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SOARES & FARIA resumo expandido FespInova 2014 A INSERÇÃO DO RÁDIO NO INÍCIO DO SÉCULO XX

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A INSERÇÃO DO RÁDIO NO INÍCIO DO SÉCULO XX: PRELÚDIO DA VIRTUALIZAÇÃO ECONÔMICA
Guilherme dos Reis SOARES.; Itamar Teodoro de FARIA; [1: Graduando em História pelas Faculdades Integradas do Sudoeste Mineiro/ Universidade do Estado de Minas Gerais – Passos/MG. Contato: soarim@gmail.com][2: Professor mestre. Docente das Faculdades Integradas do Sudoeste Mineiro – FESP. Contato: itamartfaria@yahoo.com.br.]
1. INTRODUÇÃO
Com a disseminação da tecnologia radiofônica no início do século XX, os vendedores passaram a possuir um instrumento de disseminação de informações ao seu dispor. Tal instrumento permitiu que eles veiculassem sua propaganda muito mais longe do que suas humildes vozes eram capazes de alcançar. A palavra, antes presa à forma física do papel, ou a intensidade da voz do locutor, passou a ser um instrumento econômico livre de qualquer barreira. Na fase do processo econômico onde a priori a relação presencial era imprescindível, o rádio proporcionou uma relação a distancia, os produtos passaram a ser informações e os clientes passaram a ser alcançados em suas casas pelas ondas do rádio. Por meio de pesquisa bibliográfica, documental e análise de conteúdo, esta reflexão tem como foco as relações entre o processo de disseminação do rádio no Brasil e as suas influências na esfera econômica, buscando antever a virtualização econômica
1.1. Objetivos
Analisar o impacto na economia decorrente da inserção do rádio na sociedade brasileira, logo no início do séc. XX.
1.1..1 Objetivos Específicos
Refletir sobre a relação entre os meios de comunicação e a economia; 
Analisar a relação do rádio com as propagandas; 
Refletir sobre os impactos da propaganda radiofônica.
1.2 Metodologia
A pesquisa é descritiva, com abordagem qualitativa. Para Gil (1999, p.42), a pesquisa tem um caráter pragmático, é um “processo formal e sistemático de desenvolvimento do método científico. O objetivo fundamental da pesquisa é descobrir respostas para problemas mediante o emprego de procedimentos científicos”. Assim, este estudo foi desenvolvido a partir dos seguintes passos:
Primeiro, a pesquisa bibliográfica, que tem como objetivo explicitar e construir acerca do tema e proposto, aprimorando as ideias, fundamentando o assunto abordado na pesquisa. Segundo, a pesquisa documental, que coletou dados de fontes primárias; no caso, todo o processo de análise de conteúdo terá como base o levantamento de propagandas radiofônicas do período de inserção do rádio na sociedade brasileira.Terceiro, a análise utilizada foi a de conteúdo. Após a seleção documental, procedeu-se ao estabelecimento de temas e categorias a partir dos quais se pode analisar e interpretar todo o material. 
2. Referencial Teórico
De acordo com Marx, para que uma mudança na sociedade aconteça, um fato qualquer deve desencadear uma mudança na infraestrutura da sociedade, ou seja, a economia. Somente depois esse fato resulta em uma alteração na superestrutura que se ergue sobre essa base, superestrutura esta que concerne o caráter político e social. (MARX, 2008, p.47) A economia tem uma importância impar em qualquer estudo histórico, mas é necessário ter em mente que não podemos definir uma sociedade analisando somente sua economia.
A economia é apenas uma das partes que compõem a sociedade, ela não é capaz de descrever toda a estrutura de uma sociedade como defende Marx, e é desta forma que ela deve ser analisada. Economicamente o rádio proporcionou uma mudança no que podemos chamar de mecanismo de oferta e procura. Assim, O preço do mercado do trabalho é o preço realmente pago por ele, resultado da operação natural da proporção entre a oferta e a procura: o trabalho é caro quando escasso, e barato quando abundante. Por mais que o preço do mercado do trabalho se possa desviar de seu preço natural, ele tem, como as mercadorias, a tendência de se conformar a ele." (HUBERMAN, 1981, p.183). Da mesma forma, “essa procura depende de variáveis que influenciam a escolha do consumidor, são elas: o preço do bem ou serviço, o preço dos outros bens, a renda do consumidor e o gosto ou preferência do indivíduo.” “Há uma relação inversamente proporcional entre a quantidade procurada e o preço do bem.” (VASCONCELLOS, M. A. S.; Garcia, M. E.;, 2004, p.38). 
Justamente por se tratar de um mecanismo essencialmente básico e descomplicado, que a oferta e procura se torna tão necessário para todo o funcionamento da estrutura econômica.
3. Resultados 
Com a disseminação da tecnologia radiofônica no início do século XX, os vendedores passaram a possuir um instrumento de disseminação de informações ao seu dispor. Tal instrumento permitiu que eles veiculassem sua propaganda muito mais longe do que suas humildes vozes eram capazes de alcançar. A palavra, antes presa à forma física do papel, ou a intensidade da voz do locutor, passou a ser um instrumento econômico livre de qualquer barreira.Na fase do processo econômico onde a priori a relação presencial era imprescindível, o rádio proporcionou uma relação a distancia, os produtos passaram a ser informações e os clientes passaram a ser alcançados em suas casas pelas ondas do rádio. E é justamente por esse alcance maior dos produtos, que o mecanismo da Procura também foi alterado. O cliente que antes devia se dirigir ate um estabelecimento para checar os preços e comprar os produtos; de posse de um aparelho de rádio, passou a ter acesso à informação de produtos e preços direto de sua residência. Pela primeira vez na história econômica um instrumento tecnológico proporcionou uma virtualização significativa, uma desmaterialização de parte do processo econômico. Por mais que as propagandas escritas já significassem certa virtualização econômica, elas nunca foram tão eficientes como seu sucessor radiofônico. A forma de veiculação proposta pelo rádio era praticamente a mesma que a população em geral utilizava, o que explica a grande aceitação e a euforia generalizada que este gerou. A história da economia brasileira é pautada pelo uso de discursos orais para a venda de produtos. Em qualquer local onde se instalava uma feira ou um conjunto de comerciantes, mais ou menos rapidamente surgia uma forma de marketing, primitivo ainda, mas que por muitos anos foi utilizado por mascastes para vender suas bugigangas e por meninos e suas balas e jornais.
Não poderia ser diferente, pois com uma população ainda em sua grande maioria analfabeta, a propaganda escrita não surtia o efeito desejado. As palavras transmitiam a intensidade, a confiabilidade e incitavam o desejo. As palavras eram, em alguns casos, o incentivo que os consumidores necessitavam para a escolha de um produto em especial. Dessa forma devemos ressaltar que o rádio não foi o precursor da propaganda, mas sim o instrumento que propiciou sua maior eficiência e desenvolvimento.
No inicio do rádio o governo brasileiro relutou em permitir a propaganda veiculada no rádio, mas isso não foi comum somente no Brasil. A propaganda foi usada, primeiramente, para criar um meio de sustento e manutenção para as emissoras de rádio, quando a ajuda dos sócios dessas emissoras de rádio já não era capaz de mantê-las, muito menos de expandir essa tecnologia pelo país; As primeiras propagandas surgiram de uma tentativa de incentivar os cidadãos a comprar um aparelho de rádio e os comerciantes a anunciarem nas emissoras de rádio. Ao se ligar a economia em busca da sobrevivência, o rádio entrou no jogo definitivamente e acionou um mecanismo chave na economia capitalista que é a competição; Quando a competição para conseguir ouvintes e contribuintes se torna mais forte, as emissoras começam a planejar, a buscar melhorias e a estudar seu público alvo. 
A influência exercida pelas emissoras na sociedade, produzia fortes efeitos. Como podemos observar pela propagação, na década estudada, do modelo de vida americano, ou “American way of life”, que propunha um estilo de vida baseado no consumo e no status. O rádio foi a expressão deste estilo de vida americano, ele foi a expressão damodernidade, e em algumas parcelas da população brasileira ele realmente serviu como um incentivador desse modus operandi. A sociedade brasileira assim como a norte americana assentou seu sistema radiofônico sobre a publicidade e o comércio, quase que os vinculando com um laço matrimonial.
Os ouvintes se transformaram, a partir dos anos 30, em consumidores de produtos cuja necessidade era fabricada pelo rádio. Criando essa oferta de publicidade o rádio conseguiu do mercado, uma propaganda favorável para ele mesmo. O conceito de fetiche também de acordo com a teoria marxista, é o processo onde uma mercadoria assume uma posição social diferente do que deveria ter no processo econômico, ou seja, a atribuição de um valor de carga simbólica a certa mercadoria ou produto. A inovação tecnológica que ele representava na época, ligado a uma propaganda favorável criou essa carga simbólica, um fetiche de superioridade para quem possuía um aparelho de rádio, e logicamente quem não o possuía se sentia imediatamente inferior. Com base nesta ideia de superioridade, as famílias partiram sem medo para as lojas em busca desta caixa milagrosa, que com um simples cair de moedas os levaria para aquele mundo dos sonhos com um status de família rica e tecnológica; 
4. Considerações
Ao se estabelecer em uma região qualquer, uma estação transmissora de rádio, buscava rapidamente os grandes empresários para firmar parcerias e contratos de publicidade. Essa forma de aliança entre as rádios as regionais e os empresários mais influentes e importantes do local é um vestígio desse inicio do rádio. Ainda hoje podemos notar que algumas marcas são mais citadas que as outras nos programas, algumas famílias são mais intocáveis que as outras nos jornais, e assim perpetua-se a técnica de garantir que esses laços de ajuda mútua, continuem firmes. O rádio dessa forma foi um instrumento inovador que proporcionou uma mudança profunda no funcionamento da economia. Como um facilitador ele proporcionou a virtualização de parte das relações econômicas e dos processos, principalmente das propagandas. Ele foi o iniciador de muitas das características econômicas que a sociedade contemporânea fez consolidar e seu papel há muito vem sendo obscurecido pelo advento da televisão e a internet. 
REFERÊNCIAS
BARDIN, L. Análise de Conteúdo. Lisboa: Edições 70, 1979.
BARROS, A. J. S.; LEFHELD, N. A. S. Fundamentos de Metodologia Científica. 3.ed. São Paulo: Afiliada, 2007.
CERVO, Amado Luiz; BERVIAN, Pedro Alcino; SILVA, Roberto a. Metodologia Cientifica. 6. ed. São Paulo: Pearson Prentice Hall, 2007.
GIL, Carlos Antonio. Como elaborar projetos de pesquisa. São Paulo: Atlas, 2010.
CAMPELO, Wanir. Panorama do rádio em Belo Horizonte in PRATA, Nair. História sonora de uma cidade: Belo cenário para um novo Horizonte radiofônico. Belo Horizonte: Fundac, 2010.
FAUSTO, Boris. História do Brasil.2.ed. São Paulo: Edusp, 1995.
MAUAD, Sêmia. A história do rádio no Brasil e em Minas Gerais. Belo Horizonte: UNI-BH, 2003.
HOBSBAWN, Eric. Era Dos Extremos: O breve século XX 1914-1991.São Paulo: Companhia das Letras, 1995.
MARX, Karl. Contribuição à Critica da Economia Política. trad. Fernandes Florestan. 2.ed. São Paulo: Expressão Popular, 2008.
_________. O Capital: Crítica Da Economia Política. São Paulo: Editora Nova Cultural Ltda., 1996. 
MARTINS, Fábio. Senhores ouvintes, no ar... A cidade e o rádio. Belo Horizonte: Com Arte, 2010.
MELLO, Vianna Graziela. No ar, a voz do produto:um panorama histórico da publicidade radiofônica mineira in Prata, Nair. O rádio entre as montanhas: histórias, teorias e afetos da radiofonia mineira. Belo Horizonte: Fundac, 2010.
NEUBERGER, Rachel Severo Alves. O Rádio na Era da Convergencia da Mídias. Cruz das Almas/BA: UFRB, 2012.
O'ROURKE, P. J. A Riqueza das Nações de Adam Smith: uma biografia. Trad. Valente Roberto Franco.Rio de Janeiro: Zahar, 2008.
ORTRIWANO, Gisela. A informação no rádio: os grupos de poder e a determinação dos conteúdos. São Paulo: Summus Editorial, 1985.
PAIVA, Vanessa. A voz, a escrita e a escuta radiofônicas in Prata, Nair. O rádio entre as montanhas: histórias, teorias e afetos da radiofonia mineira. Belo Horizonte: Fundac, 2010.
SEVCENKO, Nicolau. Historia da vida privada no Brasil Republica: da belle époque à Era do Rádio. São Paulo: Schwarcs, 1999.

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