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A ENERGIA NOS SISTEMAS ECOLÓGICOS Capítulo 11, Towsend et al., Capítulo 3, Odum & capítulo 6, Ricklefs Energia: capacidade de gerar trabalho. Seu comportamento é descrito pelas seguintes leis: Lei da conservação de energia: Energia pode ser transformada de um tipo a outro, mas não criada nem destruída. Ex: a luz pode ser transformada em trabalho, calor ou energia potencial do alimento, mas não é destruída. Lei da Entropia: já que alguma energia sempre se dispersa em energia térmica não disponível, nenhuma transformação espontânea de energia em energia potencial é 100% eficiente. A entropia (de en, em; trope transformação) é uma medida da energia não disponível que resulta das transformações e tb é usada como índice geral da desordem associada com a degradação da energia. Fig 3.1, Odum Organismos, ecossistemas e a biosfera conseguem criar um alto grau de ordem interna, ou uma condição de baixa entropia A baixa entropia é alcançada através de uma contínua e eficiente dissipação de energia de alta utilidade (luz ou alimento) em energia de baixa utilidade (calor). No ecossistema a respiração total da biomassa da comunidade é a estrutura dissipativa e “expulsa” continuamente a “desordem” (calor). Ecossistemas e organismos são sistemas termodinâmicos abertos, fora do ponto de equilíbrio, que trocam continuamente energia e matéria com o ambiente para diminuir a entropia interna, a medida que aumenta a entropia externa. • A energia que chega a superfície terrestre sob a forma de luz é equilibrada pela energia que sai da superfície sob forma de radiação térmica • A essência da vida reside na progressão de tais mudanças como o crescimento, autoduplicação e a síntese de relações complexas de matéria • Somente uma parte pequena da energia luminosa absorvida pelas plantas verdes é transformada em energia potencial ou alimentar, a maioria vira calor • O restante do mundo biológico (consumidores) obtém a sua energia química potencial das substâncias orgânicas produzidas pela fotossíntese ou quimiossíntese • A cada passo da transferência da energia de um organismo para outro, grande parte da energia degrada-se em calor Figure 4.1, Ricklefs O efeito do aquecimento do sol é maior no equador. 400 700 Radiação Fotossinteticamente Ativa Chlorophyll a Chlorophyll d Chlorophyll c Chlorophyll b Phycobilin Fucoxanthin Carotenoids 400 500 600 700 800 wavelength, nm Cyanobacteria All algae Land plants Green algae Land plants Brown algae, Diatoms Red algae Cyanobacteria* Red algae Brown algae, Diatoms Occurrence 2. Light interception by major antenna pigments: ultraviolet blue green yellow orange red infra red Cyanobacteria All algae Phycocyanin* Green & purple bact eria Bacterio chlorophyll a Absorção de luz pelos principais pigmentos do complexo antena Modelo ecológico do fluxo de energia (Odum) Entrada de energia para o organismo Energia disponível para o próximo nível trófico Um único nível trófico Uma cadeia alimentar A produção líquida de um nível se torna a energia assimilada do próximo nível mais alto A caixa representa a biomassa (ou seu equivalente energético) de todos os organismos daquele nível trófico num determinado momento. Ex: produtores ou herbívoros Setas representam vias do fluxo de energia através daquele nível trófico A ENERGIA NOS SISTEMAS ECOLÓGICOS • Importante: a energia passa de um nível para outro na cadeia alimentar, diminuindo por causa da respiração e do desvio de estoques alimentares não utilizados para as cadeias alimentares de base detritívora. • A energia entra no sistema como luz e sai como calor, enquanto os nutrientes são regenerados e retidos no ecossistema • A MO circula no ecossistema sendo assimilada pelos produtores primários sob forma inorgânica e convertida em biomassa, voltando finalmente as formas inorgânicas pela decomposição. Como medir o fluxo de energia? • A quantidade dos elementos e seu movimento entre os componentes de um ecossistema proporcionam um índice conveniente para o fluxo de energia • Como a energia luminosa é transferida para energia química nas moléculas orgânicas durante a fotossíntese, o movimento da energia através do ecossistema pode ser acompanhado rastreando-se o movimento das formas biológicas de carbono • Produtividade primária (taxa de PP no tempo) • Fotossíntese: 6 H2O + 6 CO2 + energia → C6H12O6 + 6 O2 • Carbono forma oxidada (baixa energia) → carbono forma reduzida (alta energia) • Para cada grama de C assimilado, 39 kJ de energia luminosa são transferidos para energia química nos carboidratos • Produtores primários assimilam menos que 1/3 da energia luminosa, o restante é perdido como calor • Carboidratos simples derivados da glicose combinados com o N, P, S, Mg, ... produzem ptns, ácidos nucléicos, pigmentos: materiais básicos para crescimento • Taxa de produção primária determina a energia total disponível para o ecossistema. • PP bruta x PP líquida Produção primária bruta Produção primária líquida Medição dos fluxos de CO2 e O2 Medição dos fluxos de CO2 e O2 PP líquida Respiração PP bruta Lalli & Parsons, 1997 O que limita a produtividade primária? Radiação solar, nutrientes & Temperatura. Variam muito de um local para outro. Em ambientes terrestres a disponibilidade de água afeta a PP. Fechamento dos estômatos impede assimilação de CO2. Dependendo da posição, entre 0 e 5 J de energia solar atinge cada m2 da Terra por minuto. Apenas ~ 44% da radiação incidente é utilizável na fotossíntese (PAR) PP em oceanos Comunidades terrestres usam a radiação de modo ineficiente • Eficiência fotossintética (% da radiação PAR que é convertida em PPL) varia entre 1 e 2 %. • E os outros 98 - 99% da radiação? • 25 – 75% são refletidos. • Outras moléculas (que não os pigmentos fotossintetizantes) absorvem o restante que é dissipado como calor. Eficiência fotossintética para 3 tipos de comunidades terrestres. Escassez de outros recursos (ex. água e nutrientes) contribuem para os baixos valores. a) PPL da vegetação herbácea em regiões de savanas do mundo x precipitação. b) Platô Tibetano, em ecossistemas incluindo florestas, bosques, campos e desertos. A precipitação de um local está diretamente relacionada a PPL Ambientes terrestres • Eficiência de transpiração ou no uso da água (g de matéria seca produzida por kg de água transpirada) • Na maioria das plantas é menor que 2 g/kg de água • Em culturas tolerantes a seca pode chegar a 4 g/kg • Como varia pouco entre espécies vegetais, a produção pode ser relacionada à disponibilidade de água no ambiente (Ex. produção de milho no Zimbabue) A produtividade de uma comunidade pode ser sustentada somente no período do ano em que as plantas possuem folhagem fotossinteticamente ativa. As árvores decíduas tem essa limitação Boreais: latitudes mais altas Local de ressurgência Perfil “típico” oceânico: baixas concentrações de nutrientes limitam a PP. PP x fósforo em lagos Nutrientes e PP – oceanos Áreas costeiras são fertilizadas pelo aporte continental. Áreas de ressurgência pelo transporte de águas profundas ricas em nutrientes A produtividade de florestas, campos, lavouras e lagos segue um padrão latitudinal. PP está diretamente relacionada a temperatura e a precipitação. Habitats na interface entre ambientes terrestres e aquáticos são muito produtivos pois tem água abundante e rápida regeneração de nutrientes em sedimentos lodosos Padrões geográficos de produtividade primária • PPL total do planeta é estimada em 105 petagramas de C/ano (1 Pg = 1015 g) • 56,4 Pg C/ano são produzidas em ecossistemas terrestres & • 48,6 Pg C/ano são produzidasem ecossistemas aquáticos • Oceanos cobrem 2/3 da superfície da Terra mas representam metade de sua produção. Grandes áreas oceânicas ~ desertos • As florestas pluviais tropicais e as savanas representam cerca de 60% da PPL terrestre, refletindo suas extensas áreas de cobertura e altos níveis de produtividade • Em biomas florestais do mundo há tendência latitudinal geral de produtividade crescente partindo das condições boreais, passando pelas temperadas até as tropicais O destino da Produção Primária • Produtividade secundária (PS): Taxa de produção de biomassa por organismos heterotróficos • PS depende da PPL • Em comunidades aquáticas e terrestres a PS por herbívoros é ~ 1/10 da PP sobre a qual está baseada. Relação entre PS e PPL a) Zooplâncton em lagos, b) bactérias em água doce e no mar, c) densidade de lagartas (índice de sua PS) x pluviosidade (relacionada a PPL) na Ilha Daphne Major, Galápagos. Para onde vai a energia perdida? 1. Nem toda a biomassa vegetal é consumida viva por herbívoros. Grande parte morre antes de ser “pastejada” e sustenta uma comunidade de decompositores (bactérias, fungos e animais detritívoros) 2. Nem toda a biomassa vegetal consumida por herbívoros (nem a biomassa consumida por carnívoros) é assimilada e disponível para ser incorporada à biomassa do consumidor. Parte é perdida nas fezes e passa para os decompositores. 3. Nem toda a energia que foi assimilada é efetivamente convertida em biomassa. Uma proporção dela é perdida como calor respiratório. Isso acontece pq nenhum processo de conversão de energia é 100% eficiente & pq os animais realizam trabalho que requer energia. Uma unidade de energia (um joule) pode ser consumida e assimilada por um herbívoro que usa parte dela para realizar trabalho e a perde como calor respiratório. Ela pode ser mais tarde consumida por um carnívoro, que morre e entra no compartimento de matéria orgânica morta. Há uma série de possíveis rotas de ramificação para a energia. Cada joule encontrará seu caminho fora da comunidade e será dissipado como calor respiratório na sua trajetória ao longo da cadeia alimentar. Eficiências de Transferência • As proporções de PPL que fluem ao longo de cada uma das possíveis rotas de energia dependem das Eficiências de transferência de uma etapa para a outra. • 3 categorias são necessárias para prever o fluxo de energia: • Eficiência de consumo • Eficiência de assimilação • Eficiência de produção Eficiência de consumo (EC) • % da produtividade total disponível em um nível trófico que é consumida (ingerida) por um nível trófico acima. Para consumidores primários a EC é a % da PPL que penetra intestinos de herbívoros. Em consumidores secundários ela é a % da produtividade de herbívoros consumidos por carnívoros. O restante morre sem ser consumido e entra no sistema decompositor. • Valores médios para herbívoros: 5% em florestas, 25% em comunidades herbáceas e 50% em comunidades dominadas pelo fitoplâncton. • Carnívoros: predadores vertebrados podem consumir 50 -100% de produção de presa vertebrada, mas só ~ 5% de presa invertebrada. Predadores invertebrados consomem ~ 25% da produção disponível da presa invertebrada. Eficiência de assimilação (EA) • % da energia alimentar nos intestinos de consumidores em um compartimento trófico que é assimilada através da parede intestinal e torna-se disponível para incorporação no crescimento ou é utilizada para realizar trabalho. O restante é perdido como fezes e entra no sistema decompositor • Difícil de estimar em microorganismos. Bactérias e fungos digerem matéria orgânica morta externa e entre eles. Assume-se uma EA de 100%. • EA são tipicamente baixas em herbívoros, detritívoros e microbívoros (20 - 50%) e altas em carnívoros (~80%). • EA de herbívoros varia de acordo com a parte da planta: sementes e os frutos tem EA de 60 – 70%, folhas de ~ 50% e a madeira ~15%. Eficiência de produção (EP) ou produção líquida • % de energia assimilada incorporada a nova biomassa. O restante é inteiramente perdido para comunidade como calor respiratório. • EP varia principalmente com a categoria taxonômica dos organismos. • Invertebrados em geral tem EP altas (30-40%), perdendo pouca energia como calor respiratório. • Vertebrados ectotérmicos tem EP ~ 10% e os endotérmicos EP ~ 1-2% (alto gasto de energia na manutenção da temperatura constante - METABOLISMO). • Microorganismos tem EPs altas Eficiência de transferência trófica total • Eficiência de transferência trófica total de um nível trófico para o próximo = EC x EA x EP • Assumida inicialmente como em torno de 10% • Compilação de estudos em ambientes de água doce e marinho mostrou que varia entre 2 e 24%, com média de 10,13% (Paul & Christensen, 1995) • A energia que chega a cada nível trófico depende da: – Produção Primária Líquida (base da rede trófica) – Eficiência da transferência entre níveis tróficos • As plantas usam entre 15% e 70% da radiação luminosa assimilada para manutenção. • Herbívoros e carnívoros gastam mais energia na sua manutenção do que as plantas: produção de cada nível trófico é somente 5% a 20% daquela do nível abaixo Eficiência de transferência trófica total É possível mapear a importância relativa de diferentes rotas de energia conhecendo os valores de PPL, EC, EA e EP • Sistema decompositor é provavelmente responsável pela maioria da produção secundária e portanto pela perda de calor respiratório, em cada comunidade do mundo • “Consumidores de matéria viva” tem seu papel maior em comunidades aquáticas de águas abertas baseadas em fitoplâncton ou em leitos de microalgas em águas rasas. Nesses casos grande porção da PPL é consumida viva e assimilada em eficiência alta • Sistema decompositor desempenha seu papel mais importante onde a vegetação é lenhosa • Campos e sistemas aquáticos baseados em plantas maiores ocupam posições intermediárias É possível mapear a importância relativa de diferentes rotas de energia conhecendo os valores de PPL, EC, EA e EP • Sistema “consumidores de matéria viva” tem influência pequena em comunidades terrestres pq o consumo por herbívoros e a EA são baixos, e é quase inexistente em muitos riachos e reservatórios pequenos pq a PP é muito baixa. Os riachos dependem para sua base de energia de MO morta de ambientes terrestres, que é lixiviada ou carreada (fonte alóctone). • Comunidade bentônica de oceanos profundos tem estrutura trófica semelhante à de riachos e poças. As águas são muito profundas para a fotossíntese (zona afótica) e a energia deriva de organismos mortos e fezes que provêm da comunidade autotrófica na zona eufótica acima. É possível mapear a importância relativa de diferentes rotas de energia conhecendo os valores de PPL, EC, EA e EP
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