a forca é maior, o sangue 
se espalha para mais longe na área referente à ponta do instrumento. 
Assim, essas manchas não são paralelas, elas são convergentes para a base, 
empunhadura do objeto. Ou divergentes em direção à ponta do instrumento. 
Esse aumento de sangue causado pelo aumento da pressão é chamado de 
sugilação. É muito comum se alegar que essas manchas são decorrentes de 
uma queda para fugir das agressões, mas se há vários grupos de faixas, em 
direções diferentes, de mesma espessura, isso indica agressão. 
Esse sangue que extravasa não recebe mais oxigênio. Daí a hemoglobina 
começa a se decompor, dando origem a outras substancias de outras 
tonalidades. 
Assim, no 1º dia, a equimose é avermelhada. No que o tempo vai passando, 
o avermelhado vai virando arroxeado (1 ou 2 dias). Passados mais alguns 
dias, nós verificamos que a região vai ficando azulada (3 a 5 dias). Mais 
algum tempo, a região fica esverdeado (1 semana). Depois fica amarelado 
(10 a 15 dias). Depois disso, a equimose desaparece (18 a 20 dias). Assim, 
pela evolução da tonalidade da equimose, o perito tem uma idéia se a 
equimose é recente ou mais antiga. 
Assim um cara chamado Legrand Du Saulle, viu isso e comparou com o 
espectro da luz solar. Assim, criou o espectro equimótico de Legrand Du 
Saulle. 
Quem faz essa limpeza das hemoglobinas são os glóbulos brancos, daí 
quanto maior a área, mais demorará para tirar tudo, se tem pouco, os 
prazos são menores. 
Assim, se alguém chega pro perito e fala que foi espancado ontem e está 
com uma equimose esverdeada, dá pra saber que não foi espancado ontem. 
Ao contrário, se chega com uma equimose avermelhada dizendo que foi 
espanado há 15 dias, ele não foi espancado há tanto tempo. 
Há determinadas regiões do corpo que são muito oxigenadas, como o olho e 
a bolsa escrotal, daí quando o sangue extravasa na parte branca, chamada 
de esclerótica, nós temos uma equimose que fica em baixo de uma 
membrana que cobre essa parte que é a conjuntiva, daí nos temos uma 
equimose subconjuntival. Mas como o olho é muito oxigenado, a 
hemoglobina recebe oxigênio e demora mais a se decompor, assim nessas 
equimoses não há o espectro equimótico de Legand Du Saulle, ela pode ter 
15 dias e ser vermelha. Ela pode ir sumindo ainda vermelha. Assim, ao olho 
não se aplica a relação coloração/tempo da lesão. Não há como auferir o 
nexo temporal quando há equimose subconjuntival. 
A hemorragia subconjuntival pode surgir, por exemplo, de asfixia, em razão 
da sugilação do sangue que não consegue voltar ao coração, não conseguem 
sair da cabeça. 
A forma da equimose pode indicar o que aconteceu, como, por exemplo, se 
tivermos estigmas ungueais ou digitais no pescoço, que sãomarcas de 
dedos ou unhas, que indicam esganadura. 
Equimose periórbitaria, famoso olho roxo, pode ser resultado de impacto 
direto ou de fratura na base do crânio. Ou seja, não é certo que um olho 
roxo tenha sido decorrente de um soco no olho, podendo ter outras origens. 
Quando se dá nos dois olhos, chama-se de sinal do Zorro ou do 
guaxinim. 
O perito não diz o que aconteceu, ele diz os vestígios. Ele não trabalha com 
indícios, isso quem faz é o delegado, juiz, promotor, etc.. É aplicação do 
brocardo visum et repertum (ver e referir), olhar e descrever aquilo que está 
vendo, como uma máquina fotográfica. Só vai dar opinião se for chamado a 
opinar em juízo para dar parecer, mas na hora de fazer o laudo, ele só diz os 
vestígios da lesão, descrevendo a forma, a tonalidade e o local da lesão. 
A forma, o aspecto e a tonalidade da equimose serão utilizadas para todos 
os demais tipos de lesão, na medidas das suas características. 
Perceba que até agora a pele não rompeu. 
Vamos agora à escoriação. A etimologia da palavra é arrancar (ex) o 
revestimento (corio) do corpo, que nada mais é do que a pele. 
Na escoriação há o arrancamento da epiderme em razão de ação 
contundente. Não sangra, quando muito aparece um pouco de plasma. Esse 
plasma evapora, daí no lugar aparece uma crosta, e como o plasma é 
incolor, branco amarelado, assim, essa crosta é branco amarelada. Essa 
crosta leva o nome de crosta serosa, ou seja, só há plasma, linfa. 
Só que as vezes a crosta aprofunda um pouco mais e atinge a o alto da 
camada basal, onde já temos alguns vasos. Assim, a escoriação vai ter soro 
e sangue, daí fica avermelhado e não branco amarelado. Daí essa crosta 
será sero-hemática. 
Só que as vezes ela vai ainda mais fundo, e ultrapassa a derme papilar (que 
fica logo abaixo da camada basal, indo até a derme reticular. Aqui já há 
vasos sanguíneos maiores, sangra mais, daí eu vou ter uma crosta 
hemática. 
Mas a escoriação nunca passa da derme, se ultrapassar a derme, a lesão 
deixa de ser escoriação e vira ferida. A diferença entre ferida e escoriação 
não é extensão, mas a profundidade. A mais profunda das escoriações é 
mais superficial que a mais superficial das feridas. 
É interessante que na escoriação, a camada basal que sobra substitui a pele. 
Daí nos primeiros dias, temos a casquinha vermelha, três dias depois, ela 
fica castanha, depois de 5 dias, ela começa a ficar preta, mas 3 a 5 dias, ela 
começa a soltar em volta, mais 3 a 5 dias ela se solta inteira, da periferia 
pro meio. De baixo da casca há uma epiderme rosada. Uns 10 dias depois a 
pele esta completamente regenerada. Assim, a escoriação regenera 
totalmente, sem deixar vestígios. 
No entanto, na ferida, ela, por mais superficial que seja, ela atinge os planos 
inferiores, então não tem como ela regenerar. Então a evolução de uma 
ferida é através de uma cicatriz, que fica pra sempre. 
A escoriação regenera e a ferida cicatriza. 
A vítima da escoriação não pode demorar a ir ao legista, porque os vestígios 
podem sumir. Já a vítima da ferida pode ir muito tempo depois, já que a 
cicatriz não vai sumir. 
Através da crosta da escoriação eu posso estabelecer o nexo temporal, 
analisando a cor, a consistência, se ela está fixa ou se soltando. A data não 
é precisa, é aproximada. 
Através do estudo da forma da escoriação, eu vou poder saber qual foi a 
forma que a lesão foi feita, como a marca dos dedos ou das unhas no 
pescoço no caso de esganadura. Dá pra saber se foi a mão direita ou a 
esquerda, se foi pela frente ou por trás. Assim, dá para estabelecer o nexo 
causal. Essas lesões típicas das unhas e dos dedos leva o de estigmas 
ungueais ou digitais, respectivamente. Estigma é marca. 
Feridas contusas 
Vamos transpor agora a barreira da pele, ultrapassando a derme, estudando 
as feridas. 
Vamos falar só de ferida contusa, pois estamos estudando as ações 
contundentes. Mas termos que compará-la com a ferida incisa, que decorre 
da ação cortante. A ferida incisa faz uma incisão, ela corta, a ferida contusa 
resulta de uma contusão, ou seja, o agente contundente não corta, ele 
rasga. 
 
Aspecto a observar Feridas incisas Feridas contusa 
Bordas Regulares, sem 
escoriações 
Irregulares, escoriadas 
Cauda de escoriação Pode estar presente Extremamente rara 
Vertentes (paredes) Regulares, em bisel ou 
verticais 
Irregulares, 
anfractuosas 
Traves de tecido 
entre as vertentes 
Em geral, ausentes Em geral, presentes 
(traves de tecido 
segurando uma vertente 
na outra) 
Fundo Em geral, regular Em geral, muito 
irregular 
Vasos Em geral, sangram mais 
(já que são cortados) 
Em geral, sangram 
menos (ficam 
esmagados) 
Cicatrização Mais estética, linear Menos estética, irregular 
 
O instrumento cortante com o gume cego pode agir como se fosse um 
instrumento contundente. Se eu tenho uma ferida com bordas regulares e 
me apresentam um instrumento cego, provavelmente esse agente não fez 
essa ferida. 
O contrário também se aplica, se vem uma ferida com bordas irregulares e 
apresentam um instrumento cortante afiado, essa ferida não foi feita por 
esse instrumento. 
Só que as vezes a força do agente contundente é maior, podendo alcançar o 
osso e gerar uma fratura interna ou exposta. 
O esmagamento o tecido é esmagado, ficando amorfo. Mas quando o 
esmagamento é tão intenso que uma parte o corpo é separada da restante, 
chama-se de amputação traumática. 
Cuidado que o termo amputação é reservado para atos médicos, o termo 
para ação lesiva é mutilação, sendo mais correto se falar em mutilação 
traumática. 
Mecanismos de ação: 
1) Pressão; 
2) Tração; 
3) Torção; 
4) Deslizamento; 
Lesões mais comuns: 
1) Rubefação; 
2) Equimose; 
3) Bossa; 
4) Hematoma; 
5) Entorse/luxação; 
6) Fratura fechada; 
7) Escoriação; 
8) Ferida contusa ou incisa; 
9) Fratura exposta; 
10) Amputação; 
11) Mutilação; 
12) Esmagamento. 
 
AULA 2 
Lesões e morte provocadas por instrumento perfurante 
Instrumento perfurante é aquele que tem a forma cilíndrica com a 
extremidade cônica, portanto ele é cilíndrico-cônico. Ele tem a extremidade 
cônica para entrar mais fácil na pele, já que a pressão vai ser maior, já que 
a superfície vai ser menor (Pressão = força/superfície). 
Exemplo de instrumentos perfurantes temos a agulha de seringa, por 
exemplo. Esses são os instrumentos perfurantes de pequeno calibre. Mas 
temos também os de médio calibre, como os picadores de gelo, espetos de 
churrasco, vergalhões com ponta. A diferença entre os calibre é a lesão que 
eles vão fazer. 
Agora os instrumentos perfurantes de grande calibre não existem porque 
eles passam para outra categoria, que seriam os pérfuro-contundentes. 
A pele tem, na derme, uma grande quantidade de fibras elásticas, elas que 
conferem a elasticidade que a pele tem. Quando o instrumento perfurante 
penetra na derme, como ele não corta, não tem gume, ele simplesmente 
afasta as fibras. 
Se ele é de pequeno calibre, as fibras se afastam momentaneamente, o 
instrumento passa e quando sai, as fibras voltam para o lugar, ficando uma 
lesão puntiforme ou punctória. Essa lesões são feridas, eis que 
ultrapassam o limite da derme. Na maioria das vezes não sangram, porque, 
mesmo que atinjam um vaso, quando saem as fibras dos vasos fecham. Mas 
elas podem ser mortais porque o instrumento pode estar infectado. 
Essas feridas que inflamam se chamam flebites. Se elas foram crônicas, os 
vasos começam a endurecer, daí nós temos a flebosclerose. A presença de 
flebites ou flebosclerose me indicam que essa pessoa que usa com muita 
freqüência introduzidas por meio de instrumentos perfurantes de pequeno 
calibre, podendo se tratar deum usuário de drogas, mas não podendo 
excluir pessoas que realmente precisem de medicamentos. 
Feridas punctórias na barriga de gestantes podem indicar que ela fez 
exames do feto, como na amniocentese, para saber o sexo do neném, se 
existe algum problema, etc. Mas, as vezes, o que é introduzido no útero é 
uma substancia tóxica para provocar o aborto, sendo que o único vestígio 
que o delito deixará será essa ferida puntiforme na ponta da barriga. 
Vamos agora aos instrumentos perfurantes de médio calibre. 
Esse instrumento não corta, ele só perfura. Daí no que ele entra no corpo, 
ele atravessas as fibras elásticas do corpo, mas como ele tem um calibre 
significativo, ele afastas as fibras. Só que ele as afasta muito, de tal maneira 
que quando ele esta introduzido no corpo ele fica com um orifício circular. 
No momento em que o instrumento sair, as fibras vão tentar voltar ao 
aspecto natural. Mas sendo um instrumento de médio calibre, essas fitas 
foram esgarçadas e esticadas além de um certo limite. Então, na hora que o 
instrumento sair, as fibras tentam fichar o buraco, mas não conseguem. Daí 
a forma da ferida é de um circulo esticado, uma fenda, uma casa de botão, 
uma bucetinha. 
O problema é que a ferida feita pelo instrumento perfurante de médio calibre 
parece muito com a ferida feita pelo instrumento pérfuro-cortante de dois 
gumes. Só que se o perito usar uma lupa, os ângulos são agudos e cortados 
no pérfuro-cortante, no perfurante são agudo e repuxados. 
Como a pele é elástica, cada região do corpo tem uma linha de força que 
puxa a pele em um sentido. Daí, as feridas feitas pelos instrumentos 
perfurantes em locais próximos têm a mesma direção, já que a pele repuxa 
a todas da mesma forma. 
Daí criou-se as leis de Filhós: 
1) lei do paralelismo: as feridas perfurantes feitas por um instrumento 
de médio calibre, em uma mesma região, serão paralelas entre si. 
2) lei da semelhança: as feridas são semelhantes às feridas pérfuro-
cortantes de dois gumes. 
Anos depois, um cara chamado Langer criou a lei do Polimorfismo, que 
diz que as feridas perfurantes quando são feitas em uma área de 
entrecruzamento e superposição de fibras elásticas, como na conexão do 
peito com o ombro, mostrarão aspecto estrelado, anômalo, ou seja, 
polimorfo. Eu não terei a forma definida da ferida. Daí a leis de Filhós não se 
aplicarão. 
O estomago é formado por músculos, sendo que as fibras estão em mais de 
uma direção, em camadas superpostas. Daí se você introduzir um 
instrumento perfurante no estomago e observar cuidadosamente essa lesão 
você repara que na camada superficial a ferida tem uma forma, tracionado 
uma direção, numa camada mais profunda a ferida vai estar em outra 
direção. Quanto mais camadas superpostas você tiver, maior o numero de 
direções você vai ter. 
Agora, se eu tiver um instrumento pérfuro-cortante de dois gumes, as 
feridas vão ter direções diferentes, de acordo com a incidência na qual o 
instrumento entrou, não tendo qualquer relação com a direção que as fibras 
elásticas puxam. Não se aplicarão nem a lei de Filhós e de Langer. 
Estoque é um instrumento perfurante feito com um vergalhão apontado. 
 A tesoura fechada é um instrumento perfurante de médio calibre. Quando 
você abre a tesoura cada lado será um instrumento pérfuro-cortante de um 
gume. Agora, se a tesoura for de calibre maior, ela não funcionará mais 
como instrumento perfurante, mas pérfuro-contundente. Mas aberta, 
funcionará da mesma forma como um instrumento pérfuro-cortante de um 
gume. 
Lesões e morte por instrumentos cortantes- 
É aquele instrumento que tem uma lâmina, que tem uma das extremidades 
afiadas, chamada de gume. Quanto mais afiado for o gume, menor vai ser a 
força que eu vou ter que aplicar, já que a superfície vai ser menor. Mas será 
mais fácil ainda se eu deslizar o gume, daí ele vai afastar, cortando as fibras 
que unem a pele. 
A ferida não será mais puntiforme, mas sim em linha, já que a extensão vai 
ser maior que a profundidade. Quando eu olhar as bordas dessa ferida, as 
bordas serão regulares, sem escoriação, os vasos na parede da ferida estão 
cortados, daí eles sangram muito. Essa ferida é chamada de ferida incisa. 
Uma das características dessa ferida incisa é que na hora que o agressor 
atinge a pele, ele está utilizando um força maior, daí ele desliza e tira. Daí 
se nota que a ferida é mais profunda no inicio, e vai se superficializando no 
final. Assim, o ponto mais profundo marca o inicio do golpe e o mais 
superficial a saída. As vezes o final é tão superficial que atinge apenas a 
derme e a epiderme, não sendo mais ferida nesse ponto, mas sim uma 
escoriação. Daí um cara chamado Romanese disse que essa escoriação que 
marca o final da ferida é chamada de cauda de escoriação. Só que pode 
acontecer que antes de o instrumento entrar, ele atinja apenas a superfície, 
e aparece uma escoriação no inicio, mas não posso chamar de cauda no 
inicio, porque ela fica no final. Resolveu-se chamando de escoriação de 
entrada e escoriação de saída. A escoriação que fica mais próxima da 
maior profundidade é a de entrada, e a que fica mais próxima da menor 
profundidade é a de saída. 
Analisando-se a ferida, podemos saber o sentido que o golpe foi dado. 
O ato de deslizar chama-se de ação em arco de violino, porque é como se 
o instrumento cortante fosse o arco e a pele as cordas do violino. A lesão 
não parece um arco de violino, o movimento é que parece. 
Mas como diferenciar uma ferida incisa feita com o objetivo de lesionar e a 
ferida com a finalidade médica, chamada de ferida cirúrgica, sendo essa 
feita pelo bisturi, que é um instrumento cortante. As características básicas 
das duas feridas são as mesmas. Mas o agente que visa atingir a vítima 
causa uma ferida com o fundo côncavo, variável. Na ferida cirúrgica, o 
bisturi entra, corre e sai, não tendo escoriação de entrada ou de saída, e a 
profundidade na entrada é igual a profundidade de saída. Além disso, o 
fundo é plano e não côncavo. 
 
 
Mas deve-se levar em conta também a localização da ferida, já que incisões 
médicas não são feitas em qualquer lugar, mas em lugares específicos, a 
depender do intuito do médico. 
Mas guarda-se o nome ferida incisa para lesões criminosas. 
Há um grupo de feridas incisas que atingem a vítima exatamente no nível do 
pescoço. Se o agente cortante passa na parte anterior (da frente) ou lateral 
do pescoço, dá-se o nome de esgorjamento.- 
Nome da ferida Esgorjamento Degolamento Decapitação 
Localização no 
pescoço 
Antero-lateral Posterior (atrás) Independe 
Agente 
vulnerante 
Mais comum: 
cortante, pode 
ser pérfuro-
cortante e corto-
contundente 
Mais comum: 
cortante, pode 
ser pérfuro-
cortante e corto-
contundente 
Mais apropriado: 
corto-
contundente. O 
simplesmente 
cortante não é 
suficiente, em 
tese 
Causa jurídica 
da lesão 
Predomina o 
suicídio 
Predomina o 
homicídio 
Comuns: suicídio 
e lesão post 
mortem 
Causa da morte 
médica 
Anemia aguda, 
hemorragia 
externa. Pode 
haver 
broncoaspiração 
e embolia gasosa 
Anemia aguda, 
hemorragia 
externa. Pode 
haver 
broncoaspiração 
e embolia gasosa 
Descerebração e 
anemia aguda por 
hemorragia 
externa 
 
Quando você passa um agente cortante no pescoço, você pode cortar a 
parte respiratória (cartilagens respiratórias), a parte circulatória (veia 
jugular ou artéria carótida) ou a parte neurológica (nervo vago que vai para 
o coração). A causa da morte no esgorjamento vai depender de qual foi o 
elemento lesionado pelo agente vulnerante. Você pode, por exemplo, morrer 
“afogado” por ter aspirado seu próprio sangue (haverá um aspecto de 
mosaico hemorrágico nos pulmões,indicando que a pessoa estava viva 
quando aspirou o sangue), você pode morrer de embolia gasosa porque 
entrou ar na veia jugular, já que o coração faz sucção, se você atingir o 
nervo vago, você morre de parada cardíaca porque é ele quem dá a ordem 
pro coração bater, pode morrer pela perda excessiva de sangue (anemia 
aguda), que pode atingir um ponto tal que chegue a um choque 
hipovolêmico (choque em que o volume de sangue diminui), sendo a morte 
iminente, etc. 
Mas para saber se foi suicídio ou homicídio temos que analisar outros 
aspectos. 
Como a entrada é mais profunda que a saída, se a vítima for destra, ela vai 
fazer um corte no lado esquerdo, de cima pra baixo e de trás para frente. 
Assim, eu devo encontrar uma ferida na parte posterior e mais superficial na 
parte anterior. O lance é que a pessoa está confusa, daí ela não tem muita 
certeza do golpe que vai dar. Por isso é comum encontrar na vítima lesões 
de hesitação no punho, sendo feridas superficiais, não mortais, indicando 
que a vítima está tomando coragem para dar o golpe mortal, está hesitando. 
Mas como ela corta alguma vezes no punho e não morre, ela vai pro 
pescoço. Quando ela chega no pescoço, ela não dá um golpe decisivo, mas 
pequenas feridas pouco profundas e aos poucos ela vai aprofundando, daí, 
aos poucos, você nota uma ferida que tem entalhes está dizendo para o 
observado que o golpe veio e parou, veio de novo e parou, indicando que a 
vítima esta hesitando, que ela não está convicta, falando em favor do 
suicídio. O agressor não da golpe aos poucos, dá um golpe só. Mas não é 
patognomônico, essas lesões falam em favor daquelas hipóteses. 
A pessoa quando é atacada, ela para se defender de golpe usa as mãos, daí 
é muito comum que apareçam lesões na região palmar, na borda ulnar (osso 
ulna) parte de fora do antebraço. Essas lesões são as lesões de defesa. 
Assim, se tivermos lesões de defesa e golpe único no pescoço, não terei 
dúvida que estou diante de um homicídio. 
As lesões de hesitação não são mortais, porque ai não seriam de hesitação. 
E normalmente são agrupadas em áreas comuns de suicídio, pulso, cotovelo, 
área do coração e pescoço. 
O degolamento é na parte posterior do pescoço, de trás, mas, de resto, se 
aplica tudo o que se disse acima. 
Na decapitação, não importa de onde veio o golpe, desde que se tenha 
cortado a cabeça, separado do corpo. Normalmente, utiliza-se um objeto 
mais pesado, corto-contundente. Exemplo é a guilhotina. 
Quando o agente cortante atinge o corpo através de uma prega de pele, ele 
vai fazer duas feridas incisas, mas um só golpe. É o caso do golpe que pega 
no braço e depois no tórax, o golpe que pega na duas mamas da mulher, 
mas não chega no peito em baixo. Ou o caso de um gordão que emagrece e 
fica com as pelancas, daí pode ser que um só golpe pegue varias pregas de 
pele. Assim, nesses casos, um só golpe dado em uma prega de pele, vai 
produzir inúmeras lesões. 
Portanto, nem sempre o número de feridas vai ser igual ao numero de 
golpes. 
Quanto mais enrugada for a pele, maior o número de feridas que aquele 
golpe único vai ocasionar. 
Isso acontece muito também com tiro, que vai atravessando o corpo, 
passando por braços e tórax, por exemplo. Assim, você pode ter varias 
entradas e saídas, mas um tiro só. 
Assim, as vezes uma lesão culposa pode produzir múltiplas lesões. 
Outro aspecto interessante é quando a pessoa recebe um corte horizontal e 
vertical no mesmo lugar, como uma cruz, ou duas diagonais, como um X. 
Assim, a ferida vai ficar em forma de estrela. 
Se a vítima estava viva, uma das características da vítima viva, é a 
retratibilidade. Isso quer dizer que quando a pele é cortada com a pessoa 
viva, a pela retrai, ela repuxa. Não fica fechada, linear, só fica assim, se o 
corpo já estiver morto. Se estiver vivo, ao receber um corte no pescoço, por 
exemplo, a retratibilidade da pele faria abrir uma enorme breca no pescoço. 
Uma pessoa que perde a mão para uma guilhotina, no lugar em que ela foi 
cortada, a pele retrai, deixando a parte em baixo da pele exposta. A mesma 
coisa com a decapitação, se a pessoa tava morta quando foi decapitada, não 
haverá uma retração da pele. 
Assim, voltando aos dois cortes no mesmo ponto. Quando ele recebeu o 
primeiro corte, a pele abriu, quando recebeu o segundo golpe, a pele já 
estava aberta. Daí faz-se o seguinte, escolhe-se uma das feridas e fecha-se 
ela. Daí quando for fechar a outra, se essa segunda a ser fechada foi a 
segunda a ser feita, ela não fechará em uma linha continua, mas sim 
quebrada. Isso que dizer que você fechou na ordem certa, ou seja, fechou 
primeiro a que foi primeiramente feita e em segunda a que foi feita em 
segundo lugar pelo agressor. 
Se você não tiver feito na ordem certa, haverá uma sobra de pele, você não 
consegue fechar. Daí você tem que desfazer e começar pela outra para ver 
se acontece o que foi dito acima. 
Lesões e morte pelos agentes mistos 
Vamos começar pelos pérfuro-cortantes. Ele tem que ter uma ponta para 
poder furar e pelo menos um gume para poder cortar, mas ele pode ter 
inúmeros gumes. Dois gumes – punhal. Três gumes – lima do serralheiro, a 
lesão é em forma de triângulo. Quatro gumes – estrelinha ninja (shuriken), 
daí a lesão vai ter forma estrelada. 
Na pérfuro-cortante de um gume, a ferida vai ser em forma de gota, tendo 
um ângulo agudo e um ângulo arredondado, rombo. O ângulo fechado 
demonstra que ali agiu o gume, no ângulo rombo sabe-se que ali entrou o 
dorso do objeto. Quanto mais rombo o ângulo, mais grosso o dorso, e 
quanto mais agudo o ângulo, mais afiado era o instrumento. 
Mas isso é para o caso de a faca entrar na vertical. Se ela entrar inclinada, 
ela vai ter as duas bordas agudas, como se tivesse dois gumes, apesar de 
ser um instrumento pérfuro-cortante de um gume. 
Agora, se ele tem dois gumes, ele vai fazer uma ferida em fenda, lembrando 
que pode ser também um instrumento perfurante de médio calibre. Assim, 
tenho que olhar as bordas, se elas estiverem cortadas, pérfuro-cortante de 
dois gumes, se estiverem repuxadas, sem cortes, o instrumento é 
perfurante de médio calibre. 
A medida de gumes que o instrumento tem, mais ângulos ele terá. Assim, 
poderíamos imaginar um instrumento pérfuro-cortante com um sem numero 
de gumes, podendo fazer parecer com a ferida de um instrumento 
perfurante. Mas isso só em exemplo de laboratório mesmo, na prática esse 
instrumento não existe. 
Como o instrumento é pérfuro-cortante, se ele agir por pressão, a ferida vai 
ser mais profunda do que extensa. Porque se eu pegar o instrumento 
pérfuro-cortante e deslizá-lo, terei uma ferida incisa, mas o instrumento 
continuara sendo pérfuro-cortante. Não se confunde a lesão com o nome do 
instrumento. 
Se for de dois gumes, terá ferida em casa de botão. 
Imagine que uma faca tenha certa largura e certa profundidade. Só que a 
ferida é muito mais larga e profunda que a faca que a ocasionou. Isso ocorre 
porque quando ela penetra o agente arrasta a faca na direção do gume. A 
extensão da ferida será maior do que a largura da face, é o que ocorre no 
haraquiri japonês. Quando você corta a barriga, os intestinos pulam, daí 
fala-se que houve evisceração. 
Agora imagine um gordão que tem de distância da pele até a aorta tem 70 
centímetros (profundidade), e eu sei isso com a minha régua, que é o 
instrumento indispensável do perito, sendo que tem que ser de papel, não 
pode ser chique, porque o Blanco é roots. Sabe-se também que por trás da 
aorta passa a coluna vertebral. 
Só que a faca que fez a ferida tem 30 centímetros. Mas como pode? Um 
perito Frances chamado Lacassagne disse que em áreas capaz de sofrerem 
compressão, se você usar uma pressão muito grande naquela região, vocêpode fazer com que a pele se aprofunde e fazer com que um instrumento de 
30 centímetros alcance um órgão que está a 70 cm da pele. A pele foi 
comprimida, daí como, as vezes, a arma tem uma guarda, essa guarda fica 
marcada na pele, deixando sua assinatura. Daí você vê uma ferida em casa 
de botão com uma equimose de cada lado. Isso demonstra que foi aplicada 
grande pressão na pele. 
Esse tipo de lesão, o Lacassagne chamou esse tipo de lesão em lesão de 
sanfona ou de acordeón. 
Uma ferida que passe por baixo da pele, mas que não entre na cavidade 
abaixo da pele, seja na cabeça, não entrando na caixa craniana, ou no peito, 
não entrando na cavidade torácica, atingindo só a pele mesmo, essa ferida 
leva o nome de ferida em sedenho. Por baixo da pele e fora das 
cavidades. 
Já quando um ferimento tem entrada e saída, ele é um ferimento 
transfixante. Já quando tem entrada, mas não tem saída, ele é um 
ferimento penetrante. Daí esse ferimento acaba em algum lugar, esse 
lugar é chamado de lesão em fundo de saco, outros chamam de ferida 
cega. É cega porque você não vê o outro lado. 
Quando for transfixante ou penetrante, ele pode ser não cavitário, ai ele é 
sedenho. Mas ele pode ser também cavitário, sendo normalmente mais 
graves porque corre muito mais risco, já que ele pode acertar órgãos 
internos. 
Quando o ferimento arranca parte do couro cabeludo, o nome que se dá é 
lesão em escalpe. Só arranca a pele, não quebra nada. 
Mas se estivermos de posse de uma haste de grande calibre, instrumento 
perfuro contunde, se ele penetrar na região do ânus, atrás da bolsa escrotal 
ou da vagina, teremos uma ferida específica. Essa região em volta do ânus 
se chama períneo. O nome dessa lesão é empalamento. A estaca 
pontiaguda entra pelo períneo. Agora, se o instrumento de haste entrar por 
qualquer outra parte do corpo, encravamento. A diferença é que o 
empalamento tem uma localização específica. 
O dente pode causar lesões diferentes a depender de qual dente se analise. 
Os dentes da frente são cortantes, os caninos, pérfuro-contundentes, e os 
molares, contundentes. Mas, de um modo geral, a arcada humana, exerce 
uma ação corto-contundente, sendo que ele pode arrancar pedaços, daí se 
dá o nome de lesão em saca-bocado. A importância para a pericia é que 
através da marca da dentada você pode identificar o autor da dentada. A 
dentada é uma lesão com assinatura. Ela é uma lesão patognomônica – essa 
lesão, esse instrumento, é uma associação com grau de certeza. 
Esquartejamento é diferente de espostejamento. Aquele é dividir em 
quatro. Este é cortar a pessoa em pedaços para, talvez, dificultar a 
identificação ou para ocultar o cadáver. Antigamente se espostejava a vítima 
para fazer publicidade de mortes. 
 
AULA 3 
 Balística: 
 
Arma: Qualquer instrumento (aparelho manufaturado pelo homem) com 
objetivo primordial de atacar ou defender. Arma imprópria é aquela que não 
foi criada para atacar, para outra finalidade, mas que podem servir para 
ataque. 
Da próprias, temos as de arremesso, como a zarabatana (Curare, capaz de 
causar paralisia no corpo), arco e flecha. 
Arma de pressão: não chegam a ser arma, usada para esportes e diversão, 
disparando chumbinho, que não pode passar de 6mm de diâmetro e projeto 
podem atingir 160 m/s. Pode ser por mola ou por pressão. Não se incluem 
nas armas de fogo proibidas. 
Arma de fogo, o nome, decorre do fato, porque para que o projétil seja 
lançado, a carga do propelente, ao queimar, produza gás, que ao se 
expandir, saia o tiro. 
Arma brancas levam esse nome porque tradicionalmente são confeccionadas 
em metal, que dão a impressão ao sol de serem brancas. São utilizadas pela 
força muscular. 
Nas armas de fogo, o projétil é disparado pela queima do gás que 
normalmente é pólvora. Quanto maior a quantidade de gás, maior a força do 
projétil. 
O projétil normalmente é de chumbo, que fica no estojo, local que contém a 
pólvora. O projétil é colocado tampando o estojo. Para queimar a pólvora, 
coloca-se um espoleta na base da bala. Na hora que a espoleta recebe 
pressão, ela solta uma faísca, dai a pólvora vai liberando gás até o momento 
que a pressão fica tão grande que é expelida. 
O cano da arma serve para direcionar o projétil em direção ao alvo. O 
projétil deve passar bem justo com o cano, sem espaço. Por isso que se usa 
chumbo, que é mais mole, dai pode sofrer deformações ainda dentro do 
cano, não deixando escapar gases. Saindo do cano, não há mais aceleração, 
sendo a velocidade máxima do projétil na boca da arma. Dai pra frente ele 
sofre desaceleração com o ar. 
O cartucho nada mais é do que o conjunto formado pelo estojo, projétil, 
pólvora e pela cápsula de espoletamento (espoleta). 
O cão é o que bate na espoleta. Na ponta do cão fica o percussor. 
Arma carregada é a que tem uma bala pronta para ser disparada. Arma 
alimentada é a que tem balas no carregador. 
O nome pistola vem de pistão, já que o cano da arma parece um pistão ao 
ser acionada ejetando a cápsula. 
O fabricante para otimizar a carga de gás, aumenta o tamanho do cano, que 
empurra o gás mais tempo, ganhando mais velocidade e alcance. O 
problema é que o atrito com o cano é maior, dai se aumenta o estojo para 
caber mais pólvora dentro dele. O lance também é que o atrito com o cano, 
poderia deformar demais o chumbo, dai ele blindou o núcleo de chumbo com 
uma jaqueta de metal, que tem a função de diminuir o atrito da arma com o 
núcleo de chumbo. 
Metralhadora é construída para dar rajada, o sub-metralhadora é feita para 
dar tiro intermitente, mas pode dar rajada. 
Pressão é igual a forca sobre superfície. P = F/S 
Energia cinética é igual a massa vezes a velocidade ao quadrado, sobre dois. 
EC = mV2/2 
Projétil de baixa velocidade é aquele que viaja abaixo da velocidade do som 
(340m/s = mach 1) 
Quando viaja acima de mach 2, é de alta velocidade. Entre mach 1 e 2, 
média velocidade. 
A velocidade é importante para saber a energia cinética. O projétil com mais 
velocidade transfere mais energia que o lento, nas mesmas condições, 
causando lesões muito mais graves. A lesão depende muito mais da 
velocidade do que do peso do projétil, já que ele pode transferir mais 
energia, causando mais lesões. 
Coeficiente balístico – capacidade de penetração no alvo. 
Coeficiente balístico = massa/fator de ponta x calibre2 
Quando aumentar a massa, aumenta o coeficiente, um tiro mais pesado 
entra mais que o mais leve. A ponta é fundamental porque, quanto mais 
pontudo o projétil, mais ele penetra. Quanto mais bicuda a ponta, diminui o 
fato de ponta, aumentando o coeficiente balístico. O ultimo elemento é o 
calibre, que é o diâmetro do projétil. Quanto mais grosso foi o projétil, maior 
o calibre, mais difícil para ele entrar. Mais fino, menor o calibre, ele entra 
mais. 
Quanto mais grosso e maior fator de ponta, mais energia é liberada na hora 
que se choca com o corpo, mas ela penetra menos. 
O objetivo do projétil é transferir a energia que ele tem ao alvo. Se o alvo é 
de baixa densidade, macio, elástico, que não opõe grande resistência ao PAF 
(projétil de arma de fogo), ele vai atravessar. 
O ferimento quem tem entrada e saída, ele é chamado de transfixante. Ele 
sai do corpo levando ainda energia, não transferindo toda sua energia. 
Já se o PAF atinge alvo de alta densidade, duro, rígido, o alvo vai opor 
grande resistência ao PAF, que tem entrada, trajeto e saída. 
O ferimento nesse caso é penetrante, entra e não sai, fica dentro do corpo. 
Nesse caso ele deixou toda a energia que ele trazia dentro do alvo. Portanto 
ferimento transfixante transfere menos energia ao alvo, já que ele atravessa 
o alvo, mantendo energia ao sair. 
A extremidade do projétil cônicoé mais leve que sua traseira, dai com o 
arrasto ele tende a levantar, virar ao contrário, dar cambalhotas, etc. 
Dai, para evitar isso, faz-se saliências e reentrâncias em forma de espiral, 
chamadas de raias, dai essas armas diz-se que tem alma raiada (ou 
estriada, mas essa nomenclatura não é tão correta), em contraposição 
àquelas que tem almas lisas. 
Com essas raias, o projétil é obrigado a girar em seu próprio eixo, num 
movimento de rotação. Com essa rotação ele evita as cambalhotas, 
mantendo sua estabilidade na trajetória. 
A lesão de entrada depende muito da estabilidade com que o projétil entrou 
no corpo, pois se bater de ponta, o buraco de entrada vai ser menor, se 
bater de lado, vai entrar com um buraco maior. Mas o que entrou de ponta, 
entra mais do que o que entrou desestabilizado. 
Soma-se a isso a densidade do órgão, um menor (pulmão) vai deixar a bala 
passar com mais facilidade que um órgão de alta densidade (fígado). 
O projétil quando sai do cano não vem perfeitamente reto, mas vem fazendo 
pequenos círculos (“com formato de nuvem”), do mesmo jeito que um peão 
rodando que vai perdendo velocidade. Quanto maior a velocidade, menor é o 
movimento lateral. 
O grande movimento é chamado de movimento de precessão. 
Os pequenos movimentos, círculos internos, movimento de nutação. 
Dai quanto maior a velocidade do movimento de rotação, maior a 
estabilidade, porque menor a precessão e a nutação, dai é maior a 
penetração, com uma lesão menor, de ponta. 
Quanto menor o movimento de rotação, a nutação e a precessão aumentam, 
aumenta a dificuldade cresce, dai a transferência de energia aumenta, dai a 
extensão da lesão é maior. 
O movimento do ponto A ao ponto B, chama-se de movimento de 
translação. 
Cano liso não tem rotação, e se tiver, é ao acaso. Armas de cano liso são 
feitas para tiro de curto alcance, como as espingardas, que tem cano longo e 
liso. Escopeta é espingarda em castelhano. 
Essas armas disparam um tipo especial de cartucho. Até agora estudamos 
cartuchos de projeteis únicos. Mas existem cartuchos que não tem só um 
projétil, mas varias bolinhas de chumbo, chamadas de balim, e encher o 
cartucho. Como os balins não são compactos, a bala leva um bucha que não 
deixa que o gás passe pelos balins. Por cima, para não deixar os balins 
caírem, coloca outra bucha. 
Esse é o cartucho de projeteis múltiplos. A bucha também sai, na frente e 
atrás. 
Não precisa da raia porque não vai haver o contato do balim com o cano. 
As buchas caem rápido, mas os balins seguem e começam a se afastar, se 
espalhar. Quanto mais longe, menos balins penetram. E como a massa é 
pequena, tem pouca capacidade de penetração. Assim, a grandes distâncias, 
ela não é muito efetiva contra grandes animais, como o homem. 
Quanto menor o balim, cabem mais balins estojo, a depender do objetivo. O 
cartucho é para a espingarda, a depender do calibre (.12, por exemplo), 
mas o número de balins pode variar. 
Pode se colocar um projétil só também, bem grande, chamado de balote. 
Esse balote tem as ranhuras nas laterais, já que a arma tem cano liso. Mas 
como o projétil é raiado, ele tem movimento de rotação, dado pelas raias. 
Se calcula o calibre de uma espingarda não pelo balim, mas sim de acordo 
com o diâmetro do cano. Você faz uma esfera de chumbo do diâmetro do 
cano, pesa ela e vê quantas são necessárias para pesar uma libra. Na 12 
você precisa de 12 esferas pra completar uma libra. Quanto maior o valor 
numérico do calibre aumenta, o tamanho da esfera (e, por conseguinte o 
diâmetro do cano) diminui. 
A bucha normalmente é de papelão. Mas pode ser uma bucha pneumática, 
que é como se fosse um copo cheio de balins que é disparado junto com os 
balins, que no ar abre suas aletas laterais. Dai, durante alguns metros, os 
balins são mantidos dentro da bucha, que só após abre como se fosse pára-
quedas. Isso faz com que as balas fiquem juntas mais tempo e mais longo. 
Quanto mais curto o cano, maior é a dispersão dos balins. 
Com a bucha pneumática, a dispersão dos balins só vai ocorrer após uma 
determinada distancia do cano. 
A espingarda pode ter um “choque” na ponta do cano, que serve para 
diminuir a dispersão dos balins. 
Assim, não é só porque os balins entraram juntos no corpo que o tiro foi de 
perto. Temos que avaliar a bucha utilizada, o tamanho do cano, bem como a 
existência do cano. 
Em projeteis únicos, o calibre pode ser medido em centésimo de polegadas 
(USA - .38), em milésimo de polegadas (UK - .380) e em milímetros (ALE – 
7.62mm, 5,56mm). Isso gera muita confusão. 
Na proporção que o calibre aumenta aqui, o diâmetro aumenta, ao contrário 
da espingarda, que quanto maior, menor o calibre. 
O calibre também pode ser real, que é quando se mede a boca da arma. O 
calibre da caixa de munição é o nominal. 
O projétil ao passar pelo cano com raias ganha estrais. Cada arma tem um 
número de raias, para direita ou para a esquerda. 
Todos os projéteis que saem de determinada arma tem o mesmo número de 
estrias e para o mesmo lado. 
Mas cada arma, mesmo que iguais, vem com defeitos microscópicos, que 
fazem com que seja possível identificar de qual arma o tiro saiu. 
Assim, se batiza de estrias primárias, as feitas pela arma, e secundárias, as 
feitas pelos defeitos. 
Existem ainda as estrias terciárias, que são as estrias provocas pelo uso da 
arma, de acordo com o desgaste da arma. Essas podem ser alteradas com o 
uso e a idade da arma. 
Há armas que o cano são escamoteáveis, ou seja, podem ser substituídos. O 
lance é que a identidade tem a ver com o cano e não com a arma. Se mudar 
o cano, não dá para identificar mais, confundindo a perícia. 
Mas ai tem outro recurso. Cada pino de percussor, que bate na espoleta, 
tem sua marca própria também. Assim, se a policia encontrar o estojo 
deflagrado e a arma, mesmo com o cano trocado, pode se comparar essa 
marca do percussor nos estojos. 
Outra coisa é verificar a localização dos estojos, que se estiverem um perto 
do outro, o cara tava atirando parado. Se tiverem separados, o cara tava em 
movimento. 
Esse foi o estudo de balística, estudo do deslocamento do projétil. Se for 
dentro da arma, balística interna, se do lado de fora, externa. Se for dentro 
do alvo, balística terminal. 
O projétil é um agente pérfuro-contundente. 
Se é um projétil de guerra, o objetivo é transfixar, pois saída, ele tem 
potencialidade de atingir outro alvo. O tiro policial não tem objetivo de 
transfixar, pois tem alvo definido, eis que só pode atirar em legítima defesa 
própria ou de terceiro. Por isso a policia deve usar projeteis de ponta romba 
e de chumbo mole, não revestidos por metal. 
Isso tudo dificulta a penetração. Na hora que o projétil bater no alvo, ele se 
deforma, parecendo um cogumelo, tendo muita dificuldade continuar 
atravessando o alvo, dispersando toda sua energia. Seu stopping power é 
maior. É normal também se fazer um orifício na ponta do projétil, com o 
objetivo de criar um ponto fraco, facilitando a deformação. O nome dessa 
cavidade é hollowpoint. “Isso é só uma curiosidade”, velho filho da puta. 
Outra curiosidade... 
Tiro pro alto: tem menos lesividade que o tiro direto, porque tem muita 
resistência do ar. A tese que a velocidade do tiro pro alto é igual na subida e 
descida só funciona no vácuo. Quando ela desce na atmosfera, tem menos 
potencialidade lesiva. Se tiver trajetória de parábola, ela continua tendo 
muita potencialidade lesiva. 
E mais uma... 
Dizem que a bala queima, mas não é verdade. Na boca da arma, há uma 
língua de fogo. Mas a variação térmica do projétil é muito pequena. O 
projétil entra cheio de bactéria, devendo-se tomar antibiótico. 
Agora, pra fechar. 
Há possibilidade de entoxicação pelo chumbo.Assim, deve-se retirar o 
projétil do corpo. Mas se ele estiver em um lugar que não esteja em contato 
com nada, o organismo vai envolve-lo e ele vai ficar isolado. O problema é 
quando ele fica na articulação e não é retirado. O líquido da articulação 
ataca o chumbo, que se dissemina pelo organismo e pode entoxicar. 
 
Aula 4 
Lesões por instrumentos pérfuro-contundentes – PAF – Lesões de entrada 
 
A função do projétil é perfurar, mas com calibre alto e ponta rombuda, ele 
além de perfurar, contunde. 
O mecanismo de lesão da PAF é a pressão que exerce sobre a superfície. O 
grau de contusão é maior ou menor de acordo com a ponta do projétil. 
Trajeto é diferente de trajetória. O primeiro é o percurso que o PAF faz 
dentro do alvo. Trajetória é o percurso que o PAF da boca da arma até o 
alvo. 
A epiderme é destruída no ponto de contato do PAF, pois é mais rígida. A 
derme, que é mais elástica, ela sofre uma envaginação, e o projétil tenta 
atravessar, como se fosse um dedo de luva. O PAF vem sujo de diversas 
coisas, ele ao passar na derme, praticamente se limpa desses resíduos. A 
derme, após o PAF passar, volta ao seu tamanho normal. Por isso o orifício 
de entrada é menor que o calibre da arma. 
Por isso o desenho ficaria com a epiderme com um buraco maior, a derme 
com um buraco um pouco menor e suja desses resíduos, desse sarro. Essa 
parede suja leva o nome de orla de enxugo,(ou orla de resíduos). Como 
escoriação é o arrancamento da epiderme com exposição da derme, essa 
área limítrofe, chama-se também de orla de escoriação, que fica por fora 
da orla de enxugo. 
Quando aparecerem esses indícios, há evidência de lesão por PAF. 
O conjunto dessas duas orlas, a doutrina chama de anel de fisch. 
Quando o PAF passa, os vasos da derme sangram e o tecido gorduroso fica 
sujo de sangue. Dai forma-se uma orla de equimose, em volta da orla de 
escoriação. 
Essas características são de disparos feitos à distância. 
Agora veremos a incidência do tiro. 
Se o PAF atinge a pele a 90º, ele vai lesionar a pele de uma maneira 
uniforme por todos os lados. A orla de escoriação terá uma forma 
concêntrica. Isso não quer dizer que eles estejam frente a frente, o que 
importa é o ângulo de incidência do tiro. 
Se o angulo de incidência é oblíquo, quando o PAF bater no corpo, o atrito 
dele com a parte mais próxima da pele vai ser maior, dai nesse lado vai 
haver mais detritos e escoriações. A orla de escoriação não será concêntrica, 
terá formato de uma meia lua crescente. 
A orla de escoriação vai ser importante para saber de onde veio o projétil. 
Quanto mais espessa a orla de escoriação em relação ao outro lado, maior 
será o ângulo de entrada. 
No momento do disparo, o PAF parte, mas atrás dele fica a nuvem de gás 
proveniente da pólvora. O gás se espalha em forma de cone, conhecido 
como cone de dispersão. 
A primeira camada seriam os gases superaquecidos, que são como uma 
língua de fogo, que pode até denunciar a sua localização. Por isso algumas 
armas tem um supressor de luminosidade. 
Um pouco mais adiante, esse gás já não chega mais, mas a pólvora que 
virou fumaça chega em forma de pequenos grãos, mas como são muito 
pequenos, são logo detidos pelo ar. Não alcançam uma distancia maior. 
Mas grãos de pólvora que não queimou tem uma massa maior, que vão um 
pouco mais longe. 
O PAF faz atrito com o cano, dai saem pequenos pedaços do cano, do 
projétil e da mistura iniciadora da espoleta. 
Quando encontramos uma lesão provocada exclusivamente pelo PAF, sem os 
elementos do cone de dispersão, temos o tiro à distancia. Mas os elementos 
do cone tem que naturalmente não ter alcançado. Porque se o autor usou 
um travesseiro, casaco, etc. Entre a arma e a vítima, esse anteparo pode ser 
usado como um filtro. Assim, tem-se a impressão que ele foi feito à 
distância, mas foi feito à curta distância. 
As vezes esse anteparo gera resíduos, como um vidro ou madeira. Assim, 
tem que saber que tipo de resíduo está engastado em volta do ferimento. 
Tiro à curta distância ou à queima roupa é aquele que, além do dano do 
projétil, tem também as alterações provocadas pelos elementos 
constituintes do cone de dispersão. 
O nome é “à queima roupa” porque a pólvora de fato pode vir a queimar a 
roupa, principalmente a pólvora antiga, pólvora negra. Hoje a pólvora 
produz muito menos fumaça, por isso chamam de pólvora branca, em 
oposição à negra. 
De acordo com os elementos do cone que alcançam a pele, podemos saber a 
distância do tiro. P. Ex.: se houver a queimadura, é porque o tiro foi dado de 
muito perto. 
Se houver uma fumaça no ferimento, se você limpar a fumaça vai ver as 
pequenas partículas presas na pele. 
O tiro de muito perto deixa a queimadura, que é chamada de orla de 
queimadura ou orla de chamuscamento. 
Esse esfumaçamento que fica em volta também é chamado de orla de 
esfumaçamento ou orla de tisnado (que significa sujo). 
Aquelas granulações abaixo da orla de esfumaçamento ficam na derme, 
fazendo uma verdadeira tatuagem, por isso são chamados de orla de 
tatuagem. 
Uma vez que o cone vai abrindo, tem-se maior distância da boca do cano. 
Você pode medir o tamanho dessas orlas, e, fazendo experiências em 
laboratório, você pode saber a distância em que o tiro foi disparado. 
Quanto mais pólvora tiver, mais longe vai o cone. O cone não costuma 
passar de 70 centímetros. Dai, se não fizerem os testes, só da pra afirmar 
que foi há menos de 1 metro. 
Tiro a curta distância com incidência oblíqua: 
Não se olvide que a área mais afastada do ângulo menor escoria menos. Só 
que no tiro à curta distância, além da orla de fisch, o material pulverolento 
que sair da boca da arma vai se espalhar em área mais extensa para o lado 
oposto do ângulo pequeno, ficando com menor intensidade de pólvora 
menor, e será menor a área e mais concentrada a pólvora no ângulo que 
vier a bala. É o oposto da orla de escoriação que é maior na ângulo que vier 
a bala. 
O lance é que se o ângulo for muito pequeno, essa área de resíduos pode 
parecer maior no lado em que a bala for disparada. 
Pode haver lesão de entrada sem enxugo, desde que haja um anteparo 
antes que filtre, limpe a bala. Assim, se tiver enxugo, é lesão de 
entrada. Se não tiver enxugo, não quer dizer que não é lesão de 
entrada. Pode ocorrer inclusive que um mesmo PAF entre duas vezes no 
mesmo corpo. Na segunda entrada não vai haver orla de enxugo porque o 
PAF foi limpo na primeira entrada. O enxugo quando presente, garante a 
primeira entrada, isso é certo. 
Tiro com o cano encostado sem osso embaixo: 
Se a boca esta apoiada na pele, todo o material que sai da boca da arma, 
não tem pra onde se expandir, dai todo ele vai entrar na pele. Dai vai haver 
a orla de fisch com uma orla de queimadura. Não vai haver orla de 
esfumaçamento ou de tatuagem, porque tudo entrou na pele. O tiro com 
cano encostado não tem material pulverolento por fora, está tudo por 
dentro. A pele, por se muito elástica, num exame de microscópio, as bordas 
dessa lesão tem fissuras, que estão querendo romper, que só não se 
rompem porque a pele é elástica. 
Essas fissuras na pele podem aparecer também em disparos a distância 
quando a bala vem com muita forca. 
Disparo com o cano encostado com osso embaixo: 
A bala passa direto pelo osso, mas quando os gases vêm, eles batem no 
osso e voltam, mas voltam com uma pressão muito grande e o buraco de 
entrada que seria proporcional ao calibre do projétil, faz um buraco muito 
grande. Mas o que faz esse buraco são os gases. É o fenômeno da casca da 
banana. A parte de dentro vira pra fora como se fosse casca de banana. Um 
perito chamado Hoffmann, chamou essa lesão em boca de mina, porque 
parecia uma boca de mina de carvão, porqueela fica toda preta em volta. 
Também chamou de lesão em câmara de mina. 
O buraco de entrada nesse caso é muito maior que a lesão de saída. 
Quando a bala transfixa o crânio, no buraco de entrada, ele fica sujo de 
pólvora, já que os gases entraram junto do crânio. Esse resíduo de pólvora 
no osso do crânio, chama-se sinal de Benassi, normalmente, em baixo da 
câmara de mina de Hoffmann, temos um sinal de Benassi. 
Só que o osso do crânio é duplo, entre as duas camadas do osso, tem uma 
membrana, que fica cheio de pedaços de osso. E essa bala quando bate no 
osso, ela fica desestabilizada, dai o buraco na parte de dentro do osso do 
crânio é maior do que a de fora, como se fosse a metade de um cone, que 
leva o nome de tronco de cone, em ângulo divergente, crescente, em bisel. 
Esse aspecto de funil leva o nome de sinal de Bonnet. 
Na saída, o sinal de Bonnet fica invertido, menor na parte de dentro e maior 
perto da saída. 
O sinal de Benassi indica que foi encostado o tiro, o sinal de Bonnet tem em 
qualquer entrada e saída de bala na cabeça. 
As vezes, no local em que o tiro foi dado, a boca da arma fica desenhada no 
local onde foi disparado o tiro, indicando que aquele é o buraco de entrada. 
Esse desenho também indica que não há osso por baixo, porque senão 
haveria uma boca de mina de Hoffmann. A esse desenho da arma na pele, 
dá-se o nome de sinal de Puppe-Werkgartner. 
É possível que haja um tiro com o cano encostado e com pólvora por fora, 
desde que haja algum dispositivo que disperse o gás proveniente do cano da 
arma antes do final da boca. Assim, nesses casos há a lesão de entrada e 
queimadura por pólvora em cima do cano. 
Se a arma não tiver encostada com firmeza, pode ser também que ela recue 
um pouco e não entre tudo, ficando queimado em volta da entrada. 
Lesão de saída: 
Quando a bala sai, ele começa empurrando a derme, que é mais elástica, 
que, por sua vez, empurra a epiderme. Dai a bala sai. Quando ela sai, a 
derme e epiderme voltam para posição normal. Só que nesse caso não há a 
orla de escoriação. Também não há orla de enxugo, porque os resíduos já 
ficaram pelo corpo. 
Assim, podemos dizer que a lesão de saída é, normalmente, maior que a 
lesão de entrada, normalmente, não tem escoriação e nem enxugo. A 
irregularidade da saída, dependerá da estabilidade do PAF. As vezes as 
lesões de saída são tão atípicas que não se consegue saber se elas são 
lesões de saída. 
O mesmo acontece com a lesão de entrada, se elas forem atípicas. Dai o 
perito tem que ficar ligado no trajeto, já que não dá pra saber pela entrada 
ou saída. Ele deverá olhar lascas de osso, por exemplo. 
O lance é que a vítima esta deitada, encostada no muro, com uma carteira, 
o PAF não vai sair normalmente, dificultando a saída. Dai a derme empurra a 
epiderme até o anteparo onde o PAF sairia, ai a derme se atrita com o 
anteparo, nisso, a derme não tem como esticar, dai a derme não vai, dai o 
atrito da epiderme com o anteparo faz com que eu veja uma orla de 
escoriação na saída do projétil. 
Orla de escoriação normalmente não tem na saída, mas nesses casos de 
anteparo, a saída terá também a tal orla. 
 
 
Trajeto: 
Trajeto é o percurso que a bala corre dentro do corpo humano. 
Avalia-se dentro do corpo a densidade do tecido que o PAF atingiu. Se 
atingir um osso, por exemplo, ele vai liberar mais energia do que se 
atingisse o pulmão. Neste ela passa com facilidade, despendendo menos 
energia pra atravessar. A lesão do pulmão tem menos “exuberância” do que 
uma igual no fígado, por exemplo. 
Densidade = massa/volume (do órgão) 
Quanto mais macio, menor duro, mais elástico, menos denso, e vice-versa. 
Túnel permanente e cavidades temporárias: 
Túnel permanente é quando a PAF passa e deixa um rastro, mesmo após a 
morte eu posso saber qual foi o trajeto do PAF, em um tiro transfixante. 
Quando o PAF vem, ele vem com uma velocidade, que pode de alta ou baixa 
velocidade. Se ele é de alta velocidade, tem mais energia. 
O projétil entra nos tecidos como se fosse uma lancha na água empurrando 
a água ao passar, quanto maior a velocidade, mais ele vai empurrar os 
tecidos pro lado. 
O PAF de alta velocidade, além de fazer o túnel permanente, ele ao passar 
pelo corpo, ele pode gerar lesões pela onda de pressão produzida por sua 
passagem. De acordo com a resistência maior menor dos tecidos, teremos 
lesões maiores ou menores. 
Nisso que o PAF vai passando, forma-se uma cavidade, que só existe 
enquanto o projétil ta passando, que, por isso, é chamada de cavidade 
temporária. Essa lesão paralela vai depender dos tecidos pelos quais ela 
vai passar. Depois que ele passa, a cavidade temporária tende a voltar ao 
normal. 
O PAF quando entra no corpo se desestabiliza, não tendo uma trajetória 
retilínea, em regra. No túnel permanente ele fica em pé, vai virando, etc. No 
que ele fica em pé, ele libera mais energia. Nisso, a cavidade temporária fica 
maior. Ao longo da trajetória, o PAF vai virando cambalhota e assim vai 
formando cavidades diferente. Além disso, a densidade do órgão que a bala 
atravessar também vai interferir. 
No PAF de baixa velocidade, a onda de pressão deles é muito pequenas, dai 
não tem força suficiente pra gerar grandes lesões de cavidade temporária. 
Não é que não tenha cavidade temporária, o lance é que elas são fracas. 
PAF de ponta fina passam mais facilmente, liberam menos energia, fazem 
cavidades temporárias menores. Quanto mais grossa a ponta, maior a 
cavidade temporária. PAF blindado não se deforma, causa menos cavidade 
temporária. 
O trajeto é muito importante para você entender a incidência do disparo. 
Você parte do pressuposto que o PAF seguiu uma trajetória retilínea. Mas ele 
pode bater num osso e mudar o ângulo de incidência, por exemplo, dai ele 
serve pra ter uma idéia. 
Experiência com blocos de gelatina: 
Quem vê mythbusters, pode avançar o tape... 
Quanto mais deformável for o PAF, mais cavidade temporária ele faz. 
Lesões por arma de fogo de disparo de cartuchos múltiplos: 
O número de projéteis dependerá do número de balins que haja dentro do 
estojo. 
A ferida aqui dependerá da distância do alvo. 
Aqui, você não vê uma ferida, mas um conjunto de feridas. A esse conjunto 
de lesões dá-se o nome de rosa de tiro de Cevidalli. 
Quanto maior o diâmetro da rosa, nas mesmas condições, o tiro foi menos 
concentrado, mostrando que o tiro foi dado de mais longe. 
Mas não pode se olvidar do choque, que serve para retardar a dispersão 
dos balins. Dai isso pode fazer com que varie o diâmetro mesmo que na 
mesma distância. O cano serrado, ao contrario, permite a dispersão mais 
precoce dos balins. Há a possibilidade da bucha pneumática, que retardam 
a dispersão também, já que esse copinho só se abre com s balins dentro 
depois de estar do lado de fora do cano. 
O perito não pode se basear exclusivamente na rosa de tiro de Cevidalli, já 
que existem variações. Ele tem que conhecer a armar e o projétil. 
As vezes dentro da pele você encontra a bucha pneumática. Bem como as 
vezes do lado do buraco você vê escoriações das aletas da bucha, como no 
sinal de Puppe-Werkgartner, indicando que a bucha deve estar de baixo da 
pele. 
É muito importante analisar as vestes da vítima, pois elas podem ser 
capazes de filtrar os elementos do cone de dispersão. As vezes a bala passa 
pelas vestes e leva um pedaço pra dentro do corpo. 
Residuografia é o estudo dos gases expelidos pela arma. É possível que a 
mão com resíduos da pólvora. Pode estar na mão da vítima, desde que ele 
tenha tentado segurar a arma. 
Já não se aceita mais a pesquisa de nitritos e de nitratos para identificar a 
presença de pólvora, porque muitos outros produtos tem essas substâncias. 
O que sebusca hoje são micro partículas de metal, principalmente presentes 
na cápsula de espoletamento, que podem ser metais variados, mas se 
estiverem em quantidades compatíveis com a quantidade da cápsula, podem 
indicar a autoria. 
 
AULA 5 
 
Respiração orgânica e respiração celular 
Lesões e mortes causadas por asfixia 
Conceito de asfixias – mecânicas 
 
Chama-se asfixiologia forense. Asfixia significa falta de pulso e não falta de 
ar. 
Quimicamente, só dizemos que há asfixia em nível celular se houver falta de 
oxigênio – hipoxia – e excesso de gás carbônico - hipercapnia ou 
hipercarbia. Só um dos dois não é asfixia, deve haver a combinação dos 
dois. 
Para morrer, não é preciso que haja anoxia, que é a ausência de oxigênio, 
mas só a hipoxia, dês que em níveis muito baixos. 
Estudaremos a asfixia mecânica, que é tratada como uma energia 
vulnerante físico-quimica, porque age-se inicialmente através de um 
agente físico, mecânico, e, ao final, provoca uma alteração química no 
organismo. 
Sufocação direta pode ser a obstrução dos orifícios respiratórios. Se 
eu usar toalhas, a sufocação não vai deixar vestígios, se eu usar as mãos, 
provavelmente, vão ficar marcas dos dedos e das unhas na pele. 
Outra forma de sufocação direta pode se dar pela obstrução das vias 
aéreas superiores, que é a obstrução por balas, brinquedos, comida, etc., 
das vias respiratórias. O que acontecia com a bala Soft. 
Nos dois casos, o problema é exclusivamente respiratório. 
Outras vezes o problema é de sufocação indireta. Essa se dá quando 
alguém coloca um peso em cima do tórax, por exemplo. Se ela for 
comprimida de um modo que não consiga respirar, em 3 a 5 minutos ela 
morre. O nome que se dá a essa forma de sufocação indireta é compressão 
torácica ou do tórax. 
Quando você observa a cabeça da pessoa que estava com compressão do 
tórax, você percebe que começa a aparecer um pontilhado hemorrágico. 
Esse pontilhado diz que há uma compressão, mas que não esta comprimindo 
completamente, mas só o suficiente para que o tórax não se expanda. Dai o 
sangue começa a acumular na cabeça, depois a extravasar graças a pressão 
de forma progressiva. 
Depois de um tempo parece que o cara está com uma mascara arroxeada. A 
essa máscara se dá o nome de máscara de Morestin. 
Essa máscara diz que um peso comprimiu o tórax de forma que o coração 
não conseguisse receber todo o sangue de volta, deixando o sangue se 
acumular nos vasos que deveriam levar o sangue de volta ao coração. 
A intensidade da máscara de Morestin diz pro perito quanto tempo o cara 
ficou com o peso no peito. 
Outra forma de asfixia indireta é a crucificação. Como o cara ta preso na 
cruz, o peso começa a forçar o corpo pra baixo, forçando a musculatura 
respiratória, deixando ela exausta. Dai, aos poucos, ele ia se asfixiando. 
Em se tratando de asfixia, não há sinais gerais que identifiquem-na – 
patognomônico. 
Petéquias são pequenas marcas de sangue, como mordidas de mosquito ou 
pulga. Uma petéquias um pouco maior leva o nome de mancha de 
Tardieu. O Tardieu quando via essas manchas tinha certeza que o cara 
morreu por sufocação. Mas isso já foi superado. 
Essas duas manchas indicam que na hora que ocorre um asfixia ou morte 
rápida, o sangue se acumula nos vasos, esses se dilatam, dai o sangue 
começa a extravasar, dando azo às petéquias ou manchas de Tardieu. 
Um lugar que as petéquias são bem notáveis é o globo ocular na parte 
esclerótica do olho, ou parte branca, que se chamam de petéquias 
subconjutivais. Esse é um sinal sugestivo, e não afirmativo, de asfixia. 
Asfixia por modificação do meio ambiente respirável: 
Aterramento, soterramento, confinamento são modificações qualitativas e 
quantitativas do ar que respiramos. 
Até 6% de oxigênio em nível celular, o ser humano suporta. Abaixo disso o 
cérebro começa a reclamar, tonteira, desmaio, visão turva, etc. 
Se você trocar o ambiente respirável por líquido teremos afogamento. 
Se você trocar o ambiente respirável por sólido em pó, sólido pulverolento, 
granuloso, há soterramento. 
Se você substituir o ambiente respirável por gases irrespiráveis ou não 
tóxicos, haverá confinamento. Se for gás tóxico, termos envenenamento 
ou entoxicação. É o caso do CO2, por exemplo. 
Afogamento 
 É possível o afogamento sem que o corpo esteja completamente submerso, 
desde que a boca e o nariz estejam. 
O afogamento pode ser com água doce ou salgada. Na prática, não faz 
diferença de qual o modo. 
A água salgada é mais concentrada de partículas do que a água doce. O 
sangue é menos concentrado do que a água salgada e mas concentrado do 
que a água doce. 
No momento é que há afogamento em água doce, como o sangue é mais 
concentrado, o glóbulo vermelho começa a receber muita água a ponto de 
estourar. No que ele estoura ele libera potássio (K) que é tóxico para os 
músculos do coração, ocorrendo o fenômeno da fibrilação ventricular, que é 
uma alteração do ritmo cardíaco. Assim, o coração não consegue bombear o 
sangue. 
Na água salgada, acontece o contrário, o sangue sai das hemácias, ficando 
ela murcha. 
Voltando à água doce, quando ela entra no alvéolo, faz osmose com a água 
do sangue, como essa é mais concentrada, ela puxa a água do alvéolo 
enchendo. (O afogamento em água doce leva em média 4 a 7 minutos). No 
afogamento em água doce o sangue fica mais diluído, menos concentrado, 
menos denso. 
O sangue sai do pulmão e vai para o átrio direito, descendo para o ventrículo 
direito, circulando o corpo e voltando para o coração, só que agora no átrio 
esquerdo, indo para o ventrículo esquerdo, voltando para o pulmão e 
recomeçando o ciclo. 
Assim, no afogamento por água doce, o sangue no átrio direito (primeiro) 
esta mais diluído, menos concentrado, do que no átrio esquerdo. Isso 
porque muita água entrou no pulmão. Assim analisando a densidade do 
sangue dos átrios ou ventrículos direitos e esquerdos, posso saber se foi 
com água doce se a densidade do lado esquerdo for menor do que a do lado 
direito. 
Em se tratando de água salgada, o raciocínio é invertido, o sangue perde 
água pro alvéolo. Assim, no exame cadavérico, vê-se a grande presença de 
líquido no pulmão, ocorrendo o fenômeno do edema de pulmão. É tão 
grande a quantidade de líquido que ele começa a voltar para a boca e 
narina, ocorrendo o fenômeno do cogumelo de espuma. 
Assim, o sangue fica mais concentrado no átrio esquerdo do que no átrio 
direito. 
Se a densidade dos átrios é idêntica, o boneco não morreu afogado, 
podendo ter sido jogado no mar/rio depois. 
Um tal de Carrara percebeu um fenômeno interessante. Quando você 
coloca sal na água, a temperatura de congelamento cai. Quanto mais sal 
você coloca, mais baixo fica o ponto de congelamento. Assim, você pode 
estudar o ponto de congelamento dos sangues dos átrios esquerdo e direito 
para ver qual estava com mais sal e, por conseguinte, saber se morreu em 
água doce ou salgada. 
Afogado Branco de Parrot: necropsia branca, pericia branca, morte 
branca. Toda vez que você procura algo e não acha nada como causa da 
morte, você fala de pericia branca. A causa da morte é indeterminada. 
Dai, para solucionar isso, alguns caras vieram com a tese de que quando 
alguém pula numa água muito fria, haveria o choque térmico, ocasionando o 
grande refluxo de sangue pro coração repentinamente de modo que o 
coração não agüente. Poderia ocorrer também que a pessoa engoliu 
pequenas quantidades de água na laringe ocasionando os espasmos da 
glote, fechando a passagem de ar. Nesses dois casos a pessoa morre dentro 
d’água sem água nos pulmões. 
Portanto, o afogado branco de Parrot, na verdade não é afogado, ele morreu 
por problemas neurológicos, reflexos, sem deixar qualquer

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