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Tropical e Recursos Naturais do INPA/UFAM. Desde 1999 passou a atuar na Pós- 15 Graduação em Ciências do Ambiente e Sustentabilidade na Amazônia na área de Gestão Ambiental, com enfoque em Manejo de Recursos Naturais. Possui mais de 20 artigos publicados em periódicos nacio- nais e internacionais e é co-autor de 2 livros. Realizou trabalhos de planejamento, elaboração, gerenciamento e coordenação de 12 pro- jetos seniors com financiamento de diversas agências (FNMA, SUDAM, CNPq, BMBF-Alemanha, Fundação Banco do Brasil, PPG7) sobre a pesca e recursos naturais. Possui 7 orientações de mestrado concluí- das. Atualmente coordena o Laboratório de Avaliação e Manejo da Pesca da UFAM, na cidade de Manaus-AM, é vice-coordenador do Grupo de Pesquisa PYRA do Diretório de Grupos de Pesquisa do CNPq. Victoria Judith Isaac Graduada em Ciências Biológicas pela Universidad de la Repúbli- ca de Montevideu, Uruguay. Mestrado pelo Instituto Oceanográfico da USP em Oceanografia Biológica e Doutorado em Ciências Mari- nhas pela Universidade de Kiel, na Alemanha, com área de concentra- ção em Biologia Pesqueira. Trabalha na Amazônia desde 1991 com biologia, ecologia e avaliação de estoques de água doce e marinhos. Dedicou-se nos últimos 10 anos, a estudar as formas de manejo dos recursos pesqueiros e o impacto das políticas pesqueiras. Possui mais de 60 artigos publicados em periódicos nacionais, internacionais e livros. Consultora de várias instituições nacionais e internacionais tais como Banco Mundial, União Europeia, FAO, Agência de Cooperação Técnica Alemã (GTZ), Empresa de Consultoria Alemã (GOPA GmbH), IBAMA e Secretarias Estaduais de Meio Ambiente. Realizou trabalhos de planejamento, elaboração, gerenciamento e coordenação de pro- jetos internacionais sobre pesca e recursos naturais. Entre 1991 e 1994, coordenou o Projeto IARA - Administração dos Recursos Pesqueiros do Médio Amazonas. Desde janeiro de 1998 é professora adjunta do Depto. de Biologia do Centro de Ciências Biológicas da Universidade Federal do Pará, tendo como atividades docentes diversas disciplinas da graduação e da pós-graduação. Possui, mais de 25 orientações de alunos concluídas e orienta, no momento, aproximadamente 20 bol- sistas de várias categorias, desde Iniciação Científica até Doutorado. Atualmente coordena o Laboratório de Biologia Pesqueira e Manejo 16 A pesca e os recursos pesqueiros na Amazônia brasileira de Recursos Aquáticos da UFPA, na cidade de Belém-PA, é vice-coor- denadora do Programa de Cooperação Brasil - Alemanha (CNPq-BMBF) MADAM-Manejo e Dinâmica de Área de Manguezais e é coordenado- ra regional do Projeto Uso e Apropriação dos Recursos Costeiros- RECOS do Instituto do Milênio (CNPq-MCT). 17 Biologia e diversidade dos recursos pesqueiros da Amazônia Biologia e diversidade dos recursos pesqueiros da Amazônia Ronaldo Borges Barthem Nidia Noemi Fabré Introdução A pesca na região amazônica destaca-se em relação às demais regiões brasileiras, tanto costeiras quanto de águas interiores, pela ri- queza de espécies exploradas, pela quantidade de pescado capturado e pela dependência da população tradicional a esta atividade. A riqueza da ictiofauna da Bacia Amazônica ainda é desconheci- da, sendo esta responsável pelo grande número de espécies da região neotropical, que pode alcançar 8.000 espécies (Vari & Malabarba, 1998). Outra questão relevante é a unidade populacional explorada pela pes- ca. A maioria das espécies importantes para a pesca comercial é razoa- velmente bem conhecida, mas pouco se sabe se os indivíduos destas estão agrupadas numa única população, ou estoque pesqueiro, ou em várias (Bayley & Petrere, 1989; Batista, 2001). Uma estimativa conservadora do total desembarcado nos nú- cleos urbanos e do que é consumido pela população ribeirinha tem-se aproximado de valores em torno de 400.000 toneladas anuais 18 A pesca e os recursos pesqueiros na Amazônia brasileira (Bayley & Petrere, 1989). Um montante de destaque para o Brasil, tendo em vista que a pesca na costa brasileira nunca alcançou 1.000.000 de toneladas anuais (Dias-Neto & Mesquita, 1988). Além disso, a atividade pesqueira tem-se mantido sem subsídio dos gover- nos locais, gerando mais de 200.000 empregos diretos (Fischer et al., 1992), e fornecendo a principal fonte protéica para a população ama- zônica (Shrimpton & Giugliano, 1979). As espécies Amazônicas apresentam estratégias notáveis para se adaptarem às mudanças sazonais nos diversos ambientes que ocupam. A compreensão destas adaptações é de fundamental relevância para o entendimento da abundância e da composição dos recursos pesquei- ros e, conseqüentemente, para a definição de políticas de manejo da pesca. Algumas linhas de pesquisa sobre a biologia dos peixes amazô- nicos destacaram-se para o entendimento destas estratégias, como bi- ologia reprodutiva (Schwassmann, 1978) e alimentar (Knoppel, 1970), metabolismo respiratório (Kramer et al., 1978), desenvolvimento e cres- cimento (Bayley 1988; Loubens & Panfili, 1997; Fabré & Saint-Paul, 1998) e migração (Ribeiro & Petrere, 1990; Barthem & Goulding, 1997). A dinâmica anual de descarga dos rios tem sido apontada como o fator chave que caracteriza a sazonalidade da planície e do estuário amazônicos. A flutuação da descarga dos rios causa a alagação das áreas marginais e a ampliação das áreas de água doce do estuário. As áreas periodicamente alagadas provêem grande parte da base energética que sustenta os recursos pesqueiros explorados comercialmente. Fru- tos, folhas e sementes, derivados de florestas e campos alagados, algas planctônicas e perifíticas, que crescem nos ambientes lacustres e nas áreas alagadas menos sombreadas, são as principais fontes de energia primária para a cadeia trófica aquática amazônica (Goulding,1980; Goulding et al., 1988; Araujo-Lima et al., 1986; Forsberg et al., 1993; Araújo-Lima et al., 1995; Junk et al., 1997; Silva Jr, 1998). A flutuação da descarga do rio causa o deslocamento da zona de contato entre as águas oceânicas e costeiras no estuário. O período chuvoso, ou de inverno, no primeiro semestre do ano, é caracterizado pelo aumento da descarga destes rios. As águas marinhas afastam-se da costa, e a baía de Marajó, ao sul da Ilha de Marajó, e a parte externa da foz do rio Amazonas, ao norte da mesma, tornam-se uma continuação do rio 19 Biologia e diversidade dos recursos pesqueiros da Amazônia Amazonas. No período de seca, ou no verão, ocorre o inverso. As águas com influência marinha penetram na baía de Marajó e aproximam-se da desembocadura do rio Amazonas, mas não chegam a penetrar no rio (Egler & Schwassmann, 1962; Schwassmann et al., 1989; Barthem & Schwassmann, 1994). Uma das principais fontes de dados para estudos de ecologia de peixes são os registros de desembarque da pesca comercial. Estas esta- tísticas fornecem informações sobre a composição, tamanho e quanti- dade do pescado capturado e sua flutuação em relação aos eventos temporais e anuais. Um dos primeiros acompanhamentos de desem- barque de pescado na região amazônica teve início em 1972, em Belém, com o controle do desembarque de uma única espécie, a piramutaba (Brachyplatystoma vaillantii) (Ibama, 1999). Em seguida, Petrere (1978 a,b) iniciou o controle do desembarque em Manaus apresentando os primeiros resultados das pescarias multiespecíficas da Amazônia. Na década de 80, outros centros urbanos da Amazônia foram incorpora- dos às estatísticas de desembarque pesqueiro (Isaac & Barthem, 1995). Esses registros permitiram apresentar as primeiras análises sobre a cap- tura por unidade de esforço das frotas mais atuantes na região e as primeiras estimativas da composição da captura e do total de pescado desembarcado nos portos mais importantes da Amazônia Brasileira. Infelizmente, esses esforços realizados por várias instituições não foram continuados.