Buscar

OFTALMOLOGIA Capítulo 06 Perda Visual Crônica

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 3, do total de 35 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 6, do total de 35 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 9, do total de 35 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Prévia do material em texto

149Perda visual crônica
cap. 06 Introdução
Introdução
Ana Carolina Pasquini Raiza
Entre as principais causas de diminuição crônica 
da visão , podem ser citadas a catarata, o glau-
coma e doenças retinianas, como a degeneração 
Macular Relacionada a Idade (DMRI), retinopatia 
diabética, além da seqüela de oclusões de vas-
culares. De acordo com dados da Organização 
Mundial de Saúde, a catarata é a principal causa 
de cegueira do mundo, seguida pelo glaucoma. 
Entretanto, sendo a catarata uma causa passível 
de tratamento eficaz, o glaucoma torna-se uma 
doença de preocupação em saúde pública por 
ser uma causa prevalente e, infelizmente, sem 
cura, sendo a primeira causa de cegueira irrever-
sível do mundo. A DMRI tem tido grande impor-
tância epidemiológica, devido ao aumento da 
expectativa de vida, já que é uma doença a qual 
acomete idosos.
Neste capítulo serão abordados a catarata, o 
glaucoma e a degeneração macular relacionada 
a idade. Os outros temas serão descritos nos ca-
pítulos subseqüentes.
150 Perda visual crônica
cap. 06Catarata
Catarata
Ana Carolina Paquini Raiza
Epidemiologia
A catarata é a principal causa de cegueira no 
mundo. Entretanto, devido ao sucesso do trata-
mento cirúrgico, tornou-se um dos procedimen-
tos oftalmológicos mais freqüentemente realiza-
dos, responsável por significativo benefício na 
qualidade de vida de idosos de todo o mundo. 
A catarata é um problema de saúde pública se 
considerarmos os elevados números de inci-
dência e prevalência. Estima-se que a incidência 
da catarata seja de aproximadamente 20% da 
população mundial, anualmente. A prevalên-
cia pode chegar a metade dos indivíduos acima 
de 65 anos. Com o envelhecimento da popula-
ção mundial, projeções apontam para números 
ainda maiores: acredita-se que nos próximos 15 
anos o número de portadores de catarata dobra-
rá em relação à prevalência atual.
Definição
“Catarata” é a denominação dada para a perda da 
transparência do cristalino, impedindo que os 
feixes de luz cheguem à retina, onde serão per-
cebidos pelos fotorreceptores. 
Em condições fisiológicas, o cristalino aloja-se 
imediatamente atrás da íris, podendo ser visto 
através da área pupilar, separando a câmara ví-
trea do segmento anterior do olho. Sustentado 
pela fibras zonulares, as quais funcionam como 
uma conexão entre o cristalino e o corpo ciliar, 
essas três estruturas agem harmoniosamente 
num processo de relaxamento e contração, fun-
damental para o processo de focalização das 
imagens sobre a retina. Esse fenômeno é “cha-
mado” de acomodação. Juntamente ao processo 
de opacificação, o cristalino diminui progressi-
vamente sua elasticidade e sua capacidade de 
acomodar. 
Assim, podemos entender por que o principal 
sintoma da catarata é a diminuição da visão. O 
comprometimento visual é dependente do tipo 
e da severidade da catarata. Além do mais, por 
ser um processo progressivo, a perda visual tam-
bém é progressiva, mas de velocidade variável, 
não se tendo como prever nem interromper esse 
fenômeno. 
Fatores de risco
Alguns autores mencionam a catarata como um 
processo natural de envelhecimento. Na verda-
de, essa definição está parcialmente correta. A 
catarata pode ocorrer durante toda a vida: em 
todas as fases de desenvolvimento do cristalino 
na vida embrionária, com a formação do núcleo 
cristaliniano, durante o surgimento e o cresci-
mento das fibras corticais ao redor do núcleo, 
durante a infância, na vida adulta e, mais comu-
mente, na vida senil. 
As cataratas congênitas têm como principais 
causas as infecções congênitas, as doenças me-
tabólicas e a associação com síndromes genéticas. 
Na vida adulta, uma série de transformações 
químicas no interior do olho serão responsáveis 
pelo processo de opacificação e enrijecimento 
do cristalino. Entretanto, situações diversas po-
dem precipitar e acelerar a formação da catarata, 
como as inflamações intra-oculares (uveítes). 
O principal fator de risco para catarata é a idade. 
A literatura mostra que quanto maior a idade, 
maior o risco de se ter catarata. Associado a isso, 
fatores genéticos podem justificar por que pes-
soas de mesma idade podem ter ou não catarata. 
151Perda visual crônica
cap. 06 Catarata
Além disso, a exposição a radiação ultravioleta, 
UV-B, também tem sido considerada uma impor-
tante causa aceleradora da catarata, visto que 
populações residentes em áreas tropicais têm 
maior incidência de catarata e em idade mais 
precoce do que as que vivem em regiões geo-
gráficas de climas frios. Hábitos de vida, como o 
tabagismo, e estado nutricional, também podem 
precipitar a formação da catarata.
Doenças sistêmicas, sobretudo as que cursem 
com estado de hiperglicemia, como o diabetes 
mellitus, são fatores de risco para catarata.
Os traumatismos, contusos ou penetrantes, tam-
bém podem provocar a opacificação do cristali-
no. As causas acidentais constituem significativo 
percentual de catarata entre jovens, freqüente-
mente do sexo masculino, são trabalhadores ou 
vítimas da violência urbana, em suas duas princi-
pais manifestações, as agressões físicas e os aci-
dentes automobilísticos. 
Cirurgias intra-oculares, aplicação de laser, ou 
procedimentos invasivos podem ter como com-
plicação a opacificação do cristalino. 
A seguir, encontram-se as principais causas de 
catarata.
152 Perda visual crônica
cap. 06Catarata
Fatores de risco
Idade
Distro�a Miotônica
Dermatite Atópica
Glaucoma
Uveíte
Tumores intra-oculares
Retinose Pigmentar
Cirurgias intra-oculares
Laserterapia
Medicações intra-oculares
Contuso
Penetrante
Rubéola
Galactosemia
Síndrome de Down
antiin‚amatórios
esteroidais
Diabetes mellitus
policromática “em árvore de natal”
subcapsular anterior
Todos os tipos, principalmente
cortical
Cortical e subcapsular
Cortical
Núcleo fetal ou embrionário, pólo
posterior ou anterior
Pontilhada - pontos azulados
Subcapsular
Cortical
subcapsular posterior
Nuclear, cortical e subcapsular
Cortical, subcapsular e
principalmente nuclear.
Exposição
ultravioleta
Doenças
sistêmicas
Doenças
oculares
Procedimentos
oftalmológicos
Traumatismo
ocular
Medicamentoso
Catarata
congênita
Tipo de catarata mais comum
153Perda visual crônica
cap. 06 Catarata
Figura 01: Visão normal Figura 02: Simulação da visão de um portador de catarata
Sinais e Sintomas:
O principal sintoma da catarata é a diminuição 
progressiva da visão, para longe e para perto, 
não melhorando com a correção refracional ade-
quada. Além de uma perda quantitativa, o pa-
ciente pode ter perda qualitativa, caracterizada 
por embaçamento e distorção dos objetos, fre-
qüentemente referida pelo paciente como uma 
“nuvem” cobrindo a visão; além da diminuição 
da percepção de brilho, contraste e cores. No 
caso de cataratas avançadas, o paciente pode ter 
a impressão de que os objetos estão mais ama-
relados.
Outro sintoma comum é a dificuldade de en-
xergar contra a luz, em geral quando a catarata 
atinge a porção central do cristalino, no eixo da 
visão. 
154 Perda visual crônica
cap. 06Catarata
Intensidade Biomicroscopia Denominação
Esclerose Nuclear Verde amarelado Catarata Incipiente
1+/4 Amarelo claro Catarata Nuclear 1+
2+/4 Amarelo intenso Catarata Nuclear 2+
3+/4 Alaranjado Catarata Nuclear 3+
4+/4 Acastanhado Catarata Nuclear 4+
Biomicroscopia 
A opacificação pode acometer todas as partes 
do cristalino, seja o núcleo, a córtex ou o saco 
capsular. Dependendo do tipo de catarata os sin-
tomas podem ser característicos servindo como 
um sinal de qual parte do cristalino está compro-
metida.
Catarata nuclear
O cristalino normal é transparente, com tom 
discretamente esverdeado. A catarata nuclear 
temcomo característica a mudança da colora-
ção do cristalino, o qual torna-se progressiva-
mente amarelado, alaranjado, acastanhado e, 
em estágios bastante avançados, pode tornar-se 
acinzentado. A intensidade da catarata nuclear é 
medida em uma escala de cruzes entre 1 e 4.
Catarata cortical
A córtex do cristalino é formada por fibras alon-
gadas que contornam o núcleo, adquirindo o 
formato de uma cunha, cujas extremidades in-
terligam os dois pólos anterior e posterior do 
cristalino. Devido a essa característica anatômi-
ca, a catarata cortical acompanha exatamente a 
conformação cuneiforme, como radiações sain-
do de um eixo central. Opaca, a córtex torna-se 
progressivamente esbranquiçada, até que, em 
estágios avançados, toda a superfície do crista-
lino torna-se branca, causando bloqueio intenso 
da passagem dos feixes luminosos. Evolutiva-
mente a essa fase, a região cortical perde sua 
consistência, liquefazendo-se. Se o núcleo tam-
bém tiver comprometimento avançado, perderá 
o apoio das fibras corticais e será deslocado infe-
riormente. Trata-se da “catarata morganiana” ou 
“hipermadura”.
155Perda visual crônica
cap. 06 Catarata
Figura 03: A. Catarata total; B. Catarata nuclear +++; C. Catarata polar; D. Catarata rubra; E. Catarata cortical +++/++++; F. 
Catarata cortical anterior
Figura 04: 
A
D
B
E
C
F
Catarata subcapsular
A opacificação pode ocorrer entre a córtex e a 
cápsula do cristalino; são as cataratas subcap-
sulares. Recebem esse nome exatamente por 
situarem-se imediatamente abaixo do saco cap-
sular. Esse tipo de catarata ocorre mais comu-
mente na interface posterior do cristalino, sendo 
denominada “catarata subcapsular posterior”. 
Assim como nos outros tipos de catarata, o com-
prometimento também pode ser quantificado 
segundo a severidade de 1 a 4, sendo represen-
tado pela escala de cruzes. (1+ até 4+) 
156 Perda visual crônica
cap. 06Catarata
Diagnóstico
O diagnóstico da catarata é clínico. A primeira 
etapa, a anamnese, pode dar indícios da suspei-
ta, pois o paciente pode referir diminuição da 
acuidade visual, embaçamento, distorção, perda 
do brilho e das cores. Não é infreqüente o porta-
dor de catarata dizer que “o mundo está amare-
lado”. A segunda etapa é o exame oftalmológico. 
O exame inicia-se com a aferição da acuidade 
visual, que na maioria das vezes estará diminuí-
da. Em alguns casos, a catarata pode cursar com 
visão considerada normal. São os casos em que a 
miopização da catarata nuclear proporciona be-
nefícios na refração final do paciente, principal-
mente na visão de perto. Outra situação de visão 
normal ocorre nos casos de cataratas que aco-
metem apenas o eixo visual. Nesses casos, com 
a pupila de tamanho normal, o eixo de visão está 
obstruído pela opacidade. Já com efeito da dila-
tação, os feixe luminosos conseguem atravessar 
o cristalino, chegando à retina. Para o exame 
correto do cristalino, é necessário que o paciente 
esteja com a pupila dilatada. 
Tratamento
O único tratamento existente para a catarata é 
a cirurgia. Antigamente, foi proposto tratamento 
farmacológico; entretanto, pesquisas científicas 
comprovaram a ineficácia desse tipo de trata-
mento. O único tratamento existente para a ca-
tarata é a remoção do cristalino. Na cirurgia, o 
núcleo e córtex critalino são extraídos, manten-
do-se apenas a cápsula que envolve o cristalino, 
dentro da qual será implantada uma lente artifi-
cial. Essa lente é chamada de “lente intra-ocular” 
(LIO) e terá poder refracional semelhante ao do 
cristalino. Existem lentes de diversos valores de 
dioptrias. O valor da LIO é calculado no pré-ope-
ratório, tendo como objetivo aproximar o siste-
ma óptico do indivíduo em um sistema equili-
brado entre a córnea e o cristalino, ou seja tentar 
neutralizar eventuais erros refracionais existen-
tes previamente à cirurgia. Entretanto, após a 
remoção do cristalino, mesmo com o implante 
da LIO, a acomodação não será possível, pois a 
LIO é uma lente estática, incapaz de relaxar ou 
contrair para mudar seu poder dióptrico e focali-
zar objetos em diferentes distâncias. Por isso, no 
pré-operatório, o cálculo da lente deve levar em 
consideração a distância na qual se deseja deixar 
focado o sistema visual do paciente. Essa decisão 
deve ser tomada em conjunto, entre cirurgião e 
paciente, levando-se em consideração as neces-
sidades individuais. De um modo geral, tem-se 
preferido deixar uma pequena miopia, a qual 
não comprometa a qualidade visual à distância 
e permita uma focalização razoável para distân-
cias pequenas (aproximadamente 40 cm). Nem 
sempre é possível prever com precisão a refra-
ção final, pois ela é dependente de inúmeros fa-
tores como: regularidade corneana, a qual pode 
ser alterada pelas próprias incisões cirúrgicas, 
por menores que sejam; cicatrização da incisão 
cirúrgica; posicionamento da LIO tanto no eixo 
ântero-posterior, como centralização em relação 
ao eixo visual e pupilar. Desvios e inclinações da 
lente podem comprometer o resultado visual 
final. Atualmente, as LIO bifocais e multifocais 
estão conquistando satisfação entre expressivo 
número de pacientes por proporcionarem visão 
para perto e para longe, independentemente do 
uso de lentes corretivas (óculos) após a cirurgia. 
 
157Perda visual crônica
cap. 06 Catarata
Figura 05: Representação esquemática de uma Lente Intra Ocu-
lar – LIO. A área central (1) corresponde a zona óptica, e as exten-
sões periféricas na forma de arcos (2), são os hápticos que apóiam 
e estabiliam a lente no olho.
Indicação cirúrgica
A cirurgia de catarata tem como única indicação 
absoluta quando constituir risco potencial e ir-
reversível à visão. Isso ocorre no caso dos glau-
comas secundários ao aumento do cristalino 
ou por liberação de partículas cristalinianas no 
humor aquoso, ocasionando inflamação e ele-
vação da pressão intra-ocular: são os chamados 
glaucomas “facomórficos” e “facolíticos”. Nesses 
casos, o aumento da pressão intra-ocular, secun-
dária à catarata, quando não controlada pelo uso 
de medicações hipotensoras, torna o procedi-
mento cirúrgico fundamental para a preservação 
da visão. Nos outros casos, a indicação cirúrgica 
não é absoluta, e sim determinada pelo grau de 
comprometimento visual, estando relacionados 
às necessidades individuais e ao estilo de vida. 
Tipos de Cirurgia
Os primeiros relatos de cirurgia de catarata da-
tam de 600 anos a.C. Naquela época, o cristalino 
opaco era empurrado em direção ao vítreo, com 
o objetivo de liberar o eixo visual e permitir que o 
paciente voltasse a ter visão. Em 1949, com o ad-
vento da LIO e do microscópio e da redução da 
incisão ocular, Ridley descreveu a técnica de “fa-
cectomia extracapsular” com implante secundá-
rio de LIO. Entretanto, foi somente na década de 
70 que essa técnica passou a ter reconhecimento 
e segurança, tornando-se um procedimento de 
significativo sucesso em relação às técnicas ante-
riores. As principais características dessa técnica 
consistem inicialmente na realização de incisão 
córneo-escleral, penetração na câmara anterior, 
confecção de uma abertura na cápsula anterior 
do cristalino (capsulotomia), através da qual o 
núcleo será deslocado e extraído por inteiro do 
olho. Na seqüência o implante da LIO é realizado. 
Atualmente, essa técnica cirúrgica ainda é reali-
zada, tendo como principal indicação as catara-
tas avançadas, de núcleo duro, do tipo nuclear 
4+ em 4+.
Mas o tipo de cirurgia de catarata mais realiza-
do é a “facoemulsificação”. Esse tipo de cirurgia 
tornou-se soberano devido às suas vantagens 
técnicas. As características mais marcantes são 
a redução do tamanha da incisão corneana para 
cerca de 3,0mm e a fragmentação do núcleo e 
do córtex, com subseqüente aspiração das par-
tículaslisadas, ainda dentro do saco capsular. As 
novas gerações de LIO, de diâmetro menor e de 
material flexível, permitem que o implante seja 
realizado pela mesma abertura de 3,0mm, por 
onde o cirurgião realizou o restante do procedi-
mento. 
Com toda essa evolução tecnológica, envolven-
do equipamentos cirúrgicos (facoemulsificador 
e microscópio), além do material da LIO, a ten-
dência é que as incisões sejam cada vez meno-
res, proporcionando maior precisão com menor 
agressão. No futuro, provavelmente serão as ci-
rurgias através de microincisões, com implante 
de lentes multifocais e preparadas para filtrar a 
radiação ultravioleta.
158 Perda visual crônica
cap. 06Degeneração macular relacionada a idade - DMRI
Figura 06: Drusas de coróides
Figura 07: Tela de Amsler
Degeneração macular relacionada a idade - 
DMRI
Walter Yukihiko Takahashi
A degeneração macular relacionada à idade é a 
maior causa de cegueira legal acima de 65 anos 
de idade. Aos 65 anos, 10% da população cauca-
siana apresentam a doença, e acima de 75 anos, 
25%.
Aparentemente afeta mais mulheres do que ho-
mens. Caucasianos de pele e olhos claros são 
mais afetados comparados com negros, amare-
los e hispânicos. Há um caráter familiar, sendo 
que indivíduos com casos na família têm maior 
risco de desenvolver a doença. Outros fatores de 
risco incluem o tabagismo, a hipertensão arterial 
e a obesidade.
Os sintomas envolvem somente a visão. Os pa-
cientes se queixam de perda visual lenta ou 
abrupta. Também chama a atenção a presença 
de metamorfopsia, que é a percepção de distor-
ção das imagens. A perda de visão, progressiva, 
pode levar à cegueira legal.
Os sinais correspondem a alterações exclusivas 
no fundo do olho, envolvendo quase sempre a 
região macular. Pode-se encontrar edema de 
retina, pigmentação anômala, hemorragias sub-
retinianas, intra-retinianas, exsudatos duros, dru-
sas de coróide. Drusas de coróide correspondem 
a depósitos laminares ao nível da coróide (Figura 
06).
Normalmente, o diagnóstico de DMRI é feito 
pela história, visão, detecção da metamorfopsia 
e exame de fundo de olho. A detecção ou com-
provação da metamorfopsia é feita por meio de 
um quadro, a tela de Amsler. As linhas da tela, 
que deveriam ser retas, são distorcidas, princi-
palmente ao redor da região central (Figura 07).
159Perda visual crônica
cap. 06 Degeneração macular relacionada a idade - DMRI
Figura 09: Exame de angiografia com indocianina verde
Figura 08: Fotografia colorida e angioluoresceinografia de mem-
brana clássica
Feito o diagnóstico clínico, é possível caracterizá-
-la por meio de exames de imagem, sendo a mais 
utilizada a angiofluoresceinografia. Esse é um 
exame em que se injeta um corante na veia cubi-
tal, e toda a árvore vascular e as estruturas da re-
tina são percorridas pela fluoresceína (Figura 08). 
O exame de angiografia com indocianina verde 
implica na injeção do corante indocianina verde 
na veia cubital, e outras imagens são captadas, 
com características diferentes da angiofluores-
ceinografia (Figura 09).
160 Perda visual crônica
cap. 06Degeneração macular relacionada a idade - DMRI
Figura 10: Exame de tomografia de coerência óptica mostrando descolamento de epitélio pigmentado de retina
Finalmente, a tomografia de coerência óptica 
(OCT) analisa a retina em cortes. É como se pu-
déssemos fatiar a retina, vendo-a de perfil, de-
São exames que servem para diagnóstico e con-
trole de tratamento, e exemplos serão mostra-
dos adiante.
A DMRI é dividida em forma seca ou não exsuda-
tiva e forma úmida ou exsudativa. A forma seca 
tem uma evolução lenta e insidiosa, com perda 
lenta e progressiva da visão. È caracterizada pela 
presença de drusas que, com o tempo, coalescem, 
tornando-se maiores, e atrofiam. A área de atro-
fia aumenta progressivamente, sendo chamada 
de “atrofia geográfica” nas fases avançadas (Fi-
gura 11), quando a visão é bastante reduzida, 
freqüentemente menor do que 10%. A forma 
úmida tem evolução mais dramática, com perda 
abrupta da visão. Também apresenta drusas de 
coróide em sua fase inicial, e a mudança aguda é 
decorrência do aparecimento de vasos anormais 
que crescem abaixo da retina e são chamados 
“neovascularizações de coróide” ou “membrana 
neovascular subretiniana”. Elas se iniciam na corói-
de e crescem debaixo da retina, provocando ede-
tectando-se edema de retina, descolamentos 
localizados, etc (Figura 10).
161Perda visual crônica
cap. 06 Degeneração macular relacionada a idade - DMRI
Figura 11: Degeneração macular forma seca, em fase de atrofia
Figura 12: Fotografia colorida e angiofluoresceinografia de membrana neovascular sub-retiniana clássica
Figura 13: Fotografia colorida e angiofluoresceinografia de membrana neovascular sub-retiniana oculta
ma de retina, hemorragias, exsudatos. A forma 
úmida ou exsudativa, por sua vez, pode ser sub-
dividida naquelas em que a membrana neovas-
cular é chamada clássica (Figura 12) e naquelas 
chamadas “ocultas” (Figura 13). É possível fazer a 
diferenciação com o exame de angiofluorescei-
nografia.
162 Perda visual crônica
cap. 06Degeneração macular relacionada a idade - DMRI
Figura 14: Membrana neovascular extrafoveal (a), logo após fotocoagulação (b, c) e após 6 meses, cicatrizada (d, e)
a b c
d e
As membranas neovasculares também podem 
ser classificadas segundo a sua localização. Mem-
branas extrafoveais estão situadas a uma distân-
cia maior do que 200µ do centro da mácula (Fi-
gura 14). Membranas justa foveais se localizam 
entre 1 e 199µ do centro da fóvea, são chamadas 
subfoveais.
As membranas clássicas (Figura 08) apresentam 
margens bem definidas ao exame de angioflu-
oresceinografia e têm grande extravazamento 
de corante nas fases avançadas do exame. As 
membranas clássicas são também chamadas 
“membranas do tipo 2”, pois crescem acima do 
epitélio pigmentado da retina (EPR) (entre o EPR 
e a retina neurosensorial). As membranas ocultas 
apresentam margens pouco definidas ao exame 
de angiofluoresceinografia e pobre extravaza-
mento de corante nas fases tardias do exame. 
São também chamadas “membranas tipo 1”, pois 
crescem abaixo do EPR (Figura 13)
Angiograficamente, existem as membranas mis-
tas, com componente clássico e oculto na mes-
ma lesão. Outras lesões que podem ser encon-
tradas são: descolamento de epitélio pigmenta-
do de retina (Figura 16), hemorragias e ruptura 
de coróide. Finalmente, nas fases avançadas da 
doença, as cicatrizes fibrosadas, chamadas de “ci-
catrizes disciformes” (Figura 17).
163Perda visual crônica
cap. 06 Degeneração macular relacionada a idade - DMRI
Figura 15: Membrana neovascular sub-retiniana clássica antes do tratamento combinado PDT e injeção intravítrea de trian-
cinolona (a) e após 6 meses cicatrizado (b)
(a)
(b)
164 Perda visual crônica
cap. 06Degeneração macular relacionada a idade - DMRI
Figura 16: OCT demonstrando descolamento de epitélio pigmentado de retina
Figura 17: Degeneração macular em fase disciforme, com fibrose macular
A DMRI forma seca não tem tratamento. Entre-
tanto, acredita-se que a oxidação dos tecidos 
provoque a formação de drusas, e a ingestão de 
substâncias antioxidantes como as vitaminas C 
e E, o zinco, a zeaxantina, a luteína e o ômega 3 
poderiam ter o papel de retardar a evolução da 
doença.
A DMRI forma úmida, por sua vez é tratável. 
Quando a membrana neovascular sub-retiniana 
está longe do centro da mácula, ela é destruída 
por meio da fotocoagulação com laser de argô-
nio (Figura 14). Quando ela se situa na mácula, 
ou seja, quando é sub-macular, a fotocoagula-
ção provoca destruição definitiva e irreversível 
da mácula, e nesse caso não se faz o tratamento 
com laser.
As opções para tratamento das lesões sub-ma-
culares de quese dispõe no momento é o laser 
“frio”, e a utilização de substâncias que promo-
vem a atrofia da neovascularização: são as cha-
madas “substâncias antiangiogênicas”.
165Perda visual crônica
cap. 06 Degeneração macular relacionada a idade - DMRI
O laser “frio” é a terapia fotodinâmica. Nessa moda-
lidade de tratamento, injeta-se um corante, a verte-
porfina, na veia cubital. O corante se adere especifi-
camente no endotélio dos vasos neoformados que 
é em seguida bombardeado com um laser “frio”, o 
que destrói somente a membrana neovascular, pre-
servando os tecidos retinianos; portanto, não destrói 
a mácula propriamente dita. Para uma melhor efici-
ência desse tratamento, injeta-se no olho substân-
cias que inibem e reduzem a inflamação promovida 
pela membrana neovascular. São drogas como cor-
ticóides e substâncias antiangiogênicas (Figura 15).
A terapia fotodinâmica, ou PDT como mono-
terapia, não é mais utilizada, uma vez que ela 
trata somente a conseqüência. Para se reduzir 
a taxa de recidiva, é necessária a injeção intra-
vítrea de corticóide ou de uma substância anti-
angiogênica, que reduz a inflamação, e outra 
para eliminar o VEGF, anulando o estímulo para 
a neovascularização. O VEGF é uma proteína 
que estimula o crescimento neovascular. À as-
sociação do PDT e de injeção intravítrea de dro-
gas dá-se o nome de “tratamento combinado”. 
Outra alternativa ao tratamento combinado é 
a injeção de substâncias como o bevacizumab 
(Avastin) e o ranibizumab (Lucentis). Um dos es-
quemas mais eficientes é aquele no qual se in-
jeta a droga intravítrea mensalmente, num to-
tal de três vezes. É a dose de ataque. O controle 
de cura é realizado com o OCT, a acuidade 
visual e eventualmente a angiofluoresceino-
grafia. Ao menor sinal de recidiva da lesão, com 
recrudescimento do edema de retina, descola-
mentos de retina neurosensorial, nova injeção 
intravítrea é realizada. E, assim, controles men-
sais são realizados até a estabilização da lesão. 
Os antiangiogênicos inibem uma proteína, o 
VEGF (fator de crescimento vascular endotelial), 
que é responsável pelo aparecimento e cresci-
mento dos neovasos.
Os antiangiogênicos, de nomes como bevacizu-
mab, ranibizumab, são injetados periodicamen-
te no olho. São as injeções intravítreas. Tais inje-
ções são realizadas até que haja a cicatrização da 
membrana neovascular. 
O controle de cura é feito com exames de an-
giofluoresceinografia e/ou indocianina verde e/
ou tomografia de coerência óptica. Pode levar 
meses ou anos até que a membrana cicatrize. Se 
após a cicatrização, a visão é bastante útil, a sim-
ples correção do defeito de refração (receita de 
óculos comuns) promove o retorno do paciente 
às suas atividades normais. Caso a cicatrização 
ocorra em um nível de visão baixo, recursos óp-
ticos chamados de “telelupas” permitem ao pa-
ciente voltar a ter condições de ler novamente.
A mácula deverá ser mantida em constante 
vigilância. Esse monitoramento pode ser feito 
pelo próprio paciente fiscalizando-se com a 
tela de Amsler.
A DMRI acomete pessoas de faixa etária mais ele-
vada, freqüentemente aposentadas, e que exer-
cem somente atividades como ler, assistir à TV, 
dirigir, fazer tricô. Se ambos os olhos são com-
prometidos, tais atividades se tornam impos-
síveis, tornando muito penosa a vida do idoso. 
A qualidade de visão e portanto a qualidade de 
vida ficam deterioradas. Aumentam casos de de-
pressão, riscos de acidentes como tropeçar, cair e 
sofrer fraturas; tropeçam por não enxergar bem.
Felizmente, com os novos tratamentos em voga, 
acima citados, pode-se evitar que o idoso che-
gue a ficar legalmente cego.
Leitura Sugerida
• Takahashi, W.Y. – Degeneração Macular Relacionada à Idade, 
Cultura Médica, Rio de Janeiro, 2007
166 Perda visual crônica
cap. 06Glaucoma
Glaucoma
Remo Susanna Júnior
O glaucoma é a segunda causa de cegueira irre-
versível no mundo e a principal causa de ceguei-
ra em negros. Aproximadamente 7.6 milhões de 
pessoas estão bilateralmente cegas por essa do-
ença.
Existem várias formas de glaucoma, sendo as 
principais: o glaucoma primário de ângulo aber-
to, o glaucoma primário de ângulo fechado, o 
glaucoma congênito e de desenvolvimento e os 
glaucomas secundários.
A forma mais comum de glaucoma é o primário 
de ângulo aberto, ocorrendo em aproximada-
mente 2% a 4% da população acima de 40 anos 
e caracterizando -se pela tríade:
• aumento da pressão intra-ocular (PIO) 
• alteração típica do nervo óptico
• defeito de campo visual correspondente. 
Existe uma série de possíveis erros ao se tentar 
diagnosticar o glaucoma somente pela pressão 
intra-ocular. A medida da pressão intra-ocular 
depende da espessura corneana. Ela é hipoes-
timada em córneas mais finas e hiperestimadas 
em córneas mais espessas. O outro fator impor-
tante que pode induzir o médico a erro de avalia-
ção é que a pressão intra-ocular apresenta gran-
de flutuação durante o dia em pacientes glauco-
matosos. Também os picos da PIO ocorrem en-
tre 05:30h e 07:00h com o paciente em posição 
supina e, portanto, difíceis de serem detectados. 
Como complicador, existe o fato de suscetibilida-
de individual a PIO ser variável, havendo pacien-
tes que, com pressão elevada, não apresentam 
nenhum dano glaucomatoso e pacientes com 
pressão dentro da faixa da normalidade apre-
sentando severo dano glaucomatoso (Glaucoma 
Normotensivo). 
Considerando-se o diagnóstico apenas pela PIO, 
60% dos casos do glaucoma teriam a PIO dentro 
da normalidade quando medidas em horários de 
consultório. 
O aumento da PIO leva à compressão mecânica 
do nervo óptico bloqueando o fluxo axoplasmá-
tico e cortando a conexão com o corpo genicula-
do lateral. Com isso leva à morte as células gan-
glionares da retina. Existem outras teorias, como 
a vascular, em que a etiologia seria uma diminui-
ção do fluxo sangüíneo ao nível do nervo óptico 
primário ou secundário ao aumento da PIO, bem 
como a neurotoxicidade provocada pelo excesso 
de glutamato e radicais livre e fatores imunoló-
gicos. Não há dúvida, contudo, que o fator mais 
importante e o único fator que se pode atuar no 
tratamento é a pressão intra-ocular. A pressão 
média da população normal é 15.9 mmHg com 
desvio padrão de +3.14mmHg. Entretanto, mes-
mo os pacientes com pressão estatisticamente 
dentro da normalidade podem apresentar lesão 
glaucomatosa (Glaucoma Normotensivo). 
A perimetria (campo visual) avalia a função vi-
sual do paciente, sendo a forma mais utilizada a 
perimetria branco / branco, também conhecida 
como convencional ou padrão. É um teste sub-
jetivo, apresenta grande variabilidade e baixa 
sensibilidade. Há necessidade de 50% de perda 
células ganglionares para surgir um discreto de-
feito de campo visual. Dessa forma, o paciente 
só apercebe–se da diminuição de campo nos 
estágios avançados da doença quando já hou-
ve perda de aproximadamente 90% das células 
ganglionares.
167Perda visual crônica
cap. 06 Glaucoma
Figura 18: Representação esquemática da perda de camada de fibras nervosas de retina inferiormente que ocasiona a perda do campo 
visual correspondente no hemicampo oposto (superiormente).
168 Perda visual crônica
cap. 06Glaucoma
Figuras 19a (normal) e 19b (glaucoma): A presença de “notch” entalhe causado por uma perda localizada do anel neuro retiniano, 
neste caso inferior, é quase patognomônico da doença
Figuras 20a (normal) e 20b (glaucoma): A presença de hemorragia em chama de vela no disco óptico é tambem quase patognômico 
da doença. Estas hemorragias duram em média 4 a 6 meses . É quase sempre indicativo da progressão da doença independentemente 
do nível pressórico
A melhor forma de se diagnosticar o glaucoma 
é através do exame do nervo óptico, feito com o 
oftalmoscópio, com a biomicroscopia, e mesmo 
com as fotografias.Há também aparelhos digitais 
de imagem par avaliar tanto o nervo óptico como 
a camada de f. nervosas da retina. As principais 
alterações do nervo óptico no glaucoma são 
quase patognomônicas. Entre elas, as principais 
são:
169Perda visual crônica
cap. 06 Glaucoma
Figura 21: Escavação vertical aumentada, sugerindo lesão glauco-
matosa do disco
Figuras 22a (olho direito) e 22b (olho esquerdo): A assimetria da relação E/D entre os dois discos de um mesmo individuo maior que 
0,2 sugere alteração glaucomatosa no disco com maior relação E/D
170 Perda visual crônica
cap. 06Glaucoma
É importante que o médico não oftalmologista 
saiba examinar o fundo de olho em especial o 
nervo óptico. Em assim o fazendo, aumentaria 
em muito a capacidade de detecção da doença 
e diminuiria a possibilidade do não diagnóstico 
da moléstia. Não seria necessário o diagnóstico 
de certeza, mas a suspeição da doença e seu en-
caminhamento para o oftalmologista.
Para o diagnóstico de glaucoma, além da detec-
ção dos achados do disco óptico descritos acima, 
é fundamental que o médico tenha noção do ta-
manho da escavação do disco.
Isso é facilmente feito através da visualização do 
disco óptico através da oftalmoscopia. Divide-
se o disco óptico subjetivamente em 10 partes 
(Figuras 23 , 24 , 25 e 26) Uma escavação de 0,4 
significa que quatro décimos do disco óptico é 
ocupado pela escavação. Escavação de 0,6 signi-
fica que seis décimos do nervo óptico são ocupa-
dos pela escavação.
É importante que o médico saiba que;
• escavação menor ou igual a 0,5 provavel-
mente é normal. 
• escavação entre 0,6 a 0,7 é possivelmente 
anormal ou seja, limítrofe.
• escavação maior que 0,7 provavelmente é 
anormal. 
O médico também deve saber que a assimetria 
de escavação entre um olho e outro maior que 
0,2 é muito provavelmente uma alteração glau-
comatosa. A foto 4 mostra uma assimetria de es-
cavação entre os dois olhos, típica de pacientes 
glaucomatosos. 
O tratamento do glaucoma consiste em retar-
dar ou parar a progressão da doença através da 
redução da pressão intra-ocular. Para isso o mé-
dico deve procurar atingir a PIO alvo para cada 
paciente. Essa pressão é a pressão que o médico 
estima para que a doença não progrida. Ela é cal-
culada para cada paciente em função da severi-
dade da lesão glaucomatosa, idade do paciente, 
velocidade de progressão e expectativa de vida. 
Esse conceito é extremamente importante, uma 
vez que não existe um nível pressórico ideal para 
todos os pacientes.
Normalmente, tratamento do glaucoma primá-
rio de ângulo aberto é inicialmente clínico atra-
vés de colírios. Caso o tratamento clínico não 
seja suficiente, pode-se recorrer ao laser (tra-
beculoplastia) e finalmente à cirurgia. Há casos, 
contudo, que esse paradigma não é obedecido. 
Em casos graves com grande comprometimento 
de campo visual ou com ameaça de perda da vi-
são central, geralmente recorre-se à cirurgia sem 
se utilizar o laser.
Entre as drogas mais utilizadas podemos dividir: 
aquelas que aumentam o escoamento do humor 
aquoso e aquelas que diminuem a sua produção. 
Entre as que aumentam o escoamento, temos a 
brimonidina, a pilocarpina e a prostaglandina. 
Entre as que diminuem a produção do humor 
aquoso estão a brimonidina, o timolol e os inibi-
dores da anidrase carbônica, tópica ou sistêmica. 
Quando não há contra-indicações as prostaglan-
dinas são as drogas de primeira escolha. As com-
binações fixas de drogas, ou seja, duas drogas 
em um mesmo colírio, são também muito usa-
das no tratamento do glaucoma, como drogas 
de primeira escolha, tendo em vista que em uma 
ou duas instilações de colírios se medica o pa-
ciente com dois medicamentos. Com isso, reduz-
se a quantidade de preservativos que existem 
nos colírios (cloreto benzalcônio) os quais têm 
efeito deletério sobre a superfície ocular. Deve-
se salientar que nos glaucomas severos 40% dos 
pacientes necessitam, além da prostaglandina 
da adição de mais um colírio geralmente de uma 
combinação fixa. 
171Perda visual crônica
cap. 06 Glaucoma
Figura 23: Calcula-se a relação E/D imaginado-se o disco óptico dividido em 10 partes iguais
172 Perda visual crônica
cap. 06Glaucoma
Figura 24: Da mesma forma o tamanho da escavação corresponde a 0.4 do tamanho do disco.
173Perda visual crônica
cap. 06 Glaucoma
Figura 25: Portanto a relação escavação/disco é de 0,4 ou, outra forma de se apresentar esse fato, é a de caracterizar a rima nervosa 
com a espessura de 0,6 do disco
174 Perda visual crônica
cap. 06Glaucoma
Figura 26: Relação E/D igual a 0,5
175Perda visual crônica
cap. 06 Glaucoma
O tratamento cirúrgico de escolha é a trabecu-
lectomia, que é uma fístula protegida, como se 
pode ver nas Figuras 28 e 29. Caso a trabecu-
lectomia não possa ser realizada, ou se já tenha 
sido utilizada sem sucesso, pode-se recorrer à 
colocação de implantes de drenagem. Estes têm 
a finalidade de levar o humor aquoso da camada 
anterior para o reservatório do implante situado 
no equador do olho (Figura 30). Nos casos que 
também esse procedimento não resultou em 
redução suficiente da PIO, pode-se colocar um 
novo implante ou recorrer-se à destruição do 
corpo ciliar, órgão este responsável pela produ-
ção do humor aquoso. Utiliza-se para tal os pro-
cedimentos chamados “ciclos destrutivos”, sendo 
os mais usados a ciclocriocoagulação, a ciclofo-
tocoagulação transescleral e a endociclofotoco-
agulação. Entre estes, os mais utilizados e que 
apresentam menores complicações e resultados 
mais previsíveis são a ciclofotocoagulação tran-
sescleral e a endociclofotocoagulação. 
O seguimento do paciente com glaucoma deve 
ser feito pela avaliação estrutural do disco ópti-
co através de fotografia do nervo óptico ou de 
aparelhos computadorizados de imagem. As 
avaliações funcionais são feitas através de cam-
pos visuais, principalmente a perimetria branco/
branco. A freqüência dos exames depende da 
severidade da doença, mas raramente as avalia-
ções estruturais devem ser feitas com prazo su-
perior a dois anos e as funcionais com mais de 
um ano. Em alguns casos, esta última deve ser 
feita a cada quatro meses dependendo do es-
tado em que a doença se encontra, do risco de 
progressão e da expectativa de vida do paciente. 
A figura 31 mostra a progressão do disco óptico 
em cinco anos de seguimento. Na figura 32, ob-
serva-se a progressão funcional pela perimetria 
branco/branco em um paciente que em apenas 
seis meses perdeu 11dB (mean deviation). Deve-
se lembrar que uma perda de 24dB equivale à 
cegueira ou quase cegueira do paciente.
176 Perda visual crônica
cap. 06Glaucoma
Figura 27
177Perda visual crônica
cap. 06 Glaucoma
Figura 28: Desenho esquematizando a cirurgia. Delaminação escleral de aproximadamente 4 mm X 4 cm e retirada da porção profunda 
da esclera de 2mm juntamente com o trabeculado
178 Perda visual crônica
cap. 06Glaucoma
Figura 29: Trabeculéctomia: iridectomia (para evitar o tamponamento do orifício criado com a remoção do trabeculado
A seta branca mostra o trajeto do humor aquoso saindo da câmara posterior, passando pelo orifício da iridectomia e atingindo o espa-
ço sub conjuntival através do orifício criado com a remoção do trabeculado no local e protegido por um retalho de esclera delaminada
179Perda visual crônica
cap. 06 Glaucoma
Figura 30: Esta figura mostra a placa do implante fixada no equador do olho, sub tenoniana e conjuntival e o tubo do implante inserido 
na câmara anterior de onde drenará o H aquoso
Figura 31: Observa-se nítida piora do dano do nervo óptico neste paciente.Este slide mostra claramente a necessidade de documenta-
ção do nervo óptico para se detectar a progressão da doença
180 Perda visual crônica
cap. 06GlaucomaProgressão do campo visual
14/12/2004: -2.96 dB
02 meses: -6.09 dB
14/02/2005: -9.05 dB
04 meses: -4.91 dB
21/06/2005: -13.96 dB
14/12/2004 - 21/06/2005
06 meses: -11.00 dB
Figura 32: Este paciente em apenas 6 meses apresentou uma piora de campo visual de 11dB. A perda visual na perimetria é medida 
em decibéis. Uma perda de 24 dB ocorre quando o paciente está legalmente cego ou quase cego
Conclusão
1. O glaucoma é a segunda causa de cegueira 
irreversível no mundo, sendo assintomático em 
sua forma mais comum.
2. O diagnóstico de glaucoma é feito pelo aspec-
to do nervo óptico. A pressão intra-ocular é o fa-
tor de risco mais importante.
3. No seguimento da doença é fundamental a 
documentação dos aspectos estruturais do dis-
co óptico através da fotografia ou de aparelhos 
digitais. O seguimento funcional é feito através 
da perimetria (campo visual).
4. O tratamento do glaucoma consiste em redu-
zir a pressão intra-ocular a níveis que diminuam 
ou parem a progressão da doença, níveis estes 
calculados em função da severidade da doença, 
idade, risco de progressão e expectativa de vida 
do paciente.
5. Quando o controle com medicamentos é insa-
tisfatório, pode-se recorrer a aplicações de laser 
ou a realizações de cirurgias.
LITERATuRA SuGERIDA
• Shields B.M; A study guide for glaucoma, Williams & 
Wilkins, Baltimore, 1982
• Frammer J; Glaucoma, Hans Huber, Bern, 2001
• Susanna Jr. R; Glaucoma, Cultura Médica, Rio de Janeiro, 
1999 
181Perda visual crônica
cap. 06 Auto-avaliação
Auto-avaliação 
1. Quais os principais sintomas da catarata:
a. Dor, Diminuição da visão e olho vermelho.
b. Diminuição da visão e embaçamento visual e 
perda de contraste.
c. Diminuição da visão, perda de campo visual e 
dor.
d. Diminuição da visão, “moscas volantes” e olho 
vermelho.
2. Assinale a alternativa correta:
a. O tratamento da catarata está indicado em 
todos os casos de comprometimento visual por 
opacidade do cristalino. 
b. Atualmente, o tratamento clínico da catarata é 
um método seguro e eficaz, representando uma 
alternativa para pacientes com contra-indica-
ções clínicas para serem submetidos à cirurgia.
c. O único tratamento disponível para a catarata 
é cirúrgico.
d. Ao ser removido o cristalino, uma lente intra 
ocular é implantada e terá função semelhante à 
do cristalino, devolvendo ao paciente a capaci-
dade de voltar a acomodar.
3. Assinale a alternativa incorreta:
a. A catarata é a principal causa de cegueira do 
mundo, constituindo um problema de saúde pú-
blica.
b. A prevalência da catarata pode chegar a me-
tade da população idosa, dependendo da faixa 
etária.
c. A catarata pode acometer crianças, jovens e 
adultos.
d. A cirurgia de catarata é uma medida dispensá-
vel por não causar efeitos significativos na vida 
do idoso.
4. Entre as alternativas abaixo, assinale a alter-
nativa que não contenha fatores de risco para o 
desenvolvimento de catarata:
a. idade e uso esteróides tópicos.
b. exposição à radiação ultravioleta e cirurgias 
intra-oculares.
c. diabetes mellitus e trauma.
d. uso de esteróides tópicos e doenças tireoide-
anas.
182 Perda visual crônica
cap. 06Auto-avaliação
5. A Biometria consiste em:
a. Medida da biomicroscopia ocular.
b. Biomicroscopia da medida ocular.
c. Medida da espessura corneana.
d. Medida do diâmetro axial ocular.
6. Em condições normais, a lente intra-ocular é 
implantada em que posição?
a. Dentro do saco capsular.
b. Na câmara anterior.
c. Imediatamente atrás da cápsula anterior.
d. Imediatamente à frente da cápsula anterior.
7. No glaucoma crônico de ângulo aberto:
a. As alterações perimétricas aparecem precoce-
mente na evolução da doença
b. a medida da pressão intra-ocular é a melhor 
forma de diagnosticar a doença
c. as alterações do nervo óptico e da camada de 
fibra nervosa aparecem tardiamente na evolu-
ção do glaucoma
d. a medida da pressão intra-ocular sofre influên-
cia da espessura corneana e apresenta variações 
importantes durante as 24 horas do dia
8. No seguimento do glaucoma é importante:
a. a medida da pressão intra-ocular periodica-
mente
b. a realização de campos visuais periodicamen-
te
c. a realização de fotografias do nervo óptico pe-
riodicamente
d. todas as acima
9. A queixa do paciente nas fases iniciais e mode-
radas do glaucoma crônico simples é
a. cefaléias hemicraneanas
b. visão de halos coloridos
c. a doença é assintomática
d. turvação visual
10. No tratamento do glaucoma crônico simples:
a. a pressão intra-ocular ideal é de 21 mmHg
b. a pressão intra-ocular ideal é de 15 mmHg
c. a pressão intra-ocular deve ser calculada em 
função da severidade da doença, idade, risco de 
progressão e expectativa de vida do paciente
d. nenhuma das acima

Outros materiais