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CAP. 03 Princípios Gerais e Fundamentais da Cirurgia - Clóvis Marzola

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CLÓVIS MARZOLA 
CAPÍTULO III 
PRINCÍPIOS GERAIS E FUNDAMENTAIS DA CIRURGIA 
151
CLÓVIS MARZOLA 
 
 
 
 
 
 
 
CAPÍTULO III 
 
 
 
 
 
 
 
 
“PRINCÍPIOS GERAIS E 
FUNDAMENTAIS DA 
CIRURGIA” 
 
 
 
 
 
 
 
 
Π 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 CLÓVIS MARZOLA 
CAPÍTULO III 
PRINCÍPIOS GERAIS E FUNDAMENTAIS DA CIRURGIA 
152
CAPÍTULO III 
 
PRINCÍPIOS GERAIS E 
FUNDAMENTAIS DA CIRURGIA* 
 
INTRODUÇÃO 
 
 Para toda e qualquer intervenção cirúrgica, torna-se necessário 
observar os princípios gerais capazes de levá-la a um bom termo. A assepsia e a 
anti-sepsia do paciente e do operador, bem como a esterilização e a desinfecção, 
devem ser perfeitamente estudadas, para prevenir-se contra infecções tão 
desfavoráveis, para o inteiro sucesso das intervenções. 
 A seleção do material e instrumental para determinadas intervenções é 
importante, pois nada deverá faltar na mesa cirúrgica. O conhecimento de cada um 
(arsenal cirúrgico), assim como a maneira como devem ser empunhados e usados, 
também, é de grande importância para o bom andamento da intervenção, da mesma 
forma que o é sua disposição na mesa auxiliar, que facilitará grandemente seu 
manuseio, reduzindo assim a duração das intervenções. 
 A visualização do campo operatório, o conforto do paciente e o 
descanso do profissional durante a intervenção devem ser, igualmente, objeto de 
estudo detalhado, por estarem diretamente ligados ao sucesso da intervenção. 
 
 
1. ASSEPSIA, ANTI-SEPSIA, 
ESTERILIZAÇÃO E DESINFECÇÃO 
 
 A intervenção cirúrgica compreende um conjunto de manobras 
realizadas pelo cirurgião, que constituem uma agressão aos tecidos vivos. Este 
traumatismo que se inicia com a incisão, produz uma quebra da continuidade dos 
tecidos, rompendo sua proteção natural mantida pelo epitélio, sendo expostos assim 
os tecidos internos ao meio ambiente. Se não forem tomadas precauções necessárias, 
esta região será facilmente invadida por microorganismos que normalmente ali já se 
encontram, bem como nos instrumentos usados. Como conseqüência desta invasão, 
o organismo deverá lutar contra mais este agente agressor, que muitas vezes 
acarretará infecções com complicações difíceis de serem combatidas. Num 
organismo debilitado a infecção poderá assumir proporções perigosas, sendo levada à 
corrente circulatória, com possibilidades de provocar bacteremia ou septicemia. 
 Com a finalidade de serem evitadas estas complicações, necessário se 
torna que todo o instrumental e material em contato com o campo operatório, bem 
como as mãos do operador, estejam isentos de microorganismos. 
 A pele, mucosa do paciente e mãos do operador devem ser objetos de 
cuidados especiais, pois cada centímetro quadrado contém aproximadamente dez mil 
bactérias de todos os tipos, destacando-se os estafilococos e os estreptococos. 
 
_____________________________________________ 
*AUTORES: 
 Prof. Dr. Clóvis Marzola 
 Prof. Dr. João Lopes Toledo Filho 
 CLÓVIS MARZOLA 
CAPÍTULO III 
PRINCÍPIOS GERAIS E FUNDAMENTAIS DA CIRURGIA 
153
 Além disso, o instrumental e material deverão ser preparados de tal 
maneira que não fiquem impregnados de partículas nocivas aos tecidos bucais, além 
de estarem, também, isentos de germes. Para serem seguidos rigorosamente estes 
preceitos, o conhecimento dos meios disponíveis e, como deverão ser empregados 
são imprescindíveis. Isto é possível através da assepsia, anti-sepsia, esterilização e 
desinfecção. 
 Surge então uma pergunta: 
 - Se há tantos microorganismos e, se existem tantas possibilidades de 
se infectar, como explicar que só alguns apresentam infecções ou doenças? 
 - Porque há sempre um equilíbrio entre resistência e infecção, há 
também, um equilíbrio entre a resistência do hospedeiro e a atividade patogênica de 
um microorganismo produzir a doença. 
 Nossa posição, portanto, não deve ser unicamente de expectativa nem 
a de deixar-se por conta do organismo a possibilidade de vencer ou não a luta contra 
os microorganismos. Existem meios para afastá-los e até eliminá-los e, quando 
assim se procede, executa-se uma desinfecção ou uma esterilização. 
 É importante lembrar que em qualquer ambiente cirúrgico: 
“Não somos os responsáveis pelos microorganismos que encontramos, 
mas o somos por aqueles que levamos”. 
 O uso de sulfas e antibióticos proporcionou extraordinários sucessos 
nos pós-operatórios, trazendo, entretanto um perigo, relacionado com o descuido na 
prática cotidiana dos métodos de esterilização, ou pelo menos o da atividade mais 
complacente de alguns profissionais, relativamente aos princípios rígidos da técnica 
da assepsia. Não se pode nem se deve transferir a responsabilidade de uma infecção 
após atos clínicos e cirúrgicos a determinado antibiótico, quando uma correta 
assepsia teria protegido melhor o paciente. 
 
TERMINOLOGIA 
 
 1. Assepsia é o conjunto de meios usados para impedir a penetração de 
microorganismos numa determinada área, constituindo-se assim no ideal de não 
infectar, sendo a base da cirurgia. 
 2. Asséptico é um meio isento de bactérias. As bactérias possuem a 
forma vegetativa que são encontradas na cavidade bucal e, mais facilmente 
eliminadas além dos esporos. São também encontradas as formas transitórias, 
adquiridas por contato e se aderem à pele, além das permanentes ou resistentes 
estáveis e resistentes normais. Biocida, que elimina as formas vegetativas 
bacterianas, esporos, fungos, bacilos, vírus lipídicos e não lipídicos. 
 3. Contaminação é o ato ou o efeito de contaminar-se, o contato 
preliminar entre o organismo vivo e o microorganismo. 
 4. Degermação é a remoção ou redução das bactérias da pele, seja por 
meio de ação ou limpeza mecânica através do uso de sabões, detergentes ou 
escovação, ou pela ação de agentes químicos. É aplicada sobre tecidos vivos, 
removendo a maior parte da flora microbiana transitória, com propriedades de 
umidificação, penetração, emulsificação e dispersão. 
 5. Descontaminação ou desinfecção prévia tem por objetivo proteger 
as pessoas que irão realizar a limpeza do material e instrumental. 
 6. Anti-sepsia é a inativação dos microorganismos, impedindo sua 
multiplicação, numa área de tecidos vivos na superfície do organismo. 
 CLÓVIS MARZOLA 
CAPÍTULO III 
PRINCÍPIOS GERAIS E FUNDAMENTAIS DA CIRURGIA 
154
 7. Anti-sépticos são substâncias que destroem os microorganismos 
patogênicos em seres animados à temperatura ambiente. 
 8. Áreas críticas são os locais onde existe a possibilidade real de 
contaminação através de matéria orgânica. Devem passar pelo processo de 
desinfecção constantemente e, como exemplo estão as salas de cirurgia ou centros 
cirúrgicos, salas de hemodiálise, laboratórios de anatomia patológica e análises 
clínicas, etc. 
 9. Áreas semicríticas são os locais ocupados por pacientes portadores 
de doenças não infecciosas ou de baixa transmissibilidade e como exemplos estão as 
salas de recepção, corredores de clínicas ou de hospitais, etc. 
 10. Áreas não críticas são aqueles locais com acesso proibido a 
pacientes ou ainda edifícios abertos ao público, como o saguão de hotéis, bibliotecas, 
escritórios, aeroportos, etc. 
 11. Instrumental crítico são aqueles instrumentos que penetram nos 
tecidos subepiteliais, na corrente vascular e, outros órgãos isentos de flora 
microbiana própria, devendo estar necessariamente esterilizados, como as agulhas de 
sutura de anestesia, lâminas, curetas cirúrgicas e periodontais, etc. 
 12. Instrumental semicrítico são aqueles instrumentos que entram em 
contato com a mucosa íntegra, saliva e eventualmente o sangue. Devem ser 
esterilizados ou desinfetados e, como exemplo pode-se citar o porta-amalgama, as 
moldeiras, a seringa tríplice, brocas, etc. 
 13. Instrumental não crítico entra em contatoapenas com a pele 
íntegra e diretamente com o paciente, devendo ser desinfetado e isento de agentes de 
doenças infectos transmissíveis, podendo-se encontrar as alças de RX e refletores, 
botões de controle de comando, armários, telefones, termômetros, etc. 
 14. Esterilização é a liberação de objeto, superfície ou ambiente pela 
destruição de todos os microorganismos, patogênicos ou não, quer em forma 
vegetativa ou esporulada. 
 15. Esterilizante é o agente físico ou químico capaz de produzir a 
esterilização. 
 16. Fomites são objetos inanimados capazes de causarem infecção 
cruzada através do contágio indireto como as mesas auxiliares, telefones, canetas, 
alça do RX, refletores, etc. 
 17. Infecção representa a reprodução, multiplicação e 
desenvolvimento de microorganismos, em um organismo altamente desenvolvido. 
 18. Infecção cruzada significa que houve infecção pela transmissão 
de um microorganismo, de um organismo para outro susceptível, podendo-se dar por 
quatro maneiras: a) de pacientes para o pessoal odontológico; b) do pessoal 
odontológico para os pacientes; c) de paciente para paciente via pessoal odontológico 
e, d) de pacientes para pacientes via fomites. 
 19. Micróbios são seres unicelulares patogênicos capazes de causar 
doenças, podendo ser bactérias ou vírus. 
 20. Microorganismos são seres somente visualizados com auxílio do 
microscópico, sendo que os patogênicos são capazes de produzir uma infecção. 
 21. Vírus são seres que se multiplicam no interior das células vivas, e 
visualizados em microscópio eletrônico, podendo transmitir doenças como a hepatite 
B, AIDS, caxumba, herpes, etc. 
 22. Desinfecção é a destruição dos microorganismos patogênicos, 
eliminando-os de seres inanimados, matando as formas vegetativas sem atingir os 
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CAPÍTULO III 
PRINCÍPIOS GERAIS E FUNDAMENTAIS DA CIRURGIA 
155
esporos, sendo realizada por meios físicos ou químicos, por ação bactericida ou 
bacteriostática. 
 23. Desinfetantes são substâncias que destroem os microorganismos 
patogênicos em seres inanimados à temperatura ambiente, desnaturando as proteínas 
celulares. 
 24. Equipamento de proteção individual (EPI) como gorro, máscara, 
óculos, luvas e aventais. 
 25. Esporos são bactérias que se protegem com um revestimento, ou 
cápsula protetora resistente, quando as condições do meio ambiente são 
desfavoráveis a elas, podendo resistir à ação de germicidas e alguns até a altas 
temperaturas. 
 Com todas estas definições e conceitos, pode-se concluir que não 
existe meio termo: “quase estéril” ou “parcialmente estéril”. Um objeto está ou não 
está estéril. 
 
CLASSIFICAÇÃO DOS PROCESSOS DE 
ESTERILIZAÇÃO E DESINFECÇÃO 
 
 Podem-se classificar os agentes esterilizantes e desinfetantes em três 
grupos de acordo com o processo de atuação dos mesmos: 1)Meios físicos, 2) Meios 
químicos e, Meios físico-químicos: gases. 
 1) Meios físicos: 
 1. O calor: Empregado na temperatura certa por tempo correto, 
constitui-se no mais importante esterilizante disponível, daí sua maior aplicação. 
Alguns fatores influem na esterilização pelo calor, como o tempo de exposição e, os 
fatores ligados diretamente aos microorganismos, como o número, o tipo na forma 
vegetativa ou esporulada, a idade por serem as células jovens aquelas mais 
vulneráveis. 
 Destes, a umidade é o principal fator influenciador na esterilização 
pelo calor, pois a presença ou a ausência desta umidade é que determinará a 
temperatura exata na qual os microorganismos serão inativados. A morte dos 
microorganismos ocorre quando há coagulação das proteínas bacterianas, no 
protoplasma das células vivas. Um exemplo básico da relação entre umidade e 
coagulação pode-se observar com a clara de ovo, na sua substância protéica: 
 Com 0 % de umidade a albumina se coagula a 160º / 170º C. 
 Com 6 % de umidade a albumina se coagula a 145º C. 
 Com 15% de umidade a albumina se coagula a 96º C. 
 Com 50% de umidade a albumina se coagula a 56º C. 
 Pode-se concluir assim que, quanto maior a umidade, menor a 
temperatura. 
 Existem dois tipos de utilização do calor-seco e úmido entre os 
métodos de esterilização pelo calor. Quando se utiliza o calor úmido pelo vapor, a 
ação esterilizante provém do calor latente liberado, quando ele se condensa sobre 
uma superfície atingida. No microorganismo sob a forma de esporo o vapor se 
condensa sobre sua parede, e sendo maior o conteúdo aquoso, pela hidrólise ele se 
desintegra. Quando se trabalha com o calor seco sem umidade, os microorganismos 
são mais resistentes ao calor, daí aumentar-se ou o tempo ou a temperatura de 
trabalho. Os microorganismos são destruídos quando ocorre a oxidação dos 
 CLÓVIS MARZOLA 
CAPÍTULO III 
PRINCÍPIOS GERAIS E FUNDAMENTAIS DA CIRURGIA 
156
constituintes celulares. Enfim, usam-se temperaturas muito altas, maiores do que 
aquelas necessárias para a coagulação das proteínas. 
 1.1 Calor úmido: 
 Pasteurização: 
• Este método, embora incluído como sendo de esterilização, é mais 
uma técnica de desinfecção, pois não destrói todas as formas vivas 
de microorganismos, em verdade elimina a maioria dos 
patogênicos. Assim, destroem microorganismos que contribuem 
para as doenças originários do leite, a brucelose, salmonelose, 
tuberculose e outras. Seu uso consiste no aquecimento a 63º C 
durante meia hora do material líquido, seguido de resfriamento 
rápido. Isto impede a multiplicação de microorganismos, que vem 
a ocorrer ao redor de 37º C que é a temperatura ótima. 
 Fervura: 
• Este método embora ainda utilizado, não oferece atualmente 
garantia de esterilização, por não destruir todos os 
microorganismos. Assim, as bactérias sob a forma de esporos 
(tétano, botulismo e gangrena) e os vírus da hepatite, resistem 
bem. Seria também este, mais um processo de desinfecção. 
• Uso: 100º C durante 30 minutos. 
• Desvantagens: Esta temperatura somente é alcançada ao nível do 
mar, o que já vem constituir uma limitação ao método, quando 
usado fora daquele nível. Como a temperatura de ebulição varia 
com a altitude, recomenda-se que este tempo deva ser aumentado 
20% em cada variação de 300 metros de altitude. Acarreta a 
oxidação, levando à corrosão de muitas peças. Depois da 
desinfecção, a possibilidade de contaminação é muito alta quando 
da retirada do material. 
• Observações: Deve-se observar imersão completa do objeto a ser 
fervido, para que ocorra um bom contato. A presença de bolhas 
de ar, gorduras, muco, sangue (soro), proteína impede um bom 
contato da água com o objeto. Portanto, o material deve estar 
sempre muito bem limpo. 
• O uso da água esterilizada é indicado em vez de água corrente, 
pois aquela evita a formação de depósitos de sais de cálcio no 
aparelho e no instrumental. 
• O acréscimo de 2% de carbonato de sódio reduz a ferrugem e 
destruição do corte; aumenta o poder germicida, servindo também 
para remoção de vestígios de material aderido ao instrumental, 
sendo que as borrachas e os vidros estragam-se. 
• A adição de detergentes catiônicos traz, da mesma forma, bons 
resultados. 
• Deve-se manter a tampa sempre bem fechada. 
 Vapor à pressão atmosférica: 
• Neste método emprega-se o esterilizador de Arnoud ou a própria 
autoclave com a válvula de escape aberta. 
• Uso: 100º C durante 30 minutos. 
 CLÓVIS MARZOLA 
CAPÍTULO III 
PRINCÍPIOS GERAIS E FUNDAMENTAIS DA CIRURGIA 
157
• Material: Aqueles que se alteram com temperatura maior que 100º 
C. A utilização deste método repetido durante três vezes 
sucessivas é chamada esterilização intermitente ou tyndallização. 
Os seguintes materiais podem passar por este processo: leite, 
soluções de açúcares, soro fisiológico. 
• Observação: Em relação às bactérias esporuladas contata-se o 
seguinte: inicialmente ocorredestruição das formas vegetativas e, 
caindo a temperatura, os esporos germinam. No segundo e 
terceiro aquecimentos há destruição das formas esporuladas. 
 Vapor saturado sobre pressão - autoclave: 
• O princípio físico aplicado à autoclave é o mesmo da marmita de 
Papin: água aquecida em recipiente fechado, ficando o vapor 
retido sob pressão, atingindo temperatura mais elevada que seu 
ponto de ebulição, sem entrar, contudo, em ebulição. Na 
autoclave, o que realmente esteriliza é o calor úmido, e não a 
pressão. 
• Como vantagem deste processo físico pode-se citar a alta 
eficiência, baixo custo, ser atóxico, prático e funciona como 
esporicida, podendo-se esterilizar materiais resistentes ao calor e 
umidade. O curto espaço de tempo para a esterilização, bom 
poder de penetração, e dependendo do seu tamanho comporta 
grande quantidade de material em seu interior. Seu princípio 
básico é a destruição dos microorganismos por coagulação 
irreversível das proteínas, e desnaturação de enzimas. São 
necessários para este tipo de esterilização quatro requisitos: a) 
vapor, b) pressão, c) tempo e d) temperatura. A temperatura ideal 
para a correta esterilização é de 15 a 30 minutos a 121º C, isto 
ainda dependendo do material e especificação do fabricante. 
• Vários são os modelos e tamanhos de autoclave: vertical e 
horizontal, sendo o horizontal usado para a esterilização de 
diversos tipos de materiais e, o vertical em laboratórios na 
esterilização de líquidos. A autoclave dispõe de válvulas de 
segurança, adaptadas ao orifício de escapamento do ar. É muito 
usada em laboratórios de bacteriologia e em hospitais, existindo 
tipos de autoclaves para esterilização de tecidos, campos, aventais, 
compressas de gaze em geral. 
• Este aparelho é constituído de uma câmara de vapor, que 
geralmente é produzido em caldeiras situadas a distância, e que 
por meio de outra válvula reguladora é admitido primeiramente à 
câmara externa, com a finalidade de aquecer a parede da câmara 
de esterilização e, a seguir, na câmara interna para a esterilização 
do material. O objeto da primeira operação é a condensação do 
vapor sobre a superfície interna da câmara ao ser admitida a ela 
num segundo tempo. A autoclave em geral é operada por um 
período de 30 minutos com pressão de vapor de 15 libras, que 
corresponde à temperatura de 121º C ou 250º F, sendo que esta 
temperatura deve ser regulada pelo termômetro e não pelo 
manômetro de pressão. 
 CLÓVIS MARZOLA 
CAPÍTULO III 
PRINCÍPIOS GERAIS E FUNDAMENTAIS DA CIRURGIA 
158
• Este processo assegura a destruição de todos os microorganismos 
na sua forma vegetativa ou esporulada. Nos últimos anos as 
autoclaves vêm sendo aperfeiçoadas, estando munidas de um 
controle automático, capazes de realizar todas as operações sem a 
intervenção humana, desde que estejam ligadas e, regulado o 
alarme para avisar que a esterilização está concluída. 
• O controle eficaz da temperatura, como já foi citado 
anteriormente, deve ser guiado pelo termômetro que marca a 
temperatura interna, e quando esta temperatura é controlada pelo 
termômetro acoplado ao manômetro, leva a erros de esterilização. 
O mais comum é a não esterilização do ar residual, o ar retido no 
aparelho quando é fechada a autoclave. Quando é colocada em 
funcionamento surge a pressão do vapor do ar residual, 
observando-se no manômetro a pressão recomendada, quando na 
realidade a temperatura ideal para a esterilização ainda não foi 
atingida. Quando o ar residual não é eliminado, a temperatura da 
mistura (ar+vapor) será menor que a temperatura de vapor puro, 
contudo apresenta a mesma pressão. Esta mistura ar + vapor, tem 
também menor poder de penetração, sendo que o ar residual forma 
determinados bolsões, e principalmente na parte inferior é mais 
pesado, impedindo a esterilização correta do material colocado a 
esse nível. 
• Material: Todo material constituído de fibras vegetais, tecidos, 
gazes, algodão, cones absorventes, fios de sutura com água. 
• Líquidos. 
• Artigos de borracha. 
• Instrumentos. 
• Observações práticas: Quando se pretende a destruição dos 
microorganismos de um instrumental cirúrgico contaminado, 
devem ser colocados numa bandeja com detergente catiônico ou 
solução de fosfato trisódico até cobri-los, usando-se a autoclave. 
Após o tempo de esterilização, descarregando o vapor 
rapidamente, o instrumental está devidamente esterilizado e limpo. 
Assim, consegue-se que o encarregado da lavagem de 
equipamentos trabalhe com maior segurança, isto porque na 
grande maioria dos ambientes hospitalares o instrumental sofre 
primeiro uma limpeza pelo encarregado e, em seguida, é que será 
esterilizado. A seqüência lógica é a seguinte: a) instrumental 
contaminado; b) esterilização + detergente; c) limpeza; d) 
esterilização. 
• A autoclave é menos nociva que a fervura para o instrumental. 
• Pacotes deverão sempre ser mantidos em posição vertical, não 
devendo ser muito grandes. 
• O instrumental para a autoclavagem nunca deverá ser lubrificado, 
mas sim muito bem limpo. 
• Tambores devem ser colocados e mantidos na horizontal, com 
musselina envolvendo todo o material como gaze e algodão, com 
os orifícios laterais abertos. 
 CLÓVIS MARZOLA 
CAPÍTULO III 
PRINCÍPIOS GERAIS E FUNDAMENTAIS DA CIRURGIA 
159
• Se os líquidos estiverem contidos em frascos muito grandes, sua 
porção central não é esterilizada. 
• Para o uso de cubas: num recipiente fechado de metal, que não 
permita a passagem de vapor, ele não entra em contato com o 
material, não cedendo seu calor latente, e em conseqüência nada é 
esterilizado. Pode-se, portanto deduzir que o material esterilizado 
em cubas é quanto muito desinfetado, pois na verdade o processo 
é suficiente apenas para destruir a maioria dos microorganismos 
patogênicos, mas não todos. 
1.2 Calor seco: 
 Incineração: 
• Uso: Carbonização do material infectante. 
• Material: Gaze, algodão, guardanapos, campos, animais 
inoculados com microorganismos patogênicos, fragmentos de 
tecidos ou órgão. 
• Observação: O material deve ser envolvido em papel-jornal, pois 
além de absorver umidade, protege o encarregado de sua 
manipulação. 
 Incandescência: 
• Uso: Aquecimento ao rubro. 
• Material: Alça de platina que na clínica não tem muita aplicação. 
A esterilização pelo calor seco propriamente dita compreende 
duas formas: a) flambagem e, b) ar quente. 
 Flambagem: 
• É o meio mais simples de esterilização de instrumental, que deve 
ser aquecido diretamente ao rubro no bico de Bunsen. Na técnica 
bacteriológica, utiliza-se para esterilizar a alça de platina, pipeta, 
brocas e, tubos de balões em que se faz semeadura. Usar de 
preferência a chama azulada que possui maior temperatura, sendo 
mais prática. É contra-indicado flambar agulhas hipodérmicas ou 
qualquer outro tipo de agulha com finalidade de esterilizar, visto 
que na luz da agulha não pode ser obtida a temperatura 
esterilizante. 
 Ar quente - estufa ou forno de Pasteur: 
• O forno de Pasteur leva o nome do próprio autor. É um recipiente 
retangular de paredes duplas e internamente revestidas de amianto, 
sendo aquecido por uma coroa de bicos de gás ou eletricidade. 
Em seu interior existem prateleiras móveis, sendo que na sua parte 
superior há orifícios para a ventilação, além de outro orifício em 
que é colocado termômetro graduado até 200º C. 
• O material aqui colocado será esterilizado a 160-180º C, durante 1 
hora. O papel que protege o material ou instrumental, além de 
tampões de algodão, adquirem coloração parda, contudo não 
devem escurecer muito nem se tornarem quebradiços. Deixa-se 
esfriar por si antes de retirá-lo, pois a abertura do forno ainda 
quente provoca grande variação da temperatura dentro da própria 
estufa, podendo com istotornar o material quebradiço, ou mesmo 
quebrá-lo. 
 CLÓVIS MARZOLA 
CAPÍTULO III 
PRINCÍPIOS GERAIS E FUNDAMENTAIS DA CIRURGIA 
160
• O método da estufa é eficaz, entretanto exige cuidadosa 
fiscalização, por variar muito a temperatura dentro da própria 
estufa, de um ponto para outro. 
• As estufas aquecidas a gás são talvez menos satisfatórias e, 
mesmo as elétricas só funcionam adequadamente quando providas 
de um ventilador para fazer circular o ar quente. O mecanismo 
deste tipo de esterilização dá-se pela oxidação de células secas. O 
uso do vapor seco limita-se à esterilização de material ou 
instrumental incapaz de restituição corrosiva ou hidrolizadora do 
calor úmido, tais como instrumentos cortantes, seringas e produtos 
anidros como a glicerina, óleos, etc. 
• Vantagens: Material em que o vapor não penetra. Material em que 
a umidade é nociva. Para instrumental cortante. 
• Desvantagens: Lenta penetração do calor. Tempo mais longo. Alta 
temperatura que às vezes é nociva. 
• Observação: A 160º C não prejudica o fio de determinados 
instrumentos. O calor seco é usado para a esterilização dos 
seguintes materiais: 
• Agulhas hipodérmicas: a 160º C durante 120 minutos, podendo ser 
colocadas em tubos especiais. 
• Agulhas de sutura: a 160º C durante 60 minutos, sendo as agulhas 
esfriadas em gaze enrolando-se em musselina. 
• Gaze vaselinada: a 160º C durante 150 minutos, com quantidade 
limitada a 20 tiras de 5 x 20 m e não mais de 120 g de vaselina, 
em caixas para sonda de 6,5 x 20 x 3 c/c. 
• Glicerina: a 170º C durante 60 minutos, com uma quantidade 
limitada a uma camada de 6 a7 mm, aproximadamente 30 c/c, em 
balão de Erlemeyer de 200 c/c. 
• Instrumentos com bordas cortantes: a 160º C durante 60 minutos, 
sendo que o instrumental deve ser limpo e livre de óleo ou 
gordura, e colocado em caixas metálicas abertas ou em bandejas. 
• Óleo: a 170º C durante 60 minutos a 160 - 120º C, sendo que a 
quantidade deve ser limitada a uma camada de 60 mm 
(aproximadamente 30 c/c), em balão de Erlemeyer de 200 c/c. 
Peróxido de zinco: a 140º C durante 4 horas. Para aplicação 
clínica a quantidade deve ser limitada a 15 ou 20 g em recipiente 
adequado. 
• Pós (sulfanilamida, sulfapiridina e sulfatiazol): a 170-160º C 
durante 4 horas. Quantidade limitada a uma camada de 6 a 7 mm 
(aproximadamente 30 g) em placa de Petri, pote para pomada ou 
outro aparato semelhante. 
• Seringas (em pacotes): a 160º C durante 60 minutos. As seringas 
devem ser desmontadas e enroladas em musselina. Agulhas 
enfiadas num pedaço de gaze podem ser incluídas no pacote. 
• Sulfas em pó: a 140º C durante 3 horas. Quantidade limitada a 4 
ou 5 g em envelopes de paredes duplas, ou em tubos de ensaio 
fechados com algodão. 
 CLÓVIS MARZOLA 
CAPÍTULO III 
PRINCÍPIOS GERAIS E FUNDAMENTAIS DA CIRURGIA 
161
• Vaselina líquida: a 170º C durante 60 minutos, e 160º C durante 
120 minutos. A quantidade deve ser limitada a uma camada de 6 
a 7 mm (aproximadamente 30 c/c) em balão de Erlemeyer. 
• Vaselina sólida: a 170º C durante 60 minutos e, 160º C durante 
120 minutos. A quantidade de ser limitada a uma camada de 60 
mm (aproximadamente 30 c/c) em placa de Petri ou outra vasilha 
semelhante (pirex ou tampa). 
• Vidraria: a 160º C durante 60 minutos. As peças devem estar 
limpas e livres de óleo ou gordura. 
• Algumas sugestões: Para proteger de contaminação pós-
esterilização o material ou instrumental que vai ao forno, um 
ótimo recurso é envolvê-lo com papel Kraft. Convém marcar o 
dia da esterilização e o nome do instrumento. As seringas podem 
ser esterilizadas com o êmbolo em seu interior envoltas em papel 
Kraft. A esterilização das agulhas se faz interiormente nos tubos 
de ensaio pequenos, com ou sem algodão no fundo, protegendo-as 
com um tubo de plástico pequeno e transparente. 
 1.3 Filtração: velas, filtros de asbestos e membranas filtrantes: 
 1.4 Radiação tipo não ionizante: raios ultravioletas e 
infravermelhos: 
 1.5 Radiação ionizante: raios gama e elétrons de alta energia: 
• A esterilização é realizada em temperatura ambiente, pela ação 
dos raios gama e/ou cobalto 60. Artigos para a implantodontia são 
exemplos de materiais esterilizados por este processo. A maior 
desvantagem é o alto custo. 
 2) Meios químicos: 
• O termo “estéril” não deve ser empregado para designar o 
resultado da ação dos agentes químicos, pois na prática não há 
destruição de todos os germes. A designação correta seria 
“desinfecção química” e, não “esterilização química”. Os 
desinfetantes químicos de uso prático não destroem todos os 
esporos bacterianos, incluindo os patogênicos. Entretanto, na 
literatura especializada, encontram-se já alguns desinfetantes que 
são classificados como esporicidas. Entre eles, destaca-se a 
solução aquosa ativada de glutaraldeído a 2% (Cidex da Johnson 
& Johnson). 
• Mecanismo de ação: Os agentes químicos são em sua grande 
maioria venenos protoplasmáticos, causando, a desnaturação das 
proteínas; hidrólise; formação de sais insolúveis com proteínas; 
oxidação; aumento de permeabilidade; bloqueio de enzimas; 
formação de potencial de oxi-redução inadequada. 
• Qualidades do agente químico: O agente químico ideal seria 
aquele que apresentasse as seguintes propriedades: 1. Ação 
antimicrobiana de largo espectro, tanto in vitro, como in vivo. 2. 
Atuação rápida em fracas concentrações. 3. Não inibir defesas 
naturais do hospedeiro. 4. Não ter sua ação inibida pela presença 
de soro, pus ou muco. 5. Ser ativo à temperatura e pH normais. 6. 
Não ser corrosivo. 7. Ser insípido e inodoro. 8. Ser solúvel em 
água. 9. Ser quimicamente estável. 10. Ser econômico. 
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CAPÍTULO III 
PRINCÍPIOS GERAIS E FUNDAMENTAIS DA CIRURGIA 
162
• Fatores que interferem na desinfecção química: Contato - limpeza. 
Poder de contato - poder umectante - tensão superficial. 
Concentração - material a seco. Tempo. Temperatura. pH. Matéria 
orgânica. Número de organismos. 
 Agentes químicos mais usados na prática: 
 2.1 Álcoois: Etílico, isopropílico, triclorobutanol: 
• Na concentração de 70 ou 77% são germicidas tendo pouca ação 
residual evaporando rapidamente. São bactericidas eliminando as 
formas vegetativas. Têm ação fungicida e virucida para alguns 
vírus, além de ser cáustico, irritando e ressecando a pele. Na 
presença de matérias orgânicas são inativados. A concentração 
oficial como anti-séptico é a de 70% peso/volume ou 77º GL 
(v/v). Para observação desta concentração utiliza-se o alcoômetro. 
Para serem feitas diluições dos álcoois, é necessário conhecer sua 
concentração em peso. O alcoômetro indica apenas a 
concentração do álcool em volume. Como explicar a não-infecção 
da pele em maior escala, se a maioria dos profissionais emprega o 
álcool 96 GL na anti-sepsia ? - A não-infecção deve-se mais à 
resistência do indivíduo (a pele), do que à ação do álcool 96 GL 
ou 42 Cartier. Na literatura especializada há trabalhos 
demonstrando que a fricção com gaze embebida em álcool a 70 
GL corresponde a seis minutos de escovação. Outros ainda 
afirmam que a fricção de gaze durante 3 minutos com as mãos e 
antebraços imersos em álcool a 70 GL reduz 97% da flora 
bacteriana. 
• Observação: o álcool não atua sobre os esporos. 
 2.2 Aldeídos: 
Formaldeído, formol e glutaraldeído: 
• O formaldeído é eficaz na eliminação de bactérias, fungos e 
vírus, sendo um potente germicida, entretanto é tóxico aos tecidos 
em concentrações ideais (8% em álcool e 10% em solução 
aquosa), podendo provocar dermatite e reações alérgicas. Sua 
ação é lenta, sendo que o tempo preconizado para produzir uma 
desinfecção é de 30 minutos, e a partir de 18 horas é também 
esporicida. É um produto volátil, desprendendo odor e gases 
irritantes.Para alguns metais é corrosivo. É encontrado em forma 
de pastilhas, sendo, entretanto inadequadas como desinfetantes. 
Pode-se citar como exemplo o Germekil. 
• O formol é irritante para pele e mucosa e sua ação está 
diretamente relacionada à umidade relativa. Assim, na sua forma 
em tabletes, deve ser empregado em ambientes fechados com a 
temperatura mínima de 60º C e, umidade maior que 60% num 
tempo maior que 20 horas. Todo material desinfetado por esta 
substância deve ser lavado anteriormente ao seu uso, com água 
esterilizada ou esperar que a substância evapore-se (exemplo os 
fios de sutura). 
• O glutaraldeído comparado com o formaldeído, sua potência é de 
2 a 8 vezes superior. Quando usado por mais de 12 horas tem o 
poder de esterilização, mas normalmente é utilizado por 30 
 CLÓVIS MARZOLA 
CAPÍTULO III 
PRINCÍPIOS GERAIS E FUNDAMENTAIS DA CIRURGIA 
163
minutos, sendo apenas um desinfetante. Algumas embalagens 
segundo o fabricante, podem permanecer por até 28 dias. Na 
presença de matéria orgânica, não sofre qualquer alteração. 
Podem-se desinfetar as peças de mão que não são autoclaváveis. 
Após a imersão do instrumental obedecendo ao tempo 
preconizado procede-se à limpeza dos mesmos com água 
esterilizada ou soro fisiológico, pois pode irritar a pele e a mucosa. 
Como exemplo pode-se encontrar o Cidex e o Glutarex. 
Normalmente estes produtos têm uma alta atividade germicida, 
não sendo corrosivos. É muito eficaz contra quase todos os 
microorganismos e entre eles o HBV e HIV. Alguns exemplos de 
materiais que podem passar por este processo estão o enxerto de 
acrílico, cateteres e, tubos de borracha. 
 2.3 Halogênicos: 
• Cloro: ou hipoclorito de sódio ou o líquido de Dakin, é um 
potente germicida e, de baixo custo e seu uso contínuo é irritante 
para a pele. São considerados agentes alvejantes e, dissolvem a 
matéria orgânica como os coágulos sangüíneo e material 
necrótico, contudo têm um poder reduzido na presença destes. 
Além de serem irritantes para a pele, são corrosivos para os 
metais, provocam a descoloração de tecidos, são instáveis, 
devendo-se assim proteger o frasco da luz solar e do calor. 
Normalmente são utilizados nas concentrações de 0,5% e de 1,0%. 
Os nomes comerciais são: Líquido de Dakin 0,5%, Solução de 
Milton 1,0% e Virucid a 1,0%. Têm ação sobre o vírus da AIDS. 
Sua diluição deve ser efetuada no momento de sua utilização, daí 
um dos inconvenientes. Ele inativa o vírus HIV em 5 minutos e o 
Micobacterium tuberculosis em 30 minutos. 
• Iodo: É bactericida, tuberculicida, fungicida e, também para 
alguns vírus. Alguns autores preconizam a remoção parcial do 
PVPI para aumentar sua ação residual. São produtos de baixa 
toxicidade, podendo reduzir em até 85% da população bacteriana 
existente. Na presença de matéria orgânica têm sua eficiência 
reduzida. Aplicações repetidas podem ocasionar uma dermatite de 
contato, podendo manchar e corroer certos instrumentos. Como 
exemplo pode-se encontrar o PVPI tópico e o Povidine tópico. 
• Solução aquosa ou alcoólica de iodo - a tintura: É mais 
penetrante, mas também mais irritante, não devendo ser usada em 
pessoas sensíveis. 
 2.4 Agentes ativos em superfície: 
Compostos aniônicos, catiônicos e, aniônicos anfolíticos: 
• Os compostos aniônicos liberam ions com carga negativa. 
• Os compostos catiônicos são bactericidas para bactérias gram 
positivas e negativas, não eliminando o bacilo da tuberculose, 
vírus e esporos. Também são inativados na presença de matéria 
orgânica. Como exemplo pode-se encontrar no mercado o 
Germekil, e sua ação consiste em liberar ions com cargas 
positivas. 
• Os compostos não iônicos não se dissolvem em solução aquosa. 
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CAPÍTULO III 
PRINCÍPIOS GERAIS E FUNDAMENTAIS DA CIRURGIA 
164
 2.5 Fenóis: 
Ácido carbórico, cresóis, xilóis, clorofenóis, cloroxilenóis, bifenóis: 
• São os clorofenóis, ácido carbórico e os xilóis. O hexaclorofeno 
3% é bacteriostático, atuando contra as bactérias gram positivas, 
tendo baixa atividade na presença de matéria orgânica. São 
encontrados no mercado com o nome de Sabofen e Duplofen. A 
clorexidina 4% tem ação prolongada e rápida, sendo bactericida 
para bactérias gram positivas e negativas, mas ineficaz para o 
bacilo da tuberculose, esporos e vírus da hepatite. É de baixa 
toxicidade perdendo parte de sua eficiência na presença de matéria 
orgânica e, como exemplo encontra-se o Clorohex. 
 2.6 Corantes: 
Anilina, compostos de acridina - violeta genciana: 
 2.7 Sais metálicos: 
Mercuriais, cobre e, prata: 
• Podem ser citados o mertiolate e o mercúrio cromo, que são 
germicidas fracos, não devendo ser usados para a desinfecção de 
instrumentos. 
 2.8 Detergentes enzimáticos: 
• São compostos que têm a propriedade de se localizarem na 
interfase. São agentes tensoativos e, estas substâncias apresentam 
um grupo solúvel em gordura e, outro grupo solúvel em água. Os 
detergentes enzimáticos de última geração apresentam em suas 
fórmulas enzimas, facilitando a remoção de sujidade como 
gorduras e matéria orgânica. No mercado podem ser encontrados 
com o nome de Endozime. 
 3. Meios físico-químicos: 
 3.1 gás de óxido de etileno (ETO): 
• Muito embora haja sido descoberto em 1950 por Saul Raye, 
somente nestes últimos anos sua utilização tem sido mais intensa. 
É o mais aceitável e eficaz agente esterilizante de todos os 
procedimentos de esterilização. Atua sobre numerosos aparelhos, 
substâncias e até mesmo em certos instrumentos que com outros 
métodos poderiam ser danificados, como por exemplo, os 
plásticos em geral. Sua maior desvantagem é o alto custo, 
devendo ser utilizado para artigos que não podem ser 
autoclavados. Como vantagens pode-se citar que é um método 
que não necessita altas temperaturas tendo grande poder de 
penetração, matando todas as bactérias. Suas características 
principais podem ser constatadas como sendo uma substância 
incolor, inflamável e explosiva, e por esta razão o perigo de 
explosão e de fogo, contudo este produto afeta a camada de 
ozônio, sendo sua comercialização proibida. A atividade 
antimicrobiana do ETO resulta da substituição dos átomos de 
hidrogênio por um grupo alquila de proteínas, o DNA e o RNA, 
impedindo o metabolismo e a replicação das células. Sua ação 
depende da concentração do gás, temperatura, umidade e tempo de 
exposição. O ideal é ter-se de 450 a 1200 mg/l, de 29º C a 65º C e 
de 2 a 5 horas. Entre os materiais que podem sofrer este processo 
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CAPÍTULO III 
PRINCÍPIOS GERAIS E FUNDAMENTAIS DA CIRURGIA 
165
estão: marcapasso, próteses, equipamentos de hemodinâmica, 
acessórios de respiradores, etc. É necessário após a esterilização 
com o ETO, de um tempo mínimo de arejamento, sendo de 6 
horas para as borrachas e materiais plásticos finos; de 24 horas 
para borrachas e materiais plásticos grossos; de 4 dias para marca-
passos internos; de 7 dias para luvas, cateteres e outros materiais 
em invólucros plásticos e de 7 horas para qualquer tubo utilizado 
em cirurgia cardíaca. Enfim, o maior risco na esterilização pelo 
ETO é a aeração inadequada. 
 3.2 formaldeído: 
• Já foi explicado no 2.2 entre os aldeídos. 
 
SOLUÇÕES DESINFETANTES E AGENTES ESTERILIZANTES 
MAIS UTILIZADAS NA PRÁTICA 
 
• Dermoiodine ou povidine degermante: é uma solução detergente 
à base de iodo ativo, cujo veículo é o PVPI a 10% ou seja, 
polivinilpirolidona. Sua ação é por contato, sendo que após 
mergulhar as mãos na solução ou após friccioná-la na pele do 
paciente, deve-se deixar em contato por dois minutos antes de 
enxugá-la com toalha estéril. 
• Dermoiodine ou povidine tópico: sendo a base a mesma que o 
anterior, somente sendo modificada a ação emoliente ou 
degermante para atintura, em que a substância cora as mucosas, 
por pequeno período de tempo. Não se dissolve facilmente na 
presença de água e outros líquidos. É utilizado para a anti-sepsia 
das mucosas. 
• Sterylderme: é um anti-séptico concentrado, incolor e 
tensoativos, sendo usado na anti-sepsia pré-operatória das mãos e 
braços do cirurgião. Para isto deve-se diluir 10 c/c em 1 litro de 
álcool e imergir os braços e mãos na solução ou espalhar sobre a 
pele, deixando-se em seguida secar. É germicida para material 
não metálico como borrachas, plásticos e vidros após diluição de 
10 c/c em 1 litro de água. 
• Soapex com HTC o hexaclorofeno e triclorocarbalinídica é um 
sabonete anti-séptico e detergente, sendo usado na anti-sepsia das 
mãos e braços, molhando-se a pele, usando-se como sabonete 
comum por 2 minutos e em seguida enxugar. 
• Marcus 88 é um desincrostante do material cirúrgico, quando 
principalmente sangue, pus e muco, não são facilmente 
despregados e dispensados. É usado para a limpeza do 
instrumental cirúrgico, agulhas, plásticos, seringas, vidraria e 
borrachas, com uma colher-medida de Marco 88 em 1 litro 
d’água. 
• Cidex é uma solução aquosa de dialdeído ativado de ação rápida, 
não corrosiva, não manchando e, além de inibir a ferrugem tem 
ação desinfetante e esterilizante, sendo usado para instrumentos e 
utensílios médico-cirúrgicos. Sua ação é esporicida, tuberculicida, 
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CAPÍTULO III 
PRINCÍPIOS GERAIS E FUNDAMENTAIS DA CIRURGIA 
166
virucida, bactericida, fungicida e pseudomonácida. A desinfecção 
ocorre em 10 minutos, matando todos os germes patogênicos nas 
formas negativas, inclusive o Mycobacterium tuberculosis e a 
Pseudomona aeroginosa. Sua utilização promove a esterilização 
em 10 horas no mínimo, matando assim todas as formas 
esporuladas patogênicas. 
• Duo-cide é um desinfetante, desodorizante, detergente e 
germicida. É um germicida para o chão, paredes, corredores, 
banheiros, vidros de janelas, etc. utilizando-se duas colheres de 
sopa de Duo-cide em um litro d’água, aplicando-o com pano ou 
esponja. Máscaras cirúrgicas, gorros e aventais devem ser 
mergulhados na solução por 10 minutos. 
• Germ pol, foi especialmente formulado para desinfetar todas as 
dependências dos hospitais e sanatórios para tuberculosos. 
 
ANTI-SEPSIA DAS MÃOS DO OPERADOR 
 
 Esta manobra requer grande esmero, pois a destruição dos germes 
nelas, é um problema muito difícil. De um lado, a escovação e desinfetantes 
poderosos provocarão irritações. Por outro lado, deve-se levar em conta, que os 
germes alojam-se nos interstícios da pele protegidos pela camada cutânea e, somente 
por meio de uma ótima anti-sepsia, lavação e escovação se conseguirá sua remoção. 
 As mãos e antebraço devem obrigatoriamente passar por um processo 
de degermação e anti-sepsia antes de qualquer procedimento, quer cirúrgico ou não. 
 A forma mais indicada para se efetuar corretamente este passo, e 
assim ter-se maior segurança na cirurgia, é a lavação acompanhada da escovação. 
Com sabonetes normais removem-se as bactérias transitórias e, com sabonetes 
específicos aquelas permanentes ou resistentes, sendo estas compostas por 
microorganismos que vivem e multiplicam-se na própria pele sendo de baixa 
virulência, e dificilmente causam uma infecção. As transitórias são passageiras e 
seus microorganismos são mais facilmente removidos, como os Staphilococcus 
epidermie e o aureus. 
 Os anti-sépticos aplicados na pele e mucosa classificam-se em dois 
tipos: 
• Os detergentes ou degermantes que têm como função remover 
detritos e impurezas sendo encontrados com os nomes comerciais 
de PVPI a 10% (1% de iodo ativo) e a Clorexidina a 4% (com 4% 
de álcool etílico) para aqueles casos em que existe alergia pelo 
iodo. 
• As soluções alcoólicas. 
 Os produtos indicados para a anti-sepsia das mãos e antebraços não 
devem irritar nem manchar a pele, sendo que a técnica preconiza os seguintes passos: 
• Remover todos os adornos de dedos, mãos, pulsos e antebraços. 
• Equipar-se com os EPIs. 
• Molhar os dedos, mãos, antebraços e cotovelos. 
• Submeter as superfícies aos produtos anti-sépticos. 
• Escovar com auxílio de uma escova de cerdas macias todas as 
regiões citadas, iniciando pelas unhas indo a direção ao cotovelo. 
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CAPÍTULO III 
PRINCÍPIOS GERAIS E FUNDAMENTAIS DA CIRURGIA 
167
Lembrar que não se deve voltar a escova para áreas que já 
sofreram a anti-sepsia. 
• Enxaguar com água corrente todas as superfícies escovadas de 
forma que a água escorra da ponta dos dedos em direção ao 
cotovelo. 
• Secar com campo ou papel toalha esterilizados. 
• Vestir avental cirúrgico. 
• Calçar luvas esterilizadas. 
 Deve-se sempre dar preferência aos papéis toalhas de cor branca, pois 
sua qualidade é superior àqueles de cor parda. 
 
Quadro III. I - Potência germicida de alguns anti-sépticos (PRICE, 1957). 
 
 
Porcentagem de redução da flora bacteriana de mãos e antebraço, 
120 segundos após sua aplicação: 
 
 
 Tintura de iodo a 7% 99,0% após 30’’ 
 Iodo a 2% em álcool a 77% v/v 97,5% 
 Iodo a 5% em água (solução de lugol) 98,5% 
 Iodo a 1% em álcool a 77% v/v 95,0% 
 Álcool a 77% v/v 90,0% 
 Nitromersol (Metafen) a 1:2000 (em álcool e acetona) 70,0% 
 Álcool a 50% p/v - acetona a 10% 54,0% 
 Merbromino (Mercurocromo) 1:50 (em álcool e acetona) 50,0% 
 Nitromersol (Metafen) 1:500 (em água) 40,0% 
 Cloreto de mercúrio (em álcool e acetona) .35,0% 
 Timersol (Mertiolate) 1:1000 (em álcool e acetona) 30,0% 
 Nitromersol (Metafen) 1:2500 (em água) 30,0% 
 Cloreto de mercúrio 1:1000 (em água) 20,0% 
 Timersol (Mertiolate) 1:1000 (em água) 18,0% 
 Sabão e água 10,0% 
 
 
 
LAVAÇÃO E ESCOVAÇÃO DAS MÃOS 
E DOS ANTEBRAÇOS 
 
 
 Após a devida paramentação, já estando com gorro, máscara e óculos 
de proteção, deve-se passar para a lavação e anti-sepsia dos antebraços e das mãos. 
Para que isto ocorra de maneira efetiva, as unhas devem estar sempre bem aparadas, 
devendo ser removidos todos os anéis, assim como pulseiras, relógios e outros 
objetos que possam interferir na realização adequada deste importante ato pré-
operatório. 
 Costuma-se dividir para isto o antebraço e as mãos em 3 terços, onde 
o nível de infecção aumenta, quando se caminha para a extremidade (mãos e dedos) 
(Fig. III. 1). 
 A partir desta divisão, existem duas técnicas de escovação: a primeira 
inicia-se pela área considerada como menos contaminada, caminhando-se 
progressivamente até atingir as unhas. Na outra ocorre exatamente o inverso. 
 CLÓVIS MARZOLA 
CAPÍTULO III 
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Fig. III. 1 - O nível de infecção aumenta no sentido inferior (C para A). 
 
 Inicialmente deve-se promover ensaboamento abundante das mãos e 
dos antebraços com sabão de coco e, em seguida com uma escova de cerdas macias, 
estéril ou mergulhada em solução bactericida, inicia-se a seqüência da escovação 
(Fig. III. 2). 
 A técnica consiste nos seguintes passos: 
• Escovar as unhas da mão. 
• Escovar a palma da mão e dos dedos. 
• Escovar o dorso da mão e dos dedos. 
• Escovar o antebraço até o cotovelo. 
• Remover completamente o sabão, deixando escorrer a água pelo 
cotovelo. 
• Enxugar as mãos com toalha esterilizada. 
 A escova utilizada deve ficar na pia sendo recolhida pelos 
funcionários da clínica e, na necessidade de repetição da manobra, será necessário 
utilizar outra escova desinfetada. 
 Antes de enxugar as mãos, o profissional deverá passá-las numa 
solução de Dermoiodine ou Povidine degermante. 
 Completada a seqüência da escovação das mãos e antebraços, deve-se 
mantê-los numa posiçãotal, que as mãos fiquem num nível mais alto que os 
cotovelos. 
 Deve-se enxaguar as mãos em água corrente, de tal maneira que venha 
a escorrer para os cotovelos. 
 CLÓVIS MARZOLA 
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Fig. III. 2 – Escovação enérgica em água corrente da ponta dos dedos e das unhas e ao redor delas. 
 
O ato de calçar as luvas segue o seguinte ritual (Fig. III. 3): 
• As luvas são apresentadas com as faces palmares voltadas para 
cima e com os punhos dobrados para fora, a fim de serem 
apanhadas sem tocar-lhes a face externa. 
• Ajeita-se a abertura da luva esquerda e os quatro últimos dedos 
penetram no interior da luva. 
• Após a introdução dos 4 últimos dedos nas suas respectivas 
aberturas, penetra-se com o polegar. 
• Os dedos são aprofundados até ficarem nos seus respectivos 
lugares. 
• Com a mão esquerda já enluvada, se pega com a mão direita na 
dobra da luva direita. 
• Os dedos da mão esquerda são introduzidos na dobra do punho e a 
face palmar externa da luva direita é apresentada para a introdução 
da mão direita. Notar o contato de luva com luva. A mão não 
pode contaminar a parte externa das luvas. 
• Os 4 últimos dedos da mão direita nas respectivas aberturas. 
• A mão direita já enluvada, notando-se o contato de luva com luva. 
• Apoiam-se os dedos da mão esquerda na dobra da luva direita a 
fim de tracioná-la sobre os punhos do avental, em toda a volta. 
• Mão e punho direitos completamente enluvados. 
• Apoiam-se os quatro dedos da mão direita na dobra da luva 
esquerda. Traciona-se e aplica-se a luva sobre os punhos do 
avental, em toda a volta. 
• Ambas as mãos e punhos enluvados, não deixando qualquer parte 
do punho do avental para fora. 
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B 
A 
Fig. III. 3 – (A e B) Aspectos parciais de como se coloca uma luva cirúrgica. 
 
 Do mesmo modo que se dá muita importância ao ato de calçar as luvas 
com técnica, torna-se necessário também, descalçá-las de maneira correta, pois a 
contaminação da luva poderá ser passada para o cirurgião ao final da cirurgia, através 
do contato com a luva contaminada (Fig. III. 4). 
 O problema da assepsia e anti-sepsia do paciente é também muito 
importante, por ser a cavidade bucal meio altamente contaminado. Aconselha-se 
fazer assepsia extra-oral com solução de Povidine ou Dermoiodine degermante da 
seguinte maneira: 
• Com gaze passa-se inicialmente a solução por toda a região da 
cavidade bucal extra-oralmente e, em seguida, repete-se a 
manobra de modo centrífugo. 
• A anti-sepsia intra-oral é realizada passando-se gaze embebida 
numa solução de Dermoiodine ou Povidine tópico em toda a 
cavidade bucal. 
 
 Desta maneira, o profissional estará em condições de iniciar a 
intervenção cirúrgica. 
 Para o paciente aconselha-se ainda o emprego de campos autoclavados 
na região do tórax, por ser o local em que o profissional está mais em contato com o 
paciente. Dependendo do caso, sendo também essencial, o profissional deverá 
colocar um turbante no paciente ou ainda o campo perfurado (Fig. III. 5). 
 CLÓVIS MARZOLA 
CAPÍTULO III 
PRINCÍPIOS GERAIS E FUNDAMENTAIS DA CIRURGIA 
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Fig. III. 4 – Seqüência de retirada de luva sem comprometer a pele do cirurgião. 
 
 
 
 
B 
 
 
 A 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Fig. III. 5 – (A) Anti-sepsia do paciente extra e intrabucal (B) e o paciente devidamente preparado 
para as manobras cirúrgicas. 
 CLÓVIS MARZOLA 
CAPÍTULO III 
PRINCÍPIOS GERAIS E FUNDAMENTAIS DA CIRURGIA 
172
MONITORAÇÃO DA ESTERILIZAÇÃO 
 
 O controle da eficácia dos métodos de esterilização e desinfecção deve 
ser monitorado seguidamente por meio de indicadores biológicos, químicos ou 
físicos. Um correto acondicionamento e armazenamento dos artigos, o controle dos 
equipamentos utilizados e, o uso correto dos agentes e meios da esterilização e 
desinfecção, também é de fundamental importância para se obter o sucesso nos 
tratamentos médicos e odontológicos. 
 Três são os processos utilizados: 
• Método físico: realizado a partir da observação física da 
temperatura, pressão e outros parâmetros. 
• Método químico, quando há mudança de cor de indicadores 
corados com tinta termosensível. 
• Método biológico que é o mais eficiente indicando se os esporos 
foram eliminados. Para o processo de esterilização que se 
preconiza o calor seco e o óxido de etileno, usa-se o Bacillus 
subtilis e, para o vapor o Bacillus stearthermophilus. O 
procedimento para este processo é submeter a tira com o esporo 
teste ao método de esterilização, depois cultivá-lo em meio de 
cultura adequado, incubando-o por 7 dias a 55º C e, caso haja 
crescimento bacteriano houve falha na esterilização. 
 As seguintes embalagens podem ser usadas: 
• Tecido de algodão cru duplo que são econômicos e duráveis. 
• Papel grau cirúrgico, o que melhor atende às exigências. 
• Papel Kraft branco, que é de baixo custo e descartável. 
• Caixas metálicas de alumínio ou de aço inoxidável. 
 A estocagem do material ou instrumental deve seguir algumas normas 
como ficar guardado em armários fechados, em áreas limpas e livres de poeira, sendo 
desaconselhável ficar próximo à pias, fontes de água e tubos de drenagem. Caso 
fique em prateleiras abertas o prazo de validade da esterilização chega a 7 dias, 
podendo chegar a 1 mês quando cobertos com plástico ou bolsa selada. 
 
DESINFECÇÃO 
 
 Alguns procedimentos são de extrema importância para diminuir o 
risco de infecção cruzada, entre os quais pode-se citar: 
• A utilização de aspiradores intra-orais de alta potência para a 
interceptação de aerosóis formados em procedimentos cirúrgicos 
ou não. 
• A solicitação para que os pacientes façam bochechos com 
soluções anti-sépticas antes de qualquer intervenção. 
• O uso de EPIs. 
• A remoção de todos os adornos como jóias, anéis, relógios, etc. é 
obrigatória. 
• Quando acontecer de derramar sangue no piso ou mesmo nas 
cuspideiras, deve ser imediatamente limpo com hipoclorito de 
sódio a 1% e, utilizar para a lavagem das mãos uma torneira 
 CLÓVIS MARZOLA 
CAPÍTULO III 
PRINCÍPIOS GERAIS E FUNDAMENTAIS DA CIRURGIA 
173
específica, de preferência com acionamento automático, evitando 
o contato com as mãos. 
 As barreiras que protegem os profissionais e pessoal auxiliar são os 
chamados de EPIs, podendo-se citar os gorros, máscaras, óculos de proteção, luvas e 
aventais, existindo também as barreiras para a proteção de superfícies, como as 
folhas de alumínio e plástico, além dos campos cirúrgicos ou não. 
 A anti-sepsia previne de bacteremia, diminui o número de 
microorganismos, diminui a contaminação pelo aerossol, sendo a microbiota oral do 
paciente também é reduzida. Realizada intra-oralmente pode-se usar clorexidina 
0,12%, iodo a 2% e, extra-oralmente o mais indicado é a solução de PVPI. Entre os 
agentes físicos citados na literatura como anti-sépticos aquele de maior importância é 
o uso do ultra-som na linha cervical ou o jato de bicarbonato. 
 Sabe-se que o uso de anti-sépticos e desinfetantes diminui o número 
de microorganismos locais e conseqüentemente o risco de infecção e infecção 
cruzada. Este procedimento tem como objetivo reduzir a intensidade da resposta 
inflamatória séptica adquirida da contaminação da ferida cirúrgica. 
 A desinfecção pode ser classificada em dois tipos: 
• Por imersão, quando o material ou instrumental é deixado imerso 
por um período de tempo preconizado pelofabricante. 
• De superfície, realizado na desinfecção da parte externa do 
material. 
 Um desinfetante ideal deve ter as seguintes qualidades: 
• Ação rápida. 
• Alto nível biocida. 
• Ação prolongada. 
• Estabilidade química. 
• Odor agradável. 
• Incolor. 
• Não produzir manchas. 
• Não ser corrosivo ao material. 
• Não irritar os tecidos vivos. 
• Não ser inativado na presença de matéria orgânica. 
 A partir do conceito de desinfecção, deve-se submeter a este processo, 
materiais e instrumentos que não possam ser esterilizados e assim, citam-se os 
seguintes exemplos: 
• Moldeiras e modelos devem ser desinfetados em imersão com 
hipoclorito a 1% durante 30 minutos e, diques de borracha com 
iodo a 1%. 
• Tubetes de anestésico devem ser imersos em álcool 70% por 3 
minutos, ou em clorexidina 0,5 % por 10 minutos. 
• Rx e cabos de refletores devem estar limpos e cobertos com 
película de pvc ou de plástico. 
• A luz solar tem importância na desinfecção do consultório 
odontológico, porque exerce efeito antibactericida. 
• Para as peças de mão é aconselhável dar preferência àquelas que 
possam ser esterilizadas, caso contrário, friccioná-las por 3 
minutos com álcool 70%, sendo este processo ineficaz para vírus e 
esporos, mas é bactericida contra certos microorganismos 
 CLÓVIS MARZOLA 
CAPÍTULO III 
PRINCÍPIOS GERAIS E FUNDAMENTAIS DA CIRURGIA 
174
encontrados na saliva e no sangue. Para remover-se sangue, 
aconselha-se o uso de água oxigenada. 
• Para brocas e materiais plásticos proceder à limpeza mecânica, 
removendo sujidade e imergí-los em solução desinfetante como o 
glutaraldeído 2%. 
 Pode-se concluir com a frase: 
 
 
NUNCA DESINFECTAR O QUE SE PODE ESTERILIZAR E 
O QUE PODE SER ESTERILIZADO, 
QUE SEJA ESTERILIZADO 
 
 
 Para a mesa cirúrgica o profissional deverá também colocar campos 
autoclavados duplos, não sem antes ter praticado uma desinfecção do local com o 
álcool. 
 
ARSENAL CIRÚRGICO 
 
 Observação e verificação de todo o instrumental e material cirúrgico é 
muito importante para o profissional. Por sua perfeita apresentação, uso e manuseio, 
além de sua distribuição na mesa auxiliar, chega-se a um bom termo numa cirurgia. 
Assim, conhece-se um bom profissional pela sua destreza no emprego de seu 
instrumental, na arrumação e disposição correta de sua mesa cirúrgica, bem como no 
aspecto em que se encontra esta mesma mesa cirúrgica no final da cirurgia. 
 São descritos a seguir alguns instrumentos e materiais mais utilizados 
em cirurgia bucal, assim como sua maneira de empunhá-los e como são corretamente 
usados: 
 
 1. Porta-agulhas: 
 São de certa forma, a mão do cirurgião, pois mediante este 
instrumento, são manuseadas as agulhas e os fios de sutura. Existem porta-agulhas 
de vários tamanhos e formas, adequados a determinados tipos de cirurgias e às 
especialidades cirúrgicas. O mais empregado em Odontologia é o de Mathieu, que 
possui nos ramos compridos a cremalheira para a fixação da agulha. Apresenta uma 
trava na extremidade do cabo longo, permitindo ao cirurgião executar manobras mais 
suaves e precisas. Sua ponta ativa pode ser com ponta de vídea que confere a este 
instrumento uma duração muito maior, além de um poder espetacular de aderência à 
agulha. Deve ser tomado da seguinte maneira: dentro dos ramos menores deve ser 
orientada a agulha no sentido que melhor convier ao cirurgião, devendo ficar sempre 
bem na extremidade do ramo e, este, bem próximo ao olho da agulha. Os ramos 
maiores, o cabo, são tomados com a palma da mão, sendo que a pressão exercida 
sobre eles determinará a fixação da agulha na cremalheira. 
 A agulha deverá passar sempre do tecido móvel para o fixo, devendo 
ser assim orientada no porta-agulhas. O seu empunhamento é dígito-palmar. A 
porta-agulhas de Hegar é também muito utilizado, de acordo sempre com as 
preferências individuais. O seu empunhamento é dígito-digital, em que os dedos 
anular e polegar ficam nos anéis e o indicador na articulação (Fig. III. 6). 
 CLÓVIS MARZOLA 
CAPÍTULO III 
PRINCÍPIOS GERAIS E FUNDAMENTAIS DA CIRURGIA 
175
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Fig. III. 6 – Empunhadura correta do porta-agulha de Hegar. 
 
 2. Agulhas: 
 São destinadas a passar fios através dos tecidos. O cirurgião poderá 
referir-se às agulhas baseado em alguns de seus elementos constitutivos, à sua forma 
ou ainda ao modo de manejá-las. 
 As agulhas são constituídas por ponta, corpo e olho, podendo ser: 
• Curvatura: curvas, semi-retas, retas e mistas. 
• Formato: prismáticas (cortantes) e cilíndricas (atraumáticas). 
• Uso: montadas com fio e para serem montadas. 
 É importante que a ponta da agulha seja aguda e afilada, pois assim 
penetrará mais facilmente nos tecidos, cujos elementos são afastados com o mínimo 
de traumatismo. 
 São conhecidos os seguintes tipos de agulhas: cônicas, lanceoladas, 
rombas e triangulares. A forma do corpo das agulhas é estabelecida pela sua secção 
transversal, podendo ser: redonda, triangular, plana transversal, plana lateral e 
completa. O olho poderá ser fechado ou aberto e, em cada um sua forma é variada: 
oval, circular e triangular. Aquelas agulhas que possuem o olho fechado apresentam 
alguma dificuldade para serem montadas, o que não ocorre com as de outro tipo. A 
abertura em algumas é posterior e em outras, lateral, sendo que nas primeiras, a 
pressão que se exerce com o fio separa o delgado aço da extremidade, que logo se 
fecha ao penetrar o fio. Nas agulhas de abertura lateral, o olho é aberto graças a um 
passador que excursiona movido por um botão ou alavanca. Sua dimensão é muito 
variada, podendo-se considerá-las dentro da seguinte escala: grandes: com mais de 
46 mm; médias: 45 a 36 mm; menores: de 35 a 26 mm; pequenas: de 25 a 16 mm e, 
as ínfimas: de 15 a 2 mm. 
 As formas que as agulhas podem apresentar são as seguintes: 
• Retas: com ponta cônica, olho fechado e corpo redondo (agulhas 
de costureira). 
• Lanceoladas: de secção completa (de Pauchet ou de Keith). 
• Atraumáticas: quando o fio já vem unido à agulha. 
 CLÓVIS MARZOLA 
CAPÍTULO III 
PRINCÍPIOS GERAIS E FUNDAMENTAIS DA CIRURGIA 
176
• Curvas: com ponta triangular, corpo plano-lateral e olho fechado 
(de Hagedorn). 
• Circulares: com ponta triangular, corpo aplanado, olho fechado ou 
aberto. 
 Existem ainda as agulhas de Meynihan, de Doyan, de Martin, de 
Mayo, que não têm muita aplicação em cirurgia bucal. 
 As agulhas retas e curvas devem ser tomadas com 3 dedos, de tal 
forma que seja possível seu firme manuseio e, tanto uma quanto a outra, após a 
passagem do fio, são usadas da seguinte maneira: toma-se com uma pinça de 
dissecção o lábio proximal da ferida, atravessando-o com a agulha, repetindo-se a 
manobra para o lábio distal, e assim sucessivamente, até terminar a sutura. 
 Para as cirurgias da boca, onde devem ser realizadas suturas delicadas, 
são empregadas sempre agulhas pequenas ou ínfimas, manejadas com o auxílio de 
porta-agulhas (Fig. III. 9). 
 
 3. Fios de sutura: 
 Uma das preocupações constantes do cirurgião é dispor de fios de 
sutura que sejam garantia para a união de planos e, para uma hemostasia perfeita. 
Assim, devem procurar fios que ofereçam maior resistência, menor calibre, máxima 
segurança de esterilização e, de baixo custo. 
 Qualquer um deles atuará como corpo estranho, provocando reação 
defensiva do organismo, que se traduzirá num processo de inflamação asséptica, cuja 
resultante fibrosa virá constituir o verdadeiro e definitivo elemento de união e de 
oclusão vascular. Entretanto, este processo inflamatório não tem a mesma 
intensidade e duração frente aos fios. Com efeito, segundo experiências de diversos 
autores, o categute produz edema e inflamação nas primeiras 48 horas, o mesmoocorrendo com o linho e, com menor intensidade a seda e o algodão. Por outro lado, 
a reação que provocam estes 3 últimos fios tende a desaparecer rapidamente, 
enquanto a do categute, somente desaparecerá após o décimo dia. 
 Os fios de sutura podem ser classificados em: 
• Absorvíveis e, 
• Não absorvíveis. 
 Os fios absorvíveis são todos de origem animal como o categute, o 
tendão de canguru, etc. Devido sua constituição albuminóide são facilmente atacados 
pelos fagócitos e seus fermentos, fazendo digestão em prazo variável, porém breve. 
Por esta razão são empregados para suturas e ligaduras na intimidade dos tecidos. 
 Os fios não absorvíveis podem ser orgânicos e metálicos. Os 
orgânicos, uma vez abandonados na intimidade dos tecidos, não são digeridos pelos 
fagócitos, contudo seus fermentos sofrem enquistamento, que não é prejudicial, 
desde que o fio tenha sido corretamente esterilizado. Caso contrário provocam 
reação tecidual inflamatória, muitas vezes tardia, a qual se abre no exterior, 
terminando somente quando desaparece o corpo estranho. 
 O material inabsorvível à base de seda, linho ou algodão é superior ao 
categute, como foi comprovado experimentalmente, razão pela qual, têm grande 
aplicação em cirurgia. Para empregá-los três itens devem ser resolvidos 
antecipadamente: 
• a eleição do fio: aqueles que possuem menor calibre são mais 
vantajosos porque se necessita de técnica suave para manuseá-los; 
• a esterilização; que pode ser realizada pela autoclave; 
 CLÓVIS MARZOLA 
CAPÍTULO III 
PRINCÍPIOS GERAIS E FUNDAMENTAIS DA CIRURGIA 
177
• o acondicionamento: que deverá ser efetuado enrolando-o em 
bobinas de vidro; 
• a técnica: pontos próximos uns dos outros. 
 A fim de serem cumpridos todos estes requisitos, é indispensável a 
utilização de instrumental delicado, tanto para a hemostasia quanto para as suturas. 
Assim, o pedículo é muito pequeno, as ligaduras exigem pouco fio e, sua 
aproximação se faz sem tensão e mais perfeitamente, sendo a cicatrização da ferida 
excelente. 
 Os fios orgânicos empregados são: seda, algodão, nylon e ainda o 
Dexon que é uma sutura sintética de ótima aplicação, além do Polivicryl que é uma 
poliglectina 910. 
 O fio de algodão mais utilizado em cirurgia bucal é o de natureza 
celulósica. É delgado, flexível, de fácil esterilização, muito barato e não irritante 
para as feridas, sendo, portanto, muito bem tolerado. Todas as pesquisas realizadas 
neste sentido revelaram tratar-se o algodão de um excelente material, notando-se 
ainda que as suturas realizadas com fios de nylon eram aquelas que apresentavam 
menor reação, assim como aqueles monofilamentados, cuja reação era menor do que 
aqueles multifilamentados. 
 Ao aplicar-se o fio de algodão é indispensável tomá-lo pelas suas 
extremidades, de tal modo que a zona central, aquela que fará a sutura, não seja 
contaminada. Nós feitos com este fio são mais firmes, pois não correm nem se 
desmancham. 
 Dentre os fios metálicos, investigações realizadas demonstraram que o 
tantalium é o melhor, sendo bem aceito pelos tecidos vivos, tanto normais quanto 
enfermos. A reação que provoca é mínima comparada com a de outros metais, sendo 
resistente e podendo ser seccionado e torcido, apesar de sua dureza. 
 O Dexon (polyglycolic acid suture synthetic, absorbable sterile) está 
sendo largamente utilizado em cirurgias gerais e, também da cavidade bucal, sendo 
que nos casos por nós realizados, foi observada sua ótima aplicação, principalmente 
nas intervenções em que há necessidade da sutura permanecer por um tempo maior. 
 Para melhor compreensão pode-se agrupá-los de acordo com sua 
origem, na indicação material e desvantagem. 
• De origem orgânica: 
• a. de origem animal: 
• Categute - simples e cromado; monofilamentar. 
• Indicação: suturas profundas, laqueadura de vasos, 
sínteses em locais sem infecção. 
• Material: absorvível, 8-10 dias de pós-operatório. 
• Desvantagem: pode desencadear reações alérgicas, 
de difícil esterilização, e podendo manter latente o 
bacilo tetânico. 
• Seda - multifilamentar, retorcido e trançado. 
• Indicação: já foi considerado o fio ideal e/ou mais 
empregado em suturas intrabucais. 
• Material: não reabsorvível. 
• Desvantagem: sua característica, aos 4 dias de pós-
operatório é que ele induz uma resposta 
inflamatória. 
 CLÓVIS MARZOLA 
CAPÍTULO III 
PRINCÍPIOS GERAIS E FUNDAMENTAIS DA CIRURGIA 
178
• b. de origem vegetal: 
• Algodão: fio multifilamentar, retorcido e pouco estirado: 
1.0, 2.0, 3.0, 4.0 e 5.0. 
• Indicação: suturas superficiais intrabucais, em 
exodontias, regularização de rebordos, onde não 
sejam necessárias as permanências de suturas além 
de 5 a 7 dias e detalhes estéticos. 
• Material: não absorvível. 
• Desvantagem: na cavidade bucal interfere no 
processo cicatricial, provocando áreas inflamadas e 
deposição de matéria alba (placa). 
• De origem sintética: 
• Poliéster - fio multifilamentar, traçado e estirado; Prolene, 
Mersilene 2.0, 3.0 e 4.0. 
• Indicações: suturas superficiais e em cirurgias 
parendodônticas. 
• Material: não absorvível. 
• Desvantagem: provoca reação inflamatória por 
tempo limitado. 
• Vantagem: apesar de apresentar reação 
inflamatória, há melhor aceitação pelo organismo e 
menor reação inflamatória inicial em suturas 
superficiais. 
• Nylon - fio monofilamentar; Mononylon, 2.0, 3.0, 4.0, 5.0, 
6.0, 7.0 e 8.0; Polipropileno. 
• Indicações: suturas de pele. 
• Material: não absorvível. 
• Desvantagem: provoca reação inflamatória de 
pequena extensão e por tempo limitado. 
• Vantagem: apesar de ser um fio ideal do ponto de 
vista biológico, deve-se concordar que tem a 
desvantagem de traumatizar a mucosa bucal. 
• PGA (ácido poliglicólico): fio multifilamentar e trançado. 
• Indicações: suturas profundas, internas. 
• Material: absorvível por hidrólise em 30 a 60 dias. 
• Desvantagem: acúmulo de indutos em suturas 
superficiais além do alto custo. 
• Poliglactina 910: multifilamentar trançado bem estirado, 
boa resistência à tração e fácil manuseio. 
• Indicações: qualquer tipo ou plano de suturas em 
estruturas intrabucais, inclusive nas condições mais 
delicadas de sutura e que possam requerer maior 
tempo de permanência. 
• Material: absorvível num período de 60 a 80 dias. 
• Vantagem: ótima compatibilidade tecidual, não 
oferecendo aderência de indutos (Fig. III. 7). 
 
 
 CLÓVIS MARZOLA 
CAPÍTULO III 
PRINCÍPIOS GERAIS E FUNDAMENTAIS DA CIRURGIA 
179
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Fig. III. 7 – Porta-agulhas montando a agulha com o fio correto. 
 
 4. Seringa tipo Carpule: 
 Empregada em cirurgia bucal para as anestesia intra-orais e algumas 
extra-orais. Atualmente desde que foram abandonados os intermediários e as 
agulhas tradicionais, que possibilitavam a esterilização, são oferecidos dois tipos de 
agulhas: curtas e longas, sendo descartáveis. Os tubos de anestésicos são adaptados à 
seringa, que tem duas amplas aberturas laterais, através das quais o profissional 
observa a saída do anestésico ou a penetração do sangue mesclando a solução 
anestésica (Fig. III. 11). 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Fig. III. 8 – A empunhadura correta da seringa Carpule, observando-se o tubete de anestésico inserido 
no local devido. 
 
 5. Seringa tipo Luer-Look: 
 É empregada em cirurgia bucal para aplicação de algumas anestesias 
extra-orais ou ainda para irrigação de lojas cirúrgicas. 
 6. Espelho bucal e pinças: 
 Empregado em cirurgia bucal como auxiliar no exame clínico e, além 
de permitir o afastamento das bochechas, lábio e língua, para melhor visão do campo 
 CLÓVIS MARZOLA 
CAPÍTULO III 
PRINCÍPIOS GERAIS E FUNDAMENTAIS DA CIRURGIA 
180
operatório, oferecendoo recurso de uma visão indireta de estruturas inacessíveis à 
visão. O espelho bucal poderá servir ainda, para proteger a língua em casos de 
exodontia por seccionamento dental. 
 As pinças clínicas são usadas para embrocação intra e extra-oral, além 
de serem utilizadas também, como auxiliares para eliminação de fios de sutura. 
 As pinças dente-de-rato são utilizadas como auxiliares para a tomada 
de retalhos e, são assim chamadas por possuírem na ponta ativa forma semelhante 
aos dentes de um rato. 
 Tanto os espelhos bucais quanto as pinças, são tomados como se toma 
uma faca ou uma caneta. 
 
 7. Bisturi: 
 Para as cirurgias bucais, o bisturi mais indicado é aquele para lâminas 
intercambiáveis (Fig. III. 9). Serve para incisão ou secção dos tecidos moles. As 
lâminas mais utilizadas para este bisturi são: 
• número 11, para drenagem de abcessos, alguns tipos de incisões 
ou ainda para incisões de papilas interdentais no preparo da 
sindesmotomia; 
• número 12, para incisões distalmente aos segundo e terceiro 
molares; 
• número 15, para as incisões na mucosa bucal. 
 As lâminas devem ser sempre montadas ao cabo do bisturi 
(geralmente número 3) com o auxílio do porta-agulhas, para serem evitados 
acidentes desagradáveis, assim como para retirá-las (Fig. III. 9). 
 O bisturi pode ser empunhado como caneta (Fig. III. 10) na grande 
maioria das oportunidades e ainda, como arco de violino ou como se segura uma 
faca. 
 
 
 
A 
 
 
 
 
B 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Fig. III. 9 – (A) Os bisturis utilizados com as lâminas intercambiáveis (B) e a maneira correta para a 
montagem da lâmina ao cabo do bisturi para serem evitados acidentes desagradáveis. 
 CLÓVIS MARZOLA 
CAPÍTULO III 
PRINCÍPIOS GERAIS E FUNDAMENTAIS DA CIRURGIA 
181
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Fig. III. 10 – Maneira correta de empunhar-se um bisturi para cirurgias da cavidade bucal, em forma 
de caneta. 
 
 8. Sindesmótomo: 
 Instrumento cirúrgico destinado à sindesmotomia 
(sindesmo=ligamento e, tomia=corte). Este instrumento tem como objetivo romper, 
cortar ou dilacerar pela insinuação da sua lâmina entre o dente e o alvéolo, as fibras 
gengivais e cristodentais. Assim, a desinserção da gengiva será facilitada, 
possibilitando a introdução das pontas ativas dos fórceps ou dos extratores. O 
sindesmótomo deve ser empunhado como caneta, com apoio digital nos dentes 
vizinhos. Pode também ser utilizada para este fim a espátula número 7. 
 
9. Destaca-periósteo: 
 Instrumento cirúrgico destinado para o descolamento do retalho 
mucoperiostal. Este instrumento deve ser empunhado como caneta, com ponto de 
apoio nos dentes vizinhos, ou ainda como faca. 
 
 10. Tesouras: 
 São utilizadas para o corte ou secção dos tecidos moles, sendo que em 
exodontia, as mais empregadas são aquelas com lâminas finas, retas ou curvas, 
pontiagudas ou rombas. As tesouras com pontas rombas e curvas são usadas para o 
corte de fios de sutura. Devem ser empunhadas introduzindo-se os dedos anular e 
polegar nas alças, apoiando-se o indicador na união das lâminas, enquanto que o 
médio apoia-se numa das alças (Fig. III. 11). Isto facilita a manobra de jogar a 
tesoura para a palma da mão, para trabalhar em seguida com os outros dedos. 
 No caso de cirurgias bucais são utilizadas: 
• Tesoura de Metzenbaum: instrumento delicado geralmente 
utilizado para diérese em tecidos frouxos. 
• Tesoura de Mayo: empregada para cortar fios de sutura existindo 
dois tipos: a reta para fios superficiais e a curva para fios no 
interior de cavidades. 
 CLÓVIS MARZOLA 
CAPÍTULO III 
PRINCÍPIOS GERAIS E FUNDAMENTAIS DA CIRURGIA 
182
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Fig. III. 11 – Tesoura cirúrgica curva, notando-se a maneira correta de empunhá-la. 
 
 11. Cinzéis: 
 São instrumentos cortantes destinados à osteotomia (osteo=osso e 
tomia=corte), ou ostectomia (osteo=osso; ec=com retirada e tomia=corte). Os 
cinzéis empregados em exodontia são retos, goivos e, em bisel duplo. Podem e 
preferentemente devem ser utilizados sob pressão manual, evitando sérios 
desconfortos para o paciente, ou com o auxílio do martelo cirúrgico, ainda em prática 
por muitos profissionais. 
 Nas osteotomias realizadas com cinzéis sob pressão manual, eles 
devem ser empunhados como faca, e quando usados com o auxílio do martelo 
cirúrgico, devem ser tomados como caneta. Atualmente foi adaptado, por nossa 
sugestão, o cabo dos extratores ao cabo dos cinzéis, para maior facilidade de tomada 
para as ostectomias (Chinellato e SS White). Estes mesmos cinzéis foram também 
confeccionados em alumínio, diminuindo consideravelmente seu peso (Duflex) (Fig. 
III. 12). 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Fig. III. 12 – Diferentes tipos de cinzéis quer no seu cabo ou em sua ponta ativa, notando-se a 
modificação por nós sugerida aos cabos dos cinzéis e a maneira correta de empunhá-los. 
 CLÓVIS MARZOLA 
CAPÍTULO III 
PRINCÍPIOS GERAIS E FUNDAMENTAIS DA CIRURGIA 
183
 12. Osteótomos de Winter: 
 São instrumentos destinados à eliminação de osso e mais 
particularmente dos septos inter-radiculares. As pontas ativas destes instrumentos 
são anguladas com relação à haste e, esta última é perpendicular ao cabo, devendo 
ser empunhados como uma faca. Não são tão necessários numa mesa cirúrgica, 
podendo ser perfeitamente substituídos pelas pinças-goivas, ou ainda pelos extratores 
angulados. 
 
 13. Pinça-goiva, alveolótomo ou Rongeur: 
 É usado para a remoção de espículas ósseas alveolares, septos inter-
radiculares supra-alveolares ou interdentais e, ainda determinadas exostoses. Deve 
ser empunhada colocando-a totalmente na palma da mão, com a parte convexa 
sempre voltada para a cirurgia (Fig. III. 13). Existem dois tipos, a reta e a curva. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Fig. III. 13 – Maneira correta de empunha uma pinça-goiva, sempre com a parte convexa voltada para 
a cirurgia. 
 
 14. Limas para osso: 
 São instrumentos cortantes empregados para limar e alisar 
determinadas superfícies ósseas, na grande maioria das cirurgias bucais. São 
empunhadas como caneta. Assim, após intervenções nas quais são praticadas 
osteotomia, ficando o tecido ósseo irregular, utiliza-se lima para a eliminação das 
espículas ósseas. Conseqüentemente, promovem a regularização dos rebordos 
alveolares. 
 
 15. Trefina, brocas cirúrgicas e discos: 
 Para a trepanação da tábua óssea labial ou vestibular, com a finalidade 
de alcançar um resíduo de raiz ou um ápice radicular dilacerado numa apicoplastia, 
ou ainda para a colocação de um implante, utiliza-se a trefina, que consiste num 
cilindro oco, denteado em sua porção ativa e, acionado pela peça de mão comum. As 
brocas cirúrgicas podem também ser usadas com a mesma finalidade, além de 
servirem para o alisamento do tecido ósseo em alveoloplastias extensas. 
 Para o seccionamento dental são utilizadas as brocas dentais números 
703, 704 e 706 da S.S. White. As brocas dentais são montadas em peças de mão, 
contra-ângulo ou mesmo ângulo. São ainda utilizadas as brocas número 8 da S.S. 
 CLÓVIS MARZOLA 
CAPÍTULO III 
PRINCÍPIOS GERAIS E FUNDAMENTAIS DA CIRURGIA 
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White para eliminação de septos inter-radiculares, a fim de se promover a 
regularização dos rebordos alveolares (Fig. III. 14). 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Fig. III. 14 – Brocas comuns e brocas cirúrgicas usadas em cirurgia bucal. 
 
 16. Fórceps: 
 São pinças denominadas impropriamente de boticões, destinadas à 
extração dental devendo ser empunhados corretamente para um perfeito 
desenvolvimento da técnica exodôntica. Adaptam--se totalmente na palma da mão, 
estando o polegar sempre entre seus braços para dosar a força neles exercida

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