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7] Filhotes e SAP

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quarta-feira, 23 de outubro de 2013
DIÁRIO DE AULA: FILHOS
FRALDAS, NINHO E CHUPETAS:
           A FAMÍLIA NUCLEAR COMPLETA              
        Quem casa quer casa, diz o dito popular. Pois é, casamento parece representar a criação de um novo ninho, uma nova morada, uma nova família nuclear. Epa, perá aí! Mas desde o inicio não dizíamos que família nuclear era aquela constituída de um casal com filho(s)? Também não definimos, para efeito operacional da disciplina, que família era um grupo de pessoas ligadas por laços de parentesco que se incumbe da criação da prole...? Pois é, tá faltando algo. Tá faltando filhos ao casal. Claro que há casais que decidem não ter filhos, ou não podem e não querem adotar. Sim, é verdade. Mas a maioria das pessoas se casam não somente para casarem, mas para construírem eles mesmos suas próprias famílias, incluindo filhos. É como aquele quase mandamento bíblico: crescei e multiplicai-vos. Aliás, não só bíblico, afinal se crescêssemos e não gerássemos filhos não haveria humanidade.
       Vamos, então, abordar a chegada de um filho ao contexto do casal. Onde antes eram dois (díade) agora são três (tríade). Isto se não muda tudo, muda muita coisas, afinal não é a toa que o nascimento dos filhos é uma das etapas fundamentais do ciclo de vida familiar. E não custa nada lembrar ao leitor um pouco esquecido que cada fase evolutiva do ciclo familiar de vida é um período de crise (crise normativa), no sentido adaptativo do termo.
      O nascimento de um filho, e mais ainda do primeiro filho, é um acontecimento significativo no seio do casal e da família ampliada. Todo mundo acrescenta mais um grau de parentesco, ou seja, os cônjuges viram pais, os pais do cônjuges viram avós, os irmão dos cônjuges viram tios, e assim por diante.
        Para muitos a chegada do rebento é um momento maravilhoso, mas é igualmente um momento tumultuado em grau maior ou menor, dependendo das circunstâncias e do casal. Por mais que os futuros pais se preparem para a chegada do herdeiro, nunca nenhum adulto está plenamente preparado para as tarefas e funções que a progenitura nos traz. É necessário um tempo maturativo para que os membros do casal aprendam a lidar melhor com as novas competências. Engravidar e parir não acaba com a boa vida do casal, mas modifica radicalmente a vida antes vivida sem filhos. Digamos que não engravidamos e parimos apenas prole ou filhos, mas também uma nova forma de se viver.
        Maternidade e paternidade são vividas de maneiras diferentes. O pai, o homem do casal, frequentemente sente-se como que excluído de uma relação de maior intimidade e proximidade que é, inclusive, a maior relação de intimidade e proximidade que o ser humano pode ter: mãe-bebê. Filhos não só nascem, mas provocam mudanças na vida e na personalidade dos pais. Como pais eles terão a oportunidade de reverter suas próprias experiências de filhos, só que agora assumindo o outro lado da mesa, isto é, sendo eles (que um dia foram crianças, filhos) os pais dessa nova história que começa. Mas será que começa? Ou será que é uma continuação de uma história antecedente?
                O que sabemos é que na chegada de um filho tem ele, de início, três destinos:
                - há espaço afetivo para ele no seio do casal;
                - não há espaço afetivo para ele no seio do casal;
                - ele vem ocupar um espaço afetivo vazio no casal ou em um dos cônjuges.
                Enquanto na primeira hipótese há clara aceitação do filho e da paternidade e na segunda rejeição, a terceira é mais sutil e camufla a rejeição. Uma proximidade excessiva do casal ou de um dos cônjuges com o filho (superproteção, por exemplo), pode revelar que este filho vem para preencher um vácuo na vida dos adultos.
                Seja como for a chegada de uma criança representa tanto uma mudança social quanto psicológica no casal. O nascimento é cheio de mistérios, medos e fantasias. Após o parto o primeiro cenário que se tem é frequentemente é uma forte aproximidade recém-nascido e mãe (preocupação materna primária) e, de certo modo, uma exclusão desta simbiose materna-filial da figura do pai. Alguns pais têm que lutar por essa sensação de perda e exclusão, até que a família se acomode às mudança e vá encontrando um lugar para ele. A díade do casal muda seu eixo para uma díade mãe-filho, e finalmente transforma-se em uma tríade psicologicamente falando.
          A respeito do acima exposto, vide PATERNIDADE: VIVÊNCIA DO PRIMEIRO FILHO E MUDANÇAS FAMILIARES, de Márcia Jager e Cristiane Bottoli: http://pepsic.bvsalud.org/scielo.php?pid=S1516-36872011000100011&script=sci_arttext.
                Resumamos a questão:
                - a chegada do primeiro filho geralmente mobiliza mais do que a chegada dos seguintes;
                - inaugura-se uma nova família (nuclear);
                - há uma mudança de status e de vida no casal;
                - o casal avança para uma nova etapa desenvolvimental (avança uma geração);
                - quem antes foi cuidado agora passa a ser cuidador;
                - as famílias de origem também acompanham o processo de transformação e novos papéis e funções familiares;
                - é preciso abrir um espaço físico e emocional para a chegada do filho;
                - reestrutura-se a base da família e os limites com as famílias de origem;
                - é necessário abrir espaço para as díades mãe-filho, pai-filho, marido-mulher;
                - cabe aos pais dos pais (agora avós) passarem a uma posição secundária, no sentido de permitir que seus filhos (agora pais) assumam e exercitem seus papéis e autoridade de pais;
                - não existe manual que ensine o casal a serem pais. Cada pai tem de aprender com seu filho a ser pai/mãe.
LEITURAS SUGERIDAS:
- GRAVIDEZ DO PRIMEIRO FILHO: PAPÉIS SEXUAIS, AJUSTAMENTO CONJUGAL E EMOCIONAL (http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0102-37722008000200002)
- A TRANSIÇÃO PARA A PATERNIDADE: DA GESTAÇÃO AO SEGUNDO MÊS DE VIDA DO BEBÊ (http://www.revistasusp.sibi.usp.br/scielo.php?pid=S1678-51772009000200008&script=sci_arttext)
- MATERNIDADE E PATERNIDADE: A PARENTALIDADE EM DIVERSOS CONTEXTOS (Editora Casa do Psicólogo)
- continua post abaixo -
Joaquim Cesário de Mello
quarta-feira, 30 de outubro de 2013
DIÁRIO DE AULA: ALIENAÇÃO PARENTAL
Nem todos os divórcios são amigáveis e consensuais. Há os litigiosos e aqueles que deixam marcas como mágoas e ressentimentos. Uma mágoa conservada e guardada por muito tempo se transforma em rancor e ódio. E uma pessoa rancorosa e com ódio deseja se vingar do objeto de seus sentimentos negativos.
Quando um pai ou uma mãe que é responsável pela guarda de seus filhos, devido a seus sentimentos raivosos com o outro genitor, utiliza dos filhos como instrumento de agressão e vingança frente a este, estamos no âmbito do fenômeno conhecido como ALIENAÇÃO PARENTAL. Os casos mais comuns estão relacionados a situações onde o progenitor detentor da guarda apega-se excessivamente à criança impedindo este de conviver com o outro progenitor. Tal genitor passa a desqualificar o outro, inclusive inventado inúmeras histórias inverídicas sobre o mesmo com vista a desacreditá-lo e desmoralizá-lo junto a criança.
Consciente ou inconscientemente o genitor alienante treina a criança para que rompa o laço afetivo com o outro genitor, criando assim danosos sentimentos de ansiedade e medo frente o genitor alienado. Isso é resultado de um subjacente ardor de vingança, tendo em vista o alienador não haver conseguido elaborar o luto da separação.
Tal treinamento é na verdade uma espécie de “lavagem cerebral” na criança, pois acaba por provocar o implante de falsas memórias. Nesta luta do genitor guardião pelo afeto do filho em detrimento do genitor não-guardião se oculta agressões mentais ao psiquismo da criança. Progressivamente vai se destruindo a imagem que o filho faz do pai alienado.
A alienação parental surgeno cenário dos divórcios litigantes, quando aquele cujo filho(a) fica sob seus cuidados não consegue distinguir o fim da conjugalidade com a parentalidade. O alienador frequentemente é a mãe – mais pelo fato de que é comum elas ficarem com a guarda dos filhos pequenos – podendo ser também um avô, um tio ou um parente que tenha a guarda legal ou de fato. 
Em 1980 o psiquiatra infantil americano Richard Gardner criou o termo SÍNDROME DA ALIENAÇÃO PARENTAL (SAP). A SAP é, segundo Gardner, um transtorno que acomete a criança que paulatinamente doutrinada pelo genitor guardião em uma base contínua acaba por ter repulsa ao seu outro pai. Ele assim descreve a SAP: “um distúrbio que surge principalmente no contexto de disputas de custódia da criança. Sua manifestação primária é a campanha do filho para denedrir progenitor, uma campanha sem justificativa. A desordem resultada da combinação da doutrinação pelo progenitor alienante e da própria contribuição da criança para o aviltamento do progenitor alienado".
De acordo com Gardner a síndrome se caracteriza pela apresentação dos seguintes sintomas:
         Campanha de difamação e ódio contra o pai-alvo;
         Racionalizações fracas, absurdas ou frívolas para justificar esta depreciação e ódio;
         Falta da ambivalência usual sobre o pai-alvo;
         Afirmações fortes de que a decisão de rejeitar o pai é só dela (fenômeno "pensador independente");
         Apoio ao pai favorecido no conflito;
         Falta de culpa quanto ao tratamento dado ao genitor alienado;
         Uso de situações e frases emprestadas do pai alienante; e
         Difamação não apenas do pai, mas direcionada também para à família e aos amigos do mesmo
Temos, assim, três figuras: o genitor alienante, a criança alienada e o genitor alvo.
O genitor alienante interfere nas visitações, ataca da relação afetiva do filho com o outro pai, denigre sua imagem e exclui este da vida da criança/adolescente. Já a criança alienada tende a manifestar sentimentos constantes de raiva e ódio contra o genitor alvo, inclusive se recusando a vê-lo. Cria-se nele crenças negativas sobre o genitor excluído.
A criança alienada é uma vítima. Caso desenvolva SAP tende a apresentar depressão e ansiedade, baixa autoestima, utilizar algum tipo de droga como forma de aliviar a dor de seu conflito, bem como pode ter dificuldade em manter, como adulta, relacionamentos estáveis e duradouros.
Há um interessante site denominado SAP que os interessados podem navegar à vontade: http://www.alienacaoparental.com.br/
Pode-se acessar a Lei 12318, de 26/08/2010 que rege sobre o tema: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2007-2010/2010/Lei/L12318.htm
Também não deixem de ver o documentário brasileiro A MORTE INVENTADA, cujo trailler pode ser visto em:  http://www.youtube.com/watch?v=lj43Pr2rFGE
Joaquim Cesário de Mello

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